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O metabolismo é um conjunto de
reacções químicas que devem ser realizadas
pelas células para a sua sobrevivência. As células
são constituídas, maioritariamente por
macromoléculas e água e por isso necessitam de
ferramentas químicas necessárias à síntese dos
diversos monómeros, os nutrientes. Estes
podem ser usados como fonte de carbono ou
como fonte de energia. A fonte de energia é
usada no catabolismo - degradação de moléculas maiores para mais pequenas, havendo formação
de energia que, posteriormente, será usada na locomoção e que, juntamente com a fonte de
carbono, a partir do anabolismo, permite a biossíntese.
Os organismos podem ser classificados consoante as suas fontes de carbono e de energia.
Enzimas
As reacções químicas que mencionamos antes são catalisadas por enzimas (conjunto de
proteínas), chamadas de catalisadores. Um catalisador é uma substância que:
• Permite à célula reduzir a energia de activação da reacção;
• Aumenta a velocidade da reacção;
• Não é modificado ou consumido durante a reacção.
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Estas enzimas são especificas para um substrato ou para um conjunto de substratos e,
essa especificidade é lhes conferida pela diferente conformação dos aminoácidos no local activo
(local onde se liga o substrato, apresenta uma estrutura tridimensional). Esta ligação é feita por
ligações fracas, como interacções hidrofóbicas, pontes de hidrogénio e forças de van der walls.
S + E ↔ SE ↔ E + P
Muitas enzimas, para serem activas, contêm pequenas moléculas não proteicas que
participam na função catalítica, os cofactores:
• Grupos prostéticos:
Moléculas orgânicas/iões (Mg2+, Fe2+);
Ligam-se fortemente às enzimas no local activo, em geral de modo permanente.
Têm como funções:
Ponte de ligação entre o substrato e a enzima;
Estabilizador da conformação activa da proteína;
Transportador de iões e electrões.
• Coenzimas (NAD o FAD e a CoA):
Derivados de nucleótidos e vitaminas
Ligam-se fracamente às enzimas e, uma única molécula pode associar-se a várias
enzimas diferentes, em momentos distintos (não específica).
Têm como funções:
Transportadores intermediários de pequenas moléculas/iões/e- de uma enzima
para outra (necessário que ocorra catálise).
As coenzimas Nad e Fad são ambas transportadores de electrões e de protões (átomos de
hidrogénio). O NADH (bom dador de electrões – fica reduzido) transfere dois átomos de
hidrogénio ao próximo transportador da cadeia (ao aceitador) ficando na forma de NAD+, por um
processo designado desidrogenação.
Oxidada Reduzida
Redução
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NAD+/NADH – reacções catabólicas (geração de energia)
NADP+/NADPH – reacções anabólicas (gasto de nergia)
Oxidação/Redução
Oxidação – liberta electrões
Redução – capta electrões
Reduzida/redutora – dador de electrões (fonte de energia)
Oxidada /oxidante – aceitador de electrões
Pares redox – O2/H2O (oxidada/reduzida)
reduzida oxidada
Red1 + Ox2 → Ox1 + Red2
oxidação
redução
reduzida oxidada
Glucose + O2 → CO2 + H2O
oxidação
redução
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Potencial redutor mais negativo
Substâncias reduzidas
Bom dador de electrões
Mau aceitador de electrões
Catabolismo
Consiste na transformação de substâncias até que a célula não seja capaz de retirar mais
electrões e, para isso, são necessários:
• Composto reduzido capaz de ceder electrões
• Composto interno ou externo que aceite os electrões.
Muitos organismos podem recorrer a diferentes vias metabólicas, sendo que a utilização
de uma, em particular, depende da constituição genética do organismo e das condições
ambientais. Visto isto, há a necessidade de geradores de energia. Estes podem ser:
• Reacções redox;
• Geração de equivalentes redutores - Coenzimas reduzidas como NADH;
• Geração de gradiente protónico;
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• Geração de ATP;
• Produção de polímeros insolúveis, por alguns microrganismos, que podem ser
posteriormente oxidados para produção de ATP (exemplo: amido e glicogénio).
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Os procariotas têm capacidade para utilizar uma grande variedade de substâncias como
fonte de energia e transformá-las
transformá em metabolitos de vias metabólicas centrais.
centrais
ATP – está continuamente a ser quebrada para ser utilizada nas reacções anabólicas e
depois é resintetizda às custas das reacções catabólicas.
Organotrofia
Fonte de energia
glucose
Processo anaeróbio e
divide-se
se em duas partes:
• Activação: formam-
3C fosfofrutocinase 3C
se duas moléculas de
gliceraldeído 3-P
3 e gastam-se
desidrogenase duas moléculas de ATP. Não
tem reacções redox.
• Oxidação: ocorrem
aldolase
reacções redox,
redox são
enolase
produzidas duas moléculas
de ATP e uma de piruvato
por cada molécula de
gliceraldeído 3P e dihidroxiacetona.
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Em alguns organismos o que entra numa célula é a glicose 6P e não a Glicose, porque
alguns sistemas de transporte fosforilam a Glicose.
Trata-se
se de uma fosforilação a nível de substrato.
Rendimento:
Gasta Forma
1 Glucose 2 Piruvato
2 ATP 4 ATP
2 NADH
Rendimento:
Gasta Forma
3 Glucose 2 Frutose 6P
3 ATP 1 Gliceraldeído 3P Glicólise
3 CO2
6 NADPH
Gasta Forma
1 Gliceraldeído 3P 1 Piruvato
2 ATP
1 NADH
Só se forma ATP se o Gliceraldeído 3P for usado na Glicólise.
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Quando o Gliceraldeído 3P re
re-entra na via:
Gasta Forma
1 Glucose 6 CO2
1 ATP 12 NADPH
Este NADPH que se forma pode ser usado para fins metabólicos, como potencial redutor.
Rendimento:
Gasta Forma (contando com a glicólise já)
1 Glucose 2 ATP
1 ATP 2 Piruvato
1 NADH
1 NADPH
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Fonte de energia
• Ácidos gordos
Triglicerídeos Fosfolípido
Após a acção da enzima lipase, que destrói a ligação éster entre o glicerol e os ácidos
gordos, os ácidos gordos ficam livres para a β oxidação lipídica, na qual se dá a remoção
de 2 carbonos de cada vez.
• Alcanos
Não têm função ácida, então vão buscar O2 à atmosfera – monooxigenase (introduz 1 grupo hidroxilo).
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• Alcoóis / Cetonas
• Proteínas
proteases
Proteína aminoácidos (Alanina, Triptofano)
Alanina → Piruvato
Triptofano → Catecol → Piruvato e acetil-CoA
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• Compostos aromáticos
Benzeno → Catecol → Piruvato e acetil-CoA
Ciclo de Krebs
Na fermentação o piruvato é reduzido e convertido em produtos de fermentação que são
mais tarde excretados, enquanto que na respiração o piruvato é oxidado a CO2. Esta oxidação dá-
se através do ciclo do ácido cítrico.
O piruvato é primeiro
descarboxilado, produzindo-se CO2,
NADH e acetil-CoA. Esta combina-
se depois com o oxaloacetato,
formando ácido cítrico. De seguida,
dão-se uma série de hidratações,
descarboxilações e oxidações e
mais duas moléculas de CO2 são
produzidas, mais 3 de NADH e mais
uma FADH. No fim, o oxaloacetato
é regenerado e volta ao início do
ciclo. Este ciclo mineraliza
completamente a matéria orgânica, tendo o CO2 como um dos produtos.
Rendimento:
Gasta Forma
1 Piruvato 1 GTP
1 FADH
4 NADH
3 CO2
Com as coenzimas reduzidas, é necessário regenerá-las:
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Ausência de aceitador final de
electrões externo; Fosforilação a
Aceitador final de electrões
nível de substrato.
externo; Cadeia de transporte de
electrões; Fosforilação oxidativa.
Fermentação
Em ambientes anóxicos, os compostos
orgânicos são catabolizados por fermentação.
Na fermentação, o ATP é sintetizado por
fosforilação a nível de substrato (conservação
de energia) e há produção e excreção de
produtos formados a partir do substrato
original (balanço redox). Há oxidação das
coenzimas.
Há compostos orgânicos que contêm uma
uma ligação fosfatídica rica em energia, ou uma molécula
de coenzima-A. A hidrólise destas ligações é altamente exergónica.
Composto Produtos de
orgânico fermentação
+
NAD
NADH
ADP ATP
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Fermentação de açúcares
• Homoláctica
• Heteroláctica
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• Alcoólica
• Ácido propiónico
Pode começar com
glucose ou com
lactato/ácido láctico. 2
metilmalonil-CoA pode
formar propionato ou
fechar um ciclo juntando-
se ao piruvato para formar
oxaloacetato e o CO2 é
regenerado. Usa as
enzimas do ciclo de Krebs.
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Fermentação ácidos mistos
Formam-se ácido acético, láctico e succínico e também CO2, etanol e H2. É usada a glicólise e
um microrganismo que usa esta fermentação é a E. coli.
Fermentação de aminoácidos
• Stickland reaction
Algumas espécies Clostridrium
Dador de obtêm a sua energia pela
Aceitador
electrões fermentação de aminoácidos.
de electrões
Algumas espécies fermentam
aminoácidos individuais, outras
fermentam apenas pares de
aminoácidos. Nesta situação, um
aminoácido funciona como dador de
electrões e é oxidado, enquanto que
o outro aminoácido é o aceitador de
electrões e é reduzido. Esta
fermentação de pares de
aminoácidos é a Stickland reaction.
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Respiração
Transporte de electrões
Os sistemas de transporte de electrões estão associados a membranas. Estes
sistemas têm duas funções:
• Transferem electrões do dador primário ao aceitador final;
• Conservam alguma energia libertada durante este processo e usam-na para
sintetizar ATP.
No transporte de electrões participam várias enzimas, tais como NADH
desidrogenase flavoproteína, proteínas de ferro sulfurosas, citocromos e quinonas
(não proteicas). Os transportadores estão arranjados na membrana do que tem menor
potencial de redução para o que tem maior.
NADH desidrogenase (potencial ligeiramente mais positivo que as NADH) são
proteínas ligadas ao interior da membrana. Têm um local activo que liga o NADH e
aceitam 2 H+ e 2 e- do NADH, enquanto este é convertido a NAD+. Estes 2 H+ e 2 e- são
então passados para a flavoproteína. A parte flavina da flavoproteína é reduzida
quando aceita os electrões e os protões e oxida quando os electrões e protões são
passados para o próximo transportador da cadeia. Esta aceita 2 H+ e 2 e- mas doa
apenas os electrões a proteínas Fe-S; os H+ são excretados. As
proteínas Fe-S (ex:ferrodoxina) aceitam e- e cedem electrões a
quinonas. As quinonas são apolares/hidrofóbicas e, como as
flavoproteínas aceita 2 H+ e 2 e- mas doa apenas os electrões a
citocromos, enquanto que os H+ vão para o citoplasma ou são
Dador de
excretados. Os citocromos são proteínas que contêm grupos electrões
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Estes protões provêm de duas fontes: NADH e dissociação da água no citoplasma. Devido à
libertação de H+ para o ambiente, há uma acumulação de OH- no interior da membrana. Nem o H+,
nem o OH- podem difundir-se através da membrana pois estão carregados, assim o equilíbrio não
pode ser restaurado espontaneamente.
O resultado do transporte de electrões é a geração de um gradiente de pH e um potencial
electroquímico através da membrana. A superfície interna da membrana torna-se electricamente
negativa e alcalina e o exterior torna-se electricamente positivo e ácido. Isto torna a membrana
“energizada” – gradiente electroquímico transmembranar. Esta energia pode, então, ser
dissipada formando ATP, ou contribuindo para o transporte membranar ou ainda para a rotação
flagelar.
O complexo que converte o gradiente
electroquímico transmembranar em ATP é a
F0F1 ATP sintetase/ ATPase. Esta catalisa a
reacção reversível entre ADP e Pi. Assim, a
síntese de ATP ocorre a nível da membrana H+ H+
A formação de ATP nunca é certa porque as células não têm todas o mesmo potencial de
redução, variam de célula para célula e de organismo para organismo (3H+ → 1 ATP). Também se
pode gastar ATP para repor os H+ do outro lado da célula, por causa do gradiente.
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• Aeróbia
Nesta, o aceitador final externo dos electrões é o O2 (o par O2/H2O é o par mais electropositivo).
Dador de electrões:
NADH CH4 (metanotróficos)
• Anaeróbia
Nesta, o aceitador final externo dos electrões é um composto orgânico ou inorgânico.
inorgânico Como
não é o oxigénio, a energia libertada é menor. Como dador de electrões tem-se
se por exemplo:
Nitrato (Pseudomonas
eudomonas stutzeri)
stutzeri) Sulfato (bactérias sulfato redutoras)
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Há organismos facultativos, em relação aos aceitadores de electrões, mas se existir no meio
O2 é este que é usado por ter um poder redutor mais positivo (obtém mais energia).
Escherichia coli
Fermentação
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