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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Belém - Pa
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
NÚCLEO PEDAGÓGICO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO
ARTIGO:
Belém - Pa
2004
OS GRANDES PROJETOS NA/PARA A AMAZONIA
E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Introdução
Mesmo antes de Pedro Álvares Cabral efetuar a descoberta oficial das terras ditas de
Santa Cruz, o famoso navegador espanhol Vicente Yanez Pinzón já por aqui passara. Ele,
que saíra de Palos em fins de 1499, atinge o atual Cabo de Santo Agostinho, no estado de
ao Norte e alcança a grande ilha de Marajó, onde trava contato com a tribo dos Aruacs.
Iquitos, no Peru, navega pelo Mar Dulce, nome que Pizón deu a um grande rio que mais
tarde seria denominado pelo escrivão da frota de Orellana, frei Gaspar de Carvajal, de rio
de San Juan de las Amazonas (1987, 9). Tamanha a importância desse imenso rio das
Amazonas, ou Paraná-Açu, como é conhecido pelos os indígenas locais, que acabou por
batizar toda uma região, por excitar a imaginação e despertar a cobiça de milhares de
aventureiros.
Hoje, meio milênio depois, a sociedade pós-moderna convive com novos interesses
grupos de interesse do Capital (APLLE, 1989). Eis porque NETO (2002) alerta para a
de ocupação militar (como leis de combate a bio-pirataria e o projeto Calha Norte, por
exemplo). A educação também é crucial para se manter a soberania nacional, mas é
essencial que o povo tenha uma educação de qualidade, para que se torne capaz de fazer
uma leitura real do que há por traz do texto e da notícia que os meios de comunicação, a
veiculam.
Por volta de 1500, pouco antes, a Amazônia já era alvo dos interesses estrangeiros.
totalmente, os recursos naturais e as formas de uso do solo amazônico. Também não sabia
como administrar esse imenso espaço geográfico e, pior ainda, como controlar a ocupação
dessas terras.
minerais da região foi sendo exportado quase “in totum”, e a região amazônica sequer era
uma região econômica do Brasil, mas uma região atrelada ao mercado mundial e aos
grandes cartéis capitalistas. E isso pouco mudou. Tanto é verdade que aqui ficam apenas os
problemas oriundos da exploração de seus recursos naturais, enquanto os lucros e
alcançou seu apogeu sob o regime militar. Nesse período foram implantados os Grandes
implantação de tais projetos. Apesar de recente, esse processo ocasionou prejuízos enormes
fracasso dos grandes projetos do ponto de vista dos interesses regionais, com exceção de
um pequeno grupo de elites locais que se beneficia, efetivamente, com o repasse dos
recursos públicos...” (1999, 95). Maués, com um olhar holístico, é taxativo quanto aos
danos que a exploração desenfreada dos recursos naturais da Amazônia podem provocar
América e outros países europeus, estudavam uma forma de navegar pelos rios da
científicas, como uma frente de reconhecimento das riquezas da região, porém a primeira
missão científica que pisou solo amazônico foi a de La Condamine, em 1742, seguida pela
diversas nacionalidades.
explica LEAL (1993b, 45). Na mesma década o norte-americano Henry Ford adquiriu uma
área de hum milhão de hectares à beira do Rio Tapajós e fundou sua Fordlândia, com
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Geopolítica é a ciência que ensina fazer Política por intermédio da Geografia, segundo as idéias do erudito
professor Everardo Backheuser.
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Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname e Guianas, exceto a francesa.
Em 1948, o cientista brasileiro Paulo Berrêdo Carneiro (1901-1981) apresentou a
visto pelos órgãos de imprensa, por militares e por diversos políticos, dentre eles o senador
“inocente” órgão de pesquisa que viria a abrir as portas da região amazônica para o
Combatido pelo forte espírito nacionalista que fora invocado pelos contrários ao projeto, o
Nos anos 60 as baterias da artilharia capitalista se voltaram, mais uma vez, para uma
brasileira e colombiana seriam cobertas pelas águas de sete lagos (quatro no Brasil e três na
Colômbia), (...). O objetivo proposto era o de ligar os lagos por meio de uma hidrovia
interior com saída para o Pacífico, à semelhança do Canal do Panamá”, e com isso
vegetação da Amazônia e, quase três décadas depois, com o conturbado Projeto SIVAM,
Suriname e Guianas. Este projeto culminou no atual Calha Norte, implantado em 1986, no
tem maior ambição que os Estados Unidos da América. Os norte-americanos herdaram dos
ingleses o espírito de piratas, de saqueadores, mas com uma perícia e tecnologias que os
Serra do Navio, no Amapá, capitaneado pela empresa brasileira ICOMI e pela norte-
americana Bethlehem Steel. A esse respeito LEAL (1993b, p.20) diz: “O Amapá não se
redimiu. Apenas perdeu todo o manganês que tinha, e apresenta um dos mais expressivos
Em 1989, o Brasil recebe uma comissão de parlamentares dos Estados Unidos que,
acusando o governo de não ter competência para administrar e garantir a soberania nacional
na Amazônia, pretendiam trocar de parte de nossa dívida externa por direitos sobre a
região, tendo por fachada projetos ecológicos que seriam administrados por ONGs norte-
desenvolveu uma ampla campanha internacional para levantar fundos e comprar vastas
boicotar a Conferência Rio-92, caso a demarcação das terras Ianomâmis não fosse assinada.
Mundial de Igrejas Cristãs, com sede na Europa. Dessa feita o ataque está direcionado não
aos bens de solo e subsolo, pelo menos não de maneira aberta e clara, mas visa a
constituição de uma nova nação, o que representaria uma cisão de parte da Amazônia do
“patrimônio da humanidade”. Parte dessa proposta foi a forte pressão internacional que
Há diversos livros e artigos sobre esse tema controverso. Com o título “Essa é a
de sites que expõem a questão como uma farsa6 montada por interesses internacionais,
dentro de outra nação, é frontal e gritante a agressão que sofre a nossa soberania nacional.
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Cf. no endereço eletrônico http://www.geocities.com/toamazon/toafato2nacianomani.htm
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Cf. no endereço eletrônico http://www.bvroraima.com.br/qindigena8.htm
É inadmissível que entidades sediadas nos Estados Unidos e em
países da Europa, tais como: Comitê Internacional de Defesa da
Amazônia; Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente;
Instituto Indigenista Interamericano da Organização dos Estados
Americanos; Survival International Work Group Afais; Medicine
du Monde, venham exercer ingerência em nossos assuntos, sob o
falso pretexto da primazia na defesa dos índios, e, inclusive,
apresentando dados inventados nos seus laboratórios de atuação
política.
diretamente, todas as causas e conseqüências de uma quanto de outra atitude. Mas resta
seus defensores por direito de voto, acomodar-se ao que decidirem os dirigentes políticos e
Para solucionar essas e outras questões, apenas uma Educação bem estruturada,
nacional. Como disse Moacir Andrade, no final da Introdução se seu Amazônia: a esfinge
Amazônia, para que não seja uma simples dúvida como herança para os que a ocuparão no
decorrer do 3º milênio.”
aqueles voltados para a exploração e aproveitamento dos recursos hídricos para a geração
de energia e seus impactos na região, tanto na questão ecológica (agressões à fauna e flora,
alterações no curso de rios etc), quanto nos aspectos sócio-culturais (violação de direitos,
projeto nessa área produz tantos problemas quanto a implantação de uma usina
hidroelétrica “num lugar de grande complexidade ecológica, muito mais que humana”,
conforme afirma PINTO (2002, 24) numa ácida e bem embasada crítica a Eletronorte e sua
proposta de represamento do rio Xingu para a construção daquela que pode vir a ser a
palavras de Gilberto Freire (apud FILHO; 1977, 12) “a reação do homem aos choques, aos
ambiente, a todas estas influências, não se faz dentro dos mesmos limites que a reação de
afetam uma região não são problemas de uns poucos, mas são problemas de toda
humanidade. Essa visão levou o industrial Aurélio Peccei (FILHO, 1977) a reunir, em
naturais globais agravados pelo crescimento populacional e pela poluição (que eles mesmos
provocam!) e fundar o Clube de Roma. Encontramos em FILHO (1997) e em PINTO
(2002) uma preocupação e um alerta. O primeiro parece prever uma ameaça sobre a
Amazônia quando diz que “uma das principais indagações que se propõe é se estas crises
poderão ser resolvidas dentro de fronteiras nacionais ou se a resolução global será a única
viável” (1977, 62-3); enquanto o segundo aponta para o que ele denomina de “monocultura
da água” (2004, 46-9), uma visão caolha que predomina entre os gestores nacionais.
Ambos, em seus alertas, talvez até premonitórios, não devem ser motivos de descaso ou
É sabido que o volume de água no planeta não aumenta nem diminui: ele se mantém
sempre o mesmo, daí ser de extrema importância a conservação e preservação dos recursos
hídricos da Terra. Somente pela educação e pelo trabalho nas escolas, com ações
alcançar uma prática preservacionista que garantam às gerações futuras, esse que é o bem
mais precioso de todos os que existem no planeta. E a Amazônia detém uma das maiores
de todas as espécies vivas. Nela está localizados o maior banco genético e a mais vasta
província mineralógica planetária, além de 1/5 das reservas mundiais de água doce, 1/3 das
IBGE, o Brasil é, hoje, o quinto país do mundo em extensão territorial, possuindo uma área
de 8.512.000 km2 e cerca de 167 milhões de habitantes. Em relação aos recursos hídricos, o
país guarda quase 14% do volume de água doce do mundo, sendo que mais de 73% da água
Ainda nas palavras de PINTO (op. cit., 65), “só agora os paraenses estão se dando
conta de que possuir tanta água acarreta uma responsabilidade pesada e requer uma
Considerações finais
isso os problemas de uns tendem a se tornarem problemas de todos mas, infelizmente, ainda
nossos atos
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Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins e grande parte do Maranhão e Mato Grosso.
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Os dados foram extraídos do site http://www.sgex.eb.mil.br
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Fonte SIH/Aneel, 1999
é este o grande desafio das instituições de cultura e Educação do país e da região,
verdadeiro sentido do conceito de cidadania. Somente com uma política educacional que
envolva toda a região e que aponte para uma nova pedagogia, uma pedagogia que esteja em
sintonia com o ritmo próprio de cada indivíduo, pois é esse ritmo que lhes dá identidade e
Precisamos de uma educação que possa formar uma nova estrutura conceitual
(amálgama cultura3) que possibilite um novo padrão de homem, o “homem holístico”, que
Referências Bibliográficas
DANTAS, Einar da Costa. Amazonas, Rio de muitos nomes. Belém, Imprensa Naval.
1987.
NETO, Cel. Manoel Soriano. Amazônia - O Grande Desafio, Brasília, abril de 2001.
Sites consultados:
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2001/fev/17/18.htm
http://www.guerraproscrita.com/hileia.htm
http://www.sgex.eb.mil.br/cdocex/CDocEx/amaz_desafio.htm
http://www.acordacidadao.hpg.ig.com.br
http://www.geocities.com/toamazon/toafato2nacianomani.htm