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050572015 Resista Elev nica de Jursprudéncia do STS Superior Tribunal de Justica Revista Eletrénica de Jurisprudéncia Imprimir AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RESP N° 1,131,069 - RJ (20110046901-3) RELATOR + MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA AGRA VANTE LINDOLPHO CORREA DE SOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BEZERRA FAILCAO EOUTRO(S) AGRAVADO- FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA TRIBUTARIO, AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. NOME DE SOCIO CONSTANTE DA CDA. ART. 135 DO CTN. INDEFERIMENTO LIMINAR AGRAVO PROVIDO, 1. Diante dos argumentos apresentados pela parte agravante, impie-se a reforma da deciso que indeferiu liminarmente os embargos de divergéncia em recurso especial, de modo a permitir seu processamento 2. Agravo regimental provido. ACORDAO, Vistos, relatados ¢ discutidos os autos em que sdo partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEGAO do Superior Tribunal de Justia, "Prosseguindo no julgamento,por unanimidade, dar provimento ao agravo regimental para que seja processado os Fmbargos de Divergéncia em Recurso Especial, nos termos da retificagao de voto feita pelo Sr Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Napoledo Nunes Maia Filho, Mauto Campbell Marques, Benedito Gongalves e Teori Albino Zavascki votaram como Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, 0 Sr. Ministro Francisco Faledo e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha. Brasilia (DF), 27 de junho de 2012(Data do Julgamento), MINISTRO CASTRO MEIRA Presidente MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA Relator AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RESI 131.069 - RJ (2011400469013) RELATOR 1 MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA AGRAVANTE LINDOLPHO CORREA DE SOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BEZERRA FALCAO EOUTROG) AGRAVADO FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GFRAL DA FAZENDA NACIONAL. RELATORIO. hips stan2.i jus. rvebsecs\/oglreustarRE:.cglITA?seq= 11050798tpo=O&nreg=201 T00490138SeqCgrraSessao=SCodOrganlgd=Bat=20120814.. 19 osrs2015 Revista letrnica de Jrispruséncia do STS MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA: Trata-se de agravo regimental interposto por LINDOLPHIO CORREA DE SOUZA em desfavor da FAZENDA NACIONAL, em que se insurge contra decisdo deste relator que indeferu liminarmente os embargos de divergéncia em recurso especial, a0 fundamento de que 0 acérdao embargado encontra-se em harmonia como entendimento firmado pela Primeira Sego nos autos do REsp 1.104.900ES, Rel. Min, DENISE ARRUDA, representative de controvérsia, no sentido de que ¢ possivel a responsabilizagio do sécio da pessoa juridica ewecutada quando 0 seu nome constar da CDA, cabendoslhe © dnus de provara inexisténcia das cireunstancias do art. 135 do CTN. Na decisdo agravada, afestei a aplicabilidade do enunciado da Simula 430STJ. Asseveret, ainda, que 0 acérdo embargado no se encontra fundado no disposto no art. 13 da Lei 8.62093, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal Sustenta a parte agravante ser aplicavel o enunciado da Sémula 4308TJ, ao argumento de que a incluso do seu nome na CDA decorreu da falta de pagamento da divida pela empresa, nao Ihe sendo atribuida a pratica de nenhumato ilicit. Segue afirmando que (fl 554e): Quando se cuida do art. 13 da Lei n® 8.62093 em fa como ocorre no presente caso, ndo é correto, pem dirimida a respeito’ da regra do art. 135 do CIN, e emrrelagdo as normas constitucionais, a venia, concluir-se pela "auséneia de similitude fitica e juridiea a ser Alega, ainda, ofensa aos arts, §, XIIl, 146, Ill, e 170 da Constituigao Federal Eo relaterio, AgRg nos EMBARGOS DE DIVERG! CIA EM RESP 131.069 - RI (201100469013) EMENTA TRIBUTARIO, AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL, RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. NOME DE SOCIO CONSTANTE DA CDA. ART. 135 DO CTN. INDEFERIMENTO LIMINAR AGRAVO PROVIDO, 1 Diante dos argumentos apresentados pela parte agravante, impde-se a reforma da decisto que indeferiu iminarmente os embargos de divergéncia em recurso especial, de modo a permitir seu processamento 2. Agravo regimental provido. voro MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator): Diante dos argumentos apresentados pela parte agravante, impde-se a reforma da decisio agravada, que indeferiu liminammente os embargos de divergéncia em recurso especial, de modo a permitir seu processamento. Comefeito, a parte embargante, além de provar o dissenso, mencionou as eircunstneias que identificam ou assemetham os casos em confionto, Assim, em principio, pata o inicial juizo de admissibilidade, procedeu ao cotejo analitico, conforme exige o art, 266, § 1°, ¢ art. 255, parigrafo tinico, do Regimento Intemo do Superior Tribunal de Justiga Desse modo, € de rigor a intimagao da parte embargada para, querendo, apresentar impugnagao, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme art. 267, caput, do RISTS Ante 0 exposto, dou provimento ao agravo regimental Fo voto CERTIDAO DEJULGAMENTO. PRIMEIRA SECAO AgRg nos ‘Niimero Registro: 201 10046901-3 EREsp 1.131.069/RI PROCESSO ELETRONICO Numeros Origen 200702010027065 200900581812 PA: 23112011 JULGADO: 2112011 hips stan2.sijus.vebsecst/ogireustaRE:.cgliITA?seq= 11050788tpo= dsr eg=201 T004590138SeqCgrraSessao=SCodOrganigd=Bat=20120814.. 29 050572015 Resista Elev nica de Jursprudéncia do STS Relator ‘Euno, Sr. Ministto ARNALDO ESTEVES LIMA Presidente da Sessdo Exmo, Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da Replica Exo. St. Dr. MOACIR GUIMARAES MORAIS FILHO Secretaria Bela. Carolina Véras AUTUACAO, EMBARGANTE, LINDOLPHO CORREA DE SOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BFZERRA FALCAO EOUTRO(S) EMBARGADO| FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTARIO - Procedimentos Fiscais AGRAVO REGIMENTAL AGRA VANTE LINDOLPHO CORREA DESOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BEZERRA FALCAO EOUTRO(S) AGRAVADO FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL CERTIDAO, Certifico que a egrégia PRIMEIRA SECAO, ao apreciar 0 processo em epigrafe na sessdo realizada nesta data, proferiu a seguinte decisdo "Apés 0 voto do St. Ministro Relator negando provimento ao agravo regimental, pediu vista antecipada o St. Ministro ‘Napoleio Nunes Maia Filho. Aguardam os Srs, Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gongalves, Cesar Asfor Rocha, Francisco Faledo e Teori Albino Zavascki AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RESP N° 1.131.069 - RJ (20110046901-3) RELATOR MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA AGRAVANTE LINDOLPHO CORREA DE SOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BEZERRA FALCAO E OUTRO(S) AGRAVADO FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL, Voro-Vista AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL. EXECUCAO FISCAL. INCLUSAO DO REPRESENTANTE DA PESSOA JURIDICA, CUJO NOME CONSTA DA CDA, NO tpt jus btoebsecsegievstaREd.cglTA?seq= 110007O8tpo= sire 1 1004500138SeqCgrraSessaorSCodOrganlgd=Bat=20120814.. 39 ossz0's Revista Erica de Juispudncia do ST POLO PASSIVO. NECESSIDADE DE PREVIO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APURACAO DAS CONDUTAS PREVISTAS NO ART. 135, III DO CTN. PRESUNCAO DE LIQUIDEZ E CERTEZA DA CDA QUE NAO ALCANCA ASPECTOS SUBJETIVOS DA RESPONSABILIDADE POR ATOS INFRACIONAIS. NECESSIDADE DE OBSERVANCIA DO CONTRADITORIO. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO PARA Di RMINAR O PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS DE DIVERGENCIA. LA jurisprudencia desta Corte jd firmou correto entendimento quanto a interpretacao do art. 135 do CTN, para afastar a abomindvel responsabilidade infracional objetiva dos sécios e administradores pelo inadimplemento das obrigagoes fiscais da pessoa juridica (Sumula 430STJ); todavia, essa exegese fica absolutamente fragilizada quando se admite que 0 sé fato de constar o nome do sécio ou diretor na CDA atraia a sua responsabilidade pela divida tributdria, invertendo o énus da prova quanto as supostas infragdes que deveriam estar, a esta altura, provadas. 2.A indicagao do nome do sécio, gerente ou diretor na CDA ndo 0 legitima automaticamente para a execugao tributdria sob um dos fundamentos do art. 135, Ill do CTN, se este fundamento nao veio especificado quando de sua inclusdo como coobrigado no titulo executive, maxime quando nao houve ‘sequer procedimento administrativo prévio tendente a apuracao daqueles atos ilicitos. 3.A presuncao de liquidez e certeza da CDA refere-se aos valores nela constantes, no abrangendo aspectos de cunho eminentemente subjetivo, como sao aqueles referidos no art. 135 do CTN; por isso, tal presuncao, de feitio objetivo, por si s6, nao pode vatidar a inversdo do énus probatorio, porque isso seria exigir proua de fato negativo nao especificado sobre 0 qual nao houve debate anterior - a chamada prova diabética. 4,Somente os atos administrativos em sentido estrito detém presuncao de validade, nao se estendendo esta aqueles que encerram contetido normativo ou jurisdicional, porquanto tais atos, invariavelmente, pressupoem atividade cognitiva probatoria anterior ou de interpretacao, como no processo administrativo sancionador, revelando a necessidade de obedecerem ao principio do contraditério. 5.A Administracao, quando pratica atos préprios de Julgador, deve submeterse aos principios do contraditério e da ampla defesa, como impoe a Constituigao Federal (art. 50., LV da CP88). 6.Para apurar a conduta ilicita do sécio, gerente ou administrador da empresa - porque 0 que legitima a sua inclusdo no polo passivo da demanda nao é a simples existéncia do débito, mas a causa ilicita do nao pagamento - é indispensdvel demonstrar que o agir nao foi apenas desastroso, do ponto de vista negocial, ou empresarial, mas deu-se em uirtude de pratica abusiva de excesso de poder, com infragao a lei ou ao contrato, ou adwio de dissotucdo irregular, com abuso da personalidade juridica ou locupletamento dos sécios ou diretores. Em uirtude da carga de responsabilidade oriunda da atividade ilicita, é indispensdvel que haja procedimento especifico, onde seja garantido 0 amplo exercicio do direito de defesa, quanto 4 imputacao, 7.As conclusdes desse procedimento é que sao aptas a embasar a cobranca fiscal direta do sécio, administrador ou gerente, que, somente nesses casos, teria o 6nus de desconstituir a prova jé realizada. 8.Agrawo Regimental provido para determinar o processamento dos Embargos de Divergencia. 1 Solicitei vista dos autos por reputo a questdo discutida nos autos da mais alta importancia 2.Cuida-se de execucdo fiscal proposta pelo INSS contra a empresa Montreal Engenharia SA, e, também, em desfavor do ora Embargante, um de seus diretores, nao sécio. O acérdao do TRF da 2a. hips stan2.sijus.vebsecst/oglroustaRE:J.cgliITA?seq= 11050788tpo=O&nreg=201 T00490138SeqCyrmaSessao=SCodOrganigd=Bat=20120814.. 49 050572015 Resista Elev nica de Jursprudéncia do STS Regido excluiu 0 diretor do pélo passivo da execucao, pelos seguintes fundamentos: O patrimonio pessoal do sécio, diretor, gerente ou representante de pessoa juridica de direito privado nao responde pelas dividas da sociedade, uma vez que com ele nao se confunde. O simples inadimplemento nao se presta a configurar a situagao a que se refere 0 artigo 135, inciso Ill, do Cédigo Tributario Nacional, na medida em que a responsabilidade sé existiré quando provada a pratica do ato com exces de podres ou infragao de lei, contrato social ou estatutos. Nao se esta a questionar a presuncao de legitimidade da Certidao da Divida Ati, eis que nao se poe em diivida, em um primeiro momento, a existéncia da divida e a sua titularidade. Apenas 0 Judicidrio nao reconhece a legitimidade do 30. que a autoridade administrativa fez constar arbitrariamente da CDA, utilizando-se da afirmacao de que uma vez no pago 0 tributo, o diretor, gerente ou representante de ‘pessoa juridica estaria sempre cometendo infracao a lei a ensejar a sua responsabilizacdo. Outrossim, falta de inclusdo do sécio, diretor, gerente ou representante de pessoa juridica na certidao da divida ativa ndo obsta a sua citagdo. Contudo, a legitimidade passiva desses sujeitos decorreré da verificacao de uma das situacdes descritas no inciso III do artigo 135 do CTN. Ressalte-se que esta prova incumbe ao exequente e, uma vez que este nao tenha trazido aos autos quaisquer indicios de prética de atos previstos no aludido dispositive legal nao estaré configurada a obrigacao tributdria do sécio-gerente, implicando em sua ilegitimidade para figurar no pélo passive da execucao fiscal. Ademais, a exigéncia da garantia do juizo e do ajuizamento de Embargos para discussao da matéria configuraria inversdo deste onus probandi (f1s. 205/206) 3.A decisao do ilustre Ministro CASTRO MEIRA que proveu o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional consignou o seguinte, no que interessa: 3.Caso 0 nome do sécio conste da CDA como corresponsdvel tributdrio, caberé a ele demonstrar a inexistencia dos requisitos do art. 135 do CTN, tanto no caso de execucdo fiscal proposta apenas em relacdo 4 sociedade empresdria e posteriormente redirecionada para o sécio-gerente, quanto no caso de execucdo proposta contra ambos (REsp. 1.104.900ES, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Secao, DJe 01042009, submetido ao artigo 543-C do CPC). 4A necessidade de prévio procedimento administrative para inscrigao do nome do sécio na CDA (requlamentado pela Portaria RFB 2284, de 30.11.2010), ndo foi discutido na origem, configurando-se a auséncia de prequestionamento. Inteligencia da Simula 211STJ: Inadmissivel recurso especial quanto a questao que, a despeito da oposigao de embargos dectaratérios, nao foi apreciada pelo tribunal a quo (fs. 432). 4.0 douto Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA nao conheceu dos presentes Embargos de Divergéncia, argumentando que a jurisprudéncia desta Corte orienta-se, atualmente, pela responsabilizacao do sécio da pessoa juridica executada sempre que 0 seu nome constar da CDA, cabendo-Ihe 0 énus de provar a inexisténcia das circunstancias do art. 135 do CTN. 5.Nao desconheco essa orientacao; todavia, penso que a tese merece um olhar reflexivo mais aprofundado. © préprio Ministro CASTRO MEIRA, em seu voto, destaca que, quando do julgamento do recurso representativo de controvérsia, nao se discutiu a necessidade de um processo administrative para a indicacdo das razdes pelas quais 0 nome do sécio figurava na CDA. E nao se pode negar que todas essas questes esi outra, como se estivessem em compartimentos incomunicaveis. intrinsecamente ligadas, sendo inadmissivel tratar de uma e olvidar a 6.Partiu-se da presungao de que, se o nome do sécio consta da CDA é porque houve procedimento hips stan2.jus.rvebsecs\/ogireustaRE:J.calITA?seq= 110507S8tpo=O&nreg=201 T00490138SeqCyrraSessao=SCodOrganigd=Bat=20120814.. 59 osrs2015 Revista letrnica de Jrispruséncia do STS administrativo anterior e, portanto, defesa; nada mais enganoso, pois 0 que se observa, na pratica, € que 0 Fisco trata os responsaveis pelas pessoas juridicas como devedores solidarios das obrigagoes tributarias, incluindo seus nomes na CDA indiscriminadamente sem qualquer apuracao prévia acerca da existencia de atos ilicitos. Mas tal solidariedade nao existe, ja que a responsabilizacao do socio, gerente ou administrador exsurge apenas e tao-somente quando caracterizada uma das situagbes previstas no art, 135 do CTN - excesso de poderes ou infracdo @ lei, ao contrato social ow estatuto ou, em caso de dissolugao irregular. 7.Se a responsabilidade entre empresa e sécio fosse solidaria nao haveria a necessidade dessa ressalva expressa do art. 135 do CTN, ¢ o Fisco poderia acionar um ou outro, indistintamente; nao é assim, no entanto, que disciplina a legislacdo tributaria, O patriménio da sociedade € do sécio sao, em principio, incomunicaveis, salvo hipdteses excepcionais e um dos pressupostos para a confusao patrimonial ¢ a demonstracao de ato ilicito praticado pelo agente responsavel 8.A jurisprudéncia desta Corte jé firmou correto entendimento quanto a interpretagao do art. 135 do CTN, para afastar a abominavel responsabilidade objetiva dos sdcios ¢ administradores pelo inadimplemento das obrigacdes fiscais da pessoa juridica, sumulando que o simples inadimplemento da obrigagao tributéria ndo gera, por si 6, a responsabilidade soliddria do sécio-gerente (Simula 430STJ); todavia, essa exegese fica absolutamente fragilizada quando se admite que 0 s6 fato de constar 0 nome do sécio ou diretor na CDA atrai a sua responsabilidade pela divida tributaria, invertendo 0 onus da prova quanto as supostas infracdes, que deveriam estar, a esta altura, provadas, 9.0 proprio STF apreciou, sob o regime do art. 543-B do CPC, controvérsia acerca da responsabilidade patrimonial dos sécios da empresa, quando decidiu pela inconstitucionalidade do art. 13 da Lei 8.62093, ocasido em que consignou a impropriedade dessa chamada responsabilidade objetiva. Embora pendente de julgamento os Embargos Declaratérios opostos, que aguardam voto vista do ilustre Ministro MARCO AURELIO, os fundamentos ja exarados, por mais se aproximarem dos preceitos que regem 0 Direito Tributario, devem nortear as decisdes sobre a questao. O aresto restou assim ementado: DIREITO TRIBUTARIO,. RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTARIO. ART 146, Ill, DA CF. ART. 135, If, DO CTN. SOCIOS DE SOCIEDADE LIMITADA. ART. 13 DA LET 8.62093. INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL. REPERCUSSAO GERAL. APLICACAO DA DECISAO PELOS DEMAIS TRIBUNAIS. I. Todas as espécies tributdrias, entre as quais as contribuigoes de seguridade social, estao sujeitas as normas gerais de direito tributdrio. 2. O Cédigo Tributdrio Nacional estabelece algumas regras matrizes de responsabilidade tributdria, como a do art. 135, Ill, bem como diretrizes para que 0 legislador de cada ente politico estabeleca outras regras especificas de responsabilidade tributaria relativamente aos tributos da sua competéncia, conforme seu art. 128. 3. 0 preceito do art. 124, Il, no sentido de que sao solidariamente obrigadas “as pessoas expressamente designadas por lei”, nao autoriza o legislador a criar nows casos de responsabilidade tributdria sem a observancia dos requisitos exigidos pelo art. 128 do CTN, tampouco a desconsiderar as regras matrizes de responsabilidade de terceiros estabelecidas em cardter geral pelos arts. 134 e 135 do mesmo diploma. A previsao legal de solidariedade entre devedores - de modo que 0 pagamento efetuado por um aproveite aos demais, que a interrupgao da prescrigao, em favor ou contra um dos obrigados, também thes tenha efeitos comuns € que a isencao ou remissdo de crédito exonere a todos os obrigados quando nao seja pessoal (art. 125 do CTN) - pressupde que a propria condicao de devedor tenha sido estabelecida validamente. 4. A responsabilidade tributdria pressupoe duas normas auténomas: a regra matriz de incidencia tributdria e a regra matriz de responsabilidade tributdria, cada uma com seu pressuposto de fato € seus sujeitos préprios. A referencia ao responsével enquanto terceiro (dritter Persone, terzo ou tercero) evidencia que nao participa da relacao contributiva, mas de uma relacao especifica de responsabilidade tributaria, inconfundivel com aquela. O “terceiro” sé pode ser chamado responsabilizado na hipétese de descumprimento de deveres préprios de colaboracao para com a hips stan2.sijus.brvebsecs\/oglreustaRE:J.cglITA?seq= 11050798tpo=O&nreg=201 T00490138SeqCgrraSessao=SCodOrganlgd=Bat=20120814.. 6 osrs2015 Revista letrnica de Jrispruséncia do STS Administragao Tributdria, estabelecidos, ainda que a contrario sensu, na regra matriz de responsabilidade tributdria, e desde que tenha contribuido para a situacao de inadimplemento pelo contribuinte. 5. O art. 135, Ill, do CTN responsabiliza apenas aqueles que estejam na diregao, geréncia ou representacao da pessoa juridica e tao-somente quando pratiquem atos com excesso de poder ow infracao @ lei, contrato social ou estatutos. Desse modo, apenas 0 sécio com poderes de gestao ou representacao da sociedade é que pode ser responsabilizado, 0 que resquarda a pessoalidade entre o ilfcito (mal gestao ou representagao) e a conseqiéncia de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade. 6. O art. 13 da Lei 8.62093 nao se limitou a repetir ou detathar a regra de responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipétese especifica e distinta, Ao vincular a simples condicao de sécio a obrigacao de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a mesma situagdo genérica regulada pelo art. 135, Ill, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por violagao ao art. 146, Ill, da CF. 7. O art. 13 da Lei 8.62093 também se reveste de inconstitucionalidade material, porquanto nao é dado ao legislador estabelecer confiusdo entre os patriménios das pessoas fisica ¢ juridica, 0 que, além de impor desconsideracao ex lege € objetiva da personalidade juridica, descaracterizando as sociedades limitadas, implica irrazoabilidade e inibe a iniciativa privada, afrontando os arts. 5°, XIII, e 170, pardgrafo tinico, da Constituicao. 8. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei 8.62093 na parte em que determinou que os sécios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto @ Seguridade Social. 9. Recurso extraordindrio da Uniao desprovido. 10. Aos recursos sobrestados, que aguardavam a andlise da matéria por este STF, aplica-se 0 art. 543-B, § 30. do CPC (RE 562.276PR, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe 10.02.2011). 10.Assim, ao meu sentir, 0 fato de 0 nome do sécio constar da CDA nada significa para o fim de imputar-lhe responsabilidade pela divida tributaria, se ausente a razao legal justificadora dessa inclusdo, Cuida-se de vicio insandvel na formacao do titulo executivo, sendo que a inversdo do énus probatério, nesses casos, exigiria prova de fato negativo nao especificado, a chamada prova diabélica. 1LInsisto: a indicagao do nome do sécio, gerente ou diretor na CDA nao o legitima automaticamente para a execucao tributaria sob um dos fundamentos do art. 135, III do CTN, se este fundamento nao veio especificado quando de sua inclusdo como coobrigado no titulo executivo, isto €, quando nao houve procedimento administrative prévio tendente a apuracdo dessas circunstancias. A presungao de liquidez e certeza da CDA refere-se aos valores nela constantes, nao se alastrando para aspecto de cunho eminentemente subjetivo. 12.8 preciso evoluir para firmar a concepcao de que somente os atos administrativos em sentido estrito detém presungao de validade, ndo se estendendo esta aqueles que encerram contetdo updem atividade cognitiva normativo ou judicial, porquanto tais atos, invariavelmente, pr probatéria ou de interpretacao, como no processo administrativo disciplinar, revelando a necessidade de obedecerem ao principio do contraditério. 13.Tenho defendido que a Administragao, quando pratica atos proprios de Julgador, deve submeter- ea Constituicao Federal (art. se aos principios do contraditério e da ampla defesa, alias, como imp 5o., LV da CR88) 14.Sequer 0 processo administrativo fiscal de lancamento é apropriado para apurar uma conduta subjetiva, porque seu objetivo é, tao-somente, verificar a existéncia de débito tributario € definir 0 seu valor. 15.Para apurar conduta dolosa do administrador - porque o que legitima a sua inclusdo no polo passivo da demanda nao é a existéncia do débito, mas a causa do nao pagamento, é indispensdvel demonstrar que 0 agir nao se mostrou apenas desastroso do ponto de vista negocial ou empresarial, mas deu-se em virtude de excesso de poder, com infragao a lei, ao contrato ou adveio de dissolugao hips stan2.ijus.rvebsecs\/oglreustaRE:J.cglITA?seq= 11050788tpo=O&nreg=201 T004590138SeqCgrraSessao=SCodOrganlgd=Bat=20120814.. 79 osrs2015 Revista letrnica de Jrispruséncia do STS irregular de empresa, com abuso da personalidade juridica ou locupletamento dos sécios ou diretores. Em virtude da carga sancionatéria que subjaz 0 reconhecimento dessas condutas, é indispensavel que haja proceso administrativo especifico, onde seja garantido o direito de defesa. 16.As conclusées advindas desse proceso é que estariam aptas a embasar a cobranga fiscal direta do sécio, administrador ou gerente, que, somente nesses casos, teria o énus de desconstituir a prova ja realizada. 17.Bm comentarios ao art. 135, III do CTN, LEANDRO PAULSEN enfatiza a necessidade de apuracao prévia dessa responsabilidade: Apuragdo da responsabilidade. Tendo em conta que se cuida de responsabilidade pessoal decorrente da pritica de ilicito, impende que seja apurada nao apenas a ocorréncia do fato gerador, mas também a ocorréncia do préprio ilicito que faz surgir para o terceiro a obrigacao de responder pelo débito. Ou seja, 0 pressuposto de fato especifico da responsabilidade tem de ser devidamente apurado administrativamente, oportunizando-se ao suposto responsdvel o direito de defesa ja na esfera administrativa(Direito Tributario Constituigaéo e Cédigo Tributario & luz da doutrina e da jurisprudéncia, 13a. edicao, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2011, pag. 1.019) 18,Confira-se, ainda, sobre o tema da inversao do Onus da prova, a seguinte ligéo de ALEXANDRE MACEDO TAVARES, igualmente citado na obra acima referida: (..) @ validade da pretensao de responsabilizagao pessoal do sécio-administrador, forte no art, 135 do CTN, fica @ emrcé da prova inequivoca, por parte do Fisco, de que 0 nao-recolhimento do tribo resultou de atuacdo dolosa ou culposa do sécio-administrador. A mingua de qualquer elemento probatorio nesse sentido, nao merece guarida a toruosa consideracdo objetiva da infracao tributdria em relacao ao sécio administrador, tendo como injustificével causa, a simples inclusao do seu nome na CDA, € ininteligivel consequéncia, a malsinada inversdo do énus da prov. , pois, ontologicamente subjetivoa a responsabilidade pessoal do sécio-administrador por débito fiscal societdrio. A regra...6 a da autonomia existencial e patrimonial da pessoa juridica. Sécio-administrador nao responde por débito fiscal societério, ressaluadas as hipéteses contidas no art. 135 do CTN, cujo dever de prova, por exigéncia do principio da legalidade, ratificado pela literalidade do art. 142, pardgrafo tnico do CIN, somado a tessitura dialética do processo e a excepcionalidade da regra em mira, compete vinculadamente & Fazenda Publica. (...)...dever € prova este...insuscetivel de flexibilizagao temperamentos ou inversoes, pelo s6 fato de 0 nome do sécio-administrador, que, sequer figurou no procedimento administrativo que resultou na constituicdo do crédito, estar incluso na CDA. (A Inexisténcia de correlacao légica entre a inclusao do nome do sécio na CDA(=causa) € a inversao do nus da prova da auséncia dos requisitos do art. 135 do CTN(=efeito), RDDT 152, mai/2008, pag. 7) 19.Ressalto que nas situagdes em que o sécio tenha por alguma circunsténcia assumido pessoalmente a responsabilidade pelo débito tributario, quando, por exemplo, ofere parcelamento ou assina confissao de divida, ou aquelas em que por disposicdo legal, exista a solidariedade (art. 124, do CTN), por dbvio, nao ha falar em incidéncia do art. 135, III do CTN, pois, nesses casos, sobressai a solidariedade 20.Assim, pelo meu voto, dou provimento ao Agravo Regimental para determinar o processamento dos Embargos de Divergéncia, para que a questao possa ser examinada com mais vagar por esta Primeira S hipsstan2.ijus.rvebsecst/ogiroustaRE:J.caliITA?seq= 11050798tpo=O&nreg=201 T004590138SeqCgrmaSessao=SCodOrganlgd=Bat=20120814.. 89 050572015 Resista Elev nica de Jursprudéncia do STS CERTIDAO DEJULGAMENTO. PRIMEIRA SECAO AgRg nos Numero Registro: 201 /0046901-3 EREsp 1.131.069/RI PROCESSO ELETRONICO, Numeros Origem: 200702010027065 200900581812 PAUTA: 30052012 JULGADO: 27062012 Relator ‘Ean. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Presidente da Sessdo Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da Republica Eamo. Sr. Dr. FLA VIO GIRON Secretaria Bela, Carolina Ve AUTUACAO EMBARGANTE LINDOLPHO CORREA DE SOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BFZERRA FALCAO EOUTRO(S) EMBARGADO- FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTARIO - Procedimentos Fiscais AGRAVO REGIMENTAL AGRA VANTE LINDOLPHIO CORREA DESOUZA ADVOGADO JOSE ARMANDO BEZERRA FALCAO EOUTRO(S) AGRAVADO FAZENDA NACIONAL PROCURADOR PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL cerTID’o Cerlfico que a egrégia PRIMEIRA SECAO, ao apreciar 0 processo em epigrafe na sessdo realizada nesta data, proferiu a seguinte decisto "Prosseguindo no julgamento, a Sego, por unanimidade, deu provimento ao agravo regimental para que seja processado os Einbargos de Divergéncia em Recurso Fspecial, nos termos da retificago de voto feita pelo Sr. Ministro Relator." Os Sis. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Napoledo Nunes Maia Filho, Mauro Campbell Marques, Benedito Gongalves e Teori Albino Zavaseki votaram como Sr. Ministro Relator Ausentes, justiicadamente, o Sr. Ministro Francisco Faledo e, ocasionalmente, 0 Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha Documenta: 1105079 Intciro Tear do Assia Die: 1408/2012 hips stan2.ijus.vebsecsh/oglreustaRE:.cgliITA?seq= 11050788tpo=Osnreg=201 T004590138SeqCgrraSessao=SCodOrganigd=Bat=20120814.. 99

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