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carituco | 9 OS FRANCE SEUS DESTINOS: A MELANCOLIA COMO TOM MAIOR CENARIOS FRAGEIS. Nowos amigos franceses chegariam ao Rio de Janeiro num momento particu- Jarmente interessante, Como vimos, gua aportaram na bela baia de Guanaba- ra, tiveram: tempo de cults ee ue “choravam” a morte de 9.1 (A esquerda) Manoel Antonio de Castro, D. Joao VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, 1825 (A direita) F Bartolozzi, D. Jodo, principe do Brasil, regente de Portugal, sd. Em suma, o sentimento reinante nas provincias do Norte e do Nordeste era de que, com a vinda da corte portuguesa, o dominio escorregara de uma cidade dis- tante para outra: de Lisboa para o Rio de Janeiro. Ademais, Pernambuco passava Por um momento dificil, quando se combinaram dois fatores deletérios: a conti- nuada queda no prego do agticar e do algodao com a alta constante no preco dos escravos. Como se isso nao fosse suficiente, o ambiente tornava-se ainda pior diante da mé fama do governador, cantada em verso e prosa. Por fim, as chamadas “abomi- naveis idéias francesas” chegavam facilmente ao Recife, iluminando essa que seria, nos termos do historiador Carlos Guilherme Mota, “uma revolucao bibliogrfica’?® No entanto, além da leitura de autores como Raynal, Rousseau, Volney, Voltaire, 0 que mais inflamava a populagao era a noticia da promulgacao das constituigies revolucionarias francesas e as ages dos “irmaos americanos do Norte’. : Eo ano de 1817 seria particularmente duro, quando uma recessio generaliza- da — provocada pela flutuacao no preco dos produtos — derrubou 0 mercado do agar e do algodo, Iso sem falar da intensa seca de 1816, ques lara o Nordeste ¢ acabara com a jé insuficiente lavoura de subsisténcia local. estado de carestia andava na boca de todos, e jogava-se na custosa corte de d. Joa € €m seus impostos, a culpa de tantos infortinios. pe Com motivos de sobra, montava-se uma insurrei¢do unindo uma série de se tores dispersos — comerciantes, grandes proprietrios, elementos do cero, mili” res, juizes, artesdos e populares —, que deram ao movimento um perfil ao mesmo tempo mais radical e popular. Os revolucionérios tomaram o Recife em 6 de margo eimplantaram um governo provisério que proclamou a Reptiblica ¢ estabeleceu a igualdade de direitos e a tolerancia religiosa, sem tocar no espinhoso problema da exctaviddo. Emissarios foram entao enviados a outras provincias e ao exterior, pro- curando propegar a causa revolucionaria. Mas o conde dos Arcos organizava a re- pressio, € a reagao portuguesa foi rapida. De um lado, preparou-se uma tropa que bloquearia a capital rebelde e os portos adjacentes. De outro, chegavam reforgos, € no Rio se formava uma nova forga terrestre: juntos, esses homens perfaziam um total superior a 8 mil. Diante de tamanha reagdo, o desinimo e a falta de entendi- mento passariam a imperar entre os revoltosos, Com efeito, o governo de d. Joao, o qual fora obrigado a adiar a coroacao, nao mediria recursos no combate a revolucao que, pela primeira ver, dividia 0 pais. Por outro lado, houve um racha no movimento local, sobretudo em virtude da questio da abolicao da escravidao, acalentada por alguns lideres e recusada por outros. E as divisdes internas deixariam a situacao insustentével. Em 19 de maio, as tropas por- tuguesas desembarcavam na cidade para encontri-la sem lideranga. A Coroa mos- trara a forca de sua atuacio, utilizando registros politicos e simbélicos de sua pre- senga. A repressdo virava ato memorével e inscrevia no corpo dos revoltosos a lei e a ordem. Nao s6 no Recife como em Salvador e na Paraiba, rebeldes seriam assas- sinados, sendo a sentenga exemplar: “Depois de mortos serao cortadas as maos, € decepadas as cabecas e se pregardo em postes (...] ¢ os restos de seus cadaveres se~ rao ligados as caudas de cavalos e arrastados até 0 cemitério”* E, terminada a insurrei¢ao, era hora de executar 0 maior dos atos simbélicos jamais realizado no Brasil: a coroacao de d. Joao, tantas vezes adiada, Depois da de- sordem, a corte preparava o teatro de sua efetivacao diante de seus stiditos, e nossos artistas franceses seriam convocados, assim como se apegariam as festas que a rea~ leza promoveria a partir de entdo, até porque nao existia para cles outra saida pos- sivel. Recém-chegados ao pais, precisavam atuar nas dreas que Ihes eram ofereci- das, jé que a situagao em que se encontravam continuava bastante insegura ¢ nao havia caminho de volta, ao menos num futuro préximo. Como vimos, cada um dos artistas lamentava a sua maneira a perda do emprego, ou da clientela, ou da posi- ‘640 outrora privilegiada em Paris. Os franceses da “colénia Lebreton” vivenciavam, oficialmente ou nao, a condi¢ao de expatriados, e nao poderiam sobreviver no Rio de Janeiro sem algum tipo de emprego oficial. ’ ‘A saida era tomar conta da situagao 0 mais rapidamente possivel, ¢, se a esco- 4a ndo passava de um projeto, 0 jeito seria aderit as rs se preparava para celebrar, D, Joao, por exemplo, que nessa ala Sn" We Me de Santa Cruz, tio logo soube da vitbria em Pernambuco exigit eave pods: Mee i sempre, muita festa para guardar entrada solene, com direito a beija-mao ¢, como de Janeiro, onde lumina- bem a ocasido, Os rituais iriam se esticar da Bahia ao Rio ses do sobera- as, repques de snos, savas de canhdo emibsas canarias Done 1o, assim como anunciariam sua aclamaga- ~ sts 9.2 ean -Raptiste Debret, Aaclamation da roi dome Jaan Va Rie de amc (Adlamagto do ri @ Jodo VE ma Rip de ameta), 83S uma erie de mantamentes¢ arcos do thas sal tet waa ait eens 9.3 Jean-Baptiste Debret, Vue de Pextérieur de la galerie de Pacclamation du roid, JeanV, a Rio de Janeiro (Vista exterior da galeria onde foi ‘aclamado d. Joao VI, no Rio de Janeiro), 1835 tes, ser objeto de nossa narragao ingénua e sincera {...]"" E a festa prometia. Co- je bebes,fogo ce artifice etapa reite bers da América eda Asa final, o Império tinha novo rei. -a data das Chagas de Cristo € 0 calendario cristao fica- os da monarquia. Eviden- 0 ea do rei de Portugal, e a 9.4 Thomas: Marie Hippolyte Taunay, Memordvel aclamagito do senor d. Joaw Vi Rey do Reino Unido dle Portugal, Brasil e Algarve, sd Fama embocando a trombeta coroava a extremidade superior do frontio, No fiso havia a seguinte inscrigao: A El-rei o senado eo povo [...| A iluminagio punha em re evo com inteligéncia e profusio todos os detalhes dessa elegante composigao aque tetural, inteiramente em estilo grego”: Auguste Taunay é que modelaria a enorme esié- tua de Minerva protegendo com a égide 0 busto do monarea, colocado pedestal, Também executou diversas figuras de dimensio elevada, como a ¢ da Poesia, além de estatuas de motivos mitologicos. Mais para o centro do largo, perto do chafariz, construiu-se do triunfo, com 13 metros e 20 centimetros de altura € 15 metros ¢ de largura. Outra vez, foram instaladas colunas, estatuas & pos: “Entre 0s diversos baixos-relevos, que ornavam a parte mento, via-se 0 escudo das armas do reino, sustentado por d te coroando o arco do triunfo, apresentava-se um gru Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. No mércio”, Por fim, no centro da praga instalo pintura externa imitaya © granito vermelho, & do 0 largo, revelando a oposigao entre os esti 95 Caetano Alberio Nunes de Almeida, Plantae prospect geome da réia ‘varanda para a feliz aclamacao de d, Jodo VI na corte do Rio de Janeiro, 5.4. Imagine-se a reagéo da populagdo diante de tanta monumentalidade. Como péce de memorial da époc, mas conheci ‘beleza da iluminagao que os de- uitetura, que s6 pessoas inteligen- ) surgia disposta num teatro, nesses do seria encenado o Hime ‘neu — drama alegorico em quatro atos 4 monarquia lusitana — © apresentada a tela Bailado histérico, Ptiste Debret. Nessa obra, o artista unia os deuses da mito Sonagens histéricos portugueses, D. Jodo Vi em uniforme re iguras que caracterizavam as trés nagdes tendo logo abaixo, ajoelhados, Himencu e Amor, com 0s retratos do Principe e dy Princesa reais. O Rio de Janeiro jamais conhecera fausto semelhante, com Debrers Montigny esmerando-se em dar d corte portuguesa a grandiosidade que o my. ‘mento exigia ¢ procurando vincular, por meio da pompa e da simbologia do rita, © novo monarca d Antiguidade clissica, Era ainda nesse passado selecionado que s¢ buscavam exemplos de virtude que, assim espelhados, colavam-se a figura do monar. a. Aiestava a forca do modelo neockissico, ¢ de seu retorno a um passado atempora No entanto, a “tradugao” desses modelos e valores, e mesmo das técnicas acu. miuladas na Europa, nao seria facil ou imediata, Sem os materiais necessarios nem ajudantes especializados faltava de tudo, ¢ 0 negocio era improvisar. Ea“formavi- nha dificil’, bem como parecia complicado simplesmente aplicar modelos exter nos a uma realidade tao particular." Até Debret encontrou problemas em dialogar com um contexto assim diverso de sua Franca revolucionéria. O elogio da virtue deveria se mostrar por meio da forma ideal e da caracterizagao do heroismo neo- classico, o que se transformava numa questo complexa, sobretudo diante doco diano marcado pela escravidao e por uma corte transplantada e vivendo provisoria- We tecia clog), dle autoria es logiaclisica agg ne al surga suportadg ny uunidas — Portugal, Brasil e Algae peas Anton AS aeporias eran nul precriag © emi areca fiom het a ei Ltn eda alana ne oma lt de oko BEM oy artataa seria, assim, alocacos nese erlaglo acolerada de Soka sasbaaana jagoras,atuandto ce mancira semelhante a que estavain acostuniados nia Prange reionatia, Hore @ situagao era em tudo distin, e, neswe case, comer mente airs Nave. “siboiicn a a linastia real!” Masa festa daria conta de encobrie faava, No momento da aclamagilo ¢ dos vivas, 0 animado Padre Perereca nie se jade descrever o regoziio do publica, que, entre lengos brancas, lagrisnas, apa ‘vas barks reconhecia seu novo governante A cerimOnia precisa vera mais posse toxas, como se « realizagio do ritual afastasse 0 vendaval da rebeldia « jase a reaichice do monarca, Seguro em seu vasto reing, No dia 6 de fevereiro,o proprio Pago Real foi incorporado 20 grandiowo cen ‘go montado para @ aclamagio, Era a primeira vez que esse tipo de celebracdo se fa- a n0 Novo Mundo, ¢ largo do Pago foi cuidadosamente preparado para 2 ocasibo. completar, enfeitaram.se todos 0s edficios da rua Direita. Era no meio da praca 2 erguia 0 obslisco feito de falso granitos na frente do chafariz, pelo lado do mar, arco triunfal romana, e quase adiante do palicio, o templo greg. Juntamente com ‘monumentos, erigiu-se uma imensa varanda, que ocupava toda a frente do con ento do Carmo, desde 0 passadigo sobre a rua Direita — que unia o convento onde ert d. Maria — até a Capela Real. Nio faltaram detalhes nesse cenério efémero, deixava o rei visivel de qualquer lugar de onde se pudesse observar.* ‘Afinal, era a primeira vez que d. Jodo v1 se apresentava a seu pubblico america ‘com toda a sua realeza. LA vinha ele, portando nos ombros 0 pesado manto real o carmesim, inteiramente coberto de ouro e ostentando as insignias de to- suas ordens. Surgia ss eerie pus Beronat rages polities agtavam-s egos canvan ey, a aot nrc Monarquia ocidental¢ ralizava ros trdpicos asintese do Reino Unde’ om? 48 mostrariam, quae dois anos depois de terem chegado ao Brasil, pang I tinham vino; mesmo sem saber. Se aé entao apenas aguardavante dese tha situacao, esperando pela fundasio da Academia, a qual j indicava que de Morarin a vingar, ou gastavam o tempo (e recompunham as economias) retain, 4 Familia Real, a nobreza ea natureza local agora era chegado © momento idea, PAA propagandear as espec igOes do grupo. Redesenharam, pois, o espaco pai. €0 e translormaran uma praga modesta num desfile de imagens de Antiguidade, Deram, dese modo, lugar ao ritual que, por sua ver, servia a legitimagao do Estado mMonirquico, agora firme na América, E a agenda de festa, passado o susto da rebelido, retomaria seu curs. Também 4 vinda da princesa, d. Leopoldina, a aguardada esposa de d, Pedro que jé hava fir. mado seu contrato de casamento em Viena coma presenga de Marialva, fora reta- dada enquanto durarany as agitagoes em Pernambuco. No entanto, antes mesmo da cerimdnia de coroagdo, chegaria a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldin, que, apesar do espectro de Maria Antonieta — sua tia decapitada pela Revolugio na Franga —, nao dera sinais de demover-se do compromisso régio, s6 involunta- riamente adiado."* Afinal, entre as negociagdes diplomaticas da regeacia de d Joo, js em territ6rio americano, o casamento do principe-herdeiro d, Pedro foi uma das ‘mais bem-sucedidas; até porque matriménios entre reis so grandes negécios de Estado, quando as razes do coragao influem pouco, Nao que a nova missio de Ma- rialva em Viena fosse dificil, a contrario: quando ele la chegou, os obsticulos es tavam todos derrubados € 0 acordo seria selado logo em novembro de 1816. Por isso, seu papel na corte de Viena foi breve ¢ facil. Tratava-se de pedir solenemente a mao da arquiduquesa, redigir o tratado de desponsério, rar os ¢ is por procuragio e receber a futura soberana do ) garves a bordo da esquadra portuguesa ‘Além do mais, tudo parecia sganga (aparentada aos Bourbon), mesmo a bonita figura do noivo, outro lado, a momento, € con a5 FRANCESES € SEUS Destinos: A MecancoLta como rom maton | 225 cordens explicitas de fazer “boa figura’: despender muito para aparecer bem. Os gs= fos da embaixada portuguesa na capital da Austria compreendiam a distribuigio de jdiase barras de ouro entre o pessoal da corte e o Ministério de Estrangeiros. A principal despesa ficou por conta da esplendorosa festa nos jardins imperiais de “Augarten, onde o marqués mandou edificar um saléo e ofereceu uma ceia a mais de quatrocentos convidados. L4 estava a riqueza dos diamantes do Brasil, simboli- zados pela festa, que, segundo o relato orgulhoso de Marialva, pasmaram a corte de Viena. Também nessa ocasido a arquiduquesa receberia o retrato de seu esposo, devidamente emoldurado por pedras brasileiras. ‘O ato do casamento foi celebrado no dia do aniversirio de d. Joao, 13 de mai Representou noivo o arquiduque Carlos, irmao do imperador, a quem dois dias antes o embaixador entregara a procuragio do principe d, Pedro. F, feita tanta sole- nidade, era hora de a nababesca comitiva despedir-se, levando consigo a noiva. Es- tivamos no dia 2 de julho, ¢ o grupo partia para Florenga, onde aportaria no dia 14, so para aguardar a chegada da esquadra portuguesa que daria ao Brasil sua nova princesa. A espera foi, porém, maior, motivada nao s6 pela Revolugao de 1817 como pela pressio inglesa junto a Viena para que a corte portuguesa retornasse a Lisboa. ‘A idéia era impedir a partida de Leopoldina ou envié-la diretamente a Lisboa, onde se reuniria & Familia Real, em cujo seio acabara de entrar. Mas, enquanto ‘0 impe-ador Francisco oscilava diante do inseguro destino da filha, jé o ministro ‘Metternich se empenhou em nao ceder aos apelos ingleses, garantindo que a arqui- duquesa cumpriria 0 acordo e rumaria para a colonia dos portugueses na América. Enquanto isso, no Brasil comegavam os preparativos, Se até mesmo a noticia dio casamento foi celebrada com missas te-déum, repiques de sinos, salvas de arti- i 40. E assim, entre finais de outubro e a do Estado dos Negécios do 6 0 Sol 0 eRasiL po de Santana. Seu colega Debret tratou de descrever a cena, nao sem antes emitir julgamentos estéticos:“O arco do triunfo de estilo portugues (...] apresentaa extra. vagancia dos detalhes arqueol6gicos [...] O lado direito do desenho é inteiramen- te formado por uma parte da popa do navio real D. Jodo VI, que trouxe de Trieste a princesa austriaca”” Mais uma vez, 0 projeto urbano adaptava-se As festas eten- tava fazer coincidir o que era diverso: uma colonia tropical e escravocrata com um modelo europeu e neoclassico. Como se vé, os rituais levavam a criagio de uma série de monumentos frageis, estruturas que depois seriam desfeitas, tudo em no- me do “urbanismo patristico” herdado do modelo francés. Esse tipo de teatro constituia pano de fundo de tais festividades ao ar livre e devia conformar um es- peticulo realmente espantoso aos olhos da populagdo, até entéo mantida aparta- da de ceriménias desse calibre. A grandiosidade, inscrita nas alegorias do passa- do, como que perpetuava a nagao e passava a certeza de uma Europa possivel em terras americanas. 'A princesa foi recebida com novas festas, cujos enredos e coreogratias se aprimo- ravam cada vez mais. $6 a procissao que a recepcionaria contava com uma partida de cavalaria servindo de batedores, com quatro mogos a cavalo e os azeméis com os de- graus cobertos de veludo carmesim, timbaleiros com seus instrumentos, 0s oito por- teiros da cana a cavalo, os reis de armas, arautos, passavantes, e ainda com 93 carrua~ gens de quatro rodas puxadas por dois ou quatro cavalos. Pelas ruas redobrou-se 0 . © SEvS Destinos: 4 weLawco.ia come rom maion | 22 sgungersocs oe a pnsrcema nor 9.8 Jean-Baptiste Debret, Débarquement de la princesse Léopoldine a Rio de Janeiro (Desembarque da princesa Leopoldina no Rio de Janciro), 1835 9.9 Thomas-Marie Hippolyte Taunay, D. Pedro e Leopoldina passam por debaixo «do Arco do Triunfo, especialmente projetado por Grandjean de Montigny, sd. 05 FRANCESES € SEUS DESTINOS: A MELAWCOLIA COMO TOM MAIOR encantado, nosss artistas descobriam, apenas no Brasil, com quantos monumen- se faz ume “missao”. 0s REINA A MELANCOLIA NA COLONIA LEBRETON, ‘ogo que chegou ao Brasil, Lebreton tratou de elaborar um grande plano que incom ¥xaria tanto as artes como os oficios, buscando inspiragao nos modelos das gscolas XX oficio francesas dos séculos xvit e xvi, juntamente com os principios {que orien yam o ensino das belas-artes nas academias. Seguia de perto, também, ‘o modelo dXfumboldt, dando destaque ao desenho e aos exemplos vindos da An- tiguidade clasSas referiu-se mais de uma vez.a0 sucesso da Academia de las Nobles ‘Artes, sediada n\Mléxico. Lebreton produziu um plano detalhado, que explicava a mmetodologia didatXg, os horirios dos cursos, a hierarquia das classes, os estatutos, assim como se arrisoQQ a pensar em projetos que levariam ao futuro autofinancia~ ‘mento da instituigao e Korganizacao sistematica de exposigGes, venda de catélogos, ou ainda & escolha de mdbros honorarios que protegessem os artistas. Se excluirmos a idéia dNg exposiges (que seguiam mais o modelo ingles e pre- tendiam angariar fundos pata instituigao), podemos dizer que o projeto de Le- breton lembrava de perto a esttytura da Academia Francesa e seu sistema de ensi- no: copiava desde 0 modelo criadky na época de Colbert, com as escolas de oficio, a Ecole de Dessin desenvolvida pot\Rachelier em Paris, chegando até a concep¢ao da Academie de Beaux-Artes do final\o século xv, jd no contexto do neoclassi- ‘cismo.* Lebreton também parecia infludgciado pelo espiito dos filésofos da Ency- nova sabedoria a esse povo de 229

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