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A figura 1 pode intimidar o leitor pela sua complexidade e número de parâmetros mas é na realidade
simples de compreender e de contextualizar. Hiparco enveredou os seus melhores esforços na
Orbita
medição de quatro ângulos chave; na figura a, b, α e β. Lunar
T1
a
b T3
α x β
SOL
I
T4
TERRA
T2
Fig.1
1º Um observador vê o disco solar segundo o ângulo T1IT2, o ângulo α mede metade da amplitude
desse ângulo.
2º Hiparco considerou a ≈ 0º porque este ângulo é tão pequeno que era impossível de medir. Esta
correcta inferência resulta das dimensões relativas das distâncias envolvidas (Terra-Lua e Terra-Sol).
3º Para o ângulo b Hiparco mediu o tempo que o ponto T3 (ver figura 1) permanecia na penumbra do
eclipse, durante o trajecto da lua na sombra projectada pela Terra. O tempo da órbita de 360º da Lua
em torno da Terra (aproximadamente 27,3 dias) era conhecido muito antes da antiguidade clássica
tornando possível estabelecer a regra dos três simples:
Ou seja b = α+β (recorde que a ≈ 0º), a razão trigonométrica seno, de todos conhecida do ensino
J
básico, permite escrever: b
r d LUA
r r d distância Terra-Lua I
Senb = ou seja d = TERRA
d Senb r raio da Terra
Fig.2
O raio da Terra era conhecido pelos trabalhos de Eratóstenes (276-194 A.C.) o que permitiu a
Hiparco estimar d ≈ 385 079 km. O valor exacto da distância Terra-Lua é de 384 400km, o erro
praticado é inferior a 700km.
Este feito, exibição brilhante da capacidade do espírito humano, ao mesmo tempo indicia a matemática
como um instrumento fundamental e incontornável para compreender o universo em que vivemos.