O livro discute os fundamentos e efetividade dos direitos humanos de forma crítica, mostrando a distância entre discurso e prática. Apresenta três razões para essa dissonância: 1) a noção moderna de Estado está ligada à dominação, 2) a sociedade política difere da sociedade civil, onde impera desigualdade, 3) discursos sobre direitos humanos servem para legitimar intervenções geopolíticas. Defende que os direitos humanos não podem ter como fundamento um sistema voltado à acumulação capitalista, devendo ter como
O livro discute os fundamentos e efetividade dos direitos humanos de forma crítica, mostrando a distância entre discurso e prática. Apresenta três razões para essa dissonância: 1) a noção moderna de Estado está ligada à dominação, 2) a sociedade política difere da sociedade civil, onde impera desigualdade, 3) discursos sobre direitos humanos servem para legitimar intervenções geopolíticas. Defende que os direitos humanos não podem ter como fundamento um sistema voltado à acumulação capitalista, devendo ter como
O livro discute os fundamentos e efetividade dos direitos humanos de forma crítica, mostrando a distância entre discurso e prática. Apresenta três razões para essa dissonância: 1) a noção moderna de Estado está ligada à dominação, 2) a sociedade política difere da sociedade civil, onde impera desigualdade, 3) discursos sobre direitos humanos servem para legitimar intervenções geopolíticas. Defende que os direitos humanos não podem ter como fundamento um sistema voltado à acumulação capitalista, devendo ter como
Nome Completo: Fernanda Oliveira Santos Turma: Tutela Penal e Garantia dos Direitos Humanos Registro de dados bibliogrfico: GALLARDO, Helio. Teora crtica: matriz y posibilidad de Derechos Humanos. [S.L]: Grficas F. Gmez, 2008. p.9-45. Contedo Fichado: O presente livro trata do fundamento e da efetividade dos direitos humanos, questes polmicas para esse ramo. No se restringindo a descrever normas de direito internacional, o autor apresenta uma viso crtica ligada a realidade, sem abandonar a discusso sobre os fundamentos. Gallardo (2008, p.9) parte do fato que existe um abismo que separa as prticas dos discursos no campo dos direitos humanos. Da constatao surgem questionamos, como a discusso sobre a necessidade de buscar a fundamentao ou o foco deve ser a efetivao dos direitos. A dissonncia entre o texto e a vida real pode ser vista como fruto das disputas polticas. Desse modo, o autor apresenta razes ou discursos que imperam no mbito poltico: de Estado, aquelas politicamente subordinadas e as contrrias ao Estado. A primeira razo diz respeito ao Estado, o qual na modernidade relacionado com a noo de dominao, assim como o direito resultado desse direcionamento. Criando uma ambiguidade na imagem e na prtica dos direitos humanos, pois como o direito termina por reafirmar estruturas de dominao. J a segunda razo a chamada sociedade civil que diverge da sociedade poltica, sendo que naquela a desigualdade plenamente aceita, enquanto na ltima impera a ideia de cidadania e igualdade.(GALLARDO, 2008, p.10-12) Portanto, a ideia do consenso em matria de direitos humanos enfrenta obstculos, inerentes formao do Estado moderno, que geram a distncia entre teoria e prtica. De acordo com Gallardo (2008, p.12) [] estos Estados no constituyen ni en su origen ni actualmente dispositivos de consenso, sino de dominacin y de fragmentacin. En
2 tanto tales, no pueden fundamentar por s mismo prcticas y valores universales e integrales como lo son (declaradamente) derechos humanos.
A linguagem dos direitos humanos utilizada com finalidades diversas e por
grupos com direcionamentos distintos. Por um lado, proclamam a ideia de um ser humano universal e dotado de direitos inerentes a essa condio. Por outro, servem de argumento para legitimar as incurses em pases rabes para prevenir conflitos, segundo o discurso oficial. Entretanto, questionam-se o escopo colonialista desse tipo de ao. Esta conduta demonstra a ambiguidade dos direitos humanos ao defender guerras para a defesa dos humanos, ignorando as vidas humanas perdidas do lado inimigo, ou pior, colocando em status de inferioridade. Este discurso lo que dice es que la Seguridad Nacional de esos Estados, sin duda globalmente poderosos, puede exigir la practica de la tortura y del genocidio y que esos delitoss de lesa humanidad deben quedar impunes en beneficio de todos, o sea de la misma humanidad de las personas a las que se hace violencia. Sin que cause extraeza mundial, los anteriores planteamientos, que podrdan considerarse obscenos, son objeto de negociacin por parte de los Estados civilizados, tal vez geopoliticamente menos poderosos, que aceptan la jurisdiccin, por dems limitada, de la Corte Penal Internacional. (GALLARDO, 2008, p.13)
Os direitos humanos se apresentam de modo abstrato, sob a perspectiva
hegemnica liberal. A tradio jusnaturalista fornece fundamentos para essa concepo de direitos, uma vez que Locke traz uma referncia a determinados tipos de indivduos que seriam portadores de direitos, abrangendo a defesa de empresas por elas representarem o trabalho produtivo e racional. (GALLARDO, 2008, p.22) Outro ponto discutido a no implementao dos direitos de 2 gerao ou sociais, que o autor observa no fazerem parte da cultura poltica e jurdica dos Estados modernos, sendo condicionados a disponibilidade de recursos. (GALLARDO, 2008, p.18). Contudo, Helio Gallardo acrescenta na sua anlise a perspectiva da implementao dos direitos humanos na Amrica Latina. Na obra mostrado como os direitos humanos, no s os de segunda dimenso, fazem parte das Constituies, mas
no so efetivados. Ainda acrescenta que essa concepo de direitos tambm no
vivenciada na vivncia moral. La vivencia moral de derechos humanos tampoco parece ser un dato de las sociedades latinoamericanas o de su cultura poltica y tal vez ello pueda extenderse a las sociedades modernas. Deseo bsicamente indicar que no existe un ethos sociocultural hacia derechos humanos. Esto quiere decir que su vivencia no forma parte de una sociabilidad global, nacional, local o personal.(GALLARDO, 2008, p.20).
A questo ganha profundidade quando observado o fenmeno dos direitos
humanos como algo distante da experincia e das relaes sociais nas sociedades modernas. Portanto, at o ensino de direitos humanos configura-se como um desrespeito, devido a sua organizao vertical e autoritria.(GALLARDO, 2008, p.21) Nesse contexto, Gallardo defende que os direitos humanos no podem ter como matriz ou fundamento um sistema voltado a acumulao de capital. Esse modelo econmico reproduz a lgica da discriminao, naturaliza a competio, transforma o ser humano em mero consumidor de produtos e impe
um modelo absoluto.
(GALLARDO, 2008, p.23)
Dentro da lgica apresentada os direitos humanos no passam de instrumento de opresso. Ento, o fundamento deve ser a chamada "sociedade civil emergente", por apresentar uma dinmica emergente libertadora e contestadora da lgica vigente. El fundamento de derechos humanos se encuentra en la sociedad civil, en su dinmica emergente libertadora o, lo que es semejante, en sus movimientos y mobilizaciones sociales contestatarias. Por supuesto esta sociedad civil emergente, en formaciones con principios de dominacin (de clase, de gneero, tnicos, geopolticos, etc.) es internamente conflictiva aunque puede expresarse polticamente con la coherencia relativa de una fuerza social.(GALLARDO, 2008, p.31)
O autor apresenta burguesia como sociedade civil emergente no contexto
prvio revoluo burguesa, j que representava o rompimento com as estruturas vigen tes, exercendo a funo de questionar o status quo.(GALLARDO, 2008, p.35) A sociedade civil emergente problematiza a universalidade dos direitos humanos, relacionando-a com a particularizao inerente diviso do trabalho capitalista, dominao de gnero, as diversidades culturais e raciais. Ainda questiona a noo de integralidade dos direitos humanos, pois a efetivao dos direitos sociais-
como questes salariais- est diretamente ligada existncia/ sobrevivncia do