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MUNICÍPIO GOIÂNIA
ACÓRDÃO AC Nº 00344/2010
EMENTA
“RECURSO ORDINÁRIO CONTRA
DELIBERAÇÃO DESTA CORTE,
PROFERIDA EM SEDE DE PROCESSO
DENÚNCIA, CONCEDENDO MEDIDA
CAUTELAR PLEITEADA PELO
MP/TCM/GO, PARA FINS DE
DETERMINAR A SUSPENSÃO DO
CONTRATO DE INSTALAÇÃO DOS
PARQUÍMETROS EM GOIÂNIA.
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA
INFIRMAR AS CONCLUSÕES
ANTERIORMENTE ALCANÇADAS.
NÃO-DESCARACTERIZAÇÃO DA
‘FUMAÇA DO BOM DIREITO’ E DO
‘PERIGO DA DEMORA’
AUTORIZADORES DA CAUTELAR.
NEGATIVA DE PROVIMENTO.”
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Estado de Goiás
TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS
É o Relatório.
1
Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. II , 19ª ed., Rio de Janeiro: Forense,
1997, p. 362-363.
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com base em cognição sumária, aquilo que como regra só poderia ser obtido após a formação
de um juízo de certeza, fundado em cognição exauriente.
Dessa forma, esta análise limitar-se-á a verificar se há ou não elementos
suficientes para infirmar as conclusões a que chegou o Pleno deste TCM/GO no julgamento
combatido, atinentes ao preenchimento dos pressupostos da Cautelar. Em outras palavras, a
fase processual em que se encontra o processo não permite ao Tribunal, ainda, emitir decisão
de mérito definitiva sobre o Contrato n° 010/2009, daí porque o recurso se restringe à
confirmação ou não da existência da fumaça do bom direito e do perigo da demora.
Em sede de admissibilidade, o recurso deve ser conhecido, porquanto
formulado por parte interessada, dentro do prazo de quinze dias da intimação da decisão
recorrida, e por insurgir-se contra deliberação que lhe foi desfavorável, com repercussão
negativa em sua esfera de direitos.
Quanto aos argumentos lançados pelo Recorrente e resumidamente descritos
nos itens 1 a 11 acima, entendemos que nenhum deles está apto a modificar entendimento
exarado no ato resolutório.
De fato, a alegação de que a CDL está apta a gerir, em nome próprio, sistemas
integrados de coleta e processamento eletrônico de dados (item 1 acima), conquanto possa até
mesmo ser verdadeira, não altera a convicção de que a natureza da entidade, assim como a sua
área de atuação, não possui nexo com o objeto pretendido, que é a instalação dos
parquímetros.
Com efeito, a CDL nunca instalou parquímetros, não tem nenhuma reputação
profissional nessa área, nem mesmo tem condições de fazê-lo autonomamente, precisando
subcontratar provavelmente a quase integralidade desse contrato para cumpri-lo.
A propósito, veja-se que existem no Brasil diversas instituições sem fins
lucrativos da mais ilibada reputação, e que, apesar disso, não poderiam ser contratadas
diretamente com base no art. 24, inciso XIII, da Lei Federal n° 8.666/1993, mesmo que
promovessem a alteração de seus estatutos para abranger o genérico fim de “desenvolvimento
institucional”.
A título de exemplo, parece indubitável que não se poderia contratar a
Associação dos Juízes Federais – Ajufe ou a Associação do Ministério Público de Contas –
Ampcon, entidades com reputação ético-profissional acima de qualquer suspeita, para a
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implementação de serviços como o do parquímetro, ainda que tais entidades mudassem seus
estatutos para constar expressamente a finalidade de promover o “desenvolvimento
institucional”.
É que a expressão “desenvolvimento institucional” não pode ser lida como uma
espécie de “carta branca” ao gestor para contratar, sem licitação, qualquer tipo de serviço e
com qualquer contratado que detenha tal finalidade em seus estatutos. Também não pode ser
considerada como uma “panacéia” para resolver os problemas de difícil solução enfrentados
pelas grandes cidades brasileiras, como é o do estacionamento no centro das capitais,
mormente quando isso importa burla ao procedimento licitatório.
De fato, interpretação nesse sentido significaria tornar letra morta o art. 37,
inciso XXI, da Lei Maior, pois formalmente teríamos a licitação como regra, mas,
materialmente ela não subsistiria, eis que toda e qualquer contratação poderia se subsumir a
essa hipótese de “desenvolvimento institucional”, bastando aos contratados inserir dispositivo
dessa natureza em seus registros cadastrais.
Não parece ser essa a intenção do legislador brasileiro, tampouco a dos órgãos
fiscalizadores, em especial, do Tribunal de Contas da União, que vem exigindo do contratado
uma relação íntima de conexão com o objeto da avença.
Com relação aos precedentes do TCU invocados como autorizadores do pacto
com a CDL por dispensa de licitação, estes são inadequados para suportar a conclusão
pretendida pela recorrente, pois todos eles, inclusive a Súmula n° 250, dizem respeito à
contratação, por parte das Universidades Federais (Instituições Federais de Ensino Superior –
IFES), de suas fundações de apoio, em grande parte tendo por objeto a realização de
vestibulares, a transferência de tecnologias desenvolvidas por elas e outras finalidades afetas ao
ensino superior, mas sempre observando essa intimidade organizacional da universidade com
as suas próprias fundações de apoio.
No tocante à alegação de que o ajuste em tela também se enquadra na hipótese
de inexigibilidade de licitação, assevera-se que não foi esse o fundamento legal utilizado no
caso. Outrossim, ainda que o fosse, a singularidade do objeto não está devidamente
demonstrada nos autos, principalmente porque o simples fato de não haver outra cidade no
Brasil que adote o sistema de pagamento por tempo utilizado não significa dizer que não há
empresas em condições de prestar tal serviço na forma pretendida pela AMT.
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No que diz respeito ao preço cobrado, a AMT não demonstrou que houve
pesquisa prévia acerca do assunto. Nesta oportunidade, a recorrente cinge-se a afirmar que o
preço cobrado será o menor do Brasil, mas não traz comprovações nesse sentido, nem mesmo
pesquisas para se chegar ao valor informado.
Também o esclarecimento de que a conduta do gestor não constitui ato de
improbidade administrativa em nada contribui para o desfecho do processo, uma vez que esse
argumento não foi cogitado como sendo uma das causas da concessão da cautelar.
Em suma, os argumentos trazidos em sede recursal não são suficientes para
modificar o juízo acerca do fumus bonus iuris em se determinar a suspensão cautelar do
contrato.
Por outro lado, o perigo na demora não foi sequer objeto de consideração pela
AMT. Vale dizer, a Agência nem mesmo procurou demonstrar a existência do chamado
periculum in mora reverso, de maneira que a concessão da cautelar pudesse trazer mais
prejuízos futuros do que a sua não-concessão.
Dessa forma, conclui-se pela permanência dos requisitos ensejadores da Medida
Cautelar veiculada por meio da Resolução Administrativa n° 00079/09, razão pela qual impõe-
se a negativa de provimento ao Recurso Ordinário interposto pela AMT.
Ademais do que foi dito acima, cabe lembrar que o efeito suspensivo conferido
ao presente recurso não autoriza à AMT agir de forma contrária ao que foi decidido pelo
TCM/GO, conforme entendimento normativo do TCU, consubstanciado na Decisão Plenária
n° 188/1995 e válido até os dias de hoje, consoante se pode depreender do seguinte trecho do
Voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, proferido no bojo do TC 004.999/2005-1
(Acórdão n° 969/2006 – Plenário):
“Não pode o administrador, sob a guarida do efeito suspensivo de
eventual recurso interposto, praticar ato contrário ao que lhe foi
determinado, pois a verificação da ilegalidade do procedimento apresenta o
mesmo efeito de uma cautelar, a impedir o administrador de inovar nas situações
jurídicas existentes.
O TCU, por meio da Decisão Plenária 188/95, conferiu caráter
normativo ao entendimento de que o efeito suspensivo dos pedidos de
reconsideração e de reexame, bem como dos embargos de declaração,
impetrados contra as Decisões do Tribunal, susta provisoriamente os efeitos
da decisão até o julgamento do recurso, mas não autoriza a recorrente a,
antes do pronunciamento do Tribunal sobre o mérito da apelação, praticar
qualquer ato ou adotar qualquer providência que direta ou indiretamente
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ACORDA
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Contratos do Tribunal de Contas dos Municípios para a análise do contrato nº 010/2009, bem
como do procedimento de dispensa de licitação que o precedeu.
Presidente: Cons. Walter José Rodrigues Relatora: Consª. Maria Tereza Fernandes Garrido
Participantes da votação:
Camila
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