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ÍNDICE

Introdução ...................................................................................................6

GRUPO A

Aconitum napellus ..................................................................................... 9


Atropa belladona.........................................................................................15
Gelsemium sempervirens............................................................................21
Matricaria chamomilla............................................................................... 26
Opium........................................................................................................ 31

GRUPO B

Antimonium tartaricum ............................................................................. 34


Bryonia alba................................................................................................41
Ipecacuanha cephaelis................................................................................ 46
Phosphorus................................................................................................. 51

GRUPO C

Arsenicum album........................................................................................60
China officinalis..........................................................................................67
Lycopodium clavatum................................................................................73
Nux vomica.................................................................................................80
Veratrum album..........................................................................................88

GRUPO D

Arnica montana...........................................................................................93
Lachesis trigonocephallus...........................................................................99
Mercurius vivus..........................................................................................107
Rhus toxicodendron....................................................................................114

GRUPO E

Calcarea carbonica......................................................................................119
Graphites.....................................................................................................126
Hepar sulphuris...........................................................................................132
Silicea..........................................................................................................137
Sulphur........................................................................................................143

GRUPO F

Pulsatilla nigricans....................................................................................... 152


Sepia officinalis........................................................................................... 161

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Introdução

O ensino e a aprendizagem da Matéria Médica Homeopática, que nós


designamos por razões que se expõem no final desta introdução com o nome de
Farmacodinâmica Homeopática, constituiu sempre um problema sério. O professor
tropeça com fortes dificuldades para conseguir que os alunos entendam primeiro e
fixem depois pelo menos o indispensável deste conhecimento básico no exercício da
Medicina Homeopática. Mesmo a natureza dos temas é árida neste estudo para os que
principiam, que já para os que exercem tal aridez não existe e, pelo contrário, a
Farmacodinâmica Homeopática é, então uma variada e formosa galeria de retratos do
homem doente, pelo qual o médico homeopata baseia-se deleitando-se com a
multiplicidade infinita e colorida dos sintomas e sinais, das reacções psíquicas, dos tipos
somáticos.
Os que se iniciam no seu estudo tendem a querer memorizar todo o conteúdo das
patogenesias, coisa impossível, , e acabam por fazer muitas confusões, por ver os
medicamentos todos iguais; naturalmente desiludem-se, crêem que nunca dominam
semelhante matéria e optam por deixá-la de lado para exercer depois a base da
farmacologia galénica.
Foi a nossa convicção que esta matéria, como todas, pode e deve entender-se, e
que uma vez compreendida, se reduz a um mínimo o que há para memorizar e “se se
toma sabor”, sendo então a sua aplicação relativamente fácil e os seus resultados
apaixonantes. Como fazer então para entendê-la? Se ensinaram vários procedimentos
mais ou menos didácticos; cada estudante que se esforça criou o seu próprio método ,
cada professor tem o seu. De todos eles, não parece que os dois são os que mais
prometem e passaram a sua prova de fogo com êxito. Eles são: o que consiste em
conhecer a imagem fisiopatológica e toxicológica geral do medicamento, a que , uma
vez compreendida, facilita ela derivar os sintomas e sinais principais que produziu a
substância em cada parte do organismo, ou seja a imagem patogénica, quando se
experimentou no homem relativamente são; o método audiovisual que trata de fixar na
mente do estudante, por meio de desenhos, fotografias, diapositivos e películas
filmadas, essa imagem geral e cada um dos sintomas e sinais importantes derivados
dela. De facto, e a ele tende a Escola Nacional de Medicina e Homeopatia, ambos
métodos complementam-se.
Este livro, fundamentalmente, a directriz do primeiro método assinalado,
combinando-o, em parte, com o segundo, para o qual intercala no texto algumas
ilustrações que afectam duas formas: desenhos para aclarar tal e qual o sintoma e
gráficos para a melhor compreensão e o repasso, principalmente das acções
fisiopatológicas derivadas da sua toxicologia. Não será possível, nesta edição ao menos,
intercalar todos os desenhos que a cores se tinha planeado que levava o livro.
No desenvolvimento do testo, cada patogenesia expõe-se como se explica de
seguida:

1. – SINONIMIA: ou sejam outros nomes dos medicamentos, fáceis de fixar e úteis


para as prescrições.
2. - GENERALIDADES: esta parte pertence, propriamente, à farmacognósia e a

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farmacotécnica, mas o H. conselho técnico consultivo da Escola disse que sempre é útil
o aluno que estuda as Patogenesias dos medicamentos, uma breve recordação do que
estes são, o que contêm quimicamente e como se preparam.
3. – ESFERA DE ACÇÃO: brevemente expõe os sistemas, aparelhos e órgãos sobre
os
que principalmente têm acção reconhecida do medicamento. Esta circunscrição situa ao
fármaco no organismo e é já um elemento de diferenciação.
4. – ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA E ANATOMOPATOLÒGICA: apresenta as
disfunções, as lesões e as degenerações que a Farmacologia Experimental, a
Experimentação Pura, a Observação Clínica e a Observação Toxicológica puseram de
manifesto para cada medicamento, como resultado das acções das suas doses
concentradas ou massivas quem sabe mais correctamente designadas como “doses
suprafisiológicas”.
Conhecida e aprendida esta acção, é fácil deduzir dela a maior parte dos sintomas e
sinais importantes que constam nas patogenesias dos medicamentos, com o qual reduz-
se consideravelmente a memorização.
A acção fisiopatológica e anatomopatológica faz assimilável o sintoma ou o sinal,
porque o aclara e o explica.
5. – TIPO: estuda-se subdividido em: tipo físico ou morfológico e tipo neuro-
psíquico-
endócrino.
A importância do conhecimento do Tipo do medicamento assenta em que, por meio
dele, chega-se ao reconhecimento das constituições e os terrenos que tanto ajuda para a
selecção do medicamento crónico ou de acção profunda.
6. – LATERALIDADE: pode ficar compreendida na Esfera de Acção, mas parece-
nos
que separada marca melhor como uma característica da selecção e é, portanto, um bom
elemento de diferenciação.
7. – CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES: como se sabe, são aqueles que na
Experimentação Pura, foram apresentados renovadamente pela grande maioria ou a
totalidade dos sujeitos com quem se experimentou a substância, medicamento provável.
Constituem verdadeiras chaves para a selecção terapêutica e são o menos que deve
aprender o estudante. Muitas dessas características são perfeitamente explicadas pela
acção fisiopatológica.
8. – MODALIDADES: estas são variantes de agravação e melhoria. Modificações das
características que são, em si, outras características e as quais, para apresentá-las mais
didacticamente agrupamo-las como se segue:
Modalidades de tempo; Modalidades de sitio e clima; Modalidades de posição;
Modalidades fisiológicas; Modalidades sensoriais; Modalidades psíquicas e
Modalidades de trabalho e sociais. Nesta classificação seguimos o Dr. León Vannier.
9. – SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS: são os apresentados em cada
órgão, aparelho, sistema ou região. Mas somente incluímos aqueles de verdadeira
importância no medicamento que se trata e que ajudam a caracterizá-lo ainda mais,
sintomas ou sinais que são próprios e que estão em certo modo de acordo com a Esfera
de Acção e com a Acção Fisiopatológica e Anatomopatológica, podendo deduzir-se
estes se por acaso forem esquecidos.
10. – DINAMIZAÇÕES USUAIS: considera-se útil uma referência às dinamizações
por

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empregar. Como a eleição destas “potências” (termo que não aceitamos e na cátedra de
teoria da medicina homeopática damos a ele porquê)está sujeita a certos empirismos,
temos tomado as que assinalam a experiência de médicos conotados e mesmo a nossa.
11. – REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS: pequeno adiantamento da terapêutica que
não se exige aos alunos nos seus exames de Farmacodinâmica, ,mas que pode servir-
lhes posteriormente.

Os medicamentos expostos reuniram-se por grupos, sendo a razão de cada grupo


a relativa similitude de Esfera de Acção ou de Acção, o que facilita a aprendizagem,
sugere a comparação – tão útil – e faz mais fácil a formação dos grupos terapêuticos e a
consequente diferenciação do diagnóstico.
Finalmente, queremos justificar o titulo da obra: porque a denominamos
Farmacodinâmica e não Matéria Médica, como foi classicamente designada? Pensamos
que, em rigor , Matéria Médica é toda a medicina, desde as ciências básicas até à clínica
e terapêutica; é tudo o que estuda e que queira ser médico e não somente o tratado dos
medicamentos ou farmacologia que, abordado como conhecimento das patogenesias,
verdadeiros “retratos de acção”, é a não duvidar, Farmacodinâmica, palavra que
significa, segundo o Dicionário Médico: “Parte da farmacologia que estuda a acção dos
medicamentos no organismo”, ainda que literalmente queira dizer “força dos
medicamentos”. Mas, por acaso a acção não é causada pela força actuante?

O Autor

O tradutor

João Miguel Novaes

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GRUPO A

ACONITUM NAPELLUS

1. SINÓNIMOS:

Anapelo, Capucho de Monge, Casca de Júpiter, Carro de Vénus, Veneno de lobo.

2. GENERALIDADES:

Origem. O Aconitum napellus é uma planta herbácea da família das Ranunculáceas, que
habita na Europa, principalmente na região dos Alpes e dos Pirinéus; na Ásia e nos
Estados Unidos, sendo cultivado como planta ornamental em muitos jardins.
O seu nome deriva do Grego AKONE: Rocha e Nabo: Rocha, pela razão que se
desenvolve nas montanhas e elevadas e a sua raiz tem a forma de um nabo pequeno.
Princípios activos: derivam de uma base comum, a Aconina, sendo os
principais: aconitina, picro-aconitina, napelina e ácido acónito.
Preparação homeopática: prepara-se a tintura mãe com toda a planta fresca,
excepto a raiz, ao princípio a florescência, segundo a primeira regra.
As variedades que se preparam com a raiz, o Aconitum radicans e o Aconitum
ferox, são demasiado tóxicas.
Antecedentes de emprego: é antiga a aplicação do Aconitum napellus para
diversos estados febris, os quais incluíam múltiplas infecções mal conhecidas então;
também se usava frequentemente contra as dores agudas.
Alguns povos, como o s Suíços, o comem como verdura, obtendo dele uma
vigoração do coração e grande resistência muscular que lhes favorece nas ascensões e
escalonamentos a que com frequência se dedicam.

Experimentação Pura: foi experimentado homeopaticamente pelo Dr Hahnemann e a


sua patogenesia incluída na Matéria Médica Pura.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O Aconitum napellus tem uma acção selectiva sobre o sistema nervoso e cérebro-
espinal e simpático e, através destes, sobre o aparelho circulatório, as serosas, as
mucosas e os músculos.

3. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Segundo as doses, excita ou deprime o sistema nervoso. Ao excitá-lo, produz um estado


de tensão, de irritabilidade neuropsíquica geral e, por meio do sistema simpático, uma
vasodilatação seguida de congestão aguda e violenta nos capilares arteriais a que,
secundária e momentaneamente aumenta a irritabilidade dos centros cerebrais e
medulares. Como consequência desta congestão capilar arterial aguda generalizada,
produzem-se hiperemias passageiras de diversas partes, mas especialmente do cérebro,
bulbo, medula espinal, membranas serosas, mucosas, músculos e articulações. A
congestão cerebral exalta a sensibilidade especial ou seja o sensorial, produzindo
excitabilidade da vista, ouvido, olfacto, gosto e tacto; causa angústia, ansiedade, medo e
vertigens. Além disso, ao excitar pela sua presença tóxica ao hipotálamo, à parte de

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congestioná-lo, desajusta o “termostato-hipotalâmico”, o que dá lugar à produção de
respostas neuro-vegetativas, principalmente simpáticas, tais como vasoconstrição
periférica, supressão do suor, aumento do metabolismo celular e produção de calafrios,
todo o qual eleva a quantidade de calor no corpo, produzindo a febre. A acção posterior
do Aconitum napellus, produzida provavelmente por menores concentrações, causará o
inverso, por estimulo no ajuste hipotalâmico diferente ao anterior, vasodilatação,
sudurese, baixo metabolismo celular e relaxação muscular, ou seja uma “crise de
defervescência “; daí a sua acção febrígena primeiro e febrífuga depois, e a observação
clássica da clínica terapêutica que categoricamente diz: “ tão logo como aparece o suor,
num sujeito de Aconitum napellus cessa a acção deste e tem que se retirá-lo “.
a congestão bulbar, causa exaltação da respiração e da circulação; contribui à
sensação de vertigem e exalta a sensibilidade geral da face, trigémeo, auditivo e
glosofaringeo, especialmente para a dor.
A congestão medular, exalta os reflexos, produz tremores, formigueiros,
adormecimentos (acroparastesias) e espasmos; aumenta consideravelmente a
sensibilidade geral dos territórios que dependem dos nervos raquidianos.
A congestão do simpático, estimula a actividade circulatória, traduzindo-se isto
pelo incremento da frequência e amplitude dos batimentos (taquicardia) e do pulso
(taquiesfigmia), a dureza deste, o aumento da tensão arterial e a presença de febre súbita
e violenta pelos mecanismos indicados antes.
A congestão das mucosas, produz hipersecreção das mesmas, precedidas de
uma fase de secura sobretudo das mucosas respiratória e digestiva. A das serosas
manifesta-se por sensação de tensão e de dor e assim mesmo a dos músculos.
Aconitum napellus produz no sistema nervoso paresias e paralisias,
apresentando-se primeiro a paralisia sensitiva e depois a motora, pelo quem há primeiro
embotamento da sensibilidade, exaltada na fase de irritação, e depois paralisias diversas,
mas sobretudo do coração que se detém em diástole.
Tem também este medicamento, ainda que em menor proporção, acção sobre o
parasimpático, pneumogástrico ou vago, nele que produz, ao aparecer em qualquer dose
ponderável, instabilidade, a que se traduz por paresias, paralisias ou exaltações do
aparelho digestivo e respiratório; esta instabilidade do parasimpático facilita ainda mais
o predomínio do simpático.
Tudo isto justifica-se o que se expressou dizendo: “ pensar em Aconitum
napellus equivale a pensar na congestão capilar arterial como fenómeno fundamental “;
que “ tensão arterial é Aconitum napellus “ e que as acções de Aconitum napellus são
violentas mas fugazes, sendo por ele “ medicamento de duração de acção terapêutica
limitada, passageira “, havendo, naturalmente excepções.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Geralmente pessoa jovem, vigorosa, pletórica, mas mais bem delgada; de cabelos
castanhos escuros ou negros, tez rosada, musculatura rígida.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:
Sujeito simpático-tónico por excelência; vago instável; hiper-cérebro-bulbo-medular;
hiper-suprarenal, propenso a dar “ reacção de alarme “excessiva durante a agressão
externa, com grande descarga adrenalínica (stress), que podem chegar a produzir o
pânico.

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O doente em quem o Aconitum napellus está indicado mostra angústia e
ansiedade, temor constante sem motivo (tal como Gelsemium sempervirens) que faz a
sua vida miserável. Este temor principalmente afecta as formas de medo de morrer. Está
seguro de que vai morrer pela doença que padece e prevê o dia e a hora da sua morte;
medo de multidões, a atravessar uma rua, ao porvir.
A música causa-lhe tristeza. As mais pequenas dores são exageradas, fazendo-se
insuportável (tal como Chamomilla e Coffea cruda) e vão sempre acompanhados de
ansiedade e inquietude (tal como Arsenicum album), a inquietude é excessiva (tal como
Arsenicum album e Argentum nitricum e Rhus toxicodendron).
O temor constante sem motivo forma, com Gelsemium sempervirens, valioso
par de medicamentos que, por nemotecnia, são conhecidos como “ os grandes medrosos
da Matéria Médica “.
Percebe-se no sujeito tipo Aconitum napellus, marcado suprarrenalismo, ao grau
de que Tetau não oscila em qualificá-lo como um “ hiper-suprarrenálico “. por este
excesso de função das glândulas supra-renais, o sujeito de Aconitum napellus é
propenso a dar “reacção de alarme“ excessiva durante a agressão externa, com grande
descarga adrenalínica, segundo a teoria do stress que pode chegar a produzir pânico.

6. LATERALIDADE: preferentemente esquerda.

O sujeito de Aconitum napellus

Apresenta por exposição ao vento frio e seco:

1. Agravação do quadro;
2. Nevralgia facial ou do trigémeo;
3. Conjuntivite aguda;
4. Otalgia brusca;
5. Coriza fluente precedida de secura;
6. Odontalgia;
7. Cólicas flatulentas Impressão
Susto
8. Retenção de urina – traumatismo;
9. Suspensão de menstruação
10. Suspensão de leite Susto
11. Afonia total ou disfonia;
12. Tosse seca, sonora, curta, espasmódica.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Congestão arterial, capilar aguda (forma com Belladonna, Glonoinum,


Phosphoricum Ferrum, Aurum metallicum, Veratrum viride e Sanguinaria canadensis, o
grupo dos grandes congestivos).
2. As mais pequenas dores são insuportáveis.
3. Dores com adormecimento e formigueiro.
4. Dores acompanhadas de ansiedade, angústia, inquietude e medo de morrer.
5. Transtornos por exposição ao vento frio e seco, especialmente dores e tosse.

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6. Ansiedade e temor constantes, sem motivo a maioria das vezes; sobretudo o medo
de morrer.
7. Febre seca com grande agitação, pele seca e quente. (quando o suor se apresenta,
cessa a acção e a indicação de Aconitum napellus).
8. Ao levantar-se, estando inclinado, a cara, que estava vermelha, envolve-se de uma
palidez mortal e pode vir o desvanecimento com queda.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: Pela tarde, até à meia noite.


DE SITIO E CLIMA: Pelo calor ou numa habitação quente.
Pela exposição ao vento frio e seco.
DE POSIÇÃO: Estando encostado sobre o lado afectado ou sobre o lado esquerdo. Ao
levantar-se da cama.
SENSORIAIS: Pela música; pelos odores fortes (tal como Nux vomica). Pelo fumo do
tabaco.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: Ao ar livre (tal como Pulsatilla nigricans – Allium cepa).


DE POSIÇÃO: Se se destapa. Pelo repouso.
FISIOLOGIAS: Depois de uma transpiração.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: Insónia com inquietude.


FEBRE: Calafrios que se agravam com o menor movimento. Calor seco, cara
vermelha, corpo quente, ardente, sede abrasadora por grandes quantidades de água fria
(tal como Bryonia alba).
A presença do suor indica o final da acção do Aconitum napellus.
CABEÇA: cabeça ardorosa, pesada com latidos e vertigens ao levantar-se.
Dor de cabeça congestiva (tal como Belladonna – Glonoinum – Ferrum phosphoricum –
Sanguinaria canadensis). Sensação de plenitude e pesadez, como se alguma coisa fosse
empurrada até fora pela frente. (tal como Bryonia alba – Sulphur).
FACE: face congestionada, quente e vermelha (tal como Ferrum metallicum – Ferrum
phosphoricum – Belladonna).
Face pálida. Uma face vermelha e quente e a outra pálida e fria. (tal como Chamomilla).
Nevralgia facial ou dos três ramos do trigémeo, especialmente do lado esquerdo, com
adormecimentos e formigamentos e que geralmente sobrevem depois da exposição ao
vento frio e seco.
OLHOS: Dores violentas nos glóbulos oculares, que irradiam aos temporais e faces.
Pálpebras secas, vermelhas, inchadas, quentes, queimantes, (tal como Sulphur).
Conjuntivite aguda com vermelhidão, ardor e lágrimas, por exposição ao vento frio e
seco.
OUVIDOS: ouvido externo vermelho, quente e inchado. (tal como Belladonna – Apis
mellifica – Sulphur).
Otalgia brusca depois de esfriamento, especialmente exposição ao vento frio e seco.
Grande sensibilidade para os ruídos que são insuportáveis. (tal como Nux vomica –
Belladonna). Não tolera a música, pois entristece-o (tal como Ambra grisea – Acidum
Phosphoricum).

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NARIZ: dor penosa e com pressão na raiz do nariz. (tal como Kali bichromicum –
Mercurius iodatum).
Grande secura da mucosa nasal seguida imediatamente de coriza fluente.
DIGESTIVO – BOCA: adormecimento dos lábios e ponta da língua.
Odontalgia por exposição ao frio, tudo sabe a amargo menos a água. (China officinalis:
também a água sabe amarga).
FARINGE: seca, roxa, quente e ardosa. (Belladonna – Causticum). Amígdalas, manto
do paladar e apêndice estão de um vermelho escuro.(Belladonna).
Adormecimento no manto do paladar e na faringe em geral.
ESTÔMAGO: sensação queimante que sobe do estômago até ao esófago e à boca
(Arsenicum album – Phosphorus).
ABDÓMEN: abdómen quente, queimante e doloroso; sensível ao toque.(Belladonna –
Cuprum metallicum).
Cólicas flatulentas, bruscas, depois de expor-se ao ar frio e seco, que obrigam a inclinar-
se até à frente mas sem melhoria.(Colocynthis: com melhoria).
EVACUAÇÕES: diarreia mucosa, verde, como espinafres picados. (diarreias verdes:
Argentum nitricum – Magnesia carbonica – Rheum palmatum – Lauro cerasus).
URINÁRIO: retenção de urina depois de uma impressão, de uma exposição ao ar frio e
seco ou de um traumatismo. Urina escassa, micção gota a gota, sendo a urina que
mantém com ansiedade e inquietude ao começar a urinar. (Apis mellifica – Arsenicum
album – Belladonna – Cantharis vesicatoria).
GENITAIS MASCULINOS: orquites com testículos dolorosos, quentes; inchados,
duros e com dor de agulha (Agnus castus – Arnica montana).
GENITAIS FEMININOS: supressão das regras por um susto ou por exposição ao
vento frio e seco. Supressão do leite por igual causa, vagina seca e quente.
RESPIRATÓRIO – LARINGE: afonia total ou disfonia (rouquidão), por exposição
ao vento frio e seco.
Tosse seca, sonora, curta, espasmódica, “ Crupe “, (Spongia tosta – Hepar Sulphur –
Corallium rubrum – Belladonna – Cuprum metallicum, que aparece antes da meia noite.
A criança leva as mãos à garganta quando tosse).
BRÔNQUIOS E PULMÕES: dispneia com agitação e muito medo de morrer. Dor
opressiva no peito que irradia para a escápula esquerda, acompanhada de ansiedade,
agitação, febre e medo de morrer.
Hemoptise com ansiedade e temor; o sangue é vermelho-brilhante, claro.
Estados congestivos do pulmão, no princípio, sobretudo do lóbulo superior esquerdo do
pulmão.
CIRCULATÓRIO: palpitações com dor aguda na região prêcordial que irradia ao
braço esquerdo, com adormecimento de todo o membro ou dos dedos nada mais
(Spigelia anthelmia – Iberis amara – Latrodectus mactans – Ácido oxálico –
Glonoinum).
Pulso duro, tenso, pleno, rebotante. Hipertensão arterial.
EXTREMIDADES: dores agudas com adormecimento e formigueiro nos membros
superiores e inferiores.
Cabeça e mãos quentes, pés frios.
PELE: seca, quente, queimante. Exantemas de várias classes como as do sarampo e
escarlatina.

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10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1X – 3X – 3C, para a febre e os sintomas que a acompanham. 3C – 6C, para os


sintomas congestivos. 1C – 30C, para os sintomas dolorosos (nevralgias) e outros
sintomas nervosos e mentais em geral.
A tintura pode empregar-se às vezes, com as devidas precauções pela sua
toxicidade.

10. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Indicando, segundo semelhança patogenésica, em febre agudas, sobretudo as devido a


infecções eritematosas ou respiratórias à priori, ou de causa traumática sendo só o
medicamento do princípio, antes da sudurese. Cefaleias congestivas.
Nevralgias sobretudo do facial, trigémeo e braquial. Angina de peito.
Pericardites; febre e grande dor angustiosa. Afecções valvulares descompensadas.
Endocardites crónicas. Epistaxes congestivas. Hemoptise por congestão pulmonar
activa. Laringite febril ao princípio. Pleurisia aguda. Pneumonia catarral no primeiro
estado. Coriza como primeiro sintoma de uma afecção respiratória. Como profilático
das corizas e gripes nos primeiros espirros. Diarreias verdes na dentição ou durante o
verão. Conjuntivite catarral. Otite média com febre alta e grande dor. Gota, para a
inflamação e dor exagerada, nevrites e neuroses. Acroparestesias. Amigdalítes.

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GRUPO A

BELLADONNA

1. SINÓNIMOS:

Atropa belladona, bela dama. Solanum Furiosum. Solanum maniacum. Solano letal.
Erva moura furiosa. Sombra nocturna da morte.

2. GENERALIDADES:

Origem: A Beladona é uma planta perene da família das Solanáceas. Cresce na Europa e
nas Índias Orientais, em sítios sombrios.
Princípios activos: eles são os seguintes alcalóides: atropina, Hyosciamina, e
em menores quantidades escopolamina (hyoscina).
Preparação homeopática: prepara-se a tintura com a planta fresca segundo a
primeira regra.
Antecedentes de emprego: desde os tempos muito remotos se conhece a sua
acção excitante do sistema nervoso central e daí o nome que lhe davam: “ Strychnus
Maniacus “.
1500 anos Antes de Cristo, conhecia-se como a “sombra mortífera da noite“ e
assim aparece já nas tabelas médicas de Dioscórides. Lineu, ao fazer a sua classificação
dá-lhe o nome de “ Atropa beladona “ que vem de “ Atropos “ que quer dizer em Grego
“Inflexível“ e que é o nome da mais anciã das três parcas (as outras eram: Cloto e
Lachesis); e de “Belladonna“ que significa “Bela dama“ ou “mulher formosa“,
designação que lhe davam em Itália desde o século XVI porque as mulheres a
aplicavam nos olhos para dilatar as pupilas e adquirir assim uma expressão formosa.
Tem pois um eloquente nome: “inflexível mulher formosa“, por cuja beleza pagavam o
preço de graves perturbações visuais. Também se sabe que as mulheres venezianas
preparavam um extracto das bagas que aplicavam no rosto para por as faces roxas.
Mais que empregá-la medicamente nos séculos XV e XVI usava-se para
provocar envenenamentos lentos. A sua introdução menos empírica na medicina data de
mais ou menos do ano de 1831, quando Braude descobriu e Meis e Hess inalaram a
atropina e foram-lhe conhecendo muitas das suas acções terapêuticas. A escopolamina
foi obtida já entrando no século actual e com ela aumentou-se mais o caudal das úteis
aplicações da Belladonna.

Experimentação Pura: foi experimentada homeopaticamente pelo Dr. Hahnemann


quando ainda não se sabia nada dos seus princípios activos, mas, apesar disso, as
observações de Hahnemann contribuíram para o esclarecimento das suas acções
farmacológicas.
A sua patogenesia foi pela primeira vez incluída na Matéria Médica Pura do
doutor Hahnemann.
Outros ilustres homeopatas como Hughes, Hartmann e Herley puseram mais
observações e enriqueceram a sintomatologia deste Policresto.

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3. ESFERA DE ACÇÃO:

Belladonna, tem uma acção selectiva sobre o sistema nervoso em geral, mas sobretudo
actua no cérebro. Exerce acção além disso no aparelho circulatório, nas glândulas e nas
mucosas da pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A acção principal da Atropa belladona é, sem dúvida, congestiva, inflamatória e


paralisante, como a de Aconitum napellus, mas num plano ou estado mais avançado;
quer dizer, a acção de Aconitum napellus é mais funcional, e pelo mesmo mais fugaz; a
de Atropa belladona é menos funcional e principia a ser lesional.
Assim, a congestão de Aconitum napellus poucas vezes leva à inflamação dos
tecidos e esta inflamação é já localizada, mas tem o seu limite: não alcança a fase de
exudação e em quanto se estabelece o exudato inflamatório, cessa a acção de Atropa
belladona como a do Aconitum napellus termina em quanto se produz a transpiração.
Dizer Atropa belladona equivale a dizer “inflamação no princípio“.
Esta acção congestiva-inflamatória pode apresentar-se em qualquer órgão, mas
principalmente no cérebro aonde, de preferência, congestiona o córtex e inflama as
meninges. Esta acção preponderante sobre o cérebro fez com que se chamasse a Atropa
belladona “um veneno cerebral“. O cerebelo não escapa a esta congestão inflamatória.
As doses tóxicas que inflamam traduzem-se no geral numa série numerosa de
sintomas, mas principalmente por violenta excitação cerebral com delírio, alucinações,
com convulsões, temporais e dor súbita. A marcha desordena-se e o equilíbrio
transtorna-se ao alcançar a congestão ao cerebelo, produzindo-se a chamada “
embriaguez belladónica “, a boca e a garganta estão secas e com dor e pode haver
disartria: as córneas e as conjuntivas encontram-se secas e infectadas; a cara vermelha e
túrgida e este avermelhamento vê-se também na pele que além disso está muito
sensível; existe aceleração das batidas cardíacas, que depois voltam lentas e irregulares,
com a respiração lenta, sopro e morte em coma.
As doses menos tóxicas; dentro da zona que a Escola Tradicional chama
terapêuticas, produzem paralisias sobre as terminações nervosas dos músculos lisos no
estômago, intestinos, bexiga, útero, deprimindo os movimentos e funções destes órgãos;
paralisias sobre os nervos secretores das glândulas em geral mas especialmente das
sudoríparas, salivares e mucosas, daí a secura na pele, da boca e das mucosas em geral.
À parte da sua acção congestiva-inflamatória predominante sobre o cérebro,
excita o sistema nervoso simpático e deprime o parasimpático ou vago, de onde resulta
exaltação das funções viscerais toráxicas com aceleração da respiração e das batidas
cardíacas (hiperpneia e taquicardia), aumento da pressão arterial, da máxima; depressão
das funções viscerais abdominais, com o que diminuem as contracções peristálticas,
cedem os espasmos, baixa o tónus do estômago, intestinos, bexiga e útero, resultando
por isso a sedação destes órgãos e antiespasmódico. Esta acção sobre todos os músculos
lisos do estômago e intestinos, unida à acção paralizante glandular que produz secura
destas mucosas, dá como resultado final a atonia destes órgãos ou seja a preguiça
gastroentérica e a obstipação.
Esta mesma acção excitadora do simpático e depressora do parasimpático,
produz no primeiro, a contracção do músculo dilatador da Íris, com o que se produz a
dilatação da pupila, (midriase); e no segundo, depressora do parasimpático – como este
causa a contracção do músculo esfíncter da íris, abre-se produzindo também a dilatação
pupilar. De modo que a Atropa belladona, pela sua acção simpático-tónica e

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parasimpática-lítica, produz midriase. (recorde-se que na íris há dois músculos
antagonistas, o dilatador e o esfíncter; o primeiro é enervado pelo simpático e o segundo
pelo parasimpático, concretamente pelo nervo ocular comum).
Algumas vezes Atropa belladona apresenta espasmos nos esfíncteres de Oddy,
ana, etc. esta é uma acção paradoxal na aparência, que na realidade só é o resultado de
certas doses parasimpático-tónicas que, como tais, abaterão as vísceras toráxicas e
exaltam as abdominais, produzindo, entre outros, o frequente síndrome de disfagia – por
paresia da glote e laringe – e espasmos anais por aumento do tónus dos músculos do
esfíncter.
Resumindo comparativamente, podemos dizer que Aconitum napellus é
“congestão capilar arterial “ e Atropa belladona é “inflamação no princípio”.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Trata-se de indivíduos pletóricos, robustos, menos delgados que os de Aconitum


napellus; preferentemente de cabelos claros e olhos azuis de expressão bela ou furiosa,
ambas por uma midríase congénita em dois distintos estados de ânimo. Pele formosa e
delicada, cara vermelha, congestionada e vultuosa.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

É como o de Aconitum napellus um hiper-simpático tónico, com paresia do nervo vago


(Aconitum napellus, instabilidade). Hipercerebral, hiperestésico. parético glandular
exócrino. Hipersuprarrenal , com grande descarga adrenalínica no stress, mas dirigida
mais até à ira. Belladonna é colérica, Aconitum napellus é medroso.
Sujeitos nervosos, vivos, sensíveis, que se sentem felizes e são de carácter jovial
e simpático quando estão sãos; mas se estão doentes ficam violentos, abatidos e
irascíveis.
Brusca prostração com estupor, primeiro; depois de extrema animação com
grande loquacidade incoerente.
Delírio violento, furioso, trata de morder, de golpear, arranca os vestidos, rompe
os objectos que o rodeiam e não reconhece as pessoas; trata de escapar do seu leito, de
fugir.
Alucinações; vê ao seu redor monstros de caras horríveis, diversos insectos.
Sente temor de coisas imaginárias. Forma com Hyosciamus niger e Stramonium “o
grande trio dos delirantes”.
Se quisermos resumir numa frase a imagem típica de Atropa belladona diríamos,
com Charette: “Atropa belladona é um medicamento nervoso, cefálico, agudo, rápido,
violento, vermelho e quente “.

6. LATERALIDADE (sintomas topográficos):

Lado direito.

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7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1 – Agudeza, instantâneadade e violência dos sintomas observados.


2 – As dores aparecem bruscamente, duram mais ou menos tempo e desaparecem
bruscamente, assim como chegaram. (Magnesia phosphorica).
3 - Hipersensibilidade e hiperexcecibilidade de todos os sentidos. (Aconitum napellus –
Nux vomica).
4 - Sobreexcitarão mental.
5 – Congestão com batidas em qualquer parte.
6 – Calor ardente, rubor lustroso.
7 – Pupilas dilatadas e fixas.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: pela tarde – Aconitum napellus, até às três horas (depois da meia noite –
Arsenicum album). (à meia noite – Aconitum napellus).
DE SITIO E CLIMA: pelas correntes de ar (Hepar sulphur).
DE POSIÇÃO: pelo movimento (Bryonia alba). Estando encostado sobre o lado
afectado (Aconitum napellus).
SENSORIAIS: pelo tacto. Pelo ruído e pela luz brilhante.
FISIOLÒGICAS: por beber (água: dor e constrição. Licores: congestão).

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: numa habitação quente.


DE POSIÇÃO:. pelo repouso e sentado erguido.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: tem sono e não pode dormir.


Sacudimentos musculares enquanto se dorme e durante o sono, que o fazem despertar
sobressaltado.
FEBRE: febre sem sede. Calor intenso com a cara vermelha, vultuosa, batidas nas
sístoles, suores quentes muito abundantes.
Ao levantar os cobertores sente-se uma onda de calor que procede do corpo doente.
Delira durante a febre.
CABEÇA: cefaleia congestiva com batidas no cérebro e nas carótidas. Dor lancinante
em toda a cabeça ou nas fontes, que aparece e desaparece bruscamente; agravada pela
luz e pelo ruído e melhorada pela aplicação de uma venda preta. O paciente põe a
cabeça para trás buscando uni-la à almofada ou a põe por baixo, escondendo da luz e do
ruído; algumas vezes volta-a de um lado a outro. (Meningenismo – Meningite).
FACE EM GERAL: fluxo de sangue na cabeça e na face. face vermelha, quente e
vultuosa.
Inflamação visível das parótidas (papeiras, orejones ou parotidite).
OLHOS: olhos vermelhos, congestionados, infectados, proeminentes, tumefactos,
brilhantes. Pupilas dilatadas e fixas. Tudo isto dá à mirada uma expressão estranha
repulsiva de ferocidade ou delírio: “mirada de fera”.
Fotofobia, geralmente com dor nos glóbulos oculares.

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OUVIDOS: inflamação aguda do ouvido com cobertura do tímpano, o qual está
congestionado e com dores dilacerantes e pulsáteis. As dores podem ser tão vivas que
causam delírios.
DIGESTIVO – BOCA: lábios inchados , secos e com gretas. Inchaço do lábio superior
que impede de abrir a boca.
Secura excessiva da mucosa bucal.
Língua vermelha com pupilas inflamadas, vermelhas, proeminentes, que lhe dão o
aspecto de uma fresa (escarlatina).
FARINGE: Grande secura com sede intensa, mas não pode beber porque a secura, o
odor e a constrição o impedem.
A mucosa faríngica está de cor vermelho-escarlate. Amígdalas vermelho-escarlate,
brilhantes, como polidas, muito inflamadas, tanto que às vezes quase se juntam
desprezando a úvula para a frente e produzindo náuseas ao falar ou deglutir. Mais
inflamada a amígdala direita. (angina escarlatina). A dor das amígdalas é pujante, muito
viva e piora ao engolir.
ESTÔMAGO: dor constritiva, cãibras, no suco gástrico (Nux vomica).
Sente horror às bebidas.
ABDÓMEN: abdómen distendido, quente, sensível, não suportando o menor tacto.
Grande timpanismo (peritonite).
Dor na fossa ilíaca direita, agravada pelo menor contacto e ainda pelo roçar das roupas
da cama (Apendicite). (Colocynthis cucumis – Apis mellifica) – RECTO E ÂNUS,
espasmos do anus.
Hemorróidas muito congestionadas, internas ou externas, neste último caso com
aparência de tomates; umas e outras, rompem-se durante a defecação, dão bastante
sangue vermelho-brilhante (Aquilea millefolium – Aesculus hipocastanum).
EVACUAÇÕES: diarreia verde escura ou sanguinolenta, desinteriforme, com cólicas e
tenesmo. (Mercúrio sublimado corrosivo – Ipecacuanha cephaellis).
GENITAIS FEMININOS: inchaço e dor do ovário direito aparecendo e
desaparecendo bruscamente (pode confundir-se com apendicite ou gravidez extra-
uterina).
Secura vaginal.
Regras adiantadas muito abundantes, sendo o sangue rutilante e quente ou misturado
com coágulos negros e de mau odor que saem de golpe.
Seios dolorosos, pesados, duros, vermelhos, quentes, intocáveis. (Abcesso
mamário).(Mercurius vivus – Hepar sulphur – Phytolacca decandra). Estrias vermelhas
que irradiam desde o bico do peito.(Erisipela).
RESPIRATÓRIO – NARIZ: grande facilidade para resfriar-se pela extrema
sensibilidade ao frio., típico de Atropa belladona coriza seca com obstrução nasal na
noite e fluente no dia.
Fluxo sanguinolento ou epistaxe franca que alivia a dor de cabeça.
LARINGE: resecura da laringe com afonia dolorosa. Afonia sobretudo depois de gritar.
(Atropa belladona e Arnica montana alternadas).
Tosse convulsa, espasmódica, perruna (Aconitum napellus – Spongia tosta – Hepar
sulphur – Cuprum – Corallium rubrum) com dores na laringe e no estômago, e face
muito congestionada durante o acesso ( Tosse convulsa – sobretudo nocturnas).
CIRCULATÓRIO: palpitações muito violentas, muito frequentes (taquicardia até 140
pulsações por minuto), visíveis nas carótidas e temporais. Batidas em todo o corpo
(Iodum metallicum). (Cactus grandiflorus). Pulso duro, cheio e saltador (Aconitum
napellus) e como se munições de chumbo golpeassem as pontas dos dedos que palpam).
(sintoma raro mas muito característico).

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Hipertensão arterial congestiva.
PESCOÇO E DORSO: rigidez na nuca (meningismo) e da coluna.
MEMBROS: articulações inchadas, turgentes, vermelhas, dolorosas (reumatismo com
grande derrame sinovial).
PELE: pele vermelha, seca, lisa, brilhante, como se estivesse polida. Enquanto que as
mucosas estão secas, a pele está húmida e ao inverso.
Eritemas, sobretudo o vermelho-escarlate liso da escarlatina.
Eritema solar e eritema eripelatoso, igual ao do sarampo-escarlatinoso.
Acne rosáceo. Furúnculos.
Aqui cabe indicar que Atropa belladona apresenta os quatro carácteres clássicos de toda
a inflamação: calor, rubor, tumor e dor.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1X – 3X – 3C – 6C – 30C – 200C.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Todas as inflamações agudas localizadas ou gerais, sobretudo no princípio, antes do


exudato e segundo características.
Adenite aguda, amigdalite estreptocóccica. Escarlatina. Amigdalite catarral.
Abcessos.
Adenite aguda, antes do exudato, ou seja, antes do abcesso.
Apendicite crónica. Obstipação que pode chegar à oclusão intestinal. Escarlatina
e Eripsela. (profilático de ambas: uma X gota de tintura para três colheres de água, nesta
preparação prepara um meio copo, para dar uma colherada por dia durante oito dias;
depois de cada terceiro dia durante trinta dias mais). Peritonite, como coadjuvante.
Hérnia estrangulada, enquanto se procede a operar.
Conjuntivite, glaucoma, otalgia e otite. (os médicos alemães recomendam
alterná-la, na otalgia, com Matricaria chamomila e na otite, antes da otorreia, com
Pulsatilla nigricans, parotidite epidémica).
Gastralgia e cólicas abdominais. Cólica hepática. (nestas dores pode ser útil a
alternância com Colocynthis cucumis) pancreatite.
Ovarite aguda, especialmente direita. metrite crónica (inflamação do útero).
Cãibras durante o parto. Contracções uterinas sem dilatação. Convulsões
generalizadas (eclampsia).
Durante o trabalho de parto falta de dilatação por dureza do colo do útero.
Laringite. Bronquite. Broncopneumonia, no princípio. Tosse convulsa no
princípio da asma.
Miocardite no princípio. Pericardite antes do exudato.
Cefaleia congestiva. Enxaquecas características com intensa fotofobia.
Meningites e meningites cérebro-espinhal. Encefalites. Nevralgias faciais,
trigémeo cérvico occipital. Coreia. Epilepsia tifoideia. Dismenorreia com delírio.
Congestão cerebral e ainda hemorragia.
Bócio exoftálmico. Reumatismo articular agudo. Fleimão difuso (tumor nas
gengivas) alternando com Hepar. Belladona atenua os sintomas inflamatórios:
Congestão e dor de Hepar aceleram e evacuam a supuração.

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GRUPO A

GELSEMIUM SEMPERVIRENS

1. SINÓNIMOS:

Gelsemium nitidum. Jasmim da Virgínia. Jasmim Silvestre. Jasmim Amarelo. Begónia


Sempre Viva.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Gelsemium sempervirens é uma planta trepadora da família das Loganiáceas,


que é abundante no estado da Virgínia, dos EUA; existe também no Canadá e na
Europa, mas o que se experimentou é o de procedência estadunidense. Flores durante a
primavera, espalhando um delicioso aroma.
Princípios activos: O princípio activo fundamental é o alcalóide gelsemina.
Preparação homeopática: A tintura mãe prepara-se com a raiz fresca, segundo
a terceira regra. Pode preparar-se por trituração com a raiz seca, pela sétima regra.
Antecedentes de emprego: Os indígenas peles vermelhas conheciam bem esta
planta e a usavam e ainda a seguem usando e vendendo nas suas reservas com a
principal indicação de analgésico e sedativo.
Sabe-se de pessoas sumidas em profundo sono supuroso e que morrem
permanecendo a dormir, num jardim ou no campo, na proximidade ou de baixo da
sombra deste jasmim.
Os médicos homeopatas empregam-no desde à muito tempo. É provável que o
primeiro à empregá-lo, sem uma estrita experimentação pura, terá sido o Dr. Hill, do
Colégio Homeopático de Cleaveland, desde 1856.
Experimentação Pura: A primeira experimentação obtida correctamente atribui-se
ao Dr. Hale quien, em 1877, apresentou-a nos seus NEW REMEDIES.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Gelsemium sempervirens actua principalmente nos centros nervosos motores, nos


cornos anteriores da medula e nos núcleos protuberantes e melhor ainda, bulbo-
protuberenciais; de igual modo, sob o centro respiratório bulbar. Existe acção, mas
menos marcada sobre o cérebro, o sistema nervoso simpático e o parasimpático,
pneumogástrico ou vago.

4. . ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Este medicamento produz um curto período de excitação seguido, imediatamente, de


um forte prolongado período de depressão. O breve período irritativo das hastes
anteriores da medula, causa tumores e convulsões; ao irritar o cérebro sobrevêm
convulsões, insónias, hipersensibilidade e medo. A excitação do simpático, muito
passageira, produz midríase (Belladonna); a do parasimpático aumenta o peristaltismo
intestinal. Sobre estes sistemas a acção é variável e produz instabilidade.
O período depressivo, mais próprio do medicamento, produz depressões gerais das
funções intelectuais e nervosas ao actuar sobre o cérebro; Paresias e paralisias gerais ao
actuar sobre as hastes anteriores da medula, mas mais marcantes nos músculos das

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extremidades. A paralisia do simpático dá como resultado congestões passivas venosas
e arteriais. A instabilidade do vago-simpático e acção paralisante sobre o centro
respiratório, dá como resultado final asfixia que causa a morte.
É útil assinalar que o tremor e medo de Gelsemium sempervirens podem
produzir-se nas duas fases da acção geral; na fase passageira da excitação, o tremor é o
resultado da irritação dos centros medulares; na fase de depressão é um fenómeno de
incoordenação motora. O medo, na fase de excitação, é um dos resultados da tensão
nervosa; na fase de depressão é consequência do abatimento da energia nervosa e
psíquica.
Em poucas palavras pode-se resumir a acção geral do Gelsemium sempervirens,
dizendo: É um parético ou paralítico com tremor e medo.
“É o grande tremeroso da Matéria Médica”.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

São principalmente crianças ou jovens de ambos os sexos, muito nervosos e que, por
causa disto, podem sentir vergonha ao ponto, apresentando então a cara vermelha, mas
inchada e inexpressiva, chegando até dar um aspecto não inteligente, estúpido ou bem
de profundo cansaço. Jovens ou adultos deprimidos de movimentos tórpidos e ainda
paréticos ou trémulos.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

hipersensibilidade cérebro-medular. Asténico motriz progressivo. Estabilidade vago-


simpática e grande sensibilidade hidro-electromagnética.
Ligeiro suprarrenalismo com descarga adrenalínica menos violenta que o
Aconitum napellus ou Atropa belladona e que tende a produzir medo, (Aconitum
napellus) ou cólera (Atropa belladona), esta última ligeira; participa então nisto, do
característico do Aconitum napellus ou Atropa belladona, mas em proporção menor:
nunca é tão medroso como Aconitum napellus nem tão colérico como Atropa belladona.
Pode ser hipo-testicular ou hipo-ovárica .
Numa primeira fase: Excitável, irritável, algo colérico; depois lento, pesado,
preguiçoso, enervado, quase estúpido. Neste momento as suas ideias vagueiam sem
conexão e se trata de coordená-las, isto produz mal estar na cabeça que pode chegar a
vertigem.
Os norte americanos assinalam que Gelsemium sempervirens seguem “a regra
dos três D”: Dizz (estado vertiginoso)- Dullness (sensibilidade nervosa)- Drowsines
(sonolência).
O indivíduo de Gelsemium sempervirens quer estar só em paz, não sente desejo
de falar nem de mover-se nem de temer nada, ainda quando, se permanecer só, tem
medo porque crê que se vai passar algo. O medo ou qualquer emoção provocam-lhe
diarreia; não suporta as esperas e sente medo de apresentar-se em público.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Indiferente.

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7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Cansaço geral acompanhado de tremores em todo corpo.


2. Debilidade intensa dos membros, com tremores e incoordenação.
3. Completo relaxamento de todos os músculos, com paralisia motora completa ou
incompleto (paresias).
4. Transtornos produzidos pelas emoções súbitas: susto, medo, más notícias.
5. As emoções antes citadas, as desviadas, o excesso de trabalho, a proximidade de
uma entrevista ou de algum acontecimento feliz ou penoso (matrimónio, cerimónias,
exames) podem produzir diarreia (diarreia emotiva), temor ou insónia.
6. Deseja estar só ou em paz.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: Às dez da manhã.


DE SITIO E CLIMA: Pelo tempo húmido. (Rhus toxicodendron – Solanum
Dulcamara).
Pela névoa. Antes de uma tempestade.
PSÍQUICAS: por uma emoção. Pensando nos seus males.
FISIOLÒGICAS: fumando tabaco.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA:. ao ar livre.


DE POSIÇÃO: pelo movimento contínuo. (Rhus toxicodendron).
FISIOLÓGICAS: Pelos estimulantes, menos o tabaco. Depois de uma micção
abundante.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência com amodorramento, bocejos e ainda sopro durante o dia. É um dos
“grandes sonolentos “ da Matéria Médica; os outros medicamentos que completam o
grupo dos sonolentos são, Opium, Nux vomica, Nux moschata, Antimonium tartaricum.
Insónia emotiva com pesadelos, quer dizer “sono desperto”.
Delírio ao principio de dormir.
Pode ter estados de catalepsia consciente: imóvel, semi adormecido mas consciente.
FEBRE: calafrio intenso, calafrio solene, por picadas desde o Vago até ao occipital. As
sacudidelas do calafrio são tão intensas que necessitam que as detenham. (China
officinalis). (Malária).
Calor sem sede. Febre com prostração, suor, dores musculares e suores abundantes.
Febre asténica (intermitente ou remitente).
CABEÇA: .vertigens com transtornos visuais.
Cefaleia precedida de transtornos visuais geralmente hemicrania (enxaqueca), com
depressão e tremores seguida e melhorada por abundante emissão de urina.
Cefaleia que começa na nuca, estende-se por toda a cabeça e fixa-se na região central,
acima dos olhos (superciliar), com sensação de que a frente estala ou que há uma venda
apertada em cima dos olhos. (Congestiva: Aconitum napellus – Atropa belladona). Esta

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cefaleia agrava-se pelo trabalho mental ou encostando-se com a cabeça baixa, melhora
encostando-se com a cabeça alta e urinando.
Desejo de ter a cabeça estendida na almofada. (Atropa belladona).
FACE: a face fica subitamente vermelha e quente, com expressão de embrutecimento.
(Baptisia tinctorea).
Tremores e tiques na cara.
OLHOS: pálpebras pesadas, não pode mantê-los abertos.
Paralisia das pálpebras.
Blefaroplastia produzida por esta paralisia.
Tremores nas pálpebras.
Nevralgia orbitaria, superciliar, com contracção muscular.
Uma pupila está dilatada e a outra está contraída (Anisocoria na meningite).
Parece como se tivesse fumo diante dos olhos. Visão dupla (Diplopia) (Tabacum) que
aparece como último sintoma da intoxicação por Gelsemium sempervirens e é também
o último que desaparece.
Transtornos visuais diversos que precedem à enxaqueca.
DIGESTIVO – BOCA: língua dolorosa e pesada, dificilmente pode falar.
Paralisia do veio do paladar. Mandíbula inferior caída (paresia ou paralisia dos
músculos mesentéricos).
Ausência de sede.
FARINGE: sensação de um corpo estranho que não pode engolir.
Disfagia por paralisia (paralisia pôs-diftérica). (Causticum, Curare)
ESTÔMAGO: hipo, pior de noite.
Sensação de vazio e debilidade no epigastro, ou bem de peso;
“peso, debilidade e vazio”.
ANUS: paralisia do esfíncter anal.
EVACUAÇÕES: diarreia urgente e indolor (Phosphoric acidum) depois de uma má
notícia ou emoção, ou bem durante a espera de acontecimentos: “diarreia emotiva”
(Ignatia amara).
URINÁRIO: micções frequentes de urina clara, límpida, depois de uma cefaleia, de
uma emoção ou na espera de acontecimentos. (Ignatia amara): “urina nervosa”
(Phosphoric acidum).
Paresia vesical com jorro intermitente (Clematis erecta) e sensação de não acabar nunca.
(Nux vomica).
GENITAIS MASCULINOS: perdas seminais nocturnas, sem erecção seguidas de
grande debilidade. (Phosphoricum acidum)
GENITAIS FEMININOS: regras atrasadas, pouco abundantes, com dores que se
estendem às ancas e à coluna e que são como dores de parto. (Cimicífuga). Afonia
durante as regras. Menstruação suprimida, com convulsões.
No parto as dores são ineficazes, há falta de trabalho, o pescoço está muito dilatado mas
não há atonia muscular completa.
RESPIRATÓRIO – LARINGE: parética depois de uma emoção durante as regras.
(congestivas por esfriamento: Aconitum napellus; inflamatória: Atropa belladona.
Parética catarral na mudança da estação de Inverno à Primavera. (Causticum). Por
fadiga ou traumatismo – (Arnica montana).
Espasmo da glote muito marcado.
PULMÕES: respiração lenta com grande prostração. Paralisia dos pulmões.
CIRCULATÓRIO: pulso lento em repouso, mas muito acelerado pelo movimento.
Sensação como se o coração fosse a deixar de bater se não se faz algum movimento.
MEMBROS: debilidade intensa dos membros com tremor e incoordenação.

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Perda gradual do movimento voluntário, que chega à paralisia total.
Cãibras no antebraço que impedem de escrever. Caimbras nos dedos. Cãibras,
contracções e rigidez dos músculos lumbricais nos pianistas, violinistas e escritores.
Se levanta as mãos começa a tremer. (tremor alcoólico: Nux vomica).
As pernas cansam-se com o menor exercício. (Phosphoricum acidum).
Ciática que se agrava com o repouso e ao começar a caminhar (Rhus toxicodendron).
Contracção espasmódica dos dedos dos pés.
PELE: seca e quente
Erupção parecida à do sarampo, principalmente na cara. (ajuda ao gomo da erupção,
como Bryonia alba ou Sulphur: eu prefiro usar Gelsemium sempervirens ou Bryonia
alba; deixar Sulphur para terminar os casos, porque observei fortes reacções com
Sulphur no princípio).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3X – 3C – 6C – 12C – 30C – 200C.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Debilidade intelectual. Estados confusos. Cefaleia nervosa, tipo enxaqueca.


Nevralgia facial com tiques. Insónia nervosa, medo sem motivo. Tensão nervosa à
espera de acontecimentos.
Tremores. Cãibras dos pianistas, violinistas e escritores. Vertigens. Ataxia locomotiva.
Mal de Parkinson. Epilepsia. Convulsões histéricas (uma gota de 0 cada ½ hora até Ter
efeito. Trismos histérico. Histeria em geral, gotas de 0 para 10 colheradas de águas,
tomar uma colher cada ½ hora. Paresias. Paralisias pôs-diftéricas, paralisias dos
mesentéricos.
Paralisia da bexiga. Paralisia dos membros.
ambliopia. Diplopia. (hemiopatia). Astenopia.
Atonia histérica. Cãibras do tubo digestivo. Diarreia emotiva.
Incontinência da urina. Atonia e impotência sexual.
Espermatorreia. Convulsões depois da gravidez (X gotas da = em meio copo com água,
para tomar uma colher cada cinco minutos).
Dismenorreia nervosa. Atonia uterina.
Transtornos nervosos do coração.
Febre tifoideia, principalmente para vencer ou diminuir a sonolência. Febres
intermitentes (paludismo: diminui a violência do acesso). Sarampo. (combate a
prostração, favorece a erupção). (os alemães recomendam dar uma gota da 1X para
favorecer a erupção).
Em sofrimentos nervosos crónicos, sobretudo paralíticos, uma dose 200C semanal, três
ou quatro semanas, além da potência baixa ou média que se use, pode converter
paralisia em paresias ou resolver paralisias que não chegaram à degeneração dos nervos.

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GRUPO A

MATRICARIA CHAMOMILLA

1. SINÓNIMOS:

Matricaria camomila. Camomila comum. Manzanila.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Matricaria Camomila, é uma planta anual da família das Sinantéreas.


Encontra-se em quase toda a Europa, América e muitas regiões da Ásia; provavelmente
existe em todo o mundo. A sua grande vitalidade e adaptação a qualquer terreno assim o
fazem supor. Parece no entanto preferir os terrenos secos e arenosos.
Princípios activos: tem um princípio amargo, cristalizável, a antemina, um óleo
essencial e volátil, muito aromático; uma resina; além de malatos, tanatos e ácido tânico
em quantidade mínima.
Preparação homeopática: prepara-se a tintura com a planta verde e flores,
segundo a primeira regra.
Antecedentes de emprego: o uso medicinal da Matricaria chamomilla remonta-
se aos tempos mais antigos. Mais recentemente, Nicolás Lemery, no seu “tratado
universal das drogas simples”, resume as propriedades medicinais da Camomila,
conhecidas com tempo como se segue: “o seu emprego principal é para combater as
doenças do útero; provoca a menstruação; resolve durezas (tumores duros), resolve,
atenua e arrasta os ventos; abre os vapores; suprime as obstruções; excita a urina; faz
arrastar a areia e a pedra do rim e da bexiga.
Todas estas indicações ficaram reduzidas agora, para a Escola Galénica as
“propriedades estomáquicas, nervosas e antiespasmódicas”.
Para a Medicina Homeopática, a Camomila tem algumas das propriedades antigas,
todas as actuais aceites oficialmente e várias novas, de acordo com a patogenesia
derivada da sua experimentação.
Experimentação Pura: a experimentação pura da Matricaria chamomilla foi feita pelo
Dr. Hahnemann e incluída na sua “Matéria Médica Pura”

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Actua sobre o sistema nervoso e deste, principalmente sobre a medula, nos centros
sensitivos das hastes anteriores e sobre as placas sensitivas terminais (centros motores
das hastes anteriores): Gelsemium sempervirens, tem também acção sobre o sistema
nervoso simpático. De maneira menos marcada actua sobre os centros motores
medulares e sobre o córtex cerebral.
É importante também a sua acção sobre as mucosas em geral, mas muito
especialmente sobre a mucosa digestiva; e não é menos no aparelho genital feminino.

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4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Sobre os territórios nervosos assinalados a acção é fundamentalmente irritativa, mas


tem uma fase depressiva manifestada sobretudo no parasimpático. (pneumogástrico ou
vago).
Da acção irritativa dos centros e das terminações nervosas, deduz-se o
predomínio da dor neste medicamento. Da sua acção menor sobre os centros motores e
os cérebros, resultam rigidezes, retardamentos e Cãibras, convulsões, cefaleias,
vertigens e instabilidade do carácter.
Pela acção da excitação no simpático e de depressão no parasimpático,
explicam-se as palpitações com ansiedade , a irritabilidade e a secura da mucosa
respiratória e a insuficiência secretora da mucosa digestiva, que ocasiona transtornos
dispépticos como o aumento das fermentações e aparecimento do quadro da dispepsia
flatulenta de origem nervosa.
Pode dizer-se que Gelsemium sempervirens transforma a motilidade e a
inteligência e a Matricaria chamomilla parece-se muito com Aconitum napellus e a
Belladonna inflamatória e os de Matricaria chamomilla irritativos, tipicamente
nevríticos, verdadeiras nevralgias.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

O tipo morfológico, como o psíquico de Matricaria chamomilla, encontra-se mais em


crianças pequenas e mulheres. As Matérias Médicas assinalam que se tratam de pessoas
de pele castanha clara; isto é muito relativo e procede, como em muitos outros
medicamentos, de que foram primitivamente experimentadas em pessoas claras ou
ruivas do tipo europeu. Na mudança pode afirmar-se que sobretudo nas mulheres
(crónicas de Matricaria chamomilla”, a expressão do seu rosto é dura, denotando nojo,
ira ou bem dor. Observou-se muito frequentemente uma face mais vermelha do que a
outra.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

A hipersensibilidade à dor domina neste medicamento. As dores são agudas,


dilacerantes, angustiosas e o doente declara-as mais violentas do que são na realidade, já
que estão fora da proporção com o mal que lhes produz (Aconitum napellus).
Acompanham-se com adormecimento das partes afectadas (Aconitum napellus). Podem
produzir-se Cãibras, particularmente na barriga das pernas; e nas crianças, durante
dentição, chegam a produzir-se convulsões.
A criança é chorona, resmungona, arisca, caprichosa, insuportável; sempre
descontente, nunca satisfeito, deseja um jogo qualquer e uma vez que se lhe dá despreza
ou o deita fora e pede outro que sofra de igual sorte. Chora, debate-se, agita-se, mas
acalma-se repentinamente se se pega ao colo ou se passeia de carrinho.
À criança e ao adulto não gostam que lhes falem e se respondem fazem-no bruscamente
e grosseria. Tanto a criança como o adulto são muito irritáveis, mas este último é além
de caprichoso e arisco, rancoroso e malvado, facilmente se irrita e as suas cóleras são
sempre de extrema violência, ao grau de ficar doente.
A criança sofre de insónia, vai para a cama mas não consegue dormir, está
agitado, grita, geme e se consegue dormir desperta sobressaltado. Sofre pesadelos e

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desperta com os olhos muito abertos, aterrorizado (Arsenicum album). Dorme às vezes
com os olhos semiabertos.
Como assinala TETAU o sujeito de Matricaria chamomilla é hiper-medular
posterior, hiper-simpático tónico, às vezes instável e sempre o parasimpático instável.
É a mulher de Matricaria chamomilla hiper-ovárica em todo o tempo, quer dizer,
fora das regras, durante as regras (hiperfoliculínica), na gravidez e no parto
(hiperluteínica).
O sujeito de Matricaria chamomilla, Homem ou mulher, é um hipersuprarrenal
com descarga adrenalínica pronta, violenta, dirigida até a ira, por isso Matricaria
chamomilla é uma irada. (outros irados da Farmacodinâmica Homeopática, Belladonna,
Hyosciamus niger, Aurum metallicum, Bryonia alba, Cantharis vesicatoria,
Chelidonium majus, Hepar sulphur, Iodum metallicum, Lycopodium clavatum, Nux
vomica, Platina).
Ao adulto e à criança não gostam que lhes falem e se respondem o fazem sempre com
brusquidão e grosseria.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

principalmente esquerdos.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. grande irritabilidade. (Atropa belladona – Nux vomica – Bryonia alba – Iodium


metallicum).
2. Hipersensibilidade e intolerância à dor. (Aconitum napellus – Coffea cruda – Nux
vomica).
3. Sempre contente, nunca satisfeito.
4. A criança, que se debate e chora, acalma-se e cala-se instantaneamente se lhe pegam
ao colo ou se passeia de carrinho..
5. Uma face vermelha e quente e a outra pálida e fria.
6. Transtornos provocados pelo abuso do café, do chá preto. Da Manzanila e dos
narcóticos (Nux vomica)
7. A maneira de um característico, deve fazer-se notar que exiistem dois períodos
fisiológicos nas crianças lactantes, nos quais a Matricaria chamomilla tem
importante indicação, eles são: “a dispepsia transitória do lactante” (Síndrome dos
21 dias ou doença de Alarcón) e a primeira dentição.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: das 9 às 00h00 da noite.


DE SITIO E CLIMA: ao ar livre, pelo calor, pelo vento.
PSÍQUICAS: pela cólera.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: pelo tempo quente e húmido.


DE POSIÇÃO: estando nos braços ou transportado de carro.

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9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: insónia: a criança é enviada para a cama, mas não pode dormir (Atropa
belladona). Sono agitado: a criança grita, geme e desperta-se sobressaltado (Atropa
belladona). Sofre pesadelos e desperta com os olhos muito abertos, aterrorizado
(Arsenicum album).
Dorme às vezes com os olhos semiabertos.
FEBRE: calafrios, rápidos com frio glacial; se se descobre alguma parte do corpo, tudo
se estremece.
Febre acompanhada de dores vivas.
Uma face vermelha e quente e a outra pálida e fria durante a febre.
CABEÇA: suores quentes na cabeça que aparecem depois de comer ou dormir.
Cefaleia licinante com extensão que chegam ao pescoço ou ao peito, de um só lado,
hemicrania, com vermelhão da face do mesmo lado.
FACE: uma face roxa e quente e a outra pálida e fria.
Suor na face depois de comer ou beber.
OLHOS: borda da pálpebra inferior inflamada, com ulceração com crostas.
Contracção espasmódica das pálpebras.
Conjuntivite catarral ligada ao período inflamatório dentição.
OUVIDOS: grande sensibilidade aos sons (Coffea cruda – Nux vomica).
Otalgia dilacerante que faz o doente gritar (Belladonna ).
DIGESTIVO – BOCA: odontalgia lancinante, pulsátil, insuportável que se apresenta
depois de comer, agravada pelas bebidas quentes e pelo café, melhorada pelas bebidas
frias.
Transtornos nervosos da dentição.
FARINGE: constrição espasmódica com dor como produzida por uma espinha (Hepar
sulphur).
Impossibilidade de engolir os sólidos, principalmente estando acostumado.
ESTÔMAGO: arrotos fétidos, com odor a ovos podres e vómito.
Sensação de plenitude, de pesadez, como se tivesse uma pedra (Bryonia alba).
Gastralgia com pressão dos bebedores de café e de macela.
ABDÓMEN: forte distensão abdominal por gases. (Aerocolia, timpanismo).
Cólicas flatulentas, puns cortantes, que não melhoram pela expulsão de gases
(melhorados pela expulsão: Lycopodium clavatum).
Cólicas muito violentas, com desejo de dobrar-se em dois (Colocynthis).
Cólicas durante a dentição. Cólicas durante a “dispepsia transitória do lactante”, com
agitação e gritos (em ambos os casos remédio que não melhora).
EVACUAÇÕES: diarreia aquosa, quente, queimante, amarelo-verdosa, como ovos
envolvidos com espinafres, com odor a ovos podres; sobrevem na noite e a causa da
dentição ou depois de uma cólera.
GENITAIS FEMININOS: regras adiantadas, abundantes, sendo o sangue negro e com
coágulos; extremamente dolorosas.
As dores são extensas, com Cãibras e muito violentas no baixo ventre e com agitação.
Tendência a ficar colérico durante as regras.
Metrorragia em que o sangue é negro, com grandes coágulos e dores de falso parto.
No parto, as dores ascendem, como se o útero fizesse pressão contra o diafragma. (as
dores descendem: (Belladonna – Sepia).
Seios duros e sensíveis ao tacto, sobretudo nas meninas.
Ameaça de aborto, com espasmos e convulsões, por causa de uma cólera.

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Cãibras no útero da mãe cada vez que a criança mama.
RESPIRATÓRIO – LARINGE: tosse seca, rouca, nocturna, apresentando-se entre as
21h00 e a 00h00 e cujo acesso pode durar até quinze minutos sem despertar o doente.
A criança encoleriza-se quando tosse e por sua vez, a cólera pode provocar tosse.
CIRCULATÓRIO: taquicardia depois de encolerizar-se.
MEMBROS: Cãibras na barrigas das pernas, sobretudo de noite.
Sensação de ardor na planta dos pés pela noite (Sulphur – Sanguinaria canadensis).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1X – 3X – 3C – 6C – 12C – 30C.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Nevralgias típicas. Otalgia e odontalgia. Gastralgias e caimbras no estômago. Cólicas


flatulentas.
Cólicas pela dentição, uma cólera ou durante a “Dispepsia transitória do lactante”. “ se
se fracassou com Camomila nas diarreias infantis (nas que está indicada) é porque se
deu em potência inferior a 12C”, disse Cartier. Convulsões durante a dentição. Dentição
difícil. Alternar com Atropa belladona se há muita inflamação nas gengivas; com
Calcarea phosphorica, se há retardo no tempo do broto.
Vómitos de leite, imediatos à tetada ou ao mamilo (alternado com Aethusa cynapium se
o leite vem de volta já coalhado; especialmente durante a dispepsia transitória do
lactante) indigestão no adulto, baixo à forma da dispepsia flatulenta de origem nervosa
ou por excesso de estimulantes. Obstrução catarral da vesícula biliar (0: xx a xxx gotas
em água mineral, antes da comida e da refeição, alternando em igual quantidade com
Cardos marianus depois dos mesmos alimentos). Prevenção dos efeitos maus da cólera
(0: x gotas postas num torrão de açúcar ou numa colherada de água açucarada, tomadas
imediatamente depois do desgosto ou ainda antes, se se prevê que ele será inevitável).
Dores de parto (1 gota de 0 cada quarto de hora).
Dismenorreia. metrorragia típica.

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GRUPO A

OPIUM

1. SINÓNIMOS:

Papaver somniferum, Papaver album. Dormideira. Amapola, Chicalota.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Opium é um suco lactescente que se extrai do fruto da planta “Papaver


somniferum” da família das Papaveráaceas.
Esta ampola vê-se desenvolver-se à beira dos semeadoiros de milho, trigo ou qualquer
outra graminea e ainda dentro deles, em última circunstância esta foi utilizada no
México, para esconder a sua cultura ilegal.
Princípios activos: estão constituídos por mais de 25 alcalóides, dos quais os
principais são: morfina, codeína, tebaína, narcotina, pavaverina, laudanina, criptopina,
protopina e narceína, em ordem quantitativa.
Preparação homeopática: a tintura prepara-se com o suco seco pulverizado,
segundo a Quarta regra. O concentrado sólido pode preparar-se segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: medicamento dos mais antigos empregues na
medicina. Conhecia-se antes de Hipócrates e nos tempos deste era de uso corrente, com
as indicações de hipnótico, analgésico e paralisante. Na terapêutica tradicional pouco a
pouco e cada vez mais, usam-se, em lugar do medicamento total, os seus alcalóides por
separado.
Experimentação Pura: esta foi feita, pela primeira vez, pelo doutor
Hahnemann e a sua patogenesia consignada na Matéria Médica Pura.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O Opium actua em todo o sistema nervoso com igual intensidade: cérebro, cerebelo,
bulbo, medula (centro das hastes anteriores, das hastes posteriores e vias de condução),
simpático e parasimpático.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A variedade e a variabilidade dos seus efeitos explicam pela multicidade dos seus
princípios activos.
Em doses débeis, pouco tóxicas, situada na chamada zona terapêutica da
medicina Alopática (de 5 a 19 centigramas do extracto total), produz-se uma fase de
excitação em todo o sistema nervoso que dura pouco e caracteriza-se por ligeira
aceleração da circulação (excitação do simpático), com pulso acelerado e forte, rosto
encardido e vivaz ; o aumento da circulação no cérebro e a acção directa do Opium
sobre os neurónios cerebrais. Nesta fase conjugam-se e dão: excitação da inteligência,
sensação de bem estar, de euforia, como no principio da embriaguez alcoólica; aumenta
o brilho dos olhos, a mirada é viva, inteligente e há maior vigor muscular.
A excitação simpática e bulbar dá, ao para que a aceleração circulatória, o
aumento dos movimentos respiratórios, mas com um ligeira hipermneia que não é

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moléstia: “respira-se mais com gosto”. Por igual razão (excitação simpática), os
movimentos peristálticos do estômago e do intestino atenuam-se.
A doses um pouco mais fortes (15 centigramas), a excitação é muito intensa,
ainda também muito breve: as ideias vêm em sentido diferente, o pulso aumenta em
rapidez, amplitude e força, as papilas dilatam-se, a respiração é muito acelerada, o tónus
muscular aumenta e há uma certa rigidez, como consequência, sem chegar à contracção
ou à cãibra. Esta fase é imediatamente seguida do primeiro estado da fase depressiva, na
qual o coração diminui a sua força, a circulação em geral fica lenta, o pulso, apesar da
sua lentidão, conserva-se pleno (depressão simpática); a lentidão da circulação cerebral
provoca retardamento do retorno venoso, com as conseguintes congestões passivas do
órgão e como consequência disto e da depressão directa dos centros cerebrais e bulbo-
medulares apresenta-se a confusão das ideias. A contracção das pupilas, o rosto passa de
vermelho a vermelho escuro, os músculos relaxam-se com agradável sensação de
lassitude, de abandono; a respiração é profunda, lenta, a garganta fica seca, há náuseas e
ainda vómitos seguidos de diminuição das secreções gástricas e intestinais e uma ligeira
subida da temperatura; neste momento começa o sono com uma agradável sensação de
atordoamento, de sonolência, para chegar, pouco depois, ao profundo sono estuporoso.
Se a dose dada não passa dos 15 centigramas, o sujeito desperta ao fim de 12 a
36 horas, com náuseas, vómitos e cefaleia. Mas se se aumenta a dose até os 25 ou 30
centigramas, entra-se no segundo estado da fase depressiva e, como consequência,
apresenta-se o sono estuporoso profundo, as pupilas estão muito contraídas, quase
puntiformes, a face fica cianótica, a boca está muito seca; a transpiração é mais lenta e
começa a ficar irregular, as batidas cardíacas são débeis e irregulares; a sensação e os
reflexos estão abolidos, os músculos completamente relaxados, verdadeiramente
paralisados, o maxilar inferior cai; as matérias fecais e as urinas escapam-se
involuntariamente por paralisia respiratória e circulatória.
Na necropsia encontram-se as circunvoluções cerebrais aplanadas, os vasos
cerebrais e raquidiais cheios de sangue, verdadeiramente repletos (apoplexia) e grande
quantidade de exudato seroso nos aracnóides e nos ventrículos.
Deve entender-se o efeito consecutivo do Opium, sobretudo no cérebro, bulbo e
medula, como tendo duas fases que determinam por sua vez a excitação e a depressão:
uma fase activa, de grande fluxo sanguíneo por aumento da velocidade da circulação, e
outra fase passiva de estancamento ou êxtase (fase apopléctica sem hemorragia).
Opium, é pois um medicamento levemente excitador e grandemente depressor:
excita a inteligência (Phosphorus – Nux vomica); excita a sensibilidade (Aconitum
napellus –Belladonna – Gelsemium sempervirens – Matricaria chamomila – Nux
vomica); excita a mobilidade (Aconitum napellus – Belladonna – Nux vomica); deprime
a inteligência (Gelsemium sempervirens – Baryta carbonica); deprime a sensibilidade
(Aconitum napellus); deprime a motilidade (Gelsemium sempervirens – Curare,
causticum).

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Sujeito delgado em extremo, com mirada vaga, pupilas contraídas, face pálida ou bem
enrijecida em extremo e quase vultuosa, correspondendo estes dois aspectos do rosto às
fases depressiva, excitadora e congestiva da sua acção tóxica. Aspecto cansado e
sonolento com flacidez muscular geral.

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B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

O sistema nervoso é transitoriamente excitado e dá o tipo hiperasténico com franca


simpaticotonia; depois deprime-se, em graus diversos segundo as doses, e dá o tipo
hipoasténico definitivo com acentuada deficiência glandular endócrina. É nesta época
um sujeito hipo-cérbro-bulbo-medular, hipo-tiroideo, hipo-pituitário, hipo-suprarrenal,
hipo-testicular e ovárico.
Na fase hiper-asténica apresenta-se a excitabilidade reflexa: há tremor muscular
que começa na língua e nas mãos e estende-se a todo o corpo. Depois movimentos
convulsivos afectando as formas de convulsões tónicas e clónicas, à parte dos
sobressaltos e sacudidas dos músculos flexores. Na fase hipo-asténica apresenta-se a
amiostenia progressiva e em seguida a paresia e a paralisia. A paralisia do simpático
manifesta-se sobretudo a nível dos músculos lisos, principalmente do intestino.
A sensibilidade primeiro exalta-se havendo hipersensibilidade à luz, ao ruído,
aos odores; intensas dores lancinantes e nevralgias. Depois deprime-se profundamente,
dando adormecimentos e formigueiros nas extremidades, anestesias e finalmente, à
semelhança das paralisias, a perda da consciência.
O pensamento e imaginação do sujeito de Opium, na fase transitória de excitação e
congestão, exaltam-se: as ideias afluem em quantidade e com grande rapidez,
atropeladamente, acompanhadas de agradável sensação de euforia; num semi-sono
apresentam-se sonhos agradáveis, fantásticos ou eróticos, os quais constituem o
atractivo principal para os efeitos a fumar a droga. Pode haver também, então, breve
delírio furioso e loquaz, com visões terrificas de animais fantásticos, de demónios, ou
bem apresentar-se o típico delírio tremens.

Passando da fase de excitação à depressiva, surgem outras alucinações, tais


como sentir-se de altura gigantesca e que tudo o que lhe rodeia está igualmente
aumentado; ou crê que está em suspensão e esvoaçando no ar. Também pensam que não
estão na sua casa e querem voltar a ela.
Já na fase de franca depressão progressiva, chega a indiferença ao prazer e à dor,
então não deseja nada e quer que o deixem tranquilo; neste estado vai perdendo a
consciência pouco a pouco até chegar ao estupor completo, no qual há respiração
estertorosa, roncante, boca aberta, maxilar inferior pendente, olhos abertos e convulsos,
cara muito vermelha ou cianótica, estado de incontinência total que é um verdadeiro
coma percursor à morte. Esta pode sobrevir também dentro de um verdadeiro ictus
apopléctico, por hemorragia cerebral intensa.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Indiferente.

7. SINTOMAS CARACTERÍSTICOS:

1. sono profundo, verdadeiro estupor com perda da consciência.


2. Estado apopléctico (ictus).
3. Falta de reacção orgânica às doenças e aos medicamentos (apatia profunda. reacção
de alarme nula. “Selye”).
4. Tem sono, mas não pode dormir. (Belladonna).
5. As ideias afluem em grande quantidade, atropeladamente.

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6. Obstipação excessiva por atonia intestinal e ainda paralisia rectal.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor (congestão).


FISIOLÓGICAS: durante o sono e depois dele. Pelos estimulantes. Enquanto está
suando.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sente sono, mas não pode dormir por causa de uma hiperacusia muito
acentuada, de modo que o mais leve ruído o mantém desperto.
Sono com estupor profundo, comatoso: respiração estertorosa, roncante, boca aberta,
olhos abertos e convulsos, cara muito vermelha ou cianótica, mandíbula pendente.
Carfologia no sono. (Hyoscyamus niger).
Sufocação ao ficar a dormir. (Opium é o medicamento por excelência do coma).
Sonhos muito agradáveis e fantásticos ou tristes e terríveis: imagens eróticas ou
imagens demoníacas.
A cama parece tão quente que não pode descansar nela.
FEBRE: ligeira subida de temperatura na fase depressiva no começo.
Indicado em todas as febres com estupor grave. (Tiroideia – Tifo).
CABEÇA: atordoamento com a embriaguez.
Congestão do cérebro com fortes pulsações. (Aconitum napellus – Belladonna –
Glonoinum – Veratrum viride – Sanguinaria canadensis – Aurum metallicum).
Cabeça pesada, sobretudo no occipital, com vertigens.
Grande actividade do pensamento.
FACE: face congestionada: vermelho-escura ou violácea. (Belladonna).
Quente, inchada (Mercurius vivus).
Aspecto indiferente e ainda estúpido. (Gelsemium sempervirens – Baryta carbonica).
Paralisia dos músculos da face, sobretudo nas comissuras labiais.
OLHOS: roxos, semi-fechados ou abertos durante o coma.
Pupilas contraídas em extremo, ainda puntiformes. Ausência dos reflexos pupilar e da
córnea.
Mirada vaga, fixa, “vidrada”.
Ptose palpebral. (Gelsemium sempervirens – Causticum).
OUVIDOS: hiperacusia, sobretudo ao deixar-se dormir: ao menor ruído o mantém
desperto.
DIGESTIVO – BOCA: boca muito seca, com sede intensa.
Língua violácea ou negra. (Tifoideia). Língua paralisada.
FARINGE: disfagia paralítica.
ESTÔMAGO: vómitos com convulsões. Vómitos fecalóides.
(peristaltismo inverso, oclusão intestinal).
ABDÓMEN: abdómen muito doloroso e intenso, timpânico, parece que se vai romper.
(quadro agudo na oclusão ou na paralisia intestinal).
EVACUAÇÕES: obstipação tenaz, sem nenhum desejo de defecar.

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Atonia intestinal e sobretudo inércia rectal, com grande quantidade de fezes
acumuladas. Oclusão intestinal.
fezes duras, impossíveis de expulsar se não é imediatamente lavado. As fezes sobem e
baixam, saem e entram alternadamente (Silicea terra – Thuja occidentalis), por inércia
do recto.
Evacuações involuntárias na fase final.
Peristaltismo invertido, seguido de vómitos fecalóides.
Opium faz parte do grupo dos grandes obstipados da Farmacodinâmica Homeopática,
diferenciando-se estes entre si, em relação com as causas como se segue:

OPIUM: obstipação intestinal paralítica.


NUX VOMICA: obstipação intestinal por atonia parética, principalmente por causa da
vida sedentária. Outras vezes falta de peristaltismo irregular e espasmódico.
LYCOPODIUM CLAVATUM: obstipação intestinal por abafo, combinada com atonia
do intestino grosso e constrição espasmódica do esfíncter anal.
PLUMBUM METALLICUM: obstipação intestinal por miastenia dos músculos lisos
intestinais e dos rectos abdominais, provocada pela degeneração e atrofia muscular
progressiva.
GRAPHITES: obstipação intestinal por aquinesia intestinal proveniente da debilidade
muscular ou exagerada dilatação cólica (Megacólon).
SILICEA TERRA: obstipação intestinal por extrema debilidade muscular intestinal ou
abdominal (esgotamento) e grande secura da mucosa (desidratação).
BRYONIA ALBA: obstipação intestinal por secura da mucosa intestinal ligada a
transtornos gastro-hepáticos.
ALUMINA: obstipação intestinal por extrema secura da mucosa intestinal de origem
metabólico-constitucional ou nervoso.

URINÁRIO: retenção de urinas por paralisias da bexiga, retenção depois de um susto


ou depois de um parto.
Micção involuntária por paralisia flácida do esfíncter vesical.
GENITAIS MASCULINOS: aumento do desejo sexual com erecções e poluções
frequentes. Diminuição do desejo sexual e impotência.
GENITAIS FEMININOS: diminuição do desejo sexual.
Supressão das regras por um susto (Aconitum napellus).
No trabalho de parto interrompem-se as dores e apresenta-se um estado comatoso.
Convulsões das pálpebras: Eclampsia sem sonolência e ainda coma entre as crises.
RESPIRATÓRIO – LARINGE: afonia depois de um susto (Aconitum napellus).
Como o fizemos com a obstipação intestinal, vamos expor uma relação comparativa das
afonias:

ACONITUM NAPELLUS e OPIUM: afonia depois de um susto.


GELSEMIUM SEMPERVIRENS: afonia por uma impressão ou excessiva tensão
nervosa.
ACONITUM NAPELLUS: afonia depois da exposição ao vento frio e seco; afonia
nitidamente congestiva e catarral.
ARSENICUM IODATUM: afonia catarral.
ALLIUM CEPA e EUPATORIUM PERFOLIATUM: afonia gripal.
ARSENICUM IODATUM, IODUM, SPONGIA TOSTA e ARUM TRIPHYLLUM:
afonia em terreno tuberculínico ou já tuberculosa.

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ARNICA MONTANA, BELLADONA: afonia depois de gritar ou cantar; a primeira
por traumatismo, a segunda por inflamação.
BELLADONA, CAUSTICUM, GELSEMIUM SEMPERVIRENS, LACHESIS
TRIGONOCEPHALLUS, NUX VOMICA, OPIUM, PHOSPHORUS e PLUMBUM:
afonia parética ou paralítica, sendo Phosphorus e Plumbum os mais crónicos.
GELSEMIUM SEMPERVIRENS, IGNATIA AMARA e PULSATILLA NIGRICANS:
Afonia durante as regras e afonia histérica.
SPONGIA TOSTA: afonia pelo bócio que comprime o nervo recorrente laríngeo.

PULMÕES: respiração profunda, desigual, ruidosa, estertorosa (coma). Respiração


rápida, dispneia. Sufoco quando dorme: a respiração detém-se, é preciso sacudir o
doente para que a respiração normalize.
CIRCULATÓRIO: sensação de ardor ao redor do coração, como se estivesse
queimando. (sensação de frio ao redor do coração: Natrum muriaticum).
Palpitações depois de um susto (Aconitum napellus) ou de uma cólera (Matricaria
chamomila), ou de qualquer impressão ou espera (Gelsemium sempervirens).
Pulso lento, pleno, tenso, às vezes intermitente, pequeno e filiforme.
MEMBROS: contracções dos membros. Paralisia sem dor (Oleander). Tremores
(Gelsemium sempervirens).
PELE: pele quente, coberta de suores quentes (Belladonna), excepto nas extremidades
inferiores.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

12C – 30C – 200C.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Alcoolismo (intoxicação grave na fase da apoplexia: V gotas da 12C a cada hora).


Anúria paralítica.
Apendicite grave com quadro abdominal agudo, com ameaça de peritonite e ainda com
vómitos fecalóides; e que por circunstâncias especiais não pode ser operada – paliativo
– apoplexia. Bradicardia. Cianose. Cólicas do chumbo. Coma em geral. Comoção
cerebral. Convulsões, especialmente dos lactantes. Delirium-tremens. Obstipação
intestinal paralítica. Epilepsia, formas com mais sonolência e inconsciência que dá
convulsões. Falta de reacção orgânica ou falta de reacção aos medicamentos. Febre
tifoideia para combater sonolência e a paralisia respiratória. Oclusão intestinal. Diversas
paralisias.

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GRUPO B

ANTIMONIUM TARTARICUM

1. SINÓNIMOS:

Tartarato (sal do ácido tartárico) duplo de antimónio e de potássio. Tártaro emético.


Tártaro estibiado. Emético.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Antimonium tartaricum é um sal duplo de Antimónio e potássio. A sua


fórmula é: 2(Ksbo) C4H4O6H2O
Preparação homeopática: prepara-se em solução aquosa segundo a Quinta regra
ou por trituração segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: O Antimonium tartaricum foi muito empregado até aos
princípios deste século, com diversas indicações, sendo as principais: se empregava
como vomitivo (emético), como expectorante em afecções respiratórias, como
antiinflamatório (antiflogístico) na pneumonia, pleurisia, pericardite e reumatismo
articular agudo; como derivativo de uso externo.
Experimentação e uso Homeopático: não há dados precisos, dignos de crédito,
sobre a sua experimentação pura. O Dr. Hahnemann enriqueceu a patogenesia do
medicamento com alguns sintomas, provavelmente de observação clínica e eles podem
ler-se no livro de “As doenças crónicas”.
A Patogenesia encontra-se na enciclopédia de Allen e no Diário Britânico de
Homeopatia, volume XIX.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Actua principalmente sobre o nervo vago, (pneumogástrico) e por intermédio ou


directamente sobre o pulmão e a mucosa gastrointestinal. Exerce também acção sobre a
pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A acção sobre o vago é frequentemente excitadora, pelo qual produz depressão


acentuada das vísceras toráxicas e exaltação das abdominais, um verdadeiro estado de
vagotonia que se traduz, sobretudo, por dispneia, asfixia, bradicardia, baixa tensão
arterial, náusea, vómitos e diarreia.
Doses de 0.05 gr a 0.10 gr são vomitivas e ligeiramente purgantes.
A acção electiva sobre o pneumogástrico foi demonstrada com a seguinte
experiência: ingeriu-se o Antimónio tartárico nas doses citadas acima, produz de
imediato os efeitos assinalados (acção excitadora directa sobre as extremidades gástricas
do vago). Em mudança, necessitam-se de doses muito mais elevadas por via subcutânea
para provocar o vómito.
Doses menores, de um centigrama a um miligrama, continuadas por muito
tempo, chegam a produzir gastrenterites típicas, fenómenos nervosos bulbares
(vertigem) e cerebrais (cefaleias e prostração); debilidade do coração, do pulmão e dos
músculos.

37
A doses elevadas, superiores a 0.10 gr, causa colapso grave num quadro de
gastrenterite aguda, tipo cólera, que determina a morte.
Nas autopsia encontrou-se grande quantidade de exudato mucoso nos brônquios,
procedentes de lesões mucosadas; ulcerações e amolecimento das mucosas
gastrointestinais e degeneração gasosa do coração, fígado e rins; lesões
anatomopatológicas todas estas, que podem ser a consequência distante da acção sobre
o pneumogástrico ou produzidas por um transtorno bioquímico metabólico toda via não
esclarecido.
Aplicado localmente degenera a pele, produzindo lesões pustulosas.
Podia dizer-se que pela sua acção nervosa retarda as funções respiratórias e
circulatórias e exacerba as digestivas; e pela a sua acção local, tópica ou de contacto,
degenera as mucosas e a pele.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

não é um medicamento que tenha marcados traços anatómicos.


Pode corresponder em parte a pessoas de constituição hidrogenóide e gordas e
preguiçosas. Esta constituição e conduta poderiam explicar, talvez, as degenerações
gordurosas viscerais que se assinalaram.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

Antimonium tartaricum corresponde a um sujeito tipicamente vago-tónico, com


predomínio deste tonos sobre o pulmão, dando a depressão respiratória conseguinte.
Quem sabe o sujeito de Antimonium tartaricum seja um hipotireoideo. Trata-se de
um preguiçoso, talvez por debilidade muscular (miastenia tóxica). Frequentemente fica
sonolento, com invencível tendência ao sono, chegando a cair em adormecimento
(Opium) e prostração. Despertado e agitado, ansioso, com necessidade de ar e de grande
temor de ser abandonado e permanecer sozinho (Gelsemium sempervirens).

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Indiferente.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. sonolência intensa com tendência irresistível ao sonho e prostração (Opium).


2. Tosse com grande quantidade de estertores e acumulação de escarro, mas sem
expectoração (Ipecacuanha cephaelis).
3. Respiração ruidosa com grande dispneia (Opium – Ipecacuanha cephaellis).
4. face fria, cianótica, pálida, coberta de suores frios (Tabacum – Veratrum album).
5. Náuseas constantes com ansiedade mortal e prostração. (Ipecacuanha cephaelis).
6. Vómitos com desmaio (lipotimias), seguido de sonolência e extrema prostração.

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8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: pela noite.


DE SITIO E CLIMA: pelo tempo frio e húmido. Pelo calor. Pelas mudanças de tempo.
Na Primavera.
DE POSIÇÃO: encostado.
FISIOLÓGICAS: pelo leite e todos os alimentos ácidos.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio.


DE POSIÇÃO: estando sentado.
FISIOLÓGICAS: pela expectoração e pelos eructos.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: muita sonolência e propensão a dormir em quase todas as afecções (Opium –


Nux moschata).
Sonho estuporoso (Opium).
FEBRE: febres tifóidicas “tifo pulmonar”.
CABEÇA: vertigens ao por a cabeça sobre a almofada.
FACE: face fria, cianótica, pálida, coberta de suores frios. Traços fundidos.
OLHOS: olhos fundidos.
DIGESTIVO – BOCA: língua saburrosa com as seguintes variantes:
- vermelha na parte média e saliva branca no resto.
- Saliva em todo o dorso e vermelha nas bordas.
- vermelha e seca na parte média com duas bandas brancas em cada lado.
- Salivação e ausência total de sede.
ESTÔMAGO: falta de apetite. Desejo de comer maçãs e tomar ácidos, ainda estes
agravam. Aversão pelo leite.
Náuseas constantes com ansiedade mortal e prostração (Ipecacuanha cephaelis): menos
sonolência e prostração. Quando a Ipecacuanha cephaelis falha e o seu quadro agrava,
vómitos com lipotímias. Vómitos difíceis, arrotando além de alimentos e bílis, um muco
branco, viscoso, que se estira em largos filamentos (Kali bichromicum – Hydrastis
canadensis), muito abundante, que pode chegar a encher o esófago, a boca e o nariz e
produzir asfixia, sobretudo nas crianças pequenas. À medida que o doente vomita
encontra-se mais e mais esgotado.
Gastralgia com cãibras intensas.
ABDÓMEN: dores abdominais espasmódicas. Cãibras abdominais.
EVACUAÇÕES: diarreia como água, involuntária, abundante, fétida, com suor frio na
face. Colériforme (Veratrum album).
RESPIRATÓRIO – NARIZ: asas do nariz muito dilatadas, muito abertas, animadas
de batimentos rápidos e sincrónicos com os movimentos respiratórios (Lycopodium
clavatum). (Antimonium tartaricum: mais dilatação das narinas, menos movimentos.
Lycopodium clavatum: mais movimentos, menos dilatação).
LARINGE: tosse espasmódica, sufocante, quintosa; que se agrava à menor ingestão de
alimentos e come às três da manhã, obrigando o doente a sentar-se na cama e
necessitando que o sustenham pela sua grande debilidade. Esta tosse vem acompanhada
de náuseas e vómitos. Tosse branda, pastosa, com ruído de escarros, mas sem poder
expectorá-las (Ipecacuanha cephaelis).

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BRÔNQUIOS E PULMÕES: grande quantidade de muco, mas sem expectoração.
Respiração muito ruidosa.
Enorme acumulação de escarros nos brônquios que materialmente abafam.
(quando Ipecacuanha cephaelis falha e o quadro agrava-se Antimonium tartaricum
segue bem a Ipecacuanha cephaelis).
Hepatização pulmonar que ainda persiste depois de ter terminado a pneumonia.
Asfixia (Carbo vegetabilis).
CIRCULATÓRIO: pulso rápido, débil, pequeno, algumas vezes imperceptível
(Arsenicum album).
Baixa tensão arterial. Colapso. (Opium – Ipecacuanha cephaelis – Carbo vegetalis –
Camphora).
EXTREMIDADES: Cãibras durante a diarreia. Pernas muito débeis (Phosphoric
acidum).
PELE: erupção postulosa com base eritematosa, semelhante à da varíola e que ao secar-
se deixa traços avrmelhados.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

Triturações decimais e centesimais: 1X – 3X - 1C – 3C. diluições aquosas da 6C à 30C.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Cianose, dispneia, asma húmida. Asfixia do recém-nascido. Bronquite capilar.


Bronquite catarral, bronquite crónica dos idosos, pneumonia. Pneumonia com congestão
hepática, edema do pulmão, tosse convulsa, vómitos em geral com muitas mucosidades.
Vómitos que não podem ser coagidos,
gastralgia com cãibras, gastrenterites, Colériforme. Diarreia involuntária dos
tuberculosos e dos caquécticos. Cãibras abdominais. Febre tifóide com notáveis
sintomas toráxicos: “Tifos pulmonares” alternando com Phosphorus e com Paronichia
Illecebrum – “Tianguis pepetla” – e com Bryonia alba e com o Ferrum phosphoricum.
Dermatites herpetiformes. Afecções postulosas da pele (Ectyma), doenças
cutâneas caracterizadas por bolhas de líquido seroso ( Pénfigo), Impetigo, varicela,
varíola.

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GRUPO B

BRYONIA ALBA

1. SINÓNIMOS:

Brionia branca. Vitis alba. Vitis diabólica. Nabo do diabo. Rábano do diabo. Lúpulo
Silvestre. Arnoca tolonchi.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Bryonia alba é uma planta herbácea, trepadora e vivaz da família das
Curcubitáceas, muito comum em França e na Alemanha.
Princípios activos: eles são a brionina e uma resina, a brioresina.
Preparação homeopática: prepara-se a tintura mãe com a raiz fresca, antes que
a planta esteja em floração, segundo a primeira regra. Com a raiz seca prepara-se
conforme a Quarta regra, ou pela trituração segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: nos séculos XVIII e XIX sobretudo, foi muito
empregue como purgante drástico. Arnaud de Villeneuve recomendava contra a
epilepsia e Sydenham contra as febres intermitentes que se acompanham de sintomas
nervosos tipo mania. No Tratado Universal das Drogas Simples, Nicolas Lemery disse
dela “Limpa as serosidades pelo ventre e pela urina; faz desaparecer as obstruções;
excita os períodos menstruais, facilita a expulsão da placenta depois do parto; é
igualmente útil nos casos de asma e hidropisia”.
Experimentação Pura: homeopaticamente foi experimentada pelo Dr.
Hahnemann e sua Patogenesia que se encontra na Matéria Médica Pura.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Tem acções sobre as serosas, as mucosas e o simpático, também actua sobre o fígado e
de maneira menos acentuada sobre todos os órgãos que as serosas envolvem: pulmão
(Pleura), Coração (Pericárdio), articulações (sinovial); com a característica de: “actuar
na parte destes órgãos mais próxima da serosa” (Dr. J. Sieffert). Apresenta também
acção sobre os músculos.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A primeira acção das doses fortes de Bryonia alba é inflamatória do trato


gastrointestinal e , como consequência, purgante não drástico e fortemente hidragoga,
quer dizer, que faz perder muita água o que produz desidratação do organismo; daí a
secura generalizada característica e da sede intensa.
A esta primeira acção inflamatória segue uma Segunda, também inflamatória,
das mucosas e das serosas, quer dizer, das mucosas diferentes do intestino: respiratórias,
uretrais, vaginais e dos parênquimas orgânicos, o que dá a sintomatologia típica que
será estudada nos seus sítios.
As serosas ou se desidratam menos, ou são inflamadas antes de que se produza a
desidratação por gastrenterites, pelo qual dão ao quadro da inflamação com exudato,
exactamente contrária à inflamação sem exudato ou serosa, das mucosas.

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Invocou-se uma acção simpática de instabilidade para explicar estes erros, mas
este mecanismo não está claro.
Bryonia alba que actua sobre as serosas como nenhum outro medicamento,
convém para o segundo estágio da sua inflamação, quer dizer, como acima, quando se
produz o exudato, ou seja, quando nem Aconitum napellus (hiperemia ou congestão),
nem Atropa belladona (inflamação localizada no principio), poderiam ter evitado a
exudação.
Pela acção hidragoga, se esta não é extrema, Bryonia alba pode ser um excelente
drenador e canalizador que favorece a eliminação de tóxicos a nível de qualquer órgão,
mas sobretudo o fígado.
Os indivíduos intoxicados gravemente com Bryonia alba morrem por causa da
acidose que provoca desidratação ou pela insuficiência hepática total a partir da intensa
degeneração parenquimatosa.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Tratam-se de pessoas delgadas, secas, desidratadas; de fibras musculares rígidas;


geralmente morenas e de cabelos escuros.
B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

Trata-se de um sujeito bulbo-medular, simpático e instável, hiperestáctico para o


movimento. Muito provavelmente hipertireoideo, hiperpituitário e hipersuprarrenático
ao princípio; hipotireoideo, hipopituitário e normosuprarrenático posteriormente.
Indivíduo excessivamente irritado (Matricaria Chamomilla – Chelidonium majus
– Nux vomica – Aurum metallicum) facilmente encoleriza-se. Tem medo pelo que vem
e apresenta uma forma particular de delírio: fala constantemente em seus negócios. Se
quisermos mostrar a imagem patológica típica de Bryonia diríamos: o sujeito de
Bryonia alba é um pleuro-pulmonar, diatésico, reumático, seco, hepático, e tem
tendência à obstipação.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. grande secura das mucosas e da pele.


2. Sede viva por grandes quantidades de água de uma vez só, mas em grandes
intervalos.
3. Tudo se agrava pelo movimento e melhora pelo repouso.
4. Agravação pela pressão ligeira e melhora pela pressão forte.
5. Dores agudas; pungentes, agravados pelo menor movimento.
6. Vertigens pela manhã ao levantar-se.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: pela noite, até às nove (Matricaria Chamomilla). Pela manhã, às 3 horas e
ao levantar-se.

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DE SITIO E CLIMA: pelo calor e estação calorosa.
DE POSIÇÃO: pelo movimento.
SENSORIAIS: pelo tacto. Pela pressão ligeira.
FISIOLÓGICAS: pelos alimentos quentes.

MELHORIAS:

DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio.


DE POSIÇÃO: pelo repouso. Estando encostado sobre o lado dolorido.
SENSORIAIS: pela pressão forte.
FISIOLÓGICAS: pelos alimentos, bebidas e aplicações frias.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

FEBRE: febre seca com sede intensa de água fria. Febre com o corpo dolorido. (gripe).
(Eupatorium perfoliatum – China officinalis – Arnica montana).
CABEÇA: vertigem giratória, como se a cabeça girasse em circulo completo, pela
manhã ao levantar-se. Cefaleia occipital congestiva, como se a cabeça fosse estalar e
lançar o seu conteúdo para a frente, produzida ou agravada pelo movimento mais leve,
ainda por mover os olhos; começa desde a manhã e aumenta no decurso do dia até ficar
pior na noite.
Derrames meníngios; meningite.
OLHOS: conjuntivas secas, com sensação de areia nos olhos.
DIGESTIVO – BOCA: muito seca. Lábios secos, inchados, partidos com gretas.
Língua seca e presa ao paladar, com sede ardente, por grandes quantidades de água de
uma vez e a grandes intervalos. Desejo de bebidas frias e ácidas. Sabor amargo
persistente. Língua coberta de saburra branco-amarelenta e grossa no centro.
FARINGE: grande secura da garganta, que está ardente e com picadas.
ESTÔMAGO: náuseas pela manhã ao despertar e apenas ao mover-se.
Sensação de como se tivesse uma pedra no estômago aliviada pelos arrotos; esta
sensação o põe de mau humor.
Grande sensibilidade do epigástro oco ( boca do estômago) ao tacto.
Vómitos aquosos ou imediatamente de bílis depois de haver comida.
ABDÓMEN: distensão abdominal com pressão na região umbilical e grande
sensibilidade ao tacto. O doente busca a maneira de imobilizar o seu ventre porque ao
menor movimento, ainda da respiração. Agravam-se as suas dores (peritonismo e
peritonite).
Dor ardente e lancinante no fígado (hipocôndrio direito) sobretudo ao torcer e
que melhora com o repouso e encostando-se sobre o lado direito.
A região está muito sensível ao tacto, à pressão, mas as suas dores melhoram
com a forte pressão. O lóbulo direito, principalmente, sente-se grosso, pesado e muito
sensível à palpação ligeira.
Icterícia: estes sintomas que resultam do mau funcionamento das vias biliares,
sendo importantes, não são tanto nem tão frequentes como os sintomas de intoxicação
(náuseas, vómitos, cefaleias e alergias) que indicam o mau funcionamento hepático, já
que Bryonia alba tem mais selectividade pelo fígado que pelas vias biliares.
Nas lesões orgânicas do fígado como já se disse a Bryonia alba actua tanto
melhor quanto mais próxima ao peritónio está a lesão.
EVACUAÇÕES: obstipação sem desejos de evacuar, pela grande secura da mucosa
intestinal, sendo as fezes secas, duras, volumosas e negras como queimadas. Ainda que

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a obstipação é mais típica de Bryonia alba, tem também uma forma especial de diarreia:
cor de café, abundante como água suja e que se apresenta na manhã ao fazer o primeiro
movimento para levantar-se.
URINÁRIO: mucosa uretral seca que exprime dor ardente, enquanto não há micção,
pela própria secura, e que melhora naturalmente pela urina.
GENITAIS FEMININOS: supressão da menstruação com dor de cabeça, epistaxe,
hemoptise ou rectorragias geralmente hemorróidais.
Seios pálidos, quentes, duros, de uma dureza de pedra e muito dolorosos
(Matricaria chamomilla).
RESPIRATÓRIO – NARIZ: coriza seca com dor em extensão na frente. Epistaxe
matinal ou durante a supressão da menstruação.
LARINGE: tosse seca, voz apagada que provoca dores lancinantes no peito e pressões
na cabeça, obrigando o paciente a suster a sua cabeça ou o peito com as mãos, para
diminuir a comoção do acesso.
Tosse agravada pelo menor movimento ou passando do frio ao calor, numa
habitação quente e respirando profundamente; melhorada pelo repouso absoluto.
Expectoração de mucosidades escuras, cinzentas (poeira) ou amareladas e Às
vezes com estrias de sangue (pneumonia).
PULMÕES: dores agudas, lancinantes, no peito (dor nas costas, pleurodinia, pleurites,
pleurisia, pneumonia). Estas dores são melhoradas por permanecer imóvel, tranquilo,
respirando apenas. Na pleurisia as dores melhoram encostando-se sobre o lado afectado
COLUNA E TÓRAX EM GERAL: dores picantes no dorso, debaixo das escápulas,
debaixo das clavículas, debaixo dos seios, debaixo das últimas costelas; constritivos
debaixo do externo (traqueite, angina de peito, pericardite).
CIRCULATÓRIO: dor recto-external da pericardite ou da angina de peito ou de um
enfarto do miocárdio. Pericardite reumática, endocardite reumática.
Pode chegar a reduzir a insuficiência e a estenose mitral ou tricúspide, sobretudo
recentes pela sua acção selectiva sobre as serosas (fase inflamatória das serosas
endocárdicas).
MEMBROS: grande medicamento dos reumatismos articulares e musculares. A sua
acção electiva sobre as serosas ou indica quanto haja articulações inchadas, vermelhas,
quentes, com dores agudas pungentes (Apis mellifica) e dilacerantes, que pioram ao
menor movimento e ao menor contacto, mas melhoram com repouso e forte pressão.
E sobre os músculos quando afecta grupos musculares bem determinados.
MEMBRO SUPERIOR: dor de luxação dos pulsos ao movê-los. Articulação do
cotovelo e do ombro inchadas e dolorosas. Mãos inchadas. Dores de tracção em todo o
braço até à ponta dos dedos.
Move constantemente o braço esquerdo.
MEMBRO INFERIOR: picadas nos músculos, pioram ao toque e com o movimento.
Rótulas rígidas, inchadas e dolorosas.
Picadas e esticões na barriga das pernas até à tíbia.
Pernas e pés inchados. Move constantemente a perna esquerda. (Helleborus niger).
PELE: nodosidades duras em baixo da pele.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

Tintura – 1X – 3X – 3C – 6C – 12C – 30C.

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11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Dispepsia, gastralgia, vómitos, enterite grave, angiocolite, diarreia, obstipação,


apendicite (coadjuvante para evitar a peritonite), apendicite no prê-operatório, tiflites,
peritonites e pelviperitonites no princípio. Cólica hepática, congestão do fígado, hepatite
aguda, insuficiência hepática, icterícia alternando com Carduus marianus, especialmente
na forma emotiva; ou com Mercurius vivus. Asma, bronquite aguda, bronquite capilar,
alternando com Ipeca. Bronquite crónica, broncopneumonia, pneumonia (alternando
com Phosphorus), Arsenicum album com Ipeca ou com Antimonium tartaricum.
Congestão pulmonar, pleurodinia, pleurites, pleurisia, enfisema pulmonar, pericardite,
endocardite, insuficiência mitral. Angina de peito, acessos descompensados pelo
movimento.

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GRUPO B

IPECACUANA CEPHAELIS

1. SINÓNIMOS:

Ipeca. Ipecacuanha cephaelis. Raiz brasileira. Raiz vomitiva.

2. GENERALIDADES:

Origem – Ipecacuana é a raiz de três géneros de arbustos da família das Rubiáceas: a


Ipecacuana cephaelis, a Paychotria Emética e a Richardonia Scabra, todas elas
orginárias do Brasil e abundantes nas regiões da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Princípios activos: os seus princípios activos são os seguintes alcalóides:
Emetina, Cephalina, Psycotrina, Metilpsycotrina, Ipecamina, Hydroipecamina e um
ácido, o Ácido Ipecauánico.
Preparação homeopática: prepara-se a tintura com a raiz, segundo a Quarta
regra.
Antecedentes de emprego: empregue como anti-disentérico no Brasil desde à
muito tempo.
Até 1648 conheceu-se na Europa. O médico holandês Helvetius realizou com ela
muitas curas notáveis nos finais do século XVII.
Actualmente ainda segue e ocupa um lugar preferente na terapêutica com
diversas aplicações, especialmente como vomitivo e expectorante, e o seu alcalóide
Emetina para o tratamento da amiblase.
Experimentação Pura: foi feita pelo Dr. Hahnemann e a Patogenesia resultante
incluída na Matéria Médica Pura, encontra-se igualmente no Diário Britânico de
Homeopatia, volumes XXVI e XXVIII.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

A Ipeca actua sobre o pneumogástrico nas suas terminações periféricas e no seu centro
bulbar. Sobre o simpático. Além disso sobre a mucosa do aparelho digestivo e
respiratório; o pulmão; o coração, os vasos e a pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Localmente, o pó da raiz de Ipecacuanha Cephaelis é irritante para a pele e muito


irritante para as mucosas: inalada em pequena quantidade provoca espirros, quando se
inspira em maior quantidade causa tosse espasmódica extremamente molesta e às vezes
verdadeiras crises de asma. Uma pequena quantidade deste pó projectada sobre um
olho, produz uma inflamação conjuntival muito aguda que pode chegar até a perfuração
da córnea.
A sua acção geral, ao ser ingerida a Ipecacuanha cephaelis ou injectada com o
seu princípio activo, a emetina, é de um excitador do pneumogástrico e um depressor do
simpático. Pela primeira acção que pode realizar-se nos centros bulbares ou nas
terminações do nervo. Provoca náuseas e vómitos e sempre mais náuseas do que
vómitos. É pois um emético (vomitivo) e por sua vez central e reflexo. A causa do
duplo mecanismo: Reflexo através do pneumogástrico é irritante local do intestino,

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produz diarreia reflexa. Aumento do peristaltismo e diarreia inflamatória (acção local).
Pela Segunda acção, depressora do simpático, causa depressão respiratória, cardíaca e
vascular, abatendo pelo mesmo a pressão sanguínea e podendo chegar a produzir
colapso arterial.
Determinadas doses, 20 a 50 centigramas tomadas, excitam o centro respiratório
bulbar, a musculatura bronquial (acção estimuladora do simpático em lugar da geral
depressora que se assinalou antes) e a produção da secreção mucosa dos medianos e
pequenos brônquios, estas três acções são as que fazem a Ipecacuanha cephaelis nestas
doses, um excelente produto expectorante. Portanto, a estrita acção homeopática da
Ipecacuanha cephaelis nesta regra, será suprimir os escarros não pelo efeito
expectorante ou eliminador, mas pelo efeito secante.
Uma pessoa intoxicada gravemente pela Ipeca, morre pela intensa depressão
cardíaca (Insuficiência miocárdica) que, no final, pelo coração; pelo colapso arterial
(choque) ou pelo edema pulmonar que produz asfixia. Este último síndrome é, na
realidade, uma consequência da insuficiência cardíaca.
A Ipecacuanha cephaellis parece-se muito com Antimonium tartaricum na sua
acção, mas a acção da Ipecacuanha é mais lenta, ainda que mais prolongada e menos
intensa que a do Antimonium, produzindo, pelo mesmo, menos depressão cardíaca e
respiratória e menos colapso que o emético. Isto faz dela o vomitivo ideal, quando seja
necessário empregá-la neste sentido, sobretudo em crianças, idosos ou adultos
debilitados ou cardíacos. A dose empregado para o efeito vomitivo é de 2 g de pó de
Ipecacuanha cephaelis de uma só vez.
Se em vez de usar a Ipecacuanha cephaelis em algumas indicações emprega-se o
seu princípio activo a emetina, esta tem uma intensidade de acção igual ou maior do que
o Antimonium tartaricum, o que a faz perigosa.
Na patogenesia da Ipecacuanha cephaelis existe o sintoma “hemorragias
abundantes sendo o sangue vermelho brilhante”, mas na sua acção fisiopatológica
reconhecida não há nada que produza hemorragias; havendo em troca, produção de
hipotensão e colapso. Então, essas hemorragias que falam as patogenesias devem ter
sido produzidas pelas elevadas potências que, vencendo a hipotensão das doses
ponderais, produzem hipertensão e como consequência ruptura de vasos e hemorragias.
Salta a vista então que, para tratar uma hemorragia de Ipeca e com Ipeca, devemos usá-
la em doses que produzam hipotensão (2.5 a 3 gr: em doses fraccionadas) e não em
potências 6C, 12C ou 30C que produzindo hipertensão vinham a agravar a hemorragia.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Ipecacuanha não tem um tipo anatómico marcado.

B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

Trata-se de um indivíduo vagotónico e simpático-lítico, com predomínio central bulbar.


Este predomínio vago, com todas as suas consequências, quem sabe está ligado a um
ligeiro hipotireoidismo e hiposuprarrenalismo. Indivíduo que deseja muitas coisas sem
poder precisar de nada. Lento nas suas ideias.

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6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito de preferência.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Náuseas persistentes com salivação.


2. Vómitos reflexos que não melhoram.
3. Língua limpa (esta característica estabelece uma das grandes diferenças com os
Antimónios, tartaricum que tem três tipos de línguas saburrosas e o crudum com a sua
língua peculiar branca “como leite”).
4. Hemorragias por qualquer via (Crotalus horridus), sendo o sangue de cor vermelho
vivo. (por hipertensão congestiva e ainda ruptura vascular, que provocam as
dinamizações médias e altas).

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: periodicamente.
DE SITIO E CLIMA: no inverno e no tempo seco.
DE POSIÇÃO: pelo movimento (Bryonia alba).
FISIOLÓGICAS: por comer carne de porco.

MELHORIAS:

DE POSIÇÃO: pelo repouso.


SENSORIAIS: pela pressão.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

FEBRE: calafrios e arrepios com frio gelado e suores frios nas mãos e pés. Febre com
estado nauseoso persistente. Febre com profundas dores nos ossos. (Mercurialis). Febre
intermitente (China officinalis).
CABEÇA: .Hemicrania direita, lancinante, com náuseas, vómitos e pesadez
(enxaqueca).
OLHOS: Nevralgia orbitaria periódica com lágrimas (Arsenicum album) sendo as
dores vivas, lancinantes e acompanhadas de náuseas.
Úlceras da córnea.
DIGESTIVO – BOCA: Erupções e úlceras nas bordas dos lábios (Nitric acidum).
Salivação abundante (Mercurialis), que o obriga a engolir constantemente.
Língua geralmente limpa.
ESTÔMAGO: Náuseas constantes, persistentes, vómitos depois de comer pastéis e
cremes e depois de ter fumado.
Sensação de que o estômago estivesse relaxado, vazio e pendurado no abdómen.
ABDÓMEN: Dores constantes ou de beliscaduras que atravessam o abdómen da
esquerda à direita. (direita à esquerda: Lycopodium clavatum), e ao redor do umbigo.
EVACUAÇÕES: Fezes diarreicas, verdes como erva.
Fermentadas e espumosas como a levedura de cerveja.
Sanguinolentos, desintéricos, com muito tenesmo (Mercurius vivus – Mercúrio
solúvel), ou negras como a hulha (melenas) sangue digerido, hemorragias altas

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geralmente duodenais. Todas estas diarreias vêm acompanhadas de náuseas e vómitos
(Arsenicum album).
URINÁRIO: Hematúria
GENITAIS FEMININOS: Regras muito adiantadas e muito abundantes, (China),
sendo o sangue de cor vermelho vivo. Durante as regras: dores umbilicais que irradiam
ao baixo ventre e ao útero com náuseas e vómitos. Depois das regras: debilidade (China
officinalis sem proporção com a quantidade de sangue perdido).
Durante a gravidez: vómitos com náuseas excessivas.
RESPIRATÓRIO – NARIZ: Epistaxe, sendo o sangue vermelho e brilhante.
Coriza fluente com espirros frequentes (Sabadilla oficinalis – Arsenicum album).
LARINGE: Rouquidão e ainda afonia depois de uma coriza. Afonia inflamatória.
Tosse que não pára, violenta a cada inspiração. O peito está cheio de
mucosidades que não podem ser expectoradas pela tosse e que sufocam o doente e
provocam náuseas e ainda vómitos. Tosse espasmódica, seca e sufocante: a criança fica
pálida e cianótica: (a cara azulada e o corpo rígido). Tosse com expectoração de sangue.
Tosse com epistaxe. Tosse agravada pelo movimento (Bryonia alba).
PULMÕES: Sufocamento. Dispneia com constrição no peito. Hemoptises abundantes,
sendo o sangue de cor vermelho-vivo, acompanhado de náuseas e vómitos.
Estertores mucosos abundantes, no peito, que se vêem à distância. “ as mães dizem que
o peito dos seus filhos ronca “. asma húmida e espasmódica, sendo a respiração muito
arquejante.
Edema do pulmão com expectoração espumosa e de cor salmão.
CIRCULATÓRIO: debilidade e frio na região precordial (frio ao redor do coração:
Natrum muriaticum; calor ao redor do coração: Phosphorus).
Insuficiência miocárdica.
Hemorragias por diferentes vias (Crotalus horridus), sendo o sangue de cor
vermelho-vivo e brilhante.
Hipotensão e colapso arterial.
MEMBROS: dores profundas nos ossos (Mercurius – Kali iodatum), como se
estivessem rotos; pior durante a febre.
Uma mão fria e a outra quente (China officinalis – Digitallis purpurea).
PELE: picadas violentas sem erupção (Dolichos pruriens).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

Tintura – 1X – 3X – 6C – 30C – 200C.


As baixas dinamizações usam-se geralmente para fluidificar as mucosidades e
fazer expectorar, igualmente para as hemorragias. (as altas agravariam as hemorragias).
As médias e as altas para secar secreções e diminuir a expectoração, especialmente nas
crianças que não sabem expulsar escarros e nos quais seria perigoso acumularem-se.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Dispepsia aguda. Mau estar gástrico “indigestão” – no princípio. Indigestão, gastrites,


diarreia, diarreia crónica, desinteria, oclusão intestinal, vómitos, hematemese.
Asma, bronquite grave capilar, bronquite, broncopneumonia, alternando com
Bryonia alba. Congestão pulmonar, edema pulmonar, pneumonia alternando com
Bryonia alba. Laringite com afonia e muitas mucosidades. Laringite com som agudo e
desagradável e espasmo da glote. Tosse convulsa no princípio. Dispneia com náuseas.

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Insuficiência miocárdica, epistaxe hemicrania, convulsões epileptiformes nas
crianças. Eclâmpsia, ulceração da córnea, oftalmia flicteneoide. Febre intermitente,
paludismo, febre tifóide no princípio. Gripe alternando com Bryonia, hipotensão
arterial.

ANTIMONIUM TARTARICUM IPECA

Digestivo Suja, saburrosa, com limpa.


três tipos diferentes.

Mais vómitos que náuseas. Mais náuseas


vómitos por excitação do que vómitos.
pneumogástrico no estômago vómitos reflexos
com indigestão. por irritação do
Bílis e muco branco. pneumogástrico
Viscoso e filamentoso, muito no bulbo.
Abundante. vómitos
Mucosos,
Viscosos ou bem
De sangue
vermelho e
brilhante.

Respiratório Espasmódica, sufocante. Incessante e


Agrava comendo. espasmódica.
Com náuseas e vómitos. Violenta, que se
produz a cada
inspiração e que
sufocam.

Expectoração Excessivos escarros que se podem Ruído de expectoração


expectorar e que se asfixiam. no peito.
Muitos escarros que
Podem expectorar.
Expectoração com
sangue.

(figura 1) – quadro comparativo do sistema digestivo e respiratório entre o


Antimonium tartaricum e a Ipecacuanha cephaelis.

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GRUPO B

PHOSPHORUS

1. SINÓNIMOS:

Fósforo branco.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Phosphorus é um corpo simples da família dos Metalóides.


O seu símbolo químico é o P.
Foi descoberto por Brandt e Kunckel em 1679, uns que ao mesmo tempo, mas
por separado, o extraíram da urina. Actualmente extraí-se dos ossos calcificados por
meio da técnica de Scheele.
Na natureza existe combinado em forma de fosfatos.
Preparação homeopática: prepara-se a partir do fósforo puro por meio de
solução em glicerina associada ao álcool, sem seguir nenhuma das nove regras. Obtém-
se de imediato uma solução de 1:1000 ou seja uma 3X.
A solução em álcool puro ou a trituração alternam o metalóide e podem ser
perigosos.
Antecedentes de emprego: pouco tempo depois do seu descobrimento foi
utilizado por Kinchel para diversas doenças crónicas, em forma de pílulas luminosas
que se fizeram célebres no seu tempo. Kramer, médico alemão, recomendava o
Phosphorus contra a epilepsia e febres malignas.
Na actualidade e em vista da sua toxicidade, o Phosphorus foi abandonado
substituído por compostos orgânicos dele e pelo ácido Phosphorico.
Experimentação Pura: a experimentação homeopática foi efectuada pelo Dr.
Hahnemann quem publicou a sua Patogenesia no seu livro de “As doenças crónicas”.
Também se encontra nas enciclopédias e nos Diários Norte-americanos e Britânico de
Homeopatia volumes VII e XXI respectivamente.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Este medicamento tem acção sobre quase todo o organismo. Com importância igual
actua sobre o cérebro, a medula, coração, pulmões, fígado, estômago, pâncreas, baço, os
rins, as glândulas de secreção interna, os ossos, músculos, a pele e o sangue.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O fósforo pode produzir intoxicação aguda e intoxicação crónica e uma acção local de
queimadura.
A intoxicação aguda era antes muito frequente nas fábricas de pavios pelo
excesso de inalação de vapores fosforosos ou ingestão de fósforo branco que caia nas
mãos dos trabalhadores; mas agora, com os procedimentos de segurança industrial, só
se vê em tentativas de suicídio, ao ingerir pavios ou pastas fosforosas como o fosfato de
zinco que se emprega como raticida. As doses mortais, não bem afixadas, são ao redor
dos 10 centigramas para o adulto e um centigrama para as crianças. Sabe-se de

51
intoxicações mortais causadas pela ingestão de 60 a 70 pavios, ou seja
aproximadamente, 3 ou 4 centigramas de fósforo branco.
Esta intoxicação grave produz, depois de uma ou duas horas de ingerir o fósforo,
os seguintes sintomas: fortes dores de estômago com intenso ardor, como se se
queimasse (acção local primária de queimadura); arrotos com sabor e odor a alho:
vómitos com sede ardente e cefaleia. Este constitui a primeira fase. Depois de um breve
período de calma apresenta-se a Segunda fase com vómitos agora coagíveis, diarreia,
icterícia grave, hipertrofia do fígado, diversas hemorragias, mas sobretudo epistaxe
devido a um triplo efeito degenerativo: A) sobre as paredes vasculares que engrossa e
debilita (Bartholow). B) Sobre os glóbulos vermelhos aos que hemoliza e C) sobre a
coagulação do sangue que retarda provavelmente porque ao desorganizar o sangue
altera a composição das plaquetas, destruindo ou neutralizando a tromboquinase e
também porque ao alterar as funções hepáticas, voltando ao fígado insuficiente,
transforma a formação de fibrinogénio.
Nesta fase há também transtornos sensitivos e sensoriais, sobretudo grande
sensibilidade do eixo cérebro-medular com delírio e paralisias, que pode obedecer à
degeneração gordurosa da medula, há amolecimento ou bem a esclerose, porque o
fósforo tanto amolece como a esclerose. Depois desta paralisia, o pulso fica débil,
irregular, intermitente e sobrevem à morte em coma.
Esta intoxicação pode evoluir num tempo que vai desde algumas horas até
quatro, seis ou doze dias.
Se o indivíduo deseja salvar-se, o seu fígado, que estava hipertrofiado, e atrofia-
se, e esta diminuição de tamanho é definitiva, com a conseguinte insuficiência hepática.
A intoxicação crónica produz-se a grande prazo, nas pessoas que trabalham o
fósforo ou nos químicos que estão ligados a esta indústria e caracteriza-se, primeiro, por
um período relativamente breve ou curto de sensação de bem estar, de aumento na
energia e de forte exaltação de todas as funções, mas sobretudo da musculatura cujo
vigor aumenta; da parte intelectual que se aviva e da parte sexual em que o desejo e o
poder estão realmente acrescentados. Depois deste período enganoso e fugaz, sobrevem
a inapetência, gastralgia, dispepsia rebelde, tosse crónica, opressão do peito, febrícula
(febre baixa), cefaleia, abatimento, debilidade intelectual e anemia, podendo ser esta
Hemolítica ou macrocítica e derivando claramente da degeneração que o fósforo produz
a nível da medula óssea, da mucosa do antropilórico e do baço, regiões todas elas
consideradas como órgãos hematopoiéticos. É frequente que os fósforo produza os
quadros das anemias perniciosas e das leucemias.
Pelos transtornos digestivos, pelos transtornos metabólicos, já que o fósforo
produz uma hiperactividade tanto dos processos de assimilação (anabolismo), como dos
de desassimilação (catabolismo), e pela anemia, sobrevem o debilitamento gradual e
finalmente a caquexia; de modo que na terminação de um ou vários anos aparece um
estado de miséria orgânica, ou seja, a necrose dos ossos, principalmente do maxilar e da
tíbia.
A necrose do maxilar geralmente complica-se, já que começa pelas cáries precoces nos
dentes, esta produz uma osteoperiostite que se propaga rapidamente e infecta-se, dando
uma grande quantidade de pus, destruindo mais o osso e transformando-se numa
verdadeira osteomielite.
Nas autópsias encontraram-se:
A) degeneração gordurosa do coração, rins, tireóides, supra-renais e músculos.
Degeneração e amilóideia do fígado, do pâncreas e ainda do baço. Todos estes órgãos
mostram-se de uma cor amarela e estão amolecidos, mas o fígado que se encontra

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enorme além do brando, tem uma consistência “friável”, quer dizer, que se esboroa
facilmente, que se pode partir facilmente.
B) Amolecimento e às vezes esclerose do cérebro e da medula.
C) Hemorragias em formas de cataratas sanguíneas em quantidades variáveis,
sendo às vezes puntiformes (micro-hemorragias ou hemorragias miliares), presentes
sobretudo no cérebro e meninges, pericárdio, pleuras e peritónio.
D) ulcerações, pouco frequentes apesar de tudo, e a nível do estômago
principalmente. A escassez deste tipo de lesões, tratando-se de uma substância tão
cáustica, tão queimante, “tão incendiária” como é o fósforo, pode ser devido a que este
elemento misturado com gordura perde muito a sua acção oxidante enérgica local. A
este respeito puderam-se introduzir pequenas proporções de fósforo no tecido celular
subcutâneo sem produzir dor nem inflamação devido à presença da gordura deste
tecido. É curioso que a gordura, que evita a acção cáustica do fósforo seja, muito, uma
das substâncias produzidas pelas degenerações próprias deste medicamento.
Investigando neste sentido encontrou-se que o fósforo, tanto na intoxicação aguda como
na crónica, detém e transforma as mudanças nutritivas dos órgãos com as que entra em
contacto e favorece a acumulação de gordura nas células.

Resumindo a importante e a extensa acção do fósforo, dizemos que:

1. irrita e excita o sistema nervoso.


2. Intensifica e exagera as oxidações orgânicas.
3. Irrita e ainda ulcera a mucosa gástrica.
4. Desorganiza o sangue, produz hemorragia e anemia.
5. Hipertrofia e produz a degeneração gordurosa e amilóideia do fígado, pâncreas e
baço.
6. Produz a degeneração gordurosa do coração, rins, tireóide, supra-renais e músculos.
7. Inflama e “queima “ o tecido pulmonar, pelo excesso das oxidações.
8. Amolece ou dá esclerose no cérebro e na medula, e como consequência, debilita e
ainda paralisa o sistema nervoso.
9. Altera o metabolismo produzindo, primeiro, talvez hipertrofia tireóide
(hipertireoidismo e alto metabolismo) e depois atrofia a tireóide (hipotireoidismo e
baixa o metabolismo).

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Tratam-se de pessoas altas, delgadas que tenham crescido rapidamente e tenham


tendência a encurvar-se; de tórax grande e estreito, omoplatas salientes, pescoço largo e
laringe saliente; os ossos são delgados, finos; os músculos pouco desenvolvidos, as
mãos sempre húmidas e quentes. A cara é larga, os ossos da face salientes, a frente alta
e o cabelo fino, abundante e frequentemente ruivo ou avermelhado. A cor é pálida,
cerosa e ainda transparente, envergonhamento circunscrito nas faces ou somente aos
ossos da face. Os olhos são grandes, brilhantes e estão sombreados por grandes
pestanas.
O nariz é largo, os lábios amarrotados e crostosos. Têm uma grande mobilidade na
sua expressão e são sempre agitados. Como pode ver-se, apresentam a típica
constituição fosfórica que está dada no seu biotipo homeopático pela Calcarea
phosphorica, acentuando-se no fósforo os carácteres sobressaídos do Tuberculínico.

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B) NEURO-PSÍQUICO-ENDÓCRINO:

Destacam-se bem dois aspectos ou fases neste medicamento (como se viu na acção): é
hiper e hipo cérebro-medular, com transtornos neuro-tróficos. É hiper e hipo supra-
renal, com astenia profunda no segundo caso; hiper e hipo tireóideo, com alto ou baixo
metabolismo respectivamente; hiper e hipo genital e provavelmente tenha algo de
hiperpituitarismo.
Indivíduo muito inquieto e agitado, não se pode sentar nem permanecer
tranquilo um momento. De inteligência viva é um nervoso que tem reacção facilmente
às influências exteriores, climáticas ou sociais. Nesta fase de exaltação pode chegar ao
delírio, sendo este principalmente violento (Belladonna – Hyosciamus niger –
Stramonium datura) loquacidade (Cimicifuga racemosa – Lachesis trigonocephallus) ou
erótico (Hyosciamus niger). Depois o sujeito fica abatido, está triste, tristonho,
melancólico, medroso, sobretudo na escuridão; teme também a saudade e as
tempestades (Gelsemium sempervirens) igualmente só teme ao porvir que lhe parece
incerto e sombrio e mostra grande depressão pelas doenças (Gelsemium sempervirens).
Chega à indiferença para tudo o que o rodeia (Phosphoric acidum), há apatia completa e
há repugnância para todo o trabalho (Sulphur), principalmente o intelectual.

6. LATERALIDADE (sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Hipersensibilidade de todos os sentidos (Aconitum napellus – Nux vomica –


Belladonna).
2. Debilidade e esgotamento nervoso.
3. Sensação de ardor e queimadura em qualquer parte do corpo, muitas vezes só
subjectiva ,sem nenhuma lesão (Arsenicum album).
4. Desejo de ser massajado.
5. Extrema inquietude (Arsenicum album – Argentum nitricum – Rhus toxicodendron
– Zincum metalicum).
6. Tendência às hemorragias (Crotalos horridus – Mercurius vivus – Ipecacuanha
cephaelis – China officinalis – Ferrum phosphoricum).
7. Sede intensa de água fria, a qual é vomitada imediatamente que foi aquecida pelo
estômago (Arsenicum album).
Phosphorus é considerado como “o grande ardoroso” da Matéria Médica e forma
com Arsenicum album, Sulphur, Carbo animalis, Carbo vegetalis e Secale
cornutum, o grupo dos ardorosos.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES:

DE TEMPO: pela tarde, à hora do crepúsculo. Antes da meia noite.


DE SITIO E CLIMA: pela mudança de tempo, do tempo húmido ao calor seco.
Durante as tempestades.
DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado esquerdo ou sobre o lado dolorido (Ao
contrário de Bryonia alba que melhora encostando sobre o lado dolorido.
PSICOLÓGICAS: na escuridão.

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MELHORIAS:

DE POSIÇÃO:. estando encostado sobre o lado direito.


SENSORIAIS: lusco-fusco.
FISIOLÓGICAS: pelas fricções. Pelos alimentos frios. Lavando-se com água fria.
Pelas aplicações frias. Depois de ter dormido (Nux vomica).
PSICOLÒGICAS: pela hipnose.
A agravação no lusco-fusco é psicológica porque teme a escuridão, sente medo no
lusco-fusco e isso agrava os seus sintomas nervosos.
A melhoria no lusco-fusco é sensorial, porque no lusco-fusco, melhoram-se os sintomas
oculares e nervosos causados pela luz, de acordo com a sua hipersensibilidade sensorial.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência no dia e antes das refeições.


Sonos curtos com despertares frequentes. Sono não reparador pela manhã parece-lhe
que não dormiu bastante (Nux vomica). Mas também melhoria depois de ter dormido
(Nux vomica, que tem “melhoria depois de um sono curto”).
Insónia que se agrava antes da meia noite.
Sonos ansiosos e lascivos. Sonambulismo.
FEBRE: febrículas. Febre própria com pulso pequeno e rápido (Iodum metalicum-
Arsenicum iodatum ).
Delírio com loquacidade ou erótico não tem pudor em alguns estados febris
(Hyosciamus niger).
CABEÇA: vertigem ao levantar-se pela manhã, agravado pelo movimento (Bryonia
alba) e ao baixar-se. Vertigens com a sensação de caída e escurecimento da vista
(Aconitum napellus). Vertigens dos idosos.
Sensação de debilidade cerebral.
Cefaleia congestiva crónica, com dor ardente que parece subir desde a coluna vertebral
e pesadez, agravada pelo calor.
A pele põe-se seca e cai em placas (Tallium aceticum: Tina cortada).
FACE: pálida, cerosa, sobretudo ao redor do nariz e da boca.
Com rubor circunscrito às faces ou ossos da face.
Necrose dos maxilares, sobretudo do inferior.
face edematosa.
OLHOS: edema das pálpebras que se vêem inchadas.
Olhos muito sensíveis à luz. Manchas negras móveis nos olhos. Círculo esverdeado ao
redor da luz das lâmpadas (Osmium).
Ao ler, as letras aparecem vermelhas. (este sintoma é próprio do glaucoma). Parece
como se os objectos estivessem cobertos de um veio cinzento (catarata). Vê melhor os
objectos distantes ao abrir os olhos fazendo sombra com as mãos. Distingue melhor pela
manhã e à hora do crepúsculo.
OUVIDOS: dureza do ouvido dos idosos. Dificuldade para ouvir principalmente a voz
humana.
Ressonância dos sons que chegam de fora ou que o mesmo pronuncia (auto-eco).
Ressonância do som de uma palavra só de pensar nela (eco – psíquico).
DIGESTIVO – BOCA: lábios secos e amarrotados, com crostas.
Gengiva tumefactas que sangram facilmente (Mercurialis – Nitric acidum – Sulphuric
acidum – Arsenicum album – China officinalis – Crótalus horridus – Ipecacuanha

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cephaelis – Lachesis trigonocephallus – Hepar sulphuris – Secal cornutum – Carbo
vegetalis – Kreosotum ).
Hemorragias persistentes depois da extracção de um dente.
Periostite alveolar.
Odontologia com ardor.
Língua seca e branca ou seca vermelha e lisa. Língua com papilas sobressaídas e
vermelhas na ponta (em toda a língua: Belladonna).
Salivação com sabor a alho.
Sede inextinguível de água fria, a que é arrastada logo quando cai no estômago.
ESÓFAGO: ardor no esófago.
Espasmos do esófago com a sensação de “bola que sobe até a garganta”. (Ignatia amara:
“bolo histérico”. Pulsatilla: “espasmo histeriforme principalmente a um terço médio do
esófago”. Phosphorus: “estreitamento espasmódico no terço inferior, próxima da
cárdia”, desde aí sobe até a garganta. Baptisia tintorea: espasmo com estreitamento e
regurgitações. Naja tripudians: “espasmo com a sensação de enforcamento”. Alguns o
consideram como medicamento principal.
ESTÔMAGO: fome voraz, canina (bulimia). Fome imediatamente depois de ter
comido. Tem que tomar alimentos com frequência ou cai desvanecido: “com pouco
mais seguido” (Lycopodium clavatum – Iodium metalicum): tem esta fome voraz com
os carácteres assentados, por duas razões: a presença de uma gastrite e os transtornos
metabólicos do medicamento que fazem com o sujeito consuma rapidamente todas as
suas reservas: “fase de hipertireoidismo em que o sujeito materialmente está-se
queimando”.
Desejo anormal de sal ou de especiarias: alimentos muito salgados ou muito
condimentados.
Arrotos de grandes quantidades de gás depois das refeições: regurgitações de alimentos,
de água ou de bílis.
Hematemese. Vómitos em todo o momento; a água é vomitada apenas se estiver quente.
Sensação de vazio no estômago (Lycopodium clavatum – Iodium metalicum –
Ipecacuanha cephaelis – Sepia officinalis).
Com grande sensibilidade no epigástro vazio e que pode estender-se a todo abdómen.
Dor corrosiva e ardente no estômago (Capsicum annum – Arsenicum album –
Mercurius corrosivus).
ABDÓMEN: sensação de vazio e debilidade no abdómen. Sensação de frio.
Cólicas violentas com emissão de gases inodoros que não aliviam a dor.
Dor na região hepática com o fígado grande e icterícia. Fígado com degeneração
gordurosa.
Aumento do baço. Pâncreas aumenta de volume e está dolorido à palpação. Na grande
sensibilidade do abdómen pode ter participação muito importante o pâncreas. Pâncreas
com degeneração gordurosa. Considera-se os Phosphorus o melhor medicamento na
pancreatite aguda ou crónica.
EVACUAÇÕES: obstipação por atonia e por secura, com fezes grandes e delgadas
como lápides negras, secas e duras, muito difíceis de expulsar. Também pequenas,
brancas e secas, como as do cão.
Diarreia crónica aquosa, abundante, que aparece como se um lavado se evacuasse
(“aparece como esguicho rápido como o de uma seringa”: Podophyllum peltatum).
Diarreia indolor (Phosphoric acidum). Diarreia com partículas brancas e gordurosas,
como grânulos de sebo ou de sagu. (Arsenicum album: diarreia com coágulos brancos
não gordurosos). Diarreia debilitante (Arsenicum album – China officinalis) (diarreia

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que não debilita: Phosphoric acidum). Diarreias involuntárias por paralisia do esfíncter
anal: “esguicho pelo anus sempre aberto”. (Aloe socotrinum – Opium).
Enterorragias, nas que o sangue é vermelho-vivo e que não provêm de hemorróidas.
URINÁRIO: necessidade frequente de urinar e em cada vez que urina tem grande
quantidade de urina.
Sensação de ardor e queimadura na uretra a urinar.
Paresia da bexiga. Incontinência nocturna na senilidade.
Urina sanguinolenta (hematúria discreta). Urina que é quase puro o sangue (hematúria
franca), com dor nos rins e o fígado é ictérico (nefrites com hepatite). Capa de gordura
iridiscente (causada) na superfície da urina. (Nefrose com degeneração da gordura).
Sedimento branco, arenoso (fosfatúria). (a perda de fosfato pode combater-se com os
mesmos fosfatos que se perdem, dados em quantidades homeopáticas – método de
substituição – ou com Phosphorus 12C ou 30C – método reactivo que actua sobre o
metabolismo do fósforo alterado). A fosfatúria é um sintoma frequente na pré-
tuberculose. Sedimento gomoso que forma flocos albuminosos. (Albuminúria. Nefrite).
Espuma aderente abundante, viscosa, (albuminúria).
Uremia, já que o fósforo perturba a taxa de nitrogénio total.
GENITAIS MASCULINOS: excitação sexual com desejos irresistíveis e sonhos
lascivos. Perdas seminais involuntárias.
Hipotensia depois de excesso.
GENITAIS FEMININOS: regras prematuras. Regras adiantadas, pouco abundantes,
mas de longa duração. Antes das regras choros e lamentações. Durante as regras dores
constritivas na coluna e na virilha esquerda, que irradiam à parte interna do músculo.
Hemorragias uterinas. Metrorragias durante a época de lactação, com grande debilidade.
Amenorreias com hemorragias vicariantes (epistaxe ou hemoptise).
Amenorreia com leucorreia irritante, corrosiva, queimante, que afecta onde toca.
RESPIRATÓRIO – NARIZ: nariz inchado e muito doloroso ao tacto (Rux
toxicodendron).
Batimentos (movimentos de fole) das asas do nariz (Lycopodium clavatum –
Antimonium tartaricum).
Secura do nariz, ao assoar-se caem pequenas estrias sanguinolentas no pano. Epistaxe
abundante pelas tardes em vez de regras. Epistaxe escassa mas frequente, mas, em caso
de pólipos.
Hipersensibilidade do olfacto. Perversão do olfacto, percebe odores imaginários.
(Graphites – Sulphur – Chelidonium majus – Nux vomica).
LARINGE: rouquidão agravada pela tarde e primeiras horas da noite, com sensação de
esfoladura (Causticum). Não pode falar por causa da dor de garganta.
Tosse seca, dura, irritante, que não pára, com múltiplas agravações pelo ar frio,
passando de um sitio quente a outro frio, antes da meia noite, ao falar, rir, comer beber e
encostando-se do lado esquerdo. Tosse pensando nela. O paciente ao descrever a sua
tosse, primeiro tosse ou assinala com os dedos a sua laringe de cima a baixo.
Tosse dos anémicos. Tosse com opressão intensa, constrição e dores queimantes no
peito. Deve sentar-se na cama para poder expectorar mucosidades abundantes, viscosas,
purulentas e sanguinolentas (breves hemoptises de repetição. Tuberculose), ou bem com
saliva coberta ou picada de ferrugem (pneumonia).
TÓRAX E PULMÕES: opressão com sensação de peso no peito, como se fosse feita
por uma loiça.
Hemoptises repetidas.
Congestão pulmonar. Pneumonia sobretudo na metade do pulmão direito. Tuberculose
aberta, cavitaria , de curso rápido, sobretudo do vértice direito. (nestes casos deve usar-

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se muito prudentemente: uma dose única de 30CH, melhora o paciente; doses repetidas
podem ampliar as cavernas, provocar a hemoptise e causar a morte) – por isso nas
tuberculoses abertas e avançadas o melhor é não usá-lo).
CIRCULATÓRIO: palpitações violentas com ansiedade, como uma pancada no peito,
agravadas estando encostado sobre o lado esquerdo. Pulso pequeno e rápido.
Sensação de calor no coração (sensação de frio: Natrum muriaticum).
Tendência às hemorragias; a menor ferida sangra abundantemente (Hemofilia).
Anemias: hemoliza os glóbulos vermelhos, retarda a coagulação do sangue e altera as
paredes vasculares (arterite e arteriosclerose).
COLUNA E MEMBROS: ardor nas duas escápulas (Lycopodium clavatum –
Medorrinum), com sensação de calor que sobe desde os rins até à nuca.
Sensibilidade à pressão nas apófises espinhosas de todas as vértebras tóraxicas:
(Sulphur – China officinalis) (últimas cervicais e primeiras toráxicas: Actaea racemosa).
Debilidade da coluna vertebral. Cáries.
MEMBRO SUPERIOR: paresia de todo o membro. Debilidade nas articulações que
enfraquecem.
Adormecimento e tremor ao menor exercício, nos braços e mãos. (nos pés: Sulphur –
Sanguinaria). (nos pés e nas mãos: Medorrinum). Procura constantemente um lugar
fresco na cama (Sulphur).
MEMBRO INFERIOR: paresia de todo o membro. Debilidade em todo o membro.
Inflamação dolorosa do periósteo da tíbia (Syphilinum – Phytolacca decandra – Kali
iodatum). Necrose da tíbia.
Ardor nos pés (Sulphur). Pela noite dores no calcanhar.
( talalgia : Cedron – Phytolacca decandra – Kali bichromicum).
PELE: sensação de ardor na pele.
A menor ferida sangra abundantemente. Púrpura hemorrágica.
Úlceras rodeadas de pequenas vesículas, sangrando facilmente.
Pólipos. Tumores erectos que sangram facilmente. (Hemangiomas, “cabeça de veia“).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

6C – nunca mais baixa – preferíveis: 12C e 30C. a 200C ou mais altas, em dose única,
com precauções.

11. REFERÊNCIAS TERAPEÛTICAS:

Ataxia locomotora, atrofia muscular progressiva. Esclerose lateral amiotrófica, insónia,


irritabilidade nervosa. Mania aguda, meningite cérebro-espinal, forma atáxica. Mielite
crónica, mielite por compressão (30C alternando com Natrum muriaticum 30C).
neurastenia. Nevrite degenerativa. Nevrite post-diftérica. Nevrite múltipla, nevralgias
diversas, paresias, paralisias espinal progressiva. Paralisia post-diftérica. Paralisia dos
músculos do olho, paralisia por excessos sexuais. Paralisias diversas, amolecimento
cerebral e medular. Syringomielia. Enfraquecimento .
Anemia perniciosa, anemias aplásticas (leucemia). Epistaxe grave. Hematemese.
Hemoptise, hematúria, hemofilia, enterorragias, hemorróidas. Hipertensão arterial,
púrpura hemorrágica, arterite aguda, aortite, arteriosclerose, endocardite, miocardite,
desfalecimento do ventrículo direito com congestão pulmonar basal e hepática.
Degeneração gordurosa do coração.
Afonia, asma bronquial, bronquite (6C, alternando com Bryonia alba 6C). bronquite
grave. Bronquite crónica, broncopneumonia (12C ou 30C alternando com Bryonia alba

58
6C ou 12C), congestão pulmonar, laringite simples ou catarral. Laringite tuberculosa
(30C com precauções) laringite crónica, pneumonia (alternar com Bryonia alba:
Phosphorus na noite, Bryonia alba de dia). Tuberculose (dose única que não se repetirá
antes de 30 dias). Bulimia, dispepsia crónica, gastrite, úlcera redonda do estômago ou
duodeno. Vómitos. Diarreia típica, diarreia crónica, disenteria.
Pancreatite. Degeneração gordurosa do pâncreas.
Colicistite, cólica hepática. Hipertrofia hepática. Cirrose atrófica ou hipertrófica.
Degeneração gordurosa e amilóideia do fígado. Insuficiência hepática, hipocondria.
Albuminúria e suas complicações pulmonares: edema do pulmão.
Uremia, nefrite aguda, nefrite crónica, pielite calculosa, degeneração gordurosa do rim.
Incontinência nocturna da urina (paralítica).
Exaltação sexual, histeria, impotência sexual.
Periostite. Osteite, necrose dos ossos, osteomielite crónica (30C alternando com Silicea
30C). raquitismo, coxalgia tuberculosa.
Diversos metabolismos alterados, especialmente o dos hidratos de carbono, diabetes.
Doença de Addisson, febre tifoideia. Lúpus, sarampo hemorrágico. Escarlatina
hemorrágica.

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GRUPO C

ARSENICUM ALBUM

1. SINÒNIMOS:

Arsénico branco. Arsénico cru. Cal de arsénico. Óxido branco de arsénico. Ácido
Arsenioso. Tiróxido de arsénico. Anidrido arsenioso. Metal branco.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Arsenicum album é um sal de arsénico. O tiróxido de arsénico. Dele parte-se


para preparar o medicamento, mas como para ele à que dissolver o sal em água e isto
faz ao produto um pouco ácido, dá-se-lhe também o nome de Ácido arsenioso.
Fórmula: AS2O3.
Preparação homeopática: prepara-se a partir do sal cristalizado por meio de
solução em água fervendo, a que posteriormente se agrega mais água destilada e álcool.
Podem preparar-se as dinamizações pela Quinta regra ou por trituração segundo a
sétima regra.
Antecedentes de emprego: como elemento e como medicamento o Arsénico é
conhecido desde a antiguidade. Parece que foi Dioscórides, médico Grego do século
primeiro da nossa era, quem primeiro o empregou a partir do sulfureto amarelo de
Arsénico ou ouro pimenteiro. Os romanos também o usaram na sua época e muitos
séculos depois, mais que como medicamento, empregava frequentemente pelos
envenenadores profissionais, principalmente na Idade Média.
Sistematicamente a sua administração interna, como medicamento, principiou no
século XVII, com diversas indicações: Van Helmont o recomendava para as úlceras;
Sentilius para as febres intermitentes. No século XVIII Fowler o reacreditou,
preparando-o em forma menos tóxica (Licor de Fowler) e com este, mais outros
preparados, esteve medicado contra a sífilis, paludismo e outras infestações protozoárias
como a amibíase, em que ainda se emprega.
Experimentação pura: homeopáticamente o Arsénico foi, com a China e o
Mercúrio, dos primeiramente experimentados pelo Dr. Hahnemann, mas a sua
patogenesia não consta no “fragmento” nem no primeiro volume da “Matéria Médica
Pura”, se não até ao segundo onde apareceu em 1816. Voltou a publicar-se na Segunda
Edição de “As Doenças Crónicas” em 1833 e nela consignam-se 1079 sintomas, dos
quais são de Hahnemann nada mais de 30. De sete dos discípulos, 667 e os restantes
382 de outros autores. A patogenesia volta a publicar-se nas “Doenças Crónicas” em
1889, agrega 202 sintomas, dos quais 79 são de um caso de envenenamento em toda a
família. A família Kaisser, e o resto de observações praticadas em doentes aos que
“Hahnemann e Hering deram grânulos da 3ª”; ou seja que estes novos sintomas não
foram de experimentação pura, mas sim de toxicologia e de observação clínica.
Posteriormente as patogenesias Hahnemannianas foram suplementadas com
observações e estudos, tais como os de Dr. Wurmb nos volumes 3º e 4º do British
Journal of Homeopathy; os do Dr. Black num arranjo patogenésico incluindo na
primeira parte da Matéria Médica de Hahnemann, com comentários clínicos. Num
artigo sobre o Arsénico, da enciclopédia de Allen, a lista de sintomas chega já à cifra de
2872, de diversas origens. O estudo mais recente sobre este medicamento é o que fez o

60
Dr. Imbert Gourbeire e que apareceu fraccionado durante estes últimos vinte anos (1953
a 1973) na Gacete Medicinale de Paris.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O Arsenicum album exerce a sua acção em quem com ele se intoxica, a nível de todo o
organismo, mas com maior afinidade e intensidade sobre o sangue, o sistema nervoso,
as mucosas e a pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O Arsenicum album é um tóxico violento; trataremos de apresentar o que se sabe à


cerca do mecanismo desta intoxicação.
A maioria, se não a totalidade das lesões observadas nos intoxicados com
Arsénico e em experiências feitas em animais e, pelo mesmo, a sintomatologia relativa
em geral, devem-se a fenómenos citotóxicos ao pôr-se em contacto o tóxico com os
protoplasmas celulares um tempo suficiente. O primeiro que se manifesta é o fenómeno
da inflamação que vai passando pelos seus sucessivos estados de congestão nos
capilares, seguido de estase, fragilidade e ruptura, trombose e como consequência a
isquemia e necrose de qualquer tecido, o que dá lugar a extensas, profunda e
irreversíveis lesões de tipo autolítico. Se todos ou alguns dos anteriores estados
afectasse o sistema nervoso, as consequências são as degenerações e as destruições dos
centros ou das vias periféricas, com as conseguintes paralisias. Por igual mecanismo o
Arsénico além de destruir, altera a função nuclear e detém a proliferação ao impedir a
divisão mitótica.
Nos tecidos afectados do fígado, rim e coração podem ver-se células destruídas
das que só permanece a membrana (degeneração dos vacuolos), outras totalmente
lisadas (necrose completa) e outras mais sobrecarregadas de gordura (degeneração
gordurosa) ou com a imagem da hialinose (degeneração hialina).
Substrato bioquímico: a anatomia patológica descrita brevemente, pode ter, toda a
parte dela, o seguinte substrato bioquímico: depois de muitas observações e
experiências em animais, aceita-se hoje que os arsenicais exercem as suas acções no
organismo, por combinação do Arsénico com grupos sulfhdrílos (-SH) das enzimas
orgânicas catalisadoras, essenciais para os processos metabólicos celulares,
especialmente os que intervêm nas oxidações dos tecidos. Nesta forma as ditas enzimas
e por conseguinte as oxidações celulares, permanecem retardadas. Inibidas. O mesmo
que as acções metabólicas. E a sífilis dos tecidos não se faz esperar. Isto é fácil de
demonstrar in vitro, agregando-se o arsenical à papila de cérebro de pomba e
observando a diminuição do consumo de oxigénio até à anoxia total e morte desse
tecido.
Este efeito bioquímico comprovou-se que ocorre com todos os metais e
metalóides tóxicos: sempre a combinação deles com os grupos sulhidrílos (-SH) dos
catalisadores enzimáticos.
Acções gerais tóxicas do Arsénico: qualquer que seja o mecanismo ou mecanismos
íntimos da intoxicação pelo Arsénico, ela produz, em detalhe, as seguintes lesões:

a) tracto gastrointestinal: os primeiros sintomas da intoxicação aguda são de uma


violenta inflamação do tubo digestivo. Isto faz pensar que o Arsénio actuará como um
cáustico, mas a necropsia rara vez demonstra corrosão externa, e a gastrenterite

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apresenta-se igual seja qual for a via de introdução do tóxico. Em troca demonstrou-se
que a inflamação depende da acção geral sobre os capilares que a nível do estômago e
sobretudo do intestino, provoca vasodilatação capilar, a qual é muito intensa e pode
produzir paralisia ou rotura dos capilares. No primeiro caso há produção de um exudato
no tecido conjuntivo, que eleva o epitélio e produz o seu desprendimento em forma de
fragmentos como falsas membranas; este exudato flui à luz do intestino e como a
distensão provoca hiperperistaltismo sobrevem diarreia aquosa que arrasta as massas de
muco e exudato coagulado, tomando o aspecto de “água de arroz”. No segundo caso, ou
seja a ruptura, produzem-se equimoses e hemorragias no intestino e no estômago com
os conseguintes vómitos ou diarreias sanguinolentas.
b) fígado: as lesões são resultado de tromboses centro-lobular e de degenerações
gordurosas e amilóides.
c) rins: outra vez está presente a lesão aos capilares, já seja a nível dos glomérulos ou
dos túbulos. O efeito inicia-se sobre os glomérulos e os vasos dilatados desta rede ou a
sua ruptura deixam escapar as proteínas que enchem a cápsula glomerular, produzindo
vários graus de necrose e de degeneração tubular, com a conseguinte albuminúria,
cilindrúria, hematúria e a baixa da função que se traduz em oligúria e ainda anúria.
d) circulação: os capilares dilatam-se enormemente e o plasma escapa da circulação
pelo grande aumento da permeabilidade capilar ou por ruptura. Todos as camadas
capilares são afectados isto traduz-se por uma grande descida da pressão sanguínea que
pode chegar à escala do choque. A isto contribui a hemoconcentração e a depressão do
miocárdio.
e) sangue: o Arsénico afecta a medula óssea e o mecanismo desta acção não está ainda
declarado. É evidente que altera a constituição celular do sangue e que, segundo seja a
alteração apresentam-se quadros de anemias diversas, até as leucemias.
f) sistema nervoso: o sistema nervoso central, o periféricos e os sistemas vegetativos,
podem ser inflamados por arsenicais. E o resultado imediato são as neurites, mielites e
uma encefalopatia arsenical. Observou-se que em aplicação local – como na experiência
da paloma – o arsénico inibe a respiração das fibras mielínicas e bloqueia a condução de
impulsos. Isto fala em favor do “substrato bioquímico”, já citado.
g) pele: na intoxicação crónica pelo arsénico, ao eliminar-se parte do tóxico pela pele,
esta inflama-se dando origem a brotos de tipo alérgico-urticário; mas sobretudo
degenera-se produzindo proliferações epiteliais que terminam em hipertrofia.
Hiperqueratose, hiper-pigmentação ou hipo-pigmentação e um cúmulo de diversas
erupções.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Arsenicum album é um medicamento constitucional por excelência, que dá o tipo do


intoxicado crónico: enfraquecido, asténico, de rosto pálido e ceroso, lábios secos, olhos
fundidos com olheiras, além das pálpebras e rostos. Pele escamosa, seca e com diversas
erupções .
B) PSICO-NEURO-ENDÓCRINO:

Sujeito vago-tónico. Crónicamente hipo-cérebro-medular, transitoriamente hiper-


cérebro-medular. Marcado hipo-suprarrenalismo e essa deficiência é a causa principal
da profunda astenia.

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Na parte psíquica apresenta estrema prostração mental. Grande ansiedade, com
medo da morte (Aconitum napellus) e solidão, medo de morrer subitamente quando está
só, teme que durma e morra pela noite, medo dos fantasmas, de ladrões e do futuro
(Bryonia alba). Pensa que está perdido e que não se aliviará. Como se vê, o medo em
diversas formas, igual a Aconitum, domina a mente de Arsenicum.
Agitado em extremo, não pode estar quieto (Argentum nitricum – Rhus
toxicodendron – Phosphorus). Apesar da sua grande debilidade troca de lugar
continuamente e se materialmente não pode mover-se, pede que lhe ajudem e mudem de
postura ou de cama.
As mais pequenas quantidades de álcool produzem-lhe Delirium tremens
(intoxicação profunda) e faz-lhe ouvir vozes inexistentes.
Na agonia há inquietude com visões de pessoas desaparecidas.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. prostração profunda e rápida.


2. agitação intensa.
3. ansiedade com medo da morte.
4. estados alternados de excitação e depressão.
5. periodicidade de todos os sintomas.
6. dores ardorosas, como brasas aplicadas em distintas partes (Phosphorus).
7. agravação da meia noite às três da manhã.
Há um grande parecido , ainda nas características predominantes, entre Arsenicum
album e Phosphorus: assinalamos pelo menos os seguintes: Arsenicum album forma
parte do grupo dos medicamentos ardorosos: (Arsenicum album – Phosphorus –
Argentum nitricum – Carbo – Secale cornutum – Sulphur), entra de igual maneira, na
primeira fila, no grupo dos medrosos (Aconitum napellus – Arsenicum album –
Gelsemium sempervirens), com igual categoria forma parte do grupo dos inquietos
(Arsenicum album – Aconitum napellus – Argentum nitricum – Phosphorus – Rhus
toxicodendron – Zincum metallicum); e inclui-se também com relevância, no grupo dos
medicamentos periódicos (Arsenicum album – China oficinalis – Natrum muriaticum).

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: depois da meia noite, da uma às três da manhã.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio e humidade.
DE POSIÇÃO: pelo exercício. Estando encostado sobre o lado afectado e com a
cabeça baixa.
FISIOLÓGICAS: pelas bebidas alcoólicas.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor.


DE POSIÇÃO: tendo a cabeça levantada.
FISIOLÓGICAS: pelas aplicações quentes e as bebidas quentes.

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9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: inquieto: dá voltas constantemente na cama.


Despertar brusco, saltando fora da cama muito assustado pelo que está a sonhar ou por
medo de morrer.
FEBRE: febres periódicas, intermitentes. (Paludismo com acessos febris cada 2,3,ou 4
dias). Febre com grande inquietude. Febres com desorganização do sangue,
septicémicas.
CABEÇA: alopécia. Caspa seca que se desprendem escamas como pêlo de milho e que
produz ardor na pele cabeluda.
FACE: palidez mortal. Às vezes cor amarela.
Edemas. Semblante caquéctico, oprimido, “hipocrático”, com suores frios.
OLHOS: edemas das pálpebras, sobretudo das inferiores que dependem como bolsas
(Phosphorus: edema palpebral pálido – Apis mellifica: edema palpebral vermelho).
Olhos oprimidos. Ardores nos olhos com lágrimas escoriantes.
Fotofobia intensa (Atropa belladona) e dores supra-orbitais melhoradas pelo calor.
OUVIDOS: otorreia escoriante, fétida, com dor aguda e zumbidos.
DIGESTIVO – BOCA: lábios secos e tostados apergaminhados com gretas, (Bryonia
alba). Língua seca e vermelha com as bordas com as marcas dos dentes; às vezes de cor
escura.
Odor fétido do hálito e da saliva.
Úlceras na língua e nas bochechas, tipo aftas.
Sede por pequenas quantidades de água gelada que cai pesada no estômago e em
seguida é vomitada (Phosphorus).
FARINGE: seca, ulcerada e ardorosa.
ESTÔMAGO: a vista e o odor dos alimentos produzem-lhe repugnância.
Vómitos violentos imediatamente depois de ter comido ou bebido a menor coisa.
Vómitos e diarreias simultâneas.
Dores epigástricas queimantes depois de ter ingerido frutas, gelados, bebidas alcoólicas
ou alimentos decompostos.
ABDÓMEN: distendido, doloroso em geral e especialmente na região hepática. Dores
ardorosas melhoradas por aplicações quentes (por aplicações frias: Phosphorus).
EVACUAÇÕES: diarreias com vómitos (Veratrum album – China oficinalis –
Ipecacuana cephaelis – Matricaria chamomilla – Antimonium crudum – Mercurius
solubilis), depois de comer ou beber, seguida de intensa prostração, desproporcionada à
quantidade evacuada. Evacuações pequenas, queimantes, negras, sanguinolentas, fétidas
e algumas vezes com odor cadavérico. Evacuações disentéricas com dores ardorosas
(Mercurius sublimathus corrusivus), acompanhadas de esfriamento das extremidades,
vómitos (Veratrum album). Evacuações acompanhadas de caimbras nas pernas e suor
frio, coleriformes (Veratrum album – Cuprum metallicum – Podophillum peltatum).
As evacuações de Arsenicum album são particularmente irritantes e produzem
escoriações e fissuras perianais com prurido e ardor, que melhoram com aplicações
muito quentes.
URINÁRIO: Ardor ao urinar com micção involuntária.
Urina albuminosa. Albuminúria ou hidropisia. Glicosúria. Urina sanguinolenta.
GENITAIS FEMININOS: Regras adiantadas e muito abundantes, sendo o sangue
negro, irritante e pruriginoso.
Esgotamento depois das regras.
Dores ardorosas e intensas a nível do útero e dos ovários, sobretudo o direito; agravados
com o exercício e melhorados com aplicações quentes.

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Fluxo vaginal ácido, queimante, corrosivo, amarelado e de odor pútrido, piora estando
de pé. Fluxo abundante nas anémicas.
Leucorreia pútrida com amenorreia.
Edema e prurido nos órgãos genitais.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: o nariz está inflamado por fora e por dentro com ardor e
ulcerações.
Coriza aquosa, fluente, que faz escoriações no lábio superior (Arsenicum iodatum). No
entanto deste catarro, as narinas sentem-se obstruídas. Espirros frequentes e molestos.
Crostas na mucosa nasal.
Olfacto muito sensível.
LARINGE: tosse seca, dilacerante, seguida de escarros e com aspecto intercostal.
CIRCULATÓRIO: palpitações visíveis (Spigelia).
Com debilidade e tremores, agravados pelo esforço. Aceleração do pulso pelas manhãs
ou pela menor causa. Baixa pressão arterial.
Tendência para hemorragias, sendo o sangue negro, irritante e pútrido.
Varizes ardorosas, melhoradas com aplicações quentes.
DORSO E EXTREMIDADES: ardor na coluna. Dores agudas pungentes ou ardorosas
que vão da nuca ao sacro.
Caimbras nas pernas acompanhando certas formas de diarreia.
Não pode caminhar pela grande debilidade das pernas.
Edemas dos pés.
PELE: engrossamento da pele (Paquidermitis): pele enrugada, seca, apergaminhada,
escamosa com pequenas escamas furfuráceas, que se desprendem facilmente, como
escamas de milho.
Hiperqueratose. Hiperpigmentação ou hipopigmentação (vitiligo).
Grande variedade de erupções: escamosas e duras (psoríase). Que sangram com
facilidade mas não supuram. Eczemas secos, piores no inverno (Petroleum – Psorinum).
Vesículas ardorosas (herpes). Urticárias, furúnculos Antrax. Ulceras com ardores
intensos. Gangrena seca: gangrena húmida, pútrida, ou gasosa.
O prurido ou ardor intenso acompanham a quase todas as manifestações dérmicas de
Arsenicum album, agravam-se pela noite e a melhoria é por aplicações quentes; o
doente coça-se até fazer sangue, com que aumenta o ardor e acaba a comichão que
novamente reaparece ao aumentar o ardor.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

6C – 12C – 30C – 60C – 200C

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Ascites. Colicistites, icterícia grave. Hepatite grave. Hepatite viral. Fígado gorduroso,
Cirrose hepática. Muguet. Noma. Úlcera do estômago e duodeno. Tumor duro do
estômago. Diarreia crónica, caquectizante. Disenteria. Diarreias coleriformes.
Hemorróidas ardosas. Gastroenterocolites.
Albuminúria (Medicamento principal alternando ou seguindo de Plumbum).
Aretrites obliterante (Doença de Reynaud). Anemia hemolítica. Leucemia (tentaram-se
a 60C, a 200C, a M-H e a 6LM). Epistaxe, Hematemese. Hemoptise Púrpura,
hemorragia rebelde (alternando ou seguido de Phosphorus): varizes. Flebites. Angina de
peito. Cardialgia. Endocardite aguda (6C depois de Strophanthus 3C). Estenose mitral

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ou tricúspide. Hipertrofia do coração. (o Arsenicum iodatum um excelente
medicamento para o caso). Engrossamento e degeneração amilóideia do coração.
Coriza agudo (o Arsenicum iodatum trabalha melhor que o album na coriza
aguda). Pleurite. Pleurisia com exudato seco fibriginoso. Bronquite crónica. Pneumonia
grave. Tuberculose pulmonar. Asma.
Menorragia. Vómitos incoercíveis da gravidez. Bulimia da gravidez. Prurido
vulvar (pode alternar-se com Sulphur).
Coreia , contraturas, convulsões de toda a classe. Epilepsia, mania aguda, mania
religiosa. Melancolia. Nevralgias: dos trigémeos, facial, braquial, ciática. Paralisia, em
geral. Paraplexia e paralisia das extremidades.
Paralisia com atrofia muscular e perda da sensibilidade ou caimbras (recomenda-
se às vezes, a alternância com Plumbum metallicum nas mesmas diluições). (nas
paralisias faciais pode ser útil a associação com Causticum). Tique doloroso. Tremor
nervoso.
Ambliopia, especialmente por abuso do tabaco. Conjuntivite cataral. Irites.
Queratite intersticial. Oftalmia flictenóide. Otite escrofulosa. Dureza do ouvido senil.
Esclerose.
Antrax. Antrax gangrenoso. Ectima caquético dos joelhos. Eczema crónico.
Eczema do ouvido externo. Eczema rubrum. Furunculoses. Herpes prepucial crónica.
Herpes Zona (medicamento central no tratamento). Líquen dos joelhos. Mentagra (3C
trituração; seis semanas depois: Baryta muriatica). Pelagra (12C ou 30C. o Arsenicum
album sozinho ou em paralelo com o ácido nicotínico. Niacinamida ou vitamina PP,
com os quais tem acção sinérgica). Pênfigo caquético dos joelhos. Psoríase
(medicamento principal). Úlceras herpéticas, úlceras varicosas, formas gangrenosas,
urticária.
Alcoolismo (principalmente para os transtornos gástricos e intoxicação crónica,
não para combater o hábito). Atrepsia. Beribéri (período avançado sem Helleborus
resultou ser ineficaz). Diabetes Mellitus, complicada com Antrax, gangrena ou
albuminúria. Cancro, sobretudo da pele, estômago ou útero (mas não o cura, pelo menos
acalma evidentemente as dores ardorosas e às vezes detém ou retarda o processo – 30C
– 200C – 6LM). Doença de Adisson.
Difteria. (6C ou 12C em paralelo com o soro ou a antitoxina). Erisipela,
sobretudo a forma gangrenosa ou maligna. Febre tifóide, forma adinâmica. Febre de
malta. (só igualado actualmente pela associação: Sulfadiazina, Estreptomicina e
Terramicina, com todas as suas consequências tóxicas), gripe, forma tifóidica. Lepra
(muito recomendado, mas não nos consta nenhum caso). Paludismo, especialmente
quando não se pode usar a Quinina, nem ainda na forma atenuada e dinamizada de
China officinalis).

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GRUPO C

CHINA OFFICINALIS

1. SINÒNIMOS:

Cinchona. Quina callisaya. Quina amarela real. Quinquina. Quinina. pó da condessa. pó


do cardeal de Lugo. Pó dos Jesuítas. Corteza do Perú.

2. GENERALIDADES:

Origem: a China officinalis é uma árvore da família das Rubiáceas, que se encontra nas
regiões tropicais da América do Sul, no sopé de ambas as vertentes da cordilheira dos
Andes, muito especialmente no Perú. Há muitas espécies desta árvore, cada uma delas
com diferentes efeitos.
Princípios activos: dos princípios activos uns são alcalóides e outros ácidos, os
primeiros são:
Quinina, Quinidina, Cinconina e Cinconidina; e os segundos: os ácidos Quínico,
quinotânico e quinónico.
Preparação homeopática: faz-se com a casca seca, segundo a Quarta regra. Para
prepará-la utiliza-se a variedade Quina callisaya ou bem a Quina de Loja.
Antecedentes de emprego: este medicamento consta com muita história, tanto no
seu emprego na escola Galénica como pela escola Hahnemanniana. Na primeira
começou a utilizar-se no século XVII, mas muito antes os indígenas da América do Sul,
principalmente os Incas e os seus descendentes, já a empregavam para curar-se “das
febres” tão frequentes nesses climas quentes. Deles tomaram os conquistadores
espanhóis a receita para tratar o paludismo e entre os muitos dos casos resolvidos com o
seu emprego, destaca-se o da Condessa de Chinchón, esposa do Vice-rei do Perú, já
considerada incurável e cujo nome se deu à substância “que tão milagrosamente a
aliviou: Cinchona ou Pó da Condessa”.
Em 1649 o Cardeal de Lugo e alguns padres Jesuítas estenderam o uso da China
na Europa com o nome de “Pó do Cardeal Lugo”. Mas sem dizer quem eram nem de
onde procediam.
Actualmente a escola tradicional a emprega como tónico e prefere para tratar o
paludismo, os seus alcalóides Quinina e Quinidina.
Na escola Hahnemanniana a China officinalis tem um enorme interesse
histórico, pois como se sabe, foi a primeira substância experimentada pelo Dr.
Hahnemann debaixo da ideia da experimentação no Homem ou experimentação pura e
dali nasceu na realidade a Homeopatia.
Experimentação homeopática: como já se disse foi experimentada pelo Dr.
Hahnemann e experimentada nele mesmo, como primeiro sujeito da experimentação;
depois a experimentou em outros colaboradores e a patogenesia resultante, primeira
patogenesia de toda a terapêutica homeopática, foi consignada como o primeiro
medicamento do primeiro livro da Matéria Médica, a “Matéria Médica Pura”.

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3. ESFERA DE ACÇÃO:

Tem acção sobre os órgãos hematopoiéticos e o sangue; sobre o sistema nervoso


cérebro-espinal; sobre o aparelho digestivo e sobre o fígado.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A China Officinalis, especialmente por um dos seus princípios activos, a Quinina,


mostra uma acção tóxica geral sobre todos os protoplasmas celulares, inibindo o
crescimento das células, suspendendo a actividade das enzimas (oxidadas), paralisando
o movimento Browniano, interrompendo a permeabilidade das membranas celulares e
em algumas células migratórias, como os leucócitos, paralisando os seus movimentos.
Em todas estas acções se funde o seu efeito específico e eficaz sobre organismos
unicelulares como o plasmodio do paludismo.
É justo, então, o juízo que se faz da China officinalis chamando-a um “veneno
celular”.
Mostra uma acção tóxica local a nível do sítio onde se injecta, produzindo
anestesia prolongada; no entanto, alguns sais da Quinina que têm ligeira reacção ácida,
irritam o tecido celular subcutâneo e produzem abcessos (efeito nocivo de certos
preparados injectáveis de Quinina usados pela escola tradicional para o paludismo e
para a gripe). Se a injecção é endovenosa, pode-se produzir inflamação do endotélio e
trombose.
Administrada por via oral a dose terapêutica, 0,5 a 0,50g e até um grama por dia
em doses fraccionadas, excita a secreção da saliva e gástrica dando um efeito
estimulante do apetite e da digestão; acelera o ritmo do coração, elevando um pouco o
tónus muscular geral e a fibra lisa, do que resulta um efeito vasoconstrictor, excitador
do peristaltismo intestinal e do tónus. Aumenta a frequência e a amplitude das
contracções uterinas do útero grávido, pelo que a Quinina é abortiva ainda em doses
débeis; estas acções derivam de uma evidência excitação do simpático. Nestas
proporções além disso actua sobre o centro termo-regulador (termostato hipotalâmico) e
abate as temperaturas elevadas, daí a sua conhecida acção antipirética. Dada em doses
superiores da terapêutica, mais de 3 g por dia, produz irritação da mucosa gástrica
intestinal e excita a secreção biliar. Quando, a partir destas doses, absorvidas
rapidamente no intestino delgado, a concentração no sangue chega a ser superior a um
centigrama por litro, apresentam-se os seguintes fenómenos: transtornos no órgãos dos
sentidos tais como: vê moscas voando, discromatopsia, enfraquecimento ou perda total
da vista em consequência de lesão na retina, no nervo óptico ou no encéfalo mais ou
menos persistente, pelo que faz à vista: zumbidos e estalos nos ouvidos, vertigens, breve
excitação mental com delírio e alucinações e em seguida depressão mental com oblação,
paralisia cerebral e bulbar, sobre todos os centros do pneumogástrico e do simpático.
Como resultado deste apresenta-se astenia, a hipotermia, anúria, a paralisia intestinal, a
rigidez muscular, a fibrilação auricular, a queda da pressão arterial pelo duplo
mecanismo de vasodilatação e inibição dos centros autónomos do coração e
consequente progressiva depressão da fibra miocárdica, e finalmente coma e morte por
paralisia respiratória bulbar e parada cardíaca.
Da sua acção geral sobre os protoplasmas celulares, resulta um evidente
transtorno no metabolismo final ou celular que motivaria, unido aos mecanismos
nervosos, há grande debilidade, há profunda astenia do intoxicado com Quinina, já que
se afecta assim, profundamente, a nutrição.

68
5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Trata-se de pessoas de aspecto deprimido e realmente debilitadas por abundantes perdas


de fluídos orgânicos: hemorragias, diarreias, vómitos, sudureses, lactação, etc.
a cara é pálida, serosa, detonando profunda oligocitemia; os olhos são fundidos e
com orelhas azuis. (Arsenicum album).

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO: existe no sujeito de China officinalis, astenia


vago-simpática e marcada com hiposuprarrenalismo.
Indivíduo apático, indiferente, (Phosphoric acidum), triste, sem cor. Incapaz de
trabalhar (Phosphorus). Não pode ordenar os seus pensamentos. Sente aversão pelo
movimento. Não tem desejo de viver, mas carece de resolução para suicidar-se.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo de preferência.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. debilidade depois de perdas de líquidos orgânicos.


2. Esgotamento intenso com anemia profunda.
3. Diarreia sem dor e com muitos gases.
4. Hipersensibilidade sensorial (Aconitum napellus, Matricaria chamomilla, Nux
vomica).
5. Hemorragias (Ipecacuana cephaelis, Phosphorus, Arsenicum album).
6. Periodicidade (Arsenicum album e Natrum muriaticum).

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela noite; cada terceiro dia.


DE SÍTIO E CLIMA: pelas correntes de ar.
SENSORIAIS: pelo menor tacto.
FISIOLÓGICAS: depois das refeições (Nux vomica).

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor.


DE POSIÇÃO: dobrando-se em dois (Colocynthis cucumis).
SENSORIAIS: pela forte pressão (Bryonia alba).

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência marcada durante o dia.


Sonos aterrorizantes que deixam impressão de terror ao despertar (Arsenicum album).
FEBRE: febres em que as fases estão perfeitamente definidas:
Calafrios – elevação térmica – sudurese e defervescência .
Calor alternando às vezes com calafrios, sede intensa.

69
Suores abundantes, principalmente nas partes cobertas com grande prostração,
sobretudo nocturnos acompanhados com muita sede.
Febres intermitentes por acessos que se antecipam duas ou três horas de cada vez e que
ocorrem a cada terceiro dia, a cada dois dias, a cada quatro dias, a cada sete dias, e
ainda a cada quinze dias. (Todas as formas do paludismo). (Arsenicum album –
Chininum arsenicosum – Chinium sulphuricum – Natrum muriaticum).
CABEÇA: cefaleia intensa, batidas violentas, (Aconitum napellus – Belladonna) como
se a cabeça fosse estalar. Sensação de como se o cérebro fosse sacudido. Dores agudas
que se estendem de um lado ao outro (Chelidonium majus), piora ao ar livre. Sensação
como se os cabelos fossem puxados. Dores na raiz dos cabelos ao tacto. Sensibilidade
extrema do couro cabeludo. Cefaleias por anemia (Oligocitemia), ou na Malária, neste
último caso são periódicas. A menor corrente de ar aumenta estas dores. (Hepar
Sulphur).
FACE: pálida com ar acinzentado. Feições grandes e com olheiras. Às vezes e
passageiramente, a face fica congestionada, vermelha e quente. (Ferrum phosphoricum
– Gelsemium sempervirens). Nevralgia lancinante do trigémeo.
OLHOS: os globos oculares doem ao mover-se, como se estivessem demasiado
volumosos.
Manchas negras diante dos olhos.
Fotofobia (Belladonna). Ambliopia, enfraquecimento ou perda total da vista em
consequência de lesão na retina, no nervo óptico ou no encéfalo depois de hemorragias.
OUVIDOS: hipersensibilidade ao ruído (Nux vomica _ Aconitum napellus – Coffea
cruda – Atropa belladona).
Zumbido nos ouvidos, com sensação que os sons são de muito longe. Dureza do ouvido.
Vertigem de Meniere.
DIGESTIVO – BOCA: dor de dentes brusca depois de uma corrente de ar e que
melhora apertando os dentes, dor de dentes durante a lactação e no momento de dar de
mamar.
Sabor amargo, tudo lhe sabe a amargo, inclusive a água. Os alimentos sabem às vezes
demasiados salgados.
ESTÔMAGO: o leite não é suportado e sente-se aversão pela manteiga, cerveja e pelo
café.
Aos primeiros bocados já se sente satisfeito, saciado (Lycopodium clavatum) com
sensação de plenitude e pesadez gástrica. Arrotos frequentes que melhoram (Argentum
nitricum); parece que todos os alimentos transformaram-se em gás. (Nux moschata: a
menor partícula de alimento parece transformar-se em gás). Digestão lenta, o alimento
permanece durante longas horas no estômago: “uma comida alcança outra”.
Vómitos de alimentos não digeridos. Transtornos digestivos depois de perda de fluídos
orgânicos.
ABDÓMEN: muito distendido por gases, flatulência excessiva. Cólicas flatulentas que
repetem periodicamente, depois de ter comido frutas ou durante a noite depois de jantar
e que melhoram dobrando-se em dois. (Colocynthis cucumis – Magnesia phosphorica).
(gases que se expelem para cima: Carbo vegetalis. Gases que saem por baixo:
Lycopodium clavatum. Gases que saem para cima e para baixo - China).
China forma com Carbo vegetalis, Lycopodium clavatum, Sulphur, Nux moschata,
Argentum nitricum, Matricaria chamomilla, Asafoetida e Cocainum, o grupo dos
“medicamentos flatulentos”.
China tem o fígado e o baço hipertrofiados, sensíveis e com dores presidas. Cólicas
hepáticas, baço doloroso: Ceanothus americanus.

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RECTO E ANUS: sensação de picada no anus e recto. Prurido no anus, como o
causado por Oxiúros.
EVACUAÇÕES: diarreia sem dor, com muitos gases, durante a noite ou
imediatamente depois das refeições (Pôs-prandial), seguida de grande debilidade.
Evacuações abundantes, espumosas, amareladas, contendo alimentos não digeridos
(lientéricas). (evacuações lientéricas: China officinalis – Arsenicum album – Ferrum
metallicum – Nux vomica – Oleander). Diarreia do verão, depois de ter comido frutas.
Hemorragia intestinal. Enterorragias: Hipecacuanha cephaelis – Lachesis
trigonocephallus - Nitric acidum – Mercurius vivus).
GENITAIS MASCULINOS: impotência por perdas seminais habituais, que são
seguidas de grande debilidade.
GENITAIS FEMININOS: Regras adiantadas, demasiadas abundantes, com sensação
de gravidade dolorosa na pélvis. (Congestão pélvica). O sangue vem misturado com
coágulos negros o volumosos.
Antes das regras: pressão sobre as virilhas e ânus.
Durante as regras: gravidade em baixo do ventre com distensão abdominal considerável.
Depois das regras: grande debilidade. Metrorragias pós- parto com estado sincopal.
Leucorreia contínua com amenorreia ou que se apresenta antes das regras em jovens
anémicas , edematosas e débeis. Anemia por lactação prolongada.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: epistaxe abundante, frequentes, preferentemente matinais,
em pessoas anémicas e que melhoram a cefaleia se está presente.
LARINGE: afonia nos anémicos.
Tosse seca, agravada estando encostado com a cabeça baixa, pela menor corrente de ar
(Hepar sulphur) e por rir-se (Phosphorus). Tosse espasmódica, violenta, depois de cada
refeição (Hepática reflexa).
BRÔNQUIOS: sensação de opressão no peito causada por afluxo de sangue.
Escarros sanguinolentos abundantes, que podem chegar a hemoptise.
CIRCULATÒRIO: hemorragias diversas com sinais de anemia grave.
Palpitações violentas.
COLUNA: dor na coluna como se tivesse sido batida (Arnica montana).
(China officinalis – apresenta-a principalmente durante o Paludismo ou na gripe).
MEMBROS SUPERIORES: dores nos músculos e nas articulações, como se tivesse
sido golpeado ou estivesse deslocado.
(Arnica montana – Rhus toxicodendron) agravados pelo menor contacto. (dores
gripais). Dores periódicas.
Uma mão fria e a outra quente.
Tendência a edemas.
MEMBROS INFERIORES: debilidade e tremor. Rótulas débeis, sobretudo ao andar.
Rótulas edematosas, vermelhas, quentes e dolorosas ao tacto.
Edema dos pés.
As pernas adormecem enquanto se está sentado
PELE: pele amarela: icterícia.
O menor toque é doloroso superficialmente e a pressão forte não provoca dor ou
melhora se não há (Bryonia alba).

10.DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3C – 6C – 12C – 30C.

71
11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Qualquer perda de líquidos orgânicos contínua ou periódica que debilite intensamente.


(Adinamia, anemia, palpitações anémicas, ascite, colicistite. Cólica hepática.
Insuficiência Hepática. Grande medicamento. Dinamizações de variar-se o tratamento).
Icterícia, hipocondria, dispepsia flatulenta, diarreia indolor, mas debilitante, diarreia
crónica e pôs-prandial, desinteria, febres intermitentes e diversos transtornos periódicos,
Paludismo, doenças do baço, galactorreia debilitante. Leucorreia debilitante alternando
com Krosotum. Metrorragia por atonia uterina. Retenção da placenta com hemorragia.
Gota, artrite inflamatória com dores agravadas pelo movimento e ao menor toque.
Reumatismo muscular ou articular periódico.
Astenopia por perda de líquidos. Irite depois do Paludismo ou da perda de líquidos.
Odontalgia anémica. Surdez com ruídos nos ouvidos, zumbidos nos ouvidos.
Tique doloroso na cara. Nevralgia periódica do nervo sub-orbitario. Vertigem por
anemia.
Eczema da face e generalizado. Erisipela grave. Febre tifoideia.

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GRUPO C

LYCOPODIUM CLAVATUM

1. SINÒNIMOS:

Licopódio. Musgo terrestre. Pé de lobo. Pés de urso. Muscus clavatus. Enxofre vegetal.
Pólvora vegetal.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Lycopodium clavatum é um musgo muito vivaz da família das


Licopódeaceas, que se desenvolve nos terrenos pedregosos, estendendo-se sobre as
rochas das regiões altas e frias. É muito comum nos Alpes Suíços, nos Pirineús e em
algumas regiões da Finlândia e União Soviética. Deve existir na América,
possivelmente nos Andes e certas partes de nossas serras mães Oriental, Ocidental e do
Sul.
Princípios activos: só se conhece um, a Polenina.
Preparação homeopática: a tintura prepara-se triturando as esporas e macerando-
as depois. Sétima e Quarta regra.
Antecedentes de emprego: não há, pois a Escola Galénica só o empregava como
um pó inerte para envolver pílulas em massa e cobrir úlceras. O seu emprego
terapêutico eficaz e notável, pertence exclusivamente à Medicina Homeopática.
Experimentação homeopática: a experimentação pura foi feita pelo Dr.
Hahnemann e a sua patogenesia consignada pela primeira vez no livro sobre “as
doenças crónicas”. Pode encontrar-se também a patogenesia amplamente exposta no
Diário Britânico de Homeopatia, número de Agosto de 1877.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Este medicamento actua principalmente sobre o fígado e talvez pela sua acção sobre
este órgão, mostra efeitos sobre todo o organismo, e em especial o aparelho respiratório
e renal.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O Lycopodium é, a doses massivas, um pó inerte, incapaz de produzir reacções


químicas, intoxicações ou lesões orgânicas. Por isso, nada há dele nas Farmacologias e
nas Toxicologias e por ele também, a Farmácia Galénica utilizava-o então para envolver
pílulas e a terapêutica unicamente para polvilhar úlceras ou eritemas a fim de isolá-los
do ar do ambiente e diminuir a sua irritação.
As suas propriedades energéticas terapêuticas apareceram na Experimentação
Pura das dinamizações altas da 30C em diante. Alguns efeitos débeis e restringidos
apresentar-se-ão em 6C.
No entanto, Martin de Lena assinala os seguintes efeitos de doses massivas,
provavelmente obtidos experimentando a tintura:

73
“fenómenos gerais de excitação: a circulação acelera, o apetite aumenta, as
evacuações são mais frequentes e o mesmo nas micções que podem chegar a ser
dolorosas e que se mostram com sedimentos e areias ; os desejos sexuais aumentam”.
Estes efeitos estão de acordo com os sintomas recolhidos na Patogenesia. Por
outro lado, a doses já atenuadas, foi observada depressão geral, pela qual, autores como
Charette, assinalam a Lycopodium clavatum, dizendo: “a acção geral de Lycopodium
clavatum pode caracterizar-se assim: é um medicamento dos atrasos e das
insuficiências. Não há uma secreção que não seja retardada: bílis, saliva, regras,
sudurese; não há um órgão que não esteja afectado de atonia: fígado, estômago,
intestino, rim, bexiga, glândulas sexuais, sistema muscular e ainda as funções
intelectuais, ainda que a inteligência permanece menos desperta”.
Esta atonia generalizada faz de Lycopodium clavatum um excelente
medicamento das doenças crónicas progressivas e profundas, que quase sempre se
apresentam com transtornos hepáticos e renais concomitantes.
Quem sabe algo da acção excitadora, sobretudo a aceleradora da circulação,
conserva-se nas atenuações médias e altas e ele explica a observação de León Vannier
que disse: “de uma maneira geral, não começar nunca o tratamento de um estado
crónico com Lycopodium clavatum de onde a sua acção pode produzir imediatamente
transtornos graves se as funções hepáticas e renais não foram atendidas previamente e
convenientemente estimuladas, já que Lycopodium clavatum mobiliza e põe em
liberdade as toxinas de uma maneira brutal”. (em caso disto ocorrer recomenda-se dar
China officinalis). Igualmente a isso deve-se o facto observado por alguns médicos de
que a 6C de Lycopodium clavatum trabalha como um excelente mobilizador do ácido
úrico.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Trata-se geralmente de pessoas fracas, de musculatura débil, mas de espírito vivo e


penetrante: intelectualmente activos mas físcamente débeis. Predispostos às doenças do
fígado, dos rins e dos pulmões. Nas afecções hepáticas avançadas ou hepato-renais
apresenta-se o seguinte tipo característico: a parte superior do corpo muito enfraquecida,
como o tórax comprimido, enquanto que a parte inferior está grossa, edematosa, e como
se estivesse hidrópica, vendo-se o sujeito muito pançudo e com as pernas e os pés muito
gordos.
A face é de cor cinzenta-amarelada com manchas escuras sobre as fontes. Há
rugas profundas na frente, as faces estão cavadas, os olhos rodeados de olheiras escuras,
os cabelos secos cinzentos, espetados, desvitalizados. Tudo faz parecer o sujeito de
Lycopodium clavatum mais velho do que é (crianças com aspectos de velhos)
(Argentum nitricum – Abrotanum – Baryta carbonica).

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Provável sujeito vago-simpático instável, hipotireoideo com um metabolismo basal


claramente baixo.
Indivíduo com irratibilidade excessiva, que se encoleriza com facilidade e não
pode suportar a menor contradição. Fala com facilidade e não pode suportar a menor
contradição. Fala com Veemência, expressa-se em termos violentos, tem manifestações
de cólera brutal no decurso das quais perde todo o controle. (Forma com, Matricaria

74
Chamomilla, Chelidonium majus, Nux vomica, Bryonia alba, Atropa belladona,
Hyosciamus niger, Aurum metallicum e Platina, o grupo dos “violentos e irados da
Matéria Médica”). Extrema susceptibilidade, mau humor e impaciência. Triste e
desalento, perdeu a confiança em si mesmo; sentes as responsabilidades e exagera-as.
Teme as coisas novas. Facilmente se desespera; está menos ansioso, sobretudo nas
tardes. Carácter silencioso, melancólico, desconfiado, tem horror às pessoas, não deseja
falar. Debilidade da memória (Anacardium orientalis); transtorno, confusão ou perda
das ideias, o pensamento e a reflexão tornam-se difíceis, pelo mesmo tem dificuldade
para entender, para seguir uma conversa, chegando a não encontrar as palavras
adequadas para expressar-se.
Outras vezes, grande vivacidade da memória e da inteligência em geral.
Dificilmente poderia encontrar-se em outro medicamento uma expressão tão
completa deste complexo estado psíquico que engloba a palavra “Hipocondria” e que
justamente depende, numa alta percentagem, do mau funcionamento hepático.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Irradiação da direita para a esquerda.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. fome voraz, mas com saciedade.


2. Obstipação com necessidades ineficazes (Nux vomica) e grande flatulência.
3. Dores piores do lado direito e vindo da direita para a esquerda.
4. Personalidade contraditória: irado e violento ou triste e melancólico; mente débil e
confusa ou ágil e desperta.
5. Manchas amareladas ou escuras na região temporal.
6. As asas do nariz batem como um fole.
7. Um pé quente e o outro frio.
8. Agravação entre as 16 e as 20h00.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: entre as 16 e as 20h00. Mas sobretudo às 17h00. Explica Charette que


esta é a hora de máxima eliminação da ureia. Às 4 h00 da manhã.
DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado direito.
FISIOLÓGICAS: depois das refeições (Nux vomica – China officinalis).

MELHORIAS:

DE TEMPO: depois das 00h00.


DE SITIO E CLIMA: ao ar livre (Pulsatilla nigricans).
DE POSIÇÃO: pelo movimento (Rhus toxicodendron).
FISIOLÓGICAS: pelos alimentos ou bebidas quentes. (Arsenicum album).
O ar livre e o movimento melhoram porque disse Charette, “activam as eliminações
retardadas”.

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9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência depois das refeições (Nux vomica). Mau humor ao despertar pelas
manhãs (Lachesis trigonocephallus).
FEBRE: febre vespertina entre as 16 e as 20h00.
Sudureses mal cheirosas (Mercurius vivus) e com odor sui-géneris nas febrículas dos
tuberculosos.
Durante a febre o pé direito está frio enquanto que o pé esquerdo está quente.
CABEÇA: manchas amarelas e escuras na região temporal.
Cabelo seco, cinzento, de lado, espetado. Queda abundante do cabelo; Alopecia que
deixa manchas de calvície (Lithium carbonicum) especialmente na região occipital. A
calvície e a velhice de Lycopodium clavatum são geralmente prematuras.
Cefaleias com pesadez, em relação com transtornos gastro-hepáticos, quando não come
regularmente a horas... melhora-se dela comendo ou ao destapar-se. (agrava-se
destapando-se: Sillicea terra).
Batimentos na cabeça depois de cada acesso de tosse (Bryonia alba – Natrum
muriaticum).vertigem pela manhã ao levantar-se e depois de ter-se levantado (Bryonia
alba – Pulsatilla nigricans), agrado de se balançar de trás para a frente.
FACE: cara cinzenta-amarelada, cheia de rugas profundas. As faces estão escavadas, os
olhos rodeados de olheiras escuras.
OLHOS: grande secura dos olhos com dores vivas, agravadas na noite (Sulphur).
Ulceração e enrugamento das pálpebras (Sulphur) com treçolhos (Pulsatilla nigricans).
Vê unicamente a metade esquerda dos objectos (hemiopia de origem hepática),
principalmente com o olho direito (Lithium carbonicum).
OUVIDOS: eczema ressumbrante atrás do pavilhão dos ouvidos (Graphites –
Petroleum).
Otorreia purulenta amarela, icorosa e irritante.
Surdez com e sem escorrimento. Zumbidos, rumores, repique nos ouvidos (China
officinalis – Viscum album).
DIGESTIVO – BOCA: secura da boca, sem sede (Pulsatilla nigricans).
Língua seca, esbranquiçada com pequenas vesículas na ponta, tipo aftas (Natrum
carbonicum – Sulphur – Kali cloricum).
Nos estados graves adinâmicos, a mandíbula inferior está caída (Opium) e a língua se
solta involuntariamente.
FARINGE: inflamação das amígdalas, sobretudo a direita. a inflamação e a dor desta
angina estende-se da direita à esquerda.
Constrição aguda que faz a deglutição impossível, os alimentos e as bebidas saem pelo
nariz.
A dor de garganta agrava-se depois do sono (Lachesis trigonocephallus) e pelas bebidas
frias.
ESTÔMAGO: fome voraz que se satisfaz com os primeiros bocados: pessoas que com
a sopa já estão cheias. Tão pronto como come experimenta uma sensação de plenitude
que o faz desabotoar os botões. (Nux vomica). Fome pela noite com sensação de
debilidade (Petroleum – Psorinum).
Arrotos com ardor que persistem longo tempo a nível da faringe.
Vómitos biliosos e vómitos acres.
Pressão no estômago com sabor amargo depois de ter comido.
Dispepsia atónica, flatulenta (Nux vomica – Nux moschata – Matricaria chamomilla).
Sono invencível depois das refeições (Nux vomica).

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Aversão pelo pão, pela carne e pelo café. Não pode suportar os ostiones. desejo muito
grande de doces (Argentum nitricum). (este sintoma é clara expressão de uma afecção
hepática: sabe-se que o doce é o alimento do fígado e em toda a doença hepática,
principalmente na hepatite, o doce é o alimento primordial das dietas).
ABDÓMEN: grande distensão abdominal ainda depois das mais pequenas comidas
(Nux moschata: “a mais pequena quantidade de alimento parece converter-se em gás”).
Flatulência excessiva com burburinhos. Distensão e dor por fermentações,
particularmente na parte inferior do abdómen ou no ângulo esplénico do cólon, que se
aliviam bruscamente ao emitir gases.
(distensão superior: Carbo vegetallis; distensão total: China officinalis; daí a seguinte
comparação que já anotamos ao tratar de China: “gases que saem por cima: Carbo
vegetalis; gases que saem por baixo: Lycopodium clavatum; gases que saem pelos dois
lados: China officinalis”).
Pesadez no hipocôndrio direito, não se pode encostar desse lado. O fígado está sensível
com dor tensa espontânea e ao toque. (hepatite e hepatomegália). Dor que vai do fígado
ao dorso e que chega às vezes ao ombro direito (dor na ponta da escápula direita:
Chelidonium majus). Cólica hepática por litiase biliar. Fígado que pela percussão
limita-se de tamanho pequeno (Cirrose atrófica) ou grande (cirrose hipertrófica).
Hipertensão portal e ascite.
Meteorismo selectivo segundo o medicamento. Gases para cima: Carbo vegetallis –
Argentum nitricum; gases para baixo: Lycopodium clavatum; gases por cima e por
baixo: China officinalis.

RECTO, ANUS E EVACUAÇÕES: hemorróidas precedentes com dores ardorosas,


que se agravam pelo tacto e ao sentar-se e melhoram-se com o banho quente.
Obstipação crónica com desejos ineficazes de evacuar, às vezes por constrição
espasmódica do esfíncter anal, cujo caso à dor neste nível e outras por atonia parética do
mesmo esfíncter. (recorde-se que Lycopodium é um medicamento dos atrasos, das
atonias e insuficiências.
As fezes são duras, pequenas, insuficientes e de consistência arenosa.
Obstipação por acolia, cujo caso há falta de peristaltismo e as fezes são brancas ou de
cor mástiques.
URINÁRIO: cólicas nefríticas, principalmente do lado direito. Necessidade frequente
de urinar, sendo a micção dolorosa e acompanhada de tenesmo vesical. Tendo que
puxar muito para que a urina saia, porque existe uma certa atonia vesical.
Frequentes dores na bexiga. A criança chora antes de urinar e deixa de chorar enquanto
está urinando (“grita antes e durante a micção” Staphisagria), e pode-se comprovar nos
exames a urina com sedimentos arenosos vermelhos, cor de ladrilho, não aderentes
(aderentes: Sepia officinalis). A análise da urina acusa: diminuição notável da ureia,
presença de urobilina , acetona e areias vermelhas”. “dai a sua grande indicação nas
litiases renais”.
GENITAIS MASCULINOS: impotência nos jovens que se masturbam. Impotência
depois de excessos sexuais (Agnosmodium – Agnus castus – Phosphoric acid).
Emissões prematuras ou muito tardias (Agnus castus – Caladium – Selenium).
GENITAIS FEMININOS: antes das regras: tristeza e prurido vulvar. Durante as
regras: dor no ovário direito (Iodum metallicum) que se estende às vezes ao esquerdo.
Regras retardadas, muito abundantes e muito prolongadas.
Expulsão de gás pela vagina (fisometria).
Varizes vulvares.

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RESPIRATÓRIO: NARIZ: nariz obstruído e seco. A criança não pode respirar pela
noite. Batimento das asas do nariz como fole (Antimonium tartaricum – Phosphorus –
Chelidonium majus). Crostas e ulcerações nas fossas nasais.
LARINGE: enrouquecimento nocturno. Ulceração das cordas vocais. Tosse seca,
fibrosa, dura, ainda durante o sono (Tuberculoses). Excita-se pela respiração profunda, a
deglutição no vazio e o alargamento do pescoço. Tosse irritante causada pelo enxofre.
Expectoração espessa, amarelo-verdosa, purulenta; às vezes estriada de sangue
(Tuberculoses). Expectoração cinzenta-suja e salgada (Silicoses). (Silicea terra –
Magnesia carbonica – Sepia officinalis).
PULMÕES: respiração curta, dispneia com ansiedade e movimentos de fole das asas
do nariz.
Dor de costas violenta, particularmente à direita.
“quando o doente não se recupera, depois de uma afecção bronco-pulmonar, deve dar-se
Lycopodium clavatum, mas menos que Sulphur, principalmente se a afecção se localiza
do lado direito” (Charette). “numa pneumonia quando ao finalizar o segundo período,
ou seja, ou de hepatização vermelha, em vez de passar ao período de resolução e de
fervescência, continua a hepatização e o paciente vai entrando num estado
adinâmico...Lycopodium é de eleição, assinalam os Doutores José Maria Carrera e
Tarciso Escalante”.
CIRCULATÓRIO: palpitações durante a digestão. (excitação pela pressão dos gases
sobre a ponta do coração através do diafragma; ou melhor pela pressão directa sobre o
coração, exercida por uma porção de estômago que se deslizou ao tórax através do hiato
esofágico, na hérnia Iata).
Varizes superficiais ou profundas, dolorosas, sendo a dor como chicotada e
apresentando-se sobretudo na perna direita.
MEMBROS SUPERIORES: dores vivas, com pressão, extensas, que aparecem
bruscamente e desaparecem da mesma maneira (Atropa belladona), piores no membro
direito.
Nodosidades gotosas (Tofos) nos dedos.
MEMBROS INFERIORES: dor de puxão ao longo do ciático direito.
Varizes da perna direita com dor de chicotada.
Sensação de ter uma pedra do calcanhar.
Sudurese abundante dos pés. Um pé quente e o outro frio.
PELE: pele amarela ou coberta. Pele manchada, sobretudo nas regiões temporais, à
frente, o queixo, o dorso ou a cintura.
Pele enrugada.
Eczema empetiginoso a trás do pavilhão do ouvido. Impetigo do couro cabeludo, com
secreção espessa e de mau odor, (Hepar Sulphur). Ectima dos membros, acne,
furúnculos, eritema. Tumores erécteis. Nevus. Varizes superficiais na pele, Lycopodium
tem muita semelhança com o Sulphur.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

6 CH – tem sido preconizada como mobilizadora do ácido úrico e parece ser esta a sua
única aplicação. Por outro lado, o Dr. Sieffert disse: “as potências elevadas usadas
durante muito tempo, curaram as diáteses úricas”, e estas seriam tais como: 30C – 200C
– 1000C, 6LM, fora destas recomendações as dinamizações mais empregadas são: 30C
– 60C – 200C.

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11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Amigdalite direita (que vai da direita para a esquerda – 30C). ascite, colilitiase, cólica
hepática, cirrose, insuficiência hepática, manchas hepáticas. Neste Sepia seria superior a
Lycopodium. Obstipação intestinal. Dispepsia flatulenta, dispepsia crónica. Indigestão
tipo empacho. Hemorróidas. Úlcera gástrica e duodenal. Fistulas anais.
Anúria, cólica nefrítica, cistite, litiase renal, nefrite crónica, nefrose, nefroptose,
paralisia da bexiga. Paralisia renal.
Gota, reumatismo, reumatismo biliar.
Impotência juvenil por abusos. Impotência senil. Leucorreia. Prurido vulvar.
Asma. Coriza crónica. Coriza senil (em hemorroidários e gotosos).bronquite aguda.
Bronquite gripal. Bronquite crónica. Broncopneumonia. Dilatação bronquial.
Hidrotórax. Pneumotórax. Pleurisia. Tuberculose pulmonar.
Afasia seguida de amolecimento. Perda da memória em geral. Meningite
tuberculosa. Mielite por compressão. Nevralgia facial e cervico-braqueal. Tiques
essenciais.
ambliopia. Hemiopia vertical (alternando com Muriaticum acid.) oftalmia
escrofulosa. Presbicia. Surdez crónica. Dureza dos ouvidos com zumbidos.
Talalgia, suores dos pés. Varizes dolorosas.
Acne, eczema do pavilhão auditivo. Ectima dos membros. Impetigo do couro cabeludo.
Intertigo. Furunculoses. Plica polaca, Psoríase. Tumores erécteis. Urticária crónica.

79
GRUPO C

NUX VOMICA

1. SINÒNIMOS:

Noz vómica. noz venenosa. Stychus nux vomica. Higuilo da Índia. Mata cão.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Nux vomica é a semente da árvore Stychus nux vomica da família das
loganiáceas que habitualmente cresce na Índia.
Principalmente nas costas de Malabar e Oromandel e na ilha de Ceilão.
Princípios activos: alcalóides: estricnina, brucina, igasurina, abrina. Ácidos: o
ácido igasúrico. Glucósidos: loganina. Os alcalóides foram postos em lista pela ordem
da quantidade presente noNux vomica.
Preparação homeopática: a tintura prepara-se com a semente finalmente
pulverizada, segundo a Quarta regra.
Antecedentes de emprego: J. Bouhin, no século XVII, deu a conhecer pela
primeira vez a Nux vomica na Europa. A partir de então estendeu-se o seu emprego
medicamentoso com diversas indicações, tais como: epilepsia, paralisia, cólera,
disenteria, gota, reumatismo, asma, etc..
A escola tradicional a segue utilizando, principalmente como tónico nervoso.
O principal dos seus alcalóides, a estricnina, foi descoberta em 1818 por
Pelletier e Caventou e desde então emprega-se para várias das antigas indicações doNux
vomica.
Experimentação homeopática: este medicamento considera-se como um dos
grandes policrestos, a partir da Experimentação Pura efectuada pelo Dr. Hahnemann
e colaboradores e cuja Patogenesia está incluída na “Matéria Médica Pura” do
Mestre.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

De preferência actua no sistema nervoso cérebro-espinal, no sistema nervoso simpático,


no aparelho digestivo e no fígado.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O Nux vomica é por excelência um veneno nervoso que aumenta grandemente a


excitabilidade reflexa da espinal medula, sendo o mais violento dos venenos
convulsionantes.
Excita e irrita de igual modo a sensibilidade geral, o sensorial, a esfera mental, a
motricidade, e as vísceras. Esta acção é, em geral, violenta mas curta, rápida e pouco
profunda.
A nível do estômago absorve-se lentamente, aproximadamente em 30 minutos;
no intestino delgado a sua absorção toma uns 10 minutos, e a nível do cólon mais ou
menos 7 minutos; daí a necessidade urgente de evacuar o tóxico quando ainda está no

80
estômago, antes de meia hora. As doses débeis de 1 a 5 miligramas são as excitantes; as
doses fortes de 1 a 3 centigramas são as convulsivantes.
A medula e o bulbo são os órgãos principalmente afectados, sobre eles produz-se
a estricnina, o principal alcalóide de Nux vomica, uma exaltação da excitabilidade
reflexa, de modo que as mais pequenas excitações periféricas transmitidas a estes
centros, provocam reacções motoras violentas e generalizadas. Admite-se actualmente
que a ESTRICNINA actua sobre a excitabilidade dos neurónios intercalares
sensitivos na medula. Normalmente estes neurónios, colocados entre as vias sensitivas
e as vias motoras abrem uma certa resistência ao passo do fluxo nervoso e atrapalha a
sua difusão; de baixo da acção da estricnina esta função filtradora ou moderada inverte-
se, os neurónios intercalares voltam mais condutores, “mais permeáveis” e permitem o
passo acelerado do fluxo nervoso, favorecendo a sua propagação aos níveis medulares
vizinhos, com a conseguinte violenta, múltipla e desproporcionada resposta motora.
Ao actuar sobre o bulbo em doses excitantes, a respiração volta mais ampliada e
mais rápida (taquipneia). Ao actuar ali as doses tóxicas ou convulsivantes, produzem a
inibição, mas pela acção medular convulsivante sobre o diafragma e os músculos
respiratórios, produzem a asfixia.
Ao actuar no cérebro em doses excitantes, aumenta-se a receptividade dos
órgãos dos sentidos, ouvido, olhos, olfacto, principalmente, que voltam
extraordinariamente sensíveis.
O sistema nervoso periférico é também afectado e assim as doses excitadoras
aumentam a sua excitabilidade e em doses fortes produzem a sua inibição, fazendo
desaparecer a motricidade. Sabe-se que as doses débeis de estricnina baixam a cronaxia
do nervo e a do seu respectivo músculo, com o qual não se produz verdadeira
contracção , já que se conserva o isocronismo, nada mais que diminuído.
Em doses fortes abatem ainda mais a cronaxia do nervo e já não alteram a do
músculo, pelo qual se produz um heterocronismo entre o nervo e o seu músculo e uma
paralisia deste; paralisia que chamam por “pseudo-cura” e não verdadeira cura, posto
que a cronaxia do músculo já não foi mais diminuída.
A estricnina, por sua acção sobre o centro vaso-motor, pode provocar
vasoconstrição central, que se equilibra com vasodilatação periférica, razão pela qual o
coração e os vasos não resistem muito com a intoxicação com a estricnina. Pode
observar-se no entanto, com as doses convulsivantes um aumento da contractilidade
cardíaca que não chega à tetanização, o que ocorre nos outros músculos. As doses mais
fortes, inibidoras e paralizantes, não tocam no coração. O falecimento deste órgão,
depois de várias crises convulsivantes, é somente um mero efeito de fadiga.
As doses convulsivantes elevam a pressão sanguínea pelo duplo mecanismo do
aumento da contractilidade cardíaca e da descarga adrenalínica que se produz pela
asfixia.

Os quadros resumidos das doses débeis e das fortes seriam então:

1. Doses de 1 a 5 miligramas: Excitação de todas as funções orgânicas: Sistema


nervoso, vias respiratórias, coração, circulação, aparelho digestivo, bexiga e genitais;
nele, grande nervosismo, inquietude, irritabilidade, ligeira taquipneia e taquicardia.
Aumento da fome, trânsito gastrointestinal acelerado ou alterado espasmódicamente,
hipersecreção gástrica com aumento do ácido clorídrico; congestão e estase do sistema
porta; aumento da contractilidade da musculatura lisa da bexiga, órgãos genitais, vasos
e pupila.
2. Doses de 1 a 3 centigramas: formigueiros, exaltação e perversão da sensibilidade

81
sensorial principalmente da vista e do ouvido, de modo que a luz e os ruídos, ainda
leves, são insuportáveis. Há agitação tensa e rigidez dos membros musculares; a
respiração está acelerada e o coração contrai-se com um pouco mais de força. Além
disso, há angústia, salivação e vómitos, espasmos da musculatura gastrointestinal, este
último também pode sobrevir se as doses menores anteriores se repetem.
3. doses de 5 centigramas: apresenta-se um quadro tetânico: extrema ansiedade,
contracção dos maxilares (trismus), à menor excitação exterior, mesmo o toque, se se
fala ou se lhe mostra luz, ocorrem convulsões generalizadas por acessos primeiro
aleijados depois próximos e finalmente tetânicos; nestes: todos os músculos se contraem
permanentemente. O indivíduo puxa a cabeça para trás (epistótonos) o seu tórax e
abdómen contraem-se em arco, os membros estão rígidos e o sujeito apoia-se no
occipício e os calcanhares, a respiração e a deglutição são impossíveis; as pupilas
dilatam-se, ficam salientes, a face cianótica, a pressão sanguínea e a temperatura
elevam-se, esta última até 43 graus centígrados. Estes acessos duram desde alguns
segundos até três minutos. No intervalo deles os intoxicados conservam o conhecimento
e pouco a pouco acalmam-se: talvez pela razão da dose, volte o acesso repetidamente e
sobrevenha a morte por asfixia que se produz em virtude da contracção permanente
(tetania) dos músculos toráxicos e o diafragma. Crises de acessos repetidos mas menos
tetânicos podem matar por falecimento do músculo cardíaco.
4. doses ainda mais fortes que 5 centigramas, dadas de uma vez, sem aumento
progressivo, podem produzir pelo contrário, paralisias flácidas por inibição, verdadeiros
efeitos de pseudo-cura não mortais. O efeito destas doses de imediato, ou de doses
menores, pode traduzir-se por verdadeiros estados adinâmicos que especialmente
produzem dispepsias atónicas e obstipação intestinal. (obstipação por atonia).
Toda a substância que diminua a excitabilidade reflexa da medula actua como
um antídoto de Nux vomica e de todos os medicamentos extrínsecos (Strycninum,
Ignatia amara, Phisostigma venenata). Essa é a razão pela qual os melhores antídotos da
estricnina são os barbitúricos, como disse M. Lapicque: “a estricnina abate a cronaxia
dos centros nervosos, enquanto que os barbitúricos elevam-na”. Nele funda-se o
tratamento dos intoxicados por barbitúricos, empregue nos Postos de Socorro da Cruz
Verde no México, à base de estricnina em dose de 0,01 a 0,02 gramas por dia.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Está representada por pessoas delgadas, secas, mas de fibras musculares tensas que lhes
dão certa força ou vigor apesar disso ser por regra geral, pessoas de vida sedentária e
intelectual, que não fazem exercício físico. Isto deve-se a um aumento do tónus
muscular fisiológico ou normal, que deriva da acentuada propriedade inotrópica de Nux
vomica. É frequente terem a pele com aspecto terroso ou amarelado, sub-icterícia, mas
algumas vezes podem ter as faces vermelhas sobre um fundo amarelado do resto da
face, trata-se então de uma falsa pletora, ligada a fenómenos simpáticos. (Phosphorus).

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Trata-se de um sujeito nervoso por excelência com predomínio cérebro-espinal; além de


simpático-tónico.
Esse eretismo nervoso volta irascível, impetuoso, brigão, violento que se deixa levar
facilmente pela ira. Também é extremamente susceptível e isso conduz-lhe outra vez à

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violência, qualquer palavra o ofende, não suporta a menor contradição, nem que o
contrariem no mínimo.
Impaciente, o tempo para ele passa com demasiada lentidão.
Impressionado em grau extremo, a música e o canto fazem-no chorar.
Hipersensibilidade, não suporta o menor ruído, a luz intensa ou os odores fortes.
Pelas manhãs está mal humorado e o mesmo depois das refeições, ainda com frequência
tem sonolência no início das digestões. Quando não está enjoado, sente-se e vê-se triste,
insociável e ainda ansioso, deprimido e então mostra tendência ao suicídio mas com
medo de morrer.
A sua memória, a sua atenção e a sua concentração são débeis, chegando a omitir
silabas e ainda palavras e frases inteiras ao escrever. Tudo isso faz-lhe sentir horror pelo
trabalho intelectual, apesar de ser esta a sua ocupação habitual (Phosphorus,
Phosphoricum acid.).
Mentalmente então, o indivíduo de Nux vomica apresenta muito acentuados, entre
outros, os sindromes da neurastenia e da psicastenia.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. transtornos provocados pela vida sedentária, pela fadiga intelectual, pelos excessos
em comer e pelo abuso do café, do chá, do álcool, do tabaco, dos purgantes e em geral,
de medicamentos quimioterápicos.
2. Grande irritabilidade, deixa-se levar facilmente pela ira.
3. Hipersensibilidade dos sentidos.
4. Espasmos musculares e ainda convulsões, provocados pelo menor contacto, ruído, à
luz viva ou à cólera.
5. Sonolento depois das refeições, mas dorme mal pelas noites e desperta-se antes das
3 horas da manhã, para voltar a dormir antes das 6 ou 7 horas, quando já deveria
levantar-se.
6. melhora sempre por um sono curto. (5 a 10 minutos).
7. Obstipação com desejos urgentes e ineficazes. (Lycopodium clavatum).

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela manhã ao despertar (Bryonia alba, Lachesis trigonocephallus).


DE SÍTIO E CLIMA: durante o tempo seco. Pelo frio.
FISIOLÓGICAS: depois das refeições. Pelas bebidas alcoólicas, pelos estimulantes,
pelos medicamentos quimioterápicos. Pelo trabalho intelectual.
DE POSIÇÃO: pela vida sedentária.

MELHORIAS:

DE TEMPO: pela tarde.


DE SITIO E CLIMA: durante o tempo húmido.
DE POSIÇÃO: pelo repouso.
FISIOLÓGICAS: por um breve sono.

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9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: grande sonolência depois das comidas, principalmente depois da ceia. (no
México, depois da comida do meio dia que é a mais forte).
Insónia: vai para a cama e não pode conciliar o sono pensando em muitas coisas,
especialmente nos seus problemas, ou bem se põe a ler; dorme no fim, para despertar
até às 3 ou 4 da manhã e dificilmente volta a dormir, finalmente adormece
profundamente e dorme até amanhecer com um sono cheio de pesadelos, do que
desperta tarde, débil e cansado.
Um sono curto, de cinco a dez minutos, durante a sonolência que segue a seguir às
refeições ou depois de um excesso de trabalho mental, melhora sempre.
FEBRE: calafrios ao menor movimento. Calafrios com bater de dentes, extremidades
vermelhas, umas cianóticas.
Grande calor, todo o corpo está ardente, o doente não pode destapar-se sem tremer.
febre com convulsões e por outro lado, convulsões que elevam a temperatura.
CABEÇA: vertigens com náuseas e vómitos pela manhã ao despertar (Bryonia alba).
Ao levantar a cabeça da almofada, o quarto e todo o que lhe rodeia parece girar
(Bryonia alba).
Cefaleia pela manhã ao despertar que pode durar todo o dia com vertigens náuseas e
vómitos. Cefaleia pressiva , occipital, que pode ficar frontal e pode estender-se à raiz do
nariz e à região supra-orbital. Violenta cefaleia em cima da cabeça ou na região parietal
como se nela se introduzisse um prego.
Cefaleias depois de excessos de comida, depois de esforços intelectuais ou como
resultado da masturbação ou da insolação. (Atropa belladona – Hyosciamus niger –
Glonoinum – Natrum carbonicum): enxaqueca dos bebedores de café.
FACE: nevralgias supra-orbitais que se apresentam todas as manhãs, com lágrimas
abundantes e coriza, nos intoxicados por álcool ou café. Tiques dolorosos. Contracções
tetânicas dos músculos mesentéricos (Trismus).
OLHOS: pestanejos. espasmos do músculo orbicular das pálpebras com sensação de
secura intensa. Dores pungentes e fotofobia, agravados na manhã.
Extrema sensibilidade à luz que pode provocar convulsões.
Paralisia de todos os músculos do olho nos fumadores, agravada pelos estimulantes e
mesmo pelo tabaco.
Atrofia do nervo óptico por intoxicação medicamentosa, nicotínica ou alcoólica.
(Phisostigma venenata é nisto, um estrícnico superior à Nux vomica).
DIGESTIVO – BOCA: língua coberta por uma capa de saburra branca-amarelada na
metade posterior, estando a metade anterior limpa e com os bordos vermelhas.
Mau hálito pela manhã ao pequeno almoço e depois das refeições. Salivação intensa.
ESTÔMAGO: diminuição do apetite. Repugnância pelo café e o pão que parece ter
sabor amargo. Desejo de álcool, de giz, de cal e de muitos alimentos indigestos.
Arrotos muito ácidos (pirose) ou amargos. Regurgitações.
Náuseas constantes pelas manhãs na cama. Náuseas depois de ter fumado ou comido,
com sensação de que se sentira melhor se vomitasse. Vómitos geralmente ácidos.
Mucos matinais expelidos pela expectoração nos alcoólicos .
Hipo-espasmódico. Hipo-grave por exageradas contracções do diafragma.
Região epigástrica muito sensível à pressão. Dor epigástrica como se tivesse muita
fome. Estômago distendido e doloroso com sensação de carga pesada nele, uma ou duas
horas depois de ter comido. Dispepsia sensito-motora. Cãibras no estômago. (é para este
sintoma, o melhor medicamento).

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Vê-se obrigado a desabotoar as suas roupas enquanto come ou depois de comer,
primeiro causa flatulência excessiva que se produz, depois causa a hiperestesia geral.
Sonolência depois das comidas, sobretudo depois do almoço. No México – repetimos –
isto produz-se depois da refeição do meio dia que, por regra geral, é a mais forte.
ABDÓMEN: flatulência intestinal excessiva depois das refeições (Lycopodium
clavatum) ainda que tenha comido muito pouco. (Nux moschata: “a menor partícula de
alimento parece converte-se em gás).
Cólicas espasmódicas, geralmente na parte superior do abdómen, piora depois de cada
refeição e obrigando o doente a inclinar-se para a frente. (Colocynthis cucumis –
Magnesia phosphorica).
Sensação como se o intestino saísse através da parede abdominal, a nível do anel
inguinal direito, principalmente como uma hérnia.
Fígado duro, inchado e doloroso. Hipertensão portal.
RECTO E ANUS: constrição espasmódica do recto e anus com dor, formigueiro e
prurido, especialmente depois da evacuação.
Hemorróidas internas muito dolorosas, com picadas, ardores e comichão. Havendo
escorrimento abundante de sangue durante a evacuação. Hemorróidas externas,
procedentes em sujeitos atónicos intestinais.
EVACUAÇÕES: obstipação com desejos urgentes e ineficazes ou expelindo pequenas
quantidades de fezes em cada momento com sensação de que nunca poderá esvaziar
completamente o seu intestino: sensação de nunca ter acabado.
Diarreia matutina depois de algum excesso de mesa no dia anterior, também com
desejos frequentes insuficientes, mas acabados de tenesmo.
URINÁRIO: desejo urgente e ineficaz de urinar; urina só gota a gota, com dor na
uretra, zona vesical e ainda rins. O esforço de urinar provoca o espasmo do esfíncter
vesical e a urina suspende-se. Bexiga irritável.
GENITAIS MASCULINOS: exaltação do apetite sexual com erecções e emissões
involuntárias e frequentes de sémen, sobretudo matinais.
Espermatorreia com debilidade e irritabilidade e dor ardente na coluna vertebral.
Maus efeitos dos excessos sexuais e da masturbação. Impotência.
GENITAIS FEMININOS: regras irregulares, não aparecendo nunca num período fixo;
geralmente adiantadas, muito abundantes e de longa duração.
Antes das regras: irritabilidade, calafrios e náuseas.
Durante as regras: dores na região uterina e sacra ao sentar-se ou ao levantar-se (Rhus
toxicodendron) com violentos desejos de urinar e desejos ineficazes de evacuar.
Depois das regras: leucorreia amarelenta (Pulsatilla nigricans).
Durante o parto: contracções excessivas do útero, que pode inclusive, tetanizar-se com
dor excessiva; ou melhor – se isto ocorre na fase depressiva – dores e contracções
insuficientes, verdadeira atonia.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: coriza seca – período de vasoconstrição prévio à coriza
declarada ou fluente com sensação de algodão na mucosa nasal. Coriza seca pela noite,
fluente no dia, agravada numa habitação quente melhorada com o ar frio (Pulsatilla
nigricans).
Extrema sensibilidade do olfacto: os perfumes e em geral os odores fortes, podem até
provocar desmaio. Perversão do olfacto, com persistência do odor a queijo ou ao sebo.
LARINGE: rouquidão catarral ou por paresia da laringe.
Espasmo da glote, provocado só pelo toque na garganta.
Tosse seca e convulsiva, raspante, sem expectoração ou com expectoração escassa, de
muco transparente e dificilmente desprendível (Kali bichromicum – Hydrastis
canadensis). Agravada à meia noite e pela manhã, pelo exercício, pelas refeições e pelo

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trabalho intelectual. Asma cujo acesso aparece por hiperexcitabilidade reflexa vinda do
estômago (“espinha irritativa gástrica”).
CIRCULATÓRIO: elevação considerável da pressão arterial por contracção das fibras
circulares dos vasos. (Acção das doses fortes).
Angina de peito nos jovens que têm hemorróidas.
Palpitações reflectidas por emoções, por trabalho intelectual, pelas refeições ou
estimulantes, em especial o café.
COLUNA: dor violenta na região lombar com dor de ruptura que obriga a caminhar
encurvado; deve sentar-se para se virar na cama; esta dor geralmente é provocada pela
masturbação (Cobaltum – Staphysagria) ou pelas hemorróidas (Aloe socotrinum).
MEMBROS SUPERIORES: retardamento, pesadez e fadiga dos braços. Paresias dos
mesmos. Formigueiro e adormecimento em todo o membro superior. (Aconitum
napellus). Contracções musculares. Cãibras do escritor.
MEMBROS INFERIORES: paresia dos membros inferiores, o doente arrasta os pés
ao caminhar.
Adormecimentos e formigueiros em todo o membro inferior (Aconitum napellus).
Cãibras na barriga das pernas que se contraem com força excessiva e dureza (tetania).
Dores lancinantes nas coxas com paresia. Os joelhos dobram-se e tremem. As cãibras
desatam-se com o menor toque, ruído, ira ou qualquer outra impressão.
PELE: urticária com transtornos gastro-hepáticos.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1X – 3X – 3C – 6C – 12C – 30C – 60C – 200C – Mc.

Em termos aproximados as dinamizações baixas (3X a 3C) e as dinamizações


altas (30C – 60C – 200C) pelos seus efeitos reactivos, darão para os sintomas de
depressão: atonias, paresias, paralisias, dispepsias, obstipação, impotência. As
dinamizações médias e altas como a 30C, para os sintomas de excitação:
hipersensibilidade geral e do sensorial, convulsões, contracções e sintomas mentais.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Analgesia, dores ardorosas em qualquer órgão ou região. Neuralgias sub-orbitais.


Nevralgias do nervo Facial e do trigémeo. Nevralgias occipitais. Nevralgias cervico-
braqueais, com rigidez da nuca e dor do couro cabeludo. Nevralgias intercostais.
Nevralgias ciáticas. Dor na coluna com prurido lá e nas pernas, e perda súbita das forças
nestas. Cefaleia de causa gástrica. Cólicas hepáticas.
Contracções nas extremidades. Cãibras nas mãos e dedos (cãibras dos escrivãos,
mecanógrafos, pianistas, violinistas). Cãibras na barriga da pernas e pés. Tetania.
Cãibras do estômago (excelente medicamento, alternado duas vezes por dia com
Natrum muriaticum). Contracções excessivas do útero: tetânicas. Espasmos em geral e
em especial do diafragma. (Hipo) espasmo das coronárias. (angina de peito
espasmódica). Convulsões. Epilepsia nos alcoólicos.
Ataxia locomotora. Encefalites, meningite cerebral, espinal e cérebro-espinal. Mielites,
aguda e crónica. Paresias, paresias do músculo do olho, paresia da bexiga. Paralisia,
paralisia do diafragma, paralisia dos músculos do olho, paralisia da bexiga, paralisia
raquidiana. Paraplexia no princípio. Obstipação intestinal parética.
Enfraquecimento raquidiana. Insónia. Insónia dos alcoólicos. Surmenage. (cérebro e
estômago fatigados: medicamento principal).

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Neurastenia com transtornos gástricos. Psicastenia. Mania aguda (religiosa, puerperal).
Alcoolismo.
Dilatação do estômago. Dispepsia nervosa. Úlcera de estômago, úlcera duodenal.
Congestão do fígado, congestão portal e hipertensão portal. (alternando com Lachesis
ou Vipera, segundo G. Sieffert). Cirrose atrófica.

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GRUPO C

VERATRUM ALBUM

1. SINÒNIMOS:

Veratro branco. Heléboro branco. Heléboro Europeu. Veraria. Veraria. Vedagambre


branco. Ballestera.

2. GENERALIDADES:

Origem: o Veratrum album é uma planta da família das Liliáceas que prospera na
Europa, crescendo sobretudo nas altas montanhas da Suíça ou seja os Alpes, nos
Pirinéus, os Vosgos e o Jura.
Princípios activos: os seus princípios activos são os seguintes alcalóides:
Protoveratrina, Cebadina ou Veratrina cristalizada, Yerbina, Pseudo-yerbina,
Rubiyerbina. Protoveratridina Veratralbina.
Preparação homeopática: prepara-se a tintura com a raiz fresca, retirada nos
princípios de Junho, segundo a Quarta regra.
Antecedentes de emprego: este medicamento por muito séculos na antiguidade,
gozou da fama de ser uma panaceia, um recurso universal para a cura de todos os males
crónicos e agudos desesperados. Constitui-se então uma base de um sistema de
tratamento conhecido com o nome de “Heleborismo”. Celso, Plínio, Aetius e muitos
mais, usaram-no amplamente. Galeno estudou-o mais a fundo, reduziu as suas
aplicações e de facto o fez cair em descrédito.
Actualmente figura nos formulários só como um emeto-catártico e pode-se
encontrar em alguns preparados de patente ao lado de outras substâncias com indicações
gástricas e nervosas.
Experimentação homeopática: foi experimentado pelo Dr. Hahnemann incluindo a
sua patogenesia na Matéria Médica Pura.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O Veratrum album, actua de preferência e em ordem de importância sobre as


terminações periféricas de todos os nervos e em especial do pneumogástrico e do
simpático; sobre os músculos estriados, o aparelho digestivo e sobre a pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A acção fisiopatológica do Veratrum album deve referir-se, quase totalmente ao seu


alcalóide principal, a Veratrina Protoveratrina (na realidade mistura de Veratrina e
Cebadina) que, como no caso da Estricnina para a Nux vomica, enchendo quase todo o
quadro. Estes dois alcalóides, Estricnina e Veratrina produzem-se sobre o músculo
estriado, no qual provocam intensos movimentos fibrilares por acção directa. O músculo
veratrinizado (como se conhece em Fisiologia), contrai-se normalmente de baixo do
estímulo eléctrico, mas a fase de relaxamento e a volta ao estado de repouso demanda
um tempo considerável, 40 a 50 vezes maior que o músculo normal. Neste longo

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período de relaxamento paulatino (que actua devagar) apresenta-se a fibrilação. Estes
efeitos devem-se a que a Veratrina provoca dissociação entre a contracção do
sarcoplasma e das fibrilas e, com ele, um transtorno profundo na contracção muscular.
Esta acção puramente muscular, apresenta-se ainda com doses de Veratrina de 1/10 a
1/20 de miligramas.
Pode-se observar também que as cronaxias do músculo e do seu nervo motor
estão modificadas: a doses débeis, a Veratrina abate de vez a cronaxia do músculo e a
do seu nervo; a doses fortes, enquanto que a cronaxia do nervo volte ao normal, a do
músculo permanece diminuída, ao contrário do que ocorre na Nux vomica; este
beterocronismo entre o nervo e o músculo provoca a cura e a conseguinte paralisia.
Outras acções da Veratrina são as seguintes: excita as fibras lisas do tubo
digestivo, provocando diarreias e vómitos: este efeito muscular unido à forte irritação
que provoca na mucosa digestiva, causa extrema salivação com sabor acre, queimante;
sensação de queimadura no estômago e vómito; cólicas intensas e cãibras com diarreia
violenta profusa acompanhada de diversos espasmos musculares, com cãibras nas
pernas, além dos intestinos, contracções musculares intensas e ainda tetânicas, suor frio
sobretudo na frente. Esfriamento geral. Baixa da tensão arterial por debilidade cardíaca
e colapso.
Os espasmos, contracções e as cãibras do Veratrum album são devidas ao efeito
directo sobre as terminações nervosas, acção imediata sobre o conjunto neuro-muscular
terminal; tanto que os espasmos contracções e cãibras de Nux vomica devem-se ao
efeito central na medula, que provoca hiper-relfexia.
No coração, as doses débeis aumentam com a contracção, “efeito tónico”; as
fortes relaxam-no, “efeito depressor”. As fibras lisas dos vasos são afectadas
produzindo-se vasoconstrição que é a causa do colapso.
No aparelho respiratório a mucosa é fortemente irritada provocando espirros e
tosse. A doses débeis aceleram os movimentos respiratórios, as fortes produzem
dispneia.
Localmente irrita a pele, produzindo sensação de queimadura, seguida de frio e
insensibilidade.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Pessoas de carnes frouxas, rosto pálido e frio, lábios secos e com gretas; propensas às
perdas de calor vital.
Crianças e idosos especialmente.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Sujeito com astenia neuro-simpática, parasimpática e iminência de inibição bulbar.


Hipo-vago-simpático. Hipo-suprarrenal.
Há nele melancolia com mania religiosa: o indivíduo vê-se diferente, estúpido, com
grande timidez e com disposição a assustar-se; deixa a cabeça inclinada sobre o peito
durante horas, sem pronunciar palavras. “o silêncio obstinado nos estados mentais é um
excelente sinal de Veratrum album” (Charette).
Neste medicamento apresentam-se diversos delírios:

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Delírio religioso: queixa-se e atormenta-se constantemente sem razão; tem
extravagâncias e escrúpulos de consciência; não fala com os outros, mas fala-se a si
mesmo em voz baixa. (Sulphur – mania religiosa).
Delírio erótico: pronuncia palavras obscenas e lascivas, quer abraçar todo o
mundo. (Hyosciamus niger).
Delírio violento: grande inquietude, desejo de ir e vir, como se não pudesse
descansar em nenhum sítio, entra e sai de casa; geme, grita, desespera-se, uiva, põe-se
furioso, quer morder e rasga tudo, especialmente os seus vestidos. (Hyosciamus niger –
Datura stramonium).
O Delírio loquaz e delírio de grandeza também estão presentes em Veratrum
album. (Actaea racemosa – Lachesis trigonocephallus).
Salta à vista a grande indicação de Veratrum album na alienação.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

indiferente.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Estados de colapso.
2. Frio glacial em todo o corpo com prostração intensa.
3. Suor frio na frente.
4. Cãibras musculares.
5. Abundância de todas as eliminações.
6. Isto é característico do quadro global: estados de colapso com vómitos violentos e
abundantes, diarreia esgotante, cólicas intensas, cãibras nas pernas e no abdómen, suor
frio na frente, esfriamento geral e prostração rápida (pode facilmente identificar-se esta
característica com o quadro da cólera morbus).

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela noite.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo tempo húmido e frio.
DE POSIÇÃO: pelo menor movimento.
FISIOLÓGICAS: antes e durante as regras. Durante a evacuação.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor.


DE POSIÇÃO: pelo repouso. Em posição horizontal.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

FEBRE: calafrios com sede intensa e extremo esfriamento. (Camphora – Secale


cornutum). Suor frio e viscoso, sobretudo na frente.
Febres intermitentes, perniciosas, como extrema sensação que provém da falta de calor,
sede e colapso.
CABEÇA: sensação de ter um pedaço de gelo em cima da cabeça. Suor frio na frente.
Vertigem persistente com suores frios na frente e debilidade intensa. Não pode suster a
cabeça por debilidade dos músculos do pescoço. (Abrotanum – Natrum muriaticum).

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FACE: pálida, violácea, com círculos azulados em redor dos olhos, traços fundos; face
fria com expressão ansiosa (Arsenicum album). Suores frios da face. Rosto hipocrático.
A face pode estar vermelha enquanto se está encostado, mas fica pálida se se
levanta. (Aconitum napellus).
OLHOS: fundos, sem brilho, dirigidos até cima. Tremor e paralisia doas pálpebras
superiores, que estão edematosos.
Pupilas muito dilatadas ou muito contraídas.
DIGESTIVO – BOCA: língua fria e pálida. (Camphora, Cuprum metallicum), também
pode estar escura.
Muita salivação. Secura da língua e o paladar com sede insaciável por pequenas
quantidades de água gelada que é avermelhada, que é arrojada e logo chega ao
estômago (Arsenicum album, Phosphorus).
ESTÔMAGO: fome intensa, desejo de frutas e de ácidos (Phosphoric acidum).
Aversão pelos alimentos quentes. Hipo-intenso (Nux vomica). Vómitos e diarreia
violentos, com náuseas contínuas (Ipecacuana cephaelis), suor frio na frente, grande
esgotamento com necessidade de se encostar. A menor gota de líquidos provoca
vómitos. Vómitos de alimentos, de bílis ou de sangue.
Sensação de queimadura no estômago (Arsenicum album – Phosphorus). Cãibras no
estômago
ABDÓMEN: sensação de frio no abdómen (Colchicum antumale – Tabacum).
Abdómen muito sensível ao tacto. Cólicas cortantes, como facadas. “dor rápida e forte
nos intestinos” e sensação de torção nos intestinos, especialmente a nível do umbigo,
como se eles fossem arrancados. Cãibras abdominais.
EVACUAÇÕES: diarreia muito abundante e frequente, piora pela noite, precedida de
violentas cólicas e cãibras, frente e seguida de grande prostração. (Cólera morbus:
Arsenicum album – Cuprum metallicum). Obstipação tenaz por inactividade do recto
(paresia e ainda paralisia flácida), com fezes volumosas e duras (Opium – Bryonia
alba), ou negras. Suor frio durante o esforço e esgotamento depois. Pode falecer
enquanto está evacuando.
URINÁRIO: fluxo abundante de urina.
GENITAIS FEMININOS: regras adiantadas, abundantes e esgotadas.
Durante as regras: dismenorreia com dores de cabeça, suores frios, e frio glacial;
diarreia, vómitos e esgotamento.
Transtornos mentais como resultado da supressão das regras.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: frio glacial no nariz.
LARINGE: espasmo da laringe. Afonia parética ou asténica: debilidade da voz, como
se não tivesse forças para falar.
Tosse seca, cavernosa, Quintas prolongadas; com arrotos e repercussão dolorosa no
ventre. Tosse espasmódica com intensa secreção laríngea e na bifurcação da traqueia.
Incontinência da urina ao tossir (Causticum).
PULMÕES: sufocação ao menor movimento com sensação de constrição no peito.
CIRCULATÓRIO: palpitações violentas com grande ansiedade e dor pré-cordial.
(Aconitum napellus). Pulso rápido mas irregular, amortecido, débil, até imperceptível.
PESCOÇO E DORSO: debilidade paralítica dos músculos da nuca que já não podem
suportar a cabeça.
Dores como se se rompessem os rins.
EXTREMIDADES SUPERIORES: nevralgia do plexo braquial. Sensação de
paralisia, de frio, de formigueiros no braço, antebraço e mão. Frio glacial nas mãos.
Cãibras e puxões nos dedos.

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MEMBRO INFERIOR: dificuldade para andar: sente-se paralisado primeiro a
articulação coxo-fémural direita e logo a seguir a esquerda ou vice-versa.
Dor de fractura nas pernas.
Sensação de paralisia. Cãibras muito violentas na barriga das pernas e nos pés,. (Nux
vomica – Cuprum metallicum – Magnesia Phosphorica). Frio glacial nos pés.
PELE: azulada, violácea, muito pálida e muito fria. Pele coberta de suores frios
(Tabacum).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1C – 3C – 6C – 12C – 30C.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Cólera morbus. Diarreias coliformes, obstipação paralítica. Gastrite aguda,


gastroenterocolite. Polidipsia. Vómitos de alimentos, vómitos nervosos, vómitos da
gravidez, cólicas hepáticas.
Asma, bronquite capilar, bronquite dos idosos, tosse convulsa, tosse do sarampo, tosse
dos tuberculosos.
Debilidade do coração depois de doenças graves. (pode alternar-se com Strophanthus
Hispidos). Palpitações, pericardite reumática, síncope, colapso.
Cãibras, convulsões. Delírio, mania puerperal ou durante a gravidez. Mania religiosa.
Delírio erótico. Nevralgias cervico-braqueais, occipitais, ciáticas.
Paralisias gerais. Paralisias parciais. Doença dorsal e espasmódica.

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GRUPO D

ARNICA MONTANA

1. SINÒNIMOS: Arnica das montanhas. Arnica dorónica. Dorónica germânica.


Betónica das montanhas. Tabaco dos Alpes. Tabaco dos bosques. Veneno de Leopardo.
Erva dos pregadores.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Arnica montana é uma planta vivaz da família das Compostas. É originária
da Europa central, mas parece que existe em todo o mundo. No México é muito
abundante como planta silvestre.

Princípios activos: a sua principal substância activa é a Arnicina, mas contém além
disso uma resina e um óleo essencial que também são compatíveis com a acção geral do
medicamento.
Preparação homeopática: a tintura prepara-se com toda a planta fresca em plena
floração, conforme a terceira regra. Deve-se ter o cuidado de limpar bem as flores,
porque nelas com frequência encontram-se os ovos da Mosca da Arnicae (mosca da
Arnica) que lhe conferem propriedades irritantes. Para evitar isto, alguns autores
recomendam não empregar as flores, já que, além disso, a maior proporção de Arnicina
se encontra na raiz, existe por isso, como medicamento, a Arnica da raiz, preparada só
com a raiz.
Antecedentes de emprego: de uso popular muito antigo, com as indicações
principais de “grande remédio dos traumatismos que desinflama as partes golpeadas e
resolve rapidamente os hematomas”; igualmente “para curar e evitar as hemorragias
víscerais”, também foi reconhecida a sua acção, e o seu emprego em consequência, para
tratar “febres graves” como a tifóide.
Experimentação homeopática: a experimentação Pura foi feita pelo
Dr. Hahnemann e a sua patogenesia inclui-se na Matéria Médica Pura. Posteriormente
foi publicada no Diário Britânico de Homeopatia volume VI e no Art. Medical, Vol.
XLIV.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

A arnica actua sobre o sangue, o aparelho circulatório, especialmente nos vasos


capilares; sobre o sistema nervoso, em especial a medula; sobre os músculos, o tecido
celular subcutâneo e a pele.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A farmacologia dá-lhe pouca importância a este medicamento e apenas o menciona; na


toxicologia não há nada sobre ela, já que, ainda que se lhe reconhecem efeitos
parecidos aos da Estricnina, ninguém se envenenou com ela. Se alguém ao tomar a
tintura se intoxicou levemente, isso deve-se que se trata de uma tintura preparada
incluindo as flores sem limpá-las, o que produz, como já se disse antes, por larvas ou
ovos da Mosca da Arnica, efeitos irritantes parecidos aos da Cantárida.

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Comprovaram-se os seguintes efeitos fisiopatológicos da Arnica em si:
Produz desorganização do sangue, provocando a separação dos seus elementos e
evitando a coagulação. Sobre a parede dos vasos capilares produz lesões destrutivas que
rompem a continuidade da membrana endotelial, com a qual o plasma e os eritrócitos e
algumas células escapam fora dos seus vasos.
Os dois efeitos, o anticoagulante e o lesionante, explicam as hemorragias que a
Arnica produz. Estas hemorragias produzem equimose quando os vasos não desincham
ao exterior, por não haver ferida dos tegumentos, o qual é uma preciosa indicação de
Arnica. Com frequência usa-se, e com êxito, em hemorragias internas de vasos maiores
que produzem hematomas.
Arnica montana intoxica o músculo provocando dor e rigidez muito semelhante
aos que resultam da acumulação e cristalização do ácido sarcoláctico depois de um
exercício físico excessivo.
Também afecta o sistema nervoso central e simpático, causando paralisias
medulares (A. Richaud) e disritmias medulares e cerebrais pelo que o farmacológico e
médico francês G. Guillain o recomenda, na última edição do manual de terapêutica e
farmacologia de René Hazard, para ele o tratamento dos mioclonias e os estados
Parkinsonianos com doses de 1 a 4 gramas da tintura por dia, em tomas fraccionadas.
No sistema nervoso simpático produz excitação, pelo qual aumenta o impulso
cardíaco, a pressão sanguínea aumenta e há dilatação vascular com pletoras viscerais e
periféricas; isto pode ser outra causa de hemorragias capilares.
Arnica montana reproduz bastante bem o quadro dos traumatismos com
contusões, quer dizer, sem feridas; daí a sua indicação precisa neles aonde, além de
conter a hemorragia interna, promove a reabsorção e eliminação do sangue extravasado,
acelera a reparação das lesões musculares ou viscerais, evita os amolecimentos cerebrais
e medulares e combate as sequelas degenerativas e paralíticas. Também se adapta à
imagem desse “traumatismo atenuado” que é o esforço físico, segundo indica Charette
referindo-se aos músculos

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Sujeito pletórico, muito animado e muito vermelho. Com frequência apresenta


“equimoses” espontâneas em diversas partes do corpo. Os olhos ficam inflamados e
vermelhos.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Trata-se de um sujeito tipo medular e provavelmente em determinadas doses, um hiper-


medular; claramente hiper-simpático-tónico.
Depressão física e moral. Teme ser tocado, atropelado pelas pessoas que andam
à sua volta, não quer que o cerquem, tão pouco deseja que lhe falem. Triste, apático,
tudo lhe é diferente, não por misantropia ou por irresponsabilidade, senão por fadiga.
Sente-se “dorido “ em todo o corpo, como se tivesse sido moído.
Responde correctamente às perguntas que lhe fazem, durante a sonolência das
febres, mas sem dar conta, automaticamente volta logo ao adormecimento ou delírio
(Phosphoricum acid. – Baptisia tinctoria: cai dormindo enquanto contesta ou diz uma
frase).

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6. LATERALIDADE (Sintoma topográfico):

Indiferente.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. todo o corpo está dolorido, como se estivesse cheio de contusões.


2. intensa sensação de cansaço depois de um traumatismo ou de um esforço físico
excessivo.
3. a cama parece-lhe dura.
4. a cara e a cabeça estão quentes, o nariz e o resto do corpo estão frios.
5. equimose ao mais leve contacto.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela tarde e pela noite.


DE POSIÇÃO: pelo repouso na cama e pelo movimento.
SENSORIAIS: pelo menor contacto.
FISIOLÒGICAS: por tomar vinho.

MELHORIAS:

DE POSIÇÃO: estando encostado, mas com a cabeça baixa.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: insónia depois de traumatismo, de esforços prolongados, de excesso de trabalho


intelectual (Nux vomica). Sono agitado até às 2h ou 3h da manhã, não encontrando o
lugar da cama que se sinta bem, toda lhe parece dura.
Desperta bruscamente com angústia e leva a mão ao coração.
Sono estuporoso. Falando deixa-se cair dormindo. (Baptisia tinctoria –
Ashyrranthes calea).
FEBRE: febres estuporadas graves, com a mandíbula inferior pendente e saída
involuntário de materiais fecais e urina. Febres com manchas vermelhas, como vergões,
em todo o corpo.
CABEÇA: cabeça quente, estando o nariz e o resto do corpo frios.
Vertigem crónica, produz-se cada vez que caminha.
Cefaleia como se os tegumentos do crânio estivessem retraídos, piora na parte direita e
pelo movimento.
FACE: vermelha e quente, com o nariz frio. Uma face vermelha e quente e outra pálida
e fria. (Matricaria chamomilla).
OLHOS: vermelhos, inflamação do conjuntivo com equimoses, depois de excessos de
tosse convulsa ou de contusões mecânicas. (“Olho Mouro”). Lacrimejar ardoroso.
Hemorragias rectinianas: as detém e favorece a reabsorção dos coágulos.
DIGESTIVO – BOCA: hálito com odor pútrido.
Língua com saburra seca, rachada, escura. (“Língua de periquito”).
Arrotos com sabor a ovos podres.
Odontalgia traumática.
FARINGE: dor na garganta para falar, com disfonia. Este sintoma é frequente em
cantores e oradores.

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ESTÔMAGO: sede. Arrotos fétidos. Vómitos de alimentos misturados com sangue de
cor negra.
Dispepsia: digestão lenta que ameaça com apoplexia, apresentando-se cefaleia pulsátil e
sonolência.
ABDÓMEN: cólica flatulenta com expulsão de gases irritantes e extremamente fétidos.
Sensação de contusão nos flancos.
EVACUAÇÕES: involuntárias, escuras, muito fétidas, produzindo-se geralmente na
noite, durante o sono ou pela febre (Hyosciamus niger – Conium maculatum – Bryonia
alba). O cheiro fétido de todas as excreções é característico de Arnica montana.
(Baptisia tinctoria – Mercuriais – Lachesis trigonocephallus).
URINÁRIO: urina sanguinolenta por contusões ao rim ou à bexiga, ou melhor, por
cálculos encravados nos trajectos.
Micção involuntária na noite (Enurese).
GENITAIS MASCULINOS: inchaço vermelho-azulado dos órgãos depois de um
traumatismo.
GENITAIS FEMININOS: regras adiantadas, abundantes, sendo o sangue de cor
vermelho brilhante; mas às vezes negro e fétido.
Antes das regras: extrema fadiga, como se o corpo estivesse todo golpeado.
Cabeça quente e pés frios.
Depois das regras e no intervalo inter-menstrual: corrimento de sangue com
sensibilidade dolorosa na região pélvica e sensação de machucamento no útero que
impede que a mulher caminhe erguida. (Bellis perenis).
Varizes da vulva e vagina com sensação de machucamento.
Durante a gravidez os movimentos do feto são muito dolorosos, muito traumatizantes e
despertam a mãe pela noite.
Depois do parto dores e inflamação da vagina e do útero: “tortos” intensos e
prolongados. Hemorragias post-partum. Mastites com gretas nos seios.
Na menopausa: fraqueza generalizada e debilidade extrema com palpitações.
Bochornos com frialdade do corpo quente e corpo frio. Equimose ao mais leve contacto
e ainda espontâneas.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: frio, epistaxe congestiva ou traumática.
LARINGE: paroxismos de tosse seca, espasmódica, especialmente durante o sono
(Hyosciamus niger). A criança grita ou chora antes de tossir, como se temesse ser
lastimado. Tosse com picadas na cabeça. Tosse com sensação de machucamento no
peito.
Rouquidão por fadiga das cordas vocais.
BRÔNQUIOS: expectoração estriada de sangue ou com coágulos escuros e pequenos
que às vezes saem sem tossir. Hemoptise depois de um traumatismo ou de esforços
musculares ou respiratórios violentos.
CIRCULATÓRIO: taquicardia com o coração fatigado. Palpitações depois do
exercício e que desaparecem pelo repouso, quer dizer, não há miocardite nem
descompensação, simplesmente fadiga.
Coração hiper-atrofiado dos atletas (coração forçado).
Angina de peito com sensação de constrição (Cactus grandiflorus). Angina de peito
sobretudo com sensação de machucamento na região prêcordial, acompanhada deste
sintoma raro: dor no cotovelo esquerdo.
Dor retro-external com sensação de constrição ou de machucamento (enfarto do
miocárdio). Neste sofrimento também pode usar-se como anticoagulante, dada em
tintura.

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Eretismo cardíaco com angústia nocturna. Congestões capilares por vasodilatação
(Aconitum napellus).
Lesões nos endotélios dos vasos capilares. Hemorragias capilares viscerais ou
periféricas.
Pressão sanguínea: alta. Hipertensão congestiva (Aconitum napellus – Aurum
metallicum – Atropa belladona – Veratrum viride).
PESCOÇO E DORSO: dores cervicais com sensação de retracção na nuca. Dores no
dorso por estar muito tempo em pé.
Sensação de que a espinha dorsal fosse demasiado débil para suportar o peso do corpo.
Sensação de contusão em toda a coluna.
EXTREMIDADES: dor geral nas extremidades.
Extremo cansaço depois do exercício. Sensação de paralisia. Dores reumatóides nas
articulações.
Veias das mãos distendidas e dolorosas.
Pés quentes ou inflamados, não permite que o cerquem pelo medo de que lhe toquem
nos pés e o lastimem (gota).
PELE: erupções simétricas miliares ou formadas por pequenos furúnculos.
Equimoses provocadas ou espontâneas. Hematomas. Inflamações de cor Azulada muito
escuras, quase negras (Gangrenas).
Dores superficiais, nas partes em que o corpo se apoia.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

(a tintura não é uma dinamização, mas emprega-se muito), 1X – 3X, para os


traumatismos recentes. 3C – 4C, para os traumatismos que já têm de uma semana a 10
dias. 12C, para os traumatismos depois deste tempo. 30C – 200C, nos efeitos distantes
de traumatismos ou hemorragias, quaisquer que eles sejam.
4C – 9C – 12C , nas febres tifóides (estuporosas) e nas hemorragias.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Todo o traumatismo físico demanda Arnica montana, mas a presença de uma ferida
contra indica o uso do medicamento e deverá pensar-se então em Echinacea
angustifolia ou Calendula officinalis, tanto para o uso interno como uso externo.
Especificando: afonia por fadiga, catarro laríngico por abuso da fala, glosites
traumáticas. Conjuntivite depois de um traumatismo, queratite traumática, irite
traumática, desprendimento traumático da retina, oftalmia traumática. Apendicite
traumática. Congestão cerebral traumática alternando com Belladonna. Neurites
traumáticas ou degenerativas. Nevralgias: da face, braquial e ciática. Paralisia
traumática dos músculos oculares. Paralisia dos nervos da cara. Paralisia braquial.
Tétano traumático. Sequelas afastadas dos traumatismos.
Apoplexia cerebral, apoplexia espinal, congestão cerebral nos vasos sanguíneos,
alternando com Baryta carbonica. Hipertensão arterial congestiva, alternando com
Atropa belladona, ou com Baryta carbonica. Epistaxe frequente. Hemoptise por esforço.
Hemorragias traumáticas. Hemiplegia e Paraplexia.
Angina de peito, hipertrofia do coração nos atletas (coração forçado). Palpitações ao
menor esforço.
Pleurite seca. Febre reumática, alternando com Rhus toxicodendron ou Bryonia alba.
Reumatismo crónico, febre tifóide e, em geral, febres estuporosas.

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Fermentação sulfídrica. Cãibras do estômago, diarreias nocturnas, involuntárias e
fétidas.
Antraz ao princípio. Furúnculos, especialmente os de origem diabética. Diátese
purulenta (Estafilo – Estreptocóccias). Alternando às vezes com Arsenicum album.
Erisipela.

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GRUPO D

LACHESIS TRIGONOCEPHALLUS

1. SINÒNIMOS:

Lachesis mutus. Lachesis rombeathus. Surucucu. Trigonocéfalo. Crotalus mutus.


Veneno da serpente.

2. GENERALIDADES:

Origem: é uma serpente que pertence à classe dos répteis. Ordem dos ofídios e à família
dos Botrofídios. Habita nas regiões tropicais da América do Sul, principalmente no
Brasil, nas selvas da zona Amazónica.
Toxina: no veneno desta serpente há uma série de substâncias tóxicas não bem
definidas, mas que provavelmente pertencem à família das globulinas. Três delas, as
que se conhecem melhor, designam-se de acordo com as seus efeitos, como se segue:
Neuro-toxina, Hemorragia e Necrosina; esta última é muito semelhante à que
naturalmente libertam as células lesionadas em todo o processo de inflamatório.
Preparação homeopática: prepara-se o medicamento triturando o veneno,
previamente recolhido num torrão de açúcar que se faz morder pela víbora irritada,
conforme a oitava regra.
Experimentação Pura: este veneno foi experimentado homeopáticamente, pela
primeira vez pelo Dr. Hering, quem principiou uma série numerosa e precisa de
experimentos em 1828. A Patogenesia finalmente obtida está consignada no livro de
Hering com o titulo: “Action of the Snake Poisons” (Acção dos venenos das víboras).
Somente se usa na Medicina Homeopática.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Considerado como “grande policresto”, a sua acção é em todo o organismo,


principalmente através da que exerce no sangue, coração, sistema nervoso central,
particularmente a medula e o bulbo, sistema nervoso parassimpático (pneumogastro ou
vago) e um pouco menos o simpático.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Sendo um medicamento exclusivamente de uso homeopático, não há dele dados sobre a


sua acção farmacológica nem toxicológica; mas os efeitos bem conhecidos das
mordidas da serpente em questão, permitem enunciar, com bastante aproximação, a sua
acção fisiopatológica e ainda anatomofisiológica.
Quatro grandes efeitos dominam o quadro do mordido por esta víbora:
1. A irritação e a depressão sucessivas do sistema nervoso.
2. A congestão arterial e venosa, capilares.
3. A desintegração sanguínea intensa e progressiva.
4. A destruição tecidular.

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Analisando pormenorizadamente estos efeitos, poder-se dizer:
No sistema nervoso central a primeira parte atacada é a medula espinal, depois o
bulbo raquidiano e por último o cérebro. Um dos primeiros nervos principalmente
danificados é o pneumogástrico. O sistema nervoso, simpático, especialmente na sua
porção cardíaca, é o último que sofre.
O duplo mecanismo da congestão arterio-venosa, manifesta-se por marcadas
hiperemias e estases, sobretudo a nível do cérebro, fígado e ovários. No sangue as
alterações são qualitativas, citólises e perdas da função coagulante, pelo que as feridas
sangram abundantemente . em outras ocasiões ou noutros episódios do dano, apresenta-
se, pelo contrário, aumento da coagulação com o conseguinte risco de trombose.
Localmente, no sítio da mordedura a destruição dos tecidos é muito semelhante à
necrose ou à demolição enzimática de carácter maligno, tipo gangrena.
Há mordeduras com efeitos fulminantes, em que o mordido morre numa questão
de minutos. As de acção mais lenta apresentam as seguintes variedades:
A) Inflamação aguda da parte mordida que adquire uma cor vermelha viva e
pronta a ficar vermelha escura ou púrpura; o sangue no sitio ferido fluidifica-se, os
tecidos morrem e apresenta-se febre com grande debilidade. As batidas do coração
aumentam em frequência mas diminuem em força; há suor frio e pegajoso; aparecem
manchas escuras em diversas partes do corpo, como resultado de hemorragias capilares;
o indivíduo debilita-se ainda mais, entra em estado estuporoso e morre.
B) Desde o princípio há fenómenos nervosos: vertigens, manchas escuras diante
dos olhos (escotomas), cegueira, estremecimento em todo o corpo; o rosto fica sem
expressão (amimia), há dispneia, há estertores e morte por paralisia respiratória e
cardíaca.
C) O pneumogástrico é directamente e primeiramente atacado, apresentando-se
dispneia com espasmos, constrição da garganta e disfagia, aceleração do coração e
finalmente a paragem cardíaca.
E duas formas ainda mais lentas:
D) Vertigens, tremor, grande debilidade. A ferida fica negra e fica gangrenosa; o
suor, a urina e as fezes, são fétidas e há diarreia; apresenta-se em estado estuporoso
(tifóidico), o paciente decaí lentamente e morre.
E) À raiz da mordedura sobrevem ansiedade, excitação mental, hiperestesia de
todo o corpo e grande tremor; depois debilidade cerebral e cardíaca, decomposição do
sangue, necrose dos tecidos e gangrena; e finalmente confusão mental, delírio e paralisia
total.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Geralmente indivíduos delgados, mas de rosto inchado. A sua pele plúmbea , terrosa,
com espinhas abundantes . as pálpebras estão tumefactas e a esclerótica de um branco
sujo ou amarelento. O canto das sobrancelhas está caído e avermelhado; também o
extremos da parte dos pavilhões auriculares vêem-se roídos. ,o nariz frequentemente
apresenta muitas vezes vasos vermelhos ou azuis sobre um fundo avermelhado (como
nariz de borracha). Os lábios estão de uma cor muito vermelha púrpura ou bem lilás, e
ainda violáceo e vêem-se como estivessem polidos. Algo muito típico na sua atitude, é
que levam constantemente o pescoço descoberto e as roupas frouxas.

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B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

O sistema nervoso do sujeito de Lachesis trigonocephallus é instável, mostrando esta


instabilidade sobretudo nas funções simpática e parassimpática, com fases de pré
domínio simpático e fase de pré domínio parassimpático (vagal) no bulbo e no cérebro
também há esta alternância, que marca momentos de excitação nervosa e mental e
momentos de depressão. Desta maneira é possível encontrar excitação pela tarde e noite
e depressão pela manhã.
O anterior reflecte-se no psiquismo, apresentando períodos de sobreactividade mental
na fase de excitação, durante os quais há grande loquacidade, verdadeiramente fatigante,
falando às pessoas precipitado, passando rapidamente de um assunto ao outro. Euforia
parecida à que faz aparecer nos dias que precedem à eclosão de uma doença infecciosa.
Durante esses períodos é desconfiado, crê que é o alvo da crítica ou do desprezo dos
outros; está agitado, pronto a enojar-se e mostra orgulho e inveja.
Nos períodos depressivos que seguem o sujeito está melancólico, medroso, temendo
sobretudo a morte, triste e insociável. A sua memória é débil, chega a perder a noção do
tempo e se equivoca sobre os dias e as horas. Tem uma mania religiosa durante a qual
se acusa de ter cometido os actos repreensíveis: “crê que os seus pecados são muitos e
mortais”; chega então às alucinações em que crê que está possuído por potências
superiores ou melhor sente-se morto. Da mania e alucinações pode passar ao delírio,
cochichando em que ele fala outra vez muito, mas lentamente em voz baixa, sussurrante
e sem que se entenda o que se diz.
Está presente uma discrinia típica, já que apresenta insuficiência ovárica (hipo-ovárica),
insuficiência testicular (hipo-testicular), hipersuprarrenalismo e ligeiro hipertireóidismo.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo marcado.


Tão acentuada é esta lateralidade que se considera a este medicamento o mais esquerdo
de toda a Farmacodinâmica Homeopática; e muitas vezes basta, em casos com poucos
sintomas, para decidir a sua indicação.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Intoxicação profunda do organismo.


2. Hiperestesia cutânea: não pode suportar o colo, um cinto ou um vestido apertado. A
pressão é insuportável.
3. Loquacidade exagerada.
4. Alternativas de excitação e depressão.
5. Agravação depois do sono.
6. Tudo melhora pelos corrimentos.
7. Lateralidade esquerda muito marcada.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela manhã ao despertar.


DE SÍTIO E CLIMA: na Primavera. Pelas trocas de tempo ou por altas temperaturas,
frio ou calor extremos. Pela exposição ao sol.
DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado esquerdo.

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FISIOLÓGICAS: depois do sono. Pelas bebidas quentes. Pelas bebidas alcoólicas.
Pelo banho (Sulphur).
SENSORIAIS: pelo contacto. Pela menor pressão, ou constrição.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: ao ar livre, tendo as janelas abertas.


FISIOLÓGICAS: durante as regras. Depois de um corrimento.
Em geral, Lachesis trigonocephallus apresenta agravação por tudo o que o congestione.
Sol, calor, bebidas quentes, sono em decúbito dorsal; e melhoria por tudo o que lhe
descongestiona: todo o tipo de corrimento, especialmente regras ou outras hemorragias.
Frio de extremos.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sono agitado (Rhus toxicodendron). Sonos de mortos, particularmente sonha


com os seres queridos que perdeu. E ainda sonha com a sua própria morte. (Arsenicum
album – vê os seres desaparecidos em volta do seu leito, durante as agravações de
alguma doença ou na agonia). Sono ligeiro com frequentes despertares. Agravação
durante o sono ou depois dele.
Os pesadelos e a agravação depois do sono podem explicar-se porque o sujeito de
Lachesis trigonocephallus (geralmente mulher), é um intoxicado e um congestivo e
durante o sono as eliminações diminuem e a congestão aumenta.
FEBRE: principalmente nocturna, com agitação e angústia. Suores abundantes pela
manhã. Febre intermitente a cada Primavera. Febre tifóidicas.
CABEÇA: vertigens com enfraquecimento, náuseas e vómitos, principalmente pela
manhã, ao despertar (Bryonia alba: ao levantar-se da cama).
Dor de cabeça por exposição ao sol (insolação: Belladonna – Glonoinum – Aconitum
napellus – Veratrum viride – Theridion). Cefaleia pelo calor. Cefaleia com dor de
pressão e de estalidos nas fontes (Chelidonium majus), agravado pelo movimento
(Bryonia alba) pela pressão e ao baixar-se. Dor penetrante na raiz do nariz.
Pensatez e pressão no vértice da cabeça; sensação como se tivesse chumbo no occipital.
Fluxo de sangue que sobe à cabeça depois de um trabalho mental; na mulher com
supressão ou irregularidades das regras e na menopausa; em ambos os sexos depois de
ter ingerido álcool.
Cabeça quente e pés muito frios.
Sensibilidade do couro cabeludo ao tacto.
FACE: aspecto inchado (alcoólicos ou renais). Tez plúmbea com muitas espinhas. Às
vezes de cor púrpura, avermelhamento no princípio das sobrancelhas a qual está como
se estivesse corroída. Os extremos dos pavilhões auriculares também estão como se
estivessem corroídos. Os lábios tumefactos, purpúreos, lilases, violáceos e polidos.
Face frequentemente oleosa pelo calor (menopausa).
Nevralgias faciais, principalmente do lado esquerdo, com dor profunda nos ossos, que
especialmente se estendem do osso zigomático ao ouvido e com sensibilidade esquisita
ao tacto.
Erisipela da face..
OLHOS: pálpebras edematosas e tumefactas. (Mercurius vivus – Sulphur).
Sensação como se os olhos fossem atirados para trás ou como se fossem tirados por
cordas que se juntam à raiz do nariz. (como se estivesse um estrabismo interno
doloroso).

102
Dor pressiva nos olhos quando se examina a garganta.
Manchas negras diante dos olhos. Fotofobia nas manhãs, depois de dormir.
Paralisia dos músculos do olho.
Glaucoma.
OUVIDOS: resecura do condutor auditivo.
Sensibilidade excessiva ao ruído.
Dor de ouvidos e zumbidos com afecções da garganta e obstrução da trompa de
Eustáquio: “O doente perde o tempo a por os dedos nos ouvidos”. (Hepar sulphuris: dor
de garganta e ouvido ao engolir).
Excitando o ouvido produz-se tosse.
Sensação de redobramento de tambores ou de rugidos.
DIGESTIVO – BOCA: mandíbula inferior caída (Lycopodium clavatum – Muriatic
acid. – Opium).
Gengivas amarrotadas, arroxeadas, tumefactas, fungosas, sangrantes.
Odontalgia que se propaga aos ouvidos.
Língua lisa, brilhante, como polida, menos inchada.
Profusão difícil da língua. Paresia da língua com tremor.
(Gelsemium sempervirens); adere-se aos dentes inferiores. Se se desejar abrir a língua,
esta dirige-se para o lado esquerdo.
FARINGE: vermelhão escuro da mucosa faríngea, mucosa púrpura.
Sensação de constrição como se a garganta estivesse apertada, como se a
estrangulassem.
Amigdalite que principia do lado esquerdo, mas que se estende ao direito. (Lycopodium
clavatum principia no direito e estende-se ao esquerdo). Esta amigdalite afecta o
ouvido (Hepar sulphuris).
Deglutição difícil, especialmente de líquidos, que causam dor e sobretudo se são
líquidos quentes. (melhoria pelos líquidos quentes: Arsenicum album – Sabadilla). Os
alimentos sólidos passam melhor. (Ignatia amara). Sensação constante de um corpo
estranho detido na faringe, que não pode ser expulsado ou engolido e que produz
necessidade contínua de engolir. (Ignatia amara – Gelsemium sempervirens).
Paralisia do pálio do paladar. (Ignatia amara – Gelsemium sempervirens – Causticum).
Muitas vezes diftérica.
ESTÔMAGO: todos os alimentos sabem mal. Repugnância pelo pão (Nux vomica).
Desejo de ostras.
Dores de contracção no epigástro com grande sensibilidade ao toque, e que obrigam a
desabotoar os vestidos (Nux vomica).
ABDÓMEN: ventre distendido, duro, doloroso, extremamente sensível ao menor toque,
sobretudo na região do fígado e da vista . (hepatite, colicistite, tiflites, apendicites,
peritonites), não pode suportar o contacto e peso de lençóis e cobertores, se está na
cama; muito menos nada que lhe pressione o ventre ou a cintura.
Dor no fígado e no baço. O fígado está crescido mas brando, jamais duro. (o fígado duro
contra-indica Lachesis trigonocephallus)
RECTO E ANUS: dor lancinante no recto ao tossir ou ao espirrar.
Sensação de pressão no recto, de cima até baixo, como se nada pudesse passar através
dele (Nux Vomica – Lycopodium clavatum). Hemorróidas avermelhadas ou púrpuras,
procedentes, muito volumosas, com batidas no recto e que sangram abundantemente.
EVACUAÇÕES: obstipação tenaz com fezes duras, insuficientes e fétidas. Diarreia
com fezes horrivelmente fétidas, mucosas e sanguinolentas, com pequenos coágulos
como borras de café (melenas). Hemorragias intestinais com coágulos decompostos
fétidos e que têm a aparência de esterco queimado.

103
URINÁRIO: dores com pressão nos rins. (nefrite aguda) sensação de uma canela
rodando na bexiga.
Tenesmo violento na bexiga.
Urina quase negra, café escura espumosa, turva. Hematúria.
GENITAIS MASCULINOS: forte excitação sexual com impotência.
Ulcerações gangrenosas nos genitais. Testículos duros.
GENITAIS FEMININOS: regras regulares mas muito curtas, de um dia demais e no
outro pouco abundantes, sendo o sangue coagulado e escuro e extremamente irritante.
Antes das regras: desejo de ar livre, vertigens e dores na região do ovário esquerdo
(grande medicamento do ovário esquerdo quando as suas dores são aliviadas por
menstruação, e em geral do hipo-ovarismo e da dismenorrreia).
Durante as regras: cãibras que vão da esquerda à direita através do hipogástrico.
Sempre melhora de todos os seus sofrimentos durante as regras.. (Moschus orientalis –
Zinco. Metallicum).
(Actaea racemosa: tudo se agrava durante as regras).
Depois das regras: sente-se muito melhor.
(Pode-se ver que em Lachesis trigonocephallus a melhoria é característica: durante e
depois das regras).
Menopausa com suores muito acentuados e metrorragias.
Sensação de que o colo do útero estive constantemente aberto. Grande excitação sexual.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: coriza com avermelhamento e sensibilidade das fossas
nasais, precedida de dor de cabeça que acaba quando o catarro se apresenta.
Epistaxes abundantes.
LARINGE: rouquidão crónica , com a sensação de ter na garganta algo que não pode
tirar. Toda a laringe está muito sensível ao tacto, não pode suportar em volta do pescoço
nada que o oprima. (Naja tripudians).
Sensação de opressão e sufocação, de estrangulamento (Naja tripudians), estando
encostado e que obriga o doente a sair da cama precipitadamente para uma janela.
Espasmo da glote.
Tosse seca, curta, fatigante, esgotante durante o sono (Hyosciamus niger). (Matricaria
chamomilla: tosse nocturna que não desperta o doente), tosse que provoca dor no anus
ou nas hemorróidas (Kali carbonicum). Tosse reflexa de uma afecção cardíaca, com
sensação de estrangulamento.
Expectoração mucosa e sanguinolenta, de sabor desagradável e fétida.
PULMÕES: dificuldade respiratória desde que ponha qualquer coisa diante da boca
(um pano, o auscultador do telefone).
Sufocação brusca no momento que dorme ou depois de ter dormido (Grindelia). O
paciente despreza quando tem diante dele e pede que o abaniquem, mas lentamente e à
distância. Rapidamente: Carbo vegetallis). Desejo de fazer frequentes inspirações
profundas: “Lachesis trigonocephallus é o medicamento dos suspiros”. (Charette).
CIRCULATÓRIO: Lachesis trigonocephallus é um dos grandes medicamentos
circulatórios, ao lado de Naja tripudians, Aconitum napellus, Spigelia anthelmia,
Strophanthus hyspidus, Iberis amara, Lycopus virgínica, Laurocerasus, Grindella, etc.
Palpitações com ansiedade e sensação de constrição na região do coração. Pulso débil,
indeterminado, irregular, filiforme.
Batidas arteriais com sensação de peso nos occipitais, sensação de que o coração
estivesse suspenso de um hilo (Kali carbonicum). Sensação de constrição ou de uma
barra que comprime o coração, com adormecimento do braço esquerdo (Aconitum
napellus). (angina de peito). Sente como que o coração fosse demasiado grande para a
cavidade que ocupa. Hipertrofia cardíaca. Sofrimento por debilidade cardíaca

104
(Hydrocianic acid – Laurocerasus), sobretudo na menopausa com ondas de calor e
suores abundantes. (Amilenum nitrosum – Glonoinum).
Estases viscerais que dão lugar a exudações serosas (edemas), por astenia e depressão
dos centros vaso-motores, ou extravases sanguíneas (Arnica montana) nas vísceras,
meninges, pele, mucosas, (equimoses, varicosidades, vivíces, púrpuras).
Hemorragias frequentes e diversas, sendo o sangue negro, decomposto (Secale
cornutum – Kreosotum). “o sangue contém pequenos fragmentos coagulados que têm o
aspecto de pequenas ripas de palha carbonizada”, disse Charette, “como esterco a meio
a queimar e assinalamos antes”
PESCOÇO E DORSO: intolerância para tudo o que se ponha à volta do pescoço.
Ardor na coluna. Dor profunda na região lombar, como deslocação. Dor na coxa
(Allium sativum) e sacro que piora ao levantar-se depois de estar sentado. (Rhus
toxicodendron).
EXTREMIDADES - MEMBRO SUPERIOR: debilidade dos braços com tremor.
Tremor das mãos. Paralisia das mãos. Mãos frias, adormecidas, como mortas.
inflamação flegmonosa situada perto das unhas.
MEMBRO INFERIOR: debilidade das pernas. Dor nocturna nos músculos e nas
rótulas. Cãibras na barriga das pernas. Frio glacial nos pés com adormecimento e
pesadez. Inchaço vermelho-azulado, doloroso; gangrena iminente.
PELE: muito sensível, não suporta o menor contacto nem a mais leve pressão, pele
avermelhada. Tendências às equimoses. Equimoses espontâneas (Arnica montana).
Púrpura hemorrágica. As mais pequenas feridas sangram abundantemente (Kreosotum –
Crotalus horridus – Phosphorus).
Abcessos, furúnculos, antrax, úlceras, úlceras varicosas que sangram muito, com bordas
quase negras (Tártaro emético – Arsenicum album); pústulas malignas.
Escamas escuras muito dolorosas.
Tumores cancerosos com ulcerações de bordas azuladas e negras que sangram
abundantemente, ardem e doem muito. (Arsenicum album).
Gangrena. Tendência à malignização em todas as afecções da pele.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

1C – 6C – 24X – 30C – 60C – 200C – 6LM.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Abcesso hepático, cólicas hepáticas, congestão hepática, fígado grande mas brando.
Hipertrofia do fígado nos alcoólicos. Icterícia.
Obstipação, diarreia, disfagia paralítica, dispepsia com gastralgia. Febre tifóide.
Gangrena da boca, gengivite, glosites e espasmos da glote. Peritonite, tifítes.
Abcesso do pulmão, afonia histérica. (angina que irradia da esquerda para a direita).
laringite, pneumonia tifóidica.
Aneurisma da aorta, afecções valvulares do coração (excelente medicamento). Angina
de peito aortite. Arterite em geral. Hemorragias diversas. Palpitações com dispneia.
Flebites. Hipertensão. Hemofilia. Púrpura hemorrágica. Úlceras varicosas de mau
carácter.
Histeria, menopausa (grande medicamento), oleadas de calor na menopausa. Metrite
aguda. Metrite puerperal. Metrorragia. Ovarite, sobretudo esquerda. Ovaralgia.
Adinamia, coreia. Delirium tremens. Encefalite, epilepsia. Hemorragias meníngeas e
raquidianas. Mielites. Nevralgia facial, sobretudo esquerda. Nevrite crónica. Paralisias

105
diversas. Sonolência; estado letárgico estuporoso. Tétanos traumáticos, alternando com
Arnica montana. Trismos.
Conjuntivite. Glaucoma. Retinite albuminúrica.
Otite. Surdez nervosa.
Cancro. (medicamento prometedor). Diáteses purulenta. Difteria. Escarlatina erisipela,
forma grave e maligna. Fístulas antigas. Gangrenas (grande medicamento em
alternância com Arsenicum album) insolação. Linfagites panadizos. Sífilis (cancro
gangrenoso. Varíola hemorrágica).
Bócio exoftálmico.
Alcoolismo. Em relação com a “agravação por bebidas alcoólicas”.

106
GRUPO D

MERCURIUS VIVUS

1. SINÒNIMOS:

Mercúrio vivo. Mercúrio metálico. Azogue. Prata viva. Hg.

2. GENERALIDADES:

Origem: o mercúrio vivo é um corpo simples da família dos Metais. É o único metal que
é líquido à temperatura ordinária.
Na natureza só por rareza se encontra em estado nativo. Mas em troca é relativamente
abundante na forma de Sulfuro vermelho de mercúrio ou Cinábrio. As minas aonde é
predominante, encontram-se em diversas parte do mundo, há nos estados de Sonora,
Chihuahua, Durango, Zacatecas, Nuevo León, San Luís Potosi, Nayarit, Jalisco,
Guanajuato e Hidalgo.
Preparação homeopática: prepara-se por trituração conforme a sétima regra.
Antecedentes de emprego: sabe-se que foram os árabes os primeiros que usaram
mercúrio para fins médicos e que o aplicavam externamente para a lepra. Internamente
usou-se muito contra a sífilis durante o século XV, atribuindo-se a J. Widman, quem
escreveu um livro sobre a sífilis em 1497. A introdução deste metal como anti-luético,
actualmente já não se emprega com esta indicação, mas ainda é útil como antiséptico e
antiflogístico em alguns casos. É na Medicina Homeopática aonde tem preciosas
indicações, em união de grande parte dos seus óxidos e sais que constituem o grande
grupo medicamentoso dos mercuriais.
Experimentação pura: foi experimentado homeopáticamente, pela primeira vez,
pelo Dr. Hahnemann, a partir do óxido negro de mercúrio ou mercúrio solúvel e a sua
Patogenesia consta na Matéria Médica Pura.
Existem também outras Patogenesias na enciclopédia de Allen, na Farmacodinâmica de
Hughes e nas observações práticas de Hartmann.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O mercúrio actua sobre todos os tecidos, mas de maneira especial sobre o sistema
linfático, o sangue, as mucosas, as glândulas, a pele, o sistema nervoso, o periósteo, os
ossos largos, o rim, o fígado e os intestinos. Dão-se estas localizações numa ordem
aproximada de importância.
Cabe dizer que o Mercúrio é talvez, o medicamento mais especificamente activo sobre o
sistema linfático, ao lado do iodo, das Barytas e das Calcareas.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O Mercurius vivus ou metálico é o menos tóxico de todos os mercuriais, não alcançando


a toxicidade dos seus sais, das quais o sublimado corrosivo ou bicloreto de mercúrio
(Mercurius cyanathus) e o protocloreto de mercúrio ou calomelanos (Mercurius dulcis),
são extremamente tóxicos. No entanto, o Mercurius vivus absorvido em forma de
vapores chega a causar sérias intoxicações.

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Pelas mucosas digestivas: boca, estômago, intestinos, não se absorve se estas
estão irritadas ou com alguma solução de continuidade (ferida ou ulceração); mas pode-
se transformar nelas a partir do estômago, em duplo cloreto, em bicloreto ou em
albuminato ou cloro albuminato e então dá lugar a grandes envenenamentos.
Absorvido em forma de vapores ou ingerido e transformado, elimina-se pela
saliva, pela urina, pelos suores, pelas fezes e pelo leite, produzindo o seguinte quadro
geral chamado “Mercurialismo ou Hidrargirismo agudo”, do qual naturalmente há
variantes, segundo seja o composto variável:
Desagradável sabor metálico, estomatite com ulcerações das gengivas e afrouxamento
dos dentes, hipersecreção salivar e hálito fétido. Sensação de queimadura na boca,
esófago e estômago com violenta irritação gastrointestinal, que se traduz em vómitos
mucosos e sanguinolentos, evacuações líquidas com muito muco, rasgos de sangue ou
muita quantidade dele e excessivo tenesmo com ulceração da mucosa intestinal.
Em seguida pulso débil, respiração lenta, dores renais, urinas carregadas de
albuminúria e contendo sangue e cilindros epiteliais ou salinos.
Denotando tudo isto a nefrite ou nefrose e a destruição parenquimatosa do rim.
Pouco depois vem a diminuição das urinas (oligúria) e finalmente a anúria. Este
síndrome de intoxicação aguda pode resumir-se dizendo:
“O Mercúrio causa estomatite, gastrite, colite desinteriforme, disúria, oligúria e
anúria”.
A necropsia revelou os rins brancos e com aumento de volume, às vezes
enormes e com depósitos calcáricos nos túbulos direitos e nos contornados. O fígado
aumenta de volume e em vias de degeneração gordurosa e no intestino grosso a mucosa
congestionada com ulcerações das paredes limpas, regulares ou irregulares, separadas
umas das outras confluentes; um aspecto anatomo-fisiológico muito parecido ao da
desinteria.
Aplicados localmente os derivados mercuriais irritam a pele, produzindo
erupções eczematosas e exercem acção cáustica (sublimado ou biduro) com verdadeiras
lesões destrutivas, tipo úlceras.
O intoxicado com Mercurius pode morrer por diversas causas: por edema agudo
da glote (acção local cáustica), que o asfixia; por desidratação durante a diarreia e pelos
vómitos (crianças ou idosos); pela intoxicação urémica que segue anúria ou por
paralisia cardíaca; e naturalmente, a causa de morte depende que esta ocorra em
minutos, em horas ou em dias.
No Mercurialismo crónico apresentado que manejam esta substância: mineiros
das minas de mercúrio, metalúrgicas, refinadoras de metais, ensaiadores, joalheiros,
fabricantes de espelhos, pintores e fabricantes de pinturas, etc. ou por doentes tratados
muito tempo com Mercuriais:
Óxido branco de mercúrio, de preferência usado nas doenças da pele; calomel em
afecções intestinais, cianato de mercúrio no tratamento antigo da sífilis; traduz-se em
estomatite que acaba que acaba por tirar os dentes, transtornos nutritivos com anorexia,
dispepsia, diarreia intermitente ou contínua; anemia, enfraquecimento que pode chegar
até à caquexia, diversas erupções, e com ou sem albuminúria; transtornos nervosos que
podem ser: tremor nas mãos, dos lábios e na língua de forma ligeira; nas formas graves
este tremor apanha as extremidades inferiores e nas muito graves generaliza-se em
forma de grandes convulsões tónicas, contracções e cãibras; diversas paralisias por
degeneração dos troncos nervosos, mais que lesão dos centros, anestesias e
hiperestesias; gaguez e depressão intelectual. Em algumas formas antigas e profundas
chega-se a ver a necrose óssea.

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5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Se se quer ter um ideal do tipo anatómico do Mercurius vivus, tem que se pensar num
sujeito linfático que, antigamente chamado “escrofuloso”, descrevia-se dizendo: sujeito
com adenite ganglionar parcial ou generalizada: com o rosto edematoso e inchado,
sobretudo em volta dos olhos, com as pálpebras tumefactas e vermelhas (Sulphur), os
lábios secos, com gretas, às vezes ulcerados nas comissuras; a pele pálida e frouxa, os
músculos brandos, dando uma impressão geral de algo “fofo”, gelatinoso (Graphites). A
cabeça geralmente grande, quase hidrocefálica, encontra-se às vezes coberta de suores
fétidos; as mãos estão húmidas e o corpo frequentemente suado. A estatura é mais bem
baixa. Como exemplo: o famoso actor de cinema, já desaparecido, Charles Laugthon, é
um bom “tipo Mercurius”.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

O de Mercurius é um sujeito com transtornos neuro-tróficos. Às vezes há nele


predomínio do vago e outras do simpático e uma acentuada discrasia humoral em
relação com disfunções glandulares, entre as quais é fácil reconhecer a presença de
hipotireoidismo por: escassa estatura, face edematosa próxima ao mixedema, tendência
à adiposidade, má dentição, pré disposição às amigdalites, carácter apático e mente
débil; de maneira igual se pode reconhecer hipopituitarismo: tendência à obesidade,
hiperplasia do tecido linfático, face pueril ou inexpressiva. Dentição mal constituída,
aparelho genital masculino hipo-trófico e pelo mesmo hipo-genitalismo no Verão.
Psiquicamente é de carácter desconfiado, arisco, malicioso, brigão, apático. Há
frequentemente desalento e abatimento que chega até à perda da vontade e o desgosto
da vida. A memória é débil com instabilidade das ideias que não se fixam e são
constantemente substituídas umas por outras. Distracção: não pode fixar a atenção nem
se concentra. Chega às vezes à idiotice (imbecilidade). (Gelsemium sempervirens).
Tem medo de perder a razão (Calcarea carbonica - Actaea racemosa) ou que
ocorra uma desgraça próxima (Calcarea carbonica – Anacardium – Psorinum), quer sair
de casa por temer ficar sozinho (Gelsemium sempervirens – Arsenicum album –
Hyosciamus niger – Lycopodium clavatum – Phosphorus).

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. salivação exagerada e hálito fétido.


2. Sabor metálico.
3. Língua que conserva a impressão dos dentes.
4. Suores profusos e fétidos que não aliviam.
5. Hipertrofias ganglionares com tendência à supuração.
6. Tendência às hemorragias.
7. Fetidez e aumento de todas as secreções.
8. Dores nos ossos longos.

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8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela noite.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo tempo húmido ou chuvoso. Quando os dias são quentes e
as noites húmidas e frias. Em Outono.
Numa habitação quente (Atropa belladona – Pulsatilla nigricans).
Pelo calor do quarto (Sulphur). É o medicamento que tem esta agravação mais
acentuada.
DE POSIÇÃO: encostado sobre o lado direito.
FISIOLÓGICAS: pela transpiração.

MELHORIAS:

DE POSIÇÃO: pelo repouso.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sempre sonolento. Suores ao conciliar o sono.


Delírio nocturno cochichante (Stramonium datura – Veratrum album).
FEBRE: febre com suores abundantes, ardentes, fétidos, viscosos, que mancham de
amarelo as roupas; apresentando-se de preferência nas febres nocturnas e que agravam
em vez de aliviar.
CABEÇA: cefaleia aguda, como se a cabeça estivesse apertada por um cinto. Cefaleia
como consequência das supressões bruscas da transpiração dos pés. Alternância de
transpiração dos pés e cefaleia.
Couro cabeludo, sensível, com crostas que cobrem lesões ressumantes e pruriginosas
em vez de ardentes (Graphites).
FACE: rosto inchado, edematoso, com a pele pálida e frouxa.
Erupções vesiculosas ao redor da barba.
Contracções dos maxilares . (Nux vomica).
OLHOS: pálpebras edematosas, vermelhos, inflamados e aglutinados (Sulphur) por
uma secreção purulenta, de cor amarela, abundante, corrosiva, que às vezes escorre.
Pequenas ulcerações nas pálpebras. Conjuntivas vermelhas, lágrima abundante com
prurido e ardor. Oftalmia purulenta (grande medicamento).
Queratite parenquimatosa de origem sifílica, com dor ardente. Irite com pus na câmara
anterior do olho.
Sensibilidade para a luz brilhante.
OUVIDOS: corrimento espesso, amarelo-verdoso, fétido, sanguinolento, escoriante
acompanhado de dor ardosa, dilacerante.
Furúnculo do conduto auditivo externo.
DIGESTIVO – BOCA: a boca é um dos órgãos mais atacados pelo Mercurius,
qualquer que seja a variedade dele; daí que apresente numerosos e interessantes sinais e
sintomas:
Lábios com ulcerações nas comissuras.
Hálito com horrível fetidez que se espalha por toda a casa.
Gengivas inchadas, tumefactas, esponjosas, fungosas; às vezes retraídas, que supuram
facilmente e sangram com o menor contacto. (gengivite – Mercurial). Dentes móveis
nos alvéolos, dando a sensação de serem muito longos. Queda dos dentes. Dentes em
mau estado com as coroas cariadas e as raízes intactas. (em reverso: Mezereum).
Odontalgia aguda e pulsátil que melhora esfregando a face.

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Gosto metálico. Salivação intensa com sede intensa (Sialorreia). Sendo a saliva viscosa,
ensaboada, filante, fétida e ainda sanguinolenta, que escorre da boca até empapar a
almofada durante a noite.
Língua inflamada, larga, branca, frouxa, muito húmida, amarelada e que conserva a
marca nas suas bordas. (Arsenicum album – Chelidonium majus – Podophyllum
peltatum). Ulcerações de forma irregular na língua, as gengivas e a parte interna das
faces.
Ulcerações aftosas.
Inflamação das glândulas parótidas.
FARINGE: sensibilidade da garganta à menor mudança de temperatura.
Amígdalas inflamadas, vermelho-azuladas, que ameaçam supurar. (Hepar sulphuris –
Lachesis trigonocephallus) com dor ao engolir (Atropa belladona – Hepar sulphuris),
mas, apesar disso, necessidade de engolir a saliva que é muito abundante. amígdalas de
aspecto gangrenoso. Falsas membranas grossas e aderentes nas amígdalas e nos pilares
das goelas. (Amigdalite estreptocóccica. Amigdalite diftérica) (Mercurius Cyanathus).
Úvula edematosa, inflamada, pendente , alargada. (Apis mellifica: com dor de picada).
ESTÔMAGO: regurgitação de líquidos rançosos (acidez). Ardor no epigástro oco
(Arsenicum album – Phosphorus – Capsicum anum).
Digestões lentas.
ABDÓMEN: duro, distendido.
Aumento do fígado de tamanho, duro e doloroso ao toque.
Dor hepática espontânea, aguda, que não deixa respirar e que se agrava encostando-se
sobre o lado direito. (Lycopodium clavatum). (melhora encostando-se sobre o fígado:
Bryonia alba).
Inflamação das vias biliares, com secreção insuficiente de bílis. (icterícias). Cálculos
biliares.
Ulcerações de diversas origens e ainda gangrena no intestino grosso.
EVACUAÇÕES: necessidade frequente, urgente, súbita imperiosa (Sulphur), de
evacuar, sendo as evacuações aquosas, verdosas (Ipecacuana cephaelis – Argentum
nitricum), às vezes sanguinolentas com tenesmo violento (pus), antes e depois da
evacuação, dando a sensação de não terminar nunca. (Nux vomica, na sua atonia
característica). (diarreias verdes das crianças: Argentum nitricum – Matricaria
chamomilla – Magnesia carbonica). (desinteria: amibiana e bacteriana). (bolsas de
muco: “cascalho” com estrias de sangue, quase sem fezes: Mercurius sublimathus
corrosivus). Entre mais muco, sangue, dor e tenesmo, estará mais indicado o Mercurius
vivus e, em geral, os mercuriais.
URINÁRIO: urina escassa apresar dos desejos frequentes de urinar.
Ardor na uretra ao princípio de urinar. Tenesmo vesical.
Urina escura, às vezes vermelha, sempre turva, porque contém muita albuminúria e em
certas ocasiões pus e sangue. A urina cheira a urina de rato.
O rim lesionado por Mercurius dará esses sintomas que estão indicando uma nefrose.
GENITAIS MASCULINOS: pénis pequeno, frio, frouxo.
Inflamação, com edema, do prepúcio (fimose: Apis mellifica). Vesícula no prepúcio e
na glande. Úlceras entre o prepúcio e a glande, largas, sangrantes e com pus fétido.
Cancro brando.
Corrimento uretral espesso, amarelo-verdoso e fétido (gonorreia).
GENITAIS FEMININOS: regras muito abundantes e dolorosas, cólica menstrual
acentuada, sendo o sangue negro, com coágulos e fétido. (Lachesis trigonocephallus).
Antes das regras: ondas de calor, leucorreia, e prurido vulvar. Durante as regras: hálito
fétido, diarreia viscosa com tenesmo e grande excitação.

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Fluxo vaginal verdoso, às vezes sanguinolento, escoriante e que provoca prurido,
agravado pelos passos da urina.
Úlceras no colo uterino em diversos graus.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: escoriações e ulcerações nas fossas nasais.
Coriza aguda com corrimento muito espesso, acre e irritante, semelhante ao pus, de cor
amarelo-verdoso e odor a queijo e sal. (Hepar sulphuris).
Crostas nas fossas nasais. coriza com dor nos osso do nariz que podem apresentar cáries
e ulcerações verdosas e fétidas.
Epistaxe nocturna durante o sono.
LARINGE: tosse seca, rouca, breve mas espasmódica e fatigante pela noite e frouxa,
grossa, com expectoração muco-purulenta, amarelo-verdosa e salgada, durante o dia.
PULMÕES: hemoptise abundante persistente.
Dor aguda como uma apunhalada, do peito à coluna e principalmente na base do
pulmão direito (Chelidonium majus – Kali bichromicum).
Supuração pulmonar, abcesso pulmonar. Enfisema pulmonar.
CIRCULATÓRIO: hemorragias por alteração da constituição do sangue (discrasia
sanguínea). Essas hemorragias podem apresentar-se por qualquer parte (Crotalus
horridus).
LINFÁTICO: “Mercúrio é ao sistema linfático o que Aconitum é ao sistema arterial”
disse Cartier, referindo-se à grande electividade para estes sistemas por parte destes
medicamentos.
Em efeito, Mercurius apresenta hipertrofia ganglionar parcial ou generalizada
(antigamente chamada “escrofulose”), sobretudo marcada na região inguinal.
Adenite ganglionar inguinal com enrruguecimento circunscrito e tendência para a
supuração (Hepar sulphuris – Calcarea Sulphuric – Sillicea ) adenite ganglionar cada
vez que o doente sofre constipações. Adenopatia no tempo chuvoso (Dulcamara).
COLUNA: hipersensibilidade da metade superior da coluna vertebral.
Dor aguda na região sacra que piora ao respirar e pela pressão sobre o ventre.
MEMBROS SUPERIORES: dores profundas nos braços e nos ombros.
Rigidez dos pulsos. Tremor das mãos tão forte que o doente não pode escrever
(Gelsemium sempervirens).
Mãos húmidas, suadas, viscosas. Mãos e dedos com gretas profundas e sangrantes
(Petroleum).
MEMBROS INFERIORES: dores agudas, lancinantes, na articulação coxo-fémural,
nos músculos e nas rótulas, com sensação de frio, agravados durante a noite e pelo
movimento.
Dor ardente na tíbia.
Edema das pernas e dos pés.
ÓSSEO: inflamação do periósteo, infecção dos ossos, sobretudo do nariz. Dores
osteomas nocturnos (Sífilis). (Manganum –Lycopodium clavatum – Phytolacca). Dor
ardente nas tíbias, exostose dolorosa.
PELE: suores abundantes, viscosos, mal oleosas, que não aliviam.
Erupções vesiculosas e postulosas que facilmente se ulceram.
Úlceras com bordas duras redondas ou irregulares, ardosas e contendo pus corrosivo.
Eritemas diversos. Eczema sobretudo do pavilhão auricular. (Graphites). Erisipela,
furúnculos, Antrax, inflamação flegmonosa situada perto das unhas, inflamações,
gangrena.

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10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3C – 6C – 12C – 30C – 200C. M.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Abcessos diversos. Adenopatias ganglionares (linfagismo). Eczema do ouvido externo.


Eczema em qualquer parte, eritema crónica (eritema bronzeado). Erisipela, impetigo,
líquen plano. Prurigo de Hebra. Herpes e Herpes zona, psoríase. Sífilis, sobretudo
secundária (actualmente pode ser coadjuvante da penicilina). Suores abundantes fétidos.
Úlceras diversas e úlceras varicosas.
Blefarite ciliar de origem sifilítica, conjuntivite catarral. Queratite intersticial, sifilítica
ou linfática. Oftalmia purulenta, oftalmia catarral ou linfangítica.
Otalgia. Otite média catarral crónica. Otite externa. Aftas. Glosite, gengivite, estomatite,
úlcera da boca. Edema da úvula. Amigdalite catarral, amigdalite flegmonosa, amigdalite
sifilítica e escarlatinosa. Difteria grave (Mercurius cyanathus, sobretudo, ao mesmo
tempo que a aplicação do soro).
Diarreia nocturna dolorosa, diarreias verdes infantis, diarreia verdes acompanhadas de
Muguet. Desinteria. Hemorróidas. Abcessos apendiculares (como coadjuvante).
Abcesso hepático, hepatite viral ou tóxica, cirrose hepática, icterícia, forma grave. Febre
tifóide.
Coriza aguda e crónica. Laringite muito dolorosa. Tosse catarral. Abcesso pulmonar.
Enfisema.
Hemorragias diversas. Anemias discrásicas, anemias aplásticas. varizes, flebites.
Hematúria. Cistite crónica. Nefrites, nefroses. Albuminúria, balonites, blenorragia
(como coadjuvante). Ulcerações da glande e pénis. Cancro brando. Leucorreia. Prurido
vulvar, dismenorreia. Úlceras das cervicais.

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GRUPO D

RHUS TOXICODENDRON

1. SINÒNIMOS:

Sumagre venenoso. Carvalho venenoso. Erva venenosa. Erva trifoliada. Mala de


mulher. Guao. Bemberecua. Tetlatia (em mexicano).

2. GENERALIDADES:

Origem: o Rhus toxicodendron é um arbusto da família das terebintháceas, originário da


América do Norte, havendo no México nos estados de Guerrero, Michoacán e Oaxaca
nas suas regiões de bosques tropicais. Também existe, ainda que menos desenvolvido,
nos sítios húmidos dos países europeus mediterrâneos.
Princípios activos: a planta contém um suco amarelo escuro, de forte odor
nauseabundo, que é cáustico e produz na pele pequenas vesículas cheias de serosidades;
nele determinaram-se as seguintes substâncias activas: ácido tânico, ácido
toxicodéndrico, óleos voláteis e uma resina. Diz-se também que contém alguns
catecóis.
Preparação homeopática: o extracto prepara-se com as folhas verdes recolhidas
em Maio e pela Segunda regra.
Existe também a variedade “Radicans”, preparada com a raiz, mas que, como o
Aconitum radicans , quase não se emprega pela sua toxicidade (1).
Antecedentes de emprego: antigamente o sumagre venenoso foi muito empregado
contra herpes e certas formas de paralisia. No México, nos estados do Sul, foi utilizado
pelos “bruxos” e herbários para curar o reumatismo, o “fervor do sangue” (urticária) e
também debaixo do nome de “Bamberecua” para produzir “malefícios”, estados de
intoxicação com agitação, delírios e sintomas alérgicos.
Experimentação pura: a experimentação pura foi feita pelo Dr. Hahnemann e a sua
primeira patogenesia consignada na Matéria Médica Pura. Também foi publicada na
“Farmacodinâmica de Hughes” e na Revista Homeopática Americana.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Actua sobre a pele, o tecido fibroso (aponevroses, tendões musculares, ligamentos


articulares), sobre o tecido conjuntivo e as cápsulas sinoviais. Igualmente tem acção
sobre o sangue, o aparelho circulatório, o aparelho digestivo, o sistema nervosos central
e o sistema nervoso simpático.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Localmente aplicado esfregando, por exemplo, uma folha da planta sobre a pele, a irrita,
a enrijece e imediatamente este vermelhão estende-se a lugares distantes da comichão,
em grandes superfícies, verdadeiras placas nas quais apresentam sensação de calor e
ainda de queimadura. Pouco depois essas superfícies inflamam-se e cobrem-se de
pequenas vesículas acompanhadas de prurido intolerável. Induvidavelmente está-se

114
perante uma reacção alérgica que dá a imagem clara do edema angioneurótico, mas que
vai mais além, lesionando a pele em forma parecida com o que faz a erisipela ou o
herpes.
Esta acção apresenta-se também, à distância, nas pessoas que, sem saber o risco, se
recolhem à sombra do arbusto; o qual é devido à natureza volátil do princípio activo; os
efeitos à distância são frequentemente observados sobretudo nos olhos, com produção
de conjuntivite acompanhada de intolerável prurido e ardor.
Se se ingere, o Rhus produz avermelhecimento da língua e da garganta seguido de
tumefacção, grande secura e ardor, às vezes desepitalização; pouco depois náuseas,
vómitos, tosse sufocante, cólicas, diarreias com tenesmo, podendo ser sanguinolenta, ter
vertigens e estupefacção. Apresenta também retenção de urina e às vezes, pelo
contrário, diurese, sendo as urinas frequentemente hemorrágicas.
O sistema nervoso central é gravemente afectado com uma primeira fase irritativa
que causa uma extrema inquietude, e uma segunda fase depressiva caracterizada, na
motriz, por paresias e no psíquico por estupor. Pode haver simultaneamente depressão
psíquica e excitação motora, o que produz o tão conhecido estado de “agitação com
estupor” típico deste medicamento.
Uma acção irritante e excitadora sobre o simpático determina, entre outros efeitos,
um verdadeiro estado de eretismo vascular e cardíaco.
No tecido fibroso causa irritação, inflamação e ainda degeneração, com dores
agudas. Nesta forma afecta por igual os quadris articulares, os ligamentos articulares, os
tendões e as aponevroses. As membranas sinoviais são também afectadas, mas em
menor proporção.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

O tipo anatómico de Rhus não está claramente definido, mas pode dizer-se que trata de
pessoas com pré disposição reumática que, inclusive, podem apresentar deformações
articulares precoces. Igualmente há nelas propensão às desarticulações, aos entorses,
como se adoecessem por causa do sistema ligamentar estar debilitado.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Há um hipo funcionamento nervoso central, mas uma clara simpático-tonia.


(1): outras variedades que se empregam , com sintomatologia similar, ainda que em
menor extensão são: Rhus glabra, Rhus venenata, Rhus diversiloba e Rhus aromática.
Provavelmente existe uma função baixa da tireóide, um hipotireoidismo que produz a
diminuição ou a irregularidade dos metabolismos. Tratam-se de indivíduos com muita
inquietude e ansiedade: grande agitação que os obriga a trocar constantemente de
postura (Arsenicum album). Não podem descansar em sua cama porque o repouso os
agrava e porque sentem apreensão pela noite.
Desejam caminhar ao ar livre.
Confusão das ideias; memória débil, dúvida das palavras ao escrever (Nux vomica).
Delírio tranquilo, cochichando. Delírio de perseguição.
Tristeza: chora sem saber porquê (Pulsatilla nigricans).
Estado de estupor. Frequente coexistência de agitação motora e estupor.

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6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Dores agravadas pelo repouso e melhoradas pelo movimento. (o contrário: Bryonia


alba).
2. Grande inquietude, constante agitação. Sonolência com inquietude.
3. Diátese reumática.
4. Tendência para as luxações e entorses.
5. Extrema sensibilidade para a humidade e ao ar frio.
6. Erupções em placa ou vesiculosas, ardorosas e puriginosas.
7. Língua com um triângulo vermelho na ponta.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: antes da meia noite.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo tempo húmido, chuvoso e frio.
DE POSIÇÃO: pelo repouso e estando encostado sobre o lado doloroso.
FISIOLÓGICAS: molhando-se ou por um longo contacto com a humidade. Pela
ingestão ou inalação de proteínas heterólogas. (Alergenos).

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: no tempo quente e seco.


DE POSIÇÃO: pelo movimento.
FISIOLÓGICAS: pela fricção, pela massagem e pelas aplicações quentes.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: insónia antes da meia noite. Sono perturbado porque sonha com grandes
exercícios físicos. Muito provavelmente estes sonhos obedecem à impossibilidade
motora existente como consequência de paresias, paralisias ou artritismo.
Sono agitado, inquieto, na observação, levanta-se cansado.
Sono estuporoso, mas agitado.
FEBRE: calafrios que começam por uma perna com sensação de que a tivesses metido
na água fria (Dulcamara). Calafrios com tosse seca e agitação.
Febres tifóidicas, septicémicas, com inquietude apesar de estupor. O doente semi-
inchado move-se para um lado e outro da cama; esta agitação, este constante movimento
obedece a que, se bem que a esfera psíquica está deprimida, a esfera motora está
excitada já que o movimento melhora os sintomas presentes sobretudo a dor.
CABEÇA: vertigem que piora encostando-se. Cabeça pesada com sensação de estalido
e de atarantamento. Sensação como se o cérebro fosse sacudido e chocara contra o
crânio. Cefaleia com dor pressiva nas fontes, na frente e nas orbitais, como se os olhos
fossem empurrados para fora.
Erupção ressumante da pele cabeluda com grande prurido (Graphites). Crosta de leite.
FACE: rosto pálido ou vermelho e inchado, coberto de suores.
Erupções vesiculosas com muito ardor, ardência e picadas (Arsenicum album –
Ranunculus bulboso). Erisipela da face que se estende da esquerda à direita (Lachesis

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trigonocephallus) herpes febril ao redor da boca. Ulcerações das comissuras labiais.
(Nitricum acid.)
Ruído das mandíbulas durante a mastigação por artrismo das articulações temporo-
maxilares. Fácil luxação das mandíbulas.
OLHOS: inflamação e vermelhidão das pálpebras, com secreção purulenta.
Amanhecem pegados e com grande ardência.
Irite reumática depois de uma exposição ao frio ou à humidade.
Conjuntivite alérgica com grande vermelhidão e insuportável ardor e prurido.
DIGESTIVO – BOCA: urticária dos lábios que se vêem grossos, tumefactos e
vermelhos. Gengivas ardentes e doloridas, os dentes sentem-se largos e frouxos: artrite
dentária. (grande medicamento).
Língua seca, dolorida, com gretas, coberta de uma capa branca ou escura com um
triângulo vermelho na ponta. As bordas da língua conservam a marca dos dentes.
(língua inflamada ou edematosa). (Mercurius vivus). Língua com saburra de um só lado
ou em diagonal.
FARINGE: amígdalas inflamadas. Inflamação das parótidas particularmente a
esquerda. (Lachesis trigonocephallus).
ESTÔMAGO: desejo de leite frio. Sede inextinguível.
ABDÓMEN: cólicas pulsáteis, violentas, cortantes, que melhoram estando encostado
sobre o ventre. (Podophyllum peltatum) ou dobrando-se em dois. (Colocynthis cucumis
– Magnesia phosphorica).
EVACUAÇÕES: diarreia aquosa, cor de ladrilho ou escura, indolor e de aspecto
desintérico, com odor cadavérico. Evacuações involuntárias com grande esgotamento.
URINÁRIO: disúria com hematúria.
GENITAIS MASCULINOS: inflamação erisipelosa da glande e do prepúcio. Escroto
grosso, edematoso, com violento prurido. (Apies mellifica).
GENITAIS FEMININOS: inflamação da vulva com intenso prurido.
Urticária dos grandes lábios. Regras antecipadas, abundantes, prolongadas e irritantes.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: erupção com crostas ou vesículas em redor das fossas
nasais, com prurido e ardor.
Coriza por expor-se à humidade. Epistaxe ao baixar-se, principalmente pela noite.
LARINGE: tosse seca durante o escalafrio ou ao tirar as mãos fora dos cobertores, da
meia noite ao amanhecer, excitada por cócegas atrás do externo (Bryonia alba). Tosse
por expor-se à chuva, ou à humidade simplesmente.
CIRCULATÓRIO: palpitações estando sentado e quieto.
Hipertrofia do coração causada por abuso de exercício físico (Arnica montana).
Afecções cardíacas diversas, algumas com dor e adormecimento do ombro e braços
esquerdos. (Aconitum napellus).
DORSO: dores nos tendões e nas aponevroses das massas musculares, o mesmo nos
ligamentos das articulações vertebrais.
Dor e rigidez na região lombo-sacra e nos ligamentos das articulações sacro-ilíacas, que
se agravam sentando-se e melhoram encostando-se sobre algo duro ou pelo movimento.
MEMBROS SUPERIORES: rigidez dolorosa dos membros, que aumenta com os
primeiros movimentos e que melhora ao continuar movendo-se. Frio e insensibilidade
do braço com paralisia.
Dores tirantes. Tractivas e dilacerantes nos tendões e ligamentos do ombro, cotovelo,
mãos e dedos, agravados pelo repouso ou humidade.
MEMBROS INFERIORES: tensão e rigidez em todo o membro inferior.

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Dores tractivas nos tendões e ligamentos articulares dos quadris, rótula, tornozelo, pé e
dedos, piores pelo repouso ao iniciar o movimento ou pela humidade. Ciática,
principalmente direita. paralisia de todo o membro inferior.
Inflamação ao redor dos maléolos depois de ter estado sentado longo tempo.
Luxações fáceis. Tendência aos entorses.
Cãibras nas barrigas das pernas, pela noite ou ao sentar-se depois de ter caminhado.
PELE: o ar fresco é intolerável na pele e põe-na dolorosa. Pele vermelha, tumefacta,
realçada com muita comichão que não melhora pelo esfregaço. (edema angioneurótico
da urticária: “fervor do sangue”).
Pele com vesículas ardorosas e puriginosas. Erisipela que avança da esquerda para a
direita (Lachesis trigonocephallus) herpes e herpes zona. (Cantharis vesicatória –
Arsenicum album – Ranunculus bulboso).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3X – 3C – 6C – 12C – 30C – 200C, M, 6ª LM.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Antrax ao princípio. Eczema rubrum. Eritemas diversos. Herpes. Herpes zona.


Impetigo. Pênfigo. (grande medicamento. Prurido. Tira granulosa. Urticária – edema
angioneurótico).
Artrite e reumatismo tendinosos, medicamento principal.
Reumatismo da articulação temporo-maxilar. Tendinite crónica. Entorses. luxações.
Esforços excessivos e as suas consequência a entorses. Fadiga muscular.
Ataxia locomotora, ao princípio, período doloroso com nevralgias das pernas. (alternar-
se com Alumina). Cãibras dos gémeos. Esclerose da medula espinal. Hemiplegia depois
de apoplexia. Insónia com extrema inquietude. Irritação espinal. Mialgias. Mielite
difusa. Nevralgias cérvico-braquiais, lombo-abdominais. Ciática. Nevrite periférica.
Paralisia depois do parto. Paralisia histérica. Paralisia reumática limitada. Paraplexia,
sobretudo reumatismal.
Diarreia sanguinolenta com tenesmo. Diarreia matutina catarral. Dispepsia (reumatismo
gástrico). Hipo. (reumatismo do centrofrénico).
Nefrite, hematúria.
Difteria, febre herpética. Escarlatina de forma tiflíca. Febre amarela no princípio. Febre
tifoideia: “agitação presente apesar do estupor”. (excelente medicamento). Gripe, forma
tifóidica. Sarampo vesiculoso. Tifo exantemático. (medicamento bom) varíola.
Conjuntivite granulosa. Conjuntivite pustulosa.
Otorreia média com surdez.
Parotidite epidémica.

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GRUPO E

CALCAREA CARBONICA

1. SINÒNIMOS:

Calcarea ostrearum. Carbonato de cal. Subcarbonato de cálcio. Cal carbonatada.


Carbonato impuro de cal.

2. GENERALIDADES:

Origens: a Calcarea carbonica é um sal de cálcio, o carbonato de cálcio, cuja fórmula


química é CaCO3.
Constitui um dos corpos mais abundantes na natureza, encontrando-se o mesmo
no reino mineral quer no vegetal ou no animal. No reino mineral e em forma
relativamente pura, constitui os mármores, a pedra calcária, a greda (carbonato de cal
terroso), etc. No reino vegetal entra na constituição da maioria das plantas e no animal
forma o esqueleto dos vertebrados e a concha dos moluscos e dos crustáceos.
Preparação homeopática: segundo o Dr. Hahnemann partem-se as conchas grossas
das ostras, retira-se a substância calcaria que forma a parte média delas e tritura-se com
açúcar de leite segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: o carbonato de cálcio foi usado antigamente a partir das
cascas de ovo, das conchas, dos olhos dos caranguejos, da pedra calcária, especialmente
a greda, com propósitos remineralizantes, tónicos e adstringentes intestinais.
Actualmente faz parte de alguns preparados complexos de patentes com qualidade de
remineralizantes, antiácidos ou adstringentes.
Experimentação pura: Hahnemann fez a primeira experimentação e a Patogenesia
aparece no seu livro “as doenças crónicas”. No Diário Britânico de Homeopatia volume
XXXIV está também essa Patogenesia.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Calcarea carbonica tem a acção marcada sobre o tecido ósseo, o sistema linfático, o
aparelho digestivo, o aparelho circulatório.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Não pode falar-se propriamente de intoxicação nem de lesões produzidas pelo


Carbonato de cal na sua acção em massa imediata. Dado que é um sal que se encontra
em todos os órgãos, os seus efeitos fisiopatológicos deixam-se sentir por seu excesso,
pelo seu defeito ou pela sua carência excessiva no organismo a longo prazo.
Fisiológicamente encontra-se em maior proporção nos organismos jovens, no
período de crescimento e desenvolvimento; a redução do seu conteúdo nestas épocas
pode causar, pelo mesmo, sérios transtornos ósseos e viscerais e retardamentos e ainda a
detenção do desenvolvimento. Fora dessas idades, o excesso de carbonato de cal pode
motivar exostose, calcificações tendinosas e cartilaginosas, como nas cartilagens
externo-costais, com a conseguinte diminuição motilidade da caixa toráxica e

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dificuldade respiratória; calcificações das túnicas dos vasos com a produção de
arteriosclerose; formação de cálculos renais, biliares ou salivares; calcificações
viscerais, como por exemplo nos pulmões aonde podem ser benéficas quando englobam
os nódulos tuberculosos antes da sua fusão, ou prejudiciais quando endurecem os
alvéolos sãos ao invadi-los, produzindo silicose; também podem produzir-se
calcificações hepáticas ou cardíacas que são raras. O equilíbrio ácido-base também pode
causar o excesso produzindo alcalose.
A diminuição de carbonato de cal abaixo dos níveis necessários na infância, mais
frequente e mais grave que o seu excesso causa principalmente o raquitismo; na
juventude e na idade adulta é capaz de provocar amolecimentos esqueléticos, com
tendência às fracturas e às cáries e propensão às infecções medulares ósseas, como a
osteomielite. Esta carência é causa de transtornos metabólicos que afectam não somente
o aproveitamento e repartição do cálcio, se não de outros iões, como o potássio e o
sódio e, em geral as trocas nutritivas. A desnutrição que ocasiona e que pode ser não
unicamente uma desmineralização que cria um terreno propício para as doenças em
geral, mas sobretudo para a tuberculose.
O baixo nível de cálcio no sangue, como se apresenta na insuficiência paratireóidea,
causa a grave síndroma da tetania. A diminuição no sangue, em menor proporção que
na tetania, retarda a coagulação, podendo ser a causa de hemorragias ou de que as
acidentais ou cirúrgicas se tornem perigosas.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO NORMAL:

Medicamento constitucional por excelência, a Calcarea carbonica serviu como norma


básica para o estudo e descrição de uma das três constituições homeopáticas
fundamentais, a “Carbónica” que se apresenta em indivíduos com distribuição regular
do carbonato de cálcio ou, quando muito, um aumento ligeiro.
Este seria o “tipo normal”, que vamos descrever, depois o faremos com os “tipos
mórbidos carbónicos”.
Este “normal carbónico” é um indivíduo de estatura geralmente média
(mesolíneo ou normolíneo), às vezes baixo (brevilíneo); a sua constituição é robusta,
forte, de musculatura bem desenvolvida “tipo atlético”, ou bem tendem a ser gordos em
cujo caso predomina o tecido adiposo, dando o “tipo digestivo”. Num e noutro a cabeça
é larga, grande, implantada sobre o pescoço curto e grosso. Os maxilares largos, fortes e
os dentes brancos, grandes, regularmente implantados mas pequenos, “dentes bonitos”,
diz a tipologia, na criança os dentes geralmente nascem antes da idade normal. Os ossos
são grossos, fortes, com diâmetros acentuados nas epífises, pelo que os faz largos,
dando o aspecto de ter os ombros, pernas, rótulas e sobretudo os tornozelos muito
largos; e pelo que faz os ossos largos, cadeias muito desenvolvidas.
Quando caminha, o seu andar é regular, rítmico, cadenciado, pausado, às vezes
até lento e pesado, dando então a típica “marcha de urso”.
Observando as extremidades superiores em extensão, vê-se que esta não é
completa, já que o antebraço forma com o braço um ângulo obtuso aberto até à frente ou
para dentro, se o membro está em extensão horizontal. Observando os inferiores em
extensão, vê-se que a perna forma com o músculo um ângulo obtuso aberto até trás, na
posição de pé.

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A mulher carbónica, é além disso larga nas ancas, abundante membrana adiposa, bem
formada e sobretudo, com seios bem desenvolvidos sendo, por todas estas
circunstâncias, uma excelente mãe e ama.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

Existe um equilíbrio neuro-endócrino quase perfeito, havendo um pouco de simpático-


tonia e hipergonadismo.
O indivíduo é moderado, fatigado, de bom humor, quase sempre afável,
bondoso. De grande capacidade mental, que pensa bem e costuma pensar antes de
actuar, que “pensa para falar e não fala para pensar”. Agrada-lhe a precisão e a claridade
e tem um grande sentido prático.

C) MORFOLÓGICO-MÓRBIDO:

Quando o Carbonato de cálcio está mal distribuído no organismo, aparecem os tipos


mórbidos ou anormais, como se segue:
Criança ou adulto fisicamente debilitado, nele tudo está em retardo: a formação
dos ossos, dos dentes e da inteligência, pelo que faz a criança e que pode ser “gordo” ou
“fraco”. O tipo gordo vê-se roliço, mole, obeso, com o esqueleto mal calcificado e
musculatura débil. A cabeça é desproporcionadamente grande em relação com o resto
do corpo, e na criança as fontanelas (parte membranosa do crânio antes da sua
completa ossificação) tardam em fechar-se e apresentam suores abundantes do
epicrânio e pescoço que molham a almofada. A cara pálida de cor terrosa, ainda que
enrijece subitamente; no adolescente a pele é clorótica; a dentição está retardada. As
feições são toscas e o lábio superior é muito grosso. Apresenta hipertrofias
ganglionares, sobretudo do pescoço. O abdómen é volumoso: “criança pançuda” e
batracóide. Os pés estão húmidos pegajosos e frios.
O tipo “fraco” é extremamente oposto: delgado em extremo, enfraquecido, atrépsico. O
rosto demarcado com a sua pele, e em geral a de todo o corpo, flácida, enrugada, o
abdómen está anormalmente volumoso. O esqueleto está mal desenvolvido. As
fontanelas permanecem muito tempo abertas e é frequente que os ossos longos fiquem
curvos (pernas de “charro”).
Este tipo fraco tem também hipertrofias ganglionares (adenites) e suores parciais.

D) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO MÓRBIDO:

O “gordo” é um vago-tónico, hipo-tireóideio e hipo-genital. A carbónica gorda é bem


mais uma hiper-ovárica. Há hipotireóidismo.
O “fraco” é um instável vago-simpático. Hipo-supra-renal e hipo-genital.
Também tem hipotireóidismo. A carbónica “fraca” tende a ser ovárica instável.
Psiquicamente o obeso é lento na sua função intelectual. Apático. De carácter
brando. Carente de energia: a criança está geralmente mal humorada pelas manhãs e
voluntarioso: o adulto estará melancólico, triste, ansioso e a mulher apresentará
tendência irresistível a chorar.
O “fraco” apresenta mais que o anterior, a hipocondria, às vezes com angústias,
apreensão, ansiedade pelo futuro e medo e ainda terror por ficar doente, por perder a
razão ou por estar só e às escuras. São características deste tipo delgado, os súbitos
impulsos por correr, subir e baixar depressa as escadas ou saltar pela janela, igualmente
ataques de impaciência ou de ira.

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6. LATERALIDADE (Sintoma topográfico):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Tendência à obesidade.
2. Debilidade, lentidão, apatia.
3. Grande sensibilidade ao frio.
4. Suores profusos, sobre toda a cabeça.
5. Odor acre de todo o corpo.
6. Hiper-acidez do tubo digestivo e de todas as excreções (suor, evacuações intestinais,
urinas, vómitos).
7. Regras adiantadas, abundantes e prolongadas.
8. A criança tem a cabeça grande, desproporcionada, com as fontanelas abertas e o
ventre volumoso.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: durante a lua cheia. Pela manhã ao levantar-se.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio. No tempo húmido.
DE POSIÇÃO: durante o exercício, especialmente ao subir pendente as escadas.
FISIOLÓGICAS: durante ou depois do coito. Depois de evacuar.

MELHORIAS:

DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado doloroso.


FISIOLÓGICAS: enquanto está com obstipação.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência depois das refeições (Nux vomica). Insónia, com as seguintes
características: sono agitado com frequentes despertares: a criança desperta
sobressaltada e grita (Arsenicum album). Muito esgotado ao despertar.
Dorme com as mãos atrás da cabeça.
FEBRE: frio em geral. Tendência a constipar-se com facilidade (Aconitum napellus –
Hepar sulphur). Calafrios.
Calor por vagas, sobretudo na face. Suores gerais ou parciais durante a febre,
especialmente na cabeça (que sua ainda sem febre), peito mãos e pés.
CABEÇA: cabeça volumosa na criança, com as fontanelas abertas. Suores profusos e
acres durante o sono, que molham a almofada; às vezes localizados ou limitados à frente
e no occipital. Erupções secas ou húmidas no couro cabeludo, com excesso de prurido
que obriga a criança a esfregar-se quando acorda, o que não a deixa dormir.
Sensação de intenso frio em diferentes regiões da cabeça, como se lhes aplicassem gelo.
Vertigem giratória, com tendência a cair para trás, produzido ao mexer a cabeça ainda
quando se está encostado, ao baixar-se, ao levantar-se repentinamente, ao subir a algum
sitio elevado, com medo do vazio.
Dor de cabeça ao levantá-la para ver para cima. Dor de cabeça pelo esforço mental, com
náuseas. Dor de cabeça com mãos e pés frios.

122
FACE: pálida, transparente, inchada.
Dores nos ossos da face.
Erupções húmidas na frente e rosto, ou bem erupções com crostas. Herpes escamatosos.
OLHOS: pálpebras inchadas (Sulphur), com crostas e com prurido. Sensação de frio
nos olhos.
Midriase crónica (Belladonna).
Obstrução dos canais lacrimais por constipação.
Fístulas lacrimais (Silicea).
Inflamação da córnea. (Silicea – Kali muriaticum – Calcarea fluorica – Fluoric acidum)
(Cyneraria maritima).
OUVIDOS: otite crónica com engrossamento do tímpano.
Otorreia muco-purulenta com adenite ganglionar.
Esclerose dos ossos com surdez. Surdez depois de ter permanecido na água.
Pólipos sangrantes.
DIGESTIVO – BOCA: lábios grossos por si. superior edematoso.
Dentição difícil e tardia. Dentes que são do tipo normal, amplos, quase quadrados,
brancos, implantados correctamente; e no tipo patológico apresentam cáries precoces.
Gengivas inchadas e sangrantes (Mercurius).
Língua roxa e lisa. Sabor ácido marcado. Real acidez da boca.
Odontalgia ao beber água.
FARINGE: amígdalas hipertrofiadas, com sensação de opressão ao deglutir.
ESTÔMAGO: apetite voraz. Deseja especialmente comer ovos, pão e doces, coisas
indigestas e não alimentícias como gesso ou papel (Nux vomica). Detesta a carne e não
tolera o leite. (grande medicamento junto com Argentum nitricum). (Aethusa cynapium
e Magnesia carbonica, para melhorar a digestão do leite). Tão pouco tolera as gorduras.
Nos lactantes : vómitos muito acres de leite coalhado em pedaços.
(Aethusa cynapium – Magnesia carbonica). Este síndroma é frequente nos raquíticos.
Nos adolescentes e adultos: pirose com vómitos ácidos; digestão lenta, verdadeira
dispepsia atónica com grande timpanismo. A região epigástrica está cheia de gases, e há
a sensação de pressão ou de esticão.
ABDÓMEN: abdómen muito distendido por gases e muito doloroso, não consegue
suportar o toque ou uma roupa ajustada (Nux vomica).
Borborigmos. Sensação de frio em todo o ventre.
Os gânglios mesentéricos e inguinais apresentam adenopatia.
O fígado está grande, sensível e às vezes dói com o toque.
Cólicas hepáticas: lítiase biliar. (alivia consideravelmente a dor provocada pela
migração do cálculo e favorece esta).
EVACUAÇÕES: nas crianças: diarreias muito ácidas (Magnesia carbonica – Rheum
palmatum), que contém leite não digerido.
Nos adultos, as evacuações têm três fases: primeiro são duras, depois pastosas e
finalmente líquidas, com odor acre ou muito fétido. Outras vezes há uma alternância de
obstipação com diarreia e assim mesmo obstipação crónica, sendo as fezes duras,
grossas e aderentes. (Acolia).
Há a particularidade de que o doente de Calcarea carbonica sente-se melhor se tem
obstipação, “o que significa – disse Charette – simplesmente que os transtornos
diarreicos e digestivos pararam momentaneamente”,
URINÁRIO: Cólicas nefríticas: cálculos renais. (excelente medicamento).
GENITAL MASCULINO: aumento do desejo sexual com diminuição do poder.
Emissões frequentes e prematuras. Debilidade depois do coito. Endurecimento dos
testículos.

123
GENITAL FEMININO: regras precoces, profusas, longas e abundantes, mas que não
se regularizam e podem, por conseguinte, ser seguidas de períodos de amenorreia.
(Calcarea carbonica regularizará sem dúvida esta situação). Regras já estabelecidas mas
muito adiantadas, abundantes e de longa duração, com debilidade e frio contínuo na
cama ou frio nos pés como se as meias estivessem molhadas. Amenorreia das
lavadeiras. A mais ligeira excitação mental, uma emoção, fazem reaparecer o
corrimento menstrual.
Leucorreia leitosa, mucosa, que não corre. (porque é alcalina e não ácida).
RESPIRATÓRIO: NARIZ: corizas frequentes em crianças geralmente linfáticas que
se constipam a cada mudança de tempo – catarros de repetição – escorrimento nasal
espesso, amarelado e de mau odor. (Mercurius); ou bem muito líquido e corrosivo
(Arsenicum Iodatum).
LARINGE: rouquidão matinal não dolorosa. Tosse geralmente seca, com sufoco e
tendência ao espasmo da glote, seguido de uma expectoração espessa e amarelada que
num recipiente de água vai ao fundo, deixando um longo rasto de muco desde a
superfície.
TÓRAX E PULMÕES: o peito está sensível à pressão e à inspiração. Grande opressão
ao subir escadas.
Localizações tuberculosas na parte superior e média do pulmão direito. (pulmão
esquerdo – Sulphur). Útil no princípio da fase ou na héctica avançada.
Bronquites difusas das ramificações finas. Dilatação bronquial: enfisema. Pleurisia.
CIRCULATÓRIO: arteriosclerose.
Palpitações na noite e depois de comer. Palpitações com sensação de frio, com opressão
do peito e inquietude, observada sobretudo depois de alguma erupção suprimida.
PESCOÇO E COLUNA: adenite ganglionar cervical dolorosa (Calcarea iodata –
Baryta iodata – Iodum metallicum). Nas adenites ganglionares superadas pode
conseguir-se a reabsorção lenta do abcesso, antes da sua abertura, sem provocar nefrite
pela infecção do rim ao passo das eliminações. Para este efeito a Calcarea carbonica
30C é a indicada e esta reabsorção é benéfica, dada a propensão dos gânglios linfáticos
infectados a fistularem-se uma vez abertos (Hepar sulphur 12C ou 30C, pode provocar a
reabsorção rápida e massiva dos abcessos, com os conseguintes riscos assinalados). Diz
Royal: “os gânglios do tipo Calcarea carbonica são os únicos nos quais a incisão
precoce nem está indicada nem é benéfica. Se nós ajudarmos os órgãos eliminadores,
proporcionando Calcarea carbonica, os maus efeitos da absorção parecem menores que
os efeitos de uma longa drenagem através da fístula que segue a incisão ou a evacuação
espontânea, a fistulização nos tipos Calcarea carbonica, muito provavelmente é devido
ao terreno tuberculínico.
Torcicolos. Dores nos ombros entre os ombros. Dor lombar de extensão de cima a
baixo.
Concavidade da coluna por retracções musculares, esclerose aponevróticas ou
amolecimento vertebral, frequente nos idosos.
MEMBROS SUPERIORES: grande debilidade dos braços. Dores presidas ou
dilacerantes, sobretudo no braço direito, que sobem até ao ombro.
Articulações da mão, do cotovelo e do ombro inflamadas e doloridas.
Suores nas mãos.
Curvaturas anormais do cúbito húmido e rádio ou das falanges. (mais acentuadas na
Calcarea fluorica).
Convulsões tetânicas.

124
MEMBROS INFERIORES: grande debilidade das pernas. Coxalgia. Debilidade dos
joelhos que estão inflamados, quentes, mas pálidos e com grande sensibilidade ao toque.
Picadas e tensões em baixo da rótula.
Convulsões e cãibras. Picadas no calcanhar ao assentar o pé. (Cédron).
Lassitude ligamentar que predispõe às distensões (Rhus toxicodendron). Mais frequente
na Calcarea fluorica.
Suor frio dos pés, como se estivessem metidos em meias molhadas. O frio parece
meter-se até aos ossos.
Curvaturas anormais do fémur e tíbia.
PELE: pele fria (Silicea), suada, com suores parciais acres, (Fétidos: Mercurius vivus).
Urticária, especialmente causada pela ingestão do leite.
Eczema sobretudo do couro cabeluda (Graphites). “crosta de leite”, de mau odor.
Erupções secas e escamosas (Arsenicum album – Psorinum), ou bem húmidas
(Mercurius – Graphites – Natrum muriaticum – Rhus toxicodendron – Ranunculus
bulbosus). Verrugas brandas no rosto e duras nas mãos (Thuya occidentalis).

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3a trituração x.x, 3C, 12C, 30C, 200C, 1000C.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Estados constitucionais de acordo com o seu tipo. atraso infantil. Debilidade geral
(Tuberculinismo).
Debilidade intelectual. (alternando com Calcarea phosphorica ou Kali phosphoricum).
Enfraquecimento.
Dentição retardada (3a trituração x. e uma dose cada terceiro dia de 30C, alternando com
Calcarea phosphorica). Crianças retardadas no andar. Raquitismo. Deformações ósseas
por excesso (30C – 200C). Osteomielite (alternando com Silicea). Coxalgia. Artrite
tuberculosa. Reumatismo crónico. Humores do couro cabeludo.
Bulimia. Cálculos biliares e cólicas hepáticas. Gastralgia com cãibras. Vómitos ácidos.
Catarro intestinal crónico: alternância de diarreia e obstipação. Diarreia infantil durante
a dentição (alternando com Matricaria chamomilla e Calcarea phosphorica) diarreia
acólica muito fétida.
Linfatismo acentuado. Adenite ganglionar endurecida e dolorosa.
Alopecia. Eczema húmido. Herpes circinado. Impetigo do couro cabeludo, dos
pavilhões auriculares, da cara, dos braços, com adenites ganglionares. Eritema nudoso
da face, e dos membros superiores.
Psoríase. Pênfigo. Lúpus. Urticária.
Amigdalite crónica (pode alternar-se com Baryta carbonica ou Baryta iodada).
Asma de milhar. Coriza de repetição. Coriza gotosa. Bronquite crónica: pleurisia.
Tuberculose.
Coreia. Cãibras. Convulsões. Tetania. Epilepsia. Mania aguda. Neurastenia.
Doença de Adisson.

125
GRUPO E

GRAPHITES

1. SINÒNIMOS:

Grafite. Plumbagina. Lápis de chumbo. Ferro carburado. O nome de grafite deriva da


raiz grega “Graphos”: o nome foi dado por Werner.

2. GENERALIDADES:

Origem: A grafite é um carvão mineral quase puro, mas que pela pequena quantidade
de óxido de ferro que contém considera-se como um percarburo de ferro.
A grafite natural extrai-se das minas, sendo actualmente os principais países
produtores o México (estado de Sonora), Coreia, Áustria, Madagáscar, Estados Unidos
e a Rússia.
Existe a grafite artificial, que principalmente se fabrica no Niágara, pelo
procedimento de Acheson, em fornos eléctricos especiais, a partir do coke de petróleo
principalmente.
Preparação homeopática: o Graphites concentrado para usos na homeopatia,
prepara-se por trituração segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: antigamente usava-se a grafite como pó seco contra
certas erupções, mas de maneira muito reduzida. O Dr. Weinhold, nos princípios do
século passado, viajando por Itália, notou que os obreiros de uma fábrica de ferro o
empregavam localmente para curarem o herpes. Em 1812 publicou o resultado das suas
próprias experiências num folheto com o título “A grafite considerada como um meio
curativo contra os herpes”.
Experimentação homeopática: A experimentação Pura foi levada a cabo pelo Dr.
Samuel Hahnemann e a patogenesia obtida, que o coloca como um policresto, publicou-
o no seu “Tratado de Doenças Crónicas”.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Marcada é a acção do Graphites na pele, o sistema linfático, o aparelho digestivo, o


metabolismo em geral, os órgãos genitais e o sangue.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Não se pode dizer muito à cerca dos transtornos fisiopatológicos e anatomopatológicos


do Graphites, devendo-se fazer uma mais completa investigação farmacológica do
mesmo.
No entanto, o Dr. Weinhold, o seu primeiro experimentador, que em Veneza os
vidraceiros usavam-no com êxito contra o herpes e o eczema, aplicado localmente.
Foi comprovado depois na experimentação, que era capaz de produzir eczema e não só,
mas também outras doenças da pele do grupo da Psoríase.
O Dr. Hahnemann experimenta-o depois e comprova a sua grande acção sobre o
sistema porta, ao que congestiona, aonde se produz um retardo da circulação venosa
intra-hepática, uma verdadeira estase, com as conseguintes sequelas de insuficiência

126
hepática, reflectidas sobretudo - agora o sabemos – nos metabolismos, especialmente no
das gordurosas.
Fora do fígado e como consequência da congestão portal, sobrevem a pletora
hemorróidal e o síndroma de hipertensão portal muito grave, sobretudo na sua
manifestação varicosa esofágica .
Comprovou-se que o indivíduo de Graphites é um atónico muscular e visceral e
que, em consequência, pode ter insuficiências motoras musculares e viscerais, e
influências químicas viscerais entre as que destacam um não metabolismo das gorduras
e uma dilatação acentuada do intestino, especialmente do cólon, chegando a produzir
essa anomalia que se conhece como “Megacólon”.
O Graphites é um carvão mineral que contém ferro por este conteúdo e pela sua
proximidade química com os hidrocarbonetos, hemoglobina ou empobrecedores da
mesma, segundo a dose, e dos segundos, as propriedades redutoras do sangue; por
ambas as razões explica-se a sua grande acção sobre esta, na que, em termos gerais,
produz mais a diminuição da hemoglobina que o seu aumento, daí as anemias
hipocrómicas peculiares dele.
Pode-se observar uma particular selectividade do Graphites pelos gânglios
linfáticos e as glândulas, muito especialmente as genitais (ovários e testículos) os que
primeiro hipertrofia e depois atrofia.
Evidentemente, assim como produz congestão portal, também causa congestão
venosa pélvica; isto, mais a sua acção sobre os ovários e a anemia, poderiam explicar os
carácteres peculiares patológicos das menstruações.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Os sujeitos tipo Graphites são robustos com tendência à obesidade ou bem já mostram
uma obesidade acentuada. Esta gordura é, popularmente falando, “fofa”, “gelatinosa”,
por isso diz-se “pessoas obesas cujas carnes balançam-se ao caminhar”. Pode afirmar-se
que acumulam gordura entre um tecido conjuntivo e muscular flexíveis, flácidos.
A pele vê-se pálida, mas a da cara cora-se às vezes ao apresentar-se repentinas
ondas de calor.
As pálpebras estão vermelhas e tumefactas, os lábios secos e com gretas. Há
erupções no rosto, principalmente no queixo, ao redor da boca e atrás das orelhas; estas
erupções, assim como as que apresentam no rosto do corpo, são do tipo eczema, herpes
e psoríase.
O sujeito de Graphites pode catalogar-se como pertencente à constituição
carbónica na subdivisão “carbónico gordo”.

B) NEURO-PSICO-ENDÓCRINO:

É o vagotonismo acentuado do sujeito Graphites; ainda que às vezes a astenia que o


caracteriza parece proceder de insuficiência vago-simpática e talvez supra-renal, o que
equivale a uma astenia total do organismo.
É um indivíduo triste, tímido, com propensão ao choro: a música o faz chorar.
Tem uma exagerada sensibilidade a todas as impressões e uma grande indecisão, o que
o faz “o grande hesitante” que vive em constante incerteza. . é desde logo medroso e
assusta-se facilmente. Também é distraído ao falar ou escrever e com falta de memória.
Duas palavras o descrevem bem: “extremo abatimento”.

127
Na conformação do seu tipo físico e o seu neuro-psiquismo tem muito que ver a
acentuada hipocrinia. Evidente “hipo-tirogenitalismo”.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. tendência à obesidade (Calcarea carbonica).


2. Apatia e indecisão.
3. Sensibilidade ao frio.
4. Obstipação com evacuações muito volumosas.
5. Regras retardadas.
6. Erupções que resumem a um líquido espesso, pegajoso, amarelo, verdadeiramente
como se fosse mel.
7. Eczema ao redor da boca e atrás das orelhas.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela noite, sobretudo antes da meia noite.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo tempo húmido e frio. (Rhus toxicodendron).
Pelo calor da cama (Sulphur).
DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado direito.
FISIOLÓGICAS: durante as menstruações (Actaea racemosa) e depois delas.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: estando sentado e bem abrigado.


DE POSIÇÃO: na escuridão.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência acentuada durante o dia. Dificuldade para dormir à noite. Sono não
reparador com muita agitação (Rhus toxicodendron) e insónias ansiosas e espantosas
(Arsenicum album), calor desagradável, despertares frequentes, ideias penosas e até à
madrugada sono quase estuporoso.
FEBRE: extrema sensibilidade ao frio (Arsenicum album – Hepar sulphuris). Calafrios
pela manhã e pela tarde, geralmente não seguido de calor.
CABEÇA: cefaleia com sensação de retardamento cerebral, pelas manhãs ao despertar
e acompanhada de náuseas e vómitos, cefaleia occipital constritiva ou tensiva, com
rigidez na nuca. Erupção húmida do couro cabeludo. Crostas no couro cabeludo, tendo
debaixo delas uma secreção amarela e pegajosa como mel.
Estas erupções largam um odor fétido (Mercurius) queda de cabelo. Sensação de teia de
aranha na frente.
FACE: pálida amarela, com círculos azuis ao redor dos olhos, com ondas de calor.
Sensação de uma teia de aranha sobre a cara (diabetes), erupções com crostas ao redor
da boca e da barba.
OLHOS: pálpebras vermelhas, inchadas, pegadas pelas manhãs (Sulphur). A borda das
pálpebras está cobertas de crostas debaixo das quais está um líquido espesso e pegajoso.

128
Eczema das pálpebras. Quistos e tumores duros das bordas das pálpebras. Treçolho
(Pulsatilla nigricans, Apis mellifica).
OUVIDOS: erupções húmidas, tipo eczema, na parte posterior das pálpebras
auriculares (Petroleum), o exudado é amarelo e pegajoso como o mel. Gânglios peri-
auriculares grandes e dolorosos.
Dureza do ouvido: ouve melhor quando há ruído. Zumbidos, estalidos e ruídos nos
ouvidos (China officinalis – Viscum album).
DIGESTIVO – BOCA: comissuras dos lábios ulcerados, gretados (Petroleum).
Erupção eczematosa sobre os lábios. Herpes nos lábios.
Hálito pútrido com odor a urina. Sabor amargo.
Vesículas ardorosas na ponta e sobre a parte inferior da língua (Nitric acidum – Natrum
muriaticum – Kali cloricum – Borax – Lycopodium clavatum).
ESTÔMAGO: fome voraz (Iodum: come muito e emagrece; Graphites; come muito e
engorda ou come pouco e engorda). Aversão pela comida em geral. Aversão pelos
doces. (Argentum nitricum: desejo de doces). Os doces provocam náuseas.
Arrotos frequentes; esta flatulência gástrica que é excessiva, não melhora pelos arrotos,
mas sim pelo vómito. (melhora pelos arrotos: Argentum nitricum – Nux vomica).
Sensação de vazio que o obriga a comer. Dores gástricas queimantes (Arsenicum
album – Phosphorus), constritivas ou com cãibras, que melhoram passageiramente ao
comer (Petroleum).
ABDÓMEN: grande flatulência intestinal com distensão do abdómen que obriga a
desabotoar as roupas. (Nux vomica). Expulsão abundante de gases fétidos precedida de
cólicas que melhoram por ela.
Fígado duro, hipertrofiado e doloroso.
RECTO E ANUS: hemorróidas ardentes com sensação de escoriação depois de defecar
ou ao sentar-se (Aesculus hipocastanum).
EVACUAÇÕES: obstipação difícil, sem desejos de evacuar: sendo as fezes muito
duras e volumosas, nodosas, cujos pedaços estão unidos com estrias de muco. Quem
sabe não sejam os mais volumosos que há (Megacólon). Depois de defecar pode-se
expulsar algo de muco. Segundo Charette, “Graphites” é o principal medicamento da
mucorreia.
A diarreia é muito menos frequente mas quando a há, as evacuações são líquidas,
escuras, quase negras; lientéricas (China officinalis), muito irritantes e muito fétidas.
Com frequência as diarreias de Graphites são produzidas pela supressão de uma
erupção, principalmente de um eczema.
URINÁRIO: urina clara ao emitir-se, mas que depois de algumas horas fica turva com
sedimento vermelho ou esbranquiçado (Berberis vulgaris – Sepia officinalis –
Lycopodium clavatum) e uma película superficial irisada (Pancreatite); (Phosphorus).
Esguicho muito delgado, como por estreitamento uretral. Incontinência nocturna (bom
medicamento na enurese infantil, especialmente em crianças linfáticas).
GENITAIS MASCULINOS: herpes prepuciais. Eczema do escroto muito
ressumbrante e de mau odor.
Debilidade sexual. Aversão pelo coito. Falta de ejaculação (Homens gordos e fofos que
não têm erecções).
GENITAIS FEMININOS: regras atrasadas e muito escassas, sendo o sangue pálido;
acompanhadas de muita debilidade e cólicas violentas.
Antes das regras: prurido vulvar e erupção, rouquidão, coriza, náuseas, dores de cabeça,
dores epigástricas.

129
Depois das regras: leucorreia, sendo esta branca, líquida como água e escoriante, mais
abundante na manhã ao levantar-se e com grande debilidade na coluna. (China
officinalis). (leucorreia depois das regras: Kreosotum. Antes delas: Sepia).
Os seios estão grandes, duros, com os mamilos com gretas, fissurados e muito
dolorosos. Depois de algum abcesso mamário persistem cicatrizes duras e às vezes
dolorosas.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: as fossas nasais estão escoriadas, gretadas e ulceradas,
intocáveis. Depois das úlceras ou sem elas, crostas secas na mucosa. Coriza crónica,
sobretudo no Inverno, com espirros frequentes e mucosidade sanguinolenta e purulenta
abundantemente, espessa e escoriante. (Mercurius sublimatus corrosivus – Arsenicum
iodatum). Sensibilidade exagerada do olfacto; especialmente não pode suportar o
perfume das flores (Nux vomica). Perversão do olfacto: odor tenaz a cabelos
queimados.
LARINGE: afonia pelas tardes e noites com tosse seca, sonora. Afonia durante as
regras.
PULMÕES: opressão no peito com acessos de sufoco que se agravam na noite.
CIRCULATÓRIO: palpitações repentinas ao menor movimento, com ansiedade e
picadas na região prêcordial. Varizes e úlceras varicosas. Congestão portal..
EXTREMIDADES SUPERIORES: gretas nas pontas dos dedos. Enfraquecimento das
mãos. Pele seca e gretas nas mãos. (Petroleum). Nodosidades artríticas nos dedos.
Herpes entre os dedos. As unhas estão disformes, sensíveis, grossas, suaves e
quebradiças.
EXTREMIDADES INFERIORES: torpeza e rigidez dos músculos e dos dedos;
rigidez nas rótulas.
Varizes com sensação de tensão ao estender as pernas. Úlceras varicosas.
Sensação de encolhimento dos tendões da região poplítea e a de Aquiles.
Dor lancinante, como por uma úlcera, nos calcanhares.
Pés frios ainda pela noite na cama, com suores fétidos.
Escoriações herpéticas entre os dedos.
Calosidades. (Antimonium crudum). Unhas grossas e disformes. (Antimonium crudum).
Unhas enterradas.
PELE: Graphites mostra uma grande variedade de afecções da pele. Como se segue:
Em geral: ressequidade pertinente; pele não sã, qualquer ferida supura (Hepar sulphur).
Gretas (fissuras): no ângulo externo das pálpebras; comissuras dos lábios, mamilos;
pontas dos dedos e entre os dedos, no anus. Herpes das pálpebras, dos lábios, da língua,
do escroto e da glande, da vulva, entre os dedos. Herpes zona.
Eczema húmido: na parte posterior dos pavilhões auriculares; a nível do couro
cabeludo; nos glúteos; nos vincos de flexão dos membros (Petroleum); nos dedos das
mãos (Rhus toxicodendron – Selenium) e entre eles (Petroleum). A grande característica
destes eczemas é que deixam escorrer um líquido muito parecido ao mel, tanto como no
pegajoso como na cor. Calosidades: nas mãos e nos pés.
Cicatrizes quelóides. quistos sebáceos.
Unhas grossas, deformadas, quebradiças, negras enterradas. Verrugas à volta das unhas.
Quebram-se os cabelos antes de alcançar a sua longitude normal.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

12 C – 30 C – 200 c – 1000 C.

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11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

calvície, eczema com líquido. Erisipela de repetição. (medicamento clássico). Fissuras


ou gretas. Herpes (medicamento capital). Herpes zona (alternar com Arsenicum album))
Psoríase. Úlceras herpéticas. Úlceras varicosas. Cicatrizes viciosas (quelóides).
Calosidades. Deformações das unhas. Afecções cutâneas complicadas com dispepsia.
Dispepsia (bradispepsia). (toma-se uma hora depois das refeições. Às vezes
pode-se combinar com Nux vomica tomada meia hora antes das refeições). Dispepsia
nas anemias. Catarro intestinal crónico. Indigestão habitual. Enterite crónica.
Flatulência. Obstipação. Megacólon. Fissura anal. Hemorróidas. Gastralgia. Úlcera do
estômago.
Anemia. Anemias juvenis hipocrómicas com insuficiência ovárica. (antiga
(“clorose”). Linfangite crónica (antiga “escrofulose”). Tendência à obesidade.
Amenorreia nas anémicas. Amenorreia nas obesas. Dismenorreia anémica.
Leucorreia. Gretas nos mamilos. Endurecimento dos seios. Prurido vulvar. Herpes
vulvar. Herpes prepucial e do escroto. Eczema do escroto.
Blefarite. Eczema das pálpebras. Conjuntivite flictenóide. Queratite intersticial.
Oftalmia linfangítica. Eczema do pavilhão dos ouvidos. Otite média seca. Surdez.
Coriza crónica com crostas. Perversão do olfacto.

131
GRUPO E

HEPAR SULPHUR CALCAREUM

1. SINÒNIMOS:

Flor de enxofre + Sulfurato de cálcio.

2. GENERALIDADES:

O Hepar sulphur calcareum, é um sulfurato de cálcio que resulta da combinação de


enxofre e cálcio, ao calcinar, num recipiente fechado, uma mistura de partes iguais de
flor de enxofre e conchas de ostra (Calcarea carbonica) finalmente pulverizadas.
A sua fórmula é: CaS.
Preparação homeopática: prepara-se por trituração segundo a sétima regra.
Antecedentes de emprego: encontra-se na terapêutica desde os finais do século
XVIII, época em que se empregava, externamente, contra a sarna. Pouco depois foi
empregado contra a gota, contra o bócio e contra os tumores linfáticos em aplicações
externas. Actualmente, a terapêutica galénica faz empregá-lo, de vez em quando, em
forma de pomada contra o herpes.
Experimentação homeopática: A Experimentação Pura foi efectuada pelo Dr.
Hahnemann, apresentando um resumo no seu tratado de Doenças Crónicas.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

O Hepar sulphur tem uma acção acentuada na pele, nas mucosas, no tecido conjuntivo,
no sistema linfático e no sistema nervoso. É marcado também sobre o aparelho
digestivo e o aparelho respiratório.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Do Sulfurato de cálcio pouco se fala nas farmacologias, não sendo na realidade um


tóxico, na própria concepção de palavra tampouco há dados à cerca dele na toxicologia.
Sabe-se que a sua primeira acção, ao ser ingerido, traduz-se por uma irritação
local dos órgãos digestivos, que chega até à produção de diarreia. Secundariamente
estimula a diurese e tende a inflamar o fígado e o rim, chegando até à produção de
abcessos nos órgãos. Da sua passagem pelo sangue permanece uma estimulação da
leucopedese.
Aspirado ou levado aos pulmões pelo sangue, tende a inflamá-los e fazê-los
supurar.
Ao ser eliminado pela pele degenera por uma parte e a inflama por outra, dando
uma rica gama de lesões cutâneas com tendência à supuração. Localmente aplicado e
esfregado, também degenera a pele depois de irritá-la.
O mecanismo destas acções pode enquadrar-se nos seguintes episódios:
a) activa a leucopedese.
b) inflama os parênquimas, o tecido conjuntivo, o tecido celular subcutâneo e a pele.
c) estimula o processo de supuração e de abertura dos abcessos, actuando à maneira da
hialuronidase ou excitando esta. Como se sabe, a hialuronidase é um fermento que
elaboram certos microorganismos como o estafilococo, o estreptococo e o pneumococo,

132
ou órgãos como o testículo, baixo, corpo ciliar, Íris, córnea e pele e que tem a
propriedade de destruir o ácido hialurónico, que é um dos elementos constituintes do
tecido conjuntivo, de modo que a sua destruição ou transformação produz o
desaparecimento da barreira conjuntiva, com o qual se facilita a difusão de toxinas no
interior ou de produtos mortos (toxinas e corpos microbianos e leucocitários, pus), no
exterior. Então a parte desta importante acção canalizadora, utiliza-se a hialuronidase
para facilitar a difusão de soros, vacinas ou electrólitos através do tecido celular
subcutâneo.
E. Vidal assinala que o Hepar “causa uma disfunção hematopoiética em relação
com os glóbulos vermelhos e brancos, diminuindo assim a actividade defensiva dos
leucócitos”; esta seria uma das suas acções em doses massivas, quem sabe a mais
importante e o mecanismo que temos assinalado antes, estimulador das defesas e talvez
da hialuronidase, seria a sua acção homeopática, ou seja a reacção orgânica que o
provoca quando se dá por semelhança e em doses mínimas.
Tem efeitos tardios e graves sobre o sistema nervoso, consistentes
principalmente em paralisia de origem central, parecidas às produzidas pelo hidrogénio
sulfurado, e em acções simpático-tónicas que principalmente se traduzem por aumento
do tónus e amplitude das contracções dos músculos bronquiais e diminuição da
amplitude e tónus e desarranjo do ritmo das contracções dos ureteres.
É frequente a observação de múltiplos sofrimentos dérmicos, sobretudo abcessos
e sofrimentos intestinais e nervosos nos gesseiros e nos escultores e ortopedistas que
manejam bastante o Sulfato de cálcio (gesso), muito próximo quimicamente ao
Sulfurato de cálcio (Hepar).

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

O indivíduo de Hepar sulphuris calcareum apresenta o lábio superior notoriamente


inchado e proeminente, a cor do rosto amarelo e a pele em geral sensível, adoece, com
soluções de continuidade supuradas ou com a presença de abcessos que vão desde os
puntiformes ou milliares até aos furúnculos e o antraz. Naturalmente, junto a isto mostra
adenites ganglionares regionais. A musculatura, em geral, vê-se flácida, branda.
Igual ao Calcarea carbonica e Sulphur, que são seus componentes, o Hepar
sulphur calcareum é, constitucionalmente um protótipo Psórico.

B) NEURO- PSICO-ENDÓCRINO:

O sujeito de Hepar sulphuris calcareum é um simpático-tónico. Assim como está com as


defesas baixas, está igualmente deficiente das suas glândulas, especialmente das
tiróides, dos ovários ou dos testículos; apresenta então hipo-tireoidismo e
hipogonadismo (Graphites).
Psiquicamente é hipersensível, chora e desvanece-se com o mais ligeiro
sofrimento. Está sempre melancólico, mal humorado, “jamais contente” com nada nem
com nada, verdadeiramente hipocondríaco, constituindo “o eterno resmungão que se
irrita pela menor coisa”. (Nux vomica – Lycopodium clavatum). Este estado de ira pode
produzir impulsos homicidas súbitos, aos que teme sucumbir e quando cai em desalento
saem-lhe ideias de suicídio, principalmente nas noites.

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6. LATERALIDADE (Sintomas tipográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. tendência à supuração.
2. Hipersensibilidade à dor (Aconitum napellus – Matricaria chamomilla) e ao menor
contacto.
3. Hipersensibilidade ao frio e às correntes de ar.
4. Dores picantes como se fossem provocadas por agulhas ou estilhaços encaixados.
5. Carácter extremamente irritável.
6. Secreções com cor de queijo velho.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela noite.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio; no Inverno; pelo vento frio e seco (Aconitum
napellus). Pela menor corrente de ar.
DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado dolorido (Aconitum napellus).
FISIOLÓGICAS: por beber água ou comer coisas frias (Arsenicum album).
Pelo contacto das regiões dolorosas.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo tempo húmido; pelo calor; por estar abrigado e quente. Nos
lugares baixos.
FISIOLÓGICAS: depois das comidas.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

FEBRE: calafrios ao ar livre ou pelas mais pequenas correntes de ar. Suores


abundantes, irritantes, acres ou com odor a queijo velho.
Subida da temperatura circunscrita aos sítios inflamados e em processo de supuração.
Calor febril ardente com vermelhão da cara e muita sede. Febres septicémicas.
(Lachesis trigonocephallus – Arnica montana – Pyrogenium – Arsenicum album –
Acetic acidum – Baptisia tinctoria – Achyranthes calea).
CABEÇA: cefaleia com sensação de uma broca que perfura as fontes (regiões
temporais) ou a raiz do nariz, todas as manhãs.
OLHOS: conjuntivite purulenta, com pus sanguinolento, dores picantes e grande
sensibilidade ao ar e toque. Ulcerações da córnea. Irites com pus na câmara exterior do
olho. Oftalmia purulenta.
Os objectos vêem-se vermelhos e maiores (mais pequenos: Platina).
OUVIDOS: otorreia com pus sanguinolento que parece queijo velho.
Crostas atrás das orelhas ou no canal auditivo externo. (Graphites).
Otalgia, sendo as dores agudas, lancinantes, como espinhas encravadas pela menor
corrente de ar.
DIGESTIVO – BOCA: inchaço muito pronunciado do lábio superior. Greta à metade
do lábio inferior. Ulceração da comissura dos lábios. (Petroleum – Graphites – Nitric
acidum).

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Salivação abundante. (Mercurius solubilis).
Úlceras aftosas na ponta da língua, parte interna dos lábios e bochechas.
FARINGE: hipertrofia das amígdalas com tendência à supuração e à surdez, por
invasão do ouvido médio através da trompa de eustáquio.
Dores picantes, como se fossem provocadas por uma ripa de madeira ou uma espinha de
peixe encravado na garganta. (Argentum nitricum – Nitric acid - Kali carbonicum –
Ignatia amara), que se estende ao ouvido através da trompa de eustáquio e que piora ao
engolir.
ABDÓMEN: picadas na região do fígado agravadas ao andar (Bryonia alba), ao
respirar, ao tossir (Bryonia alba) e pelo menor contacto.
Inflamação e supuração dos gânglios inguinais.
EVACUAÇÕES: diarreia de odor desagradável nas crianças (Magnesia carbonica –
Calcarea carbonica), de cor branca ou de argila (acolia) ou lientéricas (China
officinalis).
URINÁRIO: atonia da bexiga, a qual não pode esvaziar-se completamente por ela
mesmo: micção lenta, tem que esperar um bocado antes que saia a urina e escorra quase
verticalmente sem força.
Urina fétida e com película gordurosa (Phosphorus – Graphites) (cistite crónica
purulenta. Pielonefrite supurada).
GENITAIS MASCULINOS: ulceração sangrante do prepúcio. Prurido, escoriação e
exudação nas rugas que se formam entre o escroto e os músculos. (Sulphur).
Escorrimento de líquido prostático depois de urinar e ao defecar.
GENITAIS FEMININOS: regras tardias e escassas. Leucorreia abundante, fétida
irritante, com odor a queijo velho tão penetrante que impregna as roupas.
Abcesso nos lábios. Escoriação na vulva e entre os músculos.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: ulcerado e muito sensível. Cada vez que sai para o ar livre
ou recebe uma corrente de ar obstruem-se as narinas. Secreção purulenta, amarelada,
com odor a queijo velho. “quando um corrimento nasal pare bruscamente Hepar poderá
restabelecer e evitar uma sinusite” (Charette).
Dor na raiz do nariz todas as manhãs.
LARINGE: tosse oca, rouca, como um latido, mas com ruído de mucosidades. (com as
mesmas características, mas seca, Aconitum napellus – Spongia tosta). Esta tosse vem
com sensação de que uma pluma fizesse cócegas na garganta e é provocada ao
descobrir-se alguma parte do corpo, ao respirar ar frio e ao comer algo frio.
Tosse crupal sufocante, ruidosa, grossa, rouca, profunda, depois da meia noite e piora
pela manhã.
Tosse espasmódica ao falar.
“indicado no momento em que uma tosse seca vem a ser húmida e ainda mais quando
uma tosse húmida vem a ser tosse seca” (Charette).
Útil para uma grande variedade da laringite, sobretudo a cupral e a estridulosa. (falsa
difteria).
PULMÕES: afecções pulmonares consecutivas à supressão de uma erupção cutânea.
Bronquite aguda e crónica com expectoração muco-purulenta viscosa e com odor a
queijo velho.
Asma crónica, piora com o frio seco, melhor com o ar húmido (ao contrário:
Dulcamara).
Pneumonia que no terceiro período não entra em resolução e dá passo à formação de
pus de mau odor.
Abcessos do pulmão. Pleurisia purulenta.

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PELE: pele com gretas (Graphites – Petroleum). Úlceras muito sensíveis ao tacto, cujas
bordas ardem e picam, que sangram com facilidade e deixam sair pus com odor a queijo
velho.
Furúnculos volumosos (tumores) e toda a classe de abcessos muito dolorosos dando
abundantemente pus fedorento e frequentemente misturado com sangue. Há que ter em
conta que as diluições baixas – 3 C ou 6 C – favorecem e apressam a supuração e a
abertura dos abcessos, e as médias altas – 12 C ou 30 C – impedem-na e ainda a
reabsorvem no princípio da sua formação.
Hepar sulphur calcareum forma, com Calcarea sulphurica um excelente par de
“medicamentos supurantes”. Foi chamado pela sua acção de abertura das colecções
purulentas, “o bisturi homeopático”.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3 C – 6 C – 12 C – 30 C – 200 C

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Abcessos agudos, abcessos mamários, abcessos do pulmão (tratamento de Puhlmann:


Hepar 6 C, quatro vezes ao dia; depois Calcarea hipophosphítica a trituração, x,
alternada com tártaro emético 3 C ou Apomophinum 6 C). furúnculos (6 C para
começar; uma dose de 6 C por dia para a profilaxia). Antrax. Adenite ganglionar com
tendência à supuração. Aftas, eczema. Eczema com tendência à cronicidade. Impetigo.
Herpes genital. Erisipela (depois da Belladona ou de Rhus toxicodendron). Líquen.
Diversas erupções vesículosas, bulbosas, pustulosas. Urticária. inflamação flegmonosa
situada perto das unhas. frieiras. supurações ósseas. Úlceras que sangram facilmente,
supuram muito e tardam em cicatrizar. Trajectos fistulosos. Varicela. Varíola. Suores
abundantes.
Coriza crónica. Catarros de repetição. Ozena. Asma crónica. Bronquite aguda e
crónica. Laringite aguda. Laringite crónica. Laringite estridulosa. Abcessos do pulmão.
Pleurisia purulenta. Pneumonia em terceiro grau com abcesso.
Amigdalite. Catarro da trompa de eustáquio. Aftas. Muguet. Apendicite, para
ajudar a drenar o abcesso já aberto cirúrgicamente. Diarreia infantil azeda ou lientérica.
Diarreia purulenta (abcessos intestinais). Diarreia crónica. Disenteria bacilar. Disenteria
amibiana (6 C alternando com 30 C, elimina o parasita por modificação do meio e
estímulo do esforço de expulsão e depois fecha as úlceras do intestino). Abcesso
hepático. (30 C se não foi operado; a 6 C é perigosa porque podia provocar uma
abertura do peritóneo com todos os seus riscos). Peritonite supurada (bom auxiliar
depois da intervenção cirúrgica). Salivação provocada por mercuriales. (considera-se ao
Hepar sulphur calcareum o melhor antídoto da intoxicação mercurial crónica).
Cistite crónica supurada. Pielonefrite supurada. Hematúria.
Blenorragia na mulher com bartolinite. Abcesso dos lábios.
Endometrite supurada. Vulvo-vaginite supurada. Mastite (depois de Belladonna).
Blefarite aguda supurada. Fístula lacrimal. Dacrocistite. Irite difusa. Queratite
intersticial. Oftalmia purulenta.
Otorreia seguida de cáries dos ossinhos. (6 C alternando com a 30 C).
Profilaxia das cáries dos ossinhos ou dos mastóides. mastoidite aguda ou crónica.

136
GRUPO E

SILICEA TERRA

1. SINÒNIMOS:

Sílica. Sílex. Sílica terra. Quartzo. Cristal de rocha. Pedernal puro. Pedra branca
descarbonizada. Anidrido silício. Bióxido de silício.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Silicea terra é um composto de silício, muito abundante na natureza sob a


forma de grande número de variedades minerais, entre as que assinalaremos o cristal de
rocha, o quartzo, o Ónix, a Ágata, a Opala, etc.
a variedade que se obtém no laboratórios é o ácido metasilício obtido sob a
forma de um precipitado gelatinoso, tratando um silicato alcalino como o silicato de
sódio, por um ácido, de preferência o ácido clorídrico. Fórmula H2SiO3.
Preparação homeopática: prepara-se por trituração conforme a sétima regra. Para
facilitar esta desidrata-se o ácido metasilício ou silício hidratado, mediante a calcinação
até ao vermelho, com o qual se obtém um pó branco, áspero ao tacto, insolúvel na água
e sem odor nem sabor.
Antecedentes de emprego: desde a época de Galeno fala-se da Silicea terra como
um desencante, sem conceder-lhe nenhuma outra propriedade de aplicação médica. Na
Escola Homeopática pertence o mérito de tê-la introduzido, com propriedades muito
energéticas em doses infinitesimais.
Experimentação homeopática: o Dr. Hahnemann efectuou a primeira
Experimentação Pura e consignou a sua Patogenesia no tratado das doenças crónicas.
Esta Patogenesia original pode encontrar-se também transcrita no Diário Britânico de
Homeopatia, Vol. XXVIII, e Dr. Schussler voltou a fazer um estudo dela com um dos
medicamentos bioquímicos no seu livro “Os doze remédios dos tecidos”

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Marcada é a acção deste medicamento sobre o tecido ósseo, o tecido conjuntivo, a pele,
o sistema linfático e o sistema nervoso cérebro-espinal.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

o trióxido de silício entra nas pequenas quantidades na constituição do tecido ósseo, do


tecido conjuntivo, da pele, dos dentes, unhas e cabelos, daí que a sua carência ou o seu
excesso afecte necessariamente a estes tecidos e órgãos, debilitando-se no primeiro
caso, inflamando-os no segundo e no tecido conjuntivo terminando esta inflamação por
esclerose.
O trióxido de silício dá solidez, consistência e ainda rigidez a certos tecidos que
necessitam e a sua carência causa o amolecimento, como ocorre com a carência do
carbonato, do fosfato e do flúor de cálcio, mas que é mais acentuado na Silicea.

137
Disse Schussler: “a pobreza em salicilatos determina a atrofia dos tecidos,
principalmente do tecido conjuntivo e uma diminuição da sua resistência; a absorção de
salicilatos aumenta a actividade funcional”.
“A propriedade mais importante da Silicea – disse Farrington – reside nas
modificações da nutrição que provoca esta substância. Entendendo-se que estas
modificações sobrevêm mais ou menos na idade do crescimento que na adulta...trata-se
– continua Farrington – de uma criança incompletamente nutrida, não a causa das
qualidades defeituosas do alimento, se não por defeitos na assimilação. A cabeça é
muito maior, as fontanelas, a anterior sobretudo, permanecem abertas, o corpo é
miserável e enfraquecido, excepto o abdómen que está exageradamente convexo, como
se vê com frequência nos pequenos escrofulosos. As partes fibrosas das articulações
estão inflamadas, tumefactas ou ulceradas o que dá a estas, principalmente nas crianças,
aspecto nodoso”.
Mas a debilidade não só afecta os tecidos fibrosos e ósseos, mas, a causa da
desnutrição, toca também ao sistema nervoso e produz uma forma de esgotamento
nervosos crónico que começa por grande irritabilidade, para produzir depois a
diminuição da sensibilidade e da mobilidade, o que pode chegar até à paresia e à
diminuição das secreções. O efeito parético unido à perda de consistência nos tecidos,
que se fizeram relaxados, pode produzir, como se vê com frequência nos tipos de
Silicea, dilatação gástrica, distensão abdominal com atonia e dilatação cardíaca.
Além disso, os tecidos debilitados, pouco resistentes, desvitalizados, são presa fácil
dos germes patogénicos e sobrevem a infecção e a supuração em qualquer parte do
organismo, mas com um carácter específico: lentidão para formar o pus e lentidão para
terminar. O que mostra escassa reacção orgânica: daí que seja a Silicea um excelente
medicamento da supuração crónica .
Em poucas palavras podia-se dizer: “ A Silicea é um desmineralizado, débil,
relaxante, frio e supurante”.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Desde logo é um medicamento constitucional por excelência. A sua imagem


morfológica a dão crianças linfáticas, debilitadas, raquíticas, com a cabeça grande e as
fontanelas abertas (Calcarea carbonica – Calcarea phosphorica) o tórax e os membros
muito delgados e o ventre distendido e convexo por inflamação do mesentério e às
vezes do peritónio (tuberculose). A pele é de cor de terra e está seca e enrugada:
“crianças com aspecto de velhos” (Lycopodium clavatum – Argentum nitricum).
Adultos largos, delgados, de pele fina e seca, rosto demarcado, pálido, terroso;
lábios secos e gretados (Bryonia alba – Graphites – Petroleum); mãos húmidas e frias,
com unhas quebradiças e salpicadas de manchas brancas; músculos relaxados. Além
disso grande debilidade geral e perda do calor vital.
As crianças e os adultos apresentam frequentemente adenites ganglionares,
abcessos tórpidos, úlceras ou fístulas e uma marcada tendência à supuração crónica.

B) NEURO-PSICO--ENDÓCRINO:
O sistema nervoso cérebro-espinal sofre de esgotamento, dando o tipo asténico irritável
e parético. O sistema glandular endócrino é deficiente, marcando-se mais esta
deficiência no timo, tiróides e paratiróides.

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A energia moral está perdida: o indivíduo é tímido, medroso, ansioso; estremece
ao menor ruído (Nux vomica); está melancólico, taciturno, desanima-se e acobarda-se e
facilmente chega a desesperar-se, sentindo então desgosto da vida e tendência ao
suicídio.
A energia moral está excitada e a mente desviada: irrita-se facilmente (Nux
vomica – Lycopodium clavatum). Está de mau humor, inquieto, agitado. Crianças
obstinados e teimosas que gritam ainda que se lhes fale com doçura (Iodum
metallicum). Adultos com ideias fixas, que não pensam mais do que em alfinetes,
temem-nos, procuram-nos e contam-nos por todas as partes. Estranha combinação de
agarofobia e aritmomania que em Silicea é revelante.
A energia mental está esgotada: há preguiça mental, ler e falar o cansam, não
pode pensar nem fixar a atenção, qualquer trabalho intelectual o repugna. (Phosphorus).

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Enfraquecimento por falta de assimilação;


2. Debilidade física e mental;
3. Hiperestesia nervosa;
4. Grande sensibilidade ao frio e constipação marcada.
5. Tendência à supuração crónica.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela manhã. Na lua cheia.(Calcarea carbonica).


DE SÍTIO E CLIMA: pelo frio; desabrigando-se. Ao ar livre. No Inverno.
DE POSIÇÃO: estando encostado.
FISIOLÓGICAS: durante as regras (Actaea racemosa).

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor. Abrigando-se, principalmente a cabeça.


Durante o verão.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência irresistível durante o dia. Sono agitado, com insónias terríveis que o
fazem gritar. Insónia com grande afluência de ideias (Nux vomica ). Levanta-se à noite,
especialmente passadas a meia noite, passeia dormindo tranquilamente e volta a
encostar-se (Sonambulismo). (Kali bromatum).
FEBRE: calafrios constantes ainda fazendo exercício, ou numa habitação quente e que
atravessam todo o corpo.
Febre éctica com suores abundantes e de odor repugnante, até à madrugada.
CABEÇA: vertigem ao virar até cima (Pulsatilla nigricans), com sensação de cair para
trás. (por olhar para baixo: Spigelia antihelmia – Kalmia latifolia). Cefaleia que começa
na nuca, sobe à região occipital, acima da cabeça e fixa-se sobre um olho, geralmente o
direito (sobre os dois olhos: Gelsemium sempervirens; sobre o olho esquerdo: Spigelia

139
antihelmia). Esta dor obriga a ter os olhos fechados e agrava-se pela menor corrente de
ar, pelo ruído, pela luz, pela fadiga mental e pelo movimento, e melhora envolvendo a
cabeça para aquecê-la. (Magnesia muriatica).(melhora pressionando-se fortemente:
Gelsemium sempervirens – Argentum nitricum. Ou por uma micção abundante:
Gelsemium – Phosphoric acidum – Lachesis trigonocephallus).
O couro cabeludo dói ao tocar-lhe. Suores abundantes na cabeça.
FACE: enrugada, pálida, terrosa, demarcada (aspecto de velho).
OLHOS: treçolhos. Inflamação do conduto lacrimal. Fístula lacrimal. Abcessos da
córnea. Irites e iridio-coróidites com pus na câmara anterior ao olho (hipopopion: Hepar
sulphur calcareum). Cataratas.
Transtornos da visão: as letras deslocam-se diante dos olhos ao ler, sobretudo depois de
ter sofrido uma cefaleia. (antes: Gelsemium sempervirens). À luz do dia molesta e
deslumbra.
OUVIDOS: eczema líquido sobre o pavilhão dos ouvidos. (atrás: Graphites –
Petroleum).
Otorreia em que o corrimento é fétido e há dor aguda e surdez. Otite média em que o
pus fica aquoso e crónico, depois de empregar Hepar sulphur calcareum.
Mastoidite que podem chegar às cáries das apófises mastoideias.
Estrema sensibilidade ao ruído (Nux vomica). Dificuldade para entender a voz humana.
DIGESTIVO – BOCA: lábios secos e gretados. Ulceração das comissuras (Nitricum
acidum). Odontalgia com dores lancinantes, agravadas pelas bebidas quentes.
Gengivas inflamadas dolorosas e muito sensíveis à água fria.
Abcessos na raiz dos dentes. Piorreia.
Sensação de ter um cabelo na parte anterior da língua (Natrum muriaticum). (na parte
posterior: Kali bichromicum).
FARINGE: hipertrofia crónica das amígdalas. Amigdalite de repetição com tendência a
supurar e que sobrevem ao menor esfriamento. Sensação de picada, como pôr uma
agulha nas amígdalas (Hepar sulphur), sobretudo à esquerda (Lachesis
trigonocephallus), com dores no colo e adenopatia cervical.
Inflamação das glândulas sub-maxilares e parótidas.
Paralisia do gosto do paladar: os alimentos são expelidos pelo nariz.
ESTÔMAGO: sede intensa e perda do apetite. Aversão marcada pelos alimentos
quentes e desejos de coisas frias. Aversão pelo leite, que causa diarreia. Vómitos depois
de beber ou ingerir os alimentos quentes (Phosphorus).
ABDÓMEN: distendido, duro. (nas crianças geralmente por inflamação do
mesentério). Abcessos do fígado.
RECTO E ANUS: o recto está parético. Gretas no anus com espasmos do esfíncter:
(Nitric acidum). Fístula anal (Nitricum acidum). Esta fístula é frequente nos
tuberculosos.
EVACUAÇÕES: é mais um obstipado que um diarreico, sendo as evacuações com
desejos frequentes e ineficazes (Nux vomica – Lycopodium clavatum). As fezes são
duras e secas (Bryonia alba), necessitando de grandes esforços para defecar, como se o
recto estivesse paralisado. As fezes expulsas parcialmente, voltam a subir no recto.
(Opium – Sanicula – Thuya occidentalis). Diz Pierce: “há duas razões principais para a
obstipação de Silicea: uma é a falta de poder expulsivo, a outra, a irritabilidade ou o
espasmo do esfíncter pelo que as fezes saídas parcialmente vêem-se obrigadas a
retroceder. Os pacientes fazem um esforço tão grande que os músculos abdominais
ficam doloridos e deformados, até que ao fim, quando parece ter êxito, a constrição do
anus nulifica todos os seus esforços”.

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URINÁRIO: incontinência nocturna em crianças (enurese) que tem vermes intestinais.
(Equisetum hiemale).
Supuração das vias urinárias. Urina purulenta.
Trajecto fistuloso da bexiga ou da vulva ou da bexiga à pele do abdómen, esta última
forma geralmente depois da “talha suprapúbica”.
GENITAIS MASCULINOS: espermatorreia crónica nocturna. Emissão do líquido
prostático a cada defecação ou micção. Grande debilidade depois do coito
(Phosphoricum acidum).
Gonorreia crónica com pus fétido e espesso, e testículos duros.
Eczema do escroto que se estende aos músculos.
GENITAIS FEMININOS: abcessos dos lábios da vulva. (Hepar sulphur). Regras
adiantadas ou atrasadas, mas sempre abundantes, com sensação de frio glacial em todo
o corpo. Obstipação depois das regras.
Leucorreia leitosa (Calcarea carbonica – Pulsatilla nigricans – Sepia officinalis)
purulenta e irritante.
Úlceras nos mamilos. Úlceras postulosas nos seios. Abcessos crónicos do seio.
O leite materno é tão mau que as crianças recusam-no, e vomitam tão depressa como o
mamam e, se o ingerem, produzes-lhe diarreia.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: coriza alternativamente fluida e seca, muito tenaz. Coriza
crónica com ulceração e corrimento purulento e fétido, com odor a carne decomposta.
Coriza com o menor frio. (Hepar sulphur). Coriza de repetição. Crostas secas que
sangram ao soltarem-se.
Cáries dos ossos do nariz; perfuração da membrana divisória. Ozena.
LARINGE: rouquidão crónica. Tosse seca que sacode o corpo, sufocante, que dura
horas inteiras sem interrupção e que provoca às vezes o vómito. Tosse com
expectoração de pequenos glóbulos amarelos-verdosos, muito fétidos. Tosse com
expectoração de escarros purulentos, volumosos e espessos, com sensação de
esfolamento na traqueia. (sensação de esfoladela na laringe e faringe: Causticum).
PULMÕES: sensação de debilidade no peito (Stannum metallicum). Dispneia com
opressão ao menor exercício. Bronquite crónica com tendência à supuração. Broncorreia
dos velhotes, com expectoração fétida. ( Stannum metallicum – Mercurius vivus).
Pneumonias com supuração. Abcessos do pulmão. Pleurisia purulenta. Prê-tuberculose
cavitária, mas sobretudo tuberculose fibrosa. Silicose.
COLUNA: cáries das vértebras. Mal de Pott. Dores no cóccix ao levantar-se.
MEMBROS SUPERIORES: debilidade parética do braço, antebraço e mão.
Adormecimento nocturno dos dedos. Cãibras ao escrever.
Suores abundantes. Pontas dos dedos gretadas (Petroleum - Graphites). inflamação
flegmonosa situada perto das unhas. Unhas rugosas, acizentadas, sujas, com manchas
brancas; unhas quebradiças (Antimonium crudum – Graphites – Thuya occidentalis).
MEMBROS INFERIORES: debilidade parética das pernas. Tensão, contracção e
cãibras na barriga das pernas. Cãibras nos pés.
Planta dos pés dolorosa (Antimonium crudum – Medorrhinum – Ruta graveolens –
Cedron).
Sensação como se a ponta dos dedos fosse supurar, como se tivesse uma espinha
fundida na carne (Hepar sulphur – Nitricum acidum).
Frio glacial nos pés com abundantes transpirações de odor fétido e escoriações nos
dedos.
Unhas deformadas, amarelas, quebradiças, frágeis e com manchas brancas. Unhas
encarnadas (Antimonium crudum – Graphites).
Cáries da tíbia. Fístulas da medula óssea à pele. Osteomielite; necroses.

141
PELE: pálida, serosa, enrugada, enfermiza, com tendência à supuração crónica. A mais
pequena ferida supura (Hepar sulphur – Graphites).
Abcessos que supuram mal e tendem a fistulizar-se. Furúnculos de repetição. Úlceras
velhas com fístulas persistentes de bordos elevados e esponjosos e que dão dores
lancinantes e ardorosas.
Hipertrofias ganglionares com tendência à supuração. Os gânglios uma vez que
supuram e se abrem, eternizam-se dando pus.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

30 C – 60 C – 200 C – Mc – 6 LM.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Abcessos em geral. Abcessos dentários, abcessos lacrimais, abcessos do fígado,


adenopatias com tendência a supurar. Furunculoses. Antrax depois da sua abertura.
Supuração crónica. Fístula e trajectos fistulosos em geral.
Caquexia, remédio capital. Raquitismo. Frieiras.
Glosite que ameaça supurar. Paralisia do gosto do paladar. Amigdalite de
repetição. Parotidite. Piorreia. Abcessos dentários. Dispepsia. Obstipação tenaz.
Asma crónica. Bronquite crónica. Pleurisia purulenta. Tuberculose aberta.
Tuberculose fibrosa. Pretuberculose. Silicose.
Pericardite supurada. Arteriosclerose.
Debilidade depois do coito. Espermatorreia. Impotência. Orquite. Abcessos da
vulva. Abcessos dos seios.
Incontinência da urina nocturna. Enurese. Nefrite supurada. Fístula vesico-
vulvar ou vesico-dérmica.
Ataxia locomotora. Cãibras dos escrivães (Gelsemium sempervirens). Epilepsia.
Mielite crónica. Paresias. Paralisia. Esclerose da medula.
Debilidade e preguiça mental. Melancolia. Hipocondria. Mania aguda.
Blefarite aguda. Catarata no princípio. Glaucoma. Dacrocistite supurada.
Desprendimento da retina. Queratite intersticial.
Furunculose do canal auditivo. Esclerose dos ossinhos. Dureza do ouvido.
Surdez nervosa. Cáries dos mastóides.
Artrite deformante. Gota crónica. Coxalgia. Osteíte. Periostite supurada.
Cáries ósseas (vértebras, tíbia). Osteomalacia, osteomielite. Tuberculose óssea.
Mal de Pott. Tumor branco.
Eczema crónico. Herpes – prurido crónico. Prurido senil. Erisipela flegmonosa.
Pele doente. Inflamação flegmonosa situada perto das unhas. Gretas e fissuras. Úlceras
velhas. Furunculoses. Unhas deformadas. Unhas quebradiças, esfoladas. Unhas
encarnadas. Suores profusos e fétidos. Suores fétidos dos pés.

142
GRUPO E

SULPHUR

1. SINÒNIMOS:

Enxofre. Flor de enxofre. Símbolo: S.

2. GENERALIDADES:

Origem: O Sulphur é um corpo simples da família dos metais. O seu símbolo químico é
“ S “.
Em estado livre encontra-se na natureza nos vulcões, nas rochas sedimentadas,
no cal e no gesso, etc. Unido ao oxigénio forma o bióxido de enxofre ou anidrido
sulfuroso, e unido ao hidrogénio forma o hidrogénio sulfurado; unido aos metais forma
sulfurados naturais como por exemplo: a pirita, o sulfurato de ferro; ou sulfatos como o
sulfato de cobre. É muito abundante como constituinte da matéria orgânica.

Preparação homeopática: pode preparar-se a tintura da flor de enxofre em álcool,


ou bem o concentrado sólido mediante a trituração da flor de enxofre em açúcar de leite
pela sétima regra.
Antecedentes de emprego: o seu emprego na medicina remonta ao princípio da Era
Cristã, ainda que, como depurativo era já utilizado quase dois mil anos Antes de Cristo.
Na bíblia afirma-se o seu conhecimento antiquíssimo quando diz que: “ ... o Senhor fez
chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo “.
Mais recentemente e ainda nos nossos dias, a medicina Galénica emprega-o em
múltiplas aplicações, mas principalmente na parte externa contra as doenças da pele –
causando desastrosas remissões, como o afirma e demonstra a Homeopatia – ou na parte
interna como purgante, flogístico ou anti.reumático.
Experimentação homeopática: foi experimentado pela primeira vez pelo Dr.
Hahnemann e a sua primeira Patogenesia, que continha 151 sintomas, foi publicado no
Tratado de Doenças crónicas. Na última edição deste livro já aparece Sulphur com 1969
sintomas. A Sociedade Homeopática Austríaca empreendeu a re-experimentação deste
medicamento em 1857, confirmando a sintomatologia encontrada por Hahnemann e
aumentando-a a um total de 4083 sintomas, que é como aparece na Enciclopédia de
Allen.
A Patogenesia também encontra-se consignada na Matéria Médica Pura, na
Matéria Médica de Hertlaub e Trinks e no Diário Britânico de Homeopatia volumes XV
e XVI.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

Todo o organismo entra na sua esfera de acção: “ Difícil seria encontrar uma parte do
corpo sobre a qual o enxofre não actue “, disse Sieffert. Mas a sua selecção marca-se
mais, no entanto na pele, nas mucosas e no sistema nervoso.

143
4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

A grande actividade fisiológica e fisiopatológica que mostra o enxofre, não totalmente


clara nos seus mecanismos, faz desta substância um dos mais amplos, mais profundos e
mais úteis medicamentos da Farmacodinâmica Homeopática. Localmente excita a pele e
as mucosas podendo irritá-las. Nas mucosas, especialmente as respiratórias, produz
intensa congestão que pode chegar à hemorragia, daí as hemoptises que o enxofre pode
produzir.
O enxofre atravessa o tubo digestivo sem se modificar, mas sempre uma
pequena parte dá nascimento ao hidrogénio sulfurado que se elimina pelos pulmões e
pela pele, congestionando aqueles e inflamando esta. Se o nível de hidrogénio sulfurado
no sangue é considerável, sobrevem a intoxicação mortal. Outra pequena parte do
enxofre ingerido dá nascimento a sulfuratos alcalinos, cuja acção é purgante. O enxofre
por si ou pelos compostos a que pode dar lugar é capaz de produzir gastroenterites.
Em determinadas circunstâncias anormais, pode dar origem a pequeníssimas
quantidades de ácido sulfúrico, com as conseguintes, graves e molestas consequências
irritantes e ainda cáusticas e necrosantes que essa substância produz, sobretudo nas
mucosas e na pele.
É reconhecida, desde à muito tempo, a sua acção sobre a circulação, a qual, em
doses ponderais, retarda actuando sobre os vasos motores dos capilares venosos, dali a
produção de estases venosas, principalmente no território porta; e em doses menores
acelera-a, congestionando agora convulsões activas. É por este mecanismo circulatório
que o enxofre é o grande catalisador e drenador que materialmente move as toxinas
endógenas e exógenas até os emunctórios, incluindo a pele, e até as mucosas. Diz-se
que é o “ grande centrifugador ... que leva todos os males à superfície “.
Influi grandemente no metabolismo em geral através dos aminoácidos
sulfurados, como a Cistina, a Cisteína e o tripéptido glutation que contém Cisteína,
glicina e ácido glutâmico; tripéptido do qual são particularmente ricas as glândulas
supra-renais e através do qual intervém o enxofre nos fenómenos de redução e de óxido
redução celular que, sem ele, não seriam possíveis e que tão importantes são para
diversas fases metabólicas e para a desintoxicação do organismo pelos mecanismos de
sulfuração e sulfunação.
Barron e Singer, fisiólogos modernos, explicam que o Glutation ( e muito
provavelmente pelo enxofre que contem ) “ desempenha a interessante função de
assegurar a conservação da actividade enzimática, das numerosas enzimas que contêm o
radical sulfidrilo na proporção proteica da sua molécula, ou seja, o –SH. A actividade
das enzimas depende da manutenção do grupo sulfidrilo no estado reduzido, o que é
assegurado pela presença do glutation “. já ao falar da acção fisiológica e fisiopatológica
do Arsenicum album, no seu substrato bioquímico, tínhamos dito que: “ ... aceita-se
hoje que os arsenicais exercem as suas acções no organismo por combinação do
arsénico com os grupos sulfidrilos (-SH) das enzimas orgânicas catalisadoras, essenciais
para os processos metabólicos celulares, especialmente os que intervêm nas oxidações
dos tecidos. Nesta forma as enzimas e por conseguinte as oxidações celulares,
permanecem detidas, inibidas, o mesmo que as actuações metabólicas e a lise dos
tecidos não se faz esperar “. e aqui posta em manifesto a acção relevante do enxofre ao
actuar através das enzimas orgânicas catalisadoras e na sua ausência há anulação, como
no caso do arsénico, ao destruir o –SH, determinam finalmente o fim das oxidações e
das necroses dos tecidos.

144
Vê-se como o enxofre pode produzir estímulo ou retardamento do metabolismo
e da nutrição e também intoxicação aguda, grave ou crónica e assim mesmo
desintoxicação imediata, segundo sejam as doses.
Todos estes medicamentos podem invocar para explicar esta outra propriedade
terapêutica do enxofre que o faz o mais apreciado “ Medicamento Intercorrente “,
referimo-nos ao facto que desperta as reacções do doente, quando este parece ter
perdido o seu poder reaccional e assim os sintomas surgem e manifestam-se claramente,
como se desmascarasse o mal latente e oculto de um organismo débil ou retardado a
nível do sistema nervoso e glandularmente por sobrecarga de toxinas.
Finalmente reconhece-se ao enxofre a acção fungicida e bactericida, a primeira
dependendo, segundo alguns autores, da presença de bióxido de enxofre (SO2), e
segundo outros de hidrogénio sulfurado (H2S) e ainda de ácido sulfúrico (H2SO4); e a
Segunda desenvolvida ao máximo pelos sulfuratos e sobretudo dos derivados do
enxofre da série aromática, tais como as sulfamidas.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Grande medicamento constitucional que tem acentuados carácteres físicos que podem
apresentar dois aspectos: o correspondente ao tipo fraco e o próprio do tipo gordo. O
primeiro é geralmente alto, de ombros caídos, encurvado, que caminha como um idoso,
quando pára, não suporta a posição de pé; e na verdade está profundamente intoxicado.
Tão insuportável é a posição vertical, que se não encontra um assento prefere andar,
apesar da sua fadiga.
O tipo gordo é um indivíduo “barrigudo“, “vermelho, arquejante, tipo de
abarrotado ou dono de talho“, diz Charette, que igualmente está muito cansado e não
suporta a posição de pé.
Os dois são de rosto vermelho, às vezes até púrpuro ou cor de vinho, mas em
ocasiões a tez do rosto é amarelada e suja com o enrugamento circunscrito nas
bochechas.
Todos os orifícios do corpo têm as suas mucosas avermelhadas, assim vê-se a
borda livre das pálpebras, narizes, lábios, anus e conduto urinário, igualmente o
pavilhão dos ouvidos, todos eles mas especialmente os últimos citados parecem cheios
de sangue com pressão, como se fosse a brotar; e por todos correm escorrimentos:
lágrimas, mucorreia, coriza, otorreia, leucorreia, diarreia; escorrimentos que são sempre
ardentes e fétidos (Mercurius vivus e Mercurius solubilis). Todas estas excreções “são
devido ao esforço eliminador do organismo pelas mucosas“ afirma Charette.
O rosto, além disso, é gorduroso e tem borbulhas e espinhas. A pele é oleosa e
com caspa. Tudo isto dá ao sujeito um aspecto sujo, que igualmente se encontra nas
suas roupas, sujidade esta que parece não repugná-lo.
A pele é áspera, escamosa, com crostas, com diversas erupções, predominando o
acne, o eczema e os furúnculos. Essas erupções são muito pruriginosas e o esfregaço só
as alivia momentaneamente. Do corpo em geral sai um mau odor (Mercurius vivus),
devido ao suor fétido já que o indivíduo tem horror à água, sobretudo a água fria e
portanto, não gosta de tomar banho ficando este cheiro.

145
B) NEURO- PSICO-ENDÓCRINO:

Trata-se de um sujeito que por igual e alternativamente é hipoparasimpático ou


hiposimpático, de maneira que isto faz nele possamos encontrar, no primeiro caso,
predomínio do simpático, e no segundo predomínio do parasimpático.
É evidente uma insuficiência glandular que cerca a hipófise, as supra-renais, os
ovários e os testículos, glândulas que não escapam à intoxicação geral cuja disfunção
estabelecida agrava ainda mais a intoxicação. Somente uma glândula é, pelo contrário,
suficiente e ainda mais que suficiente: a tiróide; de modo que em Sulphur há
hipertireoidismo, o que se pode reconhecer em muitos dos sintomas que se verão
depois. Trata-se pois de um hipo-pituitário, hipo-suprarenal, e hipo-genital, mas
hipertireoideo.
Sulphur é uma pessoa irritável em graus diferentes, segundo as características e a
hora. Vivamente impressionável, mas que acalma com rapidez, chegando às vezes a
estar demasiado calmo; variedade e irritabilidade estão ligadas ao hipertireoidismo.
É egoísta, os outros importam-lhe pouco. Falta de resolução e é preguiçoso, ao grau de
permanecer sentado durante horas, ainda quando tenha muito que fazer; sente-se
fatigado, cansado e tem um verdadeiro horror ao movimento. Vê-se claro aqui a
insuficiência supra-renal.
“Mostra uma espécie de euforia orgulhosa“, criando uma grande possessão de
ideias e de imensas concepções; é imaginativo, tudo o que deseja parece-lhe belo, os
mesmos farrapos parecem-lhe formosos vestidos. Além disso sente atracção para as
especulações e meditações religiosas e filosóficas. Tudo isto, sem dúvida, obedece à
sobreactividade da circulação cerebral. Tal atitude mental, junto com o descuido e
sujidade da sua pessoa e vestimentas, ganhou o qualificativo de “Filósofo maltrapilho “.
Alternam-se com esta euforia congestiva, períodos de abatimento, durante os
quais debilidade mental, dificuldade para compreender e associar as ideias, perda de
memória, esquecendo todos os seus nomes próprios; grande influência de ideias
desagradáveis e melancolia, com inquietude pela sua salvação eterna. Esta frase de
abatimento apresenta-se nas épocas de insuficiência pluri-glandular que assinalámos
anteriormente.
Se analisarmos estes carácteres psicopáticos desde o ponto de vista psiquiátrico
vê-se, de imediato o predomínio de uma personalidade esquizóide com muitas
probabilidades de chegar à esquizofrenia. Todos eles são típicos do princípio desta
psico-neurose ou do sofrimento já estabelecido, mas um deles é muito característico e
quase sempre se apresenta, tal como o descreveu Noyes na sua Psiquiatria Clinica
Moderna:
“Durante as primeiras etapas da esquizofrenia o paciente envolve-se menos em
especulações abstractas, reflexões metafísicas, temas como a criação do mundo; dúvidas
religiosas, misticismos e problemas sem significado“.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Impossibilidade de estar de pé.


2. Muito fatigado, sobretudo pela manhã.

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3. Brusca sensação de debilidade, verdadeiro desfalecimento com fome canina, às 11
da manhã.
4. Dores e sofrimentos que reaparecem continuamente.
5. Dores queimantes, ardorosas, em várias partes do corpo. (Arsenicum album).
6. Comichões e calor ardente na pele. (Arsenicum album).
7. Secreções e excreções irritantes.
8. Necessidade de ar fresco, mas um verdadeiro horror à água, especialmente ao
banho.
9. Congestões locais.
10. Enrugamento de todos os orifícios naturais.
11. Alternância de erupções com outros sofrimentos.
12. Alternância e periodicidade. (Arsenicum album).
13. Crê em possessões de imensas concepções e ideias grandiosas.
14. Permanece sentado durante horas inteiras, ainda quando tenha muito que fazer.
15. Sente atracção para as especulações e meditações religiosas e filosóficas.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: às 11 da manhã, hora por excelência para que os maus estares de Sulphur,
especialmente os gástricos, se agravem pela noite. Periodicamente.
DE SÍTIO E CLIMA: pela mudança de tempo. Pelo calor do leito.
DE POSIÇÃO: pelo repouso. Permanecendo de pé.
FISIOLÓGICAS: por lavar-se e ao tomar banho. Pelos estimulantes. Pela supressão de
erupções, suores ou diarreias.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo tempo seco e quente.


DE POSIÇÃO: estando encostado sobre o lado direito. Caminhando.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sono muito ligeiro, ao menor ruído desperta: “Sono de Gato“. sono agitado
porque o calor do leito o molesta, o agrava e assim busca constantemente um lugar
fresco na cama.
FEBRE: calafrios e febre com falta de reacção do doente que está estupefacto e
abatido. Calor ardente em todo o corpo com sede ardente.
Suores ácidos irritantes e de mau odor (Mercurius vivus).
Febres eruptivas, principalmente se a erupção tarda em brotar ou se foi interrompida.
CABEÇA: calor e ardor em cima da cabeça: “cabeça quente e pés frios”.
Cefaleia congestiva com calor e pulsações. Enxaqueca periódica que ocorre cada oito
dias, quinze dias ou cada mês, piora pela manhã (Bryonia alba – Arsenicum
muriaticum) e pelo trabalho intelectual (Nux vomica – Natrum muriaticum).
FACE: aspecto sujo e adoentado. Espinhas e borbulhas.
OLHOS: enrugamento e tumefacção da borda ciliar e das pálpebras que de manhã
aparecem juntos.
Conjuntivas vermelhas e ardorosas, com grande prurido e secura. Lágrimas ardorosas,
pioram pela manhã. Ardor ao ler. Dor picante dos globos oculares, como se fossem
provocados por alfinetes ou lascas.

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Fadiga da vista. Escurecimento como se tivesse um véu diante dos olhos. pontos negros,
“ moscas voadoras “. Aureola ao redor de todo o foco luminoso (Phosphorus).
OUVIDOS: rubor ardente nos pavilhões auriculares.
Saída de secreção ardente e fétida.
Zumbidos e repicamento.
DIGESTIVO – BOCA: lábios secos e ardorosos de cor vermelho vivo. Mau hálito
depois das refeições.
Língua esbranquiçada na porção média, mas muito vermelha na ponta e nas bordas.
Gosto amargo na cama ao despertar (Bryonia alba).
FARINGE: rubor, ardor e secura na garganta. Angina, primeiro a direita e depois a
esquerda (Lycopodium clavatum).
ESTÔMAGO: desejo de alimentos açucarados (Argentum nitricum – Lycopodium
clavatum). Grande desejo de álcool e de estimulantes. O leite é mal suportado, produz
impedimento e é vomitado em coágulos (Aethusa cynapium).
Sensação brusca de debilidade, de desfalecimento e de vacuidade no estômago às 11 da
manhã devendo comer algo no acto.
Aumento do apetite, enorme (Calcarea carbonica – Iodatum metallicum – Lycopodium
clavatum – Phosphorus – China).
Bebe muito e come pouco, isto ocorre porque apesar do grande apetite perde-o enquanto
vê os alimentos (Arsenicum album – Colchicum antumale), ou se enche enquanto
começa a comer (Lycopodium clavatum).
Arrotos ácidos, pútridos, ardorosos. Extrema acidez estomacal que chega à pirose. (Nux
vomica – Lycopodium clavatum – Iris versicolor – Natrum phosphoricum).
Vomita na noite os alimentos que ingeriu ao meio dia.
ABDÓMEN: abdómen quente, ardoroso e distendido, Borborigmos constantes,
expulsão de gases com odor a hidrogénio sulfurado (a ovos podres). Sobretudo na noite.
Sensação como se tivesse alguma coisa viva no ventre. (Thuya occidentalis).
RECTO E ANUS: o anus está vermelho e escoriado, com muito ardor, picadas e
prurido. Erupção perianal muito pruriginosa.
Hemorróidas com sensação de pressão, de ferida e picadas; ardor e prurido (Aesculus
hipocastanum – Nitric acidum – Ratania).
Hemorróidas que ressumam e sangram.
EVACUAÇÕES: diarreia urgente, imperiosa, às cinco ou seis da manhã, que obriga o
doente a sair rapidamente da cama.
As fezes neste caso, são líquidas, amarelas e muito fétidas. Obstipação com desejos
frequentes e ineficazes. (Nux vomica – Lycopodium clavatum), sendo as fezes duras,
secas, em pequenos pedaços, fétidas e expulsadas a cada dois ou três dias com dor no
recto.
URINÁRIO: o conduto urinário está vermelho, ardoroso e com prurido.
Necessidade constante e imperiosa de urinar, piora pela noite. Ardor ao urinar.
A urina é turva e com película gordurosa. (Phosphorus). (Pancreatite).
GENITAIS MASCULINOS: impotência: pénis pequeno, frouxo e relaxado.
Relaxamento completo do escroto, os testículos penduram-se (Varicocele), prurido no
escroto, agravado pelo calor da cama.
GENITAIS FEMININOS: erupção com comichão, ardor e secura ao redor dos
grandes lábios na vagina, tanto que a doente não pode sentar-se e piora com o calor da
cama.
Regras retardadas, geralmente abundantes, ainda que às vezes são insignificantes, sendo
o sangue negro, espesso e irritante.

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Antes das regras: cefaleia. Durante as regras: abdómen distendido e obstipação. Regras
insuficientes com ondas de calor e fenómenos congestivos: período pré-menopausico.
Leucorreia abundante, amarelada, ardente e escoriante.
Seios gretados, vermelhos, com grande comichão.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: turgente, inflamado, com as fossas nasais vermelhas e
com crostas.
Coriza crónica com crostas secas de mau odor (Pulsatilla nigricans – Mercurius vivus –
Graphites).coriza seca e obstrução nasal que alterna com coriza fluente de corrimento
ceroso e ardente (Arsenicum iodatum).
Odores imaginários como de enxofre, resina, sabão ou materiais fecais.
LARINGE: tosse breve, seca de noite e húmida de dia, com expectoração de odor tão
fétido que o paciente logo percebe.
TÓRAX E PULMÕES: opressão com desejos de estar ao ar livre e de ter as janelas
abertas. Sensação de peso intenso sobre o peito com dispneia e ansiedade. Sensação de
debilidade no peito, que se agrava quando fala (Stanum metallicum – Phosphorus –
Tuberculinum) e quando se encosta.
Congestão pulmonar. Sensação de picadas na parte superior esquerda do peito, que
irradiam para a coluna e à omoplata esquerda e que se agravam ao deitar-se de decúbito
dorsal, ao respirar profundamente e pelo movimento (Bryonia alba).
CIRCULATÓRIO: palpitações ao subir uma escada.
Sensação de que o coração esteve demasiado cheio (Glonoin) ou muito grande. Efeitos
congestivos.
Dores debaixo do mamilo esquerdo que irradiam para a coluna com ondas de calor e
sensação de debilidade.
COLUNA: dor sacro-lombar, com sensação de debilidade de fractura ou de contusão,
como golpeada; por isto não pode levantar-se sem apoiar ambas as mãos na região
lombar. (Lumbago). Dor no cóccix ao defecar.
MEMBROS SUPERIORES: tremor na mão ao escrever com dor na ponta dos dedos
(Gelsemium sempervirens). Sacudidelas bruscas dos braços quando dorme. Frieiras.
MEMBROS INFERIORES: rigidez com ruídos nas rótulas. Caibras na “barriga das
pernas“ e na planta dos pés, tanto na região do arco como nos calcanhares.
Pés frios e ardentes pela noite, com desejo de encontrar um lugar fresco no leito, por
isto tira os pés fora dos cobertores.
PELE: pele seca, áspera, escamosa, suja e doente (Hepar sulphur).
Erupções muito pruriginosas. Intenso prurido, ardor e formigueiro.
Comichões volumosas que melhoram momentaneamente ao coçar-se mas
imediatamente depois sobrevem o ardor intenso. O calor do leito agrava o prurido.
Acne, espinhas (cravos) sobretudo na frente, no nariz e barba. Furúnculos. Eczema,
principalmente nas dobras dos membros e ao redor dos orifícios. Erupções diversas,
incluídas as parasitárias.
A pele cheira mal. Sudurese irritante e fétida.
Alternância de sudurese com asma ou de erupções com asma.
Alternância de erupções com urticária e frieiras, diarreias e hemorróidas e outros
sofrimentos muito particularmente nervosos.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3C – 6C – 12C – 30C – 200C – M – 6LM.

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11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

A) para favorecer o aparecimento eruptivo no sarampo, rubéola, escarlatina.


(geralmente dose única de 30C).

B) para terminar uma afecção aguda, especialmente infecciosa e evitar sequelas ao seu
progresso para a cronicidade. (uma ou duas doses de 30C).

C) para aclarar um quadro confuso, sobretudo nas doenças crónicas (uma dose de
30C).

D) quando o medicamento bem seleccionado não actue (uma ou duas doses de 30C).
nisto é semelhante a Opium.
(A) e (B) são acções drenadoras e canalizadoras. (C) e (D) francamente intercorrentes.
De certo modo todas são: “ removedoras dos obstáculos que estorvam as reacções “.
Acne. Abcessos. Eczema. Espinhas. Furúnculos. Lúpus (30C – 200C – M ou
6LM). Inflamação situada perto das unhas. (depois de Apis mellifica. Psora, psoríase.
Prurido. Frieiras. Sicose. Sudurese fétida e irritante. Úlcera gotosa, herpética e varicosa.
Urticária).
Escarlatina. Sarampo. Rubéola. Varicela. Exantemas suprimidos. Adenites
ganglionares.
Amígdalas hipertroficas. Bulemia. Obstipação com hemorróidas (eficaz sobretudo
depois de Nux vomica). Diarreia matinal. Dilatação gástrica. Dispepsia crónica
flatulenta e grande pirose. Enterite crónica. Flatulência. Febre tifóide, como
intercorrente. Hipocondria. Colicistite. Ascáride (vermes – 1X trituração, 3X trituração,
3C, 30C).
Anemia perniciosa. Hipertireoidismo. Astenia profunda por hiposuprarenalismo.
Doença de Addisson. Atrepsia.
Artrite seca. Gota crónica. Reumatismo crónico. Sinovite.
Afonia completa. Asma crónica. Bronquite. Broncopneumonia, especialmente como
complicação do sarampo. Congestão pulmonar. Coriza crónica. Epistaxe. Pleurisia
aguda e crónica. Pneumonia. Tuberculose.
Aneurisma. Arteriosclerose. Endocardite. Pericardite. Hipertensão arterial. Palpitações.
Cistite. Incontinência urinária. Litíase renal e vesicular – biliar (complementa-se bem
com Lycopodium clavatum). Pielite.
Blenorragia quando outros medicamentos, inclusive penicilina e sulfas tenham falhado.
(30C ou / LM). Consequências de excessos sexuais. Fimose. Impotência.
Amenorreia. Leucorreia. Congestão uterina. Menopausa. Metrite crónica. Prurido
vulvar. Congestão cerebral. Convulsões. Coreia. Debilidade intelectual. Epilepsia.
Hemiplegia. Hidrocefalia crónica tuberculosa. Insónia. Irritação espinal (bom resultado,
sobretudo se se alterna com Nux vomica, dando primeiro esta e ambas em 30C).
meningite tuberculosa. Meningite meningocóccica: A) em paralelo com penicilina ou
sulfas. B) como intercorrente. C) para finalizar o caso e evitar sequelas em vez da
doença e do antibiótico. Mielite crónica. Neuralgia periódicas. Neurites crónicas.
Neurite esclerosa. Na ciática nervosa pura o efeito é melhor que na reumática e chegam
geralmente duas doses por dia de 30C, durante duas semanas.
enfraquecimento ou perda total da vista em consequência de lesão na retina, no nervo
óptico ou no encéfalo. Ambliopia. Blefarites, sobretudo depois da supressão do
exantema. Catarata. Conjuntivite aguda e crónica. Fotofobia. Irite crónica (sobretudo
depois de um exantema suprimido: 30C). Queratite intersticial. Leucoma Nistagmus.

150
Oftalmia purulenta. Oftalmia linfagitica. Oftalmia flictenóide (remédio por excelência).
Otite média supurada resistente ainda ao Hepar sulphur. – somente Silicea terra lhe
compete -. Otorreia crónica. Coxalgia. Osteomielite. Supurações ósseas.
Pela extensão destas referências terapêuticas, nas quais não incluíram muitos outros
sofrimentos aonde Sulphur tem indicação, ainda que menor, se pode julgar a
importância deste medicamento, cuja rica sintomatologia o faz, para muitos, o mais
importante medicamento da terapêutica homeopática.

151
GRUPO F

PULSATILLA NIGRICANS

1. SINÒNIMOS:

Pulsatilla negra. Pulsatilla pratensis. Anémona negra. Anémona dos prados. Flor de
páscoa. Flor do vento.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Pulsatilla é uma planta herbácea ; da família das Ranunculáceas. Prospera na


Europa sobre as colinas áridas e descobertas e também nos bosques arenosos.
Princípios activos: os seus princípios activos são: a Protoanemonina e a
Anemonina principalmente, tendo além disso, Ranunculina, substância descoberta por
Hill e Heninguen e confirmada a sua estrutura química por Bredenberg; ácidos
quelidónico e succínico, saponina e sais de cálcio.
Preparação homeopática: a tintura prepara-se com toda a planta verde durante a
Floração (Abril/Maio), meses nos quais, segundo os farmacólogos e confirmada os
dados nas investigações da Dra. Josefina Sanchez Reséndiz de Montãno, a planta tem a
sua maior concentração de princípios activos, sendo esta de um 0,766 por cento de
Protoanemonina e um 0,176 por cento de Anemonina.
A regra empregue é a primeira.
Antecedentes de emprego: a sua primeira utilização em medicina foi levada a cabo
pelo médico Vienés Stberck nas doenças dos olhos. depois foi empregue contra a asma,
a tosse convulsa e o herpes, mas tudo isto foi abandonado e hoje somente se encontra
formando parte de algumas fórmulas de patente em preparados tónico-cardíacos e
regulares ováricos.
Experimentação homeopática: foi experimentada pelo Dr. Hahnemann e a sua
Patogenesia incluída na Matéria Médica Pura.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

A Pulsatilla actua sobre todas as mucosas, no aparelho digestivo, no aparelho


respiratório, na parte direita do coração, no sistema venoso, nos órgãos genitais
femininos sobretudo o ovário, no útero e na mucosa vaginal.
Segundo os resultados da investigação levada a cabo pela Dra. Josefina Sanchez
Reséndiz de Montãno, resulta que a acção sobre os ovários é evidente, mas que também
são possíveis acções indirectas através da hipófise ou hipotálamo.
Pode ter outras acções no sistema nervoso central, como demonstram os seus
intensos efeitos psicógenos. Alguns autores assinalam uma certa acção no epidímio, e
esta confirmação tem observações clínicas.

152
4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

Começamos a descrever a acção da Pulsatilla nigricans sobre o aparelho genital


feminino, já que são nestes órgãos aonde mais se emprega e aonde, actualmente, se
fizeram várias investigações para tratar de aclarar o mecanismo dessa acção.
A acção deve-se principalmente, à anemonina e à Protoanemonina, já que a
Ranunculina, pela sua solubilidade em água e a sua instabilidade, desdobra-se pela
acção enzimática em glucose e pro-anemonina (Josefina Sanchez Reséndiz de Montãno)
devendo, afinal de contas, a esta Protoanemonina à acção que se pode atribuir à
Ranunculina. Vinha-se atribuindo a Pulsatilla uma acção estrogénica (hormonal), e
alguns autores como Eisfelder, pensaram ter isolado um estrogénio. Mas a Josefina
Sanchez Reséndiz de Montãno demonstrou, sem ter dúvidas, nas suas investigações
levadas a cabo com todo o rigor científico nos laboratórios de histologia, histopatologia
e bioquímica da Escola Nacional de Medicina e Homeopatia do México, que tal
afirmação é errónea e assim o diz nas suas conclusões que resumos dos dois trabalhos
apresentados em três congressos, e que a investigadora titulou, o primeiro: “
Investigação do Poder Estrogénico de Pulsatilla nigricans em Ratas Albinas “ e o
segundo: “ Acção e Efeitos de Pulsatilla nigricans 3X “. ela afirma nas suas conclusões:
“ Pode-se assegurar que a Pulsatilla nigricans numa diluição 3X tem um fraco poder
estrogénico já que observamos claramente nos cortes histológicos dos ovários dos
animais tratados a presença de folículos e em algumas ocasiões a descida dos mesmos “.
“ observaram-se modificações citológicas vaginais que nos fazem afirmar que este
medicamento acelera em 66,66% dos casos o ciclo menstrual e que esta mutação nos
animais testemunha, alcança unicamente 8,33% “.
Mas surge na investigadora a dúvida: os resultados anteriores francamente positivos são
evidentes, “ mas a que nível o medicamento actua? É um medicamento que trabalha em
substituição como um simples estrogénio? “ para esclarecer isto, a Dra. Reséndiz
efectua outra investigação agora com ratas castradas, que lhes injecta Pulsatilla
nigricans 3X, pensando que se esta actua como uma hormona, as ratas, já sem ovários,
dariam estrogénio. Os resultados resumidamente foram: “ 12 horas depois do início da
experiência os 24 animais persistentes em destro, no qual 23 deles continuaram sempre.
Assim que se puder dizer que os animais “ castrados – injectados com o fármaco
permaneceram em repouso em 91,7% e 8,3% restante teve resposta estrogénica,
enquanto que os animais testemunha mantiveram-se em destro (repouso) em 100% dos
casos “. Assim pode concluir-se que:

1- Pulsatilla nigricans 3X, não actua como um estrogénio, já que na ausência de


ovários não desencadeia estado estral.
2- A acção de Pulsatilla nigricans 3X, portanto, deverá ser referida a outro nível
endócrino, possivelmente à hipófise ou bem à região hipotalâmica “.
3 – “ já foi mencionado que alguns investigadores asseguram que a acção de Pulsatilla
nigricans, localiza-se a nível do sistema nervoso central e poderá afirmar ou desprezar o
anterior em função dos resultados em futuras experiências com animais
hipofisectomizados “.

Até aqui a experiência da Dra. Josefina Sanchez Reséndiz de Montãno, aclara


grande parte da acção de Pulsatilla nigricans sobre o aparelho genital feminino.
Outras acções sobre estes órgãos seriam as seguintes:
A) No útero comprovou-se que produz, como no coração relaxamento das fibras

153
musculares (miometro), reduzindo em ampla margem o seu poder contráctil, mas não
causa a sua degeneração como no caso do miocárdio. Doses não muito bem
determinadas do extracto da planta total (não só dos princípios activos) mostram-se
produtores de contracções uterinas e de convulsões em outros grupos musculares.
Talvez este seja o mecanismo abortivo de Pulsatilla em fortes contracções.
A acção sobre o miometro e a congestão venosa do útero em geral, explicam o
retardamento característico neste órgão, que produz Pulsatilla.
B) Causa amenorreias e dismenorreias e por conseguinte em doses adequadas,
restabelece a função menstrual, normalizando-a totalmente, mas até agora não se
declarou este modo de acção, que, desde logo não é hormonal – isto sabemos bem
depois das investigações da Dra. Josefina Sanchez Reséndiz de Montãno.
C) A inflamação da mucosa vaginal e uterina que a Pulsatilla produz, é causa das
leucorreias próprias do medicamento.
As acções que se assinalaram a este medicamento em outros órgãos são os seguintes:
Phillips afirma que a Pulsatilla nigricans inflama o epidídimo.
Viu-se que aplicada localmente sobre a pele e friccionando ligeiramente produz a
irritação da epiderme e que esta pode chegar até à inflamação. Bulliard, médico e
farmacólogo Norte-americano do século passado, relata o caso de um Homem que
tentando curar-se de uma dor reumática numa panturrilha, esfregou-a vigorosamente
com a raiz da Pulsatilla , produzindo primeiro com esta uma inflamação parecida à gota
nas articulações do pé e rótula e finalmente uma gangrena de todo o membro.
A inalação do pó obtido pela trituração da raiz ou da planta inteira, produz
inflamação da boca, do nariz e dos olhos, com uma grande picada e escorrimento
(sialorreia, coriza e epifora). Pouco depois de ser absorvido, o pó inalado e mais
rapidamente se se ingere este ou o extracto da planta, produzem vómitos, cólicas e
diarreias frequentes, pela inflamação e ainda ulceração das mucosas gástrica e entérica.
J. Clarus e investigadores associados, determinaram que 22,5 centigramas de
Anemonina adoeciam seriamente um coelho e 45 centigramas matavam-no em termo de
3 a 4 horas, com um síndroma consistente num breve período de excitação geral seguido
de bradicardia, diminuição da força contráctil do coração, respiração superficial e
ruidosa, diarreia baixa de temperatura, paresia dos membros posteriores, estupor,
midriase pouco antes de ocorrer a morte e míose no momento de desejo, ocorrendo este
por desfalecimento cardíaco.
A autopsia revelou-lhes que o fígado, o baço e os rins estavam completamente
sãos; o tubo digestivo hiperémico, os pulmões congestionados e com edema, miocárdio
totalmente relaxado, tendo perdido as suas fibras musculares o poder contráctil baixa o
estímulo eléctrico. As cavidades do coração os grandes vasos ficaram pletóricos de
sangue coagulado, sendo os coágulos muito escuros, enquanto que o sangue existente
noutros órgãos era ainda fluído. As meningites cerebrais e medulares apresentavam
hiperemia, sobretudo a nível do bulbo.
Murray encontrou que nos humanos, doses um pouco próximas às usadas num
coelho, causavam efeitos similares atenuados já que a simples inalação de vapores de
cristais de Anemonina fundidos, produzia picadas na língua, seguido de adormecimento
permanente e manchas brancas na sua mucosa.
Heyer estudou amplamente as intensas conjuntivites produzidas pelos mesmos
vapores, comprovando além da inflamação, o exudado purulento amarelo e o efeito
benéfico do frio.
Charette e outros autores franceses actuais, fazem finca-pé em que a acção geral
de Pulsatilla nigricans é parecida à das toxinas tuberculínicas, as quais são grandes
produtoras de congestões venosas e, nós agregamos, efeitos necrosantes. O organismo,

154
na sua luta por desembaraçar-se de tais toxinas, faz por meio de escorrimentos mucosos,
daí os seus catarros por diversas vias. Enquanto não as elimina por estes meios,
apresenta um determinado grupo de sintomas, que mudam enquanto se estabelece a
eliminação; esta alternância de retenção e eliminação poderá explicar a extrema
variedade sintomática típica de Pulsatilla nigricans.

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

Preferentemente trata-se de uma mulher pálida, com acne e ainda espinhas, cujo lábio
inferior é grosso, seco e apresenta uma greta transversal exactamente na sua parte
média. As pálpebras encontram-se inflamadas e com treçolhos.
As mãos, as pernas e os pés são de cor violácea, devido a estancamentos da
circulação venosa. Tem tendência à obesidade com os músculos flácidos e o seu
aspecto, à primeira vista, é de timidez.

B) NEURO- PSICO-ENDÓCRINO:

É clara a instabilidade e excitabilidade vago-simpáticas de Pulsatilla e a ela devem-se os


transtornos vaso-motores.
Também se manifesta a insuficiência ovárica e a instabilidade tireoideia,
circunstancias funcionais que conformam a grande maioria do quadro patogénico do
medicamento.
Psiquicamente é uma mulher doce, resignada, submissa e profundamente
simpática. Tímida, fica corada se lhe dirigem a palavra. Carente de energia busca apoio
e consolo. Muito sensível, ofende-se facilmente, e em lugar de reaccionar com cólera,
refugia-se nas lágrimas. Triste e melancólica, chora no acto de contar os seus males ou
ao recusar comunicá-los. Chora, por outro lado, com qualquer motivo ou sem motivo.
Mas como lhe agrada que a consolem acalma-se no acto.
Variável por excelência é, desde logo, muito instável, carente de resolução e que
se desanima com grande facilidade, mas resigna-se rapidamente; não sabe vencer a sua
instabilidade, mas sem resignar-se dos males que essa instabilidade causa.
Sente medo do sexo oposto, talvez por sentir-se sexualmente débil, e, como é
lógico numa pessoa com todas estas características psíquicas, acabam na melancolia
religiosa..
Pulsatilla enquadra bem nos alinhamentos dos temperamentos psíquicos
emotivos, sentimental e melancólico que assinalam os psicólogos em especial Pittaluga.

6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado direito.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. Extrema variedade dos sintomas: tudo muda e é variável: está muito bem numa hora
e muito mal na hora seguinte.
2. Tímida e emotiva, chora por nada.
3. Dores erráticas que passam rapidamente de um sitio para o outro.

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4. Estado catarral das mucosas. Na mucosa nasal há secreções amarelo-verdosas não
irritantes.
5. Boca seca e ausência de sede.
6. Não há duas evacuações iguais.
7. Regras tardias e pouco abundantes.
8. Congestão venosa.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: pela tarde.


DE SÍTIO E CLIMA: numa habitação quente. Pelo calor, em lugares altos. Quando a
pressão é baixa. Ao aproximar-se uma tempestade (Gelsemium sempervirens).
DE POSIÇÃO: pelo repouso. Estando encostada.
FISIOLÓGICAS: pelos alimentos gordurosos. Na puberdade. Ao aproximar-se das
regras. Durante a gravidez. Em geral agrava-se por tudo o que aumente a congestão
venosa.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: ao ar livre.


DE POSIÇÃO: pelo movimento, mas sendo este lento.
FISIOLÓGICAS: pelas aplicações frias. Depois de chorar muito, desde que se iniciam
as regras.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: não pode conciliar o sono pelo calor que experimenta e que lhe produz
ansiedade, pelas ideias fixas que a angustiam e a inquietação que a agita. Não pode
dormir pela tarde e tem muito trabalho ao levantar-se de manhã.
Dorme de boca aberta e com as mãos sobre a cabeça, porque assim facilita a
circulação de retorno que é torpe.
FEBRE: habitualmente tem sensibilidade ao frio ainda numa habitação quente.
Calafrios sem febre. Calor seco, ardente, sem sede e com distensão das veias.

CABEÇA: vertigem ao levantar-se pela manhã - Bryonia alba (Lycopodium clavatum)


que obriga a encostar-se de novo, com náuseas, cefaleia e desfalecimento.
Cefaleia congestiva, dilacerante, que irradia até à região temporal, sobre a qual o
paciente dá voltas e se encosta. Cefaleia lancinante, dilacerante e pulsante, nos
aumentos frontais, agravada pelo calor e melhorada ao ar livre e com uma venda
apertada (Belladonna – Gelsemium sempervirens ), de forma que é frequente nas
afecções catarrais e gripais. Hemicrania nocturna com sensação de que a cabeça fosse
estalar e os olhos saíssem da orbitas, náuseas e vómitos, depois de ter comido muito ou
de ter abusado de alimentos gordos (Ferrum metallicum – Cyclamen - Ipecacuanha
cephaellis – Sulphur). Dores de cabeça por causa dos transtornos menstruais.
Deve observar-se que Pulsatilla apresenta dores de cabeça por quatro dos motivos mais
comuns: Psíquico ou emotivo (região temporal) – digestivo (hemicrania) – menstrual
(generalizado em toda a cabeça).
FACE: nevralgias do trigémeo até à meia noite, erráticas e com calafrios.
Borbulhas e espinhas em jovens. (acne juvenil que desaparece ou melhora com o
matrimónio).

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OLHOS: lacrimejar abundante ao ar livre e frio.
Pálpebras inflamadas aglutinadas pela manhã ao despertar, com secreções espessas
amarelas e não irritantes. Treçolhos, principalmente na pálpebra superior. (Staphisagria
– Thuya occidentalis).
Oftalmia do recém nascido.
As veias retinianas vêem-se dilatadas ao observar o fundo do olho, sobretudo durante as
cefaleias.
A vista se obscurece e sente-se como se tivesse raios de luz ao entrar numa habitação
quente.
OUVIDOS: escorrimento de pus espesso, amarelo, não irritante mas de mau odor.
Dor aguda, como se algo empurrasse de dentro para fora,
Dureza do ouvido, como se o canal estivesse tapado. Tampão de cera negro e
endurecido.
DIGESTIVO – BOCA: greta na metade do lábio inferior (Natrum muriaticum). Boca
seca e sem sede. O doente de Pulsatilla jamais tem sede.
Hálito pútrido pela manhã.
Odontalgia pungitiva, agravada pela noite, pelo calor do leito ou da habitação, por
alimentos e bebidas quentes, pelo tacto e melhorada por um bom duche de água fria que
se deixa aquecer a boca.
Língua coberta de saburra amarela e aderente com uma falsa membrana. Sabor amargo,
salgado, desabrido, sabor a gordura ou a bílis. Todos os alimentos têm sabor amargo,
principalmente o pão. (China officinallis – Aconitum nappelus). A Pulsatilla nigricans é
um grave medicamento das perversões do gosto e pode dizer-se que as tem todas. (Nux
vomica em menor proporção).
FARINGE: faringe vermelha-escura com varicosidades.
Deglutição difícil e sensação de um objecto que desce da faringe ao esófago.
ESTÔMAGO: alternativas de fome canina e de anorexia.
Repugnância pelo leite, pelo pão, e pelos alimentos gordos. Pelos alimentos e bebidas
quentes. (Graphites – Lycopodium clavatum – Mercurius vivus – Silicea terra –
Argentum nitricum).
Indigestão pelos alimentos gordos, principalmente o veado. Os gelados, os pasteis, os
merengues, também são indigestos. Esta indigestão deve-se à insuficiência de um fígado
venosamente congestionado.
Sensação de peso no estômago, como por uma pedra (Nux vomica), principalmente pela
manhã ao despertar.
Dor dilacerante uma hora depois de ter comido (Nux vomica).
Vómitos de alimentos ingeridos muito tempo antes (Ferrum metallicum).
ABDÓMEN: cólicas com borborigmos depois das comidas ou na noite, como se viesse
diarreia.
RECTO: hemorróidas procedentes, com prurido anal e dores picantes, com saída de
muco sem fezes e que sangram facilmente. Tendência a desaparecer no recto em
posição de pé e ao andar.
EVACUAÇÕES: nunca há duas evacuações iguais na cor, consistência e conteúdo.
Fezes em forma de cintas grandes e delgadas, como massa. O carácter comum das
evacuações diarreicas é que são nocturnas, fétidas e sobrevêm depois de ter ingerido
alimentos ou bebidas frias, alimentos gordurosos, pasteis ou frutas.
URINÁRIO: incontinência diurna de urina, provocada pela tosse, (Causticum), pelo
riso, pelos espirros, pelos, uma emoção viva ou um ruído súbito. Incontinência nocturna
nas crianças, sobretudo quando de dia experimentaram desejos irresistíveis de urinar.

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GENITAIS MASCULINOS: escorrimento uretral amarelo e espesso. Dores tirantes
nos cordões espermáticos com retracção e inflamação testicular. Geralmente unilateral.
Epididimitite. Prostatite.
GENITAIS FEMININOS: as regras em geral são em atraso, pouco abundantes, curtas,
às vezes intermitentes, suspendendo-se um dia e voltando ao seguinte e sendo o sangue
quase negro.
Antes das regras; calafrios. Durante as regras: pressão e dor na região lombar, no ventre
e nos músculos; hemicrania, grande tristeza e choro. Depois das regras: dor de
contracção no útero, sobretudo no lado esquerdo. Durante e depois das regras aparece
diarreia.
Amenorreia, por atraso na instauração das regras em mulheres em idade de menstruar ,
ou por supressão nas que já têm, devido ao esfriamento ou molhadela dos pés ou bem
anemia. “é o principal medicamento da hipomenorreia e da supressão das regras “ e
também: “ ... um dos principais medicamentos naquelas mulheres que apresentam todo
o surto de transtornos e mal-estares quando as suas regras se atrasam e que os vêem
desaparecer uma vez que o fluxo menstrual se produz “, aponta Charette.
Leucorreia espessa, leitosa, que piora estando encostada e antes e depois das regras, sem
cheiro e não irritante. Charette assinala esta outra forma: “Leucorreia amarelo-verdosa,
espessa como creme. Contrariamente aos outros escorrimentos mucosos, pode ser
irritante e ainda queimante “.
Útero mais ou menos prolapsado (queda) por congestão venosa.
E há aqui outros efeitos notáveis de Pulsatilla na esfera genital: desaparecimento do
leite nas mães que estão criando e aparecimento dela em mulheres que não estão
grávidas, nem criando e ainda em raparigas na puberdade.
Ausência de sintomas ováricos, provavelmente porque a sua acção sobre os ovários é
inibidora, produzindo a insuficiência; em mudança, como já se indicou, acentuadas nos
testículos.
“ Previne a retenção placentária “, indica o Dr. Arriaga. E dado o medicamento nas
últimas semanas da gravidez, previne ou corrige as más posições do feto.
Estas duas últimas acções, que foram negadas e criticadas por alguns médicos, são
efectivas e não têm nada de absurdo, já que se explicam pela acção relaxante que
Pulsatilla tem sobre os músculos e entre eles o miometro, acção que já assinalámos ao
princípio; e pela forma como o músculo uterino responde aos estímulos do feto. Nós
explicaremos um pouco mais:
O Útero reacciona aos estímulos mecânicos que o feto produz com os seus diversos
movimentos , contraindo-se e pressionando ao produto como se o moldasse, com o qual
o mantém em posição conveniente ou o acomoda se não está nela. Agora bem, uma
matriz flácida, débil, cujo miometro está relaxado ou frouxo, não responde como deve a
esses estímulos, e as posições viciosas são possíveis; Pulsatilla produz esse
relaxamento, logo pode corrigi-lo homeopáticamente, quando o há, com o qual põe o
útero em condições normais para que evite ou corrija as apresentações distócicas. Por
igual razão fará com que, depois do parto, o útero se contraia suficientemente e evite a
retenção placentária.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: coriza com calafrios constantes, perda do gosto e do
olfacto; secreção de muco, amarelo-verdoso, às vezes sanguinolento e fétido.
Correspondente ao “ catarro maduro “ que piora numa habitação quente.
LARINGE: rouquidão caprichosa que desaparece e volta com a maior facilidade.
Tosse seca que dura toda a noite e que obriga o doente a sentar-se para obter alívio.
Tosse seca na noite, húmida de dia (Calcarea carbonica), uma expectoração espessa

158
abundante, amarelo-verdosa, com coágulos (Kali sulphuricum). Saída de urina ao tossir
(Causticum). Tosse antes das regras e que acaba ao apresentar estas.
TÓRAX E PULMÕES: hemoptise por supressão das regras. (Vicariante). Asma
nocturna sobretudo produzida por supressão de uma erupção (Sulphur). Tuberculose
incipiente.
CIRCULATÓRIO: palpitações estando encostado sobre o lado esquerdo. Debilidade
cardíaca: miocárdio relaxado, asténico ou inflamado. Congestão venosa generalizada,
congestão venosa generalizada, as veias debilitam-se nas suas paredes e facilmente
dilatam-se dando varizes, varicoseles, hemorróidas; e às vezes são fácil presa de
inflamação dando origem a flebites.
MEMBROS SUPERIORES: peso e adormecimento nos braços e mãos por congestão
venosa. Inflamação das veias do antebraço e das mãos. Mãos vermelhas e cianóticas.
MEMBROS INFERIORES: dores tensas nos músculos, rótulas e calcanhares.
Inflamação das rótulas com calor e dores lancinantes. Edema vermelho dos pés que
piora à noite. Varizes, flebites.
PELE: acne juvenil. Acne na puberdade. Acne por excesso de gordura na alimentação.
Urticária depois de comer. Veado ou salsichas. Frieiras. Varicosidades.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

0 – 1X – 3X – 3C – 4C – 6C – 30C.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Aborto habitual no terceiro mês. Amenorreia. Ausência de leite. Cólicas ou dores


insuficientes de parto. Correcções das posições viciosas do feto. (dado desde as duas
últimas semanas da gravidez). Retenção placentária. Endometrites. Febre do leite. Febre
puerperal. (agora como coadjuvante da tintura de Equinacea, da penicilina ou qualquer
outro antibiótico e para prevenir sequelas). Leucorreia, em geral, fluidos vaginais.
Lóquios suprimidos. Náuseas, vómitos e reflexos do útero. Prolapso uterino. (auxiliar e
profilático). Melancolia das gravidezes. Enxaqueca de origem ovárica ou uterina.
Metrites. Menopausa. Histeria.
Blenorragia aguda, evitando a orquite. Blenorragia crónica. Epididimite. Orquite.
Orquite por metástase da parotidite. (a Pulsatilla dada em 3X alternando com
Belladonna 3C, auxilia no tratamento da parotidite e evita a metástase ao testículo ou ao
ovário). Espermatorreia. Parotidite aguda. Varicosele.
Anemia, particularmente em mulheres que tenham abusado do ferro ou da Quinina.
Cianose. Epistaxes passivas variantes. Varizes e hemorróidas. Flebites. Palpitações.
Falecimento do miocárdio.
Obstipação. Diarreia variável. Dispepsia. Indigestão por gorduras.
Gastralgia de origem menstrual. Hipo depois de bebidas frias. Estreitamento do esófago.
Enteralgias.
Obesidade. Reumatismo articular subagudo. Reumatismo blenorrágico. (alternando a
cada hora com Thuya occidentalis). Reumatismo migrador, errático. Reumatismo
muscular.
Asma. Bronquite aguda. Bronquite crónica. Broncopneumonia. Coriza no princípio.
Coriza. Coriza crónica, ulcerosa. Gripe. Obstrução nasal. Tosse convulsa. Tuberculose,
sobretudo no princípio, ou no “ estado tuberculínico “. Tuberculose avançada, para
coadjuvar a desintoxicação e a reparação das lesões.
Disúria. Incontinência da urina. Paralisia vesical.

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Alucinações visuais, auditivas ou de olfacto. Cefaleia de esgotamento nervoso. Cefaleia
por indigestão de gorduras ou frutas. Enxaqueca catarral. Enxaqueca de origem ovárica.
Nevralgias braquiais, faciais, cervico-occipitais, intercostais, ciáticas e espermáticas,
devido à depressão nervosa ou transtornos menstruais. Neurites errática ou migratória.
Epilepsia por supressão das regras. Encefalite no princípio. Meningites, principalmente
a tuberculose. Ideias delirantes. Impulsos ansiosos e suicidas. Mania erótica com ideias
delirantes de possessão sexual.
Blefarites. Conjuntivite catarral, postulosa. Dacrocite. Queratite intersticial. Oftalmia
escrofulosa. Úlceras da córnea. Eczema do ouvido externo. Oftalmia nas crianças. Otite
externa e média. Otorreia. Surdez catarral recente. Tampão de cera negro (bom
medicamento).
Acne juvenil, da puberdade, por gorduras em excesso. Urticária por gordura ou por
enlatados.
Erisipela simples. Erisipela flagmonosa. Sarampo complicado com broncopneumonia.
(se resistiu a Bryonia alba ou Ipeca).

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GRUPO F

SEPIA OFFICINALIS

1. SINÒNIMOS:

Sucus sepia. Jugo de sepia. Tinta de Siba (molusco semelhante ao Choco). Sepia dos
pintores. Jivia ordinária. Calamar. Anã do mar.

2. GENERALIDADES:

Origem: a Sepia officinalis é um líquido da cor do café escuro de tónus especial, que
segrega um molusco cefalópode da família das sepidiáceas que habita nas águas
profundas na maior parte dos mares, menos as que rodeiam o continente americano.
Este líquido também chamado (Tinta de Calamar) existe numa glândula especial que a
Siba tem na parte posterior do seu corpo, ao lado dos intestinos e que se abre ao lado do
anus. A Sepia emprega este líquido para escurecer a água e poder assim fugir de seu
inimigo ou apoderar-se de alguma presa. A Sepia officinalis diferencia-se de outros
calamares porque tem uma concha cálcarea interna, já que também se designa como
“osso da Sepia” ou “pluma da sepia”, e que principalmente utiliza-se como alimento
remineralizante dos pássaros e outras aves domésticas.
Preparação homeopática: pode-se preparar a tintura conforme a Quarta regra ou a
Trituração conforme a sétima regra.
Antecedentes de emprego: já Hipócrates utilizava este líquido nas doenças das
Mulheres. Plínio e Dióscorides empregavam também a carne, os ovos e a concha
interior do choco, contra a gonorreia, a leucorreia e o “ catarro da bexiga “. A
terapêutica alopática abandonou-a por completo.
Experimentação homeopática: a experimentação pura foi feita pelo
Dr. Hahnemann quem publicou a sua Patogenesia no Tratado das Doenças Crónicas.
Também se encontra nas “ Actas do Instituto Americano de Homeopatia “ e no Diário
Britânico de Homeopatia, volumes XIII e XIV.

3. ESFERA DE ACÇÃO:

A tinta do choco actua de preferência sobre o sistema venoso, porta e sobre o fígado, o
útero e o sistema nervoso.

4. ACÇÃO FISIOPATOLÓGICA:

O indivíduo que se intoxica com esta tinta, sofre congestão venosa, principalmente do
sistema porta, aonde foi possível comprovar verdadeiras obstruções. Assemelha-se
muito a Pulsatilla nigricans, assim como na sua afinidade pelo organismo feminino. A
pessoa intoxicada com Sepia experimenta assim mesmo, um relaxamento geral dos
músculos e dos ligamentos, outra acção que existe em paralelismo com Pulsatilla, só
que em Sepia trata-se de uma verdadeira debilidade acompanhada de profunda astenia,
muito provavelmente derivada do ataque às glândulas supra-renais que ficam
deficientes.

161
O efeito combinado da congestão venosa, sobretudo portal, do relaxamento
ligamentar e muscular e da astenia, produz diversas ptoses viscerais às que se refere
Charette: “ tudo cai em Sepia “ e, com efeito, o estômago, o intestino, o fígado, o útero
e os rins estão caídos, fora do seu sítio; e dizemos que se deve ao efeito combinado de
congestão, lassitude e debilidade, porque o estômago, o intestino, o fígado, o útero e os
rins, estão pletóricos de sangue venoso, pesam mais e como têm os seus ligamentos
relaxados débeis, o resultado é a ptose.
O fígado está, por isso, crescido, pesado e torpe nas suas funções; a insuficiência
hepática de Sepia officinalis, que repercute em toda a economia do organismo, deriva
então da sua má circulação venosa.
O útero congestionado, caído e torpe na sua musculatura, toma o segundo lugar,
depois do fígado, na produção das moléstias típicas de Sepia; e é fácil de imaginar, o
que se detalhará adiante, qual será a múltipla sintomatologia deste medicamento que
provém de disfunções hepáticas, uterinas, gástricas, renais e supra-renais?

5. TIPO:

A) MORFOLÓGICO:

No morfológico ou no anatómico, trata-se de pessoas altas, delgadas, com a pele do


rosto terrosa, doente e manchada com manchas amarelas ou cor de café que se estendem
em forma de mariposa sobre o dorso do nariz e parte superior das bochechas e que
também se apresentam ao redor da boca e do maxilar. A face tem, assim mesmo
borbulhas e algumas erupções radicadas sobretudo no maxilar. É marcada a postura do
tipo Sepia quando se senta, já que o faz apoiando fortemente a coluna, como encostado
para trás e cruzando as pernas, posição que obedece à sua astenia e lassitude do dorso,
se não se apoia, dobrar-se-ia para a frente, e também a sensação; na mulher, há uma
sensação de que o útero ptósico saísse; e no Homem de que as suas hemorróidas,
procedentes, necessitam menos pressão, o que consegue cruzar as pernas e apoiar-se
num só glúteo.

B) NEURO- PSICO-ENDÓCRINO:

O sujeito de Sepia officinalis é nervoso, mas nervoso deprimido, que tem especialmente
baixo ou diminuído o tónus do simpático, podendo dizer-se que se trata de um “
Simpático-asténico “.
Glandularmente existe no tipo Sepia, insuficiência supra-renal; é um hipo-
suprarenal com hipotiroidismo, mas tendo às vezes, ligeiro hipertiroidismo.
Na esfera psíquica encontramo-nos com uma pessoa indiferente e apática
engrandecido, que não se importa o mínimo o cuidado da sua casa, da sua família, dos
seus amigos, nem a atenção dos seus negócios, este último tratando-se de idosos
(Phosphoricum acidum).
Está triste, abatida, melancólica (sobretudo a mulher, em quem é mais frequente
encontrar o tipo e as características de Sepia). Mas pode também ser irritável, que se
enoja facilmente , sobretudo muito irascível com o seu marido e seus filhos. Tudo lhe
molesta, tudo a cansa. Está irritada contra todos e até consigo mesma. É uma
melancólica-irritável a quem os consolos lhe são desagradáveis (ao revês de Pulsatilla).
Tem ideias negras e assusta-se facilmente; ama a saudade mas ao mesmo tempo
a teme (Gelsemium sempervirens).

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6. LATERALIDADE (Sintomas topográficos):

Lado esquerdo.

7. CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES:

1. manchas amarelas ou cor de café que se estendem sobre o dorso do nariz e na parte
superior das bochechas – regiões malares – em forma de uma mariposa ou de uma sela
de montar. Manchas amarelas ao redor da boca e na barba.
2. Sensação de peso, pressão até baixo, como se todo o conteúdo do abdómen fosse
sair pela vulva.
3. Tristeza e abatimento. Indiferença e apatia.
4. Desejo de estar só.
5. Sensação de vazio no estômago tanto logo quando pensa nos alimentos que deseja.
6. Intolerância ao leite.
7. Todas as dores irradiam até à coluna.

8. MODALIDADES – AGRAVAÇÕES

DE TEMPO: antes da meia noite e pela tarde.


DE SÍTIO E CLIMA: pelo ar frio. Antes de uma tempestade. (Pulsatilla nigricans –
Gelsemium sempervirens).
FISIOLÓGICAS: depois das comidas. Durante as regras. Durante a gravidez. Pelos
excessos sexuais. Ao lavar-se.

MELHORIAS:

DE SITIO E CLIMA: pelo calor moderado.


DE POSIÇÃO: pelo exercício; caminhando rapidamente. Por subir e baixar as
extremidades inferiores.
FISIOLÓGICAS: pela pressão.

9. SINTOMAS SOBRESSAÍDOS REGIONAIS:

SONO: sonolência durante o dia e depois das refeições. (Nux vomica), e quando o
consegue isto é agitado e frequentemente desperta aterrorizado e dando gritos.
(Arsenicum album – Chamomilla).
CABEÇA: vertigens na manhã ao levantar-se, (Bryonia alba), com ondas de calor.
(Sulphur).
Cefaleia na testa, em cima das sobrancelhas (Gelsemium sempervirens) mais carregada
do lado esquerdo, irradiando para a zona occipital e é pressiva, congestiva, lancinante,
com fluxo de sangue e que se agrava ao ar livre (se melhora ao ar livre: Pulsatilla), por
abanar a cabeça e pelo esforço intelectual. Cefaleia congestiva nas mulheres durante as
regras, se estas são escassas.
Queda da pele depois de dores crónicas. (Sulphur – Graphites).
O couro cabeludo está sensível ao tacto.
FACE: pele terrosa e pálida, manchada especialmente em forma de mariposa amarelada
ou cor de café sobre o dorso do nariz. Existe também ao redor da boca e no maxilar.
Erupções na barba.

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OLHOS: dor nas conjuntivas do olho direito, como se houvesse presença de areia
(Natrum muriaticum – Zincum metallicum), piora fechando com força as pálpebras.
Lágrimas de manhã e à tarde. (Allium cepa). Escorrimento de pus. (Hepar sulphuris).
Pálpebras superiores pesadas e caídas. (blefaroptoses) – (Gelsemium sempervirens –
Causticum).
Intolerância à luz reflectida e aos objectos brilhantes.
OUVIDOS: sensibilidade aos ruídos (Nux vomica), com zumbidos e assobios.
DIGESTIVO – BOCA: língua branco-suja, que se limpa nada mais durante as regras.
Língua ardorosa, com aftas sobretudo na ponta que aparece escaldada.
ESTÔMAGO: desejo de vinagre e ácidos em geral. Aversão pelos alimentos
gordurosos e pelo pão. (Pulsatilla nigricans). Não pode suportar o leite que lhe causa
diarreia (Calcarea carbonica – Argentum nitricum – Aethusa cinapium – Magnesia
carbonica).
Náuseas pela manhã antes de comer e ao lavar a boca, estas melhoram comendo. A vista
e o odor dos alimentos provocam náuseas (Arsenicum album – Colchicum), sensação de
vazio no estômago tão pronto como pensa nos alimentos que, inclusive, deseja.
Estômago ptósico, atónico e dispéptico, razões que motivam a sensação de vazio ou de
peso. (Abies canadensis).
ABDÓMEN: distensão abdominal com borborigmos e flatulência.
O fígado está crescido, pesado, doloroso e pode estar distendido (Ptósico).
Dor profunda na região hepática (Podophillo), que melhora friccionando a região.
Intestinos caídos (ptósicos).
RECTO E EVACUAÇÕES: sensação de uma bola no recto (Anacardium orientalis –
Cannabis indica – Lachesis trigonocephallus – Lilum trignum – Platina) como se
estivesse sempre cheio e que não melhora evacuando. (esta sensação dá-lhe flacidez do
recto e dos pequenos pedaços hemorróidais).
Prolapso do recto. Hemorróidas internas ou procedentes, muito dolorosas ao tacto.
Obstipação com fezes duras, grossas, nodosas, insuficientes, geralmente escuras, ainda
que às vezes são claras.
Muitos destes sintomas gastrointestinais obedecem à congestão hepática e portal,
característica de Sepia (recordar sempre que Sepia officinalis tem o fígado
congestionado, insuficiente e ptósico).
URINÁRIO: sensação de peso na bexiga e em toda a região pélvica (Lilium trignum),
com desejos frequentes e imperiosos de urinar.
Incontinência na primeira parte da noite. Estes sintomas obedecem às vezes, a ptoses
renal, uterina e vesical.
Urina turva com sedimento avermelhado, que se adere ao vaso e fétida (Berberis
vulgaris. Não aderente: Lycopodium clavatum).
GENITAIS FEMININOS: regras com dores lombares tirantes, que impedem dormir,
com calafrios e rubor.
Fluído vaginal amarelo verdoso com prurido vulvar. Fluídos de diversas características.
Dores picantes que vão da parte superior da vagina ao umbigo. Vagina dolorosa durante
o coito (Platina).
Sensações de peso e pressão até baixo como se todo o conteúdo pélvico saísse pela
vulva, por isto deve cruzar fortemente as pernas ou oprimir a vulva com as mãos
(Lilium trignum). Às vezes a sensação anterior que os Ingleses chamam “Bearing
down“ acompanha-se de dor lombo-sacra, piora estando de pé. Estes sintomas
obedecem ao prolapso uterino e vaginal evidentes, em diversos graus.
RESPIRATÓRIO: NARIZ: coriza crónica com muco espesso, verdoso e abundante.
Tampões grossos e crostas.

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LARINGE: tosse seca, breve, mas espasmódica e fatigante. Tosse com expectoração
abundante de gosto salgado (Kali iodatum) ou de sabor pútrido, sensação como se esta
tosse surgisse do estômago.
BRÔNQUIOS: dores constritivas no peito estando encostado e pioram ao caminhar.
CIRCULATÓRIO: palpitações depois das refeições, sobretudo depois do lanche.
Suspensão dos batimentos cardíacos, com grande angústia, principalmente quando se
levanta da mesa. Estes dois sintomas evidentemente são reflexos sobre o frénico e o
pneumogástrico, provenientes do estômago ptósico, dispéptico e pelo mesmo, em
conflito digestivo.
Ondas de calor ao menor movimento, com suor generalizado, ansiedade extrema e
falecimento. (Menopausa).
COLUNA: sensação de frio entre as escápulas (Arsenicum album).
Todas as dores irradiam até à coluna.
MEMBROS SUPERIORES: frio nos braços e mãos. Retardamento da circulação de
retorno.
MEMBROS INFERIORES: frio nas pernas. Cansaço, pernas pesadas e cãibras ao
despertar. “quando os pés aquecem as mãos gelam“ – Charette.
PELE: prurido generalizado; piora nas dobras dos cotovelos. (Rhus toxicodendron –
Sulphur) e ao coçar-se. Tendência às erupções nos cotovelos articulares.
Herpes anular no cotovelo e tornozelo. Herpes circinado. (Berberis vulgaris). Urticária
que piora ao ar livre e melhora numa habitação quente. (em vez de Pulsatilla nigricans).
Além das manchas já descritas na face, Sepia apresenta manchas amareladas e escuras
na coluna, nas escápulas e no ventre.
Frio por regiões (Calcarea phosphorica) ou seja em sítios limitados: vértice da cabeça,
entre as omoplatas, nos pés e nas mãos.

10. DINAMIZAÇÕES USUAIS:

3C trituração – 6C – 30C – 200C – 6 LM.

11. REFERÊNCIAS TERAPÊUTICAS:

Adenoma mamário. Amenorreia. Aborto. Coito doloroso. Endometrite cervical,


endometrite crónicas. Gretas do mamilo. histeria. Endurecimento do colo uterino.
Fluxos vaginais. Melancolia das gravidezes. Menopausa. Enxaqueca de origem uterina.
Regras irregulares, atrasadas, escassas e curtas. Ovarite crónica. Prolapso uterino
(excelente como profilático em mulheres de sua constituição. Estabelecido o prolapso
somente atenua os sintomas ou detém a sua progressão). Prurido vulvar. Vaginismo.
Cloasma de origem ovárica. Vómitos de gravidez.
ejaculações nocturnas.
Congestão do fígado. (Nux vomica reforça a sua acção na maioria dos sintomas
gástricos ou nervosos). Obstipação. Dispepsia. Enterite crónica. Gastralgia.
Hemorróidas. Cloasma de origem hepática. Congestão portal. Prolapso do recto
(melhores efeitos que no prolapso uterino). Timpanites. Ptoses gástricas. (Profilático.
Tem efeitos redutores no princípio). Insuficiência hepática.
Asma. (forma francamente alérgica e ligada à insuficiência hepática). Bronquite
crónica. Coriza crónica.
Anemia e mãos quentes. Pequenas zonas frias. Suores ácidos com tendência à lipotímia.
Incontinência urinária. Rim ptósico. Rim móvel. Retenção de urina. Uretrite catarral.

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Amauroses (enfraquecimento ou perda total da vista em consequência de lesão na
retina, no nervo óptico ou no encéfalo) e ambliopia. Astenopia reflexa de males
uterinos. Conjuntivite postulosa em mulheres com metrites. Hemiopia vertical.
Agarofobia. histeria. Neuralgia braquial, facial e ciática. Melancolia na gravidez ou na
menopausa. Mulher psicasténica por transtorno ováricos, uterinos ou supra-renais.
Acne por transtornos sexuais na mulher. Eczema, forma impetiginosa. Herpes genital.
Psoríase. Úlcera herpética fungosa, sem crostas. Urticária agravada pelo frio.

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