You are on page 1of 2

Natureza morta

Da torre cinza que corta o cu


Avisto aos anjos
Priso vertiginosa
Ouo suas trombetas
Ressoam estrondosas
E eu aqui no frio
No cimento torto, da natureza morta.

O cu sempre azul
Na cela ou nas campinas
A tela que se pinta
Todo dia bonita
A tinta e o pincel, a pintura e a menina
E eu aqui no frio
Olhando pra parede cinza, colorida por sovina.

Papagaios a voar
Colorindo o fim de tarde
L do outro lado
Apartado pela grade
Da gente de crach, da cerca a separar
E eu aqui no frio
Na grama falsa, de chinelo a caminhar

De criana homem feito


No tenho sobrenome
Sou somente outro sujeito
Criado pra lograr e impedido de criar.

Vigia da morte,
Todo esse frio
J no quero mais passar.

Luiz Gois

You might also like