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70 )SOFICOS + ANTOLOGIA DI ARISTOTELES * PoLiTica POLITICA’ EXcCERTOS 1252 a -1253 b Uma vez que vemos ser toda a cidade-estado uma certa comuni- dade e que toda a comunidade é constituida em razao de um bem (com efeito, todos agem sempre em vista do que lhes parecer ser o bem), é evidente que todas as cidades-estados anelam um bem, sobretudo, a comunidade suprema e que contém as restantes visa ao supremo bem. E esta comunidade que se chama cidade-estado, e é ela a comunidade politica. Todos quantos julgam que o politico’, o rei, o intendente e 0 se- nhor de escravos séo 0 mesmo nao estao certos (Com efeito, julgam que diferem pelo grande ou pequeno namero [de subordinados], e nao que cada uma dessas funcées difere pela espécie. Assim, se h4 poucos [su- bordinados], a fungaio € de senhor de escravos, se ha um pouco mais, é 0 intendente, se ha ainda mais, é 0 politico ou o rei, como se em nada diferissem uma pequena cidade-estado e uma grande casa. ' Traducao do Original: ARISTOTELIS. Opera. Berlin: Bekkeri, 1831 2 © que governa, que exerce o fungao de poder em uma democracia Quanto ao politico ¢ ao rei, cabe dizer o seguint se € a propria fonte do mando, é 0 rei; se governa e é governado, conforme as regras da ciéncia e como parte da cidade-estado, é o politico. Porém, essas ob- servacées nao sao verdadeiras. Isso tornara claro 0 que se disse aos que examinarem a questdo conforme o método jé empregado. Com efeito, como em outras disciplinas é necessério analisar 0 ( partes menores do todo), Também desse modo conheceremos a cidade- estado, ao examinar as partes de que se compée, e mais saberemos delas: composto até os elementos indecomponivei s, com efeito, sdo as por que diferem entre si, ¢ se é possivel compreender a respeito de cada uma das coisas ja referidas o que é proprio de cada fungao. Se alguém vir as coisas que nascem e se desenvolvem’, desde o principio, como em outros casos, observara melhor assim 0 que aqui se passa, Primeiro, é necessario que os que nao podem existir, uns sem os outros, passem a viver conjuntamente, por exemplo o macho e a fémea para a producdo de descendéncia (e isso néo depende de um projeto, mas como em todos os animais e plantas é natural a reproducao para que possam se perpetuarem), e € necessdrio que um comande por natureza‘ e 0 outro seja comandado para que [ambos os dois] se salvem. O que pode, com efeito, pelo pensamento fazer previsées por na- tureza 6 0 que comanda, e, por natureza, é senhor dos escravos. Por sua vez, 0 que pode com o corpo suportar fadigas é 0 comandado e, por na- tureza, esse é 0 escravo. Por essa razao, 0 escravo’ ea o senhor formam um mesmo. Por sua respectiva natureza, distinguem-se entao a fémea € 0 escravo (a natureza nao faz nada igual aos ferreiros de Delfos, que fazem as suas facas de modo falho, mas a cada coisa reserva uma tinica fungao®, Com efeito, assim cada um dos instrumentos melhor cumpriria seu fim, se destinasse nao a muitas funcdes, mas apenas a uma). * O verbo phyein significa nascer e se desenvolver em grego classico, dele deriva o subs- tantivo phy) lesenvolvimento, * Physis ~ uma inclinacao da coisa, que se revela em set Oescravo, leia-se a funcao de escravo; o senhor, leia-se a uncdo de senhor. A especializacao identificada na natureza é transferida para a sociedade 72 SOFICOS + Textos F Z a ARISTOTELES * PoLiTica Entre os barbaros, porém, a varoa ¢ 0 escravo tém o mesmo nivel. A causa disso é que eles nao tém o que por natureza comanda, mas a comunidade deles passa a ser de escrava e de escravo. Por isso dizem os poetas “E razoavel que os gregos dominem os barbaros, porque por natureza 0 barbaro e o escravo sao iguais”. Dessas duas comunidades, a primeira [a surgir] é a familia, e Hesiodo disse corretamente, quando compés o verso “A casa primeiro, depois a mulher e o boi para arar.” Com efeito, o boi é 0 agregado dos necessitados.” A casa é, portanto, a comunidade composta segundo a natureza para o dia a dia, e os seus membros Carondas chama de “companheiros do celeiro”; Epiménides de Creta chama de companheiros da manjedoura”. A vila é a primeira das comunidades formadas por muitas familias para fazer face as neces- sidades nao cotidianas. A vila parece ser, sobretudo, uma extensdo da familia, alguns chamam seus membros de filhos do mesmo leite e filhos dos filhos. Por isso primeiro as cidades-estados foram comandadas por reis, e ainda hoje sao comandadas por eles as tribos. Com efeito, cidades- estados e tribos se formaram pelo fato de terem sido comandadas por reis. Com efeito, toda a familia se submete ao comando do mais idoso, como a colénia ou extensao das familias, pelo parentesco de seus mem- bros. E é isto o que disse Homero “Cada um institui a lei aos seus filhos e esposas’, pois dispersos viviam nos tempos de outrora.” Por isso todos os homens (uma vez que uma parte deles ainda hoje tem um rei, qual tinham antigamente) dizem também serem os deuses comandados por um rei, pois tornamos semelhantes as nossas préprias vidas as vidas dos deuses da mesma forma que fazemos_as suas formas semelhantes a nds mesmos. A cidade-estado é a comunidade completa, oriunda de muitas vi- las, a qual, por assim dizer, alcanca o limite maximo do autoprovimento digno de suas proprias necessidades, vindo a luz para o viver, e existindo para o bem-viver. E por isso que cada cidade-estado existe por natureza, se também assim eram as vilas que a formaram. E ela [a cidade-estado] é o fim dessas. Com efeito, cada coisa é depois que sua origem se comple- Para fundar as col6nias se transferiam fai gue. ‘lias muita vez ligadas por lagos de san- tou; dizemos ser esta a natureza de cada uma das coisas, quer do cavalo, quer do homem ou da familia. Demais, a causa final e 0 fim é 0 supremo bem. Também o autoprovimento com dignidade de si mesmo’ é tanto o fim quanto o supremo bem. Pelo que foi exposto, torna-se evidente que a cidade pertence as coisas que sao por natureza e que o homem, por natureza, 6 um animal politico. Também o que por natureza ou por acaso néo tem a sua cida- de-estado € inferior ou superior ao homem, como aquele que Homero injuriou: “Sem familia, sem lei e sem morada”. Com efeito, o que por natureza € isto também deseja a guerra, como peca desgarrada no jogo. E evidente por que razao o homem é animal politico mais do que toda a abelha ou mais do que todo o animal gregario. Com efeito, como dize- mos, a natureza nao faz nada em vio. E dos animais somente o homem tema palavra. A voz é sinal de prazer ou de pena, por isso subsiste também em outros animais (com efeito, a natureza del s alcanga até a sensacdo de pena ou de prazer eas reconhece, separando-as, uma da outra). O discur- so € para tornar claro o que convém e que é prejudicial, como também o que é justo e 0 que ¢ injusto. Ao comparar os homens aos outros animais, vé-se que isso lhes é proprio: ter a sensacao do bem e do mal, do justo e do injusto, e de outras. O conjunto dessas sensa¢o a familia e a cidade-estado. s (aisthéseis) 6 que faz Também a cidade-estado é anterior por natureza a familia e a cada um de nés mesmos. E necessario, com efeito, que o todo seja anterior a parte’, Com efeito, tendo sido destruido o corpo", nao havera nem pé nem mao, a nao ser homonimamente, como se alguém se referisse a uma mao de pedra (com efeito, aquela mao estara morta). Todas as coisas se ® O autoprovimento com dignidade de si mesmo é enunciado em Aristételes pela pala- vra autarquia ” £ a visdo da totalidade que deve orientar a identificagdo da posicao da parte. A funcao ¢ essencial na caracterizacao do organismo, sem realizar essa fungao ou sem poder realizé-la ele ja nao €. ARISTOTELES. Metafisica, Z, 10, 1035b, 24. 74 SOFICOS + ANTOLOGIA I ARISTOTELES * PoLiTica definem por sua fungao e por sua poténcia", por conseguinte quando ja nao sao nao se deve dizer que sdo, mas que so homénimas. E evidente, portanto, que a cidade-estado por natureza é anterior a cada um dos cidadaos. Se, com efeito, 0 cidadaéo nao pode se prover de modo suficiente, de modo igual as outras partes estaré diante do todo, e o que nao pode participar ou que de nada necessita, por se bastar a si mesmo, nao sera parte de nenhuma cidade-estado, por conseguinte ser ou um animal feroz ou um deus. Por conseguinte, ha em todos os homens o impulso para tal comunidade. E 0 que primeiro que a instituiu foi causa dos maiores bens. Com efeito, como o homem, depois de ter alcangado o pleno desenvolvimento, ¢ o melhor dos animais, do mesmo modo, separado da lei e da justia, seré o pior. Com efeito, a injustica com armas é a pior. O homem, para cultivar a ponderacdo e a virtude, naturalmente se desenvolve possuindo armas, das quais é possivel se servir com vistas a fins contrarios aquelas virtudes. Por isso o homem sem virtude é 0 mais sacrilego e selvagem, e o mais servil aos prazeres do sexo e da gula. O senso de justica ¢ proprio da cidade-estado. A justia é a ordem da comunidade dos cidadaos, e o sentido de justica a capacidade de julgar o que é justo. 1274 b 30-a1276a Trecho do livro III da Politica, que define o que é 0 cidadao: Ao se indagar, em se tratando de Constituicao", o que é cada uma eo que lhe é caracteristico, talvez a primeira reflexao seja saber o que é a cidade-estado", " Dynamis - capacidade, outro conceito axial em Arist6teles, expressa o fato de a coisa carregar consigo mesma a possibilidade de realizar as fungdes que lhe sao proprias. As caréncias de cada um é que fundamentam a formacao da comunidade e tornam © homem um animal politico. Na comunidade politica, 0 nitivamente a animalidade, ao se organizar em funcao de um bem (WOLFF, F. L’é Vhomme Paris: PUF, 2000. p.142) homem deixa para tras defi- tre, ® Politeia, constituicao, ci 4 Polis - cidade-estado. Com efeito, agora discutem sobre isso. Uns dizem que a cidade- estado praticara tal ato, outros dizem que nao foi a cidade-estado, mas a oligarquia ou 0 tirano"’, Vemos que toda a atividade do politico ou do legislador diz respeito a cidade-estado. A constituicdo é uma forma de organizacao dos que habitam a cidade-estado. Uma vez que a cidade-estado pertence as coisas compostas, como qualquer outra de todas as que sao constitufdas de muitas partes, é evi- dente que se deve buscar primeiramente conhecer 0 cidadao. Com efeito, a cidade-estado é uma grande quantidade de cidadaos. Por conseguinte, cabe examinar quem se deve chamar cidadao e 0 que é cidadao, Com efeito, muitas vezes se discute sobre o cidaddo. Com efeito, nem todos es- tao de acordo sobre o que é ser cidadao. Com efeito, aquele que é cidadao na democracia, muitas vezes estando em uma oligarquia, nao é cidadao. Deve-se deixar de lado os que recebem essa denominacao por um outro motivo, como os cidadaos naturalizados. O cidadao nao é cidadao por habitar algum lugar (e, com efeito, metecos"* e escravos habitam um lugar na cidade-estado), nem o € apenas porque participa das causas judiciais, como os que acusam e se defendem (com efeito, os estrangei- ros podem fazé-lo segundo acordo"”), Em muitos lugares nem sequer os metecos gozam desses direitos de modo completo, mas Ihes é necessario cleger um representante dentre os cidadaos, por conseguinte, de algu- ma maneira, participam de uma tal comunidade de modo incompleto. Devem ser ditos de alguma maneira cidadaos, mas nao de modo abso- luto, como as criangas que ainda nao tém a idade para gozarem a plena cidadania, ou os anciaos, que j4 se retiraram da vida civica, pois chama- mos uns [cidadaos] incompletos ¢ os outros [cidadaos] ja fora de funcées ‘ou alguma outra denominacao (com efeito, isso em nada importa, pois esta claro o que se disse). Procuramos definir, com efeito, o cidadao, no sentido pleno, se esse nao sofre restrigéo dessa natureza em seus direi- ® Aristoteles se refere ao fato de as aces de uma pessoa, fracdo serem atribuidas ao todo, como se esse nao encerrasse diferenga essencial em relagao as partes. * Metecos - nao cidadao livres, segundo FINLEY, M. Uso e Abuso da His Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 60. Oria. Sao Por acordo, estran; nos tribunais atenien eiros, comerciantes, adquiriam o direito de defender suas causas es. Ss a 76 SOFICOS + Textos F Z a ARISTOTELES * PoLitica tos politicos" que necessite de correcao, Tanto é possivel passar por ta dificuldades quanto resolvé-las, quer em relacio aos que perderam sua is cidadania, quer aos que foram exilados”, Em nada se define mais 0 cidadao, em sentido pleno, do que no participar das decisdes judiciais e dos cargos de governo. Desses, uns sao limitados no tempo, de modo a nao ser possivel jamais a um cidadao exercer duas vezes seguidas 0 mesmo cargo, mas apenas depois de um intervalo definido®. E nao tem restricao de tempo, por exemplo, a funcdo de juiz e a de membro da assembleia. Poderia talvez parecer a alguém que 0s juizes ¢ os membros da assembleia nem sao governantes nem par- ticipam do governo [da cidade-estado]. Porém, seria ridiculo excluir do governo da cidade-estado aqueles que mais autoridade tém. Mas nao vale se ocupar disso, pois é problema concernente ao nome e ao discurso. Com efeito, aquilo que é comum ao juiz e ao membro da assembléia nao tem nome. Por que denominagao se deve designar as atividades comuns a ambos? Seja isso, por definicao, funcao de governo indefinida. Consi- deramos cidadao o que assim pode participar, como membro, [quer da assembleia quer da judicatura]. Talvez a definicdo que mais se aplica a todos os que sao ditos cidadaos seja essa. E ainda nao se deve deixar escapar que nao ha absolutamente nada em comum entre aquelas coisas cujos fundamentos diferem na es- pécie (daqueles, um é primeiro, outro segundo e assim segue), ou que ha muito pouco em comum entre elas, por apresentarem tais diferencas. Ve- mos que as constituicdes diferem entre si segundo a espécie e que umas sao inferiores e outras superiores. Com efeito, 6 necessario que as constituicdes defeituosas e as de- generadas sejam consideradas inferiores as que séo sem falhas (poste- riormente, ficara evidente como identificamos as degeneradas). Por con- 'S As restrigdes nos direitos politicos incidem diretamente sobre a extensdo da cidada nia ‘onstituicéo da Reptiblica Federativa do Brasil, em seu a cidadaos. , XLVIL, proibe o ext lio d ® Como hoje entre nés os prefi arem a se candidata ‘tos, apés o segundo mandato consecutivo, devem espe- ao mesmo cargo rar quatro anos para vol seguinte, também é necessario que seja diferente o cidadao, conforme cada constituicao. Por isso ¢ sobretudo cidadao o que dizemos ser cida- dao em uma democracia. Em outras constituicées € possivel [essa definicao de cidadao] mas nao necessariamente. E em algumas cidades-estados nem é 0 povo [que governa], nem ha lei que obriga a existéncia de assembleias regulares, mas apenas a existéncia de conselhos extraordinarios e as causas judi- ciais sao julgadas por magistrados especializados, como acontece em Esparta. Nessa cidade-estado, diferentes juizes julgam diferentes proces- sos, por exemplo, os éforos os contratos, os gerontes os homicidios, e da mesma maneira uma outra judicatura julga causas diversas. De modo semelhante, as coisas se passam em Cartago. Com efeito, alguns juizes julgam todas as causas”. Porém, a definicao de cidadao esta sujeita a distingdes. Com efeito, nessas outras constituicdes [nao democraticas], o membro da assembleia ou da judicatura nao é um cidadao que possa exercer ambas essas fun- c6es, mas alguém que se limita estritamente ao exercicio de sua compe- téncia especializada. Com efeito, ou se atribui o deliberar e o julgar sobre todas as causas ou sobre algumas a todos esses governantes ou a apenas alguns. O que é, afinal, 0 cidadao? Isso fica claro se considera o que expu- semos aqui. Dizemos, com efeito, ser [alguém] cidadao por ter a possibi lidade de participar do poder de deliberar ou de julgar da cidade-estado. E, para dizer de maneira absoluta, chamamos cidade-estado 0 conjunto desses cidadaos que seja suficiente para viver de modo que tenda ao au- toprovimento de suas necessidades fundamentais de maneira digna” "A expressdo “de modo semelhante” apenas indica aqui que a fungao judican Cartago 6 uma especializacao, sendo restrita a poucos, e no como em Atenas, na de- mocracia, acessivel ao cidadao em geral, ainda que os juizes cartagineses sejam genera- istas. Sobre os direitos judiciarios dos cidadaos consultar MILLER, F. D. Nature, Justice, and Rights in Aristotle Politics. Oxford: Clarendon Press, 1995. Ote arquia, como assinala Francis Wolff, vai além das meras satisfacdes das necessidades fisicas, pois encerra a vida ética e politica: “a politica significa também a superioridade do homem sobre o animal Com tisfaz somente, na condigao de comunidade autarquica, (WOLFF, F. Op. cit,, p. 143) de de coisas, sem as quais o homem nao pode viver, mas ela preenche sobretudo, como comunidade perfeita, sua caré ito, a comunidade politica nao sua necessiday cia dos outros, sem os quais ele nao 78 SOFICOS + Textos F Z a ARISTOTELES * PoLiTica E costume definir cidadao aquele que provém de ambos genitores cidadaos, e nao de somente um deles, como do pai ou da mae; outros avancam ainda mais, de modo a exigir a cidadania de duas, trés ou mais geracées de ancestrais. Quando assim se define grosso modo e segundo 0 direito politico, [a cidadania], alguns tém dtivida de como sera cidadao alguém nascido na terceira ou quarta geracdo. Por sua vez, Gorgias de Leontinos, talvez experimentando essas dificuldades, mas ironizando, disse: “Como os vasos sao feitos pelos produtores de vasos, assim tam- bém sio feitos os cidadaos larissios pelos magistrados de Larissa”. Com efeito, alguns deles sao produtores de cidadaos larissios. E 0 problema é simples. Se, segundo a definicdo j enunciada de cidadania, participa- vam [das decisées judiciais ou dos cargos de governo], seriam cidadaos. Com efeito, nao é possivel aplicar a definicdo de cidadania, como 0 que nasce de pai cidadao ou e de mae cidada, ao que tivesse pertencido aos primeiros moradores ou construtores da cidade-estado. Talvez essa agora seja a maior dificuldade. E 0 caso de todos os que vieram a participar da cidadania por ter sobrevindo uma revolucéo, por exemplo na Atenas de Clistenes. Depois da expulsao dos tiranos, ele concedeu a cidadania a muitos estrangeiros, pois fez membros das tribos tanto escravos [quanto] metecos. A dtivida relativa a estes néo é saber quem é 0 cidadao, mas antes se o é de forma injusta ou justa. Em ver- dade, alguém ainda poderia colocar a seguinte dificuldade: se nao é de forma justa cidadao, nao é cidadao, uma vez que 0 injusto eo falso sdo © mesmo. Se vemos que alguns exercem 0 poder injustamente, os quais dizemos exercer 0 poder, mas nao justamente, e o cidadao é definido pelo exercicio de uma funcao do poder (com efeito, o que participa de tal funcao € cidadao, como diziamos), é evidente que esses também devem ser ditos cidadaos. pode viver bem: o homem é t necessidade deles (nem necessidade sexual, nem necessidade econémica.” | que vive melhor com os outros, mesmo se ele _néo te Ha um jogo de palavra no grego nesse trecho, onde a palavra demiurgo é tanto 0 artesao (no caso, produtores de vasos) quanto o nome pelo qual cram designados ma- gistrados na cidade de Larissa

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