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História da arte
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Março/2005
História da Arte
Introdução
O pintor suíço Paul Klee disse uma vez que "a arte não imita o visível: cria o visível". Sua
frase sintetiza uma das principais discussões da história da arte, aquela que opõe de um lado os
adeptos da imitação e de outro os da invenção. Mais sistemático, o pintor russo Vassili Kandinski
definiu três elementos constitutivos de toda obra de arte: o elemento da personalidade, próprio
do artista; o elemento do estilo, próprio da época e do ambiente cultural; e o elemento do puro e
eternamente artístico, próprio da arte, fora de toda limitação espacial ou temporal.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Conceito
De um ponto de vista genérico e com base em qualquer dos teóricos modernos, a arte é
pois todo trabalho criativo, ou seu produto, que se faça consciente ou inconscientemente com
intenção estética, isto é, com o fim de alcançar resultados belos. Se bem que o ideal de beleza
seja de caráter subjetivo e varie com os tempos e costumes, todo artista (seja ele pintor, escultor,
arquiteto, ou músico, escritor, dramaturgo, cineasta) certamente investe mais na possível beleza
de sua obra do que na verdade, na elevação ou utilidade que possa ter. Nas artes visuais,
contemporaneamente chamadas artes plásticas, esse traço geral esteve sempre presente, assim
como os outros que eventualmente se lhe acrescentam, isto é, a originalidade, o aspecto crítico e
muitas outras características.
Classificação da Arte
- Artes espaciais. Incluir-se-iam entre as artes espaciais todas as artes plásticas. Seria
proveitoso, neste ponto, distinguir as bidimensionais, como o desenho e a pintura, e as
tridimensionais, como a escultura e a arquitetura. Características definidoras dessas artes seriam
sua situação espacial, sua atemporalidade (não implicam um desenvolvimento no tempo) , e o
fato de que o sentido mais importante para sua apreciação estética é a visão, motivo por que
também foram chamadas "artes visuais".
- Artes temporais. Seriam temporais todas as artes que implicam um processo no tempo.
Costumam distinguir-se as artes sonoras, como a música instrumental (que, além disso, é
intermitente, isto é, só existe como tal quando é executada) e as artes verbais, que
compreenderiam gêneros literários como a poesia e o romance.
- Artes mistas. Consideram-se na área das artes mistas as disciplinas artísticas em que
intervêm, combinados, elementos pertencentes aos dois grupos anteriores. O teatro, por exemplo,
ainda que seja um gênero literário, inclui a representação espacial; a dança é ao mesmo tempo
espacial e temporal; e a ópera compreende, além disso, componentes literários, assim como o
cinema.
Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte que pode ser
...feita para decorar o mundo... para espelhar o nosso mundo (naturalista)... para ajudar no dia-
a-dia (utilitária)...para explicar e descrever a história...para ser usada na cura doenças... para
ajuda a explorar o mundo.
Como entendemos a arte?
O que vemos quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e conhecimentos, da
nossa disposição no momento, imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar.
Estilo é como o trabalho se mostra, depois de o artista ter tomado suas decisões. Cada artista
possui um estilo único.
Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca
conseguiríamos ver quem fez o que, quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as
mudanças na forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las
por categorias e rotulá-las. É um procedimento comum na arte ocidental.
Ex.: Renascimento, Impressionismo, Cubismo, Surrealismo, etc.
Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde o como, desta maneira estaremos
dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo tiveram.
Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a Pré-História. Esse período não foi
registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o
que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é o resultado da pesquisa de antropólogos,
historiadores e dos estudos da moderna ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do
homem.
Divisão da Pré-História:
Paleolítico Superior - a principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é o
naturalismo. O artista pintava os seres, um animal, por exemplo, do modo como o via de uma
determinada perspectiva, reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava. Atualmente, a
explicação mais aceita é que essa arte era realizada por caçadores, e que fazia parte do processo
de magia por meio do qual procurava-se interferir na captura de animais, ou seja, o pintor-
caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que possuísse a sua imagem.
Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o representasse ferido mortalmente
num desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em rochedos e paredes de cavernas.
O homem deste período era nômade.
Os artistas do Paleolítico Superior realizaram também trabalhos em escultura. Mas, tanto na
pintura quanto na escultura, nota-se a ausência de figuras masculinas. Predominam figuras
femininas, com a cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos, ventre
saltado e grandes nádegas. Destaca-se: Vênus de Willendorf. Instrumentos de marfim, ossos,
madeira e pedra: machado, arco e flecha; lançador de dardos, anzol e linha; e desenvolvimento
da pintura e da escultura.
Paleolítico Inferior -aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.; primeiros hominídios; caça e
coleta; controle do fogo; e instrumentos de pedra e pedra lascada, madeira e ossos: facas,
machados.
Neolítico - a fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela
manutenção de manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das
primeiras instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do Neolítico
desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar cerâmicas e construiu as primeiras moradias,
constituindo-se os primeiros arquitetos do mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do
atrito e deu início ao trabalho com metais. Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte
reflexo na arte. O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos
apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e
racionalização. Como conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais e figuras
mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os próprios temas da arte mudaram: começaram
as representações da vida coletiva. Além de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu
uma cerâmica que revela sua preocupação com a beleza e não apenas com a utilidade do objeto,
também esculturas de metal. Desse período temos as construções denominadas dolmens.
Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no chão, como se fossem
paredes, e uma grande pedra era colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. E o
menir que era monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra fincado no solo em
sentido vertical.O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das
primeiras obras da arquitetura que a História registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras
erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando outros dois círculos
interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O conjunto está orientado
para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de que se
destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as pedras eram colocadas umas
sobre as outras sem a união de nenhuma argamassa.
Instrumentos de pedra polida, enxada e tear; início do cultivo dos campos; artesanato: cerâmica
e tecidos; construção de pedra; e primeiros arquitetos do mundo.
Idade dos metais - aparecimento de metalurgia; aparecimento das cidades; invenção da roda;
invenção da escrita; e arado de bois.
As Cavernas - Antes de pintar as paredes da caverna, o homem fazia ornamentos corporais,
como colares, e, depois magníficas estatuetas, como as famosas “Vênus”.
Existem várias cavernas pelo mundo, que demonstram a pintura rupestre, algumas delas são:
Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma centena de desenhos feitos a 14.000 anos, foram
os primeiros desenhos descobertos, em 1868. Sua autenticidade, porém, só foi reconhecida em
1902.
Caverna de LASCAUX, França, suas pinturas foram achadas em 1942, têm 17.000 anos. A cor
preta, por exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês.
Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras, cavalos, mamutes, hienas, dezenas de
rinocerontes peludos e animais diversos, descoberta em 1994.
Gruta de RODÉSIA, África, com mais de 40.000 anos.
IDADE ANTIGA
ARTE EGÍPCIA
Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma
civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações
culturais.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização
social e política, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente, orientando
toda a produção artística desse povo. Além de crer em deuses que poderiam interferir na história
humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam que essa vida era
mais importante do que a que viviam no presente.O fundamento ideológico da arte egípcia é a
glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários e
túmulos grandiosos.
Arquitetura - As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e, foram
construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas
três pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a
ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto
enigmático e misterioso.
As características gerais da arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
As pirâmides tinham base quandrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte
toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da
frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre
a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava
a múmia do faraó e seus pertences.
Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em
três categorias:
Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó;
Mastaba - túmulo para a nobreza; e
Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo.
Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
Palmiforme - flores de palmeira;
Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.
Para seu conhecimento
Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na
alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a luz solar.
ARTE GREGA
Enquanto a arte egípcia é uma arte ligada ao espírito, a arte grega liga-se à inteligência, pois os
seus reis não eram deuses, mas seres inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do
povo. A arte grega volta-se para o gozo da vida presente. Contemplando a natureza, o artista se
empolga pela vida e tenta, através da arte, exprimir suas manifestações. Na sua constante busca
da perfeição, o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que predominam o ritmo,
o equilíbrio, a harmonia ideal. Eles tem como características: o racionalismo; amor pela beleza;
interesse pelo homem, essa pequena criatura que é “a medida de todas as coisas”; e a
democracia.
Pintura - A pintura grega encontra-se na arte cerâmica. Os vasos gregos são também conhecidos
não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o
espaço utilizado para a ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram
usados para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Por isso, a sua
forma correspondia à função para que eram destinados:
- Ânfora - vasilha em forma de coração, com o gargalo largo ornado com duas asas;
- Hidra - (derivado de ydor, água) tinha três asas, uma vertical para segurar enquanto corria a
água e duas para levantar;
- Cratera - tinha a boca muito larga, com o corpo em forma de um sino invertido, servia para
misturar água com o vinho (os gregos nunca bebiam vinho puro), etc.
As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da mitologia
grega. O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.
A pintura grega se divide em três grupos:
1) figuras negras sobre o fundo vermelho
2) figuras vermelhas sobre o fundo negro
3) figuras vermelhas sobre o fundo branco
Escultura - A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. Na
escultura, o antropomorfismo - esculturas de formas humanas - foi insuperável. As estátuas
adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das formas, o movimento. No Período Arcaico os
gregos começaram a esculpir, em mármores, grandes figuras de homens. Primeiramente
aparecem esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo igualmente
distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado Kouros (palavra grega: homem
jovem). No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas, para isto, se
começou a usar o bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento
sem se quebrar. Surge o nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram
esculpidas sempre vestidas. Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os
seres humanos não eram representados apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas
também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. O grande desafio e a
grande conquista da escultura do período helenístico foi a representação não de uma figura
apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos
de todos os ângulos que pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
- Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela lânguida pose em “S” (Hermes com
Dionísio menino), foi o primeiro artista que esculpiu o nu feminino.
- Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões de beleza e equilíbrio através do
tamanho das estátuas que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
- Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico, sua obra-prima, e Atenéia.
Realizou toda a decoração em baixos-relevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões,
métopas e frisos.
- Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não como são” (verdadeiros retratos). Foi
Lisipo que introduziu a proporção ideal do corpo humano com a medida de oito vezes a cabeças.
- Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.
Para seu conhecimento:
a) Mitologia: Zeus: senhor dos céus; Atenéia: deusa da guerra; Afrodite: deusa do amor; Apolo:
deus das artes e da beleza;
Posseidon: deus das águas; entre outros.
b) Olimpíadas: Realizavam-se em Olímpia, cada 4 anos, em honra a Zeus. Os primeiros jogos
começaram em 776 a.C. As festas olímpicas serviam de base para marcar o tempo.
c) Teatro: Foi criada a comédia e a tragédia. Entre as mais famosas: Édipo Rei de Sófocles.
d) Música: Significa a arte das musas, entre os gregos a lira era o instrumento nacional.
ARTE ROMANA
A arte romana sofreu duas fortes influências: a da arte etrusca popular e voltada para a
expressão da realidade vivida, e a da greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal
de beleza.
Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso do
arco e da abóbada nas construções.
Pintura - O Mosaico foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral.
A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e
Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura
existente em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro
estilos:
a) primeiro estilo: recobrir as paredes de uma sala com uma camada de gesso pintado; que dava
impressão de placas de mármore.
b) segundo estilo: Os artistas começaram então a pintar painéis que criavam a ilusão de janelas
abertas por onde eram vistas paisagens com animais, aves e pessoas, formando um grande
mural.
c) terceiro estilo: representações fiéis da realidade e valorizou a delicadeza dos pequenos
detalhes.
d) quarto estilo: um painel de fundo vermelho, tendo ao centro uma pintura, geralmente cópia de
obra grega, imitando um cenário teatral.
Escultura - Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram
muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma
representação fiel das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos.
Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. Mais realista que idealista, a estatuária
romana teve seu maior êxito nos retratos.
Com a invasão dos bárbaros as preocupações com as artes diminuíram e poucos monumentos
foram realizados pelo Estado. Era o começo da decadência do Império Romano que, no séc. V -
precisamente no ano de 476 - perde o domínio do seu vasto território do Ocidente para os
invasores germânicos.
Mosaico - Partidários de um profundo respeito pelo ambiente arquitetônico, adotando soluções de
clara matriz decorativa, os masaístas chegaram a resultados onde existe uma certa parte de
estudo direto da natureza. As cores vivas e a possibilidade de colocação sobre qualquer superfície
e a duração dos materiais levaram a que os mosaicos viessem a prevalecar sobre a pintura. Nos
séculos seguintes, tornar-se-ão essenciais para medir a ampliação das primeiras igrejas cristãs
ARTE PALEOCRISTÃ
Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e espalhavam seu estilo por toda a
Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo)
começaram a criar uma arte simples e simbólica executada por pessoas que não eram grandes
artistas.Surge a arte cristã primitiva.
Os romanos testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma nova era e uma
nova filosofia.Com o surgimento de um "novo reino" espiritual, o poder romano viu-se
extremamente abalado e teve início um período de perseguição não só a Jesus, mas também a
todos aqueles que aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos seus princípios.
Esta perseguição marcou a primeira fase da arte paleocristã: a fase catacumbária, que recebe
este nome devido às catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os primeiros cristãos
secretamente celebravam seus cultos.Nesses locais, a pintura é simbólica.
Para entender melhor a simbologia:
Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por um peixe, pois a palavra peixe,
em grego ichtus, forma as iniciais da frase: "Jesus Cristo de Deus Filho Salvador".
Outra forma de simboliza-lo é o desenho do pastor com ovelhas "Jesus Cristo é o Bom Pastor" e
também, o cordeiro "Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus".
Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido
pelo peixe e Daniel na cova dos leões.
Ainda hoje podemos visitar as catacumbas de Santa Priscila e Santa Domitila, nos arredores de
Roma.
Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313 d.C. o imperador Constantino
legaliza o cristianismo, dando início à 2a fase da arte paleocristã : a fase basilical.
Tanto os gregos como os romanos, adotavam um modelo de edifício denominado "Basílica"
(origem do nome: Basileu = Juíz) , lugar civil destinado ao comércio e assuntos judiciais. Eram
edifícios com grandes dimensões: um plano retangular de 4 a 5 mil metros quadrados com três
naves separadas por colunas e uma única porta na fachada principal.
Com o fim da perseguição aos cristãos, os romanos cederam algumas basílicas para eles
pudessem usar como local para as suas celebrações.
O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o material escolhido para o
revestimento interno das basílicas, utilizando imagens do Antigo e do Novo Testamento. Esse
tratamento artístico também foi dado aos mausoléus e os sarcófagos feitos para os fiéis mais ricos
eram decorados com relevos usando imagens de passagens bíblicas.
Na cidade de Ravena pode-se apreciar o Mausoléu de Gala Placídia e a igreja de Santo
Apolinário, o Novo e a de São Vital com riquíssimos mosaicos.
Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos: Honório
e Arcádio.Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital , e
Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, com a capital Constantinopla (antiga Bizâncio e
atual Istambul).
O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões, principalmente de povos bárbaros, até
que, em 476 d.C., foi completamente dominado(esta data, 476 d.c., marca o fim da Idade Antiga
e o início da Idade Média). Já o Império Romano do Oriente (onde se desenvolveu a arte
bizantina), apesar das dificuldades financeiras, dos ataques bárbaros e das pestes, conseguiu se
manter até 1453, quando a sua capital Constantinopla foi totalmente dominada pelos muçulmanos
(esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna).
ARTE BIZANTINA
O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano nos primeiros séculos de
nossa era.Por volta do século IV, começou a invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino
a transferir a capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por Constantinopla.A
mudança da capital foi um golpe de misericórdia para a já enfraquecida Roma; facilitou a
formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte cristã - Arte
Bizantina.
Graças a sua localização(Constantinopla) a arte bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e
do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na
técnica como na cor.
A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das suas funções, organizar
também as artes, tornando os artistas meros executores.O regime era teocrático e o imperador
possuía poderes administrativos e espirituais; era o representante de Deus, tanto que se
convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e, não raro encontrar um mosaico
onde esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.
O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as
paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e
dos vários imperadores.Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos
romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem inclusive
os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para
criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é demasiadamente
utilizado devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro.
A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte bizantina, elas eram
planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada imensas cúpulas, criando-se prédios
enormes e espaçosos totalmente decorados.
A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi um dos maiores triunfos da
nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela
possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método tornou a cúpula
extremamente elevada, sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de
universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente
decorado com mosaicos e o chão de mármore polido.
Toda essa atração por decoração aliada a prevenção que os cristãos tinham contra a estatuária
que lembrava de imediato o paganismo romano, afasta o gosto pela forma e conseqüentemente a
escultura não teve tanto destaque neste período.O que se encontra restringe-se a baixos relevos
acoplados à decoração.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador
Justiniano.Porém, logo sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia.Constituía na
destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o clero.
A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e
boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega
permaneceu dentro da arte bizantina.E essa arte extravasou em muito os limites territoriais do
império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos.
ARTE ISLÂMICA
No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de Yatrib e para aquela que
desde então se conhece como Medina (Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a
orientação dos califas, sucessores do profeta, começou a rápida expansão do Islã até a Palestina,
Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor, Norte da África e Espanha. De origem nômade, os muçulmanos
demoraram certo tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as bases de uma estética
própria com a qual se identificassem.
Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços estilísticos dos povos conquistados,
que no entanto souberam adaptar muito bem ao seu modo de pensar e sentir, transformando-os
em seus próprios sinais de identidade. Foi assim que as cúpulas bizantinas coroaram suas
mesquitas, e os esplêndidos tapetes persas, combinados com os coloridos mosaicos, as
decoraram. Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na realidade, desde seu início, conceitual e
religiosa.
No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se no geométrico e abstrato,
mais simbólico do que transcendental. A representação figurativa era considerada uma má
imitação de uma realidade fugaz e fictícia. Daí o emprego de formas como os arabescos, resultado
da combinação de traços ornamentais com caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o
verbo divino e alegrar a vista. As letras lavradas na parede lembram o neófito, que contempla
uma obra feita para deus.
Na complexidade de sua análise, a arte islâmica se mostra, no início, como exclusividade das
classes altas e dos príncipes mecenas, que eram os únicos economicamente capazes de construir
mesquitas, mausoléus e mosteiros. No entanto, na função de governantes e guardiães do povo e
conscientes da importância da religião como base para a organização política e social, eles
realizavam suas obras para a comunidade de acordo com os preceitos muçulmanos: oração,
esmola, jejum e peregrinação.
Tapetes - Os tapetes e tecidos desde sempre tiveram um papel muito importante na cultura e na
religião islâmicas. Para começar, como povo nômade, esses eram os únicos materiais utilizados
para decorar o interior das tendas. À medida que foram se tornando sedentários, as sedas,
brocados e tapetes passaram a decorar palácios e castelos, além de cumprir uma função
fundamental nas mesquitas, já que o muçulmano, ao rezar, não deve ficar em
contato com a terra.
Diferentemente da tecedura dos tecidos, a do tapete constitui uma unidade em si mesma. Os
fabricados antes do século XVI chamam-se arcaicos e possuem uma trama de 80 000 nós por
metro quadrado. Os mais valiosos são de origem persa e têm 40 000 nós por decímetro quadrado.
As oficinas mais importantes foram as de Shiraz, Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no
Ocidente. Entre os desenhos mais clássicos estão os de utensílios, de motivos florais, de caça,
com animais e plantas, e os geométricos, de decoração.
Pintura e gráfica - As obras de pintura islâmica são representadas por afrescos e miniaturas.
Das primeiras, muito poucas chegaram até nossos dias em bom estado de conservação. Elas eram
geralmente usadas para decorar paredes de palácios ou de edifícios públicos e representavam
cenas de caça e da vida cotidiana da corte. Seu estilo era semelhante ao da pintura helênica,
embora, segundo o lugar, sofresse uma grande influência indiana, bizantina e inclusive chinesa.
A miniatura não foi usada, como no cristianismo, para ilustrar livros religiosos, mas sim nas
publicações de divulgação científica, para tornar mais claro o texto, e nas literárias, para
acompanhar a narração. O estilo era um tanto estático, esquematizado, muito parecido com o das
miniaturas bizantinas, com fundo dourado e ausência de perspectiva. O Corão era decorado com
figuras geométricas muito precisas, a fim de marcar a organização do texto, por exemplo,
separando um capítulo de outro.
Estreitamente ligada à pintura, encontra-se a arte dos mosaicistas. Ela foi herdada de Bizâncio
e da Pérsia antiga, tornando-se uma das disciplinas mais importantes na decoração de mesquitas
e palácios, junto com a cerâmica. No início, as representações eram completamente figurativas,
semelhantes às antigas, mas paulatinamente foram se abstraindo, até se transformarem em
folhas e flores misturadas com letras desenhadas artisticamente, o que é conhecido como
arabesco.
Assim, complexos desenhos multicoloridos, calculados com base na simbologia numérica
islâmica, cobriam as paredes internas e externas dos edifícios, combinando com a decoração de
gesso das cúpulas. Caligrafias de incrível preciosidade e formas geométricas multiplicadas até o
infinito criaram superfícies de verdadeiro horror ao espaço vazio. A mesma função desempenhava
a cerâmica, mais utilizada a partir do século XII e que atingiu o esplendor na Espanha, onde
foram criadas peças de uso cotidiano.
IDADE MÉDIA
ARTE ROMÂNICA
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico conhecido
por Idade Média. Na Idade Média a arte tem suas raízes na época conhecida como Paleocristã,
trazendo modificações no comportamento humano, com o Cristianismo a arte se voltou para a
valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida
medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é
chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo e a medida de todas as
coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados.
Arquitetura - No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja a estrutura era
semelhante às construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são:
* abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
* pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;
* aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
* torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e
* arcos que são formados por 180 graus.
A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são
sempre grandes e sólidas. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para
as formas volumosas, estilizadas e duras dessas igrejas é o fato da arte românica não ser fruto do
gosto refinado da nobreza nem das idéias desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo
essencialmente clerical. A arte desse período passa, assim a ser encarada como uma extensão do
serviço divino e uma oferenda à divindade.
A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o
campanário que começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou
porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu.
Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas.
Pintura e escultura - Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura
e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos
estudá-las desassociadas da arquitetura.
A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, através da
técnica do afresco, que originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.
Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da
pintura românica foram a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os
sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. A figura de
Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no
emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não
havia a menor intenção de imitar a natureza.
Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede
semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de
formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais.
Mosaico - A técnica da decoração com mosaico, isto é, pequeninas pedras, de vários formatos e
cores, que colocadas lado a lado vão formando o desenho, conheceu seu auge na época do
românico. Usado desde a Antigüidade, é originária do Oriente onde a técnica bizantina utilizava o
azul e dourado, para representar o próprio céu.
ARTE GÓTICA
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico
conhecido por Idade Média. Na Idade Média a arte tem suas raízes na época conhecida como
Paleocristã, trazendo modificações no comportamento humano, com o Cristianismo a arte se
voltou para a valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os
aspectos da vida medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo
cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo e a medida
de todas as coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados. No
século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso
faz com que o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia
urbana. No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já
começaram a aparecer as primeiras mudanças que conduziram a uma revolução profunda na arte
de projetar e construir grandes edifícios.
Arquitetura - A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada.
Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três
portais que dão acesso à três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.
A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num
plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas
agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em
quase todas as igrejas construídas entre os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os
vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de
Notre Dame de Chartres.
Pintura - A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando
começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal
particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras
pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco
volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano
celeste.
Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do
Renascimento (Duocento):
* Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com
seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser
mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim,
a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se
firmando até ganhar plenitude no Renascimento.
Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e Retiro de São Joaquim
entre os Pastores.
* Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da
sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando
mostrar os detalhes e as paisagens.
Obras destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.
IDADE MODERNA
RENASCIMENTO
O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre
1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos
progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que
superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e
tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a
ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora como fonte de
inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a
valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural,
conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
* Racionalidade
* Dignidade do Ser Humano
* Rigor Científico
* Ideal Humanista
* Reutilização das artes greco-romana
* Perspectiva (ilusão de profundidade)
Escultura - Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, esta
adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a
residir no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais é Michelângelo, que
domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.
Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Trabalhou em ourivesaria e esse
fato acabou influenciando sua escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em bronze.
Principais Características:
* Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
* Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
* Profundidade e perspectiva
* Estudo do corpo e do caráter humano
O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos artistas que nacionalizaram as
idéias italianas. São eles:
* Dürer * Hans Holbein
* Bosch * Bruegel
Para seu conhecimento
a) A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV (retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na
própria Capela que se faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa para
proceder a eleição do próximo. Lareira que produz fumaça negra - que o Papa ainda não foi
escolhido; fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido, avisa o povo na Praça de São
Pedro, no Vaticano
b) Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois
tendo dissecado cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a
posição de cada músculo, cada tendão, cada veia.
- Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas invenções estão:
“Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo de
asa-delta, etc.
c) Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não conseguimos desgrudar os olhos
do seu olhar, parece que ele nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos podem se
mexer? Este quadro foi pintado, pelo famoso artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-
1519) e qual será o truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma pessoa
olhando para a frente (olhando diretamente para o espectador) tem-se a impressão que o
personagem do quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque os quadros são lisos. Se
olharmos para a Monalisa de um ou de outro lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a
ponta do nariz para a frente e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o truque em
qualquer ângulo que se olhe a Monalisa a veremos sempre de frente.
d) Mecenas – patrocinadores dos artistas, burgueses, aristocratas, clero, corporações.
MANEIRISMO
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 até por
volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade
clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma evidente tendência para a
estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as
rígidas linhas dos cânones clássicos. Alguns historiadores o consideram uma transição entre o
renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O
certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em
decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam
renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento. Uma de
suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Não
só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de
derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza.
Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do
universo. Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras
cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um espírito
totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem
dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em
todas as grandes cidades européias.
Arquitetura - A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano
longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto,
deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se
dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na
construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.
Principais características:
a) Nas igrejas:
· Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na
maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara
singularidade.
· Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração
mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando
uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.
b) Nos ricos palácios e casas de campo:
· Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado
disciplinado do renascimento.
· A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse
caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a
necessidade de renovação.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos arquitetônicos por toda a
Itália, tais como: a construção do túmulo do conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa
na Porta del Popolo. a fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a
estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal. De
acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os
seus bens.
GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra literária Le Vite (As Vidas), na
qual, além de fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel,
mas muito interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentários mal-
intencionados e elogios exagerados.
Sob a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os afrescos
do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na
década de 30. Suas biografias, publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias
edições. Passou os últimos dias de sua vida em Florença, dedicado à arquitetura.
PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete na totalidade
de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a
harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima.
Somente dez anos depois iria se dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a construção das
igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio tenha sido um
arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais importantes desse período. A obra
de Palladio foi uma referência obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do barroco.
Pintura - É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores
da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo
estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte
pela própria arte.
Principais características :
a) Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos
reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera
de tensão permanente.
b) Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-torneados do
renascimento. Os músculos fazem agora contorsões absolutamente impróprias para os seres
humanos.
c) Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores
brilhantes.
d) A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.
e) Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva,
f) mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade,
encontrá-lo.
Principal Artista:
EL GRECO, (1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o colorido
da pintura veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente
compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta, acredita-se que começou como pintor
de ícones no convento de Santa Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes, no
ano de 1567 emigrou para Veneza, onde começou a trabalhar no ateliê de Ticiano, com quem
realizou algumas obras.
Depois de alguns anos de permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade de Toledo, onde
trabalhou praticamente com exclusividade para a corte de Filipe II, para os conventos locais e
para a nobreza toledana.
Entre suas obras mais importantes estão O Enterro do Conde de Orgaz, a meio caminho entre
o retrato e a espiritualidade mística. Homem com a Mão no Peito, O Sonho de Filipe II e O Martírio
de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsão da corte.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em várias cidades italianas.
Decorou também o palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura
Battiferi, com quem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, que
incumbiu-o da construção de sua villa na Porta del Popolo. Começaram assim seus primeiros
passos como arquiteto.
No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um concurso para a
construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os
tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com
os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.
GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna deu seus primeiros passos
como escultor na oficina do francês Jacques Dubroecq. Poucos anos depois mudou-se para Roma,
onde se supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas obras.
Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Medici. O Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco
e Os Pescadores estão entre as obras mais importantes desse período.
Participou também de um concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma de suas mais
célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual maestria a pedra calcária e o
mármore e foi grande conhecedor da técnica de despejar os metais, como demonstram suas
esculturas de bronze. Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo está para o
renascimento.
BARROCO
A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por outros países
da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e
espanhóis.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a
ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte
barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista.
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa
angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e
pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria.
Suas características gerais são:
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-
se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não
apenas pelo raciocínio.
* busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
* entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
* violentos contrastes de luz e sombra;
* pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência
de profundidade conseguida.
ROCOCÓ
Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e
intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as
artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se
principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.
Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da
mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização
naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.
O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de
conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais.
Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.
Características gerais:
· Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas,
laços e flores.
· Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.
Arquitetura - Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte
e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa
transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o
rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.
Principais características:
a) Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de
numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
b) A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e
intimidade.
Principal Artista:
JOHANN MICHAEL FISCHER, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren,
marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na
Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.
Pintura - Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve
pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se
afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as
primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.
Principais Artistas:
ANTOINE WATTEAU, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos
de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do
artista para a pintura do século XIX.
FRANÇOIS BOUCHER, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas
figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a
solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter
mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O
casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").
JEAN-HONORÉ FRAGONARD , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard
destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens
idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e
sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.
IDADE CONTEMPORÂNEA
NEOCLASSICISMO
Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova
tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Neoclassicismo
(neo = novo), que expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que
assumiu a direção da Sociedade européia após a Revolução Francesa e principalmente com o
Império de Napoleão.
Principais características:
* retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;
* academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas
escolas ou academias de belas-artes;
* arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles.
Arquitetura - Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica seguiu
o modelo dos templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento italiano. Exemplos
dessa arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, em
Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim. Os edifícios proliferaram com abundância na
Europa, América Latina e do Norte (inclusive no Brasil) e Rússia.
Pintura - A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na
pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.
Características da pintura:
* Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
* Exatidão nos contornos
* Harmonia do colorido
Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,
JACQUES-LOUIS DAVID - foi considerado o pintor da Revolução Francesa, mais tarde, tornou-se
o pintor oficial do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos
ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas
algumas delas exprimem fortes emoções.
Obra destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat
INGRES - sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e
paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres
soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no gosto pelo poder
e na sua confiança na individualidade.
Obra destacada: Banhista de Valpinçon.
NO BRASIL = PEDRO AMÉRICO / VITOR MEIRELLES
ROMANTISMO
O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por
acontecimentos do final do século XVIII que foram a Revolução Industrial que gerou novos
inventos com o objetivo de solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumento de
produção, provocando a divisão do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela
Revolução Francesa que lutava por uma sociedade mais harmônica, em que os direitos individuais
fossem respeitados, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre
expressão da personalidade do artista.
Características gerais:
* a valorização dos sentimentos e da imaginação;
* o nacionalismo;
* a valorização da natureza como princípios da criação artística; e
* os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
REALISMO
Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma nova
tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização
das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a
técnica para interpretar e dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista,
inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da
realidade.
São características gerais:
* o cientificismo
* a valorização do objeto
* o sóbrio e o minucioso
* a expressão da realidade e dos aspectos descritivos
IMPRESSIONISMO
O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e
deu início às grandes tendências da arte do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito
mais práticas do que teóricas, que os artistas seguiam em seus procedimentos técnicos para obter
os resultados que caracterizaram a pintura impressionista.
Principais características da pintura:
* A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num
determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da
incidência da luz do sol.
* As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para
representar imagens.
* As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e
não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado.
* Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores
complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de
sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos.
* As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo
contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador
que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa,
portanto, de ser técnica para se óptica.
A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi numa exposição
coletiva realizada em Paris, em abril de 1874. Mas o público e a crítica reagiram muito mal ao
novo movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios acadêmicos da pintura.
Principais artistas:
CLAUDE MONET - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em
diversas horas do dia, afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade.
Música –As idéias do impressionismo são adotadas pela música por volta de 1890, na França. As
obras se propõem a descrever imagens e várias peças têm nomes ligados a paisagens, como
Reflexos na Água, do compositor francês Claude Debussy (1862-1918), pioneiro do movimento.
O impressionismo abandona a música tonal - estruturada a partir da eleição de uma das 12
notas da escala (as sete básicas e os semitons) - como principal. Sustenta-se nas escalas modais
(definidas a partir da recombinação de um conjunto de notas eleito como básico para as melodias
de uma cultura) vindas do Oriente, da música popular européia e da Idade Média.
A obra de Debussy é marcada por sua proximidade com poetas do simbolismo. Prelúdio para a
Tarde de um Fauno, considerado marco do impressionismo musical, ilustra um poema do
simbolista Stéphane Mallarmé. Na ópera, Debussy rejeita o formalismo e a linearidade, como em
Pelléas et Mélisande. Outro grande nome é o francês Maurice Ravel (1875-1937), autor de A Valsa
e Bolero.
IMPRESSIONISMO NO BRASIL –Nas artes plásticas há tendências impressionistas em algumas
obras de Eliseu Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962) e Lucílio de
Albuquerque (1877-1939). Uma das telas de Visconti em que é evidente essa influência é
Esperança (Carrinho de Criança), de 1916. Características pós-impressionistas estão em obras de
Eliseu Visconti, João Timóteo da Costa (1879-1930) e nas primeiras telas de Anita Malfatti, como
O Farol (1915).
O impressionismo funciona como base da música nacionalista, como a que é desenvolvida no Brasil
EXPRESSIONISMO
O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva,
“expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao
ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar
o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.
Principais características:
* pesquisa no domínio psicológico;
* cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
* dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
* pasta grossa, martelada, áspera;
* técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou
provocando explosões;
* preferência pelo patético, trágico e sombrio
OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento ”Pós
Impressionista”. Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-
los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.
Principais artistas:
GAUGUIN - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a França, mais
precisamente para Orléans. Em 1887 entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de
valores. Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à
pintura. Começou assim uma vida de viagens e boemia, que resultou numa produção artística
singular e determinante das vanguardas do século XX. Sua obra, longe de poder ser enquadrada
em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar
disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Navis, que,
mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de
vida. Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele
consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como
demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície,
quase decorativamente.
No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos
condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não
faltam cenas que mostram
um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor
adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao
Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Obra Destacada: Jovens Taitianas com
Flores de Manga.
CÉZANNE - sua tendência foi converter os elementos naturais em figuras geométricas - como
cilindros, cones e esferas - acentua-se cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para
ele recriar a realidade segundo “impressões” captadas pelos sentidos.
Obras Destacadas: Castelo de Médan e Madame Cézanne
VICENT VAN GOGH - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da
natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa
solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguim, principalmente pela sua decisão de simplificar
as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores bem definidas. Em 1888,
deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da França, onde passou a pintar ao ar livre. O sol
intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de
qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se
então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função
de representar emoções. Entretanto ele passou por várias crises nervosas e, depois de
internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers, uma cidade
tranqüila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca de oitenta telas
com cores fortes e retorcidas. Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra
plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi
reconhecido pelo público nem pelo críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros
passos em direção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres
por meio de uma explosão de cores. Obras Destacadas: Trigal com Corvos e Café à Noite.
TOULOUSE-LAUTREC - Pintava temas pertencentes à vida noturna de Paris, e também foi
responsável pelos cartazes das artistas que se apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu
jovem.
Obra Destacada: Ivette Guilbert que Saúda o Público.
MUNCH - foi um dos primeiros artistas doséculo XX que conseguiu conceder às cores um valor
simbólico e subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros exerceram grande
influência nos artistas do grupo
Die Brücke, que conheciam e admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, em 1863, Munch
iniciou sua formação na cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris,
na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em seu regresso, foi convidado a
participar da exposição da Associação
de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se especializar em gravações e litografias,
realizando trabalhos para a Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos
Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou
cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é
O Grito (1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa
tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas reais mas contorce-se sob o efeito de
suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o
olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. Perseguido pela
tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar "pessoas vivas, que respiram e
sentem, sofrem e amam". Recusou o banal, as cenas interiores pacíficas, comuns na sua época. A
dor e o trágico permeiam seus quadros.
KIRCHNER - foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke. Influenciado
pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua
função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira
visão da realidade. Tendo concluído seus estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner
continuou sua formação na cidade de Munique.
Pouco tempo depois reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais,
motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke (A Ponte, numa referência à frase
do escritor: “...a ponte que conduz ao super-homem”). Veio então a época em que os pintores se
reuniam numa casa de veraneio
em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os
quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de variedades. Em 1914
Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se
recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando
finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia
de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o
nazismo, ver sua obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou
mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de pesadelo e decadência.
Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num
amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza.No
final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos
museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.
PAUL KLEE - considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista.
Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este
pintor dedicou-se durante a
toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. A exemplo de Kandinski,
Klee estudou com o mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em
contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e finalmente uniu-se ao grupo de artistas
do Der Blaue Reiter.
Em 1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para
suas obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento".
Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira viagem a Túnis. As formas
cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do
pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase surrealista,
criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre eles merecem ser mencionados
Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R.
Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier
Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas.
Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da
Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida
aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos
que resumem seu pensamento artístico.
AMADEO MODIGLIANI - iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em Livorno, sua
cidade natal. Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três
anos depois mudou-se para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi. Nessa cidade travou
conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e Braque. Em 1908 participou do Salão dos
Independentes e lá conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras esculturas
motivado pelas peças de arte africana chegadas à França das colônias. Esse aspecto de máscara
foi uma das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os
cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e o
estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas
cores o aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses, composto por Rouault e
Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo
tempo misteriosa, pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar
alguns, à dos gênios solitários.
Grupos expressionistas –O expressionismo vive seu auge a partir da fundação de dois
grupos alemães: o Die Brücke (A Ponte), em Dresden, que faz sua primeira exposição em 1905 e
dura até 1913; e o Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique, ativo de 1911 a 1914. Os
artistas do primeiro grupo, como os alemães Ernst Kirchner (1880-1938) e Emil Nolde (1867-
1956), são mais agressivos e politizados. Com cores quentes, produzem cenas místicas e
paisagens de atmosfera pesada. Os do segundo grupo, entre eles o russo Vassíli Kandínski (1866-
1944), o alemão August Macke (1887-1914) e o suíço Paul Klee (1879-1940), voltam-se para a
espiritualidade. Influenciados pelo cubismo e futurismo, deixam as formas figurativas e caminham
para a abstração.
Na América Latina, o expressionismo é principalmente uma via de protesto político. No México,
o destaque são os muralistas, como Diego Rivera (1886-1957).
A última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo
Picasso. Retrata o bombardeio da cidade basca de Guernica por aviões alemães durante a Guerra
Civil Espanhola. A obra mostra sua visão particular da angústia do ataque, com a sobreposição de
figuras, como um cavalo morrendo, uma mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com
uma criança morta e uma lâmpada no plano central.
Cinema –Os filmes produzidos na Alemanha após a I Guerra Mundial são sombrios e pessimistas,
com cenários fantasmagóricos, exagero na interpretação dos atores e nos contrastes de luz e
sombra. A realidade é distorcida para expressar conflitos interiores dos personagens. Um exemplo
é O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1881-1938), que marca o surgimento do
expressionismo no cinema alemão em 1919.
Filmes como Nosferatu, de Friedrich Murnau (1889-1931), e Metrópolis, de Fritz Lang (1890-
1976), traduzem as angústias e as frustrações do país em plena crise econômica e social. O
nazismo, que domina a Alemanha a partir de 1933, acaba com o cinema expressionista. Passam a
ser produzidos apenas filmes de propaganda política e de entretenimento.
Literatura –O movimento é marcado por subjetividade do escritor, análise minuciosa do
subconsciente dos personagens e metáforas exageradas ou grotescas. Em geral, a linguagem é
direta, com frases curtas. O estilo é abstrato, simbólico e associativo.
O irlandês James Joyce, o inglês T.S. Eliot (1888-1965), o tcheco Franz Kafka e o austríaco Georg
Trakl (1887-1914) estão entre os principais autores que usam técnicas expressionistas.
Música –Intensidade de emoções e distanciamento do padrão estético tradicional marcam o
movimento na música. A partir de 1908, o termo é usado para caracterizar a criação do
compositor austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951), autor do método de composição
dodecafônica. Em 1912 compõe Pierrot Lunaire, que rompe definitivamente com o romantismo.
Schoenberg inova com uma música em que todos os 12 sons da escala de dó a dó têm igual valor
e podem ser dispostos em qualquer ordem a critério do compositor.
Teatro –Com tendência para o extremo e o exagero, as peças são combativas na defesa de
transformações sociais. O enredo é muitas vezes metafórico, com tramas bem construídas e
lógicas. Em cena há atmosfera de sonho e pesadelo e os atores se movimentam como robôs. Foi
na peça expressionista R.U.R., do tcheco Karel Capek (1890-1938), que se criou a palavra robô.
Muitas vezes gravações de monólogos são ouvidas paralelamente à encenação para mostrar a
realidade interna de um personagem.
A primeira peça expressionista é A Estrada de Damasco (1898-1904), do sueco August
Strindberg (1849-1912). Entre os principais dramaturgos estão ainda os alemães Georg Kaiser
(1878-1945) e Carl Sternheim (1878-1942) e o norte-americano Eugene O'Neill (1888-1953).
EXPRESSIONISMO NO BRASIL –Nas artes plásticas, os artistas mais importantes são Candido
Portinari, que retrata o êxodo do Nordeste, Anita Malfatti, Lasar Segall e o gravurista Osvaldo
Goeldi (1895-1961). No teatro, a obra do dramaturgo Nelson Rodrigues tem características expressionistas.
FOVISMO
Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram chamados de fauves (em
português significa feras), em virtude da intensidade com que usavam as cores puras, sem
misturá-las ou matizá-las. Quem lhes deu este nome foi o crítico Louis Vauxcelles, pois estavam
expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado de uma estatueta renascentista.
Os princípios deste movimento artístico eram:
· Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos.
· Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
· A cor pura deve ser exaltada.
· As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no
mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.
Características da pintura:
· Pincelada violente, espontânea e definitiva;
· Ausência de ar livre;
· Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à
realidade;
· Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
· Pintura por manchas largas, formando grandes planos;
Principais Artistas:
MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais autêntico fovista, dizia: "Quero
incendiar a Escola de Belas Artes com meus vermelhos e azuis." Adotou mais tarde estilo entre
expressionista e realista.
ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores chegaram a ser para nós cartuchos
de dinamite." Por volta de 1900, ligou-se a Maurice de Vlaminck e a Matisse, com os quais se
tornou um dos principais pintores fovistas.
Nessa fase, pintou figuras e paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços
impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas composições espontâneas. Após romper
com o fovismo, em 1908, sofreu influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de 1920,
seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam adquirido uma entonação neoclássica, com o
gradual desaparecimento da gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde
então, não mudou.
HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele não se preocupa como
realismo, tanto das figuras como das suas cores. O que interessa é a composição e não as figuras
em si, como de pessoas ou de naturezas-mortas. Abandonou assim a perspectiva, as técnicas do
desenho e o efeito de claro-escuro para tratar a cor como valor em si mesma. Dos pintores
fovistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio
entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade. Foi, também, escultor, ilustrador
e litógrafo.
RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês. Contrastes tonais e a
geometrização da forma caracterizaram sua obra. Impressionista a princípio, evoluiu
gradativamente para o fovismo, depois de travar contato com Matisse. Morreu um ano depois de
receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.
CUBISMO
Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria
tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas
foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes
num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no
plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não
tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob
formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura
dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob
todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
* geometrização das formas e volumes;
* renúncia à perspectiva;
* o claro-escuro perde sua função;
* representação do volume colorido sobre superfícies planas;
* sensação de pintura escultórica;
* cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho
suave.
FUTURISMO
O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o poeta
italiano Marinetti, dizendo que "o esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a
beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de Samotrácia". O
segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo,
Severini, Boccioni e Giacomo Balla.
Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à máquina. Para Balla, "é
mais belo um ferro elétrico que uma escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no
contorno aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente a um só tempo, ou vários
tempos num só espaço. O grupo pretendia fortalecer a sociedade italiana através de uma
pregação patriótica que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia.
O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se neste estilo
expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no
espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma
plástica a velocidade descrita por ele no espaço.
Principais artistas:
GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar os novos avanços científicos e
técnicos por meio de representações totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma
total abstração.Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o dinamismo das formas, com a
situação da luz e a integração do espectro cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se
a um curso noturno de desenho, de dois meses de duração, na Academia Albertina de Turim, sua
cidade natal. Em 1895 o pintor mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas
primeiras obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores das Belas-Artes.
Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde entrou em contato com a obra dos
impressionistas e neo-impressionistas e participou de várias exposições. Na volta a Roma,
conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde, juntava-se a eles para assinar o
Manifesto Técnico da Pintura Futurista. Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma
maneira de visualizar as teorias do movimento, apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista
intitulado Cão na Coleira ou Cão Atrelado. Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas pinturas
realistas e se voltou para a escultura e a cenografia. Embora em princípio Balla continuasse
influenciado pelos divisionistas, não demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à nova
linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso dos mais originais que ele usou para
representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição
quase infinita, que permitia ao observador captar de uma só vez todas as seqüências do
movimento..
CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se separaria finalmente do
futurismo para se dedicar àquilo que eles próprios dariam o nome de Pintura Metafísica. Enquanto
ganhava seu sustento como
pintor-decorador freqüentava as aulas de pintura na Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua
primeira viagem a Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá mudou-se para
Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia Brera e conheceu Boccioni e o poeta Marinetti.
Um ano mais tarde assinou o Primeiro Manifesto Futurista, redigido pelo poeta italiano e publicado
no jornal Le Figaro. Nessa época iniciou seus primeiros estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e
Trens, por definição suas obras mais futuristas.
Numa segunda viagem a Paris entrou em contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir
desse momento começaram a aparecer as referências cubistas em suas obras. Carrà não deixou
de comparecer às exposições futuristas de Paris, Londres e Berlim, mas já em 1915 separou-se
definitivamente do grupo. Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira pintura
metafísica. Em suas últimas obras retornou ao cubismo.Publicou vários trabalhos, entre eles La
Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita (1943), pintor italiano. Representante do futurismo e mais
tarde da pintura metafísica, influenciou a arte de seu país nas décadas de 1920 e 1930.
UMBERTO BOCCIONI (1882-1916), sua obra se manteve sob a influência do cubismo, mas
incorporando os conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se movem ao
mesmo tempo e em direções contrárias. Nascido em Reggio di Calábria, Boccioni mudou-se ainda
muito jovem para Roma, onde estudou em diferentes academias. Logo fez amizade com os
pintores Balla e Severini. No início, mostrou-se interessado na pintura impressionista,
principalmente na obra de Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São Petersburgo e Milão.
Ao voltar, entrou em contato com Carrà e Marinetti e um ano depois se encontrava
entre os autores do Manifesto Futurista de Pintura, do qual foi um dos principais teóricos. Foi com
a intenção de procurar as bases dessa nova estética que ele viajou a Paris, onde se encontrou
com Picasso e Braque. Ao retornar, publicou o Manifesto Técnico da Pintura Futurista, no qual
foram registrados os princípios teóricos da arte futurista: condenação do passado, desprezo pela
representação naturalista, indiferença
em relação aos críticos de arte e rejeição dos conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à
pintura. Em 1912, participou da primeira exposição futurista. Suas obras ainda deixavam
transparecer a preocupação do artista com os conceitos propostos pelo cubismo. Os retratos
deformados pelas superposições de planos ainda não conseguiam expressar com clareza sua
concepção teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol,
Boccioni conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores e planos
desordenados, como num pseudofotograma. Durante a Primeira Guerra Mundial, o
pintor se alistou como voluntário e ao voltar publicou o livro Pittura, Scultura Futurista, Dinâmico
Plástico (Pintura, Escultura Futurista, Dinamismo Plástico). Morreu dois anos depois, em 1916, na
cidade de Verona.
Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908, publicado em 1909:
"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de escórias metálicas, de
suores inúteis, de fuliges celestes -, contundidos e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos
nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos
exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o
murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da
velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito
explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória
de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada
a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o
entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser
uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas
para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se
queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem.
Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto
destruidor dos anarquistas, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o
moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação;
cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o
vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as
estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens
pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que
transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos
que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como
enormes cavalos de aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se
agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.
É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com
o qual fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de
professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores. Queremos libertá-la dos
incontáveis museus que a cobrem de cemitérios inumeráveis.
Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra promiscuidade de tantos corpos que
não se conhecem. Museus: dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres odiados
ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos pintores e escultores que se trucidam
ferozmente a golpes de cores e linhas ao longo de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o cemitério no dos dos
mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá
lá. Mas não admitimos passear diariamente pelos museus nossas tristezas, nossa frágil coragem,
nossa mórbida inquietude. Por que devemos nos envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do artista que se empenhou
em infringir as insuperáveis barreiras erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu
sonho?... Admirar um quadro antigo equivalente a verter a nossa sensibilidade numa urna
funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos arremessos de criação e de ação.
Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa eterna e inútil admiração do
passado, da qual saís fatalmente exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus, das bibliotecas e das
academias (cemitérios de esforços vãos, calvários de sonhos crucificados, registros de lances
truncados!...) é, para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais para certos
jovens embriagados por seu os prisioneiros, vá lá: o admirável passado é talvez um bálsamo para
tantos os seus males, já que para eles o futuro está barrado... Mas nós não queremos saber dele,
do passado, nós, jovens e fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos carbonizados! Ei-los!... Aqui!...
Ponham fogo nas estantes das bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os
museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e descoradas sobre as águas, as velhas
telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os machados, os martelos e destruam sem piedade as
cidades veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos um decênio mais jovens
e válidos que nós jogarão no cesto de papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que
queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte, dançando à cadência alada dos
seus primeiros cantos, estendendo os dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às
portas das academias, o bom cheiro das nossas mentes em putrefação, já prometidas às
catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - uma noite de inverno - em campo
aberto, sob um triste galpão tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos
nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo mesquinho proporcionado pelos
nossos livros de hoje flamejando sob o vôo das nossas imagens. Eles se amotinarão à nossa volta,
ofegantes de angústia e despeito, e todos, exasperados pela nossa soberba, inestancável audácia,
se precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio tanto mais mais implacável quanto seus
corações estiverem ébrios de amor e admiração por nós. A forte e sã Injustiça explodirá radiosa
em seus olhos - A arte, de fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já esbanjado tesouros, mil tesouros
de força, de amor, de audácia, de astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente,
sem calcular, sem jamais hesitar, sem jamais repousar, até perder o fôlego... Olhai para nós!
Ainda não estamos exaustos! Nossos corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão
nutridos de fogo, de ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos recordais
sequer de ter vivido! Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio
às estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já entendemos!... Nossa bela
e mendaz inteligência nos afirma que somos o resultado e o prolongamento dos nossos
ancestrais. - Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não queremos entender!... Ai de quem nos
repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas."
PINTURA METAFÍSICA
A pintura deve criar um impressão de mistério, através de associações pouco comuns de
objetos totalmente imprevistos, em arcadas e arquiteturas puras, idealizadas, muitas vezes com a
inclusão de estátuas, manequins, frutas, legumes, numa transfiguração toda especial, em curiosas
perspectivas divergentes. A pintura metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras
sedutoras e cores ricas e profundas, de plástica despojada e escultural. Tem inspiração na
Metafísica, ciência que estuda tudo quanto se manifesta de maneira sobrenatural.
Principais Artistas:
GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na Grécia, principal
representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui um caso singular: poucas vezes
um artista alcançou tão rapidamente a fama para em seguida renegar o estilo que o celebrizara e
cair em um esquecimento quase absoluto.
As suas obras retratam cenários arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos,
onde colocava objetos heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente, perpassado
de inquietações metafísicas. Também usada nas suas obras manequins, nus ou vestidos à moda
clássica, enigmáticos e sem rosto, que pareciam simbolizar a estranheza do ser humano diante do
seu meio ambiente.
GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas naturezas-mortas, em que
buscava a unidade das coisas do universo. Conferiu imobilidade e transparência de formas,
recorte intimista e atmosfera de luz cinza-clara às naturezas-mortas que pintou usando como
modelos frascos, garrafas, caixas e lâmpadas velhas.
DADAÍSMO
Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido
em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um
movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades,
exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento dos seus próprios países na guerra.
Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade
da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A
palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário
alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau".
Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da
irracionalidade da guerra.
Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado
do automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total
da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente ,
firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.
Principais artistas:
MARCEL DUCHAMP (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para
movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a
sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento
do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após
leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois
fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte
tradicional), inventou mecanismos ópticos.
FRANÇOIS PICABIA (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os
principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo.
Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada.
Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são
exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e
cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos
engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração
pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de
formas lineares e transparentes.
MAX ERNEST (1891-1976), pintor alemão, Adepto do irracional e do onírico e do inconsciente,
esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No
Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla
identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o
frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a
madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o
aspecto da superfície posta debaixo dele.
ABSTRACIONISMO
A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e
os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a
significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os
últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível, ela passa a ser abstrata.
O Abstracionismo apresenta várias fases, desde a mais sensível até a intelectualidade máxima.
Principais Artistas:
WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do abstracionismo participou de vários
movimentos artísticos como impressionismo, atravessou uma curta fase fauve e expressionismo.
Escreveu livros, como em 1911, Sobre o espiritual na arte, em que procurou apontar
correspondências simbólicas entre os impulsos interiores e a linguagem das formas e cores, e em
1926, Do ponto e da linha até a superfície, explicação mais técnica da construção e inventividade
da sua arte. Dezenas de suas obras foram confiscadas pelos nazistas e várias delas expostas na
mostra de "Arte Degenerada".
FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte dos povos primitivos, das
crianças e dos doentes mentais, o pintor alemão Marc escolheu como temas favoritos os estudos
sobre animais, conheceu Kandinski, sob a influência deste, convenceu-se de que a essência dos
seres se revela na abstração. A admiração pelos futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à
obra de Marc, que passou a empregar formas e massas de cores brilhantes próprias da pintura
cubista.
Os nazistas destruíram várias de suas obras. As que restaram estão conservadas no Museu de
Belas-Artes de Liège, no Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im Lembachhaus, em
Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis, e no Guggenheim Museum, em Nova York.
Suprematismo, é uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem qualquer
preocupação de representação. Os elementos principais são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz.
O manifesto do Suprematismo, assinado por Malevitch e
Maiakovski, poeta russo, foi um dos principais integrantes do movimento futurista em seu país,
defendia a supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto.
Mais racional que as obras abstratas de Kandisky e Paul Klee, reduz as formas, à pureza
geométrica do quadrado.
Suas características são rígidas e se baseiam nas relações formais e perceptivas entre a forma e a
cor. Pesquisa os efeitos perceptivos do quadrado negro sobre o campo branco, nas variações
ambíguas de fundo e forma.
Principal Artista:
KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo, Pintor russo. Fundador da corrente
suprematista, que levou o abstracionismo geométrico à simplicidade extrema. foi o primeiro
artista a usar elementos geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar composições puras e
cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro sobre fundo branco" constituiu uma
ruptura radical com a arte da época. Pintado entre 1913 e 1915, compõe-se apenas de dois
quadrados, um dentro do outro, com os lados paralelos aos da tela. A problemática dessa
composição seria novamente abordada no "Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no
Museu de Arte Moderna de Nova York.
Action Painting ou pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de 1947 a 1950
faz parte da Arte Abstrata Americana. Em 1937, fundou-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos
Artistas Abstratos. O abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas, chegando à criação de
um estilo original.
Características da Pintura:
· Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
· Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo.
· Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis, trincha, espátulas, etc.
· Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando tinta à óleo, pasta
espessa de areia, vidro moído.
Principal Artista:
JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova modalidade na técnica,
gotejando (dripping) as tintas que escorrem de recipientes furados intencionalmente, numa
execução veloz, com gestos bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a superfície
escolhida com resultados extraordinários e fantásticos, algumas vezes realizada diante do público.
Desenvolveu pesquisas sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o artista usou
materiais como pregos, conchas e pedaços de tela, misturavam-se às camadas de tinta para dar
relevo à textura. Usou freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na pintura de
automóveis.
ABSTRAÇÃO NO BRASIL – A abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O
curso de ABSTRAÇÃO NO BRASIL – A abstração gravação de Iberê Camargo (1914-1994) forma
uma geração de gravuristas abstratos, na qual se destacam Antoni Babinski (1931-), Maria
Bonomi (1935-) e Mário Gruber (1927-). Outros impulsos vêm da fundação dos museus de Arte
Moderna de São Paulo (1948) e do Rio de Janeiro (1949) e da criação da Bienal Internacional de
São Paulo (1951). Entre os pioneiros da abstração no Brasil, destacam-se Antônio Bandeira
(1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila Branningan (1914-). Posteriormente, artistas como
Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe (1924-1997), Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery
(1912-), além de Iberê, praticam a abstração informal. A abstração geométrica, que se manifesta
no concretismo e no neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake
(1913-), Fayga Ostrower (1920-), Arcângelo Ianelli (1922-) e Samson Flexor (1907-1971).
SURREALISMO
Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas
políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura
européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem
movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do
subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio
De Chirico.
Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem
o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real
para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se
expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o
controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924,
marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos
sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística.
Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e
encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas
totalmente isentas de contradições.
A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana,
transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por
meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse
nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou
figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.
O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas
propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que
viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam,
dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A
fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e
nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.
Principais artistas
SALVADOR DALI - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em
Barcelona e depois
em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e
Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de
Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta.
Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de
grande importância ao longo de toda a sua
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com
Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O
Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ para
referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é
preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para
a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse
viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde
publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu
definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard.
Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura
ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.
Obra Destacada: Mae West.
JOAN MIRÓ - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912
entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e
fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus
amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris
(embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre
os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra
fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande
precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo
do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século
XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e
formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma
amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou
suas inquietações pictóricas. Obra Destacada: Noitada Esnobe da Princesa.
COBRA
Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo
artístico europeu que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo
figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel Appel e Pierre Alechinski. Assim
como as obras de Jackson Pollock essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e
texturas.
Principais Artistas:
PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do grupo Cobra,
marcou sua obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em
1965.
ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas e formas
distorcidas. Sofreu influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.
KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida, caracterizada pela
figuração rude e simplificada. Realizou também esculturas em madeira e metal.
POP ART
Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela
primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura
popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.
Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da
década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da
propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.
Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa
influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa,
em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda
guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da
publicidade.
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo,
ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam,
usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais,
usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas,
brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande,
transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se
apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio
aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol,
um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou
moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o
contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era
considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se
utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
Principais Artistas:
ROBERT RAUSCHENBERG (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas
com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas",
com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados.
Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas
a grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta.
Esses trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura
popular.
ROY LICHTENSTEIN (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema
artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960
para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em
quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos
gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das
historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para
o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas
artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens
frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte
comercial e abstração.
ANDY WARHOL (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art,
Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho
manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e
Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias,
apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de
serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como
garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma
revista mensal
OP ART
A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte
"menos expressão e mais visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um
mundo precário e instável, que se modifica a cada instante.
Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um
desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art;
em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que
das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da
ciência e da tecnologia.
Principais artistas:
ALEXANDER CALDER (1898-1976) - Criou os móbiles associando os retângulos coloridos das
telas de Mondrian à idéia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos manualmente
pelo observador. Mas, depois de 1932, ele verificou que se mantivesse as formas suspensas, elas
se movimentariam pela simples ação das correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples,
sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso muito bem
estudado para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.
VICTOR VASSARELY - criou a plástica cinética que se funda em pesquisas e experiências dos
fenômenos de percepção ótica. As suas composições se constituem de diferentes figuras
geométricas, em preto e branco ou coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo que
através de constantes excitações ou acomodações retinianas provocam sensações de velocidade e
sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o contemplador mude de posição. O
geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos, mesmo quando em
preto e branco, parece obedecer a duas finalidades. Sugerir facilidades de racionalização para a
produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir
a participação ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como
"obra aberta".
GRAFFITI
Definido por Norman Mailler como" uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial"
e, por outros, como "violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples", o
Graffiti saiu do seu gueto - o metrô - e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em
coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.
A primeira grande exposição de Graffiti foi realizada em 1975 no "Artist's Space", de Nova York,
com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra "New York/New
Wave" organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda
de Nova York.
Características gerais:
* Spray art - pixação de signos, palavras ou frases de humor rápido, existe a valorização do
desenho.
* Stencil art - o grafiteiro utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de
spray, só deixa passar a tinta pelos orifícios determinados, valoriza-se a cor.
Principal artista:
JEAN MICHEL BASQUIAT - (1960-1988), nascido no Haiti, iniciou sua carreira grafitando as
paredes e muros de Nova York. Seus grafites mostravam símbolos de variadas culturas, de obras
famosas, e principalmente ícones da cultura e consumo americanos, principalmente no contexto
político e social. As temáticas do seu trabalho refletem suas preocupações, como o genocídio, a
opressão e o racismo. Com 21 anos participou da sua primeira coletiva em Nova York. Foi
patrocinado por Andy Warhol (Pop Art), a partir daí virou celebridade. Morreu prematuramente em
virtude de depressão e drogas.
No Brasil, destacam-se os artistas: ALEX VALAURI, WALDEMAR ZAIDLER E CARLOS
MATUCK.
INTERFERÊNCIA
Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de
memoráveis imagens visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-
sóis, embrulhos em locais públicos.
Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente, Guarda-sóis
colocados em um vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag ( Parlamento Germânico em
1988 - Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas semanas.
INSTALAÇÃO
São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o espaço
arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.
Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto Evangelista.
ARTE NAÏF
É a arte da espontaniedade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem
orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Claro que, como
numa arte mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros nem tanto.
Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação
sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem
nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular.
Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do doente
mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.
Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito
embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na
iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de
santos. Não se trata, portanto, de uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência
cultural.
O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos
corretos das figuras que representa.
Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.
Principal Artista:
HENRI ROUSSEAU (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma formação
em pintura. Em sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar regras elementares de
desenho, composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo arbitrário. Estreou com uma
original obra-prima, "Um dia de carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens
de selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos
primeiros anos do século XX, após despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire,
Pablo Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho foi reconhecido em
Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.
A Fundação Bienal de São Paulo foi criada em 1962, mas suas origens remontam aos anos 40,
ao processo de modernização da sociedade brasileira e, em particular, à criação das bases
institucionais e culturais que levaram São Paulo a ingressar, definitivamente, no circuito
internacional das artes do século XX.
Até a década de 40, o investimento do Governo na produção cultural e artística modernas se
restringia ao Rio de Janeiro, capital do país. No restante do Brasil, não havia programas culturais
de maior amplitude que levassem a marca do Estado.
Ao contrário do Rio de Janeiro, em São Paulo a produção artística esteve historicamente ligada
à iniciativa privada e de uma forma bastante peculiar, já que não havia grandes investimentos
com bases empresariais. Homens ricos da elite tradicional limitavam-se a fazer pequenas doações
de partes de heranças, acudiam aos artistas com aquisições de peças ou quadros, intermediavam
relações e contatos com políticos.
Nos anos 40, um grupo remanescente do movimento pioneiro da Semana de Arte Moderna,
ampliado por representantes da elite paulista, por novos artistas e intelectuais recrutados na
recém-criada Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, procurava fundar associações
e clubes com o intuito de divulgar a arte moderna brasileira e internacional. No entanto, com a
guerra mundial em curso, tornava-se difícil um contato mais estreito com a Europa, que fora a
principal fonte de inspiração e de formação dos artistas modernos e da elite paulista durante os
primeiros 20 anos do século passado. Assim, o Brasil assistia a um processo de substituição das
referências do modelo europeu para o modelo norte-americano, com a implementação da
chamada "Política de Boa Vizinhança", que teve como coordenador o milionário norte-americano
Nelson Rockefeller, dono da Standard Oil e presidente do Museum of Modern Art (MoMA). Nesse
contexto, a discussão sobre uma instituição voltada para a preservação e divulgação da arte
moderna começou a tomar corpo, inspirada em instituições norte-americanas.
Quando a guerra acabou, o Brasil dispunha de divisas acumuladas para investimentos nos
diversos setores da economia e da cultura. O intercâmbio internacional também era favorável, já
que os países europeus, em reconstrução, colocavam sua produção artística no mercado a preços
baixos. Com esse ambiente propício, só faltava quem investisse recursos para dar continuidade ao
processo de institucionalização da cultura.
Os dois grandes museus, Museu de Arte de São Paulo (MASP) e Museu de Arte Moderna
(MAM), fundados no final dos anos 40, resultaram da iniciativa dos setores emergentes da
sociedade paulista, que desejavam se colocar como representantes de um projeto modernizador
compatível com a construção de seus parques industriais.
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) foi criado, em 1947, por Assis Chateaubriand, jornalista
paraibano e proprietário da primeira grande rede de comunicações do Brasil. Para construção do
acervo do Museu, associou-se ao galerista italiano Pietro Maria Bardi, que deu à Instituição um
caráter bastante dinâmico. Desenvolveu atividades didáticas nas áreas de história da arte,
publicidade, design e construiu um dos mais importantes acervos de artes plásticas da América
Latina. A formação do acervo do MASP, no entanto, não foi feita por meio de critérios críticos e
técnicos de organização e sim pela oportunidade da hora e esteve sempre bastante centralizada
na figura do "mecenas" e de seu principal colaborador.
Ao contrário do MASP, o Museu de Arte Moderna (MAM), criado em 1948 pelo industrial
Francisco Matarazzo Sobrinho, contou desde o início com a participação de representantes de
todas as áreas das artes e da cultura, que traçaram o perfil e a política de aquisição e de
formação do seu acervo. Ciccillo Matarazzo financiou de seu próprio bolso a compra das obras
para a coleção do Museu e fomentou seu posterior crescimento com o "Prêmio Aquisição"
promovido pelas futuras bienais. Os estatutos do Museu previam a criação de comissões de
cinema, arquitetura, folclore, fotografia, gráfica, música, pintura e escultura. Sua sede foi
instalada numa sala do edifício dos Diários Associados, na rua 7 de Abril, cedida por Assis
Chateaubriand.
Em 8 de março de 1949, o Museu de Arte Moderna de São Paulo foi inaugurado com a célebre
exposição Do Figurativismo ao Abstracionismo, que reuniu 51 artistas, entre os quais três
brasileiros: Cícero Dias, Waldemar Cordeiro e Samson Flexor.
Logo após a inauguração do MAM, Ciccillo Matarazzo propôs a realização de uma grande
mostra internacional inspirada na Bienal de Veneza, enfrentando a resistência de alguns membros
da Diretoria que achavam prematura uma aventura de tais proporções. Assim mesmo, Ciccillo
definiu o ano de 1951 para a realização do evento e o montante de recursos destinado à
premiação.
A maior dificuldade para realização da mostra foi convencer os artistas dos países estrangeiros
- principalmente os europeus - a participar da aventura de mandar obras de arte para um país
que não tinha presença política nem cultural no cenário mundial. Ciccillo percebeu que somente
por meio de correspondência e convites a mostra seria um fracasso. Solicitou, então, a Yolanda
Penteado, sua esposa, que fosse pessoalmente à Europa fazer os convites a artistas e
representações estrangeiras para participarem do evento. Como embaixatriz da primeira Bienal,
Yolanda superou todos os desafios com competência e absoluto sucesso.
Como local para abrigar a I Bienal, a equipe do MAM obteve da Prefeitura de São Paulo a
cessão do espaço hoje ocupado pelo MASP - a esplanada do Trianon -, onde havia um antigo
salão de baile. Sobre a estrutura do salão, os arquitetos Luís Saia e Eduardo Kneese de Mello
projetaram um polígono de madeira que, construído, garantiu uma área de exposição de 5.000
m2. A I Bienal foi inaugurada em 20 de outubro de 1951. O Pavilhão adaptado recebeu 1.854
obras representando 23 países.
O êxito da I Bienal, apesar de toda improvisação, mostrou a capacidade de realização de
Ciccillo e da equipe do MAM. Ainda sob o impacto do sucesso, já se programava a II Bienal, que
viria a acontecer no final de 1953, abrindo as comemorações do IV Centenário da Cidade de São
Paulo, sob o comando de Ciccillo Matarazzo como presidente da Comissão organizadora dos
festejos. O local escolhido foi a área do Ibirapuera, na época uma várzea distante e sem nenhuma
infra-estrutura urbana.
Oscar Niemeyer foi convidado a projetar o conjunto de edificações. Considerando suas
dimensões, o Parque, seus edifícios e os jardins de Burle Marx foram construídos em tempo
recorde. Dos sete prédios - entre pavilhões e centros de cultura propostos - foram edificados o
Pavilhão das Indústrias, o Pavilhão dos Estados e o Pavilhão das Nações, ligados por uma
elegante marquise. Eram integrados também ao espaço do Parque o Pavilhão da Agricultura (hoje
o Detran) e o Ginásio de Esportes, este último projeto de Ícaro de Castro Mello.
Considerada uma das mais importantes Bienais, esta 2ª edição reuniu obras dos mais
importantes artistas modernos e, como destaque maior, 51 telas de todas as fases Picasso, entre
as quais Guernica, que, por vontade do pintor, tinha o MoMA como depositário enquanto a
Espanha estivesse sob a ditadura franquista. Até então, a grande tela nunca havia deixado Nova
York.
Em novembro de 1953, a II Bienal começou a ser montada ocupando o Pavilhão das Nações,
onde ficaram expostas as representações dos países da Europa e do Oriente, e o Pavilhão dos
Estados que recebeu as representações das Américas, do Brasil e a Mostra Internacional de
Arquitetura. Eram, no conjunto, 24.000 m2 de exposição. Em 12 de dezembro a mostra foi
inaugurada com a representação de 33 países e 3.374 obras.
Em 1957, A IV Bienal de São Paulo passou a ocupar definitivamente sua atual sede no Parque
Ibirapuera, o Pavilhão Ciccillo Matarazzo.
Com o êxito da II Bienal, iniciava-se um período da história do Brasil em que se
institucionalizavam, cada vez mais, os eventos culturais que estavam imbricados com a
modernização do Estado brasileiro.
No entanto, o crescimento e o prestígio das bienais realizadas durante o período do governo
Kubitschek começaram a pôr em xeque o papel do MAM como promotor das mostras. As bienais
consumiam a maior parte dos esforços e das verbas arrecadadas pelo Museu, transformando-o
quase que exclusivamente num escritório para sua operacionalização. Ciccillo Matarazzo resolveu,
então, que era o momento de separar o MAM da Bienal, dando independência financeira e
decisória a esta última.
Em 1958, o MAM já havia mudado definitivamente para o Parque Ibirapuera. No momento da
mudança, ocupando espaço improvisado no segundo andar do Pavilhão Armando Arruda Pereira,
atual Pavilhão Ciccillo Matarazzo, constatou-se a dificuldade quanto à organização museológica do
acervo. Além da necessidade de uma reserva técnica e do correto acondicionamento das obras,
havia o problema de se distinguir o que pertencia ao MAM, o que era de fato doação de Ciccillo e
de Yolanda Penteado, e o que não havia sido doado e estava apenas depositado no Museu.
A forma de gerir o Museu e a vinculação do caixa da Instituição com o bolso de seu presidente
resultaram numa reforma dos estatutos do MAM, em 1959. Ciccillo já preparava o caminho para
separar as bienais do MAM, apesar da forte oposição dos meios intelectuais e dos artistas à
extinção do Museu. Mário Pedrosa, seu diretor artístico na ocasião, fez várias tentativas junto a
Ciccillo que, no entanto, resultaram infrutíferas. Em 8 de maio de 1962, já estava criada a
Fundação Bienal de São Paulo, uma instituição privada sem fins lucrativos. Em janeiro de 1963, o
MAM é extinto e seu patrimônio transferido para a Universidade de São Paulo.
Com mais de 70 anos de idade, Ciccillo começava a preparar sua sucessão. Em 1975, depois
da realização da XIII Bienal, afasta-se definitivamente da diretoria da Fundação Bienal e, dois
anos depois, em 16 de abril de 1977, falece deixando a Bienal como sua mais importante
realização.
A 14ª edição da Bienal, em 1977, é o primeiro evento realizado sob o comando de um novo
presidente, Oscar Landmann, sucessor de Ciccillo Matarazzo. As edições seguintes tiveram como
presidentes:
15ª Bienal (1979) : Luiz Fernando Rodrigues Alves
16ª (1981) e 17º Bienal (1983): Luiz Diederichsen Villares
18ª Bienal (1985): Roberto Muylaert
19ª Bienal (1987): Jorge Wilheim
20ª Bienal (1989): Alex Periscinoto
21ª Bienal (1991): Jorge Eduardo Stockler
22ª(1994) e 23ª Bienal (1996): Edemar Cid Ferreira
24ª Bienal (1998): Julio Landmann
25ª Bienal (2002): Carlos Bratke
São 50 anos de atividades, 25 edições com a participação de 148 países, 10.660 artistas e
cerca de 56.932 obras, num espaço que permitiu a estimulante convivência das artes plásticas,
das artes cênicas, das artes gráficas, do design, da música, do cinema, da arquitetura e de muitas
outras formas de expressão artística.
Único evento brasileiro assinalado no calendário internacional da arte e da arquitetura, há
meio século a Bienal de São Paulo vem projetando o Brasil no cenário mundial, sendo
considerada, junto com a Bienal de Veneza, o mais importante evento do gênero entre os mais de
cinqüenta existentes no mundo.
Texto de Rosa Artigas extraído do Livro Bienal 50 Anos, São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo,
2001
26ª Bienal de São Paulo - 2004
Com uma expectativa de público de mais de um milhão de pessoas durante os 86 dias em que
ficará aberta para visitação, a 26ª Bienal de São Paulo começou com a proposta de popularizar a
produção artística contemporânea com abordagem didática e entrada gratuita.
Sob a curadoria do alemão Alfons Hug, o maior evento de artes plásticas do país que nesta
edição tem como tema "Território Livre" vai reunir trabalhos de 135 artistas, de 62 países, nos
cerca de 30 mil metros quadrados do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, até o dia 19 de
dezembro.
"A compreensão da arte contemporânea é como o aprendizado de um idioma: tem vários
graus de aproximação e de domínio (...). A arte contemporânea pode ser difícil, mas ela não é
elitista. (...) Temos que acabar com esse preconceito de que a arte contemporânea seja uma coisa
inalcançável", ponderou hoje o curador durante uma entrevista coletiva. Na última Bienal de São
Paulo, em 2002, 670 mil pessoas visitaram a exposição.
Para tentar diminuir o abismo que separa o público comum de pinturas, esculturas e
instalações muitas vezes de difícil interpretação, a organização da Bienal treinou 400 monitores
para orientar os visitantes durante a mostra. A equipe foi selecionada e preparada por meio de
uma parceria entre a Faap (Fundação Armando Álvarez Penteado) e o Centro de Estudos e
Memória da Juventude.
Além de tentar democratizar o acesso do público à arte, a entrada franca também é apontada
pela organização do evento como uma possibilidade de as pessoas conhecerem a Bienal em mais
de um dia. "É impossível digerir todo o volume visual e plástico da Bienal em apenas um dia",
disse Hug.
Dividida em 55 representações nacionais, e com 80 artistas convidados e oito salas especiais,
a Bienal 2004 reassume seu papel de descoberta de nomes e de traçar um painel da produção
contemporânea, não só das cenas européia e norte-americana, mas incluindo também países da
África, Ásia e América Latina.
A exemplo do que aconteceu em 2002, esta edição não teve núcleos históricos, com obras de
nomes consagrados das artes plásticas mundiais, o que se tornava um chamariz para o cidadão
comum conhecer a Bienal. A exposição "Picasso na Oca", por exemplo, a maior do artista espanhol
na América Latina, atraiu neste ano mais de 900 mil pessoas em pouco mais de cinco meses. Para
Alfons Hug, o "núcleo histórico não faz falta". "Talvez o núcleo histórico fizesse sentido quando os
museus brasileiros e as instituições culturais em São Paulo e no Brasil não estavam em condições
de apresentar este tipo de mostra."
"Até a década de 90, a Bienal e os poucos museus que existiam em São Paulo apresentavam os
clássicos (...). Da década de 90 para cá, o Brasil evoluiu bastante em termos de espaços culturais
e em termos de museus. A partir daí, a Bienal entendeu que cabe a ela um papel muito mais
objetivo no sentido da busca do artista novo, do artista contemporâneo, numa tentativa
extremamente saudável de descobrirmos o Portinari e o Picasso de amanhã", concordou Manoel
Francisco Pires da Costa, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.
Mesmo assim, a mostra terá uma sala especial dedicada ao centenário de Cândido Portinari,
com a projeção das obras do pintor paulista, além da exibição de 28 telas no espaço cultural da
Bolsa de Mercadorias e Futuros, sob a curadoria de João Cândido Portinari, filho do artista.
"Esta é uma forma que nós encontramos de homenagear artistas do núcleo histórico, mas eu
não vejo em absoluto nenhuma preocupação em termos de público. O importante é uma definição
política do papel da Bienal na história das artes no Brasil", explicou Pires da Costa.
Buscando a unidade temática da mostra, apesar da diversidade cultural e estética obtida com
uma seleção de trabalhos deste porte, a curadoria decidiu mesclar os artistas convidados e os
representantes de cada país, diferentemente dos "guetos" criados por separações artificiais feitas
no passado.
No colorido mosaico mundial criado na Bienal, o Brasil dá sua contribuição com uma instalação
de Ivens Machado escolhido para representar o país, sob a curadoria de Nelson Aguilar, que
sobrepõe centenas de estacas de madeira formando um contorno sinuoso com aberturas internas
que desafiam a gravidade.
Entre os 80 artistas convidados, outros 18 brasileiros mostram seus trabalhos na Bienal, sendo
um terço de São Paulo, um terço do Rio de Janeiro e um terço do restante do país. Segundo a
avaliação do curador, a divisão representa o estado atual da produção artística no Brasil.
Bienal Mercosul
A Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição de direito privado, sem fins
lucrativos, dedicada à preparação e à realização das mostras e dos eventos que constituem as
Bienais do Mercosul.
A Bienal do Mercosul demonstra a sua maturidade e se consolida no rol das maiores produções
mundiais de difusão e de integração culturais, projetando o Brasil no concerto das nações que
cultivam, estimulam e compartilham as artes visuais como expressão de valor dos povos. A edição
de 2003 recebeu 1.065.234 visitantes, com 199.488 estudantes agendados por intermédio da Ação
Educativa.
A arte no aprendizado
A Bienal de Artes do Mercosul tem como uma de suas principais metas trabalhar o evento junto
ao grande público, principalmente o escolar de todos os níveis. Para isto, a cada edição a Bienal
tem buscado aperfeiçoar e incrementar o seu trabalho pedagógico. Baseada em conceitos hoje
dominantes em muitos países como "cidade educadora", que remete a uma pedagogia urbana
voltada ao cotidiano, a história e aos espaços de uma cidade, a Bienal de Artes Visuais do
Mercosul desenvolve uma proposta de trabalho onde repassar o conhecimento é a chave para
ingressar no universo da arte.
Assim, o trabalho começa na base, formando grupo de monitores - na edição de 2003
preparados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - que recebem durante seis meses
enbasamento teórico para recepcionar e orientar visitantes durante a Bienal Mercosul.
Em outra ponta, a instituição trabalha um diálogo com as redes de ensino particular, do Estado
e da cidade de Porto Alegre. São reuniões com diretores, coordenadores culturais, supervisores e
outros explicando o evento, suas conotações e sua importância no contexto das mostras de arte
contemporâneas mundiais.
Desta maneira tem-se início o trabalho que passa também pela capacitação de professores.
Estes recebem material instrucional como lâminas, sugestões didáticas e referências bibliográficas
sobre artistas, técnicas, etc. Ao mesmo tempo são promovidas oficinas para capacitar estes
professores a atuar em aula. Com este processo acaba-se estabelecendo um programa de
capacitação permanente e multiplicador, pois aquele professor, inicialmente preparado, repassará
o conhecimento adquirido dentro da sua instituição de ensino, da sua comunidade e na sua
região. Com este processo desenvolvido a Bienal Mercosul acredita estar estimulando estes
agentes culturais a criar projetos novos com relação ao evento. Toda esta trajetória tem seu êxito
total na possibilidade deste professor e seus alunos vivenciarem in loco a realidade da arte
contemporânea durante os dois meses em que a bienal encontra-se aberta ao público.
Arte Chinesa e Japonesa
A arte do Extremo Oriente, rica e variada em suas manifestações, revela, na China e no Japão,
estreito relacionamento com a religião, sendo ao mesmo tempo eco das numerosas dinastias
chinesas e dos guardiães da cultura (bonzos) japoneses. O vínculo permanente entre ambos os
países determinou a influência do primeiro sobre o segundo, desde os séculos V e VI até o XIX, em
todas as disciplinas artísticas, embora com o tempo os artistas japoneses tenham forjado sua
imagem própria, naturalista e distanciada do simbolismo chinês.
Um dos fatores que determinaram essa estreita relação cultural foi a religião, mais
precisamente o budismo. Os chineses, a princípio taoístas e confucionistas, começaram a absorver
as crenças budistas, depois da expansão do império gupta (indiano) no século IV, sendo definitiva a
instauração dessa religião durante a dinastia T'ang (século VI). O Japão recebeu o budismo das
mãos dos chineses durante o período Nara (645-784). Difundiram-se assim os primeiros templos
chineses, os pagodes, inspirados nos stupas hindus.
A escultura chinesa também adotou as ousadas e elegantes formas da Índia, que transpôs para
o Japão nas estátuas colossais de Buda. A cerâmica e a porcelana ocorreram com igual profusão
em ambas as culturas, embora os motivos tenham nascido da iconografia chinesa. Os melhores
expoentes pertencem às dinastias Ming e Ts'ing. A pintura de paisagens atingiu o auge na China a
partir do século XII, mas então o Japão desenvolveu um estilo próprio, de costumes e narrativo,
carente do lirismo e da intelectualidade dos chineses.
No geral, as construções chinesas que mais receberam atenção foram os templos, localizados
sobre um terraço com orientação específica, tendo em vista as estações do ano. O exemplo mais
interessante é o da Cidade Proibida, construída para o imperador no início do século XV. Ali se pode
observar a disposição do templo e dos diferentes palácios, com um imenso jardim central, que se
estende por pequenos pátios internos em cada um dos diferentes edifícios.
Os telhados típicos de terracota, com suas pontas para cima, além de serem uma realização
complexa, simbolizam na China a união entre o celestial e o terrestre. No Japão, persistiu-se na
tradição arquitetônica chinesa para os templos budistas, o que não ocorreu com a arquitetura
profana. Uma das construções mais típicas é o rikyu, criado por Kobori Ensnu, para a realização da
cerimônia do chá. Trata-se de uma vivenda onde o volume e a simplicidade de formas são os
personagens principais.
Os materiais utilizados são os que o entorno natural oferece, no geral madeira e argila, e em
algum casos também cobre e junco, principalmente nos telhados. Com o tempo, os rikyu passaram
a servir de modelopara habitações particulares pela capacidade de transformação do espaço que
suas leves divisórias corrediças ofereciam. Construído em meio a um jardim de plantas perenes,
pedras e água, que convidam à meditação, o rikyu continua sendo hoje em dia uma das
construções de maior influência na arquitetura contemporânea ocidental.
Os trabalhos em jade, bronze, cerâmica e porcelana de caráter suntuoso, nos quais tanto os
chineses quanto os japoneses demonstraram um refinamento singular e uma grande exigência de
qualidade, obscureceram a escultura. As jóias e os objetos decorativos em jade, pedra
extremamente difícil de se esculpir, e os espelhos decorados eram muito cobiçados pelos
aristocráticos mecenas japoneses. A porcelana faz parte da tradição: a mais representativa
continua sendo a azul cobalto e branca (Arte Ming).
A extensa história da pintura chinesa começou com um quadro sobre seda encontrado
recentemente e que pertenceu à dinastia Shou (206 a.C.). A ele seguem-se os afrescos dos tempos
da dinastia Han e mais tarde os da T'ang, muito bem-conservados e de uma elegância e
refinamento característicos das cortes imperiais. Os motivos eram tanto religiosos quanto profanos.
Existia o pequeno formato de álbuns, combinando as ilustrações com letras desenhadas. No século
XI aparecem os primeiros quadros de paisagem.
O paisagismo foi considerado na China o gênero pictórico mais relevante e atingiu o apogeu
durante a dinastia Song (IX-XIII). As paisagens ostentavam formas puras e simbólicas, as
composições eram em geral assimétricas e obtinha-se uma ilusão de perspectiva sem paralelo na
pintura universal. A partir de então, a pintura chinesa se limitou à imitação dos modelos antigos, e
surgiram a pintura sobre seda e as gravuras, que tão imitadas seriam na Europa rococó
(Chinoiserie).
A partir do século XIV, a pintura sobre seda se transformou no gênero mais valorizado, e
manifestou-se uma renovada religiosidade nos temas. Também foi o apogeu dos gêneros paisagista
e de costumes, com os conhecidos quadros da cerimônia do chá. O grande ressurgimento da
pintura não chegou senão no século XVIII, com os quadros de costumes conhecidos como ukiyo e
obras de Utamaro e Hokusai, que tanta influência exerceram sobre a pintura dos séculos XIX e XX,
principalmente a dos impressionistas e modernistas.
Quando estiver diante de uma obra de arte, pergunte-se:
Qual é o tema?
Quais são os materiais utilizados?
A obra tem título?
Quando e onde foi feita?
Qual o seu tamanho?
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?
Bibliografia:
www.historiadaarte.com.br
www.arqearte.kit.net
www.expoart.com.br/historia.asp
www.feranet21.com.br/artes
www.cen.g12.br/virtual/edartes.htm
Organizado por
Maria Teresa de Mattos Marim