You are on page 1of 8
MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA E ANALISE INSTITUCIONAL NO BRASIL! Nair Tracema Sinveina pos Santos? De repente, nao estamos mais em wna institwigao, ndo Mratamos mais a instituicdo,mas somos, por exemplo, arravessadas preta instinwicao* Resumo Aordamos nesse artigo 2 histéva da Anilise Tastiweignal no Best, temetendo-no ao movimento ‘natiuusionalista na Franga, as diversas corcentes © ‘referencias, x quaisenuenctatanescompusie de pris Inatitucionais ao campo psi. caricterizadas por uma determinada escuta ¢ lotewengda uc 36. te problematizadera ds institaigoes, tomanide-as como produces, pan. abém das extahelecimentos, dos cSdigus. {ls formas e armas. Palavras-chave: Agilise Insticueiomal Movimenco Tasctucionalista ~ Pricicas Institucianais — Psicologia Insiruigtes INSTITUTIONALIST MOV! AND INSTITUTIONAL AD BRAZIL Abstract Tis puper discusses the hiseory of Ineiuciana! Analysis in Brazil, considering the lastituuomatist Iniovemear in France. he various experiences and references hat nflrenced the composition af insteueon [peactices in psy field characerized for one determines! fiscening and ocerveneion that dciroca the instcuciogs understanding them a3 ponductions” bevoud ‘Ssablishnients, codes om ad aon Keywords: lostnuional Anaiyis—Lnscmuto Movement ~ Inscational Practices - Psyshology and Institutions, cestivas de ceabalko, jamal. grupay ie frcientese tenices, estimule A partcpagtien conan obospcal colecando em quest a felagdes extaboleccn onpital prin, te aba inears parte le wa caput da eve Moutorade Excol Pablica © Commute rela Profeyacr de Bepuramencs de Psicologia da UESA, Nellana de Bar Conde Rory © Ye Let Naioa sie Sean to Analie tnettomal Bea 8 Insticucional tm histéria no movimento institucionalista que surgiu na Franga, nas décadas de 50 © 60, reunindo varios profissionais ¢ pesquisadores, de diferentes reas de conhecimento. ‘Tinham como principal dispositive a militincia, Eram profissionais que comegaram a questionar a pidpria pratica, enquanto pritiea social, problematizande a ordem social. Sendo assim @ movimento institucionalista nao € uma teoria, mas muitas, na medida que incarpora diferentes diseursos, os quais emergiam ese transformavam na crise interna das diferentes instituigtes e dispositivos da sociedade capitalista pés-industril. As duas primeiras vertentes do movimento sito a Psicorerapia Institucional e a Pedagogia Institucional, sendo que estas iio dar origem a Anilise Institucional Ps ional, icoterapia In: jarros (1994) refere duas linhas desta corrente, uma ligada a ‘Tosqueliese a outra a Guattari, ay quais articulam praticas difereneiaclas quanto 4 problematizagio das instituigdes de cuidado da satide mental. Linha Tasquelles - Feangois Tosquelles, Psiquiatra espanhol — que ‘coorddenara os servicos de higiene mental nos diversos “Serores” do front da guerra civil espanhola, durante a segunda guetra vai para o hospital Saint Alban, regiao de Lozére na Franga, no qual havia se canstituido um foco da resisténcia e abrigara pensadores, artistas, psiquiatras de tendéncias anti-asilares. Wérias atividades foram organizadas: cooperativas de trabalho, jornal, grupos de pacientes & sGenicos, estimuloa participaglo noeotidiano do hospital, colocando em questio as relagdes estabelecidas no hospital psiquiderico. Aexperiéncia de Tosquelles ¢ referida como o embriao da Psiquiatria de Setorque propunha a humanizagdo dos hospitais, Em 1952 Daumécon iré caracterizar tais préticas come "Psicoterapia Institucional”, mostrando a tendéncia de desalienacao do doente mental. Linha Guattari e Jean Oury — Our Psiquiatra francés, havia estado com ‘Tosquelles & procurava instalar em La Borde, 1953, priticas institucionalizadas semethantess experimentadas em Lozére. Convidou Guateari para a cquipe em 1955, Guattari, © qual militava desde os 16 anos em virios tipos de organizagées politicas. em alguns meses havia criaderna clinica mailtiplas instdncias coletivas (assembléias gera secretariada, comissoes paritirias, atcliés...). Era a primeira experiéneia de psicoterapia institucional em estabelecimento privado. Guattari (1992) relaca que a partir da instalagio dessas diversas atividades, perceberam que além da mobilizagio dos pacientes, teriam de criar espagos de problematiszacio dos niveis de participagia da equipe, ineluindo-se nesta os servigos de apoio deozinheitos, faxineitos...). Além da relugio arendenre-acendido, as relagies no grupo de trabalho comegam a ser discutidas. Nesse movimento, 0 qual Guattari (1992) chama de mini-revolugao intema, esboga-se as primeiras reflexdes para a proposta de Analise Instivucional Pedagogia Institucional-Feinando Oury , Aida Vasquez, Michael Lobrot, René Louraue G. Lapassade. Foram influenciados pela Psicorerapia Institucional, também por ums aproximagio REVI D0 ENERO DE CHENCIAS SOCIAIS § HUMANAS familiar. Fernando Oury era iemiio de Jean Oury Femande Oury, professor primério, integrava © movimento Freinet, 0 qual existia desde 1924 na Franga, consistindo principalmente na invengio de novos meios educativos camo: o texto livre, 0 didtio, a comrespondéneia, Freinet levouo jornalismo € a imprensa para a escola € tais técnicas, segundo Lapassade (1983), prepararam a autogestio pedagégica. (0 Grupo Técnicas Educativas de Pedagogia TInstitucional surgiu desse movimento Freinet, em 1962, Dele faziam parte Ours, Aida Vasquez e Lapassade. Em 1962 desligaram-se de Freinet por sentirem- se impossibilitados de aplicat as propostas deste, as quais estavam cada vee mais voltadas 20 meio rural. Em 1964 ocorte nova divisdo no grupo com duas orientagoes: - A Pedagogia Terapéutica, de orientacao Psicanalitica ~ representada por Fernand Oury ¢ Aida Vasquez ~ esta linha dava importincia 3 atividade criadora nas instituigdes e aos processes ineonseientes das telagdes nos grupos. Com ela surgiram os conselhos de classe nas escolas, visando estimular a auto-gestio na sala de aula. No encanto, para Lapassade (cf, Coimbra, 1995), nesta linha, nose intertogavam sobre a cscola enguranto dispositivo social. - A Pedagogia Autogestionéria € Socioanalitica ~ representada por Lobrot, Lorau ¢ Lapassade. Tomam como base 0s grupos de formago (T-Group)* e passam depois a auro-regulicio de grupo, © que segundo Coimbra (1995) implicava um grupo capaz de tomar em suas mos no somente sus anifise, mas muitas outras ativiclades, Ansllise Institueional Segundo Barras (1994), Guattari propde o termo Andlise Institu ‘igi te unis spre True fncinarenea 2 upon aja So ment avr WSTITUCRONALISTAE ANALISE ISSTUCHILAL NO BRA ° uma reuniio com o GTPSI (Grupo de Trabatho de Psicologia © de Sociolo Institucionais) para demarcar a diferenca em relagio as praticas operadas com ‘Tasquelles. Inclui-se aqui a dimensio analitica, problematizando.os especialismos, em torno dos quais se organizavam as intervengdes institucionais. A andlise passa a ser vista como, dimensio de toda experimentagio soci podendo ser realizada em qualquer ambito, por qualquer pessoa, integrante dos grupos sociais, terapéuticos, de ensino e de trabalho. Nesse momento, Guattari formula alguns conceitos’; transversalidade, transferéncia institucional, analisador, grupo sujeitof grupo sujeitada, alguns dos quais serio utilizados por outros institucionalistas, como Lapassade ¢ Lourau, intervengio se pautava pela anilise do funcionamento do grupo. das pedtieas naturalizadas, das instituigdes potencializadas no grupo, de forma que este pudesse ao-colocarem anilise tais produges, inventar_novas formas de operar como geupo. Guatrari procurou com formulagées, opor a anilise institucional 3 psicoterapia insticucional, uma vez.que para ele, a dimensao analitica nesta iiltima, restringia-se a ser uma forga exterior que coexistia pacificamente neste campo-com 0 marxismo, a psieossociologia, a dindmica de _grupo, a cerapia social (Barros, 1994, p.338), visando apenas as “boas relagdes no grupo. Lapassade (1977) também proble- matiza os dois primeiros movimentos. Assim como a Psicoterapia Ensticucional nao questiona a Psiquiacriaenquanto institui Pedayogia Institucional nao indagaa esco como tal. As transformagdes so pensadas apenas no.imbito dos grupos. Mas estes sio movimentos embrionsrios de outros que into se compor, mais politicos, os quais colocario as instituigdes em andlise, remetendo-as 2 ordem social, O priprio Lapassade esteve inicialmente seduzido pela psicologia clos pequenos grupos, sendo a principal tepresentante da Psicossaciologia Insci- tucional, comente que se formau a partir ates canes poder sr ence a vies Rafe Molar = puters pass do desea de Fei Gast, ‘Se Pa, Basten 80 dessas experiéncias citadas acima. Mais tarde ele e outros institucionalistas fario erfticas a esta, sob 0 argumento de que trabalhavam a organizagio como um grupo, enfocancdo as relagdes humanas, sem problematizar as produces sociais. Lapassade diz. que propos chamar de Anilise Institucional’ em 1963, 0 método que visa a revclar nos grupos, esse nivel oculto de sua vida e de seu funcionamento - a diniensio institucional centendida como toda politien reprimida pela ideologia das boas relagdes sociais(Coimbra, 1995). A Andlise institucional se consticuiu de diferentes movimentos e tendéncias tedricas, as quais foram compondo o movimento insticucionalista francés desde o inicio da década de 60. Coimbra (1995) situa a instirucionalizagio da Anilise Institucional Francesa em uma terceira fase do movimento institucionalista, A primeira fase seria a da Psicossociologia Institucional, a qual se desenvolveu na primeira metade da década de 60, a partir das experigncias da Psicorerapia Enstitucional, da Pedagogia nal ¢ da critica interna nas ciéncias Nesta fase também foram sociais She autos do tm Amicon pee we (Guucua tamben da ter propose O meso us demareat vaifetenga Wh pacotctapiaisetuciona de Towels pura enfstirae #simenci anal, gl Wie Fats betonte mi pemmcns cxpenéacus Te fr esa ference fie amigo eit cigs, maken, ich Reva Mlcculsr:pattgaes polteas do dese. Sho Paulo: Bd Braslienser 198. pod. Neste ate problematia 4 transforma & online insttaiomal los anand dens pcos © arte anal em anc, Eide 187 e Guta din aste que bus eoposto. Tepatade foram de Tayeeeade: Laue sec pele docrcactne da proven eels instevciona. wens (1938) excteveu tm lee lead ‘resin scfchincioles meee Lapsieets Teporincia pels discise socieloplen el fenpena, es se Iemma 8 peop Fra pate a tnline Some ven crueosaaion: Bes eemat e's andline que © pont em snalive mio mat ss importantes os enfoques antiinstitucionais’, como a antipsiquiatria e x antipedagogia, os quais tiveram seu apogeu no maio de 68 francés. Logo no inicio dadécada de 70, [van lich prega a desescolarizacio, mostranda.a escola como um grande reprodutor da soviedade de consumo. Os enfoques antiinstitucionais iro possibilitarnovas formulagdes, permitindo a Lapassade romper com a Icitura mais psicoldgicae dar €nfase A leieura sociolégica, © que demarcaria segundo Coimbra (1995) a segunda fase da Anilise Insticucional com. as Intervengées Socioanaliticas, quando a autogestao € empregada como um questionamento 20 sistema atual das instiarigdes ¢ dispasitivas socisis, como uma contra-institwri¢io, revelando as elementos cultos do sistema. F. 0 periodo da eriagaio de diversos dispositivos de trabalho em instituigdes. 4 partir de experienctas erupais, as quais colocavam em andlise os atravessamentos sociais nos grupos. A terceira fase, segunda Coimbra (1995) seria a insticucionalizagio da Anilise Institucional, na década de 70, quando os moyimentos perdem forga, havendo um desinreresse generilizado pelas diferentes formas de participacio € questionamentos sociais, Haveri entao uma redugio de espacos a solicitarem a intervengio de analistas institucionais. Fai preciso a revisao de conceitos € € neste periodo que surgem os escritos sobre a histéria do mavimento institucionalista. Lapassade (1983) questiona sobre a possibilidade de mudangas nos niveis do grupo ¢ da organizagio, sem que se analise as instituigdes que se produzem e operam nestes Ambitos. Parece que esse momento desestabilizou também algumas certezas no proprio Lapassade, Na tentativa de abrir mais espagos ele propde com Lourau (1977), 0 Encontro Institucional, uma iosementn i parton que te Proce 0 sams mumcton hoo pr Goorin se apices acne owl intervengio de curta duragio, através de uma erisandlise, propondo-se a instalar crises na organizagio para que alguns setores pudessem se aprapriar da anilise e comegar a praticdela. Lapassade também scaproximou do Movimento de Potencial Humano, fazendo uso de algumas técnicas de interwengio, o que nio impediu que fizesse eritica a esta cortente em auto momento, Das Ieituras que fiz, parece-me que Lapassade nesta fase se perdeu um pouco, retornando a intervengdes mais fun- cionalistas, pelas exigéncias da demanda das instituigdes. Esta € uma leitura dos momentos do movimento institucionalista francés, realizacla por Coimbra (1995), em sua tese de doutorado, Nestes trés momentos a autora vai analisando como se estruturam propostas de intervengio institucional, culminando com a institucionalizagio da Andlise Institucional. Lapassade faz um outro tipo de divisio, acentuando 0 desenvolvimento do conceito de instituig2o, Rodrigues € Soutza (1987) retornam essa discussio cicando Lapassade. Em um primeira momento instituigao € entendida como estabe- lecimento de euistados, mobilizando ages terapéuticas. Encontramos essa nogio nas priticas da psicoterapia institucional, quando: esta buseava a cura pela institucionalizagio dos enfrmos, Instituigdes sZo, assim, todos os Estabelecimentos ou Onganizagées. com existéncia material e/ou juridica: escolas, hospicais, empresas, associagdes, ec. (Rodrigues e Souza, 1987). Em um segundo momento, rrabalha- se com a idéia de que as instituiedes seriam dispasitivos (grupos operativos, assembléias, conselhos de classe, grupos de discussie...) instalados nos estabelecimentos (escolas, hospitais, empresas...) Acentua-se aqui ainda o papel atribuido aos especiatistas, como peritos em instituigdes. Eo que predominou no enfoque psicossociolégico, quando se enfatizava as relagdes humanas através de trabalho com grupos nas inscicuigéies, permanecendo a referéneia aos cstabelecimentas. Também na segunda linha da Psicorerapia Insticucional e na Pedagogia Institucional, MOMENTO FSSTITUCIONALISTA HANALKE RSSTTUCZONAL NO RASH ” O tereeiro momento para Lapassade (1977), s30 0s movimentos anciinstitucionais, quando @ nogie de instituigg0 contempla a idéia de produgio, problematizando as diversas naturalizagdes nas priticas sociais. Podemos situar aqui as experigneias de Socioanlise empreenclidas por Lapassadee a fase da Andlise Institucional propriamente dita, Baremblite (1994), quando apresenta a5 principais tendéncias do movimento institucionalista, tefere: a Sociopsicanilise, de Gérard Mendel, a Analise Insticucional de Lourau e Lapassade ea Esquizoanilise de Deleuze ¢ Guattari, Noentanto, no Brasil essas correntes se articulam, se misturam, de forma que hoje poderfamos falarem uma ire de conhecimento chamada Analise Institucional, a qual tem sido apropriads & ampliada por profissionais, pesquisadores, predominantemente da irea da Psicologia, em uma interface com a Psicologia Social e Psicanzllise. Chamamos Andlise Institucional no sentido estrito iquela corrente do ‘movimento institucionalista vinculada mais de pero As posiges de R. Lourau, G, Lapassade c scu grupos de colaboradores (R.Hess, PVille), ete.) Ag menos no contexto brasileiro podemos falar de uma articulagao estreita desta pritica-pensamentocom as posigdey de F{Guateariem direcdoa uma micropolicica (Rodrigues, 1992, pas) No Brasil a Andlise Institucional encontrou espago na Psicologia Social Critiea, a qual se nucsia dos movimentos sociais. Osvaldo Saidon referia em E987, que deveriamos busear as fontes de unn correnee brasileira de Ansise Institueierl em Paulo Freire © sua Pedagogia do Oprimido, nos movimencos de resisténcia de 6:4 € 68, nas propostas das comunidades de base e na influéneia do exitio latino-americano, com stia praposicao de priticas sociais no campo da Psicologia e da Psicanilise Coimbra (1995) refere que as priticas institucionais nos chegam através de duas geragGes de autores argentinos. Uma primeina, representada por integrantes da Associacio Psicanalitica Argentina, como Rodolfo Bohoslavsky, Leon Grinberg, Maric Langer divulgam os trabalhos de José Bleger ¢ Pichon Rivigre, com a proposta de uma Psicologia Institucional, a qual difere da Andlise Institucional Francesa. Conforme Rodrigues ¢ Souza (1987, p.17) , a primeira resultou da necessidede dos psicanalistas argentinos de influirem com sua parities no momento politico de seu pais. Constitui movimento que parce da Psicandlise pare 1 politica e que tem no trabalho com grupos, nas onganizagdes, sua forma de intervengao por exceléncia, Bleger foi aluno de Pichon Rivigre, tomanda como base a experiéneia de grupos operatives deste. Defende uma abordagem do inconsciente institucional, analisando as relagées nos grupos, sob pressupastos da prevengi € psico-higiene (promogio de satide) formulados por G. Caplan na Psiquiatria preventiva, O sic6logo para Bleger (1984) seria um agente de satide, um técnica das relagoes, trabalhando com a nogio de instituig’o- estabelecimento, sendo esta entio considerada paciente do especialista. Sio.es grupos operatives uma forma de interveng3o que virou moda ma década de 70 no Brasil No entanto, segundo Coimbra (1995), enquano na Argentina jd haviam questionamentos do tipo: que formagio social, que priticas e subjetividades estamos produziado ¢ fortalecendo, entre nos somente na década de 80 cais questdes puderam ser pensacias, A Segunda geragio de argentinos, representada por Osvaldo Saidon, Greg6rio. Baremblits, Antonio Lanceiti¢ Vida Raquel Kamkhagi, desembarca exilacla, apés 1976 a0 cixo Rio - $30 Paulo, acolhendo as influénetas de Bleger e Pichon uma série de implieagaes politicas, (Caimbra, 1995) divulgando os principios da andlise institucional francesa, Num primeiro momento as trabalhos de Lapassade tiveram maior evidéneia e na década de 80a estes se co somaram as produgdes de Foucault, Deleuze eGuattas. Lapassade (1977) eneontra no termo instituigio um sentido ativo, de manter de pé a maquina social © até de produzt-la (vertente do instituinte) ¢ também a vertenté do instituido, © qual remete As formas universais de relagdes sociais, as quais nasceram originariamence em uma sociedade instituinte.” Segundo Rodrigues ¢ Souza (1987), © objetivo da Andlise Insticucionel seria trazer 3 luz esse dilétiea instituinte- insticuido, visunde a aprecnder a instituigio emseu sentido ativo. Algumas definigSes de instituigio, mesmo em autores os quais jf articulam —Andlise Insticucional Esquizoanilise, enfatizam mais a dimensio do instituide. E o que se expressa no coneeito apresentado por Baremblite (1994, p27: Asinstituigdes si0 lgicas, sto fvores dle composigdes l6gicas que, segunda a forma e o grau de formalizacgio que adorem, podem ser leis, podem ser normas ¢, quando nfo esta enunciadas de maneirt manifesta, podem ser pautas, regularidades de comportamentos. No conceito de Lapassade (1977, 1.203) também o sentido etimologica’ € acentuado: FORMA que produz © reproduz as relagdes sociais ou FORMA GERAL, das relagdes sociais. quese instrumenca em estabelecimentos e/ou dispo- Encomtats on comecitn de Insite ¢ Insti cm Naemble 1998, p32) 0 Inetiimte € ceveadite come somentos de crasslormoie fectacional, forge que ‘ockon a tennfms an onsruoss tember soe fe tener anh aoe eas Iipas produto fe eacir inaenctots © ee jd ‘tava tsa va obs 38 mamas exes {Gee tegahes sated sip 9 seas de ee rns (2001p), buscanle 9 sent semble do ‘rma, reese gacomatemas pels primciee Yee ma sec Nil orm insta, eneto ue exeocese, exit {ao arn msec crm a nome de Hnvieuro aparece Iotamenee na seculo XV sigalficand cis etbelocd heveiculo NVEL como tense wma onder eeeoa: em 174; tnstiano fe satedons do Hai intial ‘que est esuecida IVA DO CENTKO DE CIENCIAS SOCIA & HUMANS sitivos... B isto € a instituigto, este produto da sociedade instituinte em tal ‘momento de sua historia Outros autores, inspirados em Deleuze © Guattari, apresentam conceitos mais fuidos de insticuigto, Para Rodrigues e Souza (1987, p.24) inscituigao & produgio, € arividade... algo nao localizével empiri camemte, ... uma espécie de inconsciente politico que institu! novas realidades, sempre dividindo, sempre separando. As inscituigdes sio como estétuas de sreia: mostram-se fixas e desistorizaeas, mas 05 gros que as compdem estio, ainda que imperceptivelmente. se movimentando, as fluxos no param de se agitar; o mar esta ali adiante podendo, a qualquer momento, levar (8 gros de areia que sompdem estas estituas fazendo com que elas desaparegam, (Barros, 1994, p.109) Se tomarmos as instituigdes como processos, nos quais os fluxos ndo param de se agitar como refere Barros (1994), talvez ainda pudéssemos falar de uma andlise institucional resgatando a proposta ariginal de Guateari, na décads de 60 atualizando- acomas formulagdes da esquizoanalise. A esquizoandlise foi inventada por Deleuze © Guattari (1976) ¢ expoxea pela primeira vez no livo O Anti-Edipo. A idéia cra problematizar a Psicandlise ¢ 0 modo institufdo de anlise, a qual se sustentava na interpretagio e na leitura do oculto, remetendo todo conflito a uma matriz das telagoes familiares. Questdo da esqui- zoandlise ou da pragmatica, a propria micropolitica!®, no consiste jamais em Aandise mine sep Gua 1880) 56 snaria Fm preronypeyanint mdm Sasa pape pea m4 pi arf ct geal ees ‘ible, do guns cofpen gt da eg des) Aaa pas, as (T4389, in ono dy patelan nt isa Or mscepes G a0 mend an. um plane mo pobbaar th rs, ‘MowMETO MeTEIUCIONALISTA £ ANALIE SSTTECGONAL No RASHL a interpretar, mas apenas em perguntar: quais suas linhas, individuo ou grupo, € quais os petigos sobre cada uma delas, No entanto, Guattati (1988) refere que ele e Deleuze nijo eonsideravam a exquizoanilise como uma técnica, uma eiéneia, baseada sobre leis ¢ axiomas e ainda menos eomo um corpo de profissio que requer uma formagao iniciadora! Ela 56 conseguiri existir nos agenciamentos particulares. E. um novo modo de pensar a vida ¢ as priticas socias., podendo ser exereida por qualquer pessoa Sendo assim, um lider comunitétio que potencializa formas diversas de participagio € organizagio em sua comunidade pade ser considerado um esquizoanalista. A expresso esquizo esteve sujeita a confusdies com o processo do esquizofrénico. Guateari (1987) pontua que aunca ele e Deleuze falaram de idenrificagio entre 0 analista e 0 esquizofrénico: Nés dissemos que o analista, tanto ‘quanto militante, 0 escritorou quem quer que seja, esti mais ou menos engajado num processo esquiza...N6s no dissemes que oy revoluciondrios devessem identificarse com os toucos que esto girando em falso, mas sim que deviam fazer seus empreen- dimencos funcionarem & maneira do proceso esquizo, {Guattari, L987, p.83) Guactari (1987) referesse a idéia de ruptura presente no processo esquiza, de poder potencializir modos de existéneia, romper com a ordem dada, com as representacdes, deixando-se derivar no processo, B é nesse sentido que segundecle, otrabalho do analista, do revolueionirio, do artista porlem se encontrar. A Anilise Institucional no Brasil cconstituitse sob esse fundo miiltiplo dessas diferentes correntes, mesmo que uma ou outra se ache maisenfatizada, No Rio Grande do Sul recebemos a produgio argentina e as composigaes do eixo Rio - Sao Paulo. Durante alguns anos tal como no centro do pais, Bleger € Pichon Riviére foram feferéncias fortes, predominando as peiticas da psicologia institucional, Lapassade nos: apresentado pela obra Andlise institucional no Brasil publicado em 1987, reunindo trabalhos de profissionais, os quais j& articulavam leituras deste com Deleuze € Guartari, sendo que os tiltimos se fizeram mais presentes entre os gatichos na década de 90, especialmente no perfodo de 4 497 quando muitos encontros se realizaram com Sucly Rolnik, Rogério Costa, Peter Pelbart, Regina Benevides de Barros nas universidades, em espagos clinics € de formagio'", os quais tém divulgado a flosotia de Deleuze, Guattari, Nietszchee Foucault. Ainda preferimos falar em Andlise Institucional, apesar de todos os perigos advindos da institucionalizacio desta, como afirma Coimbra (1995), Guattari (1987) quetxava-se das palavras gastas, do fato dos especialistas provecarem rapidamente a tecnicizagio da proposta. Porém a ealidade francesa no € 4 mesma nossa. Para nds 0 que vingou foi a Anélise Instituciona ‘mesmo cam tode a rango das especialismas. ‘oi com a Anilise Institucienal que podemos problematizar as nossas implicagdes, os nossos lugares de expecialistas. Como propie Coimbra (1995) no precisarnos sair do lugar de especialistas, mas sim ao ocupar esse terricorio, fazermos em primeiro lugar a andlise do que produzimos, de que instituimos, uma andlise das instituigdes em nds © fora de nds. As instituicdes contin uam a operar fortemente na subjetivagio. Ainda somos atravessados por instituigdes, mesmo que ampliemos ‘nosso conccitos para territérios ou territo~ Salizagdes. Sempre existirio as instituigdes enquanto estabelec finds hoje: nentos © estamos muito grudados a estas, precisamos estar institucionalizades, ainda buscamos territorios referenciais. A escola vai mal, € questionada, masainda nilo se aceita que as Tope PI i Tasers Tice apace Wa, ql ecm aeeinics sre Dele Grn ene #8 Mem Rag Conte Petes Pe ae etiangas no passem por esta. Se a escola acabar, outras instituigdes tomardo seu lugar. ‘Sto as nossas linhas segmentérias, O que precisamos € inventar micro-andlises, procurando fazera escuta nijo s6 das formas, mas também dos fluxos, anilise do movimento, das relagdes de forgas que compéem as instituigdes, sejam clas estabelecimentos, instituidos, ou forgas produtoras de subjetividade, Referéncias Bibliograficas 1, BAREMBLITT, Gregério. Compéndio de Anise Institucional ¢ outras correntes: teoria e pritica. 2.ed. Rio de janeiro: Rosa dos Tempos, 1994. 2, BARROS, Regina Duarte Benevides Grupo: A Afirmagdo de um Simulacro, Sio Paulo: PUCISP, 1994, ‘Tese de Doutorado. Programa de P6s-Graduagio em Psicologia Clinica, 3, BLEGER, José, Psico-higiene © Psicologia Institucional, Porto Alegee: Artes Médicas, 1954, 4..COIMBRA, Cecilia Maria Bougas. Guardies da Ordem, Rio de Janeiro; Oficina do Autor, 1995. 5. DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O Anti-Edipo, Capicalismo e Esquizotrenta, Rio de Janeito: Imago, 1976. 6, BIZIRIK, Marisa Facrmann, Educagao© eseola:it aventura institucional, Porto Alegre: 7. GUATTARI, Félix & ROLNIK, Suely. Micropolitica ~ Cartogratias de Desejo. Petrépolis: Vozes, 1986. 8 GUATTARI, Félix. Revolug: Molecular pulsagdes politicas do desejo. Sio Paulo: Brasiliense, 1987, 9. GUATTARI, Félix. © Inconsciente maquinico: ensaios de esquizo-anilise. Campinas-SP: Papirus, 1988, EVISTA D0 CLNTRO DE CIENCIAS SOCINS E HUMANS 10. GUATTARI, Félix. Caosmose: unr nove parudigma estético.Rio de Janeiro: Ed.34, 1992, 11. LAPASSADE, G. El Encuentro Institucional. In: LOURAU, Retal, Andlisis Institucional y Socioanilisis. México: Nueva Imagem, 197, 12: Grupos, Organizagéies © Insti tuigdes. Rio de Jancito: Francisco Alves, 1985. 13, LOURAU,R. etal. Ansfisis Institueional y Socioandlisis. México: Nueva Imagem, 1977. 4. LOURAU, René. A Amilise Institucional.. Trad. De Mariano Ferreira. — Petrépolis, RJ: Vozes, 1995. 15. RODRIGUES, Heliana B.C. & SOUZA, Vera L.B. A Andlise Enstitucional € a Profissionalizagao do Psicélogo. In: SAIDON, O . & KAMKHAGI, Vida R. Anilise Institucional no Brasil - Rio de Janeiro; Espago ¢ Tempo, 1987, pp. 17- 16. RODRIGUES, Heliana de Barros Conti, Psicandlise € Anilise Institucional In: RODRIGUES, Heliana de Barros Conde; LEITAO, Maria Beatrie Sa; BARROS, Regina Benevides de. Grupos Instituic¢des em Andlise.Rio de Janciro: Rosa dos Tempos, 1992, pp. 42-55 17, SAIDON, Osvaldo ¢ KAMKHAGIL, Vida Rachel (orgs.) Andlise Institucional no Brasil: favela, hospicio, excalz, FUNABEM. Riode janeiro: Espago e tempo, 1987,

You might also like