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5 direitos dos indios ¢ das comunidades indigenas foram reconhecides e proclamados pelos CConstituintes brasileros de 1988 e figuram na Constituigo como acréscimos aos direitos fundamentais ‘assegurados para todos 0s brasileiros. Assim, na parte dedicada a Ordem Social foi inserido um capitulo tratando especificamente “Dos Indios” e de seus direitos, com redago muito clara e objetiva. No é ecessério ter formacao juridica para compreender que ali esto incluidos, com a forca ea autoridade de determinacdes constitucionais, 0s direitos da pessoa do indio e de suas comunidades, os direitos, ‘rigindrios sobre as terrastradicionalmente ocupadas com o direito ao usufruto exclusivo das riquezas nela existentes, bem como 0 direito de ter sua propria organizacdo social, segundo suas tradicoes, suas crencas e seus costumes. Apesar disso tudo, ha pessoas que, levadas por suas ambic6es, agem como se nada disso exisisse € praticam muitas violencias contra os indios, invadindo suas terras, envenenando seus rios, destruindo suas matas, afugentando ou dizimando a aca, agredindo de muitos modos o meio ambiente e as ‘comunidades indigenas. Muitas dessas pessoas, associadas a liderancas politicas e, com frequéncia, tendo a cumplicidade de velculos de comunicacéo de massa, promovem um trabalho constante de desinformacéo, divulgando informacSes completamente erradas e sempre negativas sobre os Indios e seus costumes, apresentando-os como um bando de privilegiados, que ocupa terras e usufrui de fiquezas injustamente, em prejulzo do povo brasileiro. Pior ainda, alguns, sabendo que cometem, falsidades, procuram colocar 0 povo contra os indios argumentando com os riscos para a soberania brasileira se os povos indigenas ocuparem terras de fronteira. E ndo faltam juristas que, associando a Iignorancia da realidade indigena a conweniencia de agradar 8 clientela rica, propdem que a conveniéncia ‘econdmica tenha prioridade sobre os direitos indigenas, como se 0 Brasil no tivesse Constituico e ‘como se 05 direitos dos indios nao tivessem dimenséo constitucional Por todos esses motivos, este livro prestaré um servico inestimavel a ética e ao direito, fornecendo informagées valiosas, com base em dados sdlidos e abundantes, para que as pessoas de boa vontade sejam esclarecidas e nao se deixem levar pelas informagoes falsas maliciosamente divulgadas como se fossem verdades, apresentando os indios como inimigos da humanidade. Este livro sera, também, de grande utilidade para todos os que, perante as autoridades administrativas ou judiciérias, ou em eventos voltados para a discussao de temas relevantes para o interesse puiblico, procuram defender a dignidade humana dos indios e seus direitos. Este livro deixa comprovado que a defesa desses direitos nao atende apenas aos interesses dos indios ‘ede suas comunidades, mas, com absoluta evidéncia, atende aos interesses de todo povo brasileiro pois, além de ressaitar 0 fato de que o conjunto das Terras indigenas representa a maior extensdo de terras em que as riquezas naturals sao preservadas, demonstra, através da experiéncia Guarani, como ‘a sabedoria indigena poderia ensinar muito 4s ciilizacdes circundantes sobre o aproveitamento racional ddas riquezas, sem destruicéo, sem a degradacéo ambiental e sem a diminuicéo do patriménio da humanidade. ' Dalmo Dallari © Centro de Trabalho Indigenista - CTI ¢ ume ‘organizaco no-governamental, sem fins lucratvos, fundade em marco de 1979, constituida por antropélogos € indigenistas com formacio qualficada e experiéncia sobre arealidade indigena no Brasi 0 objetivo d0 CTI contrbuir para que 0 poves indigenas ‘conguistem ou mantenham sua autonoria econémica @ pala, a partir de seus propros parémetros sococulturais, € garanti seus direitos constitucionais (© CTlatua dretamente em Terras Indigenas, através de assessorias técnica ede projetoselaborados em conjunto ‘om as comunidades envolvidas, visando 2 alternativas de futuro e 20 controle teritoral e ambiental por parte dos indies, privlegiando 0 exercicio da autogestio. © C71 atende @ demandas especticas das comunidades indigenas,aticlando diferentes irhas de trabalho — controle territorial, formas de maneosustentvel de recursos natura programas de educacio, documentacio e circulagdo de Iinfermacbes,saberese tecnica entre as adeias. www.trabalhoindigenista.org.br sede rasta Fore (6 ne (1) 38133450 iuoetnbatondgensta orb Terras Guarani no Litoral - 2004 Programa Ambiental/Guarani Coordenacao ‘Maria nes Ladeira Organizacao e edicao ‘Maria nds Ladeirae Priscila Matta Geoprocessamento ¢ arte grafica laine Zuchiwschi Levantamentos de campo Equipe do Programa Guaran~ CTie colaboradores Guarani Claudia Regina da Siva, Dafran Gomes Macario, Adriana Perez Felipim, Renato Vera Mir, Celso Aquiles Vera Mir, Tacena Vitti, Maria Inés Ladeita, Piscla Matta, Thiago Fondello, Aides Mariano Gomes Guarani, Leonardo Wera ‘Tupa e demais colaboradores Guarani do litoral Desenhos, depoimentos e traducoes Colaboradores Guarani Fotografias ‘Maria Inés Ladera, Clauaia R. daSilva, Adriana P. Felpim. Priscila Matta Projeto grafico e capa Renata Alves de Souza Imagens da capa Fotos - Maria Inés Ladeira / Desenhos (Morro dos Cavalos) e Mario da Siva Jo8o Antunes. Revisa0 de textos Edson Lopes Realizacao ‘Outubro 2008 TERRAS GUARANI no LitoraL KA'AGUY ORERAMOI! KUERY OJOU RIVE VAEKUE Y As matas que foram reveladas aos nossos antigos avés 2004 Dados Internacionais de Catalogacao na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Terras Guarani no Litoral : as matas que foram reveladas aos nossos antigos avs = Ka'agiy oreram6i kuéty ojou rive vaekue 7 / lorganizacéo e edigéo Maria Inés Ladeira e Priscila Matta). So Paulo : CTI - Centro de Trabalho indigenista, 2004 Varios colaboradores. ‘Varios fotografos. Apoio: Norwegian Rainforest Foundation, The Rainforest Foundation. 1. Brasi, Ltoral - Geografia 2. Indios Guarani - Territorio 3. Mata Atlantica 4. Meio ambiente |. Ladeira, Maria Inés. I, Matta, Priscila. Il. Titulo: Ka‘agiy ‘oreramei kuéry ojou rive vaekue J. 04-7619 CoD - 980.3 Indices para catélogo sistematico: 1. Guarani: Indios : América do Sul 980.3 16 38 SUMARIO Armesrutacho Nora wiroourona Mara Tenartono Guanant © Tenniromo Guasane Moya A Mara Ananicn Ocvara Pow. ‘Tenmas Guanan no Lironat 00 Rio Grawoe 00 Sut 18 T) Agua Grande 20, Ti Pacheca 22 ThCoxilha da Cruz 24 Ti Passo Grande 26. TiLomba do Pinheiro 28 TiCantagalo 30 TEstiva 31 Thitapua 32 TIRio Capivari 33 TiCapivari 34. T1Barra do Ouro e Varzinha 36 TiRiozinho 37 TICampo Benito ‘Tenmas Guarani wo Lronal o€ Santa CATARIUA 40. TICachoeira dos inacios 42. TIMassiambu 44 TIMorro dos Cavalos 45 TICambirela 48 TIMbiguacu So. TIPirai 82. TTaruma 53 T1Pindoty 54 Ti Morro Alto e Tapera 56 78 102 106 108 413 “Teanas GuanaN Ho UTORAL 00 PARANA € NO aus 00 Risciea (SP) 58 T1Sambaqui 59 Tiitha da Cotinga 60 Ti Morro das Pacas, Cerco Grande e Pescada 64 Tilia do Cardoso 66 TI Rio Branco de Cananéia 68 Ti ltapitangui e Prat 69 TiSubauma 70 TPindoty 2 Wureia 74 TiSete Barras 76 Ti Miracatu 77 TSerra do ttatins “Teanas Guanats no Litonat Sut oe SA0 PAULO E Granoe Sao Pauio, 80 TI Rio Branco 82 Tlta6ca 84 TlAguapeu ‘86 TIBarragem e Krukutu a8 TJaragua “Teanas Guanats no Litonat Nowte o€ Sako Pauto € Rio oF Januo 92. TI Ribeirao Siveira 94 Ti Boa Vista do Sertdo do Promirim 96 TlAraponga 97 TIRio Pequeno 98. TI Parati Mim 100 T1Bracui Tennas Guanani no Esrinito SANTO 104 Boa Esperanca 105. Tres Palmeiras 105, Piraqué- Acu. Moncinos com Teswas Iunictnas has Reciots Su: + Suoesre oo Brasn - 2004 “Teanas Guanans no SuLe SuDeste 00 Bras - 2004 “Teamas Inoicenas € UmioAoes of Consenvacko Of Prorecko InitGRat No Sut e Suoesre 90 Brast - 2004 APRESENTACAO Todos os brancos @ todos os filhos caculas (Mbya) de ‘Whandleru vem hoje no mundo, tados. Mas as pessoas, etavaekuery (aqueles que so muitas - as brancos) ¢ os Guarani, ndo devem se estranhar. Dever se entender, todos (.. Mas 0 sistema do jurua Gurua rekopa) no deve ser sequicl, meus pequenos fithos. Nranderu dew este consetho: “7nos505 flhos @ fihas legitimos, uniclos ‘m0 mundo, com um 50 pensamento deverdo Ficar”, (Maria Tataxt) As populacées indigenas sao profundas conhecedoras de estrategias de sustentabilidade dos ambientes. ‘em que viver. Estes conhecimentos nao somente contribuiram para que o conjunto de suas Tetras conti- vessem as maiores superficies de dreas conservaclas do pais, mas tambem representa um valioso ace!vo de tecnicas. Por outro lado, temos que nos conscientizar de que as saciedades indigenas sao dinamicas e ‘que 0 contato com as populacdes nao-indigenas ainda vem causando drasticas reduces nos seus territd- "os e grandes alteracées nos seus ambientes e modo de vida. € certo que para manterem seus conheci mentos - de inestimavel valor para a sobrevivancia dos seres vivos, incluindo a espécie humana - as popu lagBes indigenas precisam continuar utilizando esses conhecimentos na sua pratica colidiana. Cade ver mais, portanto, ¢ necessario um melhor equacionamento de solucées na area ambiental De um modo geral, as comunidades indigenas tem demonstrado um grande interesse em participar die- tamente dos levantamentos, das caracterizagdes ¢ dos diagnosticos ambientais em suas Terras, conti bbuindo com informacées acerca das suas relades com o “meio-ambiente" © a "biodiversidade”” Para os poves indigenas a ideia de ambiente se fundamenta em suas cosmolagias e esta diretamente relacionada 85 nodes amplas de territorio e aos bens naturais que produzem e encontram na Terra. Somente com a efetiva participacdo deles possivel a realizado de zoneamentos voltados 4 protecao dos ambientes de suas Terras e entorne, Falar do meio ambiente das Terras Guarani é falar da critica situacdo fundiaria que as envolve. Para o Povo indigena Guarani a escassez de terras e 0s inumerdveis conflitos fundiarios que vivem suas comuni- dades s80 0s dilemas mais prementes na conservacaa de seus ambientes, @ Tewnas GUARANI no Lona Nota INTRODUTORIA Neste livro, as Terras Indigenas* ¢ as demais referéncias tais como estradas, ros e Unidades de Conservacao de Protecao Integral” *, esto plotadas em imagens de sate~ lite ou fotos aereas georreferenciadas. Estas imagens foram as bases para os Guarani apontarem as areas utiliza ddas que, em alguns casos, nao esto circunscritas nas areas oficialmente delimitadas. Os desenhos das especies animais f@ vegetais, elaborados pelos Guarani, s8o representacdes livres e esquematicas, sobrepostas as imagens. N3o é intencdo mostrar a diversidade de todos 0s recursos exis tentes, mas apontar os espacos e as especies mais significa tivas tanto nas suas relacées materiais quanto simbolicas. © conjunto de casas habitadas por familias nucleares ou extensas esta representado pelo desenho de uma unica casa, independentemente do numero destas e de pessoas Em vez de realizar um levantamento detalhado em uma Terra, priorizamos apresentar uma vis8o panoramica da porgao do territaria atual dos Guarani em todo 0 litoral, 205 proprios indios ¢ aos brancos, evidenciando os contras- tes entre 0 modos de vida Guarani e o modelo expansionista de civilizagao da sociedade nacional. Com essa finalidade, nas caracterizacoes de cada Terra Indigena, os recortes nas Imagens de satelite e fotos aereas abrangem as areas signi ficativas do seu entorna tornando evidentes os impactos & 4s presses ambientais incidentes. Para visualizacao da distribuigao das Terras Guarani e das Unidades de Conservagao de Protegdo Integral no contex- to atual, ha 5 composigées de imagens de satelite relativas aos seguintes recortes regionais: litoral do Rio Grande do Sul, litoral de Santa Catarina, litoral do Parana e Vale do Ribeira-SP, litoral sul de $30 Paulo e Grande Sao Paulo, li- toral norte de Sao Paulo e Rio de Janeiro, Por sua distancia atual das demais, as aldeias Guarani do Espirito Santo ndo estao regionalmente localizadas, + Terra indigana o ums categora jrdca, defined pelo Estatu0 oh de. ateada ts pratcos admnstratnas da FUNAL Fundagdo Nacional do Ineo, Segundo Consttuxo Federal de 1988, em seu artigo 231.5 1° Sto tetas radiconalmente ocupadas pelos ndhos a por els habtadas fem carder permanente, a utizadas para suas atwedades produ, 35, nprescindves 8 prservagio dos cursos ambuntas necessaries a Seu bemestar © as necessanas 8 sua reproducao fica e cutural, segundo seus wis, costumes evades. As caracterizagées amibientais das Terras ocupadas pelos Guarani [presentes nest nro foram realizadas em conjunto com os Guarani Mbya, foco do Programa Ambiental e do trabalho do CTI ha 25 ‘anos, precsamente em 55 aldeias situadas no litoral entre os esta- dos de Rio Grande do Sul e Espirito Santo. As 5 Tecras ocupadas plas comunidades que se autodenominam Tupi ou Tupi Guarar, ‘no ltoral de Sao Paulo (Bananal - TI Perube, Piagaquera, Paraiso, Renascer, Xixova Japui -Paranapoa), estao localizadas nas imagens ‘egionais mas nao constaram dos levantamentos. A presenia histo- Tica e atual dessesindigenas no literal, suas cinamicas sodas e suas, telacdes com o ambiente exigem estudos espeaficos. Uma vez que as dinamicas Socials dos Guarani nao se concentram ‘em uma unica aldeiae sim no cenjunto de aldeias do seu terito- fio, optamas por nao especificar por req}so, UF ou Terra, onume- ro de habitantes, © qual varia de acordo com fatores internos & ‘externos. Privlegiamos nesta publicagao as informagdes visuais sobre @ situacdo fundiaria e ambiental das Terras Guarani e seu ‘entorno, no ioral, eas rflexdes e vancias dos Guarani manifes- tadas nos depoimentos. Nesse sentido 0s demais textos contém informacdes gerais e complementares, sem aprofundar as diver- 525 areas de conhecimento envolidas. (0s depoimentos e discursos foram gravados nas aldeias, em Guarani, a maioria durante as oficinas de 2002 e 2003. [As traducdes foram feitas a0s integrantes da equipe do CTI por Colaboradores Guarani que dominam a lingua portuguesa, territorial e seus secursos ambientais, com caracteristicas naturas televantes,lgalmente insttuido pelo Poder Publco com objetwos de consewagio e com hitesdefinidosvsam a manutencio dos ecossstemas Ines ce aeragdescausadas por interferénca humana, adrmtindo apenas 0 use indreto dos sus arbutos natura, ou se, 0 u50 que nao envohe Consumo, coleta, dane ou destrugto dos recursos ABUTS. G Tennas GUaRANI wo Lion: ‘Ava-kinpa. avova, Nhandevae Mbyasio tambem nome dos aaletar do tngua uarani da tami linguistics tops uarani de Wonce lnguistea tum, {As aldeias Kaova /ParTavyterd concen tramse no su do Mato Grosso da Sul hna'regiae orvental do Paraguay OS INhantdeva ou Kinpa,vvem em algeis no Paraguat e, no Bras, encontamse no ide do Sule no Itoral de Sto Pauloe de Seias na regan avental do Paraquat, no ordeste da Argentina (provincia de Histone) Urugua! No Bras vivem em Sides stuadas no interor © no Moral fos estados do Sul ~ Parana, Santa Catarina, Ro Grande do Sul em Sao. Paulo, Riade Janeo.e Espita Santo em varias aldeis junto a Mata Atlantica persas na regiao Centta- este ‘Apopulacao guatanine ioral compas: tabaccamente pels Mijas tinondeve ‘Atualmerte os Mbyapregomnam mume: facamente, em toda fata Iardnea 0 io Grande do Sul ao Espino sant, Est. ‘matias sponta que aepoea da condi NNhandva 6 mle Aaya ~ 7m TERRITORIO GUARANI O TerritoRio Guarani MBya Territorialidade (05 indhos Guarani Moya do literal procuram fundar suas aldeias com base nos preceites miticos que fundamentam especiaimen- fe.a sua relagdo com a Mata Atlantica, na quel, simbdlica ou praticamente, condicionam sua sobrevivéncia. Esses lugares Procurados ainda hoje pelos Mbya, apresentam, atraves de ele ‘mentos de flora e da fauna tipicos da Mata Atlantica, de for- ‘magées rochosas © mesmo de ruinas de edificacdes antigas Indicios que confirmam essa tradicao. Fermar aldeias nesses lugares ‘eleitos” significa estar mais perto do mundo celestial o's, para muitos, & a partir desses locais que 0 acesso a yw ‘mariey, ‘terra sem mal’, & facitado- objetivo historico perpe- tuado pelos Moya atraves de seus mitos. (5 Guarani Mbya mantém a configuracao de seu territorio tra- dicional atraves de suas inumeras aldeias dstribuidas entre va tas regides no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e no Brasil, Constituindo-se o mar seu limite terreno, Para os Mbya, 0 con- Ceito de territorio supera os limites fisicos das aldeias etrilhas esta associado a uma nog de mundo que implica na redefinicio constante das relagdes multiétnicas e no comparti- lhar espacos. A apreensdo de seu territorio, por sua vez, afir- ‘ma-se no fato de que suas relacies de reciprocidade nao se ‘encerram exclusivamente nem em suas aldeias, nem em com- plexos qeagraticas continuos. Elas ocorrem no ambito do mun- ‘do onde se configura seu territorio, Desse modo, as dinamicas, socials, econémicas, politicas e reigiosas e as redes de paren- ‘tesco implicam em permanente mobilidade que garante 40s Mbya 0 dominio de uma ampla extensio geagrafica Embora a prosimidade geografica favoreca 0 estreitamento das relagdes entre as aldeias, a sociedade Guarani possui regras, Costumes e tradicées das quais participa todo 0 seu conjunto, © territério ou mundo Guarani Mbya, enquanto espaco cartograico e geogratico, ¢ fragmentado compartihhade por diferentes sociedades e grupos sociais. Em contraposicao, as al- dias ou fekoa ~ lugar onde vivem segundo seus costumes e leis no podem abrigar outros grupos humans. O espace fisico de lum fekoa deve conter recursos naturais preservados e permitir a Privacidade da comunidade. Entretanto, a fragmentacao atual ‘das aldeias, definidas por limites artifciais em funcao do reco- nhecimento pablico e oficial de outras ocupacées (tais como fa zendas,loteamentos, estradas e projetos de abastecimento), as ‘nviabliza enquanto espaco que garanta a subsistencia da pro- ria comunidade. Apesar disso verifica-se, nas diversas aldeias, ‘um modo peculiar de apreenséo, construcéo e organizacio do espaco, desenwolvide através do exercicio socal, politico, religio- 50 e do manejo de especies tradicionais. B Tewnas Guarani no Lona: © territrio ocupado pelos Guarani Mbya compreende regises de varios Estados Nacionais (Brasil, Uruguai, Paraguai, Argenti- 1a) e, como tal, diferentes contextos politicas, econémicos & instancias diversas de poder, politicas agrarias e legislacoes, fundiarias e ambientais espectica. um territério geografico amplo, nao continuo, compartihado por distintas sociedades e conservado através do intercambio, dda manutengao e formacio de aldeias em locas estratégicos, com referenciais simbolicos e praticos. A acupacao das aldeias © 2 apreensio de um amplo teriterio acontecem por meio das dinamicas socials e politicas e de movimentos religiosos As atividades de manejo e os intercambios de especies naturais © culturais extrapolam as areas limitadas as comunidades Guarani e ocorrem entre aldeias situadas em lugares e regibes. proximas ou distantes, As delimitagdes oficiais das Terras Guarani tem como Condicionante as ocupagdes do entomno e seus diferentes mo- delos. Isso implica na escassez e descontinuidade de areas de ‘mata e na inviablidade dos Guarani em deterem 0 uso exclus- vo das especies naturais. Contexto Fundiario Nhanderu tenonde (nosso pai verdadero) ale: “os jurua ndo ‘podiem brigar com vocés, nem voces podem chame-ios a briga, ‘meus filhos”, pots assim Nhandery falou. E 1880 10s (os Mbya) ‘estamos cumprindo na Terra. Pois nossos fihos ndo poder aca- bar, pois se os filhos cagulas desaparecem da terra, 150 vai apressar o firm da terra. (Matia Vatax) Nas regiées Sul e Sudeste do Brasil encontram-se, atualmente, cerca de 100 Terras ocupadas pelos Mbya e Nhandéva, além de outros locais de parada provisoria e/ou sistematica. Na faixa litoranea, junto 4 Mata Atlantica em regises montanhosas Serra do’ Mar (SP), Serra da Bocaina (Ri), Serta do Tabuleiro (SC) ~, estéo cerca de 60 aldeias das quais somente 19 Terras Guarani (de superticies que variam de 1,7 4.372,26 mil hec- tares) somando um total de 20.006,46 hectares, estao homo- logadas* pela presidéncia da republica. No interior dos estados do sul, dentre as 40 areas onde vivern indios Guarani, das 21 4reas homologadas, 14 so ocupadas predominantemente pe- los indios Kaingang (RS, SC, PR) e Xokleng (SC), sendo que os ‘Guarani ocupam uma pequena porcio dessas areas. Apesar de insuficientes, nem todas as Tetras homologadas estao livres & desimpedidas para o uso exclusive dos Guarani ‘Ate meados de 1980, a posicao oficial era a de que as comu- hidades Guarani que viviam no planalto paulista e no litoral leram originarias do interior do Parana, precisamente dos Pos 10s Indigenas da FUNAI Manguerrinha e Rio das Cobras, para onde deveriam retornar, ou enttao se fixar nosso Posto Indi- ena em Peruibe (itoral sul de SP). Apesar do nao reconhe- Cimento das aldeias Guarani do ltaral, alguns registros refe. fiam-se a presenga Guarani em aldeias do litoral do Rio de Janeiro, Sao Paulo e Santa Catarina [A partir dessa decada, o crescimento de projetos imabiliatios € turisticos decorrentes da construgio da redovia Rio-Santos @ de estradas adjacentes tornou urgente o reconhecimento formal e a demarcagao das aldeias Guarani em S4o Paulo. A reqularizacgo das areas ocupadas pelos Guarani Mbya no li- toral teve sua origem atraves de iniciativas do CTI - Centro de Trabalho Indigenista, Em 1983, devido 0 interesse do recem assumido Governo de SP (Franco Montoro ~ PMDB) na resolu {Go de confit fundiarios, Cl encaminhou um projeto para reqularizacéo das Areas Guarani do Estado de So Paulo efe- tivada por meio de convénio celebrado entre 0 Governo esta- dual e a FUNAI em 20/12/84, Em 1987 foram homologadas 7 Terras Indigenas, Posteriormente, press6es ambientais e ocu- paces desordenadas eirrequlares decorrentes de projetos de desenvolvimento (saneamento, abastecimento, estradas e ro dovias como a duplicacéo da rodowia Br 101, no sul) exigiram ‘maiores articulacdes dos Guarani e seus aliados, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. (0s processos judiciais envolvendo comunidades Guarani, em todos os estados, iniciam sua historia a partir da realizacao dos procedimentos para a reqularizacéo de suas Terras. Até (© momento 17 agées foram movidas contra a presenca Guarani no litoral Embora 05 procedimentos administrativs oficiaisvigentes no tenham dado conta da complexidade dessa situacao, @ os impasses, via de regra, revertam na paralisacao dos processos de regularizacéo fundidria ou no desfecho insatisfatorio para ‘os inckos e/ou seus confrontantes, ap6s a promulgacao da Cons- tituigao Federal de 1988 que em seu artigo 231 reconhece aos indios “os direitos originarios sobre as terras que tradicional- mente ocupam cabendo a Uniao a sua protecso e demarca- 20", algumas conquistas foram obtidas pelos Guarani com 0 reconhecimento e regularizacao de algumas Tetras no litoral Entretanto, por constituirem uma populacao dlferenciada etni- camente e minortaria nos diversos contextos regionass, as pres- s6e5 € a5 tentativas de controle de suas dindmicas sociais € territoriais sto constantes.. + Decreto n°.775 de 08/01/1996. Procedimentos para demarcagso: constituigho de grupo tecnico pars realizagio de trabalhos dentificag e Delimitagao, aprovacso pela FUNAL © publicagse no, ‘DOU, manifestaces de terceiros, aprovacso do Ministerio da lustica 1 emissio de portaria declaratoria dos limites publicada no DOU, demarcacio fica, homologacie @ registro no SPU. Contexto Ambiental Oprocessa de destuicio da Mata Atlantica, promovide pelo nosso modelo de cwilizagio, tem colocaco enormes oificul- diades para a reproducio cultural dos indhos Guarani ~ que 50 pode acontecer conjugada a Mata Atlantica A visdo de mundo Guarani e suas categarias qeograticas e ambientars jue nevtelam os parimetras oliciais ob servados nas diretrizes de criagio de unidades de conserva- do. Mas apesar destas diferencas, 0 interesse dos Guarani na conservacdo das florestas @ vital, pots somente preser vando a diversidade biologica podem viver seu modo de ida segundo sua cosmotogia {A exploracao intensiva das florestas, © processo de industrializa- {Bo € urbanizacao € 08 investimentos agropecuarios nas reqiGes de Dominio da Mata Atiantica, promoveram a extingio de espe ‘8s vegetaise animals. dizimau a maior parte das sociedades ind ‘genas, sua cultura e conhecimento, A destruigdo conjugada de florestas ¢ indios nas regides Sul e Sudeste (e Centroeste e Nor deste) trouxe perdas reversivels, Se antes ds conquista a area de Dominio da Mata Atlantica era exclusiva das populacoes incige- as, hoe seus remanescentes s80 dominados pelasinstituicées da Sociedade nacional. Nesse contexto ¢ natural que as Terrasincige- nas, cujasflorestas sao juridicamente Protegidas, contemplem areas ‘que compéem as atuais Unidades de Conservacéo. Em decorrencia do modelo de desenvolvimento nacianal os gran- des projetos 580 intensificados: saneamento e abastecmento de <8gua, usinas nucleares, sistemas de transmissao de energi ele (a, barragens, construcao de estradas e rodovias, gasodutos, en= tre outros, todos pleteando 0 uso dos recursos naturais das areas, de ocupagao Guarani, sobretudo 0s hidricos, ou incidindo sobre ‘elas. Além do nao reconhecimenta das Terras Guarani, esses pro- jetos ignoram, entre outros, 0 Decreto n° 1.141** que dispoe Sobre a proteco ambiental nas areas indigenas e seu entorno, Embora 0 reduto Mata Atlantica / povos indigenas das regides sul e sudeste nao tenha atraido, por parte do Governo, maiores interesses e aces voltadas a preservacao do meio ambiente, & ‘onde ocorrem os impasses mais citicos e 0s modelos de desen- volvimento econémico mais injustos e lesivos aos povos indige: nas, € importante lembrar que essas regices abrigam cerca de 40% da populacao indigena do pais e que as Terras indigenas. contemplam areas preservadas ambientalmente, *+Decreton" 1.141 de 19/05/1994, Cap. PLO” AS agbes voltadas 2 protecio ambiental das terras indigenas e seu entorno destinam-se {2 garantie a manutencdo do equilbrio necessario a Sobrevivencia {isiea cultural das comunidades indigenes. A Mata ATLANTICA ©. nome Mata Atlantica se aplica a diversos tipos de forma- oes vegetais nativas ocorrentes ao longo da costa litora- nea brasileira (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul) estendendo-se pelo interior dos estados do Espirito Santo, Rio de Janeiro, S40 Paulo, Parana, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul ¢ tambem em partes da Argentina ¢ do Paraguai Essas formacoes vegetais nativas, ou ambientes, sao resul- tado das diferencas de solo, relevo, hidromorfismo e de caracteristicas climaticas existentes na ampla area geogra- fica do bioma Mata Atlantica, sendo assim classificadas. floresta ombrofila densa, floresta ombrofila mista, floresta ombrofila aberta, floresta estacional decidual, floresta estacional semidecidual, manguezais, restingas € campos, Sua atual area de abrangéncia encontra-se altamente re- duzida e fragmentada com os principais remanescentes flo- restais localizados em areas de dificil acesso, circundados Por cidades, loteamentos, zonas industriais, campos agri Colas e pecuarios, culturas intensivas de pinus e de eucalipto, Todavia, 2 preservacao desses remanescentes ven garan- tindo a contengso de encostas, a manutencao da diversi- dade de fauna e flora, e abriga 8s populacoes Guarani que estao em diversas localiclades situadas em diferentes ambi- entes da regio Sul e Sudeste ‘A Mata Atlantica, considerada uma das mais ricas em es- pécies endémicas e, portanto, de grande prioridade para a conservacao da biodiversidade, estendia-se no século XVI por cerca de 15% do territorio brasileiro. Hoje, reduzida a ‘cerca de 7% de sua area de dominio, ¢ uma das areas mais, ameacadas do planeta, A exploragio da Mata Atlantica vem ocorrendo desde a che~ {gada dos portugueses ao Brasil, cujo interesse primordial era @ exploragao do pau-brasil. © processo de desmatamento rossequiu durante os ciclos da cana-de-acucar, do our, da rodugao de carvao vegetal, da extragao de madeira, da pian- tagao de cafezais e pastagens, da producao de papel e celu- lose, do estabelecimento de assentamentos de colonos, da construgao de rodovias e barragens, e de um amploe inten- sivo processo de urbanizacao, com’o surgimento das maio- *@8 capitais do pais, como 5a0 Paulo, Rio de Janeiro, e outras grandes cidades e povoados, 10 Tennas GUARANI wo Lior Identificagao de ambientes pelos Guarani Mbya As condices ambientais encontradas nas terras Guarani e seu tentorno, nos Estados das regiées Sul e Sudeste, variam em di versos aspectos, desde a floresta que as recobre as condicées de solo e cima. As Terras Guarani deveriam conter diferentes “ambientes para que suas atividades — roca, coleta, caga e pesca possam ser desenvolvidas plenamente. Entretanto, em raz30 {do modelo de desenvolvimento nacional e da consequente de- gradacéo da Mata Atlantica, hoje so poucas as aldeias que detém ambientes diversiicadlos em seu interior. As denominacées Guarani Mbya consideram as diferentes uni- dades de relevo e suas respectivas formacées vegetals. As prin ‘ipais unidades de relevo S30. yvy yvate — termo utiizado para Pere La, nds que estamos 1a, estamos plantando algumas coisinhas, algumas plantinhas como mandioca, batat. melancia (essa da bem!), 56 milho que ainda nao estava dando bem, depois deu bem o miho tambem, por iss 1nés vamos continu la na nossa aldeia, Tem um rio que da peixe, tem tatu, quati, mas nao tem todos os animais Tem pindo (jeriva), so nao tem taquara, secaram as taquaras, mas depois de oito anos vai ter bastante de novo. A gente tem problema na nossa aldeis, porque tem as vacas dos brancos que vivem la; quando a ge elas co nem tudo. Os donos so da vila e ndo é so um dono, s80 muitos donos, e a gente nao consegue evitar & entrada dos animais na aldeia Por enquanto a gente vai continuar la na nossa aldeia, até que dé tudo certo Ia. Tem casa de reza e todas as nites Joao Batista de Souza (200. 20 TeRRAS Guarani no Li TEKOA PORA 2 = S 3 e e = amber usa para pegar material para para outro luc Ja Terra Indigena po 40 pode © rio passa no meio da aldeia, ¢ importante a nascente ficar dentro snha sido dema 2, nosjaestamos ’30 vamos lutar para conseguir esse Porquends, emu 2s faniias, ncontramos dificuldade os um lugar gf melhor Inacio Lopes e Mauricio Karai Tataendy (2009, ‘Municipio Barra do Ribeiro / TEKOA ANHETENGUA TEKOA JATAITY Essa aldeia ¢ antiga, tem pouco mato e tem pouco material para fazer artesanato, A minha preocu: _ pacdo € essa, quando sair mesmo a demarcacao, uma parte vai ser uma terra muito mexida, muito plantada la, onde tem aquele restinho de ‘mato, eque € uma terra boa, O que nao teme o pind, ecomo eu tenho ‘costume de cortar 0 pind, tirar a palha para cobrir a casinha... 80 hao tem. Al term muito remedio, até mesmo eu sei fazer remedio, eu conheco a5 ervas. Entao eu quero mesmo que esse mato fique dentro a ale ” Aminha preocupagao de conseguir essa area é muito grande, quando feu vim de onde ew nasci, onde eu me criei, eu logo ful parar nesse lugar, eu nde procurel outro lugar utra aldeia, eu nao me acastumo a ficar na beira da estrada. Por isso feu procure’ um lugar bem afastado da cidade e da estrada, porque eu nao me acostumo. € bom a gente ter 0 lugar da aldeia, @ muito importante. Onde nas morame: gente tem o costume de cada familia ficar separada, nos nado temas 0 costume de morar pertinho. Por isso eu quero que esse ato aqui fique para a aldeia, assim, Eu gostaria mesmo de ter esse lugar de mato para 0s indios, porque ali ‘onde eu estou nao tem um mato grande. E claro que tem alguma caca, eu, como sou indio, as vezes cago, mas eu fico pensando "se eu cagar todo dia vai acabar”. Entao eu tenho minhas criacoes de galinha se eu faco algum mundéu, nao ¢ todo dia. Aquela parte do mato esta na divisa da aldeia. Se € para ‘aumentar mais, entdo era melhor o mato ficar dentro da aldeia, Alexandre Acosta (2003) 2G Tesvas Guarani no Lirorat 00 Rio Gran TEKOA NHUUDY Municipio Viamao Bn SOY ed XO 11 ‘Municipio Viamao / RS TEKOA PORAY ‘Municipio Capivari do Sul / RS x= TI CAPIVARI Municipio Palmares do Sul / RS TEKOA NHUU PORA / TEKOA KA“AGUY PAU nee > TIBARRA 00 OURO TIVARZINNA > - [e) a 9 5 54 [e) we [eel es ‘Miguel Alexandre Brisuel TEKOA GUAPO ’Y PORA ie nf pars i ct: ] DYN MP ed 4 Te eae) Coes Sedes Municipais et ec Massiambu Morro dos Cavalos - Yma i 2 3 ri cee Caner 7. 8 ier cea) Pee Oy eet ceca Peroni) Eee ered aN eee al Tene Ce ceo ee er cored Cn oe ey cd eo a ae Nee ose yet sed Wate cr rea Nee me cite Vil Parque Nacional de S80 Joaquim Nee re re a Peete en enor pa Ce tC et Er] Cama) TEKOA MARANGATU Augusto da Silva (2002) y 5 — ° = 205 50 0 Nhanderu cour emente ps Santa Silvio Duarte Karai (2002) Augusto da Silva y s ° 3 = TEKOA YMA Municipio Palhoca / SC AG Temas cf = 2 = TI MBIGUACU TEKOA TIARAJU Silo (2003 Be: TI PIRAT Municipio Araquari e Balneario Barra do Sul / SC 56 Do ParRANA E NO VALE Do Rieira (SP) «f eed E De kee td Doceaiern) ey Bert C et Pan ee ee ey eee ad eae Caetcnir er a peer Deeg 10. tha do Cardoso - Yuyty - Parapaa errata ea Pacer cea nae cea ce aad ae ey rae aoe y Pie Pent aeon iter anlar cio me esting Late re rer seas etic ees Wasser Tent V__ Parque Estadual Campina do Encantado Nearer ete ond Vil Parque Estadual Intervales Naeem Sey ey (PETAR) Peace Tec pecans ice) Rc eke od ieee ants Ure ne ray eee seer ree ciety ase nar e nl BME TI SAMBAQUI Municipio Pontal do Parana / PR TEKOA JAKUTINGA Munic! ua Alcides Goncalves, 1 Municipio Guaraquecaba / PR TI MORRO DAS PACAS, CERCO GRANDE E PESCADA TEKOA YVYTY PARAPAU Nessa mata tem muita caca ainda. Tem capivara, cachorro do mato, cotia, tatu, tem muitos bichos, mas em outras partes nao tem ‘muito bicho. Nos estamos ocupando esta parte do meio. Os mais novos ja querem que a escola seja na aldeia, eles ndo pensam nos mais velhos, em valorizar o pensamento dos mais velhos ® ndo valorizar as coisas dos brancos. Como nés temos tr8s velhinhos na nossa aldeia, e @ gente pega o que eles contarn, 2 gente 8 2 preferéncia para eles. Na construcio, para fazer a cobertura, nés procuramos onde tem o capim pare cobrir nossas Casa Porque damos valor para a nossa cultura, Tem varios tipos, tem 0 pindo das folhas pequenas, e tem odo maior. Todas as coisas 0 assim, como no caso da taquara, nds cortamos metade num lugar e enquanto ela cresce nos Cortamos em outto lugar. Nesse lado onde nos estamos nao falta, tem muita caca, tem kox/(queixada), guaxu (veado), tatu, kuan, aguarai (quaraxair), {guaki ratinho do mato), gamba... Eu fago mundéu porque as vezes eu gosto de comer as cacas da tata Entao eu faco mundeu ara pegar alguma coisa para comer. For outro lado, 05 proprios brancos entram para cacar também. Do outro lado fica Cambria © desse lado tem varias trithas onde os cacadores entram para cacar 44 n30 tem mais palmito. Os palmiteiros cortaram e eu pensava que indo pela trilha longe da praia ia aumentar, mas ja nao tinha nada: quanto mais longe menos tem, Tinha ate um barraco que fizeram para ficar cortando palrto, Thiago (2003) Gq. Terms Guarani wo LiroRat 00 PARANA £ Ho Vate 6o Riscina (SP) A L YH M 113-2, Joa0 da Silva Vera Mirim 100 Ts Gun L Nonte oF Sao Patno € R \ oe 8) 8) =e) a) 19) ey 4 : + | Do Espirito SANTO Ti Caieiras Velha ey ere Nene ree Peery 102 Tl BOA ESPERANCA TRES PALMEIRAS E PIRAQUE AGU Municipio Aracruz / ES TEKOA PORA Minha mae era uma religiosa bem forte, Naquela epoca nao existiarm muitas cidades. Vieram varias familias orientadas por Nhanderu e, através dele, conseguiram chegar onde estao hoje no Tekoa Pord (Aldeia Boa Esperanca). Naquela epoca nao tinha ‘muitas coisas dos jurua, nao tinha predios. E os Guarani viviam somente da cultura, rezavam...Naquele tempo também era facil receber as orientagées de Nhanderu, No comeco todas as plantas davam bem, nos colhiamos bem mesmo. Avaxi(milho), feij20, 0 que nos plantavamos dava bem: mandioca, batata, melancia, abobora Agora esta dificil, no da mais 6 que a gente planta, 1880 ¢ por causa do jurta que tern aquela plantacdo de eucalipto e, por causa disso, as coisas que nos plantamos nao rnascem bem. Aqui nao chovia bem, € como agora, mas as plantas nasciam bem, mesmo sem as chuvas. A terra aqui é muito seca, as sementes de avaw muta (rilho, ‘tianca) © ava para (miho pintado), estamos esperando pra plantar. milho nao vai bem, 0 da bem o que tem raiz funda como banana, cafe, cana. Quando chovia, chovia bastante, quando chovia © pequeno rio enchia ¢ trazia peixe. lamban, baare, ascudo... tinha bastante peixe, e agora ja ndo tem mais. No comeco, quando nos chegamos, ha 20 anos, tinha mato, depovs os jurua entraram e cortaram madeira, destruiram tudo. Antes tinha muita madeira, muita caca, muita coisa. Agora s0 tem formiga. Mel entao nem se fale, mel nao tem mais, no mato nao tem mais flores, © pindo, a falecida Tatax/, minha mae, encontrou trés mudinhas e plantou. Antes tinham muitas palmeiras, o mato era bonito, tinha mato mesmo, kaaguy ete, quando nos viemos, na primeira vez, a entrada era bonita mesmo. Ate naquela epoca nao tinha morador branco perto, nao tinha De primeiro, quando tinha bastante arvore, tinha garca, jacu, parakau (papagaio), urui(uru — galinha do mato), nambu, nambu vermelho, Agora nem os cantos dos passarinhos a gente escuta mais. E do jacu nem o som tem mais. So tem 0 qrto das crancas, © canto dos indios, uma vez ou outra quem chega para cantar ¢ 0 tucano, AAs vezes chega papagaio, Quando ¢ epoca do mga chega 0 papagaio para comer. As frutas que tém aqui so guavira (quabiroba) e jaracania Varacatia), Quando nos chegamos, ina muito palmito, jaracania, guavira minim, araxat mir (araca) tinha muito também, Tinha tambemn pakuritfruto sivestre) que 380 de 118s tipo: pakuri min, etee quanuipequena, verdadeiraimedio e grande). Nao tinha quembe ete. As frutas do mato, agora naoha mais, Eu trouxe uma sementinha de guaviu (variedade de quabiroba “pequena’) la do Paraguai e plantei. Agora ja esta bern Grande. La tem guaviju, jabuticaba, vapytd mur’ (fruto do jeriva), la tem bastante, No comeco, a caca que tinha era anta, taifely Aaxi(queixada), veado, quali. Agora nao tem mais. O que tem mais aqui é macaco, dois tipos de macacos macaco prego sau. Nas minhas andancas com a minha familia eu trazia @ semente e onde nos paravamos com a familia nds plantavamos eter (milho verdadeiro), jety (batata doce), xanjau (melancia). Carregava o galo dentro do cesto. Antes de falecer meus avos explicaram onde era o lugar onde tinha mato e rios. Um dia, eu acordei e me lembrei, entdo fui li ver Serra do Caparao. Cheguei la e vi que la tem mato e rios muito bonites. Entao uma feria Guarani esta vivendo la e eles construiram uma Qpy. Nos pensamos entdo em cuidar desse lugar, como antigamente cuidamos de Boa Esperance, Jonas Kuaray © Aurora Carvalho da Silva (2002) Na nossa aldeia tem um pouco de material para o artesanato, mas tem pouco. Para cobrir a casa tem pouco material, O que tem mais ¢ eucalipto. Néo tem mais cachoeira, onde tem muito eucalipto 0 tia seca. Nao tem mais peixe nem mato, Nos estivemos em Brasila numa reuniao falando sobre o problema da Aracruz, porque a plantacio de eucalipto destruiu.a mata, os bichos e 05 ros. Muilas aldewes Tupiniquim tambem foram destruidas. Antonio Carvalho (2003) 104 Tennas Guarani no Espiniro Santo MUNICiPIOS COM TERRAS INDIGENAS REGIOES SUL E SUDESTE DO BRASIL - 2004 \ _ he ve Locatzapso dos esta as rogiows sul e sudoste do Bras Cee Seo Pekeeuad Peed Cod ed TERRAS GUARANI NO SUL E SUDESTE DO BRASIL - 2004 Legend aor Gest de parade ita cesocupada Moya oases 's ese Oobie= omega BAC aH de DOTA. raingang Guaany 44262633 Rey MOCHITIOSTIeSPU(IIN) Cac Doble rs 2 combo XepuNibye - Tiger 3ES.797I Hamsagade OSC SATE TATA — Than Kaingunge Guam Xap Hate Pets ea 9) Moya ee ® - Frm Wear, TUNA 2008 Wear veins = TITST7O— Haaognis bee de WATS 5 Vai 5 ‘Guba _Moyatips + fog Sem 90172001, “ Tatoo “ens + “S3aTHB77 Hemotgias De a do IGOHI000 nam = Xinging.e Guan: eg SU deoann2002 Contant Sul Emacs de eves dete, 2004 ern - onda ATT = keangange Guaan 11950 Bemarcada em 2004 FatrevasEngenho Aco Recre xa : vero Constanta A ata 3 _ {Tones Rida Vara = era 7Gramade das AS eangang e Gunns 16a15.a443 Homolog Dex se 10022002, Lowrenod ato 2 Umera xo ° Stan’ nao “ene dS Na - = : Kangana eGusrant 14510 ox tsa 13705, 1962 Sramado dos oureros, RS 2 rasaguy Poty xp : or. 66 de enttcaio te rowes Honaa, Pano Ren rota 2 ravocuarany hates 2001 Gordon 2 Marah Maan - 5 7 Wousmas = Fomalgeds DR Ore ae O@OTTSTT Tenant or = Kagan ¢ Gusrany eg 10 SPUem 25727964 Magia A Guajuore ‘a © 2a0s.8504 Reenter 2 Garmthes Moya/keme 8 tnalseco 2 Gongs ‘aya : A Towse kaon 3 0 ja a= Gate % BETIS Ty aya : 6a Coren Sho mbgictda Maxie — AS Oe Back de Oooo 1 80483, de 29712000, Naasaa Torres ry : Bomawtaswam —W Rina de sao Mo aby : 5 Kratoribada pte PRANDRAI—— So gue die Masses RE Sato Gxanae aT bya DBAS6AT— Homobgeds Oe Ur OR TVD Sano ce ac s feg Ser 20" 12002 Tevet Ves . 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CRrimana, 1990, Nasarb, a : ‘Sha sub pee Pahoss 5c oro dos Calor yarns * TRE denticaas,Parecer Funar Pao sc yma) I Z0VPRES de 17/12/2002, Publicado ‘no DOU 18/12/2002, Fraa de fora sree = aos x Combes Sere = Page sce Paroca (Tea Fata) Mba ° Patiocs sce busca irpanoys * 3Eq582 — Fonobpads Dec deOSOS@O0R quae sez ‘upkado no DOU 0505/2003, fog SPU. 2008, ‘Saabs or 2 ‘Guabuba x Ro downs Mya 2 ‘ay sce Esprihero Mya . sez Gravata Navegartes ‘va 6 sce Barra Veta bp 5 sce Prat aay) Moya * ‘im kdentiieaga0, Port da FUNAT——Avaquan sce Taruma Canetay ia . Fm identiicagao, Port da FURY Avaqua BCE I aDR/PRES de 1905/2003 Tendo Fm enticcao, Por. a FUNAT RamuanTeaea SCE Pony ya . 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Ovsenacoes {Em algumas 7! do iteror dos fstados do Sule Sudeste no oral do Espino Santo ha akdetas de grupos indigenas stints: Kaingang, Xokeng, Xe, Terena “Tupinquim, ster dos Guarani AS aldeas desocupadas 05 fcas de parada foram maadas nos fexatnca do outasaldeus, Quadro sie & alters (© Guarani estaocstcados em ts grupos: Mya, Xia.eKalova. Neste quadroo nome Xia agtega também glupesautodenominadosTupre Typ Guaran, imos dez anos pelos Guarani fou vstadas pelo CTV claboradores. Hs 3 possbldade de 112 Temas GuARAnt no Lora. TERRAS INDIGENAS* E UNIDADES DE CONSERVAGAO DE PROTEGAO INTEGRAL - SUL E SUDESTE DO BRASIL 2004 UNIDADE DE CONSERVAGAO —SUPERFICIEDECRETOS DE TERRA INDIGENA ‘strung waDenaa — (ia) UAGAG—GUARANI/ UF nS JURIGICO-ADMINISTRATIVA rus Hana Seva Pacers 00000, ‘aaponga RI Femara Total ec vn de 03/07/1995 _ Far FABIA Seva do May 375300,80° ia Vita Serizo “Roma rear GoPromam=SP 906.3886 Dec side 26/10/2000 as0375 —— . omers2 — Forgas adsl da Sera doar Ribera Sieea SF TARA © Womoiogada Parca Bee 184568 de BO77987 2500 os ites Parecer weno de BOM, nts) de 26/12/2002, - argue tadual Sera do Mat — ae Banca-5F 7255.10 Homoogads Parca oes Dec rr 34224 ae 1ayoar1987 Farge Stadia da Sera do Mar = que aS a Parca Frrue ad Sera 8a War Perabo 5F aoa Parca a - Dee sn de 1605/1904 Parque Eada Xap [OI RTITS36 de Faranapod-SPCTupT oo a = Dane a ae Biagio Teoingca lea aww — 62000 74.646 de Parako=SPTTOR) a Tea a OG TR = = == oa Fae Radiata ena “ANTOAIT—araO TSS de Sete Banas =P = Teal a 0210885 - ee 2 Farge dial ha de Cadois 72500 4031942 thado Cardoso-SP Tear ee _ 0300 —— True Wavoral do Superagu”~«——3350B «IST RB UE Monod facas-PR Toul asus 19513 de Pescada Pa é ee “S575 WP TRBOTE Maro do Cais SC ‘denticad, Parecor Far Tota ‘eta do Tabulewo owas ( 2OVPRES we 1771272002 8.857 de 10979 oo a ge ari aT Be S550 T2257 ae Rapa RS = aca 133 886 ao Terra Guaran Mba, Kr & Tap ‘TEKOA PORA MARAEY : ‘ (0 trabalho do CTI Cantro de Trabalho Indigenista com os Guarani no litoral fern como objetivo promover 0 reconhedmento fexmal das Terras Guarari, garatindo a esses indos 0 eito de vverem de acordo com sua organizacéo ‘soca, seus usose costumes. Entério, porér, que em azo do process histrico de conqusta do continent su-ameicano ‘edo contexto ata de desenvohimento, 0; Guarani vam travanco ura uta cia pare manterem seu teritrio e seu modo {e vide. Por outro lado, a maior vsblidade da presenca Guarani na Mata Attica que, em razao do nosso modelo de illeagio, possui somente cerca de 8 % de sua rea do tempo da conquista,confmou que, a despeito das indmmeras ‘formas de presséo advndes do contato, 0s Guarani mantiveram preservados seus princpos, nguae igo. (© Programa Ambiental realizado pelo CTI entre 0s anos de 1996 e 2004, corn comunidades indigenas dos povos Timbira, Terena, Wajipi e Guarani que vivem nos biomas Cerrado, Amaz6nia, Pantanal e Mata Atlantica, centrou-se na elaboragio de caracterzagées e clagnéstices ambentais, ofinas, semindros ¢ encaminhamentos especticos @ ‘cada realdade (0 Programa Ambiental/Guarani consists, num primero momento, em levantamentos elativos 20 mado de producso «2 consumo e a0 uso das espécies naturais em aldeiassituadas no Vale do Rbeira (extrem sul do estado de So Paulo) ‘com caractristicas ambienta'sefatores de pressio dstntos:continente versusiha; mata secundéra crcundada por ppequenas propriedades versusarea continua de mata, induindo mata nativae inccindo com érea de protegso integral (Parque). Os resuitados destestrabalhos foram apresentadse discutidos no seminariointernsttucional “Praticas de Subsisténcia e CondicBes de Sustentablidade das Comunidades Guarani na Mata Atléntica", no final de 1997 A vigéncia de um modelo de producéo e de criterios comuns no uso das espécies naturais observado entre os Guarani Moya a despeito da ampla extensio teritoral onde situam suas aldeias, demonstra a larga gama de ‘experiéncias pelas quais passam os grupos familiares e o funcionamento de um sistema de comunicagio e de intercambios fundados nas relagdes de parentescoe reciprocdace, (© contexto atual do teritorio Guarani impbe repensarestratéciase fomentar acbes que possam atingir © conjunto {das regjées onde estéo presentes suas aldeas. Neste sentido, 20 ser retomiado em 2002, 0 Programa Ambjental Guarani contemplou © conjunto das aldeias do literal sul esudeste, realizando levantamentos de campo, 4 oficnas regionais(Coxiha da Cruz - RS, Morro dos Cavalos -SC, Pndoty~ SP, Parti Mi = RJ 1 ofcina geraVRo Branco SP), pelos quais representantes das comunidades puseram, através de materiais cartograficos dversos,atualzar ¢ refletirconjuntamente sobre os problemas ambientas e fundaris em suas Terras reforcando os lacos de scldariedade {entre comunidades e iderancas Guarani. Os levantamentos ambientas participatvos possibiltaram aos Guarani o uso de novas técnicas de mapeamento, por meio de imagens de satéltee fotos aéreas,elaborando mapas-falados fe identfcando as areas de uso (lacaizagio das areas de ocorréncia das especies principals para subssténcia), das ‘areas em regeneracao e de areas degracadas, para futuros projetas de recomposio. Ampliar as bases das reflesdes e dscussSes acerca do “mado de uso" para as “condlcbes de uso" das espécies naturais que fazem parte do acervo cultural Guarani $6 pode ter efeto se howver o controle da stuacSo funcirie ‘© ambiental nos entornos das areas e nas regiées atualmente ocupadas pelos Guarani 05 objetives do Programa Ambiental/Guarani que currinou no final de 2004 na sistematizacio do material compllado para a edicdo deste lv e realizacéo de ts seminaros institucionais, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e Sto Paulo, sto ‘Amplar as bases do debate entre 0s setores da sociedade nacional de modo que as questbes funciaras das Terras Guarani ea conservagio da Mata Alintca possam ser compreendidas como parte de uma mesma problematica ambiental © uso e a protecBo das florestastropcais atlinticas. Possibilitar aos Guarani, em seu conjunto, através de Suporte tecnico e material vsual ~ mapas, imagens de satelite, fotografias aéreas ~ compreender o panorama da realidade ambiental efundkaria do Brasi nas fees Su fe sudeste, observando as alteracBes ocoridas nos ambientes das regides de sua ocupacio tradicional. Instrumentalizar as comunidades Guarani do litoral em seus encaminhamentos atuais relativos as questoes ambientaise funcarias que afetam suas reas. Subsidar os procedimentos de ldentiicagio e Regularizacéo Furciria das Teras Guarani no literal \ncentiva as comunidades Guarana ciarem novasestratégas para protegerem seus ambientes, priorizando as formas de manejo tradkonais eatvidades sustentaveis.Estimular a construgdo de um projeto comum de futuro a partir de seus conhecimentos e expectatvas De eT ery AS palavras da lingua Guarani so, em sua maioria, ‘oxitonas, devendo ser pronunciadas como tal. Estdo acentuadas somente aquelas que fogem a esta Tegra. Além do acento agudo usado nas palavras n3o ‘oxitonas, emprega-se 0 til (~) que indica a nasalizacao da silaba ou do vocdbulo e o. ‘apostrofo (’) como indicative de oclusao glotal. Alfabeto: VOGAIS a, 0, e, i, w, y_(vogal gutura). CONSOANTES - p, tk substitu c, que, qui; | Gom d): (Sempre fraco como o som de r entre duas vogais); x (som tch, ch, t8); v (som de v ou de u conforme o termo); 9, 9u, 90. NASAIS-mb, m, nd, n, ng, nh ou f e vogats com = Com excecdo dos nomes de pessoas, lugares divindades Guarani, as pelavas esto apresentades em itdlico, Are Cor ac cticuy “*palavras no traduzidas nos textos e nas caracterizacbes ambientais anhetengua-verdadeira ka‘agily ete ~ mata verdadeira; _pindo~ palmeira avax/~ milho matas primérias ou em estados _piindo ete, pindovy jetivs avaxi ete/—milho verdadeiro _—_avancados de regeneracdo pindoty- muita palmeira avaxi ju~ milho amarelo ka‘agily karape't~ mata baixa, _pirai-peixe avaxi mital-milho cianga; milho capoeira ‘Rord'- bom, bonito andocom gréosdecoloragioamares —_ka‘agily por ey-mataintocada _pordy - aqua boa avaxi para ~ milho pintado; —_quengodeveserusadapelohomem — pyau~ novo uando 0 mitho avan’ eter aparece —_kaagily yvate- mata alta sapukai ~ grito, canto ritual segtegado no caréter coloragSo.dos. _kumandia— feijgo Pedindo ajuda Qr80s, estes recebem a denomi- _manduvi-amendoim teko-sistema, lei, cultura; 2 lugar Nagao para maraey— indestrutive| ‘tekoa- aldeia; lugar onde se vive avaxi xf milho branco -marangatu~ autentico, sagrado_conforme o sistema (Guarani) _guavira~ quabiroba (fruta) ‘mir pequena fenonde ~ primeiro, na frente, ‘guapo’y—figueira ‘monde-mundéu, armadilha para futuro _guembe~cips imbé; espécie utll- aca de animais de pequeno porte _urulty-— muitas aves ada para construcao de casas, ame moroti— branco -araraké~ vegetagdo de mangue; dilhas e confeccio de artesanato —_—_mhanderenonde-nancssafrente, manguezal iparavépy — extremidade, ponta onde nasce o so) (regio leste) _Yapo- terras alagadas do mar Nhanderu~(nhande nosso, u- _yaporei—banhado ‘itapoty- flor de pedra pa), octiador do mundo, Deus (es) yma~ antigamente Jaexa vista (n6s vemos) regente (s) do mundo yvapurti ~ semente para - jacutinga (ave) Nhanderuvixa - autoridades, — artesanato Jataity— muito mel de jatai caciques vy mardey-terra da eternidade, jurua~ no indio, “brancos” hut capi terra indestrutivel ‘kal macaco nhutindy - capinzal yuya~ monte, subids ‘api sop; capion ‘eguata- vieja, andar, caminhar —_yvyapy ~ extremidade, ponta, araja~ macaco busio Opy-casa de ezas inicio da terra ka’a miridy ~ bastante mata parapaii-iha Yyurmbyte- meio do mundo equena ‘Pall ~espago ‘yoyty monte, morro ‘a‘agily— mato genérico; mata peguaoty- muito caeté Jy agua, (io Jyad= tio branco ee CRE] Puc erall TCE: ea ame Eeea ene ary Peed ed Eset eee Con aE Sat nee Mires Ceneaee cea De ae Oe ec Cot RCE Ce eke eco sabedoria indigena poderia ensinar muito as civilizacoes circundantes sobre 0 apro Pore a ee eee se Bee ere Care ma patriménio da humanidade Pee reer eee TU co

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