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Departamento de Química
Química Orgânica II
3ºAno/ 1º Semestre
Relatório nº4
SÍNTESE DO FENOL
Elaborado por: Cesário Camacho Data: Dezembro 99
Duarte Correia
RESUMO
Com a realização deste trabalho pretendeu-se sintetizar o fenol via sais de arildiazónio.
Para tal procedeu-se, em primeiro lugar, à diazotação da anilina e em seguida à hidrólise do sal
de benzenodiazónio.
Efectuaram-se alguns testes químicos e físicos ao composto sintetizado, tendo-se
verificado que este apresentava um intervalo de fusão de 33-35ºC e um rendimento de 39,74%.
INTRODUÇÃO
Os fenóis podem ser preparados a partir de diversos processos sendo que neste trabalho
será sintetizado a partir da hidrólise de um sal de diazónio.
Por tratamento de uma amina aromática primária, dissolvida ou em suspensão numa
solução arrefecida de um ácido mineral com o nitrito de sódio forma-se um sal de diazónio.
Dado que os sais de diazónio se decompõem lentamente, mesmo às temperaturas do
banho de gelo, a solução é utilizada imediatamente após a preparação.
As numerosas reacções destes sais de diazónio podem dividir-se em duas classes:
reacções de acoplamento em que o azoto permanece no produto resultante e reacções de
substituição, em que o azoto é eliminado sob a forma de azoto livre, N2, sendo o lugar deste
ocupado por outro átomo ou grupo de átomos.
É, portanto, nesta última classe de reacções que se enquadra a síntese do fenol preparado
por hidrólise do sal de diazónio, o qual é obtido em condições reaccionais muito semelhantes às
reacções que se dão por acoplamento desse mesmo sal.
A substituição do grupo diazónio constitui o melhor método para a introdução de
halogenetos, grupos OH e hidrogénios no anel aromático.
Deste modo, verifica-se que os sais de diazónio são de grande utilidade em síntese, não só
pelas numerosas classes de compostos que deles se podem obter, como também pelo facto de
eles se poderem preparar a partir de quase todas as aminas aromáticas primárias.
Quando o grupo diazónio é substituído por -OH, a reacção envolvida produz-se
lentamente nas soluções geladas dos sais de diazónio. Nestas condições, os fenóis podem
acoplar com sais de diazónio, todavia, quanto mais ácida for a solução mais lentamente
ocorrerá o acoplamento entre o fenol que se está a formar e o diazónio que ainda não reagiu [1].
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SÍNTESE DO FENOL
Assim, o processo de preparação do fenol pode ser dividido em duas etapas fundamentais,
em que a primeira consiste na diazotação da anilina para obtenção de um sal de diazónio e a
segunda baseia-se na hidrólise desse sal, decomposição por ebulição, seguida de uma
substituição nucleofílica aromática.
As etapas consideradas podem ser representadas através do seguinte mecanismo:
1º Passo
H+ H+ -2 H2O
-O ¨ +
N̈ O H O N̈ O H O N O N O
2º Passo H
H
H
¨ -H+
N: + +N O N+ ¨
N O
H
H
¨ +H+
N¨ N O ¨
N
¨
N OH
¨ + -H2O
N̈ H ¨
N O N+ N̈ N N+
3º Passo H
+
N N
+ +
+ N2 + HSO4- + H OH
OH
+ N2 + H2SO4
Num primeiro passo o ião nitrito é protonado originando ácido nitroso o qual sofre
protonação e perde uma molécula de água, formando o ião nitrosilo.
Numa segunda etapa o grupo amina da anilina actua como nucleófilo e forma uma ligação
química com o ião nitrosilo para formar o ião N-nitrosoamónio (instável). A perda de um protão
forma uma N-nitrosamina, a qual então transfere um protão para o átomo de oxigénio para
formar um diazenol (transposição). A protonação do diazenol seguida por uma perda de uma
molécula de água forma então o ião diazónio que existe como híbrido de ressonância.
Finalmente, por aquecimento dá-se a hidrólise do sal de benzenodiazónio formando-se
um catião arilo e uma molécula de N2. Dada a estabilidade da molécula de azoto, como grupo
retirante, verifica-se uma redução da energia de activação do catião de arildiazónio suficiente
para que ocorra uma reacção do tipo SN1 na presença da água [3]. Contudo, esta última etapa
poderia ocorrer mediante uma substituição nucleofílica aromática, SNAr. No entanto,
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SÍNTESE DO FENOL
provavelmente, isto implicaria que o electrófilo tivesse força suficiente para provocar a saída do
N2.
Contudo, o rendimento obtido por este método é baixo pelo que só é aplicado quando se
pretende obter o mesmo livre de isómeros ou quando não são acessíveis por outros processos
[5].
Relativamente às propriedades físicas, os fenóis mais simples são líquidos ou sólidos de
baixo ponto de fusão mas a existência neles de ligações de hidrogénio intermoleculares faz com
que apresentem pontos de ebulição bastante elevados. O fenol, propriamente dito, é
relativamente solúvel em água, provavelmente devido à formação de ligações de hidrogénio
com este solvente. São também incolores, a não ser quando na molécula exista qualquer
substituinte susceptível de produzir cor. Além do mais oxidam-se com muita facilidade embora
a propriedade mais notável dos fenóis seja a elevadíssima reactividade do respectivo anel.
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
Por forma a preparar o fenol começou-se por efectuar a diazotação da anilina de modo a
obter o sal de arildiazónio.
Assim, fez-se reagir a anilina com uma solução de ácido sulfúrico e água, verificando-se a
formação de um precipitado, provavelmente, de sulfato ácido de anilina. Mantendo a
temperatura nunca superior a 5ºC adicionou-se lentamente nitrato de sódio provocando desta
forma a respectiva diazotação com a formação do ião diazónio.
Posteriormente, levou-se o sistema a uma temperatura de cerca de 45-50ºC tendo-se
verificado que com a formação do sal de diazónio a temperatura aumentou rapidamente,
pressupondo que se trata de uma reacção exotérmica. Durante este período observou-se que a
solução adquiriu uma tonalidade escura resultante da hidrólise do sal de benzenodiazónio.
De modo a separar o fenol dos outros componentes da mistura reaccional começou-se por
efectuar uma primeira destilação para separar as possíveis impurezas e obter o destilado
fenólico. Para facilitar a extracção do fenol, adicionou-se então NaCl com o objectivo de
separar a água do fenol tendo em conta a solubilidade dos compostos intervenientes.
Seguidamente procedeu-se à extracção do fenol recorrendo a tetracloreto de carbono o
qual tem por finalidade "arrastar" o produto desejado da solução aquosa.
Por fim, realizou-se uma destilação que permitiu a separação do tetracloreto de carbono
do fenol tendo-se, deste modo, obtido um composto com uma coloração amarela-alaranjada.
TRATAMENTO DE RESULTADOS
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SÍNTESE DO FENOL
efectuado permite-nos afirmar também que possivelmente o composto obtido pertence ao grupo
de fenóis.
Ainda em relação aos testes físicos, verificou-se que o intervalo de fusão obtido foi de 33-
35ºC, sendo este relativamente inferior ao apresentado pela literatura, 43ºC [6].
Refira-se, por último, que o rendimento obtido para a síntese do fenol foi de 39,74% (ver
apêndice I), sendo este ligeiramente inferior ao da literatura, ~60% [2].
CONCLUSÃO/CRÍTICA
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SÍNTESE DO FENOL
APÊNDICE I
Cálculos experimentais
5,62384
Então: η= x100% = 39,74%
14,1499
BIBLIOGRAFIA
[1]- Morrison, R. and Boyd,; "Química Orgânica", 13ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1996;
[2]- Brewster, R.Q., Van der Werf, C.A:, McEwein, W.E.," Curso Practico de Química
Organica", Editorial Alhambra, Espanha.
[4]- Solomons, T.W. Graham, "Fundamentals of Organic Chemistry", 3ª ed., Jonh Wiley &
Sons, 1990;
[6]- Furniss, Brian S., Antony J. Hannaford, Peter W.G.Smith, Austin R.Tatchell; "Vogel-
textbook of Pratical Organic Chemistry"; 5ª edição, Longman Scientific & Technical,
England, 1992;
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