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a distribuigo de competéncia ‘ou 0 efetive estabelecimento do sidade de superarse a ambighi ‘em que advoga a autonomia pe © controle de qualidade por m Do equacionamento desse desta etapa da educagéo basic ‘ a PINTO, José Marcelino de Resende. O ensino Texto 07 (Basico Ensino Médio): Médio. eo & 3 3 & ° 3 E | =) g 3 g = is S S s s & q 5 ~ i 2 & 3 2 a a 5 < z 5 2 3 3 ai os a | 3 z @ 2 Z & a 3 3 3 § 3 2 S 2 & Ss Ss 4 4 < 8 4 = 5 & 9 i g az a a 5 & fio dalidades na constituigé 8 5 2 a Organizacio do ensino no Bras estados e municipios Finalmente, ha neces he a0 mesmo tempo telece a avallagéo ou de cognitva. stiva democratzagio brasileira O ENsINO MEDIO Jost Manceuno oF Rezevs Paro Dols pontos-chave que se relacionam t8m norteado a discussio sobre 0 censino médio no Brasil. So eles: a quem se destina e quals s4o suas final- ades. Este capitulo se organizaré, portanto, tendo por base estes dois eixos, ‘que serio discutidos inicialmente a partir de uma répida retrospectiva hist6- rica, uma vez que muitos dos problemas presentes decorrem de polticas ppassadas; em seguida, serd feita uma discussio mais detalhada sobre como ' tual legislagao (basicamente a Constituigdo Federal e a LDB) buscou en- Trentar estas questbes e, a0 final, serdo apresentados alguns dados estatisti- cos com os principals indicadores deste nivel de ensino Uw rkPio0 ReTOsPECTO HIsTORICO! 0 ensino médio no Brasil, assim como o ensino fundamental, nasceu fem um contexto no qual o atual pais era uma colénia portuguesa sem maior interesse para a metrépole (até a descoberta de ouro e diamante nas Minas Gerais) © que logo se organizou sob a égide da monocultura da cana-de- agdcar para exportacio, baseada no latifndia e no tabalho escravo (dos {ndios, em um cutlo e turbulento momento inieial e, postexiormente, dos aft- ccanos). © ensino, tanto em Portugal quanto no reino, organizava-se sob uma forma que poderfamos chamar, usando uma terminologia atual, “terceiizada" © Rel entregou nas méos dos jesultas © monopélio do ensino © com isso também praticamente se desobrigou de custeéslo. Estes dois elementos vo ‘modelar 0 ensino no Brasil com conseqiéncias até os dias atvais. O primei- ro doles, uma base produtiva que exclufa a maloria da populacao (Indios, ne- gras @ enlanns pores) dn aresse an prineipal mein ee proud (a terra) {ue se organizava sob um modelo de produgao (trabalho escravo) onde a educacdo aparecia mais como ilustragao para poucos e como mecanismo tle reprodueso social da rarefeta elite nural e comercial existente do que como mein de formacio da pessoa e de acesso ao conhecimento, O segundo ele- mento, que moldaré a educagao na jovem coldnia, € 0 padrao de ensino lesuttico. Nascido no seio do movimento da contra-reforma, os *soldados” "fate ten ft ecto tnd por refrince Hii or testo de Ramana (198, Plt (988), Ames (9909) kuenser (997 48 omuntno be cutis THERES ARO (ORE) = OHZANZAAD BO SND NO HAA, ‘4a Companhia de Jesus tinham como meta atrebanhar o maior ndmero de nas para © catolcismo. Como seus agentes, as caravelas de Portugal e Bs- ppanha © como sua principal arma, a educagéo, Sua formagdo era essencial mente escolistica, de cardterlierdtio, baseada nos textos eléssicos, essencial- mente Arist6teles na versdo fitrada de Sdo Tomas de Aquino, Sua metodologia 4 ensino era formatista, centrada na hermenéutica e arreaia a qualquer ex- petlmentago; valorizava’a repetigho como instrumento de aprendizagem e a Aiscipina rigida como elemento de formagio do caréter. Os jesullas chegararn ao Brasil em 1549 e, em fins daquele ano, i fanda- vam em Sio Vicente, Sio Paulo, um semindtio-escola, que Vila a set 0 mode- lo de ensino médio no Brasil por mais de dois séculos. Seu curriculo tinha por base a Ratio Studiorum e se estruturava por cerca de nove anos, envol- emda estudos de Retérica, Humanidades, Gramética Latina, Léglea, Metafsica, Mora, entre outros. Como seu nome indica, o objetivo basico destas escolas fra a formagao de sacerdotes, que se completava no nivel superior. Conte do, elas se apresentavam também como a tiniea opertunidade de os filhos tha ele Jocal obterem ma formagao acequada que os preparasse para o in stesso nos cursos superiores a serem feitos na Europa, Portanto, © ensina médo no Brasil jé nasce com um cardter seletivo, propedéutico, com um cur riculo centrado nas Humanidades, pouco afeito as ciénelas experimental ¢ co uma metodologla que valorizava a disciplina e a memorizagao, caracte- risteas que, em linhas gerais, estdo presentes até hoje Este solido e bem organizado sistema calu por terra em 1753, quando 6s jesufias foram expulsos da metrépole e do reino por ordem do rel de Por tugal, influenciado por seu primeiro-ministro, o marqués de Pombal, que en- tendia ser este modelo de ensino mals articulado aos interesses dos jesuitas que Aqueles da Coroa. Quando de sua expulsdo, os jesuitas possulam no Brasil 17 seminarios-escola, um niimero razodvel se considerarmos © peque- no desenvolvimento do pais na época. Mas quando lembramos que nessa mesma data a Universidade do México [a possula dois séculos de existéncia, perceberos a distancia, no que se relere A difusso da educagso nas eoldni- 4s, enlre a colonizagao portuguesa e a igualmente espoliativa colonizagao espanhola, Substituindo o orgénico, embora conservador, sistema jesultico, no nivel secundério foram introduzidas as aulas réglas de Latim, Grego, Retérica Fl- Josofia, entre outtas; um sistema ndo seriado de aulas avulsas, com professo- {es malremuneradios, vitalicos no cargo (que multas vezes sublocavam 0 seu dito de lecionar) € indicados mais por critérios politicos que por compe- lénela. Como os recursos eram limitados & parca receita dos subsidios iter ios (um tributo que Incidla sobre a venda de came nos acougues © aguat- tente) 0 mrimero de professores era igualmente limitado e, na pratica, a elite 49 Ost uxomno BE REAP -O BNO WEDD local continuou a frequentar os semindrlos-escola, agora nas maos de outras fordens religiosas, mas que reproduziam os antigos mélodos dos jesullas, & Juz dos quals boa parte dos scus professores se formaram, No infcio do século XIX, 0 pais passou por importantes muancas polii- cas, destacando-se a vinda da familia real em 1808 e a Independencia em 1822, sem que 0 modelo econdimico agro-exportador baseado na menocultura, no lattindio € no trabalho escravo sofresse alteracées de monta, Estas mudan- ¢as policas impactaram principalmente o ensino superior, que era o nivel le ensino de real interesse para a elite local. Assim, inicialmente mals ligados aos Inieresses da coroa portuguesa, surgiram a Academia de Marinha (1808) ea Academia Real Miltar (1810). Fosteriormente foram criados 0s cutsos que real ‘mente interessavam aos grupos dominantes do império que nascia: os cursos de Ciencias Juridieas e Socials, cracls em 1827 e instalados em 1828 em Sao Paulo (onde ainda se enconira, agora como Faculdade de Ditello da USP) e em Olinda. Enquanto Isto, © ensino médio pouco se alterou, continuando com a fangéo de preparar a diminuta elte local para os exames parcelados (as ds plinas eram eliminadas separadamente), que garantiam acess0 aos novos cursos superiores instalados no pais. Uma Emenda A Constituigéa de 1824 {Ato Adicional), promulgada em 1834, gerou uma divisio na responsabilida de sobre a oferta do ensino, fleando as provincias (atuals Estados) respons- veis pelo ensino primétio e secundario, e © poder central responsavel, ba: sicamente, pelo ensino superior e pelo ensino no municipio da Corte (Rlo de Janeiro). Assim, surgiram 0s liceus provincials nos Estados (0 primelro em, 1835, no Rio Grande do Norte) © o Colégio Pedro Il (1838), na Corte, este Siltimo organizado em sistema seriado com o objeliva de servir de modelo para.05 demals. Pela legislago em vigor, somente agueles alunos que cutsas- sem 0 Colégio Pedro Il estavam Isentos dos exames parcelados para ingres- 50 no ensino superior. A legislagao que insituiv os exames parcelados $6 fot revogada em 1930 e consolidou no ensino secundétio 0 carter prop que 0 caracteriza até hoje, Somente com a ruptura representada pe ranjo, sob a lideranca carismaica de Getdlo Vargas, dos blocos no poder que se segulu, © que refletia, por sua vez, a exlse profunda no modelo agro-ex Portador, & que 0 pals verd surgie mudangas de ea al no seu sis tema educacional. Pela primeira vex, nos seus 400 anos de histrla, 0 pals {erd, de fato, um Ministério da Educagio, tendo & sua frente urn tinistro com grande forca politica (Francisco Campos), Do ponto de vista do ensino mé: dio, J em 1981, em pleno governo proviséro, surge 0 Decteto n 19,890, que Ldispbe sobre a organizagao do ensino secundario, complementado pelo 50 oho ova TESA ADA (ORG) = OnMANBAA BO ND NO BRAS constitu na Lel Orginica do Ensino Secundétlo, Este sistema vai sobreviver, n linhas gerais, aé 1971, Pot ee, 0 ensino secundtlo tinha duragéo de se anos e se dlividia em duas etapas (gindsio de quatro anos ¢ colegial de tr ‘anos). Para se avaliar a seletividade do sistema, os alunos que conclulam 0 ensino primérfo tinham que se submeter a um exame (exame de adimissao) para 0 ingresso no ginsio. Em caso de reprovagio, deveriam cursar um ano de estudo complementar Refletindo a industralizagso do pais e os novos interesses econdmicos ‘em Jogo, a era Vargas catacterizou-se também pela implantagso do ensino profissionalizante, destinado “as classes menos favorecidas”, segundo a re- acho da Constituigdo Federal de 1937 (Art. 128). Implantou-se, entao, um sistema dualista, convivendo lado a lado, um ensino médio propedéutico € outro profssionalizante, Contudo, apenas 6 primeiro perma 0 acesso ao en- sino superior Esta restricéo dutou até 1983 e s6 fol abolida integralmente em 1961, com a primeira LDB (Lei n4.024/61). Data também da era Vargas a cria- ‘0 do Servigo Nacional de Aprendizagem Industial (Senai), sob o esto con- twole dos empresitios. © golpe militar de 1964 0 periodo ditatorial que se segulu, como néo poderia deixar de ser, marcaram profundamente a organizagto do sistema ‘educacional. No que se refere ao ensino médio, a Lei n® §.682/71 (aprovada sein diseussio, nos sombrios tempos do presidente Médici) mudatia de forma, radical a tendéncia leislativa até entéo segulda. Em primeiro lugar, ela unificou © antigo gindsio (que correspondia ao primeiro ciclo do ensino médio) com 0 antigo primario, criando o primero grau, com olto anos de duragéo, obrigatério © gratuito nas instituigées pablicas, Em segundo lugar, transformou o antigo, colegial em segundo grau, sem allerar sua duragdo de ts anos. Contudo, a ‘mais radical mudanga implantada por esta lel no ensino médio fol a profs- sionalizagdo compulséria. Assim, pela lei, todas as escolas de segundo grau \deveriam assegurar uma qualificagao profssional, fosse de nivel téenico (qua tio anos de duragéo), fosse de auniliar técnico (trés anos de duracao). Tudo Indica que © objetivo por tris deste novo desenho do ensine médlio, dando- Ihe um cardter de terminalidade dos estudos, fol o de redusir a demanda para ‘0 ensino superior e tentar aplacar o impeto das manifestagées estudantis que fexiglam mais vagas nas universidade piblicas. {As tentativas de implantagao da profisionalizago compulsoria foram ‘desastrosas (CUNHA; GOES, 1985). Até 1982, quando a obrigatoriedade da qua lieagao foi abotda, foram criadas mais de 180 habiitacdes de nivel téenico ou auxiliartécnico, definindo-se perls atamente especiaizados © que nio respon: diam natural dindmica do mereado de trabalho. Além disto, as empresas preferiam qualifcar internamente seu pessoal do que contatar teenicos por salrios mals altos © mais exigentes quanto &s condigoes de trabalho, E quan Bil est ancauno DE RENE FTO - 0 ENO MEN) to as escolas? Bem, as escolas particulares, que alé fins da déeada de 1960 encontravam-se, basicamente, em maos de congregagdes religiosas ¢ dividiam com o sistema pablico (que era multo seletivo) as matrculas da clientela de elite, passam por um proceso de transformacéo € vio sendo monopolizadas pelas empresas comerciais de ensino que se especializam em preparar 08 ale nos para o ingresso no ensino superior. Estas escolas criaram a profssiona- lizagao de “faz-le-conta’. Os alunos cursavam algumas disciplinas que envol- viam algum caréter téenico, acessérias ao seu curiculo, e obtinham qualifies {ées como, por exemplo, a de ausilar tcnico em Andlizes Clinicas para aque- les alunos que pretendiam ingressar nos cursos de Medicina, ou auxilar ten ‘co em Agrimensura para aqueles cuja opgdo era Engenharia. 4 as escolas piiblicas, que antes ofereciam ensino propedéutico, em um ‘momento em que 0s gastos com ensino alingiam os patamares mais baixos dos ditimos 50 anos, partiam para o oferecimento de habilitagoes de baixo ‘custo, Assim, 0 antigo curso Normal, que desde a sua erlagéo em fins do sécu- Jo XIX era freqUentado pelas filhas da elite (que agora prestavam vestibular para carrelras mais bem-remuneradas), transformou-se na habilitacso Magistério, ‘cujos cursos se multiplicaram sem o correspondente aumento nos recursos oferecidos e na quallicago dos professores. Surgem também os Indmeros cursos de Secretariado equlpados com nada mais que uma sala com velhas maquinas de escrever, acrescida & estrutura anterior. Por fim, os préprios cur- 4505 t€cnicos préexistentes, muitos de boa qualidade, longe dé se beneficiarer ‘com & nova lel, 40 por ela penalizados, uma vez que perdem sua identidade diferencia. Assim, os colégios técnicos pllblicos pré-existentes, e que consum ‘am recursos acima da média das escolas, vramse sucateados, nivelados que foram as suas novas congéneres de balxo custo. Portanto, ferindo os interesses da elite que pouco se interessava pela profissionaizac3o, ndo tendo o apoio dos industrials @ quem pretendia bene- ficiar € resolvida (em parte da pior forma) a crise de demanda pelo ensino superior com a explosio da rede privada, a profissionalizagéo compulséria pari como chegou, revogada pela Lel n? 7.044, de 18 de outubro de 1982 e tudo voliou a ser “como dantes no quartel de Abrantes”. U perlodo de 182 {até a aprovacio da nova Constituicao Federal, em 1988, e da nova LDB, em 1996, foi marcado por uma ampliagao do sistema publico de ensino médio, ‘sem a correspondente ampliagdo dos recursos financelros necessérios e com © progressive abandono, por parte da classe médla, da rede piblica. Conso- lidaramm-se as empresas de ensino na rede privada, em que 0 ensino visto o-somente como mereadoria a ser vendida para um mercado restito, mas {vido pelo ingresso no ensino superior ¢ disposto a elevado sacrifcio fnan- celro para tanto, Nesta logica, os professores, assim como os demais traba- Ihadores do setor de servicos, cumpriam a fungao de gerar mals-valla para (05 novos capitalistas da educagao, 52 oMuALoo Fb vena «na DAO (ond) ~ORBANCACHO BO NED HO RAASL A partir deste cenitio, esbogada em toscas pinceladas, podemos conclu, ‘de uma forma geral, que 0 ensino méclio no Brasil fol construido sob a marca la seletvidade (un ensino para poueos) e que seu objetivo centeal sempre fol 1 preparacio para o ingresso no nivel superior (cardter propedéutico), objeti- vo relleido em contetidos curriculares desvinculados da realidade concreta da opulagao brasileira, na separacao entre teoria e pratica e em metodologias de ensino que valorizavam a memorizagdo e a postura passiva do aluno. Com base neste pano de fundo analisaremos, a seguir, a inovagées promovidas pela Cnstituigao Federal de 1988 ¢ pela LDB de 1996, ANOVA REALIDADE LEGAL DO ENSINO acéDIO CRIADA PeLA CF 88 & PaLA LDB (Let ne 9,394/96) ‘A primeira e mais importante modificagéo introduzida pela Consituicéo Federal de 1988, no que se refere ao ensino médio, diz respeito a sua abrangéncia, Em sua redacio original, a CF de 1988 estabelecia que 0 dever do Estado com a educagio escolar publica seria efelvado mediante a garan tia de *progressiva extensao da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino mé- dio” (Art. 208, inciso I), Isto significa una posigéo de universalizacio do en- sino médio por parte do legislador constiuinte. Este preceito, aliado aos $4 IF e 2 do mesmo artigo, que estabelecem que *O acesso ao ensino obrigaté- tio e gratuto & direito publica subjeivo” (o que significa que pode ser plete ado no ludiciario) e que o néo-oferecimento do ensino obrigatério “importa responsabllidade da autoridade competente*, representavam instrumentos Importantes para que o eslabelecido na Lel Malor fosse de fato cumprido, Contudo, a Emenda Consttucional 14, de 18 de setembro de 1996, a mesma {ue criou © polémico Fundef, alterou a redagio do Artigo 208 da CF, restin- indo direitos ali assegurados. Assim, onde constava *progressiva extensio dda obrigatoriedade e gratuidade a0 ensino médio” passou a conslar "progres- siva universalizacao do ensino médio gratuito”, © que pouco significa, visto ‘ue hoje 86% dag matrieulas nn ensinn médin j4 sha grahiling, A redtacsn original garantia que, em um prazo razodvel de tempo, todos os brasileiros deveriam cursar 0 ensino médio, como aliés ocorre com pafses com renda per capita equivalente & nossa. Esta restigGo de direitos, contudo, teve seu ‘feito de certa forma amenizado, pois 0 governo de Fernando Henrique Car- doso, no afd de aprovar apressadamente a sua proposta de LDB, promulga- da posteriormente & Emenda 14 (20 de dezembro de 1996), manteve, na LDB, a redagdo original da CF. Assim, consta no seu Art. 48 que trata do dever do Estado com a educacao, a “progressiva extensao da obrigatoriedade & sratuldade a0 ensino médio', ou seia, a redacéo original da CF. O que vale ‘entdo? Como a LDB regulamenta a CF e como a redacéo deste inciso no se 53 Jost sven no Ge Rea PO 0 HNSNO MEDIO ‘choca com 0 texto constitucional, podemos dizer que hoje, © precelto que rege o ensino médio, quanto a sua abrangéncia, & o de sua progressiva obri- gatoriedade. © que mudou é que entre 1988 e 1996 este era um mandamen- to euja forca emanava da CF que € a let maior; agora emana da LDB. Resta também inguestionsvel que o acesso ao ensino médio é um direito do clda- dae e him dever da. Fsinto, tendo sida esta a pasicho hegemdnica do talk frio, pelo menos no Estado de Sao Paulo, quando acionado. Contudo, mais que 0s aspectos enyolvendo a adequada interpretacdo da norma juridica, 0 4que fer avancar de forma impressionante as matrculas no ensino médio, nos ‘iltimos anos, fol a presséo social dos jovens e de suas familas, decorrente de exigéncias crescentes de certficagéo do mercado de trabalho e de um salutar anselo de continuldade dos estudos, associadas & melhoria nas taxas de concluséo do ensino fundamental. RESPONSABIUDADE PELO ENSINO MEDIO ois bem, esclarecido que, pela LDB, 0 ensino médo, em um prazo razo- fvel, deve ser garantido a todos o brasleios, vejamos agora a quem cabe sssegurddo. Em primelro lugar, a CF a LOD asseguram o direto de sua oferta pela rede prvada desde que esta cumpra as normas gerais da educagio nacio- nal, sla aulorlzada e receba avallacio de qualidade por parle do poder pibli- co e possua capacidade de autofinanciamento, ressalvados os casos previstos em let das instiuigoes confessional, comunitrias eflantropicas (BRASIL, 198, ‘At. 200; BRASIL, 1996, A278). Quanto ao sistema pblico, a responsablidade pela sua ofera é basicamente dos sistemas esladuais, eabendo & Unido a no ‘menos importante fungéo de assegurar a eqiallza¢ho das oportunidades edu. cacionais entre as diferentes resides do pais © de garantr um padro minimo de qualidade do ensino mediante assisténia técnica e financera (BRASIL, 1965, Art. 211; BRASIL, 19965, Ar. 10). Paricularmente enigmatica € a redagio do Inciso IV do Art. 10 da LDB, que estabelece que os Estados e o DF incumbirse- fo de “assegurar 0 ensino fundamental e oferecr, com priordade, 0 ensino médio’. Que distingdo © lelslador quls apontar ao usar as expresses “ase- ura” ¢“oferecer com priordade?,respecivamente, para os nivels fundamental © médio? Bem mais adequada e menos ambigua € a redagéo da CF (BRASIL, 1341, Ant 211, pargraty 4°) que air: fos Estados e 0 Distto Federal atu: {Bo prlortariamente no ensing fundamental © médio’. Avauingho & SUPERS Outro aspecto importante saber a quem compete avaliar © supervsio- nar 0 ensino médio. Quanto & avaiaco, estabelece o Art 9° (Ine. VI) da LDB que compete Unido “assegurar 0 processo nacional de avaliagao do rendi- aba Peso #6 Cut ETRE RO ORE) = ORCANEACHO UO ENSHO NO BRA ‘mento escolar no ensino fundamental, méio e superior, em colaboragio com fs sistemas do ensino, objetivando a definigso de prioridades e a metho tts qualidade do ensino®. Para 0 ensino médio 0 MEC aplica a Avalingdo Na- tional da tiducagio Baslea (Aneb), nos mesos modes do antigo Saeb, para uma amostra de alunos da 3” série do ensina médio apenas nos contecdos ‘de Lingua Portuguesa e Matematica, e 0 Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tudo felto sem uma prévia discusssio com os sistemas de ensino, comno determina a LDB, Este ultimo exame, que podetia cumprir uma impor. tant embora timitada, fungdo diagnéstica do ensino médio acaba tendo este ‘objetva distorcido quando © MEC busca transform-lo em instrumento de selecio para o Ingresso nas insttuigdes superiores, em especial por melo do Froyrama Universidade para Todos (ProUni), Outra distorgéo foi o fato deste xame ser pago quando de sua implantagao, © que Inviabifiea qualquer vali- lade amostral, Com algumas decis6es da justiga, apontando a inconsti- ‘ucionalidade da cobranga, houve um recuo do MEC. De qualquer forma, até ‘© momento, nao existe ainda um sistema adequado de avaliacao do ensino métio no Brasil, © que depende, antes de tudo, de uma clara definigao sobre ‘0¢ reals abjetivas deste nivel de ensino © da ulllizagio de um conjunto de insrumentos, envolvendo, entre outros, aperfeigoamento do Censo Escolar, visils ds escolas por comissoes externas e auto-avallagéo com participagéo de alunos, pais © profisionals da escola, Quanto a superviséo das insttuig6es de ensino médio, esta caberd & Unido € aos municipios (quando constiuidos enquanto Sistema Municipal de Ensino) em relagao & sua respectiva rede, Avs estados caberd a superviséo de sua propria rede e das Instituig6es deste nivel de ensino mantidas pela Iniiatva privada (ants.16, 17 © 18 da LDB). Cab ainda comentar que o sistema de supervisio do ensino no Brasi, fo que se refere & rede publica, ndo vai além de um controle interno aos sistemas jé que os supervisores pertencem as secretarias de educagio que estio senda avaliadas, o que impede qualquer atuagéo mais auténoma. O mesty problema ocorre, também, em especial em relacéo & superisao pe- Jos estados, na rede privada de ensino, uma vez que € prética comum supe sisores de ensino ministrarem aulas nessa rede, No nosso entendimento a superiséo de ensino deveria ser uma carrelra a parte nos sistemas de ensi- no © 0s supervisores deveriam prestar contas diretamente a0 respectivo con. selho de educacao, Fs Do ENSiNO MEDIO Focamos agora a importante discussio sobre as finalidades do ensino édlo, nos termos da legislago em vigor. A linha mestra é aquela dada pelo __55 [Art 205 da CF, que ffxa como objetivos gerals da edueagho No pals 0 “pleno desenvolimento da pessoa, seu preparo para o exercicio da eldadania e sua ‘ualiicagto para o trabalho". Estes objetivos gerais recebem o seguinte deta © ensino médio, idades: thamento por parte da Art. 35 da LDB ao estabelecer qu enquanto etapa final da educacéo basica, tem como ft | consoidagso ee aprfindamento dos conhecimenosaduirdos no ens fn damenal,possbillando o prossegulento dos estudos; IU preparaglo héica para o wabalho © a ciadania do educande, para continuar aprendendo, de modo a ser eapaz de se adapter com fexiblldade a novascondigges fe ocupoedo ou apereigoamenta posteioes: {=o aprimoramento do educanwo com pessoa humana neind aformago ca 0 desenvolvimento da autonomiainelectua edo pensamentoereo; IVa compreensio dos fundamentos dentin ecole dos process prods, ea. ‘lnseoateoria com a pita, no ersino de cada dsipina. (BRASIL, 1806b, A. 35) ‘Como podemos constatar, 0s objetivos gerais traados pela CF e os espe- ‘fficos para 0 ensino médio, definides pela LDB, s4o extremamente ambiciosos esto muito distantes de tudo o que hole se pratiea neste nivel de ensino, eam excecaa talvez, de teu primeiro objetivo, que trata da sua fungdo propedéutica que, como vimos, remonta & primeira escola jesuta aqul Implan- tada. Nao obstante, mesmo quanto a este objetivo cabe um certo questiona- mento. Afinal, que preparago adequada para continuidade dos estudos em. nivel superior podem dar as insttulgdes de ensino médio, publicas e privadas, onde as aulas préticas e os laboratérios, quando existem, possuem um carétet rmeramente acessério ou de justicativa para maiores mensalidades? (© segundo objetivo tragado pela lei trata da preparacio para o trabalho e para a cidadania, Tem como referencia 0 fato de vivermos em uma sociedade ‘em transformacéo, onde as condiches de trabalho estéo em constante mudan- ‘2. Basico, portanto, € fomentar a capaciade de aprender do educando. Tia- tase de tarefa dif, uma vez que, em funcio de seu passado elista, a escola de ensino médio tem uma dificuldade temenda em conviver com © mundo do trabalho, embora seja frrnada, ein sua maior past, pon Uabalhahares (ale dos profissionais, os préprios alunos). Sem muita chance de errar, podernos. dizer que até hoje © mundo do trabalho nao entrou nos currculos nas pede licas escolares. E, como vimos, 0 breve periodo de profissionalizacio compul- séria do ensino médio nada fez para alterar este quadro. Decorrerd este fato de uma heranca persistente de quatro séculos de escravidéo, na qual tudo que fra associado ao trabalho remetia A servidio € & inferloridade? 0 terceiro objetivo tracado pela lei aponta para 0 desenvolvimento Inte- ral do edueando, fomentando sua autonomia intelectual ¢ estimulando © pen- samento etftco; também exigiré drdio esforco para o sew cumprimento, Af- nal, para estimular a autonomia intelectual e © pensamento eric, devernos 56 MUALDO Po CAMERA EHR ABD (oma) = GRCANZAGKO BO NEKO HO BRAS pratled-os) para formar 0 cidadao, deve-se vivenclar a cidadania no dia-a-tia, ‘Ora, quando vemos 0 passado de nossa escola, do ensino fundamental a0 Superior, onde boa parte dos atuais professores fol formada sob a égide da anulengdo do status quo, da diseiplina imposta exteriormente e onde as dividas nunca eram bemvindas, percebemos a dimensio desta tarefa esta- blecida pela lei e como urge uma requalifleagéo da carpe Aocente Anda ‘mais se lembramos que boa parte deles foi formada no periodo da eitadura la, quando estes atributos, agora valorizados, eram considerados moti- vos de puniao, © quarto e sitio objetivo fxado pela LDB para 0 ensino médio trata da ‘compreensio dos fundamentos cientifcos @ tecnoldgicas dos processos pro- dutivos, relacionando, no ensino de cada disciplna, a teoria com a pratica, © também com um longo caminho a ser percorrida até sua concretizacéo. Isto ladvém do peso da tradicio escolistica da escola jesuitia, na qual a exper. ‘mentagio nunea ocupou papel central, allado ao seu caréter preparatério com vistas aos cursos superiores, para os quais a selegéo geralmente & feita através de citérios que valorizam a memorizagéo e a informacao. Sem en- trar no mérito se o vestibular & a forma mais adequada de selecionar alunos para o ensino superior, ¢ evidente que a mancira como ele se organiza tei importantes reflexos sobre 0 ensino médio, embora, como tudo indica, te= nha pequeno impacto sobre quem entra nas universidades (e 05 resultados do Enem esto af para comprovar). Alunos e professores com diffculdade de eserita hoje s40 0 resultado natural dos anos de dominio das questoes de ‘millipla escotha que, dos vestbulares, migraram para os mais diferentes ni- veis de ensino, Neste aspecto, & louvavel o At. 51 da LDB que estabelece que ts universidades, ao deliberarem sobre os critérios de selecao de seus estu antes, deverio levar em conta 0 seu Impacto sobre a orientagéo do ensino médio. Pena que, até 0 momento, ele tenha sido ignorado. No que se refere ao cumprimento dos objetives fixados para ensino ‘médio pela LDB, cabe um dtimo comentério. Analisando as diferentes redes ue ofereciam, quando da aprovagéo da LDB, o ensino médio no Brasil, € provavel que apenas uma se aproximasse dos objetivos Sixados pela nova lei ‘endo era a rede privada: tratava-se da rede de escolas técnicas federais, Estas ‘escolas ofereciamm umn ensino médio, geralmente em periodo integral, com pro. Fessores qualfcados e recebendo salarios acima da média (ver tabela 8), com uma forte integragao entre teoria e prética. A qualificago para o trabalho era © objetivo basico, mas também a preparagao para a conlinuidade dos estu- ddos era assegurada, Pode ser surpresa para multos, mas nos vestibulares da USP estas escolas é que apresentavam melhor desempenho: a proporcao de aprovados era maior que a proporcio de inseritos. Ou sela, no Brasil, 20 con- ttério do que o senso comum e a propaganda insinuamn, o bom ensino mé- aa Jost anceLo nr ERO TO 0 RSINO MIKO dio ainda esté para ser construido, Néo obstante a superioridade da forma ‘¢40 propiclada pelas escolas téenicas federais, em 1997, 0 entéo ministto da Educagio, Paulo Renato de Souza, alegando que estas inslluigées estavam se desvirtuando de sua fungéo original (formagao de téenicos para ingresso imediato no mercado, na sua visio) pols muitos dos alunos que as fre. ‘qientavom ingressavam na educacéo superivt, eum 0 Decreto Nn 2.208, de 17 de abril de 1997, deu fim a0 seu modelo original ¢ eficaz, 20 estabelecer a separagéo entre as disciplinas de conteddo basico do ensino médio © aque- las de contetido profssionalizante. Felizmente, este decreto fol revogado em 2004 a integragdo entre a formacio geral ¢ a formacio técnica fol resta. belecida, mas nao com o caréter compulsério de antes, 0 que retitou a sua Torca (Decreto n° 5.154, de 23 de julho de 2004). Da onGANaAGAO & D0 CURRICULO © ensino médio, como parte da educagdo bésica, deve obedecer a not mas comuns a esta € oulras que Ihe so especificas, Assim, a carga horéria, anual minima é de 800 horas distibu(das por um minimo de 200 dias de efe- five trabalho eecolar, A duragio minima € de tiés ais, Coy 19 ensino fun damental, admite-se a organizagéo em séries anvals, periodos semestrais ou or ciclos. Nos estabelecimentos que adotam a progressio regular por série, Pode-se admitr formas de progressao parcial, desde que obedecida a regula mentagio do respectivo sistema de ensino (federal, estadual, o municipal). A avaliagdo do desempenho do aluno deve ser continua e cumulativa, com prevaléncia dos aspectos qualitalivos sobre os quantitativos. S40 obrigat6rios, (08 estudos de recuperacéo para 0s alunos com baixo rendimento escolar, 4e preferéncia paralelos ao perfodo letivo. A freqiéncia minima exigida para aprovagao é de 75% do total de horas letivas e, pottanto, ela ndo pode ser cexigida para cada disciplina, mas para 0 conjunto das mesmas (BRASIL, 1996b, Ant. 23, 24 35) Estabelece ainda a lei (Art. 25) que deve ser assegurada uma relacdo ade- quada entre 0 niimero de alunos e o professor, a carga horétla e as condi bes materiais do estabelecimento de ensino. Contudo, 20 contrario de deft nr qual seria um padrao minimo nacional para assegurar esta relagéo adequa- da 0 texto aprovado delxa esta tarefa a cargo dos sistemas de ensino, “8 vista das condigées disponiveis e das caracteristicas regionais e locals". Como os Fecursos financeiros so limitados ¢ 08 alunos s80 mult. Quanto aos currculos, a LDB determina que estes devem ter uma base nacional comum, a ser completada, em cada sistema de ensino e estabelect ‘mento escolar, por uma parte diversificada sjustada 8s condicées e clientelas locais. Bles devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da lingua portugue- 58 oMLALDO Pr OLR x TARE ABR (ORG) ~CROANZAGAO BO ENSNO MO RAS sa € da matemstica, 0 conhecimento do mundo fisico e natural e da realida- de social e politica (Art. 26). Especificamente quanto ao ensino médio, os cur- riculos devem destacar a educagdo tecnolégica basica, a compreensao do significado da cléncia, das letras © das artes; 0 proceso historico de tansfor- ‘magio da sociedade ¢ da cultura; a lingua portuguesa como instrumento de ‘comuinicagso, acaseo a0 conhecimento e exereicio da cidadania. A lel esta como diretriz para © ensino médlo, 0 dominio dos conhecimen- tos de flosofia sociologia necessétios a0 exercicio da cidadania; uma formmu- lagao bastante ambigua e de diffe operacionalizacao. Ante © educagso fisica fentratio como componentes curticulates obrigatorios do ensino médio. A pritica da educaglo fisica seré facultativa para os alunos que se enquadrem fem uma das seguintes situacées: cumpram uma jorada de trabalho igual ‘ou superior a seis horas; tenham mais de 30 anos de dade; estejam prestan- do servico militar; possuam algum tipo de afeccéo que impeca o exercicio, da pritica, ou que tenham prole (BRASIL, 2003). ‘lei estat também que deve ser oferecida uma lingua estrangelra mo- derma, como alsciplina obrigatéla, escothida pela comunidade escolar e uma segunda, em carster optativo, dentro das possibilidades da Institulcdo. Mais luna vee « ambiyhidade que peniueia tole ¢ LDB. ypialive pata ques, pai aluno ou para 0 estabelecimento? Entendo que para o estabelecimento de fensino a oferta deva ser obrigatéria, podendo, contudo, escolher a disciplina a ser oferecida de acordo com suas condicdes. Do contrarlo, no haverla porque constar na legislacéo, j6 que tudo o que a lef nao veda é permitido. Quanto a participagao da comunidade escolar na escolha da lingua estran- gira obrigatdria, trata-se de um arroubo democrdtico do legislador num item de menor importincia © de diffell efetivacao. Estivera este impeto presente ho Art 14, onde so definidas as normas da gestio democratica e, com cer teza, teriamos uma lei bem mais adequada a um regime democratico. Por fim, 0 An. 26-4, incluido pela Let n® 10.638, de 9 de janeiro de 2003, estabelece como obrigatério 0 ensino sobre histéria e cultura afro-brasieira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficais e particulares, tno Ambito de todo o curriculo escolar, em especial nas areas de Educagio Anstlea e de Literatura e Historia brasllelras. Define, ainda, a lel que o con- tetido programatico includ *o estudo da Histéria da’ Alrica e dos afticanos, a uta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e 0 negro na formagao da sociedade nacional, resgatando a contribuicao do povo negro nas éreas social, econdmica e politica pertinentes & Historia do Brasil” (BRASIL, 2003c, ‘Art 26, § 1), Tratase de medida relevante e que néo pode flear apenas no papel, pois, como mostram os Dados preliminares do censo escolar de 2005, ‘do MEC (BRASIL, 2006b), dos alunos do ensino médio que declararam sua raga/cor, 44% classificaram-se como pardos ou preto. | i 59 oa aRCRANO DE RIDE Par -0 ENO DIO Quanto as metodologlas de ensino e avaliagio, além dos principlos ge tals fxados para a educacéo basica, a LDB (Art 36, Inelso Il) estabelece que estas devem estimular a iniciativa dos estudantes, em coerénc, allés, com (0 objetivos definidos para o ensino médio. Estas dirtrizes fixadas pela LDB foram regulamentadas pela Resolugio ni 998, da Camara de Edueagio Diésica do Conselho Nacional de Falucayi (CED CCNE) que institu as Diretizes Cuniculares Nacionals para © Ensino Mésio, Nio 6 objetivo deste texto analisar estas diretsizes, mas, em linhas gerals, elas esta- belecem os principios estéticos, politicos e élicos que devem nortear a pratica administativa © pedagégica dos sistemas de ensino de suas escolas (BRASIL, 1998, An, 3). Delxam claro que os “contetidos curticulares nio so um fim em si mesmos, mas meios basicos para constitulr competéncias cognitivas ou socials, priorzandoas sobre as informagdes” (BRASIL, 1998a, Art. 5, inciso 1 ‘A resolucéo fixa também os prineipios da *Mdentidade, Diversidade e Av: tonomia", da “Interdisciplinaridade” e da *Contextualizago" como estruturae ores dos curriculos do ensino médio (BRASIL, 1998a, Art, 6) Por fim, a resolugéo divide a base nacional dos curriculos em tres gran- des reas do conhecimento: “Linguagem, Cédigos e sua Tecnologias"; *Cién las da Naturcza, Matemétien e auas Tecnologias"; “Ciénclas Hurmanas «suas TTecnologias" (BRASIL, 1998a, Art. 10) A estas dreas sto acrescidas a educagio fsiea e a arte como compo- nentes curriculares obrigatérios e os conhecimentos de Mlosofia a sociologia necessérlos ao exercicio da cidadania, Quanto & necesséria forma de intro dduzire articular estes conhecimentos de flosofia e sociologia com as disciplinas a resolucéo em nada acrescenta & LDB. Esta base nacional comum devera compreender pelo menos 75% (ou seja, 1800 horas) do tempo minimo de duragéo do ensino médio, Do ponto de vista geral pademos dizer que a grande vantagem destas diretizes 6 que elas nao aprisionam os sistemas de ensino ¢ as escolas em estruturas curriculares rigidas, dando-thes bastante flexibilidade de atwagio, Um risco que pode exisir 6 que com a diviséo da base nacional comurn em tues grandes dieas, surjain dsedplinas-ponte como Cenelas Humanas (reunin- do hist6rla e geografla) e Ciencias da Natureza (reunindo biologla, fisica © ‘quimica), com as quais néo selam assegurados nem 0s conceltos biésicos das respectivas reas, nem a necesséria interdsciplinaridade; 0 que | ocorteu em passado recente com a disciplina de Estudos Socials e ocorte hoje com a iseiplina de Ciéncias no ensino fundamental As HABILTAGOES TEcNICAS A LDB no alterou significatiamente © quado anterlor no que 9 relere as habittagées técnicas. Ela estabelece (Ar. 95, §§ 24 e 38) que 0 ensino médio Tarrio vo Ne No BS, poder preparar 0 educando para 0 exerciclo das profissbes téenieas desde que ‘atendida a formagso geral ¢ que os diferentes cursos do ensino médio teréo ‘equivaléncis legal e habiltarao para o prosseguimento dos estudos. Esclarece ainda (Nr. 6, | 49) que a habiltagso profisional poderé desenvolver-se nos ‘estabelecimentos de ensino médio ou em cooperagdo com Institulgoes ‘especializidas em educacéo profissional (como 0 Senal. por exemplo). Como © tema da educagao profissional sera tatado em capitulo especk {ico desie livo, faremos apenas uma répida discussio sobre a habilitagéo pro- fissional de nivel médio na modalidade Normal. Trata-se do antigo Magistrio dda Lel n® §,692/71, que resgata 0 nome (apenas ele) que o consagrou desde ‘6 século pasado. Sua atribuigao espeeifica vem definida no Art. 62 da LDB, {que estabelece que 05 docentes que atuaréo na educagao bésica deverdo ser formaddos em nivel superior, em cursos de licenciatura plena, admitida, como formagio minima para o exercicio do magistério na educacéo infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, aquela forecida na modalidade Normal. fra, contudo, intengdo do legislador garantir que, a partir de 2007, 6 exisissem professores com formagdo em nivel superior ou formados por trelnamento em servo, 0 que, por consequéncia levaria & extingdo progres- siva dos cursos Normais de nivel médio. Néo obstante, na redacao do § 4 do ‘Antigo 87, consta: "AI6 0 fim da década somente serao admitidas professores hhabilitados em nivel superior ou [... (BRASIL, 1986), Art 87, grifo nosso), € ‘nao “a partir do fim da déeada*, como era claramente a Intengio do leglsla- dor. 0 imbrdglio fol resolvido por uma diseutivel resolugso do CNE que man- tém a possiblidade de formagio, em nivel médio, de professores para a edu- ‘cago Infantil ¢ sérles iniciais do ensino fundamental, ‘A EDUCAGAO Die JOVENS & ADULTOS NO ENSINO MEDIO E 0 ENSINO A DISTANCIA ‘A exemplo do que ocorre no ensino fundamental, a lei estabelece a edu cago de jovens e adultos no ensino médio para aqueles que néo Uveram ‘acess0 ou continuldade de estudos. Ela pode-se dar sob duas modalidades: cursos presencias ou exames. Os cursos e exames supletivos serio onganiza- dos pelos sistemas de ensino e compreendero a base nacional eomurm do ‘currculo, habilitande para © prosseguimento dos estudos em cardter regular ‘Ants. 37-€ 98). Com relagho aos cursos presenciais, em 2004 eles represen- tavam cerea de 13% das matrieulas no ensino médio regular e a LDB trouxe ppoucas novidades em relagio A. leglslagso anterior. Quanto & manutengio dos exames supletivos, tatase de um relyocesso ante A (jé ulm) legislagao ante- rior: no nivel de conclusao do ensino médio, eles s6 podem ser feitos por ‘educanidos malores de 18 anos. Na lei anterior, feta em plena ditadura, este limite era de 21 anos, Quando lembramos que a idade média com a qual 08 ‘alunos entra no ensino médio esta em tomo de 18 anos, percebernos 0 | | | 61 JE MARCHING DE REZENDE PINTO = © ENMIND MAL impacto de desescolarizago desta determinagho legal. © projelo original de DB, aprovado pela Camara dos Deputados & substitldo pela alu le, fxava um prazo para 0 fim dos exames supletivos, que oferecer vit diploma, as nfo a formagéo definida pela lel ¢ funcionam como una loteta (a méalia de aprovacéo 6 de 20% dos Inscrtos). O que & pior & que em bow parte dos Estados brasileros os alunos devem pagar pata fazer estes exaines, un valor fixado para cada disiplina na qual se insereva, Neste easo, de falo, podemos usar a expresso “comprar o diploma’. De forma organica com os exames supletivos sigem 08 cursos de eda- cagio a distancia, em todos os niveis de ensino, entre eles 0 ensino médio, Este € um novo e promissor mercado para a rede privada de ensino, eujo {oco inicial & 0 ensino superior, j4 que se trala de uma demanda mals repr ida e com malor poder aqusiivo, mas que tarnbém Inclul o-ensino médlio. Neste dltimo, reina soberana a Fundacéo Roberto Marinho, ligada h Rede Glo bo de Comunieagdes, com seu Telecurso 2000, herdelto do eonhecido de todos os brasileiros, Telecurso Segundo Grau, com apostilas vendic bancas de revista e programas televisivos para seu acompanhamnento. Estes, por sua vez. descencem do “falecido” (para alegtla de muitos) prog radiofonico Projeto Minerva, que ia ao ar depois «A Voz do Brasil ¢ procura va, a baixo custo, levar “educacio" a todos os rinedes do Brasil O maximo que consegui, salvo as excecées de praxe, fol reduzir a audincia radiofonica 1no seu horério de exibicéo. Nao ha safda: um ensino de qualidade tem um custo e ele nao 6 pequeno. A educagio a distancia, em qualquer nivel, pode ser um poderoso aliado na formacéo do educando; no Brasil, contudo, ela sempre foi confundida com ensino de baixo custo para alunos corn um his- térico de fracasso escolar, £2 exatamente para este perfil de aluno que ela no) se adequa e, s¢ feita com qualidade, o que implica supervisio qualificada © presencia, seu custo néo € pequeno. [A FORMACKO DE PROFESSORES PARA © ENSINO MEDIO E 0 FINANCIAMENTO DESTE NIVEL DE ENSINO 0 6 citado Art. 62 da LDB & muito claro: 05 docentes qui sino médio deverdo possuir formacéo em nivel superior, em curso de licen- latura de graduacdo plena. Como veremos nos dados apresentados mals adiante, ainda ha um néimero significative de professores sem esta habiltagso, tanto na rede piiblica quanto na privada, Tala-se, portanto, de um grande, mas Imprescindivel desalio se desejamos um ensino médio de qualidade, Quanto ao financiamento, a lei nao estabelece uma dlretiz especifiea para este nivel de ensino, O tice postulado que a ele se refere encontra-se no Ant. 11, ineiso V, que determina que os municipios que eventualmente atuardo no en- oUAL00 CUENTA ABAD (OG) = HRANEAGHO OO ENO NO BRAS, antiverem estabelecimentos de ensino médio (ou superior) deverso fazé-o com recursos acima dos percentuals minimos vineulades pela Constituigo Federal & manutengio e desenvolvimento do ensino. Em outras palavras, um ‘municipio que, por exemplo, possulr uma escola que ofereca ensino médio, deve aplicar sempre mais que 25% de sua recelta liquida de impostos em manutengao € desenvolvimento do ensino, A prdtica tem mostrado que aque- les municipios que atendem alunos no ensino médio geralmente nao cum- prem este preceito, © attificlo mais comum & computar todo 0 salétio dos professores que lecionam neste nivel de ensino, e que geralmente lecionam ‘no ensino fundamental, neste «timo, Cabe comentar também 0 papel do Fundo de Manutengao e Desenvol ento do Ensino Fundamental e de Valorizagéo do Magistério (Fundet), cri- ado pela EC 14 e regulamentado pela Let ne 9.124/96, que, ao vineular 0 rece- bimento dos recursos nele depositados as maticulas no ensino fundamental regular, pode desestimular os estados e municipios a Investir no ensino mé- tio, Este fato, aliado a0 aspecto comentado no paragrafo anterior, parece ex- plicar a queda de mais de 100 mil matriculas na rede municipal, entre 1996 € 2004, segundo dados do Censo Escolar do Inep. Na rede estadual néo se cons- tata este processo, embora o ctesclmento das malriculas tenha-se apresenta- do mals lento nos aitimos anos e, ao que tudo indica, muitos estados tam- bbém estdo se valendo do artfcio de contabilizar no ensino fundamental des- esas que so, de fato, realizadas com o ensino médio. De qualquer forma, no que se refere ao seu financiamento, pela LDB o sino médio deve ser mantido priortariamente pelos estados, com a agéo suplementar da Unido visando a assegurar um padréo minimo de qualidade © uma equalizagio entre as regides do pals. Esta agéo suplementar determi- hada pela tei nao tem sido cumprida pela Unio, cuja agao neste nivel de ‘ensino limita-se & manutencao de sua rede de escolas técnicas. Com 0 Fun ‘do de Manutengso © Desenvolvimento da Educagao Basica (Pundeb), que en- trou em vigor em 2007, howe urn aumento significative da complementagio da Unio (que deve ehegar a 4,5 bihGes de resis, ery 2000), mae que ainda & claramente insuficiente para se atinglr a qualidade que a educacéo basica tanto necessita, O novo fundo deve ainda provocar um estimulo no aumento das matriculas no ensino médio tanto na modalidade regular quanto na ed- cagio de jovens e adultos de natureza presencial, O fundo poderia provocar também am pequeno estimulo na arnpliagio do ensino médio em tempo in legal, J que 0 fator de ponderagio de suas maticulas (1,3) ¢ 8% superior Aquele realizado em tempo parcial, Contudo, como ¢ evidente, este acrésci- ‘mo esté muito aquém do respectivo aumento de custos. Por fim, 0 fundo Fepresenta um grande avango no que se refere a0 controle social, ja que a ‘composigio dos Conselhos de Acompanhamento © Conttole Social do Pundeb | | | | | | 63 ose sanensno NOE HO —0 BIND MO ‘assume um caréter mais cemocratico ¢ eles passaram a ter como alrlbulgho ‘a supenisdo da elaboracdo da proposta orcamentiria anual, o que les da uma importancia estratégica, (Os DesARI0s DA TRANSFORMACAO DA LEI RENLIOADE No Brasil vivese um fendmeno interessante: por um lado somos capazes de fazer leis extremamente avancadas no sentido do fortalecimento dos dlrek tos sacals, como 6 0 caso, por exemplo, do Estatuto da Crlanga & do Adoles- Cente e de nossas leis ambientais; por auto lado, convivesse com uma cexta tranqiilidade com 0 néo-cumprimento destas mesmas lels. Crlowse até 0 diay do: lei que “pega” € lei que "no pega’. Num pals de grandes dimensdes como 4 0 nosso, poucos movimentos socials possuem a capacidale de primeiro ‘mudar a realidade para depois muda a lel, como faz, com relallvo sucesso, 0 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Portanio, 0.que se bus- ca € canalizar 0 limitado potencial de press4o da sociedade evil organizada para, via legslagéo, procurar mudar uma realidade arcalea que, do ponto de isla do atendimento dos direitos sociais, coloca o Bras numa posigho vexatoria ‘quando comparado inclusive com nagdes bem mais pobres, O legislador, por sua vez, fende a volar leis mals progresslsias, corn 0 Intuit de agradar su base ‘leitoral, mas nio viabiliza os meios para a sua efethva eoneretizagio. Eno aso as paiiticas sociais, 0 meio de sua efetivagio & a destinagio de recursos f- nanceiros através dos orcamentos volados ¢ do acompanhamento, pelo Pala: mento, de seu estito cumprimento pelo Executivo, como fazer as nagde's mais desenvolvias. Ora, sto ndo acontece no Brasil: ou os recursos no séo inchs dos no Orcamento ou, quando isto acontece, |4 se sabe que © Poder Execu- tivo no ied aplicso, Muito embora, como vimos, a LDB niio seja a lei da educagio que gos- tarfamos, uma lei que, de fato, fizesse urn novo desenho de pacto soclal para ‘a edueagio no pais ¢ assegurasse um ensino publico de qualidade a todos ‘0 brasilsires, ela representou importantes avangos. No que se relere 20 en sino médio, estes avangos se deram, como vimos, na determinagio da pro: ‘ressiva universalzagio de sua obrigatoredade gratidade ¢ na explcitagio de objetivos que, se cumpridos, asseguram uma educagdo realmente bésiea para todos os estudantes que O coneluitem, Nesta etapa final, buscaremos linhavar a dimenséo desta tarefa, Para tanto, apresentaremos, a seguir, um onjunto de tabelas e quadro com os principals Indleadores sobre 0 ensino ‘médio, acompanhadas de sucintos comentarios, Pelos indicadores apresentados, consiata-se que 0 ensino mélio apre- sentou um erescimento Impressionante no periodo de 1971 a 2004, com suas matriculas no ensino regular ampliandose mals de 8 veres, A rede estadual 64 om FF cUvena THERE ADD oR) = ERGLEAHO BO PND HO ERAS Tbela 1 Evolugho da matricula do ensino médo regular no Bras (1971-2004) Total stadual_[ Municipal | Particular fo Janos i [7210 % [rsio) ® [r=] = [reno 1980] 2819 | 252 [3.1] 195 |e] 247 | 2.5] 192 Jas.s| 269 ag91| 3.770 | 337 | 2.7] 227 Jess] 461 | 4.7] 344 |27.0| 209 2000] 8.193 | 732 | 14] 256 |er.a| 1242/32] 509 | 14.1] 237 zoos] 9.169 | 19 for] 134 [esa] ress] 20] ace [ras] 220 ‘uo amber dade pinon do MEGA foi a que mals eresceu (14,6 vezes) e a particular, juntamente com a federal, fol a de menor crescimento (Tabela 1). A queda abrupta das matriculas na rede federal em 2004 parece decorrer dos efeitos do Decreto ne 2.208/97 que, ‘como vimos, provocou uma cisdo entre a formagso geral e a habiltagao t6- ica. Quanto A rede particular, vale ressaltar que esta alinla nay conseguls Tecuperar 0s alunos que possufa em 1980, 0 que é um claro indicador da redugéo da classe média no pats. Apesar deste grande crescimento das matrculas, a Tabela 2 mostra que ‘muito hd que ser feito, em especial no que diz respeito & Taxa de Escolarzacio Liqhida, cuja média no pats € de apenas 33,3%, Isto masta que, apesar de 83% ‘dos jovens de 15 a 17 anos freqtientarem a escola, apenas uum tergo da popu lagao nesta faita etéria enconta-se no ensino médio, A situagSa mosta-se mais Tabla 2. Ersino médio: taxa de excoarzagéo ede atendimento por regio (2000) regio [_t8 de fsolragio Towa de Atndimento de Tata aula 15a 17 anos ‘ore ‘is 170 76a Nordeste 567 167 aa Sudeste 4456 5 Sul 26 478 ata Centro:oeste | 780 33.0, a4 Brasil 766 333 Fone BRAS 004, 2 occ tyes «pct mi lo eno mie Rp em a aid 1 17 aco emis nédo ogden vaio t pape ra faba aa e117 ‘non Awa de Aendineno de 1s 4 17 anos eres» potato popu na aba eta 13 {C17 ans us eer matics met depenertement So ivi kde 2 sang) om ‘ao plo na See tra Go 13 417 acs rest nacre re wz NTO ANN ME ‘Tabela 3. Matrcula no ensino miédo por reldo « dependéndis ‘adminstrativa em 2004 (8) Regido Federal [Gtadval | Manica Priva Note 06 22a 03 Nordeste os 33,7 4a Sudeste 07 a4 16 Sul oa a6 06 Centr-Oeste og 849 03 Brasil o7, a | at Feet: 0 aver com base rs des pins: MECHnep (bs: A soma ms Ths pode estar erent de 100% em fargo dos aredonnetn critica nas regides Norte ¢ Nordeste, em que apenas cerea de 1/0 da popula- ‘glo de 15 a 17 anos encontra-se matticulada nesse nivel de ensino. A explica (Go para este fato encontra-se nos elevados nivels de repeténcia no ensino fundamental, 0 que faz com que a maioria dos jovens de 15 a 17 anos escolarizados encontre-se neste nivel de ensino © nio no ensipo médio ‘A Tabela 3 mosira a distibuigdo entre as diferentes redes nas diversas regldes do pals para o ano de 2004, Primeiramente, consiata-se 0 papel Insig- nificante da rede federal (representada basicamente pelas escolas téenicas {ederals) que em 2004 respondia por menos de 1% das matticulas, sendo que, com 1971, ela representava 4%, Outro dado interessante surpreendente ¢ 0 peso relativo, no Nordeste, da rede municipal (cerca de duas vexes « média nacional). Este falo pode ser explicado por um maior descompromisso dos estados destas regides com este nivel de ensino, De qualquer forma, corn a implantagéo do Fundef a partir de 1998, a tendéncia ¢ de retitada dos muni eipios no atendimento deste nivel de ensino, Basta dizer que, segundo o Censo Escolar, em 2000 a participagéo da rede municipal nas maitieulas do ensino médio no Nordeste era de 915% do total Tabela 4, Matrcula no ensino médio regular por ida Menor de 5 | i547 | 1a | 20am 168 7 ie oF 208 23 Fan ator co Be or aor nino: MEG Pela Tabela 4, constata-se que cerea da metade dos alunoy do ensl médio encontra-se fora da faixa etitia ideal, 0 que se explica pelo elavado ‘mero de reprovagées no ensino fundamental ¢ no proprio en da volta & escola de muitos concluinles do ensino fundamental et aio anterto res e que hoje retomam a escolarizagio, pressionados, enite outs eo 66 oMRALDO DELVE E THERESA ADO (ORG) = ORCANZAGKO DO EIN NO BRASH. Tabela 5, Maticula no ensino medio regular por série em 2004 (% do total a | | [|e 1 [aa ws |_| 0a o7 Toots 0 ito cam bute nx doe poss MECep Tabla 6. Matrcula no ensino médio regular no periodo noturno por dependéncia administrativa em 2008 (da total) Bras Federal Estadual | Municpal Frvade a Oa aa 8 ocr ase noe dado pins ECT las exigéneias do mercado de trabalho. De qualquer forma, segundo os dads do MEC, constata-se um aumento continuo, embora lento, na porcentagem de alunos do ensino médio na idade correta, a0 longo dos titimos 20 anos. Obser- vasse, ainda, segundo a Tabela 5, uma concentragéo elevada de matifculas na primeira série do ensino médio, Entre varios fatores que explieam este fato, Podemos citar 0 elevado niimera de reprovagées e o abandono ao final dessa série, bem como v erescinento das matriculas decorrente da amplagso do mero de concluintes do ensino fundamental, em especial com os progra- mas de aprovagao continuada e exames supletivas. Umm terceiro e wltimo dado 4 se comentar © que € mostrado na Tabela 6 refere-se ao grande ntimero de alunos matriculados no perfodo notumo, que chegam a 50% na rede estadual, ‘4 malor de todas. Aqui se destaca também, de forma clara, a clferenga entre 4 rede estacual e municipal, de um lado, ¢ as redes federal e privada, de outro, com 0 predominio das matriculas no perfodo diumo nesta ttima, Portanto, as Tabelas 4, 5 © 6 oferecem um quadro preciso da grande Aistorgio do ensino mécio no Brasil, em que @ malorla dos alunos esté numa Idade na qual jé deveriam t810 concluido, e por isso trabaliam ou estio em busea de emprego © conseqientemente estudam a nolte, quando esto ge- ralmente eansados, com professores também cansados em seu terceito tur hho de trabalho, Tals professores, além de cansados, esta despreparads para lidar com essa elientela, trabalhando com currculos e programas, melhor di- zendlo, com livros didéticos (que a maioria dos alunos nao possui) que nada ddizem de relevante para esse aluno. resultado natural e esperado ¢ a teprovagao, as fellas freqientes, 0 abandono de uma escola que parece hostil ao aluno tabalhador, que ja é mais adulto que adolescente © que, multas vezes, € tratado como crianga, Se ‘queremos cumprir a tei, a perspectiva deve ser o ensino médio dlurne, como contece na maioria dos pafses, assegurande-se algum tipa de ajuda finan- eira aos alunos que necessitarem. Enquanto nao chegarmos @ esta situacao, 67 1st wacuc Be REND FeO 0 ENSND MEAD Tabla 7. Alunos por turma do ensino médio regular or regido e dependncia adminstativa (2008) Reaiio [Tot | Federal | Estadual | Muniopal | Mada rast a 2 38 5 0 Norte 7 3 7 n ” wore » 25 a 6 %6 ‘useste 2 3 38 6 " Sul 2 2% 2 n M cento-oeste | 35 3 36 2 8 ent © eter eam bare ner dor primi CJ que se Inttaduzam no periado notumo contetidos & metodologlas addequa- dos ao aluno que 0 freqienta, atendendo ao que manda 6 jnclso Vi do At. 208 da CF: “oferta do ensino noturno regular, alequado As eondigoes do fedueando”. Na Tabela 7 so apresentados os dados da relagho alinos/turma para diferentes regides do pats, levando-se em conta as distintay dependéncias administrativas. Como se sabe, esta razio & um elemento muito importante para garantir um ensino de melhor qualidade assim como , também, ele- ‘mento decisivo na definigéo do custo-aluno, uma vex que quanto maior esta azo, menor o custo, Considerando que estes dois {lores alam em sen- Fidos opostos, a definigo da razao alunosturma é um dos elementos mals debatidos no mundo todo, De qualquer forma, 0 qué os dados mostram & que as redes federal e particular si0 aquelas que apresentam melhor rela: G40 aluno/turma. No palo oposto encontra-se a rede estadiinl, que & exata mente onde esti a maioria dos alunos do ensino médio, Considerando as diferentes regides do pais, o Sul destaca-se positivamente, com uma média de 33 alunos/turma, enquanto 0 Nordeste ¢ 0 destaque negativo, com 40 alunos/turma em 2004, ‘Outro insumo importante quando se discute a qualidade do ensino sio 18 salérlos dos professores, pois no processo de ensinovaprendizagem nso. existe tecnologia que possa prescindir de um bom prolessor & profissionals eompetentes e qualificados, a remuneragao {alot I tal. A Tabela 8, construida a partir dos dados respondidos pelos profe ro Censo dos profissionais do magistério da educacdo bisica, realizado pelo MEC no final de 2003, mostra que, com excegio da rede federal, 0 padr salarial deixa muito a desejar e esta bem abaixo daquele recebido por profs: sonals com nivel de formagao equivalente (BRASIL, 2005b), Assn ¢ que o salério da metade dos professores que lecionavam no ensino médio. io ka além de R$ 903,00/més. A titulo de comparacio, levantament feito pelo Inep fem 2002, com dados da Pesquisa Nacional por Amostia de Dotnielios (Pniad) do IBGE, mostra que, em 2001, o salarlo médio mensal de win policlal civil 68 eM Fe ctr Sk AGRA (ORG) ~ ORANG DO ESI HO BRASH. (camtita que nao exige formagio em nivel superiot) era de R$ 1.511,00; 0 de lum advogado era de R$ 2.497,00 € o de um oficial das Forcas Armadas era de R$ 2.09200. Outra informagéo relevante apontada pela Tabela 8 a que mosira que a mediana dos salérios da rede privada, quando se considera o Pais como um todo, encontra-se muito abalko dos valores praticados pela fe federal e apenas 11% acima daqueles pagus jela rede estadual, a qual responde pela maioria dos professores. Inclusive nas redes estaduais das regioes Norte e Nordeste as medianas so superiores aquelas da rede priva. ‘da, Nunca 6 demais ressalar que boa parte dos professores que leciona da rede privada trabalha também na rede publica, ‘Tubela 8. Medians dos salrios do ensino médio regular por regio © Adependéncia administrative erm 2003 (em reais) Regio [Tost [federal [ttl | Muna [Pada Trai so3| 2505] — 300] 54a] 1.00 Note | 1200 | 2664 | 1200 | eas | toeo nondese | 797 | 2a77 | m0 | 0 | "Ser suiete | 1000 | 2500 | 101 | 309 | 1300 sel soo | zee | ‘mo | 91 | taos enroute | 320 | 2500 | 500 | 740 | tao Ci Ai mt 50% draenei oun Sei ue 4 mt fer vb sats com ler pa se nels et mae me wb tas pres mean Analsando agora a rede esta, que € onde se enconra a maioria dos professors, consat-se que na regio Nordeste € que se encontiam os pice 16s saliiose, surpreendentemente, a reido Norte destaca-se com os meio- fes valores Isto pode se explicado pela caréncia de prfssionals com nivel superior, pelo maior custo de vida e pela resenca se muitos extertros, 105 quais 0s satios de parte dos professoressio pagos pelo govemo fede: fal, 0 que acaba deixando aos governos estaduais maior folgn para 0 pa. amento de seus professores. Ainda segundo oe dados do. Censo dos pro: Assionals do magiterio do edicagdo bdvica (BRASIL, 20036), a melhor re. ‘muneragio na rede publica encontrase no Distito Federal (mectana de RS 1.883,00im¢s),o que se expla por sero governo federal quem area com © Mnanclamento da educagio nesta unidade da federagio. Jos deslagues ne. gollos na medlana dos Saliioss80 Pil (RS 450,00inés), Expo Santo (RS | abe coment que, wo cso des pretest da ensne méda, a saliro més, em 2003, et de AS 16cm, um pecs cine, peat, da mada, ms aa malo aba de rood de Poisons cm el de formato sate 69 Tobela 9, Nivel de formagéo das fungées docentes do ensine médio ~ Brasil, 2002 (% do total) Fess [A 9 enna medio | Soper sem eects | Sipe com Kaotat Brasil 10,7 toa 7.0 Nore 133 i839 63.6 Nordeste 20,0 133 66.7 Sudeste 47 83 87,0 sul 22 10.7 B10 entrroeste | 20,7 92 70 Fer, o aor cr bare em SASL BERD (Ob Asam ns ins pode Tela erent de 100% en vite dos aren '540,00/més), Alagoas (RS 556,00/més) e, surpreendentemente, Santa Catatina (RS 600,90/més) Os baixos saléros ajudam a entender por que, em 2002, como mostra a ‘Tabela 9, 21% dos docentes que atuam neste nivel de ensino ainda no pos. slam licenclatura formagao minima exigida por lei desde 1971. Paraelam cexistem multos profissionals que possuem a qualifiengio exigida, mas se eusam a lecionar em fungao da baixa remuneragéo, Esta caréncla dle profis- sionais habiltados € mais ertica nas deas de Fisica © Quimica. Entre as es, mals uma vez 0 Nordeste se destaca negativamente, © 0 Suleste, posit: vamente, embora esteja ainda longe do minimo legal, Tabela 10, Alunos atenddos pelo ensino médio regular segundo a infacstrutura Aisponivel em 2002 (% do total de alunos maticulados) a pos d | sinoteca | lib | tab | Quadra ] Acero eee Linsitugto | MMI | cincis | informatica de tspores| &Intemet wan | Pals a a6 6 a Prvada_| 96 n a 0, Nom) Pabh B 7 w % tre | Privads | a5 53 a ei Piblea | 73 2 7 | a Novdese | pivads_| 92 52 n n n bie | 87 36 7 o Sudeste | riage | 94 | 79 | 09 4 3 Pils} 38 76 | 66 %6 sut__| Pivade_| 99 1 n 4 ables 78 36 a €oeste | privads | 91 ow 76 6 Fen: ower cam ba om dior inn do MECiInap 70 oMIALDO # De CUNIA ERSA AGRO ORG = ORDAMEACAD BO EISHO HO BRAS. Por tilimo, mas nao menos importante, resta saber quals as condlcées bdsieas de infra-estrutura com impacto direto na qualidade das escolas fre- {qientadas pelos alunos do ensine médio, Os dados sao apresentados na Ta- bela 10 e mostram o quanto ainda € preciso methorar as condigdes de ofer- ta do ensino, em especial nas instituigées pablicas, embora as escolas partl- cculares ainda deixem muito a desejar frente ao que se proclamam ser. Con- siderando 0 pais como um todo, preocupa que apenas cerca da metade dos ‘alunos das escolas publicas tenham acesso a escolas com laboratérios de cigneias, informatica e com acesso a internet. Se com relacéo a bibliotecas a situago parece melhor, nao nes podemos iludir, pols sabemos que a malo fia absoluta destas bibliotecas nao & administrada por um profissional hab litado, mas sim por professores *readaptados", que s80 antes professores que se afastaram da sala de aula por motivos de saidde ¢ que néo receberam. ‘qualquer preparacao para a atividade que exercem e para a qual nao foram formados. Preocupa sobremaneira, em especial nas areas de informatica € facesso & internet, a discrepancia ‘entre os recursos disponibilizados pelas escolas puiblicas, quando comparados com aqueles das escolas privadas. Esta distincla ¢ particularmente grave nas resides mais pobres do pafs. em espe- cial quando se considera que os alunos que freqQentam a rede privada mul- las vezes J possuem estes recursos em casa, enquanto para 0 aluno da rede ppdblica a escola ¢ a tniea eportunidade de acesso a estas novas tecnologlas, de nformagao e comunicacao. F, 0 que ¢ plor, a Internet s6 existe gracas 20 Investimento do setor piiblico, mas os beneficios de sua ulizago sé0 mo- nopolizados pelos alunos de familias mais abastadas. ‘Um passo importante para mudar a situacé0 nao s6 do ensino médio, ‘mas da educagio pibliea do Brasil como um todo, fol dado pela aprovacio {do Plano Nacional de Educagio, pela Lei né 10.172/2001 (BRASIL, 2001c). Muito tembora esta lei, que define as grandes metas da educacdo nacional até 0 ‘ano de 2011, até © momento tenha provocado pouco Impacto na tealidade ‘educacional do pals, em vistude principalmente dos vetos realizados pelo ex- presidente Fernando Henrique Cardoso nae metas que envolvem ampliagso de recursos pablicos, nao podemos aludar a torné-la mais uma lei “que nao pega". Como flea claro no Quadro 1, onde se encontram as principals metas lo PNE para 0 ensino médio, a lel estabelece uma série de metas fundamen- tals para a construgdo de uma escola de qualidade no Brasil Concluind este capitulo, pedemos dizer que grandes sio os desaflos para ‘6 cuimprimento do que a lei estabelece. Eles implicam grande ampliagao da fferta do ensino médio e uma mudanga radical tanto nos conteddos ministr dos quanto nas priticas escolares, as quais ainda trazem a marca da velha ‘escola esuila, embora nem os atuais semindtios lesuftas se utllzem mals desta etodologia. O ensino médio precisa ser redesenhado € uma boa forma de ce ‘ost ceLno DEREENDE FO = ENO ‘Quadro 1. Prineipals metas defindas para 0 ensinn mde no Plano Nacional de Educagho (Lel nt 10.172/2001), + Fordenamento de rede fica de modo a aseguarpropreivamenteWlalaes kas excsvas para o enna midlo separa Uaqvei day mi hel + Atendimento, em 2 anes, de todos os etresos do enna fundamental ncksto do atunos tom detzagem se tage eagles Com Neca) es m5 anos, stendimeno de 50% da demand, aingndo 100% eh 1 anh * Meltorar © desempena dos alos deforma a alagh vl saiftion no Sac demas sistemas de avalgio de Uetempenho ‘fm 5 anos, todos ot pofetores com el superior + Em 5 anos, préiose nstalagbs com padres minimos de inrsesuura. 2} espao interne com Huminagt, isolicio, vest, ) rede sien, agus posivel: ¢) exgotamento sano) nstaigde par Ngee 6 tales para prpar/seago de smetagoyf) space part esporte ty espgo pra recresan;) mobo, equpamentor'© mata pedapop os, D adequagde para erances com deficenc 1) blocs corn acer aWalEnd w laberatéa de Informit m)laboraténo de cdncasn)eulpaento mama bata esne 0) leone p serio de reproduc de tos 2} unverslangao progress 60 acevo Minted + Granta extendn de conslosexclues com a patpaclo da cmunidade oa geo. + Incenvar a exitinn € 0 funconamento de organizes estdant + Autonoma pedagolea dis eicols © na grtncia de ecurion minios pan a imanaengia 80 cation scolar + Ampkar a oferta dima gaan & feta volume para oF shins que balan ‘Rear 4 organiagio do ensno natn adsquando- As necesdades do akno tabalader + Programa enetgencil ara sformagio de profesers,epedaimente as areas de cénlas¢ matenicn, comecar sto € investindo em seus professores, boa parle deles formados ¢ escolas particulares de final de semana, que nunea eniratan er uit lnboratd- Fio ou em uma biblioteca de verdadle. Outra questa 6 dotar as escolas com lum montante estavel de recursos financeifos, repassados peviodicamente, para 2 compra de equipamentos © pequenas reformas, conforme decisio dle suas comunidades por meio dos conselhos de escola, Fundamental também & 1 falar a dignidade salarial do professor ¢ dos demals trabalhadotes «a educa- $40, fixar a jornada tinica para 0 professor, estabelecer earreltas que estimu Tem a fixacdo do professor na escola e na comunkdade, Contudo, a questi central que devemos ter em 1 ‘um ensino de qualidade tery wm feral custava, er 1995, RS 4,500.00 ppor ano, enquanto seu colega da rede estadual recebla cerca de RS 22,00 por ‘ano (CASTRO; FERNANDES, 1999). Pena que o primelro felzardo representasse a2 oMRALIO PE CLRA ETHERESA ADHD (ORG) ~ CRGANZAGO BO ENEWO NO EUS. 149% das matriculas, enquanto o segundo, 81%6. Nos Estados Unidos gastam-se, ‘em média, US$ 7.000,00/ano (www.nces.ed.gov) para um aluno da Edueagao DBésica (faixa etiia de 5 a 17 anos). Isto representa 28% de sua renda per capita © Brasil nao gasta por aluno-ano 12% de sua renda per capita. Se quisermos uma escola com padrao minimo de qualidade, como determinam a CF e a LDB, tiamns de gastar polo manos 25% de nossa renda per capita com o2 alunos da educagdo basica (PINTO, 2000). Além disto, ou incorporames a pratica dos paises desenvolvidos e, a cada ano, asseguramos recursos nos orcamentos dos Paderes piiblicos para que metas e objetivos fixados pela legislaco sejam atin sidos, ou continuaremos lamentando as leis que “no pegam”. ‘A EDUCAGAO SUPERIOR Apwkovo Menoes Caran Joko Fenariea ot O.sven A Lel de Diretrizes Bases da Edueago Nacional (LI), aproyada enn 20 de dezembro de 1996 (Lei n# 9.84/06), constitulse em mareo de referdncia para 0 inicio do proceso de reestruturagao da e\dueagho superior no fra Na verdade, © governo Fernando Henrique Cardoso, a pattr do seu primeiro rmandato (1995-1998), deu inicio a uma ampla reforma que objetivo moc car © panorama da educagio no pals, particularmente da eduieagho super ot. Nesse sentido, promoveu a claboracao ¢ a aprovagiio de um arcabougo legal capaz de alterar as direttizes ¢ bases que davam sustentagio ao mode fo que vinha sendo implementado desde a reforma universitiria de 1968, Aléma disso, vem introduzindo mudangas coneretas no padrio de avaliagio, de f- rnanciamento, de gestao, de curriculo e de produgio do trabalho academico, (0 que produz wansformac6es significativas no campo universitirio © nia Ken lidade das Instituigoes de Ensino Superior (IES).! ‘A finalidade desse trabalho ¢ compreender ¢ analisar © processo de reestruturagao do campo da educagao superior tomando por base a LOB. & evidente que essa lei nao dé conta da totalidade dos mecanismos lmplem tados na atual reforma dese nivel de ensino, articulando-se, na pratica, com outr.s leis, promulgadas desde 1995, e com outros instrumentos legals (m didas provisbrias, decretos, portatias, resolugdes, pareceres ete). No entanto, passados mais de dez anos da sua promulgagao © considerando a regula mentagéo produzida, veriica-se que a LDB trazia em seu bojo, seja pela omis sio, seja pela flexibilidade de sua interpretagdo, possiblidades miltiplas de concratizagio dos parimetros @ das principins da reforma iniciada pelo o- vero FHC. ‘A LDB trazia, sobretudo, explicita ou implicitamente, uma nova forma de agao ¢ de relacionamento entre Estado e IES, especialmente as piblicas, onde }0 Estado assume papel destacado no controle e na gestao de politicas para ‘0 setor, sobretudo por meio dos mecanismos de avaliagao © de financiamen- "Todas esas udangis na edueagio supairtersm curtinidade no segundo mando do goreme FHC (1990-2000) « tambem fam eieto de auragoes wanicatvs a pat do prime goveno Lil Inia em 2003,

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