minha dificuldade de convivência, minha reclusão; não tenho paz não tenho paixão, minha percepção está confundida em gestos obscenos, minha ousada garota quer meu pescoço, meu usurpado estilo de vida fora da realidade sem que possa manifestar-se com as suas fragrâncias, simplório espirito, espirito atormentado, translúcido e gentil, rastejando-se nas areias quentes da ilusão. Meu pequeno medo de viver está se tornando uma armadilha de sussurros que cortam o maníaco rugido da multidão, traçados por acordes estridentes, gritantes e inspirados, o centro da criação maníaca, debilmente sentida em rabiscos, o fim, o inicio de uma caverna onde o cheiro da morte percorre cegamente os rudes labirintos e desboca num mar de desespero pessoal, a chuva de empatia sobe os portões do equilíbrio, não consigo ouvir os aplausos, não consigo ver seus olhos, tenho medo, sinto falta da minha mente, onde está meu amigo agora? Não consigo ler as cartas de minha garota. Estuprado senhor no Olimpo, esperando as manifestações, o choro cruel da fome pulou da janela, depressiva escolha de movimentos, o fantasma cego que me persegue não suporta a minha presença. Estou preso em meu quarto, as barras de aço tampam a paisagem do meu jardim de orquídeas negras manchadas com o sangue escorrido das rosas envenenadas, onde está o túmulo que ganhei de natal? Ganhei peiote de Deus, seus olhos ficam maior que o universo quando estão dilatados, Orações Suicidas.
Emerson Ehing, Orações Suicidas, Livro 1, Diabolus