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Segundo Gil (1999), método é “um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” necessário à
investigação científica. Como o conhecimento científico fundamenta-se na razão, precisa ser sistemático, a
fim de que possa ser testado e comprovado por outros membros da comunidade científica, daí a
necessidade do método. Dentre os métodos consolidados da pesquisa científica estão o dedutivo e o
indutivo (GIL,1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). De maneira sucinta, farei a seguir considerações sobre as
bases lógicas desses métodos.
O método dedutivo, de base racionalista (Descartes, Spinoza, Leibniz), pressupõe que apenas a razão
pode conduzir ao conhecimento verdadeiro. Partindo de princípios reconhecidos como verdadeiros e
inquestionáveis (premissa maior), o pesquisador estabelece relações com uma proposição particular
(premissa menor) para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe (conclusão).
Segundo Torres (2008), embora encontre larga aplicação em ciências como a Física e a Matemática,
algumas objeções já foram apresentadas ao método dedutivo. Uma delas é a de que o raciocínio dedutivo
é tautológico e, portanto, permite concluir de maneiras diferentes a mesma afirmação, sem acrescentar
informação ao que já se sabia.
Ora, no momento em que se aceita a verdade da proposição de que todo homem seja mortal
(premissa maior) a afirmação de que Sócrates é mortal (premissa menor) nada acrescenta ao raciocínio,
uma vez que a verdade da conclusão já se encontrava implícita no princípio geral a partir do qual se
elabora o raciocínio.
Além disso, dependendo verdade das premissas definidas, o raciocínio pode induzir a erro, como no
caso a seguir:
O método indutivo percorre o caminho inverso, partindo do particular, por meio da observação
criteriosa dos fenômenos concretos da realidade e das relações existentes entre eles, para se chegar à
generalização. Como se baseia na experiência (foi proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e
Hume), desconsidera verdades pré-concebidas.
Apesar da grande aceitação desse método, para Neto (2002), ao contrário da dedução, a indução não
nos fornece a certeza das conclusões verdadeiras, apenas a probabilidade, pois “no caso das inferências
dedutivas, a verdade das premissas acarreta a verdade das conclusões”, mas “nas inferências indutivas isso
não ocorre”, por exemplo:
É interessante observar que mesmo o método utilizado pelo pesquisador pode ser alvo da pesquisa
científica e ter de se submeter a testes para a verificação de sua validade. Isso acontece pelo caráter que
tem a ciência de ser sistemática e verificável. “O conhecimento científico deve ser justificado e é sempre
passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão” (Neto, 2002, p. 04). Graças a isso, é que Karl
Popper em “A lógica da investigação científica”, de 1935, fez críticas ao método indutivo e introduziu na
ciência o critério da falseabilidade, segundo o qual “uma teoria científica deve implicar a possibilidade de
sua contradição: as teorias que não admitem sua possível negação pela experiência não seriam científicas”
(Neto, 2002, p.72). Assim Popper introduziu as bases do método hipotético-dedutivo cuja fundamentação
está bem sintetizada por Kaplan (1972, p. 12):
Diante do exposto, é possível perceber que o conhecimento científico não é algo plenamente
previsível com roteiros de procedimentos definidos e infalíveis. A pesquisa científica será sempre busca e
investigação. Da mesma forma, os procedimentos intelectuais e técnicos que estão à disposição do
pesquisador devem ser selecionados segundo critérios específicos e condições materiais da própria
pesquisa. Para Silva e Menezes (2001) o ideal é que o pesquisador empregue “métodos, e não um método
em particular, que ampliem as possibilidades de análise e obtenção de respostas para o problema
proposto na pesquisa”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. In SILVA, E. L. da e MENEZES, E. M.
Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3ª Ed. Revisada e atualizada. Florianópolis:
Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001. [online] Disponível na internet via WWW. URL:
http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%203a%20 edicao.pdf. Acesso em 30
de outubro de 2008, às 18:22:34.
KAPLAN, A. A conduta na pesquisa: metodologia para as ciências do comportamento. São Paulo: Herder,
1972. in TORRES, J. Método dedutivo VS método indutivo. [online] Disponível na internet via WWW. URL:
http://precodosistema.blogspot.com/search?q=dedutivo+e+indutivo. Acesso em 30 de outubro de 2008,
às 17:38:12.
TORRES, J. Método dedutivo VS método indutivo. [online] Disponível na internet via WWW. URL:
http://precodosistema.blogspot.com/search?q=dedutivo+e+indutivo. Acesso em 30 de outubro de 2008,
às 17:38:12.