Professional Documents
Culture Documents
Fernão Lopes
1380? - 1460?
Os dados biográficos relativos a Fernão Lopes são escassos. Presume-se que tenha nascido em
Lisboa, entre 1380 e 1390, no seio de uma família da pequena burguesia urbana, provavelmente mesteirais.
A data da sua morte é igualmente incerta, calculando-se que tenha ocorrido por volta de 1460.
Nada se sabe, com certeza, da sua formação escolar. Poderá ter feito os seus estudos numa das escolas que a
Igreja mantinha para formação do clero; ou talvez tenha mesmo frequentado os Estudos Gerais
(universidade), o que seria mais condizente com a importância dos cargos que desempenhou.
Um documento de 1418 revela que era "guardador das escrituras do Tombo", isto é, responsável
pelos documentos oficiais da coroa portuguesa, e "escrivão dos livros" (secretário) de D. João I, tendo
exercido as mesmas funções junto de D. Duarte.
A partir de 1422 exerceu também as funções de "escrivão da puridade" do infante D. Fernando. Foi
ele que lavrou o testamento desse infante, em 1437, altura em que era já "tabelião-geral do reino". Na
sequência do fracasso da expedição a Tânger, o infante D. Fernando foi aprisionado pelos mouros,
juntamente com muitos outros portugueses, entre eles um filho de Fernão Lopes, mestre Martinho, médico
do infante.
Foi em 1434 que o rei D. Duarte lhe confiou a tarefa de pôr em crónica os feitos dos antigos reis de
Portugal, para o que lhe atribuiu uma tença anual. Assim, foi ele o primeiro cronista-mor do reino. No
entanto, é possível que este documento constitua apenas uma confirmação de instruções anteriores, e que a
redacção dessas crónicas tenha começado por volta de 1422. O certo é que, ao longo de vários anos, Fernão
Lopes se incumbiu dessa tarefa, tendo redigido as crónicas dos três últimos reis, D. Pedro, D. Fernando e
D. João I.
Presume-se que terá igualmente redigido as crónicas dos primeiros reis de Portugal, mas, se assim
foi, esses textos desapareceram completamente.
Em 1454 foi dispensado das suas funções de "guardador das escrituras do Tombo", devido à idade
avançada, sendo substituído por Gomes Eanes de Azurara. A partir de 1459 deixa de haver referências
escritas a Fernão Lopes.
O facto de exercer cumulativamente as funções de "guardador das escrituras" facilitou a sua
actividade de cronista, beneficiando do acesso exclusivo a informações oficiais.
O mérito de Fernão Lopes é inegável em dois níveis. Do ponto de vista literário, deve ser considerado o
primeiro grande prosador da língua portuguesa. Nas suas mãos a língua começa a ser capaz de "dizer" as
coisas de forma expressiva, a ganhar maleabilidade e vivacidade. Como "historiador", afasta-se da tradição
cronística anterior. A crónica deixa de ser um mero relato elogioso dos feitos dos poderosos, para se
transformar numa narração de acontecimentos, tanto quanto possível verdadeira. Pela primeira vez em
Portugal há a preocupação de fundamentar o relato em documentos ou, em alternativa, de considerar as
várias versões explicativas. Por outro lado, não se limita a seguir os passos das suas personagens; procura,
sim, dar uma visão abrangente dos acontecimentos, tendo em conta os aspectos políticos, económicos e
sociais.
2
A obra cronística da Fernão Lopes
1. Introdução
1.1. Contexto histórico
1) Nacionalismo político: depois da crise de 1383 – 1385, que termina com a Batalha de
Aljubarrota (1385) e a independência de Portugal há um sentimento de optimismo e
esperança. Esta independência foi conseguida pelo povo com a ajuda do Mestre de Avis, já
que a nobreza apoiou a aliança com Castela, pretendida pela rainha regente, Leonor Teles. No
relato, destes feitos nas crónicas de Fernão Lopes o povo, aí denominado arraia miúda,
torna-se o protagonista.
2) Nacionalismo linguístico:
já D. Dinis tinha promulgado leis para promover o uso do português na
prosa, face ao latim, mas são os membros da geração de Avis os que criam uma literatura
portuguesa em prosa, abrindo um caminho que continuaria Fernão Lopes.
1.2. Vida
Da vida de Fernão Lopes temos muito poucos dados:
1) Teria nascido entre 1380 e 1390.
2) Teria pertencido ao povo e aprenderia a ler e escrever em português e outras línguas para
desempenhar o ofício de tabelião, quer dizer, de redactor de documentos oficiais.
3) Desempenhou os cargos de:
a) Guarda-mor ou arquiveiro da Torre do Tombo.
b) Cronista-mor do reino de Portugal, cargo criado por D. Duarte. O seu sucessor seria
Gomes Eanes de Zurara.
2. Obras conservadas
Fernão Lopes, ao ser arquiveiro da Torre do Tombo, tem acesso a muitos documentos, o
que lhe facilita a redacção das suas crónicas. Só conservamos dele três crónicas:
1) Crónica do rei D. Pedro, onde pela primeira vez aparece em prosa a história de Inês de
Castro.
3) Crónica do rei D. João, a mais volumosa de todas. Está dividida em duas partes:
3
A obra cronística da Fernão Lopes
1
Está aí.
2
Embora.
3
Engadindo.
4
A obra cronística da Fernão Lopes
isso meesmo púbricas escrituras de muitos cartários e outros logares, nas quaes,
depois de longas vegilias e grandes trabalhos mais certidom aver não podemos da
conteúda em esta obra. E seendo achado em alguüs livros o contrairo do que ela
fala, cuidae que nom sabedormente mas errando muito, disserom taes cousas.
Se outros per ventuira em esta cronica buscam fremosura e novidade de
palavras, e nom a certidom das estorias, desprazer-lhe-à de nosso razoado, muito
ligeiro a eles d'ouvir e nom sem gram trabalho a nós de ordenar. Mas nós, nom Pretensão de fazer
curando de seu juizo, leixados os compostos e afeitados razoamentos, que muito uma prosa simples,
de subordinar a
deleitom aqueles que ouvem, ante poemos a simprez verdade que a afremosentada formosura formal à
falsidade. Nem entendaes que certificamos cousa, salvo de muitos aprovada e per verdade.
escrituras vestidas de fé; doutra guisa, ante nos calariamos que escrever cousas
falsas.
- Diferenciação
Que logar nos ficaria pera a fremosura e afeitamento das palavras, pois todo nosso entre as duas
cuidado em isto despes4 nom basta pera ordenar a nua verdade? Porém, apegando- partes da
nos a ela firme, os claros feitos, dignos de grande renembrança, do mui famoso crónica.
- Referência à
Rei Dom Joan, seendo Meestre, de que guisa matou o conde Joam Fernández, e morte do
como o poboo de Lisboa o tomou primeiro por seu regedor e defensor, e depois Conde
outros alguüs do reino, e d'i em deante como reinou e em que tempo, breve e Andeeiro5
(Joam
sãamente contados, poemos em praça na seguinte ordem. Fernández).
FICHA DE TRABALHO
4. Para que não lhe aconteça o mesmo, que processo de trabalho se propõe utilizar?
-
4
Usado.
5
Num dos capítulos conta-se como se produz este facto: o Mestre de Avis é convidado a um convite no
Paço, com Leornor Teles e o Conde Andeeiro. A estratégia para matar o conde consistiu en criar confussão
dizendo que íam matar o Mestre de Avis, pelo que o povo vai socorrer o Mestre e, nessa confussão, alguém
mata o Conde Andeiro. Assim, a morte do Conde Andeeiro da mão do Mestre de Avis ou de algum dos seus
é vista como uma fazanha em defessa própria.
5
A obra cronística da Fernão Lopes
3.
3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS SUAS CRÓNICAS
1) Perda da objectividade pelo afecto à terra e o sentimento de dívida perante a pessoa que
encarrega as crónicas, o que faz que se exagere o positivo e reduza o negativo. Diz Fernão
Lopes que isto é que lhe passa a López de Ayala na sua Crónica del rei D. Juan I, na que
considera que privilegia os feitos de D. Juan I de Castilha por cima dos de D. João I de
Portugal. Ele diz que quer evitar isto, mas não sempre o consegue já que é evidente o
favoritismo pela Casa de Avis, como podemos comprovar nalguns trechos:
a) Quando faz o cômputo das vítimas de Aljubarrota diz que alguns castelhanos foram
encontrados mortos e não tinham qualquer ferimento porque morreram de medo perante
os portugueses.
c) No retrato duma batalha menor diz que os portugueses lutavam contra os castelhanos
numa proporção de um português por cada seis castelhanos. Entre os castelhanos houve
centenares de mortos, mais de dez prisioneiros e um ferido, mentes que do lado dos
portugueses só houve um morto e um ferido.
verdade certeza
mentira erro
3) Em relação com o anterior, Fernão Lopes consulta multidão e variedade de fontes, já que faz
apuradas investigações. Faz referência a que muitas das fontes estão em pergaminhos muito
antigos e é possível que não as interprete correctamente. Assim, quando há dúvida em
quanto às fontes expõe-lhe ao leitor as diversas versões das diferentes fontes para que ele
escolha.
a) Tipos de fontes:
1. Narrativas: crónicas doutros autores, em especial de López de Ayala, ou anónimas,
às que tem aceso por ser o guarda-mor da Torre do Tombo. Assim, cita até cinco
narrativas anónimas que consulta sobre o tema de Aljubarrota e são frequentes
expressões como alguns dizem ou outros historiadores dizem que.
2. Documentais: actas de conselhos ou das Cortes, bulas eclesiásticas, correspondência
epistolar ou epitáfios que ele denomina bitafes antigos.
b) Análise crítica das fontes:
1. Confronta a documentação contraditória e decide-se pela mais razoável.
2. Em caso de dúvida:
6
A obra cronística da Fernão Lopes
■ Expõe as diferentes versões para que o leitor escolha qual quiser. Um exemplo
disto encontramo-lo na narração do matrimónio póstumo de Inês de Castro e D.
Pedro I na Crónica do rei D. Pedro.
■ Prefere os documentos oficiais à opinião de narrativas literárias.
4) No prólogo expõe a sua pretensão de usar uma prosa simples, sem ornamentação que possa
levar a ambiguidade ou falsas interpretações. Porém, na prática não sempre faz isto já que há
ocasiões nas que usa metáforas, comparações, muita adjectivação ornamental. É frequente
também uma prosa emotiva (exclamações, implicação emocional), por isso se diz dele que
chora com os que choram e ri com os que rim.
5) Pormenorização na que em muitas ocasiões se descobrem dados fictícios:
Alvoroço popular
Primeira parte da Crónica do rei D. João
Protagonismo do povo (arraia miúda e ventres ao
sol), mas é criticado pela sua violência injusta
com uma abadessa por ser parente de Leonor
Teles.
- Vamos matar a aleivosa da abadesa, que é
parenta da Rainha, e sua criada!
Subjectividade dos diálogos - Eis os bêbados! Andam com a sua bebedice...
Deixai-os vós que ainda se êles mal hão-de
achar, por estas cousas que andam fazendo!
Linguagem simples
[...] de um mosteiro não longe dêsse lugar, dentro
Descrições pormenorizadas na cidade, em umas suas casas, que são no muro
quebrado [...]
Variedade de fontes: parece expor várias, para - segundo alguns recontam
decidir-se pela mais razoável - outros dizem doutra maneira
7) Comunicação directa com o leitor, pretendendo relatar as cenas num tom coloquial
e de forma visual. Assim, destaca a expressão e ora guardai como se fôsses
presente, ou outras como vejamos ou escutemos.
***
7
A obra cronística da Fernão Lopes
O Pajem do Mestre que estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila consoante já fora
combinado, começou de ir rijamente a galope encima do cavalo em que estava, dizendo em altas
vozes, bradando pela rua: Matam o Mestre! Matam o Mestre nos Paços da Rainha! Acorrei ao
Mestre que o Matam! E assim chegou a casa de Álvoro Pais, que era dali grande espaço.
As gentes que isto ouviam saíam à rua a ver que coisa era, e, começando a falar uns com os
outros, alvoroçavam-se nas vontades e começavam a tomar armas cada um como melhor e mais
asinha podia. Álvoro Pais, que estava prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo a
usança daquele tempo, cavalgou logo à pressa encima de um cavalo, quando havia anos que não
cavalgava, e todos os seus aliados iam com ele, que, bradando a quaisquer que achava, dizia:
Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre, que filho é delRei dom Pedro. E assim
bradavam ele e o Pajem indo pelas ruas.
Soaram as vozes do arruído pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o Mestre, e assim
como viúva que rei não tinha, e como se este outro lhe ficara em lugar de marido, se moveram
todos com mão armada, correndo à pressa para onde diziam que isto se fazia, para lhe darem vida
e escusar a morte. Álvoro Pais não se detinha ao ir para lá, bradando a todos: acorramos ao
Mestre, amigos, acorramos ao Mestre que matam sem porquê.
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha coisa de ver. Não cabiam pelas
ruas principais e atravessavam lugares escusos, desejando cada um de ser o primeiro, e
perguntando uns aos outros quem matava o Mestre, não minguava quem respondesse que o
matava o Conde João Fernandes, por mandado da Rainha.
E, por vontade de Deus, todos feitos de um só coração com talante de o vingar, quando foram às
portas do Paço, que eram já cerradas antes que eles chegassem, com espantosas palavras
começaram de dizer: Onde matam o Mestre? Que é do Mestre? Quem cerrou estas portas? Ali
eram ouvidos brados de desvairadas maneiras. Tais aí havia que certificavam que o Mestre era
morto, pois as portas estavam cerradas, dizendo que as britassem para entrar adentro, e que veriam
que era do Mestre ou que coisa era aquela.
Alguns deles bradavam por lenha e que viesse lume para porem fogo aos Paços e queimar o
traidor e a aleivosa. Outros se afincavam pedindo escadas para subir acima e verem que era do
Mestre, e em tudo isto era o arruído tamanho que se não entendiam uns com os outros nem
determinavam coisa nenhuma. E não somente era isto à porta dos Paços mas ainda ao redor deles,
por onde homens e mulheres pudessem estar. Uns vinham com feixes de lenha, outros traziam
carqueja para acender o fogo, e cuidavam queimar assim o muro dos Paços, dizendo muitos
doestos contra a Rainha.
De cima não minguava quem bradasse que o Mestre era vivo e o Conde João Fernandes morto,
mas isto não queria nenhum crer, dizendo: Pois se vivo é mostrai-no-lo e vê-lo-emos. Então os do
Mestre, vendo tamanho alvoroço como este, que cada vez se acendia mais, disseram que fizesse
sua mercê de se mostrar àquelas gentes, doutra guisa estas poderiam quebrar as portas ou pôr-lhes
o fogo, e entrando assim por ali dentro à força não as poderiam tolher de fazer o que quisessem.
8
A obra cronística da Fernão Lopes
Então se mostrou o Mestre a uma grande janela que dava para a rua onde estava Álvoro Pais e a
mais força da gente, e disse: Amigos apacificai-vos, que eu vivo e são sou a Deus graças. E tanta
era a turvação deles, e tinham já assim em crença que o Mestre era morto, que tais aí havia que
teimavam que não era aquele, porém, conhecendo-o todos claramente, houveram grande prazer
quando o viram, e diziam uns para os outros: Oh que mal que fez! Pois que matou o traidor do
Conde e que não matou logo a aleivosa com ele. Crede em Deus que ainda lhe há-de vir algum
mal por ela. Olhai e vede que maldade tão grande, mandaram-no chamar donde já ia em seu
caminho para o matarem aqui por traição, Oh aleivosa! Já nos matou um senhor e agora queria
matar-nos outro! Deixai-la, que ainda há-de acabar mal por estas coisas que faz.
E sem dúvida que se eles entravam dentro não se livraria a Rainha de morte, e já fora maravilha
quantos eram da sua parte e do Conde poderem escapar. O Mestre estava à janela e todos olhavam
para ele, dizendo: Oh Senhor! Como vos quiseram matar à traição, bento seja Deus que vos
guardou desse traidor. Vinde-vos, dai ao demo esses Paços, não sejais lá mais. E em dizendo isto
muitos choravam pelo prazer de o ver vivo. Vendo ele então que nenhuma dúvida tinha quanto à
sua segurança, desceu abaixo e cavalgou com os seus, acompanhado de todos os outros, tantos que
era maravilha de ver. Os quais, mui ledos em volta dele, bradavam dizendo: Que nos mandais
fazer, Senhor? Que quereis que façamos? E ele lhes respondia, mal podendo ser ouvido, que lho
agradecia muito, mas que por então não havia deles mais mister. E assim se encaminhou para os
Paços do Almirante, onde pousava o Conde dom João Afonso, irmão da Rainha, com que havia de
comer. As donas da cidade, na rua por onde ele ia, saíam todas às janelas com prazer, dizendo a
altas vozes: Mantenha-vos Deus, Senhor. Bento seja Deus que vos guardou de tamanha traição
que vos tinham preparada. Pois que ninguém por então podia outra coisa pensar.
E andando assim até à entrada do Rossio, o Conde veio-lhe ao encontro com todos os seus e
outros bons da cidade que o aguardavam, assim como AfonsEanes Nogueira, e Martim Afonso
Valente, e Estêvão Vasques Filipe, e Álvoro do Rego e outros fidalgos, e quando viu o Mestre vir
daquela guisa, foi-o abraçar com prazer e disse: Mantenha-vos Deus, Senhor. Sei que nos tirastes
de grande cuidado, mas vós merecíeis esta honra melhor do que nós. Andai, vamos logo comer. E
assim foram para os paços onde pousava o Conde.
E estando eles para se assentar à mesa, vieram dizer ao Mestre como os da cidade queriam matar o
Bispo, e que faria bem de lhe ir acorrer, e o Mestre quisera lá ir. Disse então o Conde: Não cureis
disso de o matarem, Senhor, quer o matem quer não, pois, posto que ele morra, não faltará outro
bispo português que vos sirva melhor do que ele. Ao dito do Conde cessou o Mestre de sua boa
vontade, e o Bispo foi morto desta guisa que se segue.
Foi mulher muito inteira e de coração cavaleiroso, buscador de maravilhosas artes para firmeza
de seu estado. Desde que ela reinou aprenderam as mulheres a ter novos jeitos com os seus
maridos e a dar mostranças duma coisa pela outra mais perfeitamente do que se acha nos tempos
anciãos, e como nenhuma outra Rainha de Portugal o fez.