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Abstract
Introdução
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Alunos do 6º semestre do curso de graduação em Enfermagem, Faculdade de Enfermagem da Universidade
Federal do Pará.
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Enfermeira, Esp. em Enfermagem do Trabalho; Msc. em Enfermagem. Coordenadora e Profª. da Atividade
Curricular: Enfermagem em Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Faculdade de Enfermagem da Universidade
Federal do Pará.
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equipe de saúde com conhecimento sobre os fatores de risco e medidas preventivas eficazes.
No caso de enfermagem colocar em prática uma adequada sistematização assistência.
O presente trabalho tem o discutir a importância dos conhecimentos sobre a úlcera de
pressão, por parte da enfermagem a fim de promover estratégias para prevenção, além de
realizar um relato clinico e elaborar a sistematização da assistência de enfermagem ao
paciente em risco para ulcera de pressão.
Metodologia
Para atingir os objetivos propostos, foi realizado um estudo de caso a partir da coleta
de dados de um paciente internado em um hospital de grande porte de Belém do Pará. A
escolha do caso baseou-se nos fatores etiológicos (internos e externos) para úlcera de pressão
e na escala de Braden. A escolha do recaiu sobre o paciente que apresentasse pelo menos três
fatores etiológicos, além de ter escore de Braden menor ou igual a 16 no momento da
internação. Como instrumentos da pesquisa foram utilizados a retrospectiva documental
baseada na coleta dos dados prontuário do paciente, entrevista e pesquisa bibliográfica em
livros, artigos e internet.
Fatores internos
• Idade: à medida que envelhecemos, a pele torna-se mais fina e menos elástica,
que está relacionado à diminuição da quantidade de colágeno na derme. Além disso, há perda
da perda de massa corporal total, que resulta no surgimento de dobras soltas de pele. Aumenta
também o risco de desenvolver doenças crônicas e outras, grande parte delas predispõem ao
surgimento das úlceras de pressão.
• Morbidades: em bom estado geral é importante porque o corpo consegue
suportar maior pressão externa quando saudável. O surgimento das úlceras de pressão
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Fatores externos
• Pressão: é o fator mais importante para o desenvolvimento das úlceras de
pressão. Quando o tecido mole do corpo é comprimido entre uma saliência óssea e uma
superfície dura, causando pressões maiores que a pressão capilar, ocorre a isquemia
localizada. A resposta normal do corpo a essa pressão é mudar de posição para que a pressão
seja reduzida, quando a pressão é aliviada surge a hiperemia reativa e é o resultado do
aumento temporário do fluxo sanguíneo na região. A persistência da pressão sem alivio por
um longo período de tempo provoca a necrose do tecido.
• Fricção: é um fator significante para o desenvolvimento das úlceras de pressão.
É criada através da força de duas superfícies deslizando uma sobre a outra, freqüentemente
resulta em abrasão ou queimadura de segundo grau, geralmente ocorre em pacientes que não
conseguem se reposicionar no leito sem ajuda.
• Cisalhamento: é causado por interação da gravidade e da fricção, em quanto à
primeira empurra o paciente para baixo a segunda causa uma resistência que impede que o
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corpo desça. O esqueleto e os tecidos mais próximos se movimentam, mas a pele não se move
livremente, essas forças podem causar deformação e destruição do tecido e danificam os
vasos sanguíneos.
• Umidade: ao ficar constantemente úmida, a pele fica mais susceptível ao atrito e
à maceração. A exposição excessiva a umidade de qualquer fonte pode enfraquecer as
camadas da pele e torná-la mais vulnerável.
Segundo apud Jorge e Dantas, 2004, as Úlceras por Pressão apresentam os seguintes
estágios de classificação:
• Estagio I: Pele integra, com eritema ou descoloração, calor, edema e
endurecimento.
• Estagio II: Pele com lesão parcial, envolvendo epiderme e/ou derme,
apresentando abrasão, bolha ou cratera rasa.
Prevenção
Compreender a prática do cuidar, atualmente através do padrão científico e
tecnológico, só é possível a partir de uma profunda concepção holística, ou seja, um cuidar
que veja o ser como um todo. Por isso, faz-se necessário investigar e explorar os elementos
que integram os cuidados para com a pele, para mantê-la íntegra durante todo o processo de
internação do cliente.
O enfermeiro deve direcionar suas ações de forma a estabelecer um processo
avaliativo contínuo que o leve ao estabelecimento de ações preventivas e não somente
curativas. Em sua legislação dentre as suas competências está inserido os cuidados com a
manutenção da integridade da pele, consistindo em cuidado importante na Enfermagem.
A prevenção da úlcera por pressão é mais importante que as propostas de tratamento,
visto que, na prevenção o custo é reduzido, o risco para o paciente é nulo e sua permanência
no hospital é abreviada, já que uma úlcera por pressão aumenta o risco de o paciente adquirir
uma infecção concomitante aumentando assim, seu tempo de hospitalização (CALIRI;
RUSTICI; MARCHRY, 1997; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; apud GOULART;
et al, sd).
No intuito de colaborar na prevenção de úlceras de pressão, dando subsídios para que
os enfermeiros pudessem mais objetivamente indicar quais os pacientes que correm risco para
desenvolvê-las, vários pesquisadores elaboraram escalas para prognosticarem o risco para sua
formação, à de Braden, que é a mais utilizada no Brasil. Após a avaliação, seguindo a escala
item por item, o enfermeiro consegue chegar a uma pontuação final, a qual irá determinar o
risco para o desenvolvimento de úlceras por pressão, associando a essa avaliação, a outros
fatores que devem ser analisados o uso de corticóide, neoplasias, desidratação, diabete
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• Use um colchão especial que reduz a pressão como colchão de ar. O colchão
caixa de ovo aumenta o conforto mais não reduz a pressão. Para a pessoa que já tem a úlcera o
adequado é o colchão de ar (LOBOSCO; et al, 2008).
Resultados e discussão
Estudo de caso
Histórico de Enfermagem
J.W.S.S., pré-escolar 5 anos e 7meses, de cor parda, residente Barcarena-PA.
Admitido em 28/11/2009 com quadro de pneumonia e dor em perna direita. Histórico da
doença atual: informante Pai. No inicio do mês de novembro de 2009, criança sofreu queda da
própria altura no quintal de sua casa batendo perna direita. Após três dias apresentou inchaço
das pernas, vômitos, cansaço concomitante e febre alta (não aferida e que melhorou com
medicação). Menor foi levado a um pronto socorro no município de Belém onde foi feito
sintomáticos e teve alta. Sem melhora retornou ao mesmo pronto socorro de onde foi
encaminhou para uma um hospital de Clinica Pediátrica na qual permaneceu internado por 12
dias, porém sem melhora no quadro clinico, sendo então referenciado a um hospital de
referencia em doenças infecto-contagiosas na cidade de Belém, onde ficou internado por 10
dias, recebeu drenagem torácica bilateral, com melhora do quadro de pneumonia, porém ainda
apresentando fortes dores em quadril e membros inferiores.
No dia 22/11/2009 apresentou episódio de febre alta (não sabe informar o valor) com
convulsões, que ocasionou hemiparesia ao lado direito do rosto e “fraqueza” em hemicorpo
direito. Foi encaminhado a um hospital de Referência na Atenção Integral à Saúde da Mulher
e da Criança na cidade de Belém, com diagnostico clinico de broncopneumonia, derrame
pleural já drenado, percadite sem indicação de drenagem, proíte, artrite séptica do quadril
direito e esquerdo. Antecedentes Mórbidos Familiares: nega doenças na família; Antecedentes
Mórbidos Pessoais: nega doenças da quadra infantil e outras hospitalizações além das citadas.
Ao exame físico menor apresenta regular estado geral, emagrecido com peso de 14 Kg, fases
melancólicas, responde a perguntas simples (respostas negativas e positivas e aponta dor),
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verbaliza sinal sonoro de dor a mínima mobilização passiva do membro inferior direito. Pele e
mucosas hipocoradas e ressecadas, apresentarede gânglios palpáveis em cadeia cervical
anterior e submandibular < 1,5 cm. Febril, acianótico, anictérico. Ausculta Pulmonar:
murmúrios vesiculares presentes, com estertores difusos em base direita e esquerda, sem
desconforto respiratório apesar de dreno torácico em hemitórax direito e esquerdo
bilateralmente funcionante. Ausculta Cardíaca: Batimentos cardíacos normofonéticos em dois
tempos, taquicardio, 120 bpm, sem sopros. Abdômen: globoso, tenso, doloroso difusamente à
palpação profunda, ruídos hidroaéreos globalmente reduzidos. Membros superiores e
inferiores sem edemas, apresenta lesão em dorso da mão esquerda, abaulamento das
articulações dos joelhos com assimetria de posição de membros inferiores. Evacuação e
diurese presente e espontânea, urina de aspecto amarelo escuro (sic!). Sono e repouso
alterado. Limitação funcional da articulação coxa-femural direita com dor importante ao
manuseio. Realizado acesso venoso em membro superior esquerdo, curativo em lesão
ulcerada no dorso da mão esquerda e coleta de material para os exames laboratoriais de
hemograma, PCR, ionograma, uréia e creatinina, TGP, TGO, PTI, urina I, urocultura.
Encaminhado para realizar raios-x de tórax anterior, posterior e perfil, quadril e coxa-femural
direito e esquerdo. Solicitado parecer da ortopedia pediátrica. Durante nossa entrevista pai
referiu que menor apresentava já apresentava algumas áreas das costas com um pouco de
“vermelhidão” momento em que foi admitido, porém essa informação não constava no
prontuário.
Em 29/11/2009 menor acamado com manutenção do quadro, sem melhora da dor em
perna direita, e com dreno torácico bilateralmente funcionante com débito purulento e espesso
no trajeto à esquerda; aceita dieta ofertado. Recebeu resultados de exames laboratoriais que
apresentavam padrões dentro da normalidade, exceto PCR que estava aumentado (valor de
192).
Em 30/11/2009 recebeu resultado de raios-x, que apontaram assimetria de ossos
longos em membros inferiores sem espaço articular assimétrico, sem evidencias de lesão;
articulações coxa-femural direita e esquerda revelou assimetria de espaços articulares das
juntas dos quadris com redução acentuada do quadril direito, sugerindo luxação. Menor
apresentou manutenção de quadro, porém apresentou taquipnéia. Realizado curativo em dorso
da mão esquerda, e diagnosticada úlcera de grau I em todo o dorso pela médica pediatra.
Em 01/11/2009 recebeu 280 ml de concentrado de hemácias por via endovenosa,
apresentou e febre de 39ºC com sudorese intensa no período da noite sendo medicado,
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Considerações finais
A úlcera de pressão é um problema constante em pacientes com dificuldade de
mobilidade, indicando em parte um déficit no cuidado dos profissionais com estas pessoas. O
enfermeiro como profissional ativo nesse contexto aliado a outros profissionais de saúde tem
a responsabilidade de prevenir o aparecimento dessas feridas, reconhecendo importância da
informação e a atualização sobre essa iatrogenia.
A sistematização da assistência de enfermagem é um processo fundamental nesta
questão, pois prioriza a prevenção oferecendo subsídios para uma assistência de qualidade aos
pacientes, mas esse precisa ser um instrumento que não fique somente no papel, deve ser
executado na prática do serviço com a colaboração de toda equipe de enfermagem,
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percebemos que a sistematização é realizada mas em alguns serviços não passa de um papel
adicional dentro do prontuário, no qual as ações não são efetuadas.
Em presença de pacientes com risco para úlcera de pressão é essencial que os
enfermeiros, programem a avaliação diária e sistematizada (SAE), no intuito de identificar
não somente os fatores de risco precocemente, mas a própria úlcera que muitas vezes pode ser
tratada no seu estágio inicial impedindo maiores agravos. Por meio disso apreendemos que o
uso apropriado das intervenções traz menores prejuízos tanto para o paciente quanto para o
próprio sistema de saúde.
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Referências Bibliográficas
COSTA, F. M. F. DA; COSTA S. H. P. da. Assistência de enfermagem ao cliente portador de
úlcera de pressão: abordando a importância do conhecimento e informação. Rev. Meio
Ambiente Saúde. 2007; 2 (1):22-32. Dispinivel em:
http://www.faculdadedofuturo.edu.br/revista/2007/pdfs/RMAS%202(1)%2022-32..pdf.
Acessado em 07/11/2009
NOGUEIRA PC; CALIRI MHL & SANTOS CB. Fatores de risco e medidas preventivas
para úlcera de pressão no lesado medular. Experiência da equipe de enfermagem do
Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Medicina, Ribeirão Preto, 35: 14-23, jan./mar. 2002.
Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/2002/vol35n1/fatores_risco.pdf. Acessado em
14/11/2009.
PARANHOS, Y.W. Ulcera de Pressão. In: DANTAS, S.R.P.E.; Jorge, S.A. Abordagem
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287-298.
TUYAMA LY, ALVES FE, FRAGOSO MPV, Wanatabe HAW. Feridas crônicas de
membros inferiores: proposta de sistematização de assistência de enfermagem a nível
ambulatorial. Revista Nursing. - São Paulo (SP) 2004 ago; 75 (7):46-50.