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escola secundária gil eanes . literatura portuguesa II . professora antónia mancha .

ano lectivo 2008/2009

1995)
(1907-
professora antónia mancha .

Biografia
literatura portuguesa II .
ano lectivo 2008/2009

A origem do pseudónimo

A dimensão poética torguiana: perfil literário e estilístico


O Telurismo;
A problemática religiosa;
O desespero humanista;
.

O drama da criação poética.


escola secundária gil eanes

Esquema – Síntese
professora antónia mancha .

Filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros, gente humilde do


campo do concelho de Sabrosa (Alto Douro).

Em 1917, aos dez anos, vai para uma casa apalaçada do Porto, habitada por
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parentes da família. Fardado de branco servia de porteiro, moço de recados,


regava o jardim, limpava o pó e polia os metais da escadaria nobre e atendia
campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão.

Em 1918 vai para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da
sua vida, tendo aí ganho familiaridade com os textos sagrados. No fim das férias
comunicou ao pai que não seria padre.
.

Emigrou para o Brasil em 1919, com doze anos, para trabalhar na fazenda de um
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tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os


estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, na
convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-
lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço - o que levou ao seu
regresso a Portugal.
professora antónia mancha .

Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de


Coimbra e publica o seu primeiro livro de poesia, Ansiedade. Em
1929, com 22 anos, deu início à colaboração na revista “Presença”,
folha de arte e crítica, com o poema “Altitudes”. A revista, fundada
em 1927 pelo grupo literário de José Régio, Gaspar Simões e
Branquinho da Fonseca, era bandeira literária do grupo modernista.
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Em 1930 rompe definitivamente com a revista “Presença”, por


"razões de discordância estética e razões de liberdade humana".

Ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua


profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos
seus livros. Em 1933 concluiu a formatura em Medicina, com apoio
financeiro do tio do Brasil. Exerceu, no início, nas agrestes terras
.

transmontanas, de onde era originário e que são pano de fundo da


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maior parte da sua obra.

Casa com Andrée Crabbé em 1940, estudante de nacionalidade


belga - aluna de Estudos Portugueses, ministrados por Vitorino
Nemésio em Bruxelas - que viera a Portugal para Infrequentar
Wikipédia, adaptado
um
curso de férias na Universidade de Coimbra. A sua filha, Clara
Rocha, nasce a 3 de Outubro de 1955.
professora antónia mancha .

Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia


Rocha autodefine-se pelo
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pseudónimo que criou, "Miguel" e


"Torga".
Miguel, em homenagem a dois
grandes vultos da cultura ibérica:
Miguel de Cervantes e Miguel de
Unamuno.
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Já Torga é uma planta brava da


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montanha, que deita raízes fortes sob


a aridez da rocha, de flor branca,
arroxeada ou cor de vinho.

A sua campa rasa em São Martinho


de Anta tem uma torga plantada a
seu lado.
Contudo, é possível percepcionar-se outra preocupação, como, por exemplo, o drama da criação
poética.
professora antónia mancha .

Torga é considerado a voz de Trás-os-Montes, a voz de um povo


rude e melancólico, mas de carácter firme e nobre, mostra-se
preocupado com a autenticidade criadora, projectando na sua
escrita as suas preocupações com o ser humano, a sua
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necessidade de transcendência. É visível, na sua obra, um


sofrimento magoado, que se transforma em desassossego, e que
tanto permite a esperança como conduz ao desespero.
A poesia de Torga apresenta três grandes linhas
orientadoras:

•um sentimento telúrico;


.
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•uma problemática religiosa;

•um desespero humanista.


Contudo, é possível percepcionar-se outra preocupação, como, por
exemplo, o drama da criação poética.
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Em Diário II afirma:
O telurismo de Torga exprime-se no seu apego à terra, na sua
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fidelidade ao povo, na sua consciência de ser português.


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“... devo à paisagem as poucas alegrias que


tive no mundo. Os homens só me deram
tristezas (...) a terra, com os seus vestidos e
as suas pregas, essa foi sempre generosa.
(...) Vivo a natureza integrado nela, de tal
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modo que chego a sentir-me, em certas


ocasiões, pedra, orvalho, flor e nevoeiro.
Nenhum outro espectáculo me dá
semelhante plenitude e cria no meu espírito
um sentido tão acabado do perfeito e do
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E o seu apego à terra fá-lo invocar o mito de Anteu e


declarar, em Diário XI, que :
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“De todos os mitos de que tenho notícia, é


o de Anteu que mais admiro e mais vezes
ponho à prova, sem me esquecer,
evidentemente, de deduzir o tamanho do
gigante à escala humana, e o corpo divino
.
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da Terra Olímpica ao chão natural de Trás-


os-Montes. (...) Sempre que, prestes a
sucumbir ao morbo do desalento, toco uma
destas fragas, todas as energias perdidas
começam de novo a correr-me nas veias. É
professora antónia mancha .

A revolta da inocência humana contra a


transcendência
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A ausência de um Deus mais humano e imanente é o que realmente


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perturba o poeta. Por isso, prefere questionar a verdade de Deus para


afirmar o Homem e a necessidade de este procurar a verdade na Terra.

Por sentir constantemente as provações da vida, própria e alheia, é que


Torga entra em conflito interior, causando-lhe o desespero religioso que o
leva a um constante monólogo com Deus, palavra que assume como
obsessão. Sente que precisa de Deus, mas as suas conclusões
.

racionalistas tornam-no inatingível.


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Esperança e desesperança surgem como expressão de um conflito íntimo,


bem patente no poema “Desfecho”, onde o poeta tenta negar a
divindade, mas sente a sua existência.
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Um dos aspectos mais significativos da temática torguiana é o desespero


humanista, que o poeta apresenta, algumas vezes, sob a forma de
protesto, de revolta e de inconformismo.
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Na sua condição de artista, Torga vive inquieto com a vida humana, a


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existência, o destino, o sentido da morte, a condição terrena.


Verdadeiramente humanista, problematiza a criação, as limitações do
homem, que o existencialismo desenvolverá.
É nesta perspectiva que surge o aproveitamento do mito de Orfeu.
Torga compara a descida de Orfeu aos Infernos, para ir buscar Eurídice,
com a descida que o próprio faz ao mais fundo de si, ao inferno do seu
ser, onde enfrentou o medo, a vergonha e o assombro.
.

Em Orfeu Rebelde, por exemplo, a rebeldia do poeta é diferente da de


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Orfeu, pois não se trata da perda da amada, mas da revolta em fúria,


“como um possesso”, contra a morte e a passagem inexorável do tempo.
Torga recusa a poesia lamecha dos românticos e recorre a uma expressão
violenta, agressiva, para vencer aquilo que o instinto adivinha e o sujeito
recusa. Não lhe interessa se o canto é de “terror ou de beleza”; ele
assume-se, como os clássicos, como alguém que se defende e procura
encontrar a eternidade na realização poética.
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“De quantos ofícios há no mundo, o mais


belo e o mais trágico é o de criar arte. É
ele o único onde um dia não pode ser igual
ao que passou. O artista tem a
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condenação e o dom de nunca poder


automatizar a mão, o gosto, os olhos, a
enxada. Quando deixa de descobrir, de
sofrer a dúvida, de caminhar na incerteza
.

Relembre-se o mito de Sísifo, rei de Corinto, temido pelas suas crueldades;


eeste,
nodepois
desespero – está perdido”
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de morrer, foi condenado , Diário


a rolar uma pedra I. cimo de um
até ao
monte. Quando deste ponto a pedra se aproximava, voltava a cair e Sísifo
era obrigado a recomeçar.

Em literatura, esta figura mítica é utilizada para caracterizar um trabalho


extenuante, que exige esforços sempre continuados, um trabalho sem fim
que tão bem serve o dramatismo da criação poética que Torga incute em
muitos dos seus textos.
professora antónia mancha .

Sentimento Desespero
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Telúrico humanista
Mito de Mito de
Anteu Orfeu
.
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Drama da Problemátic
Criação a Religiosa
Poética
Mito de Sísifo

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