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FEBRE AFTOSA Victor Saraiva * Alejandro Lopez * INTRODUCAO, Marco histérico - Embora a introdugdo da espécie bovina no continente Sul Americano comegara nos primérdios do perfodo da Co- énia, a dependéncia comercial monopolista existente em relago & Espanha e Portugal, atuou como um fator de protegao & introdugao da febre aftosa jé que estes pafses nao sofreram a doenga até final do século XIX (GOIC, 1971). ‘As ragas bovinas introduzidas a partir da Peninsula Ibérica conse- ‘guiram sustentar tanto 0 consumo interno quanto as primeiras formas de exploragao pecuéria de importancia econdmica extra regional que ocupa- ram as extensas planicies da Argentina, do sul do Brasil e do Uruguai, vinculadas as industrias extrativistas de graxaria, couro e cares salgadas (ZOTTELE, 1994), Com o surgimento da indsistria frigorifica na segunda metade do século XIX, comegaram a ter importincia caracteristicas tais * Consultores do Centro Pan-amerisano de Febre Aftosa, Rio de Janeiro Brasil 13 ‘como eficiéneia de conversdo alimentar e precocidade, dando inicio a um ciclo de importagao de ventres e reprodutores como forma de adquirir ‘material genético adequado a tal fim, Assim, a entrada de virus da febre aftosa ao continente esté vinculada & importagao de animais de ragas eu- ropéias pelos paises da Bacia do Prata (ASTUDILLO, 1992), Logo ap6s os primeiros surtos registrados na Provincia de Buenos Aires, Argentina, aproximadamente em. 1870, simultaneamente com a Costa Leste dos Estados Unidos da América, a doenga estende-se & re- gio central do Chile, é registrada no Uruguai e no Estado do Rio Gran- de do Sul. Ao iniciar 0 século XX, como consequéncia do desconheci mento da epidemiologia da enfermidade e da atitude passiva adotada pelos governos, a doenga ji havia se estendido ao resto do Brasil, & Bolivia, a0 Paraguai e ao Peru, Em 1950 ¢ introduzida na Venezuela, © no mesmo ano, na Colémbia pasando daf ao Equador em 1961 (ASTUDILLO, 1992; ROSENBERG & GOIC, 1973). ‘Ao tempo em que os Estados Unidos (1929), México (1947-1954) ¢ 0 Canadé (1952) desenvolveram campanhas para erradicar a febre aftosa de seus territérios, os paises sul americanos nao impuseram me- didas efetivas para evitar sua entrada e difusdo nos seus territérios (ROSENBERG & GOIC, 1973). Esta diferenca de enfoque com respei- to A doenga teve reflexos nas relagdes comercias no eixo Norte-Sul. Embora as dificuldades tenham comecado no inicio do século, & partir da Segunda Guerra, a situagdo recrudesceu, Em 1959, os Estados Unidos ampliaram 0 embargo que pesava sobre 0s produtos cémicos procedentes de paises com febre aftosa culminando um prolongado pro- cesso de negociagdes diplomiticas sobre o tema, alterando substancial- mente a perspectiva com que os paises da rea encaravam o problema (MACHADO, 1969). A introdugao da febre aftosa na Venezuela e na Colémbia em 1950, converte-se em um dos principais fatores desencadcantes para uma tomada de posico politica dos pafses e possibilita a criagio em 1951, no ambito da Organizagio dos Estados Americanos - OEA - do Centro Pan-americano de Febre Afiosa - PANAFTOSA, estabelecido no. Rio de Janeiro, Brasil. Posteriormente, PANAFTOSA foi incorporado como programa regular da Organizacio Pan-americana da Saide - OPAS. A Argentina foi o primeiro pais a estabelecer um programa de com bate concebido para todo o terrtério em 1961, seguida pela regio Sul do im Brasil em 1965, pelo Paraguai e Unuguai em 1968, Chile em 1970 ¢Colém- biaem 1972, em sua maioria com apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ¢ apoio técnico de PANAFTOSA, iniciando um processo que abarcaria todo continente a princfpios da década seguinte (GOIC, 1971; ROSENBERG & GOIC, 1973). Durante os anos 70 foram estabelecidas as bases da maioria dos sistemas de atengdo veterinéria e vigilancia epidemiol6gica que atualmente encontram-se em funcionamento. Este desenvolvimento permitiu passar de somente 30% do rebanho bovino sob programas de controle na década de 60, para 40% no inicio dos anos 70 até alcangar uma cobertura de 90% ‘em 1981, época em que Chile foi o primeio pats sul-americano a erradicar a enfermidade e ser reconhecido como pafs livre da febre aftosa. Entretanto, a metodologia de controle praticada ndo considerava as diferengas epidemiol6gicas apresentadas pela enfermidade na sua Aistribuigdo espacial como resultado das interagdes produtivas, propon- do umaestratégia homogénca, baseada na cobertura vacinal de todos os animais suscept(veis com vacinas hidréxido-saponinadas. Esta metodologia quando aplicada de modo sistemético contribuiu para rminuir a apresentagdo crescente da doenga, sem contudo efectivamente cerradicé-la (ROSENBERG & GOIC, 1973). Esta situagao foi acompanhada de perto por PANAFTOSA, onde desenvolveram-se pesquisas orientadas a0 melhoramento das técnicas de diagnéstico da febre aftosa ¢ & produgao de novas e melhores vacinas escus métodos de controle de qualidade. A partir de 1973 implementa- se, sob a coordenago de PANAFTOSA, o Sistema Continental de In- formago e Vigilancia das Enfermidades Vesiculares baseado num cri ‘ério espaco-temporal, que utiliza um sistema de quadrantes geogra cos permitindo acesso, em tempo e forma, ao conhecimento da situagao epidemiolégica das enfermidades vesiculares (ASTUDILLO, 1992). estudo da estrutura bioprodutiva da pecudtia possiilitou dis- tinguir as diferengas existentes entre os distintos sistemas de produgo ¢ comercializagao, habilitando a identificagao dos diversos ecossistemas com base nas situagdes de risco ehvolvidas. Como consequéncia, foi factivel planejar altemnativas operadionais de acordo com a possibilida- de de interromper a cadeia epidemiplogica da febre aftosa, 0 risco rela- tivo dos distintos fatores ¢ a|probabilidade de modificé-los (ROSENBERG, 1975), 1s Os avangos registrados na diminuigdo da incidéncia da doenga ao final dos anos 80, assim como os debates no GATT — General Agreement on Tariffs and Trade — durante a Ronda Uruguai, sobre barreiras niio alfandegérias no comércio mundial de carnes e produtos derivados, sen- sibilizaram as autoridades nacionais garantindo um ambiente social, politico e econémico adequado para a implantagao e execugao do Plano Hemisférico da Erradicagio da Febre Aftosa (PHEFA), segundo a Organizago Panamericana de Satide no ano de 1988. O Plano Hemisférico - 0 PHEFA é conseqiiéncia direta da tomada de posigio dos paises da América do Sul frente & impossibili- dade de alcangar os mercados de produtos de origem animal do cha- mado circuito ndo-aftoso e deriva da consciéncia do Onus resultante da convivéncia com a febre aftosa e portanto das perdas econdmicas diretas, especialmente, naqueles paises com saldos exportéveis signi- ficativos. 0 plano propée como objetivos gerais a) aumentar a disponil dade de carne c lete para os habitantes da regido; b) incrementar aefici @ncia econémico-social da pecuéria, tendo como referéncia 0 conceito de desenvolvimento sustentavel_ sem impacto negativo para o meio ambiente; c) eliminar um fator limitante ao potencial do investimento tecnol6gico e d) ampliar o poder de negociagao do produto pecuério no ‘mercado internacional. ‘Como objetivos especificos aparecem: a) erradicar a febre aftosa do continente sul-americano; b) prevenir sua introdugdo em éreas li- res; c) prevenir a introdugao de fontes de virus de febre aftosa ¢ outros ppatégenos exdticos em novas éreas de colonizagao agropecuéria, espe- cialmente a sub-regiéo amazénica respeitando, ao mesmo tempo, a inte- ‘ridade ecolégica dessas éreas. ‘Oconhecimento sobre as modalidades regionais de comportamen- to da enfermidade citado anteriormente, permitiu dividir o continente em trés grandes macro-sistemas: a) Cone Sul - Bacia do Prata: que compreende Chile, Argentina, ‘Uruguai, Paraguai c os estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Parand; 176 b) Area Andina: formada pela Bolfvia, Peru, Equador, Colombia Venezuela, ainda que alguns setores destes paises estejam inclufdos na rea amaz6nica, € ©) Area Amazinicae Brasil: integrada por Guiana, Guiana Francesa, Suriname, o Departamento de Pando na Bolivia, Loreto e Madre de Deus 10 Peri, Amazonas, Vaupés ¢ Guainia na Colombia, os Estados de Bolivar © ‘Amazonas na Venezuela e a regio amaziinica no Brasil com os Estados do ‘Acre, Amazonas, Roraima, Pari, Amapé, Rond6nia e Mato Grosso. )_ Brasil nfo amazénico abrange os Estados do Maranhio, Piauf, Ceard, Rio Grande do Norte, Parafba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Espirito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sao Paulo, Goiés ¢ Mato Grosso do Sul. plano tem como organismo diretor 0 Comité Hemisfério da Erradicagio da Febre Afiosa (COHEFA) integrado por um representan- te de um dos govemos e um do setor produtivo pecuarista de cada uma das sub-regides e atuando PANAFTOSA como secretitio ex-off Como instincia de planificagdo e avaliagio especifica para a érea livre existe a Comissio dos Pafses Livres da Febre Aftosa (COPALIFA), que opera através de duas sub-comissdes: a dos pafses da América do Norte ¢ América Central, ea do Caribe de lingua inglesa. A COPALIFA, tem entre seus objetivos coordenar e promover os programas de preven fo, assim como apoiar o desenvolvimento dos sistemas de vigilancia para avaliar sistematicamente o risco de introdugdo do virus, As atividades do plano relacionadas &érea afetada sfo fungio da Comissdo Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA), na qual o diretor de PANAFTOSA atua como secretario: exofficio. ACOSALFA rene anualmente os dretores de sade animal € foi insttucionalizada pelos Ministérios da Agricultura ¢ RelagSes Ex- teriores dos paises do continente como Comissao Permanente Sub-regi- onal. E 0 organismo encarregado de promover, coordenar e avaliar 08 programas nacionais, projetossub-regionaise acordos de frontirarela- tivos a febre aftosa e propor medidas tendentes a evtar a introdugio de enfermidades exéticas na América do Sul. A execugio do PHEFA se divide em trés grandes niveis: um Pla- 1no Regional, os Projetos Sub regionais e os Programas Nacionais e pro- izar as seguintes estratégias basicas: im (2) regionalizagdo do espago epidemiolégico, com agdes especi- ficas para cada estrutura, de acordo com macro-circuitos pecuérios de caracteristicas semelhantes do ponto de vista ecoldgico, econémico, social e cultural, integrando sob um mesmo programa uma sub-regigo ‘composta por territérios de dois ou mais paises com uma coordenagao técnica e administrativa tnica; (b) participagao ativa de amplos setores da comunidade pecué- ria, em especial dos pecuaristas, promovendo a cogestio entre os seto res piiblico e privado; (©) privilegiar 0 planejamento, implantagdo ¢ avaliagdo das ativi- dades a nfvel local, methorando assim a capacidade de resposta dos pro- sgramas, aproximando as tomadas de decisio onde os problemas ocorrem e racionalizando a capacidade estratégica e normativa do nivel central; (@) estimular a intersetorialidade, dando énfase & incorporagéo dos setores da sociedade cujas atividades so afins com as especificas dos programas; (©) conscientizar todos os setores sobre a importancia social da cerradicagio da febre aftosa e da necessidade de uma mudanga de atitude frente & erradicagao (ROSENBERG & GOIC, 1973). ‘Apés aprovado, os programas passam a adotar novos modelos de administragdo, seguindo as orientagdes do plano, com participagao de outros setores sociais, principalmente do pecuarista, visando a incorpo- ragdio da comunidade, a regionalizacdo das ages ¢ o fortalecimento das ages a nivel local. itua¢ao sanitéria no mundo, na América do Sul e no Bra- I-A situagao epidemiol6gica da febre aftosa na América do Sul pode ser avaliada historicamente com base em trés momentos de mudanca: 0 inicio dos programas nacionais durante os anos 60; 0 inicio da execugio do PHEFA no fim dos anos 80; ¢ atualmente ‘Ao iniciar-se os programas de controle da febre aftosa todo 0 con- tinente estava afetado, excetuando-se a Guiana, Suriname, Guiana Fran- cesa e a Patagénia Argentina; ocorriam periodicamente epidemias de grande intensidade, geradas por variantes imunolégicas do virus, a fre- quéncia da enfermidade era de 200 a 300 casos bovinos por cada dez mil 18 animais ¢ entre 13 ¢ 20 rebanhos afetados por mil. Durante o perfodo 1982-1990, observou-se uma estabilizagao dos indices os quais cafram ‘em periodo posterior ao comego da execugao do PHEFA, para alcangar ‘em 1995 a marca de 0,14 casos de cada dez mil bovinos ¢ uma taxa de rebanhos afetados de 0,04 por mil. Estas cifras resultam mais significa- tivas se considerarmos que 0s focos registrados em 1995 s6 ocorreramn A incidéncia da febre aftosa caiu a zero na regidio do Cone Sul, a ‘qual corresponde a quase 24% da drea total do continente. Nao ha regis- ‘tro nos sete tltimos anos no Unuguai e na Mesopotamia argentina e nos ‘rs iltimos anos no resto da Argentina, Deve-se agregar Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Brasil, também por dois anos, ¢ o Paraguai por mais dois anos, o que configura uma érea qualitativa e quantitativamente em termos de populagio atendida, significativa. (COSALFA XXV). (0 Uruguai foi o segundo pais sul-americano a ser reconhecido como pais livre sem vacinagao, depois do Chile, juntamente com as ére- asda Patagénia Argentina e do Urab Chocoano na Colombia. A Argen- tina e o Paraguai obtiveram em 1997 o reconhecimento de livres com vacinaglo, situagdo idéntica a obtida em 1998, pelos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Brasil. Neste contexto, a cooperacao técnica oferecida por PANAFTOSA busca a plena participagio de diversos setores da comunidade, promo- vendo um amplo consenso dos atores sociais, fato essencial para confe- rirlegitimidade social, efetividade e estabilidade aos programas de com- bate A febre aftosa, promovendo o fortalecimento dos mecanismos de mobilizagao de vontades politicas e de recursos intra e inter-setoriais e inter-regionai ADOENGA Etiopatogenia da febre aftosa. - A febre aftosa é uma doenga alta- ‘mente contagiosa dos ruminantes domésticos (bovinos, bifalos, caprinos, ovinos) ¢ selvagens (cervideos, camelideos, bifalos selvagens) © dos suideos. E causada por um virus da famflia Picornaviridac, género Aphtovirus, do qual so reconhecidos mundialmente sete sorotipos imunologicamente distintos: A, 0, C, SAT1, SAT2, SAT3, ¢ Asial ¢ mais de 60 variantes antigénicas, algumas das quais de importancia 179 epidemiolégica por suas diferengas imunolégicas com o sorotipo pa- dro. (© virus da febre aftosa (VFA) é preservado em refrigeraglo e con- gelamento, sendo progressivamente inativado por temperaturas superio- res a 50°e por pH <6.0 ¢ >9.0. A acio de desinfetantes como o hidréxido de s6dio (2%), carbonato de sédio (4%) ¢ &cido cftrico (0.2%) €inativante do virus. Por outro lado, o VFA é resistente aos iodéforos, aos compostos de aménia quaternéria, ao hipoclorito e ao fenol, em presenga de matéria orginica. (OFFICE INTERNATIONAL DES EPIZOOTIES). O VFA sobrevive nos giinglios linfiticos e na medula éssea com pH neutro, sendo porém destrufdo nos miisculos quando o pH atinge <6.0, por rigor mortis, ou como resultado do processo de maturagdo da carne. (GOMES et al, 1994, OFFICE INTERNATIONAL DES EPIZOOTIES), A sobrevivencia do VFA no meio ambiente depende do substrato € das condigdes ambientais conforme se observa no quadro 1 ‘Quadro 1. Sobrevivencia do virus da febre aftosa em objets comtaminades, tempera ‘ura ambien [O6JETOS CONTAMINADOS ~~ peices cesar a Se | eet | Sooner Eee aac | ‘Solo, agua | Planias forageras (verdoirvero) Fardo de fro (verSoswerno) | Saco de amerio Fannha * algodio, eouro, boracha. FONTE: Adaptado de: Manual Procedimiontos para AtenciGn de un Predio don de ocure la febreatosa, Série de manuals Técnicos, No.1, Rev. 1. PANAFTOSA, 1994 180, ‘Transmisso do VFA processa-se através de: * contato direto ou indireto entre animais (acrosséis) + vetores animados (humanos, ete,) + vetores inanimados (fomites, veiculos, etc,) + virus aerotransportados em condigées ecolégicas € ‘especiais (DONALDSON, 1986) Siio consideradas fontes de virus, por ordem de importincia: + animais em periodo de incubagao ou clinicamente doentes + ar expirado, saliva, fezes, urina, leite e sémen a partir de 4 dias antes dos sintomas clinicos ¢ até 30 dias depois da cura das lesdes + care e produtos cémicos, nfo tratados pelo calor (56", 30°) ou cujo pH 6 superior a 6. © modelo da patogenia da febre aftosa pode ser visto no quadro 2, que sumariza os mais importantes sinais clinicos e sintomas na c deia de eventos da doenca, Quadro 2. Patogenia da Febre Aftosa. (alae do vis 2 Infeogdo de odklas na cavidade nasal, faringe © esttag0 ‘3 Repicagdo do virus @ dssemnacéo as céuias acjacertes 24-72 '4 Pateagem do virus aos vasos sanghingos e itatioos ‘eras 'SInfecgao de neds Infatcas e ouras glances } ifocsto das oatulas da cavdade oral alas, dberse men inicio da febre — 8. Aparecmento de vesiculas na cavidade ora, pats. ubere,rimen 5 Salivagao excasaive, descarga nasal e clawcicapo |7O.Ruptura de vesioulas intonsiieario dos sintomas 11.Fial da tobe 12 Final da viremia @ comego da produgso de anticrpos _ [3 Diminaiglo do tuo de i oi Cara ass aniial recomeca a comar [TS Desaparecimento gradual do virus nos Wecidos © iqudos | Desde 15° |16 Aumenta a produgdo de anticorpos dia 17 Cura completa das lesdes e persistoncia do virus na foringe* _ 181 O estado de portador na febre aftosa foi descrito por vérios auto- res (CAMPION, 1950; CAPEL-EDWARDS, 1970; ELTON, 1931; GO- MES & ROSENBERG, 1984/85; MC LAUCHLAND & HENDERSON, 1947; PANAFTOSA, 1998; ROSENBERG & GOMES, 1977) nas se- guintes espécies e por periodos variados: em bovinos ¢ biifalos domés- ticos (até 30 meses), em ovinos (9 meses), em caprinos e sunos (peque- na duragao, dias). O biifalo do Cabo africano (Syncerus cafer), apresen- tou o mais longo periodo como portador do sorotipo SAT, por mais de dois anos estando implicado na transmissio da enfermidade a animais suscepttveis (DAWE et al, 1994). Animais vacinados, expostos ao virus podem albergar particulas infecciosas na regido oro-faringeana. Entretanto, nao esta definida a importancia deste fato na cadeia epidemiolégica da doenga. Experiéncias levadas a cabo no PANAFTOSA com biifalos do- mésticos (Bubalus bubalis) e bovinos experimentalmente infectados ¢ colocados em estreito contato com animais susceptiveis reproduziram a doenga em ambos os grupos. A infecgdo persistente foi registrada por até 35 dias apés a recuperagio dos animais, tanto para bovinos como para bubalinos (GOMES et al, 1997). Sinais clinicos - A sintomatologia associada a febre aftosa que pode ser vista no quadro acima, se enquadra na chamada “s{ndrome da manqueira e babeio” caracterizada pela febre, por sinais clinicos causa- dos por lesdes ulcerativas (aftas) na mucosa bucal, gengival, lingual ¢ nasal, além de ampolas nos cascos e «ibere (quadro 2). Em bovinos podem ocorrer complicages. como erosdes na lin- ‘2ua, super-infecgdes nas lesdes de boca e cascos, mastite, diminuigao significativa da produgdo de leite. Embora a literatura sobre a doenga indique a ocorréncia de miocardite em animais jovens, além de abor- to, so raros no rebanho brasileiro, DIAGNOSTICO EPIDEMIOLOGICO. terago entre o laboratério e servigo de campo na vigilncia epidemiol6gica das doengas vesiculares tem grande significado para o diag- néstico. A anélise clinica dos animais, o correto levantamento das informa- 182 {Ges epidemiol6gicas e 0 diagnéstico de laborat6rio permitem uma andlise ‘mais ampla da ocorréncia e da caracterizago dos resultados no marco epidemiolégico de campo. Para tal, € indispensével que as amostras sejam enviadas juntamente com as informages da propriedade e seu entorno eco- némico-produtivo, registradas em formatos apropriados e que se mantenha aberto um canal de comunicago constante entre campo ¢ laborat6rio. 0 objetivo do diagnéstico & produzir uma informagao répida ¢ confiivel,utilizando procedimentos seguros, a fim de ajudar na tomada de ages apropriadas para conter 0 avango da doenga. Esta caracteristica se toma especial a medida em que os programas nacionais de erradicagio da febre aftosa vio progredindo, fazendo necesséria a adogao de provas complementares de tipificagio ¢ caracterizagao antigénica, imunogénica ¢ biomolecular dos agentes envolvidos. (SARAIVA, 1995). ‘Cuidados na tomada de amostras - As amostras mais apropriadas para a identificago dos virus atuantes sao as de tecido epitelial, lingual, podal, mamério ou de liquido esofégico-faringeo (LEF), que trata-se de um raspado de epitélio da regido citada. Em caso de necropsias, pode-se colher partes do miocérdio (suinos e bovinos jovens) ou partes dos pila- res do rimen (bovinos). O material deve ser colhido da forma mais asséptica possivel em frascos contendo glicerina fosfatada ou solugio saturada de agiicar, nas amostras de LEF deve-se utilizar 0 meio EAGLE. Em todos os casos, 0 material deve ser imediatamente refrigerado para envio imediato a0 laboratério. Detalhes técnicos relativos ao envio © processamento e a bioseguranga das amostras pode ser encontrado em. (PANAFTOSA, 1998). Alternativamente, pode-se colher amostras pareadas de soro sangilineo, com intervalo de 4 semanas, em aproximadamente 10 ani- mais, com 0 propésito de identificar, através de provas sorolégicas, 0 virus envolvido. Seqiiéncia de provas para caracterizagao dos anticorpos - E importante notar que a prova de antigeno associado & infecgo viral (VIAA, em inglés) deve ser utilizada preferentemente em populagdes 1ndo submetidas a vacinagaio periédica, pois devido A alta cobertura vacinal ‘a que estiio submetidos os bovinos em drea de programa e as concentra- 183 ‘es de antigeno, em especial do VIAA, nas vacinas comercialmente produzidas, ha grande possibilidade de confundir-se animal vacinado com infectado. Uma prova diagnéstica aplicada 2o caso é 0 EITR, a ser descrita & continuagao. DIAGNOSTICO BIOMOLECULAR (EITB, ELISA NAO ESTRUTURAL, PCR, SEQUENCIAMENTO) Nos levantamentos soro-epidemiol6gicos executados no proceso de reconhecimento de éreas livres com vacinagio, a prova de EITB (Enzyme-linked immunoelectrotransfer blot) tem especial aplicagao na identificagao de anticorpos nao estruturais, derivados do ARN, li- gados exclusivamente & multiplicagao viral (COSALFA XXV), O EITB tem alta especificidade ¢ foi utilizado amplamente nos processos de liberagio do Uruguai, Argentina, Paraguai e Estados de RS e SC, no Bras A medida que avanga a érea liberada, torna-se necessdrio estabe- lecer critérios de vigilancia tendentes & prevengdo. O uso de téenicas de anélise do genoma viral ganham importancia no rastreamento da origem do agente causal ou de sua persisténcia no animal. Entre as técnicas utilizadas, ressalta-se 0 seqilenciamento do genoma viral, que pode ser feito naqueles isolamentos obtidos de tecido epitelial ou de LEFs. O material obtido & comparado através de bancos de genomas, com se- giléncias de outros virus conhecidos e seu parentesco é determinado, orientando 0s estudos epidemiolégicos para as medidas de controle e erradicagiio que se imponham. Esta técnica pode ser complementada ‘com maior sensibilidade pela técnica de Hibridagao (sondas gendmicas ‘marcadas, complementares & regiao de codificagao da polimerase do virus) ¢ da Reagdo em Cadeia da Polimerase - PCR (amplificagio das seqiiéncias gendmicas) (ROSENBERG, 1975). As provas de ELISA para antigeno ¢ anticorpo, tanto para febre aftosa como para a estomatite vesicular, esto sendo difundidas aos pa- {ses, com o prop6sito de aumentara sensibilidade do diagnéstico, Junta- mente com a Fixagio de Complemento, utilizada em estudos comple- mentares de caracterizagao das cepas de virus, pode-se oferecer um di- agnéstico laboratorial completo. 184 DIAGNOSTICO DIFERENCIAL (CONFUNDIVEIS) So consideradas doengas confur coma febre aftosa, além da Estomatite Vesicular, a Rinotraquette Infecciosa Bovina, a Diarréia Viral Bovina, a Lingua Azul, a Doenga Vesicular do Suino*, a Febre Catarral Maligna, a Peste Bovina, a Peste dos Pequenos Ruminantes* co Bctima Contagioso*. As doengas marcadas com wr (*) nflo ocorremn no Brasil, ‘Além das provas biolégicas cléssicas que caracterizam o diag- néstico diferencial, segundo a espécie de eleigao, PANAFTOSA desen- volveu provas de ELISA para a DVB, IBR ¢ LA. Rotineiramente, amos- tras enviadas aos laboratérios dos sistemas nacionais, devem ser testa- das também contra estas doengas. Em se tratando de diagndstico sorolégico, é importante ter em conta a necessidade de se retirar amos- tras pareadas, com um minimo de 21 dias de intervalo, para caracterizar ‘um aumento do titulo de anticorpos de pelo menos 4 log. EPIDEMIOLOGIA DA FEBRE AFTOSA - CONCEITO DE ECOSSISTEMA Como resultado da atividade econdmica das sociedades, opera-se uma transformagao da natureza com o objetivo de apropriar-se dos re- ‘cursos naturais e satisfazer suas necessidades. A forma como se utiliza este substrato (a terra) e a qualidade © quantidade de mio-de-obra ¢ tecnologia empregadas nessa transformacao, determinando a maior ou ‘menor racionalidade da exploragao, & que vai caracterizaro tipo de pro- :ess0 produtivo definido, no caso da bovinocultura, como + Extensivo de eria + Empresarial de eria + Empresarial de engorda + Empresarial de leite + Mercantil simples (leite/carne) + Familiar de subsisténcia As inter-relagdes entre estes sistemas de produgao (ASTUDILLO etal, 1991), determinadas por fatores hist6ricos, ecol6gicos, econémi- cose sociais, é que estabelecem e modificam a vulnerabilidade (nivel de 185, isco de introdugao do agente) e a receptividade (nfvel de risco de difu- sio interna do agente) dos rebanhos das regides a febre aftosa. Todas estas relagdes estio inseridas no complexo setor produtivo agropecuétio, que inclui produtores, transportadores, frigorificos, curtumes, processadores em geral, etc, (ASTUDILLO et al, 1986). A partir deste conceito, foi estudada a dependéncia epidemiol6gica entre estas formas de produgao quando se introduzo virus da febre aftosa, 5 circuitos pecuérios nacionais apoiam-se em uma relagao econdmico- produtiva baseada na troca de animais produto: novilhos para recria/ engorda (ASTUDILLO et al, 1991; MORAES, 1993). Estes animais, teoricamente vacinados poucas vezes, ou sensfveis, ao circularem en- tre as formas de produgdo, aumentam a carga de susceptibitidade do ecossistema, ou simplesmente carreiam o virus entre as éreas. Caracte- riza-se uma dependéncia epidemiolégica descrita como ecossistemas primérios (formas extrativo-extensivas de cria) ¢ ecossistemas secun- érios (formas de recria/engorda), determinando um “modelo” de com- portamento epidemiolégico espacial do doenga. Os ecossistemas podem ser classificados também como esporédicos, representados por éreas de pequenos criadores, nas quais hd pouca circulagdo viral, indenes, onde no se registra a doenga e livres, onde o agente esté ausente. © progresso observado na erradicagio da doenga, baseado em estratégias de regionalizagio, diminuiu 0 impacto desta classificagio, sem alterar 0 processo produtivo. Portanto, estes ecossistemas podem voltar a estabelecer-se caso 0 agente seja reintroduzido na regio. Para melhor compreensio do exposto apresenta-se, através da figura 1, a re- presentacdo esquemética das diferentes interrelagdes existentes. dos reservatérios silvestres - A participagao de re- naestrutura de manutengio do virus da febre aftosa na Amé- rica do Sul comegou a ser avaliada mais profundamente na década de selmente como conseqliéncia dos pequenos avancos observa- dos nas campanhas de combate a doenga, & €poca. Existefarta literatura descrevendo o estado de portador do VFA de varias espécies domésticas e selvagens. Nao obstante, com excegio do Buifalo de Agua Africano (Syncerus caffer) que pode albergar 0 virus por longos perfodos e transmiti-lo as outras espécies, classificando-se assim como verdadeiro reservat6rio (DAWER et al, 1994), 0 papel de cada es 186 pécie na manutengo do agente no meio ambiente ¢ na propagagéo da doenga, esté ainda por definir. © Biifalo Indiano, comum no Brasil, com- porta-se de forma similar aos bovinos frente ao virus da febre aftosa (GOMES etal, 1997). A literatura consultada a respeito classifica os por- tadores segundo varios critérios, conforme se observa a continuagdo: a) reservat6rio propriamente dito: individuo de determinada es- pécie que sofre a infecgdo (replicagao viral) sem apresentar sinais cl 0s da doenga sendo capaz de transmitir o agente a outras espécies sem ser detectado; b) reservatério circunstancial: individuo das espécies susceté veis a febre aftosa que sofrem a infecgdo e apresentam os sinais clini- cos da doenga, em grau compativel com as relagdes agente-hospedeiro. Cada espécie alberga o virus por um tempo determinado, Algumas das. espécies, por um motivo ou outro, no so inclufdas nos esquemas profiléticos, como caprinos, ovinos e biifalos em algumas regides, ou esto fora dos controles implantados pelos programas de combate, como (8 animais silvestres (ROSENBERG & GOIC, 1973). afore a Figura 1. Formas de produgto ¢ socieoace: renagoes wrenagoes Sreannghe Prooofnas cnrenMBABEs oe Penne APTOS eaasengho ernsuateance 1 seine roe. pnoavthe EESESrMAS 4 | coxrnace oe rocos ¢wovuenro o¢ anuass tdunaagto cveuaven eratmerocies | MMbUgio oe meco neanounce coca 187 No caso da febre aftosa, a literatura apresenta varias ocorréncias em espécies silvestres, como o porco-espinho, a nutria, 0 tatu e o aguti, tanto em condigdes experimentais como naturais (CAMPION, 1950; MC LAUCHLAND & HENDERSON, 1947). Segundo Capel-Edwards (1970), existe evidéncia de que o Rattus norvergicus € capaz de elimi nar o virus nas fezes durante 19 semanas apés ter sido infectado. Nao obstante estas observagdes, nao foi possivel estabelecer a importancia destas espécies como difusoras da doenga durante um foco ou classificé- las simplesmente como hospedeiros acidentais do virus (ROSENBERG & GOMES, 1977), Outro roedor freqiientemente incriminado € a capivara (Hydrochoerus hydrocoeris hydrocoeris). A presenga de capivaras foi indicada como possivel origem de surtos de febre aftosa na Argentina, ‘Uruguai, Paraguai, Guiana e no estado de Roraima, e variagdes efclicas na populagdo de capivaras sugerem uma correspondéncia com ciclos da febre aftosa em algumas dreas , SEGUNDO A Organizagio Panamericana de Satide (1988) Experimentos efetuados por Rosenberg e Gomes (DAWE, 1994), ‘com inoculagao intramuscular do virus, caracterizou a susceptibilidade da espécie a0 virus e a transmissio entre individuos € a bovinos em contato. Isto poderia ter importincia epidemiol6gica devido a distribui- do geogratica da espécie e sua estreita relagao com espécies domés cas susceptiveis em varias regides da América (Chaco Paraguaio, Pan- tanal Mato-grossense, Llanos Colombo-Venezolanos) (GOMES & ROSENBERG, 1984/85). Estas evidéncias nao significam, necessaria ‘mente, que a capivara seja um verdadeiro reservat6rio natural do virus, pois apresentou uma baixa susceptibilidade as lesdes caracteristicas da doenga, uma alta resposta imunitaria & infecgdo ¢ uma baixa persistén- cia do virus em seus tecidos. Assim, a capivara poderia agir como hos- pedeiro secundério quando da circulagao do virus em populagées bovi- nas afetadas. Entretanto, é importante observar que a consolidagéo do proces- so de erradicagao da febre aftosa na érea sul do continente, bascada em cstratégias de vacinagdo de bovinos, de acordo com a vulnerabilidade & receptividade ao virus dos ecossistemas envolvidos, aliado ao controle de transito e dos focos, permitiu a eliminagio do agente nas populagdes, domésticas presentes em regides habitadas por espécies silvestres. Ape- 188 sar da cohabitagdo nfo se observou a reintrodugdo no circuito pecuério da doenca. Esta situagio caracteriza como desprezivel o significado epidemiolégico dessas espécies como reservat6rios do virus. Mais recentemente, em algumas regides, em especial da Africae Asia, os ovinos e caprinos aparecem como espécies importantes na rmanutengao e dfusio do VFA. A populagio mundial de ovinos ¢ caprinos € mais numerosa entre as susceptiveis, principalmente nos Continen- tes citados. Os focos recentemente identificados na Europa e paises limftrofes, em especial no Norte da Africa e na Turquia, revelam uma especial preferéncia do virus por estas espécies, razo pela qual so va- cinadas periodicamente pelos programas nacionais. (KITCING, 1998). ‘Nao obstante, isolamentos de virus dessas espécies somente foi possivel até 9 meses apés a infecgao (WOODBURY, 1995) papel das espécies domésticas susceptiveis submetidas & es- ‘quema de vacinagdo compuls6rio, na manutengao e difusio do virus foi descrito por WOODBURY (1995). Em sua maioria néo foi possivel de- terminar o papel destas espécies como portadores a longo prazo, jé que na eventualidade de uma infecgo de animal vacinado periodicamente, 1s niveis de anticorpos circulantes impedem a viremia e, assim, a mul- tiplicagdo do virus se restringe as vias aéreas superiores (WOODBURY, 1995). De modo geral, as quantidades de particulas infectantes recolhi das do oro-faringe, esto abaixo do nivel requerido para a transmissio do virus a animais susceptiveis, pelas vias naturais. Esta excregao pode- se dever & associagdo de virus persistente, & presenga de anticorpos neutralizantes nos fluidos secretados ou & uma alteragdo na viruléncia da amostra (WOODBURY, 1995). CONTROLE, ERRADICAGAO E PREVENCAO Estratégias - A criagdo progressiva de dreas livres de febre aftosa tem se demostrado uma estratégia adequada no processo de erradicago a doenga de um pais ou regido. Agindo assim, acumula-se paulatina- ‘mente experiéncia em termos de preparagio técnica do pessoal ¢ de equi- pamento c legislagao, permitindo atingir metas intermediarias e amplia- las para alcangar objetivos mais abrangentes. Na América do Sul, o movimento comercial de bovinos constit sem diividas, 0 ponto critico de controle na estrutura que permite 0 vi de se manter no meio ambiente, Sdo as estruturas de produgdo pecudria as que determinam as condigdes para a manutengao da atividade viral nas populagées (dreas endémicas) e sua possibilidade de difusdo (Areas epiendémicas); caso contrério existe uma natural tendéncia & extingdo do virus na falta de hospedeiros susceptiveis ‘As condigdes mfnimas necessdrias para considerar um projeto de erradicagdo de febre aftosa de um pais ou regido si + Existéncia de vontade politica para erradicar a enfermidade; + Possuir uma organizagao técnico-administrativa que assegure boa cobertura dos servigos de atengdo de campo ¢ laboratério que pet- ita estrito controle da oferta de virus no ambiente; * Dispor de um sistema de vis ancia epidemiol6gica ativo; * Controlar o transito extemo e interno dos animais das espécies susceptiveis a febre aftosa; + Dispor de legislagao sanitéria adequada a cada uma das etapas do programa; A experiéncia alcangada nas regides ¢ paises que erradicaram a febre aftosa sugere estabalecer quatro fases no processo de combate: FASET Eliminar o endemismo viral nas éreas endémicas ou elimi- nar a presenga da doenga nas reas epiendémicas onde os brotes so extremamente esporddicos. Sob o ponto de vista epidemiolégico, iniciar o processo de cerradicagio pelas éreas endémicas supde um grande impacto nas éreas ‘que so dependentes quanto & oferta viral. Porém, as vezes existem ére- as cuja freqiiéncia 6 marcadamente esporddica e que sua protegao signi- fica a criagao imediata de uma érea livre. Atividades em dreas endémicas * Caraterizar 0s fluxos de mobilizago dos bovinos * Vacinagio periédica e massiva durante 3 anos * Controle oportuno dos focos * Identificar e eliminar nichos de atividade viral Evitar saida de susceptiveis ou fontes de infegéo * Sistemas de informagao * Bfetivar a participagdo ¢ apoio da comunidade Atividades em dreas epiendémicas * Caracterizaros fluxos comerciais de bovinos no tempo e no espaco Evitar entrada de fontes de virus * Vacinagao periédica e massiva * Controle estrito dos focos Atividades ocasionais * Anilise do risco de entrada do virus na regio * Avaliar possivel atividade viral * Eventuais vacinagdes estratégi * Estrito controle dos ingressos * Atengio imediata dos focos FASEIL Demostrar auséneia de atividade viral na populagiio. ‘Apés um periodo de dois anos com auséncia total de casos elfni- cos, devem-se instrumentar pesquisas destinadas a demostrar esse esta- do sanitério, aerescentando medidas de prevengao priméria Atividades ° Avaliar o risco de reintrodugdo do virus da febre aftosa na regidio * Desenvolver amostragens sorol6gicas para demonstrar ausén- cia de atividade viral 11 * Estruturar um sistema ativo de vigildncia em matadouros e con- ccentragdes de animais * Desenhar um sistema de alerta e emergéncia, incluindo seu fi nanciamento * Eliminar possiveis fontes de virus de laboratérios produtores de vacina, diagnéstico ou pesquisa * Formar um banco emergencial de vacinas * Fortalecimento dos sistemas de vigilincia epidemiolégica para outras enfermidades FASE Consolidar mecanismos de integrago nacional e regional Junto com a demonstragao de auséncia de atividade viral resulta imprescindivel consolidar mecanismos a nivel nacional e regional que garantiam uma adequada proteco as reas liberadas. S6 dessa forma & possivel encarar com expectativa de sucesso um sistema de prevencio priméria para evitar 0 reintrodugdo do agente, EIV Reconhecimento internacional de érea livre. ‘Apés dois anos sem presenga clinica da doenga e ter realizado amostragem sorol6gica para demonstrar auséncia de atividade viral é possivel solicitar 0 reconhecimento da condigao de livre, Implementar ‘uma érea livre supe o funcionamento de um sistema ativo de vigilancia, epidemiolégica, um eficiente servigo de diagnéstico laboratorial ¢ 0 am- paro legal as atividades sanitérias destinadas a impedir a reintrodugao do virus, a facilitar o répido reconhecimento e permitir sua répida elimina- ‘so caso fracassem as atividades de prevengdo priméria, Estas ativida- des incluem controle dos movimentos de bovinos, formagao de um fundo permanente para indenizago dos produtores e um profundo trabalho de conscientizago da comunidade ligada as atividades pecuérias. ‘A suspensio da vacinago s6 pode ser encarada apés uma pro- funda andlise da capacidade do sistema de prevencdo em impedir a en- 192 trada do agente, porém esse deve ser o objetivo final de todo programa. 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