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O DUELO

Aps uma discusso na Associao de Imprensa, durante a qual se haviam atirado


insultos pesados, tinham os dois jornalistas resolvido bater-se em duelo. Um e outro
eram, porm, avessos a essas manifestaes militares, de modo que foi como bois
arrastados para o matadouro, que seguiam naquela manh friorenta de maio, para o
chamado campo da honra.
Escolhido o local, a Quinta da Boa Vista, prximo ao lago onde as ninfeias
desabrochavam, as testemunhas puseram os dois contendores, a pistola na mo, um
em frente ao outro, a dez passos de distncia: Martinho Lopes, do lado dos bambus, e
Feliciano Gadelha, d lado da gua.
Chegara o momento solene. O brao estendido, escutaram, ambos, a voz de
comando:
- Um!... Dois...
Nesse ponto, antes da ordem final, o brao do Feliciano caiu.
- Protesto! - bradou o desgraado, abandonando a arma e deixando a posio. - A
situao muito desigual.
E, plido, as mos trmulas, indicando o adversrio:
- Ele est com muito menos medo do que eu!
Humberto de Campos
(Gros de Mostarda 1926)

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