O documento resume um trecho do livro "O mal-estar da pós-modernidade" de Zygmunt Bauman. No trecho, o autor analisa os conceitos de pureza, ordem e limpeza na modernidade e pós-modernidade. Ele explica que a pureza na modernidade está ligada à busca pela ordem e eliminação do estranho. Já na pós-modernidade, a pureza está relacionada ao mercado de consumo e a limpeza se dá de forma mais econômica, como por meio da exclusão dos chamados "consumidores fal
O documento resume um trecho do livro "O mal-estar da pós-modernidade" de Zygmunt Bauman. No trecho, o autor analisa os conceitos de pureza, ordem e limpeza na modernidade e pós-modernidade. Ele explica que a pureza na modernidade está ligada à busca pela ordem e eliminação do estranho. Já na pós-modernidade, a pureza está relacionada ao mercado de consumo e a limpeza se dá de forma mais econômica, como por meio da exclusão dos chamados "consumidores fal
O documento resume um trecho do livro "O mal-estar da pós-modernidade" de Zygmunt Bauman. No trecho, o autor analisa os conceitos de pureza, ordem e limpeza na modernidade e pós-modernidade. Ele explica que a pureza na modernidade está ligada à busca pela ordem e eliminação do estranho. Já na pós-modernidade, a pureza está relacionada ao mercado de consumo e a limpeza se dá de forma mais econômica, como por meio da exclusão dos chamados "consumidores fal
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da ps-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. P.07-37
Introduo J em sua introduo, Bauman pega o conceito de modernidade e civilizao de Freud em seu livro conhecido e consagrado em portugus pelo ttulo O mal-estar na civilizao. E nele, a civilizao moderna, expresso considerada um pleonasmo por Bauman, sustentada por trs pilares: beleza, limpeza e ordem: Assim como cultura ou civilizao, modernidade mais ou menos beleza (essa coisa intil que esperamos ser valorizada pela civilizao), limpeza (a sujeira de qualquer espcie parece-nos incompatvel com a civilizao) e ordem (Ordem uma espcie de compulso repetio que, quando algum regulamento foi definitivamente estabelecido, decide quando, onde e como uma coisa deve ser feita, de modo que toda a circunstancia semelhante no haja hesitao ou indeciso). (p. 07)
Todas essas regras a serem seguidas, na modernidade, tem o proposito de fazer com que a civilizao renuncie seus instintos, aprendendo assim a respeitar e sempre manter a beleza, a limpeza e a ordem em prol, principalmente da segurana e contra a liberdade individual. Mas essas no so caractersticas inatas do homem, portanto, o processo de civilizao custa caro aos seres humanos e acontece de forma dolorosa. Da surge os mal-estares, devido ao que Freud nomeia de compulso, regulao, supresso, renncia forada, que fazem com que a modernidade fique marcada por seu excesso de ordem e a escassez de liberdade. Passados sessenta e cinco anos de o mal-estar da civilizao, o que se v o culto pela a liberdade individual. Os antigos ideais de beleza, pureza e ordem no foram abandonados, porm o foco no mais a liberdade, e sim a felicidade, continuando com a mxima no h nenhum ganho sem perda .
I O sonho da pureza Para entender o que se busca com a pureza na civilizao preciso antes entender o que poluio na modernidade que, segundo Bauman, diz respeito s pessoas que no se ajustam ou que no esto de acordo com o que considervel aceitvel, que por isso, est intimamente ligada busca e idealizao da ordem: A pureza uma viso das coisas colocadas em lugares diferentes dos que elas ocupariam, se no fossem levadas a se mudar paia outro, impulsionadas, arrastadas ou incitadas; e uma viso da ordem isto , de uma situao em que cada coisa se acha em seu justo lugar e em nenhum outro. No h nenhum meio de pensar sobre a pureza sem ter uma imagem da ordem, sem atribuir s coisas seus lugares justos e convenientes. (p.15)
J ordem conceituada pelo autor como algo que regula e torna nossos atos estveis, organizando o mundo para que funcione de acordo com hierarquias pr definidas, e no ao acaso, visando sempre uma boa organizao do mundo. Sendo assim, o estranho, ou seja, aquele que faz ruir os esforos de manter a coerncia e organizao de determinado grupo pelo simples fato de no pensar da mesma forma. E a limpeza e combate aos estranhos foi feita em toda a parte e em todos os tempos, a fim de manter o mundo habitvel e organizado. E isso aconteceu principalmente quando ordem tradicional deu lugar era moderna, fazendo com que fosse necessrio um novo comeo, mas acontece que na rotina diria de se eliminar sujeiras, pode passar a valer uma nova ordem, que por sua vez, pode considerar como sujeira algo que no o era antes, pois, na reflexo do autor, a modernidade funciona com a colocao das coisas em ordem, tornando comum o advento constante de novas anormalidades, isto , criando sempre novos estranhos. Todas essa dinmica faz com que todos desejem o mundo perfeito (p.21) As utopias modernas diferiam em muitas de suas pormenorizadas prescries, mas todas eles concordavam em que o mundo perfeito seria um que permanecesse para sempre idntico a si mesmo... (p.21)
Para ilustrar essa ideia de pureza, e mais ainda, anseio pelo igual, Bauman cita o nazismo, que buscava a pureza racial e o comunismo, que buscava a pureza de classe. Com isso ele quer dizer que no importa qual, mas cada esquema de pureza gera sua prpria sujeira (p.23), inclusive a tolerante ps-modernidade, como todo o seu amor ao diferente ainda se preocupa com a sujeira, porm para ela a pureza est relacionada ao mercado consumidor, que tema inteno de manter o apetite dos consumidores para sensaes cada vez mais intensas e sempre novas experincias. (p.23). Portanto, a sujeira ps-moderna o que Bauman chama de consumidor falho A limpeza na ps modernidade se d valorizando aquilo que custar, em vrios aspectos, menos aos que desejam tal pureza: Se a remoo do refugo se mostra menos dispendiosa do que a reciclagem do refugo, deve ser-lhe dada prioridade. Se mais barato excluir e encarcerar os consumidores falhos para evitar-lhes o mal, isso prefervel ao restabelecimento de seu status de (...) E mesmos os meios de excluso e encarceramento precisam ser racionalizados, de preferencia submetidos severa disciplina da competio de mercado: que vena a oferta mais barata...
Para Bauman, a sociedade ps moderna nada mais faz, de acordo com o que escreveu Nils Christie, do que incriminar seus problemas socialmente produzidos (p.25)
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