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FUNDAMENTOS

DE GEOLOGIA

1ª Edição - 2008
SOMESB
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Coordenação de Curso Editoração

Profª Drª Iracema Reimão Silva Angélica de Fátima Silva Jorge


Autoria Ilustrações

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SUMÁRIO

A DINÂMICA INTERNA E OS MATERIAIS TERRESTRES _________ 7

PROCESSOS INTERNOS E TEMPO GEOLÓGICO _______________________ 7

ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ______________________________________________ 7

TECTÔNICA DE PLACAS______________________________________________________ 10

DEFORMAÇÕES GEOLÓGICAS: FALHAS E DOBRAS ________________________________ 17

TEMPO GEOLÓGICO ________________________________________________________ 20

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 24

MINERAIS E ROCHAS _______________________________________________ 25

CICLO DAS ROCHAS / MINERAIS FORMADORES DAS ROCHAS ________________________ 25

ROCHAS ÍGNEAS ___________________________________________________________ 33

ROCHAS SEDIMENTARES _____________________________________________________ 48

ROCHAS METAMÓRFICAS ____________________________________________________ 53

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 56

A DINÂMICA EXTERNA DO PLANETA __________________________ 57

OS PROCESSOS SUPERFICIAIS _______________________________________ 57

INTEMPERISMO ____________________________________________________________ 57

EROSÃO__________________________________________________________________ 62

MOVIMENTOS DE MASSA ____________________________________________________ 67

RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS _____________________________ 69

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 73


SUMÁRIO

AMBIENTES GEOLÓGICOS __________________________________________ 74

AMBIENTE DESÉRTICOS______________________________________________________ 74

AMBIENTE GLACIAL ________________________________________________________ 76

AMBIENTE FLUVIAL_________________________________________________________ 77

AMBIENTE COSTEIRO _______________________________________________________ 79

ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 81

GLOSSÁRIO _____________________________________________________________ 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 84


Apresentação da Disciplina

Caro aluno,

Geologia é a ciência que estuda a Terra: sua origem, seus materiais e suas
transformações. Analisa os processos que operam na superfície e no inte-
rior do planeta e examina os materiais terrestres, sua composição e aplica-
bilidade. A geologia interage com diversas outras ciências como a física, a
química, a biologia, bem como as ciências econômicas e sociais, e busca a
exploração dos recursos naturais de maneira economicamente viável e am-
bientalmente sustentável.
Esta disciplina é fundamental para o estudo da Biologia, já que a biosfera
e a litosfera, juntamente com a atmosfera e a hidrosfera, formam sistemas
integrados que se influenciam mutuamente. O estudo da formação e evolu-
ção da Terra e dos ambientes terrestres é a base para os estudos dos ecossis-
temas e da evolução das espécies.
Neste material, vamos tentar apresentar a geologia em seus diversos
aspectos, para que possamos entender melhor o nosso ambiente natural,
aprendendo a valorizar as relações entre o ser humano e a natureza.

Profª Drª Iracema Reimão Silva


A DINÂMICA INTERNA E OS
MATERIAIS TERRESTRES

PROCESSOS INTERNOS E TEMPO


GEOLÓGICO

ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

O planeta Terra é um corpo dinâmico composto por diversos sistemas que estão sempre intera-
gindo entre si.
A hidrosfera, a atmosfera, a biosfera e a terra sólida compõem este corpo dinâmico e as alterações
sofridas em um destes sistemas produz alterações nos demais.
Podemos imaginar este integração analisando, por exemplo, uma erupção vulcânica:
A partir da erupção vulcânica são lançados blocos de ro-
cha e lava na superfície da Terra. Este material pode obstruir va-
les e criar lagos, modificando o sistema de drenagem da região;
Grandes quantidades de gases e cinzas vulcânicas são lan-
çadas na atmosfera, influenciando na quantidade de energia solar
que chega à superfície da Terra. Isto pode causar uma diminuição
na temperatura do ar devido a pouca quantidade de raios solares
que conseguem atravessar a atmosfera nestas condições;
Esta mudança climática certamente afetará a biosfera,
além disso, muitos organismos e seus habitats podem ser elimi-
nados pela lava ou por cinza vulcânica.

Em 1864, o escritor Jules Verne imaginou, em “Jornada para o Centro da Terra”, um mundo sub-
terrâneo cheio de serpentes marinhas gigantes e outras grotescas criaturas. Contudo, o que os cientistas
conhecem hoje sobre o interior do planeta está muito longe da fantástica estória de Verne: atualmente
sabe-se que o interior da Terra é formado por rochas e metais, sujeitos a altíssimas temperaturas e pres-
sões, progressivamente mais densos à medida que se chega aos níveis mais profundos.
Apenas em circunstâncias muito raras (que serão discutidas no próximo item) as rochas de regiões
profundas da Terra chegam à superfície ou próximo
dela. Devido a essa dificuldade, os geólogos tiveram
que utilizar mecanismos ou ferramentas que lhes
possibilitasse inferir a composição interna da terra. Saiba mais!
A grande ferramenta utilizada para conhecer a com- O ramo da geologia que trata dos
posição das camadas internas da Terra é o estudo princípios físicos que ajudam a desvendar o
das ondas sísmicas. Além das ondas sísmicas, as va- interior da Terra é a geofísica.
riações no fluxo de calor, a gravidade e o magnetis-
mo também são utilizados com esta finalidade.

Fundamentos de Geologia 7
A maior parte dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a estrutura interna da Terra foi ob-
tida através da análise das variações na velocidade de propagação das ondas sísmicas. Estas ondas tendem
a se propagar com a mesma velocidade quando atravessam regiões mais ou menos homogêneas; tornam-
se, por outro lado, mais lentas ou mais rápidas quando atravessam materiais de composição diferente.
Desta forma, através da comparação de dados coletados em estações sismográficas em várias partes do
mundo, os cientistas puderam estimar a densidade, a composição, a estrutura e o estado físico das diversas
camadas do interior da Terra.

Fonte:<http://astro.if.ufrgs.br/planetas/est-
terra.jpeg
Crosta: a crosta é a camada rochosa mais externa do planeta e pode ser analisada a partir de
amostras coletadas nos continentes ou no fundo dos oceanos. A parte da crosta que compõe os
continentes é chamada de crosta continental, enquanto que a parte da crosta que forma o substrato
oceânico é chamada de crosta oceânica.
Crosta continental: apresenta composição tipicamente granítica e tem densidade relativa-
mente baixa (aproximadamente 2,7g/cm3). Porém, na sua porção inferior ou basal, mais
próximo ao manto, a crosta continental apresenta composição basáltica (com densidade de
cerca de 3,0 g/ cm3), ao contrário do que ocorre mais próximo à superfície. Nos locais onde
se encontra mais estreita, tem geralmente espessura inferior a 20km, já nas regiões monta-
nhosas pode apresentar até 70km de espessura.

Saiba mais!
Rochas de composição granítica são chamadas de rochas félsicas; rochas de composição
basáltica são chamadas de rochas básicas.

Crosta oceânica: a crosta oceânica é mais difícil de ser estudada devido ao fato de estar
abaixo de uma lâmina d’água de cerca de 4km e de uma pilha de sedimentos marinhos que
chega a 200m de espessura. Apresenta composição basáltica e sua espessura média é de 6km,
muito inferior à espessura da crosta continental.

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Você sabia?
O limite entre a base da crosta (continental ou oceânica) e o topo do manto é marcado por
uma descontinuidade sísmica, ou seja, uma mudança abrupta na velocidade de propagação das
ondas sísmicas, chamada de Descontinuidade de Mohorovicic ou simplesmente Moho, em home-
nagem ao seu descobridor, o sismólogo Andrija Mohorovicic.

Manto: o manto é a camada imediatamente abaixo da crosta e ocupa mais de 80% do volume
do planeta, se estendendo até uma profundidade de 2900 km. Devido ao aumento da profun-
didade, ocorre um aumento da pressão e conseqüentemente da densidade do manto. Próximo
a Moho (contato crosta/manto) a densidade é de 3,3 g/cm3 e, próximo ao contato manto/nú-
cleo, fica em torno de 5,5 g/cm3.
As rochas que compõem o manto são constituídas por minerais ricos em ferro e magnésio (ro-
chas básicas), como as olivinas e os piroxênios (que serão estudados no Tema 2 deste Bloco).
O aumento da temperatura, decorrente do
aumento da profundidade, tende a fundir as ro-
chas, contudo, o aumento da pressão tende a fa- Você sabia?
zer com que as rochas fiquem no estado sólido. As ondas sísmicas são mais rápidas quan-
A cerca de 100km abaixo da superfície, o gran- do atravessam rochas sólidas e mostram baixa
de aumento da temperatura predomina sobre o au- velocidade de propagação quando atravessam
mento da pressão e as rochas apresentam um es- rochas em estado parcialmente fundido. Na
tado parcialmente pastoso. Esta região, de ,aproxi- ZBV as ondas passam de uma velocidade de
madamente, 250 km de extensão, é conhecida como 8,3 km/s quando atravessam a parte superior
Zona de Baixa Velocidade ( ZBV ) e representa do manto, para menos de 8,0 km/s nesta zona.
mias uma descontinuidade sísmica.
Núcleo: o limite entre o manto e o núcleo ocorre a 2900 km abaixo da superfície, aproximada-
mente a metade da distância entre a superfície e o entro da Terra. Neste limite ocorre mais uma
importante descontinuidade sísmica: a Descontinuidade de Gutenberg. As ondas passam de uma
velocidade de 13,6 km/s na base do manto, para 8,1 km/s no núcleo.
No núcleo, as temperaturas são superiores a 7600°C. Os dados sísmicos indicam duas camadas no
núcleo: uma camada externa líquida (rocha fundida) de aproximadamente 2270 km de espessura e uma
camada interna sólida com o diâmetro de 1216 km.

Fundamentos de Geologia 9
TECTÔNICA DE PLACAS

A Terra é um planeta muito dinâmico. Os cientistas têm mostrado que as massas continentais não são
fixas, elas migram ao redor do globo. E essa mobilidade gera terremotos, vulcões e cadeia de montanhas.

Saiba mais!
A teoria que descreve essa mobilidade é chamada de Tectônica de Placas.

Em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener publicou o livro “A Origem dos Continentes e dos
Oceanos” apresentando a revolucionária teoria da deriva continental. Wegener sugere que, há cerca de
200 milhões de anos, existia um supercontinente que ele chamou de Pangea. Segundo a sua hipótese,
este supercontinente teria se fragmentado em pequenos continentes que teriam migrado ou “derivado”
até as suas posições atuais.
Fonte: <http://homepage.mac.com/uriar-
te/triasico.jpg>

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Diversas evidências contribuíram para esta hipótese:

A coincidência do contorno entre a América do Sul e a África: a grande similaridade entre as


linhas de costa em lados opostos do Atlântico Sul, como um quebra-cabeça, foi uma das primeiras
evidências que sempre intrigou os cientistas. Devido à constante modificação das linhas de costa
por eventos erosivos essa união não é perfeita, deixando ainda dúvidas aos cientistas. Entretanto,
em 1960 os cientistas produziram um mapa com o contorno da plataforma continental até uma
profundidade de 900m e observaram esta similaridade de forma ainda mais perfeita;

Evidências fósseis: os paleontólogos apontam diversos fósseis de organismos encontrados


em diferentes continentes e que não poderia ser cruzado os oceanos que separam essas massas
continentais. Um destes exemplos é o Mesosaurus, um réptil marinho cujos fósseis foram en-
contrados na América do Sul e na África, indicando uma antiga união destes dois continentes;

Atual distribuição de alguns organismos: em seu livro, Wegener também cita a distribui-
ção atual de alguns organismos que evidenciam também a idéia da deriva dos continentes. Por
exemplo, alguns organismos modernos têm ancestrais claramente similares, como os marsupiais
australianos que têm uma direta ligação fóssil com os marsupiais encontrados nas Américas;

Associação entre tipos e estruturas de rochas: além da perfeita coincidência entre o contorno
de alguns continentes, alguns “desenhos” encontrados nestes continentes também coincidem. Isso
ocorre em algumas cadeias de montanhas com idade, forma, estrutura e composição rochosa simi-
lar em continentes opostos. Um exemplo desta evidência são as cadeias de montanhas apalachianas,
na América do Norte, e as cadeias de montanhas caledonianas, na Escandinávia. Quando os conti-
nentes estavam unidos estas cadeias de montanhas formavam um único cinturão montanhoso;

Climas passados: dados paleoclimáticos também dão suporte para a teoria da deriva con-
tinental. Wegener indicou evidências de mudanças climáticas globais severas no passado. O
estudo de depósitos glaciais em diversos continentes indicou que, a cerca de 220 a 300 mi-
lhões de anos atrás, capas de gelo cobriam extensas áreas do hemisfério sul. Rochas de origem
glacial foram encontradas na América do Sul, na África, na Índia e na Austrália, indicando
que estes continentes, nesta época, encontravam-se unidos no pólo sul, junto à Antártica. Por
outro lado, para esta mesma época passada, existem evidências de ocorrência vegetação típica
de climas tropicais em regiões do hemisfério norte, indicando que no passado a América do
Norte e a Europa estavam mais próximas do Equador.

Você sabia?
Depósitos de origem glacial são encontrados em diversos locais do Brasil. Na Bahia, em
várias localidades da Chapada Diamantina, os geólogos encontram rochas criadas a partir do der-
retimento de antigas geleiras.

Apesar de todas as evidências apontadas por Wegener, ele não conseguiu explicar o mecanismo
responsável pelo movimento das massas continentais e, por isso, ficou por muito tempo desacreditado
no meio científico. Mais de 50 anos depois das postulações de Wegener, o avanço tecnológico permitiu
o conhecimento de dados sísmicos e do campo magnético da Terra e, com isso, surgiu a partir da teoria
da deriva continental de Wegener, a teoria da Tectônica de Placas.

Fundamentos de Geologia 11
De acordo com o modelo da tectônica de placas, a parte superior do manto junto com a crosta
formam uma camada rígida chamada de litosfera. Esta camada encontra-se sobre uma outra camada
menos rígida chamada de astenosfera. A litosfera é quebrada em diversos segmentos chamados de pla-
cas, que estão constantemente se movimentando e mudando de forma e de tamanho.
As sete maiores placas que compõem a nossa litosfera são:

Saiba mais!
As placas litosféricas se movimentam de forma lenta, mas contínua, com razões de poucos
centímetros por ano. E este movimento é responsável pela distribuição das massas continentais,
gerando terremotos, criando vulcões e grandes cordilheiras de montanhas.

As placas se movem como uma unidade coerente e as mais significativas interações ocorrem nos
seus limites e não no seu interior. Ou seja, a ocorrência de eventos como terremotos, vulcanismo, gera-
ção de montanhas, em geral ocorrem no limite das placas.

De acordo com o tipo de movimento, os limites de placas são classificados em três tipos:

LIMITE DIVERGENTE: as placas se afastam uma da outra devido ao movimento divergen-

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te. Esta separação ocorre em média com a velocidade de 5cm/ano. O “vazio” deixado por este
afastamento é preenchido pelo material que ascende do manto criando um novo substrato mari-
nho. Esta ascensão de magma vindo do manto gera cadeias de montanhas submersas chamadas
de Dorsais Oceânicas. A partir do eixo central destas dorsais, nova crosta oceânica é continuamente
formada. Essa crosta se torna mais densa à medida que se resfria e se afasta da fonte que a criou,
devido a este movimento contínuo de separação a partir do centro da dorsal.

Você sabia?
Este mecanismo vem ocorrendo nos últimos 165 milhões
de anos no atlântico sul, separando a América do Sul da África e
criando o nosso Oceano Atlântico. Aproximadamente no meio do
caminho entre estes dois continentes, no fundo do mar, ocorre,
na zona de separação das placas, uma cadeia de montanhas gera-
da pela atividade magmática (o magma vindo do manto extravasa
continuamente neste local) chamada de Dorsal Meso-Atlântica.

Limite convergente: as placas se movem uma em direção a outra. Neste caso, a placa mais
densa mergulha sobre a menos densa e afunda em direção ao manto sobre a crosta menos densa.
Este “consumo” ou “destruição” de crosta contrabalança a geração de novas crostas que ocorre
nos limites divergentes, mantendo a área superficial da Terra constante. Com o choque entre as
crostas ocorre o “encurtamento” das massas rochosas, gerando grandes cadeias de montanhas e
intensa atividade vulcânica devido á fusão da rocha que mergulha em direção ao manto.

Esta convergência pode se dá de três formas:

Convergência entre crosta continental e crosta oceânica: nesta situação, a placa oceâ-
nica, mais densa devido a sua composição basáltica (rica em ferro e magnésio), afunda sob
a crosta continental menos densa de composição granítica (rica em alumínio). Este local
onde a crosta afunda ou subducciona sobre a outra é chamada de Zona de Subducção. A me-
dida que a crosta oceânica afunda, as altas temperaturas do manto fazem que as rochas se
fundam gerando magma. Este magma é extravasado em vulcões no continente.

Saiba mais!
Este mecanismo ocorre no limite oeste da América do Sul, na região dos Andes. Neste local,
a placa oceânica mergulha sob a placa continental sul-americana gerando uma zona de subducção e
a formação de cadeias de montanhas.

Convergência entre duas crostas oceânicas: nesta situação, a placa oceânica mais antiga e,
portanto, mais resfriada e mais densa, mergulha sob a placa menos densa. A atividade vulcâni-
ca ocorre de forma similar ao caso de choque entre crosta oceânica e continental, contudo, os
vulcões gerados na placa oceânica menos densa formará ilhas vulcânicas ou arcos de ilhas.

Fundamentos de Geologia 13
Convergência entre duas crostas continentais: no caso de convergência entre duas crostas
continentais, devido à baixa densidade destas crostas, nenhuma das duas consegue entrar em
subducção ou mergulhar sob a outra. O resultado é a colisão entre dois blocos continentais
gerando encurtamento crustal e formando grandes cadeias de montanhas.

LIMITE CONSERVATIVO: neste limite, as placas passam uma ao lado da outra sem gerar
ou destruir litosfera. Estes limites são gerados por zonas fraturadas na crosta, em geral com
mais de 100km de comprimento, onde os segmentos de crosta se movimentam em sentidos
contrários, lado a lado, gerando as Falhas Transformantes. Nestas regiões é muito intensa a
incidência de abalos sísmicos e terremotos.

Saiba mais!
Um exemplo deste tipo
de limite é a Falha de Santo
André, na América do Norte.
Ao longo desta falha, a Placa
do Pacífico se move na di-
reção noroeste passando ao
lado da Placa Norte America-
na, gerando intensa atividade
tectônica na costa oeste dos
Estados Unidos e Canadá.

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Qual é a força responsável pelo movimento das placas?

O principal modelo criado para explicar a deriva continental e a tectônica de placas é a


existência de grandes correntes de convecção no manto.

Saiba mais!
Plumas de material mais aquecido tornam-se menos densas e ascendem, depois começam
a se resfriar, ficam mais densas e descem, criando as células de convecção dentro do manto. Este
mecanismo é, grosso modo, similar ao observado em uma panela de água fervente.

O movimento das células de convecção na astenosfera menos sólida faz com que a litosfera rígida
se movimente como se estivesse em uma esteira rolante.
Segundo este modelo, a ascensão do material geraria o afastamento da litosfera, enquanto que o
fluxo convectivo descendente geraria as zonas de subducção.

Texto complementar
A terra: um planeta heterogêneo e dinâmico
Prof. Dra. Maria Cristina Motta de Toledo
Fonte: <http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php>

O planeta Terra é constituído por diversos dade e de direção de propagação com a variação
setores ou ambientes, alguns dos quais permi- das características do meio atravessado. A inte-
tem acesso direto, como a atmosfera, a hidros- gração das observações das numerosas estações
fera (incluindo rios, lagos, águas subterrâneas e sismográficas espalhadas pelo mundo todo for-
geleiras), a biosfera (conjunto dos seres vivos) e nece informações sobre como é o interior do
a superfície da parte rochosa. Desta superfície planeta, atravessado em todas as direções por
para baixo, o acesso é muito limitado. As esca- ondas sísmicas geradas a cada terremoto e a cada
vações e sondagens mais profundas já chegaram explosão. As Informações sobre a velocidade das
a cerca de 13km de profundidade, enquanto o ondas sísmicas no interior da Terra permitiram
raio da terra é de quase 6.400km. Por isso, para reconhecer três camadas principais (crosta, man-
se obter informações deste interior inacessível, to e núcleo), que têm suas próprias características
existem métodos indiretos de investigação: a sis- de densidade, estado físico, temperatura, pressão
mologia e a comparação com meteoritos. e espessura. Na diferenciação dos materiais ter-
A sismologia é o estudo do comportamen- restres, ao longo da história do planeta, a água,
to das ondas sísmicas ao atravessar as diversas formando a hidrosfera, bem como a atmosfera,
partes internas do planeta. Estas ondas elásticas constituída por gases como nitrogênio, oxigênio
propagam-se gerando deformações, sendo ge- e outros, por serem menos densos, ficaram prin-
radas por explosões artificiais e sobretudo pelos cipalmente sobre a parte sólida, formada pelos
terremotos; as ondas sísmicas mudam de veloci- materiais sólidos e mais densos.

Fundamentos de Geologia 15
Dentre os materiais sólidos, os mais pe- tão altas que lá ocorrem (milhares de atmosferas).
sados se concentraram no núcleo, os menos Assim, o material do manto, ao contrário
pesados na periferia, formando a crosta, e os do que muitos crêem, é sólido, e só se torna lí-
intermediários no manto. Pode-se comparar os quido se uma ruptura na crosta alivia a pressão
diferentes tipos de meteoritos com as camadas a que está submetido. Somente nesta situação é
internas da Terra, pressupondo-se que eles (os que o material silicático do manto se liqüefaz, e
meteoritos) tiveram a mesma origem e evolução pode, então, ser chamado de magma. Se o mag-
dos outros corpos do Sistema Solar, formados ma fica retido em bolsões dentro da crosta, for-
como corpos homogêneos, a frio, por acresção ma uma câmara magmática, e vai pouco a pouco
planitesimal. Aqueles que tinham massa sufi- solidificando-se, formando um corpo de rocha
cientemente grande, desenvolveram um forte ígnea plutônica ou intrusiva, Se o magma conse-
calor interno, por causa da energia gravitacional, gue extravasar até a superfície, no contato com a
da energia cinética dos planetesimais quando da atmosfera e hidrosfera, pode ser chamado lava,
acresção e da radioatividade natural. Isto oca- enquanto estiver líquido, e seu resfriamento e
sionou uma fusão parcial, seguida de segregação solidificação vai formar um corpo de rocha íg-
interna, a partir da mobilidade que as altas tem- nea vulcânica ou extrusiva.
peraturas permitiam ao material.
As rochas ígneas assim assim formadas, jun-
Os meteoritos provenientes da fragmenta- tamente com as rochas metamórficas e sedimen-
ção de corpos pequenos, que não sofreram esta tares, formadas por outros processos geológicos,
diferenciação, são os condritos, que representam constituem a crosta, que é a mais fina e a mais
a composição química média do corpo fragmen- importante camada para nós, pois é sobre ela que
tado e por inferência, do Sistema Solar como um se desenvolve a vida. A crosta oceânica e a crosta
todo, menos os elementos voláteis. Não existem continental apresentam diferenças entre si.
materiais geológicos, ou seja, terrestres, seme-
lhantes aos condritos. Os meteoritos provenien- A primeira ocorre sob os oceanos, é menos
tes da fragmentação de corpos maiores, como espessa e é formada por extravasamentos vulcâni-
a Terra, que sofreram a diferenciação interna, cos ao longo de imensas faixas no meio dos ocea-
representam a composição química e densidade nos (as cadeias meso-oceânicas), que geram rochas
de cada uma das partes internas diferenciadas basálticas. A segunda é mais espessa, pode emergir
do corpo que os originou. São os sideritos, os até alguns milhares de metros acima do nível do
acondritos e ainda outros tipos. Pela sua den- mar, e é formada por vários processos geológicos,
sidade, faz-se a correlação com as camadas da tendo uma composição química média mais rica
Terra determinadas pela sismologia, e supõe-se em Si e em AI que as rochas basálticas, que pode
que sua composição química represente a com- ser chamada de composição granítica.
posição química da camada terrestre de mesma A crosta oceânica e continental, junto com
densidade. Assim, com estas duas ferramentas uma parte superior do manto, forma uma camada
indiretas, a sismologia e a comparação com os rígida com 100 a 350km de espessura. Esta cama-
meteoritos, foi estabelecido um modelo para a da chama-se LITOSFERA e constitui as placas
constituição interna do globo terrestre. tectônicas, que formam, na superfície do globo,
É importante ressaltar que todo o material um mosaico de placas encaixadas entre si como
no interior da Terra é sólido, com exceção apenas um gigantesco quebra-cabeças; são as placas tec-
do núcleo externo, onde o material líquido metá- tônicas ou placas litosféricas. Abaixo da litosfe-
lico se movimenta, gerando correntes elétricas e ra, ocorre a ASTENOSFERA, que é parte do
o campo magnético da Terra. A uma dada tem- manto superior; suas condições de temperatura
peratura, o estado físico dos materiais depende da e pressão permitem uma certa mobilidade, muito
pressão. ‘As temperaturas que ocorrem no manto, lenta, mas sensível numa escala de tempo muito
os silicatos seriam líquidos, não fossem as pressões grande, como é a escala do tempo geológico.

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DEFORMAÇÕES GEOLÓGICAS: FALHAS E DOBRAS

Quais são as forças capazes de transformar rochas


comuns em enormes estruturas montanhosas maciças
como os Alpes, os Andes ou os Himalaias?

Quais forças teriam o poder de contradizer a natureza


rígida destas rochas, deformando-as e dobrando-as?

Saiba mais!
A Tectônica de Placas produz as mais importantes feições de larga-escala encontradas no
planeta. Graças a ela são geradas bacias oceânicas e cadeias de montanhas.
Essa mesma força capaz de mover as placas produz grandes rupturas na crosta, soerguimen-
to e rebaixamento de grandes blocos rochosos.

Quando as placas interagem, nos seus limites, sejam divergentes, convergentes ou transformantes
(conservativos), as rochas que compõem a crosta ficam sujeitas a um poderoso STRESS.

Quando uma rocha sofre um stress, ela é deformada, mudando de forma e de volume.
A análise das estruturas deformacionais apresentadas pelas rochas, permite aos geólogos entender
antigos movimentos de placas ou outros eventos geológicos do passado.
As rochas podem sofrer três tipos de stress, cada um correspondendo a um dos três tipos básicos
de limites de placas:

As rochas que se encontram em margens de placas convergentes sofrem stress compressio-


nal. Este tipo de stress reduz o volume das rochas. As rochas que sofrem compressão geralmen-
te são dobradas, havendo um aumento no sentido vertical e uma diminuição lateral.

As rochas que se encontram em margens divergentes sofrem stress tencional ou de exten-


são. As rochas são “esticadas”, havendo uma diminuição no sentido vertical e um aumento
lateral da área ocupada por estas rochas após a deformação.

As rochas em margens de placas transformantes são movimentadas lateralmente em sentidos


opostos, sofrendo um stress de cizalhamento. Através deste tipo de stress, grandes blocos de
rocha são movimentados lateralmente.

Fundamentos de Geologia 17
Quando sujeitas ao stress, as rochas respondem de forma diferente a depender das condições de
temperatura e pressão do ambiente onde se encontram. Estas condições dependem da sua profundidade
e vão refletir em um comportamento mais ou menos plástico das rochas.

• As rochas que se encontram a grande profun-


didades (geralmente abaixo de 20 km), sujeitas
a altas temperaturas e pressões, vão responder à
Você sabia?
deformação de forma plástica ou dúctil. No final do ano de 2005, um terre-
moto na região da Caxemira matou mais
• As rochas mais próximas à superfície, em geral , de 90.000 pessoas.
respondem ao stress de forma rígida ou rúptil.

O que são os terremotos? Como eles são gerados?


E como podem ser preditos? Qual a relação entre estas
forças capazes de gerar terremotos e as grandes cadeias
de montanhas existentes no planeta?
• Os terremotos são vibrações da Terra produzidas por uma liberação rápida de energia.

As grandes energias lançadas por explosões atômicas ou por erupções vulcânicas podem produzir
terremotos, contudo estes são eventos pouco freqüentes. A maior parte dos terremotos são gerados por
movimentos que ocorrem em grandes fraturas existentes na crosta terrestre chamadas de falhas.
A teoria da Tectônica de Placas mostra que a crosta terrestre está em constante movimento e essa
movimentação ao longo dos limites de placas muitas vezes se dá através de falhas.
O mecanismo de formação de terremotos foi descoberto em 1906 por H. F. Reid, que elaborou
estudos a partir do terremoto de São Francisco. Este terremoto foi acompanhado por um deslocamento
horizontal de vários metros ao longo da falha de Santo André (1.300m de fratura na região da Califórnia,
que separa a Placa da América do Norte e a Placa do Pacífico). Em um único terremoto, a Placa do Pací-
fico se deslocou 4,7m em direção ao norte, passando pela placa norte-americana.

Epicentros dos terremotos


• O local no interior da Terra onde é gerado o terremoto é chamado de foco.
• O local na superfície da Terra imediatamente acima do foco é chamado de epicentro.

Saiba mais!
Instrumentos chamados sismógrafos amplificam e registram a movimentação das ondas sís-
micas. Estas ondas se propagam em todas as direções a partir do foco do terremoto.

Cerca de 95% da energia liberada nos terremotos tem origem em uma zona relativamente restrita
em torno do oceano Pacífico conhecida como Cinturão do Pacífico. Esta zona inclui regiões com grande
atividade sísmica como o Japão, as Filipinas, o Chile e numerosas ilhas vulcânicas.

18 FTC EAD | BIO


Os principais tipos de deformação tectônica sofridas pelas rochas são as dobras e as falhas.

Dobras
As dobras são estruturas construídas em camadas ou estratos rochosos que foram depositados
originalmente na horizontal e depois sofreram uma deformação plástica ou dúctil.
As dobras podem variar muito de tamanho – podem apresentar uma extensão de poucos milíme-
tros até centenas de quilômetros.
As dobras podem apresentar duas formas principais:
Sinclinais: são dobras côncavas, as rochas são dobradas tendendo a formar bacias ou vales,
contudo, a expressão final no relevo vai depender da resistência das rochas a erosão.
Anticlinais: são dobras convexas, as rochas são dobradas tendendo a formar domos ou morros, contu-
do, como no caso anterior, a expressão final no relevo vai depender da resistência das rochas à erosão.

Os lados de uma dobra são chamados de flancos ou limbos. As compressões, em geral, produzem
uma seqüência de sinclinais e anticlinais que apresentam sempre um flanco em comum.
Cada sinclinal ou anticlinal tem um plano axial, um plano imaginário que divide a dobra em duas
partes aproximadamente iguais.

As dobras (sinclinais e anticlinais) podem ser:


• Simétricas: quando o plano axial é aproximadamente vertical e os flancos apresentam a mesma
inclinação. Dobras simétricas geralmente ocorrem quando a compressão é relativamente suave;
• Assimétricas: em situações onde a compressão é mais intensa, como próximo aos limites
de placas, as forças tectônicas compressivas forçam um flanco a se movimentar mais que o
outro, gerando dobras assimétricas. Nestas dobras o plano axial é inclinado;
• Recumbentes: com a continuidade da compressão, o plano axial da dobra assimétrica
pode deitar até ficar na horizontal, virtualmente paralelo à superfície da Terra. As dobras
recumbentes são tipicamente encontradas em cadeias de montanhas fortemente deformados
como os Apalaches, os Himalaias e os Alpes Europeus.

Falhas

Quando as rochas sofrem stress a bai-


xas temperaturas e baixas pressões litostáticas,
onde elas encontram-se ainda em estado mui-
to rígido, surgem “rachaduras” ou fraturas. Saiba mais!
Como as rochas, neste caso, não têm plastici- Falhas são fraturas na crosta terrestre
dade suficiente para dobrar, elas se rompem. com deslocamento relativo, perceptível entre os
O caso mais drástico é quando lados contíguos e ao longo do plano de falha.
ocorre um movimento ao longo destas
fraturas, gerando as falhas.
As falhas podem deslocar grandes blocos rochosos ao longo de um plano de falha. O plano de
falha é a superfície ao longo da qual ocorre o movimento dos blocos.

Fundamentos de Geologia 19
Devido aos processos erosivos a que estão sujeitas as rochas na superfície, dificilmente são encon-
trados os originais planos de falha.

Você sabia?
Na Bahia, o desnível topográfico que separa a Cida-
de Alta da Cidade Baixa foi gerado por uma falha, a cha-
mada Falha de Salvador. Esta falha representa a borda
da Bacia do Recôncavo, aberta como uma conseqüência
secundária da separação Brasil / África, que gerou o Atlân-
tico sul. Ao longo do tempo, o plano de falha já sofreu um
grande recuo erosivo, estando atualmente a superfície de
erosão nas proximidades do Elevador Lacerda.

• O bloco de rocha localizado acima do plano de falha é chamado de teto.


• O bloco localizado abaixo do plano de falha é chamado de muro.

De acordo com o seu movimento relativo (de um bloco em relação ao outro), as falhas são classificadas em:

Falhas horizontais ou transcorrentes: são falhas geradas por stress de cizalhamento, gerando
um movimento horizontal, paralelo ao plano de falha.
A maior e mais conhecida falha transcorrente encontrada na literatura é a Falha de Santo André,
nos Estados Unidos.

Falhas verticais: neste tipo de falha os blocos rochosos se movem verticalmente em relação ao
plano da falha, como é o caso da Falha de Salvador. A depender da direção de movimento dos
blocos, as falhas verticais podem ser:

Falhas normais: o bloco do teto desce em relação ao muro. Este tipo de falha está geral-
mente associado com stress tencional ou divergente. A descida dos blocos rochosos, ocasio-
nada por este tipo de falhamento, gera depressões chamadas de graben. O bloco do muro
que permanece elevado em relação ao teto é chamado de horst.

Falhas inversas: neste tipo de falha, o bloco do teto sobe em relação ao muro. Esta
falha está geralmente associada com poderosas compressões horizontais, comuns onde
existe convergência de placas.

TEMPO GEOLÓGICO

Durante muitos anos, não se sabia nenhum método confiável para datar os vários eventos
no passado geológico.
Em 1869, John Wesley Powell fez uma pioneira expedição ao Rio Colorado e ao Grand Canyon,
nos Estados Unidos. Powell observou que os canyons desta região representavam um livro de revelações
escrito nas rochas, como uma Bíblia da geologia. Ele afirmou que milhões de anos da história da Terra
estavam expostos nas paredes do Grand Canyon.

20 FTC EAD | BIO


Semelhante a um longo e complicado livro de história,
as rochas registram os eventos geológicos e as mudan-
ças das formas de vida ao longo do tempo. Este livro,
contudo, não está completo. Muitas páginas, especialmente
nos primeiros capítulos, foram perdidas. Ainda hoje, muitas
partes deste livro precisam ser decifradas.

Grand Canyon

Um dos princípios básicos usados, ainda nos dias atuais, para desvendar a história da Terra foi postulado
por James Hutton no seu livro “Teoria da Terra”, publicado em 1700 – o Princípio do Uniformitarismo.
Este princípio diz que as leis químicas, físicas e biológicas que operam atualmente são as mesmas
que operaram no passado geológico. Isso significa que as forças e os processos que nós observamos atu-
almente agindo no nosso planeta têm atuado desde muito tempo atrás. Então, para decifrarmos as rochas
antigas temos primeiramente que compreender os processos que atuam hoje e os seus resultados.

Saiba mais!
O Principio do Uniformitarismo é, geralmente, expresso pelo
ditado “o presente é a chave para o passado”.

Os geólogos que desenvolveram a escala de tempo geológico revolucionaram a maneira com


que as pessoas concebiam o tempo e como percebiam o nosso planeta. Eles mostraram que a Terra é
muito mais antiga do que se poderia imaginar e que a sua superfície e o seu interior sofreram mudanças
no passado através dos mesmos processos geológicos que operam atualmente.
A principal subdivisão da escala de tempo geológico é chamada de eon. Os geólogos dividiram o
tempo geológico em dois grandes eons:

Precambriano (dividido em Arqueano e Proterozóico): representa os primeiros 4 bilhões de


anos da história do planeta.
Fanerozóico: representa últimos 540 milhões de anos.

O Precambriano representa cerca de 88% da história da Terra, mas pouco se sabe sobre este
período. Devido à grande raridade de fósseis para datações, não foi possível subdividi-lo em pequenas
unidades de tempo.

Fundamentos de Geologia 21
O Fanerozóico é marcado pelo aparecimento de animais com partes duras, como as conchas, que permiti-
ram a sua preservação fóssil. Este eon foi dividido em três eras, que por sua vez foram divididas em períodos:

Era Paleozóica (540 – 248 milhões de anos atrás): marca o aparecimento de diversos organis-
mos invertebrados, dos primeiros organismos com conchas, dos peixes, das plantas terrestres,
dos insetos, dos anfíbios e dos répteis. Por outro lado, o final desta era é marca pela extinção de
várias espécies, estima-se que aproximadamente 80% da vida marinha desapareceu nesta era.
Durante esta era, o movimento das placas juntou todas as massas continentais em um único super-
continente chamado Pangea. Esta redistribuição de massa e terra gerou grandes mudanças climáticas que
se acredita ser a causa da grande extinção de espécies ocorrida nesta época.
Está subdividida em seis períodos:
Cambriano;
Ordoviciano;
Siluriano;
Devoniano;
Carbonífero;
Permiano.

Era Mesozóica (248 – 65 milhões de anos atrás): é marcada pelo aparecimento e extinção dos
dinossauros, e pelo surgimento dos primeiros pássaros e das primeiras plantas com flores. Está
subdividida em três períodos:
Triássico
Jurássico
Cretáceo

Era Cenozóica (65 milhões de


anos até os dias atuais): representa
a menor de todas as eras e que se
encontra melhor registrada. Marca
o aparecimento dos mamíferos e o
desenvolvimento da vida humana.
Está subdividida em dois períodos:
Terciário
Quaternário

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Datação relativa

A datação relativa é feita estabelecendo-se uma seqüência de eventos geológicos, ou seja, a idade
relativa diz quais as rochas mais velhas e quais as mais novas umas em relação às outras, apresentando a
seqüência de formação entre elas.
Os geólogos determinam a seqüência dos eventos geológicos que foram produzidos nas rochas de
uma determinada área usando certos princípios básicos, ajudados por seus conhecimentos de processos
fundamentais como sedimentação, vulcanismo e erosão. Estes princípios envolvem principalmente rela-
ções espaciais e conhecimentos de evolução biológica e análise de evidências fósseis. Os princípios mais
fundamentais da datação relativa são:

Uniformitarismo: este é o mais básico dos princípios usados para interpretar a história da
Terra e diz que os processos geológicos que ocorrem no presente são similares àqueles ocorri-
dos no passado. Desta forma, a observação de fenômenos geológicos modernos (terremotos,
vulcanismos, etc) pode ajudar a interpretar eventos antigos.

Horizontalidade e Superposição: a maior parte dos sedimentos são transportados em corpos


d’água (rios, oceanos...) e são depositados como camadas horizontais ou sub-horizontais. Essa
tendência é chamada de princípio da horizontalidade original. Quando as camadas apresentam-
se muito inclinadas significa que houve a atuação de forças tectônicas que as deformaram. O
princípio da superposição diz que as rochas são depositadas sob outras mais antigas, desta for-
ma, em uma seqüência de estratos rochosos inalterados os estratos mais jovens estarão no topo
e os mais antigos na base da seqüência.

Relações de cruzamentos e cortes: estas relações mostram que rochas ígneas intrusivas são
necessariamente mais novas do que as rochas onde elas penetram (intrudem), da mesma manei-
ra, falhas e dobras são posteriores à formação das rochas que elas fraturam ou deformam.

Fósseis: os fósseis são restos de organismos antigos ou evi-


dências de sua existência preservados no material geológico. O
estudo dos fósseis indica o período em que estes organismos se
desenvolveram no planeta e quando foram extintos.

Datação absoluta

Em geral, os cientistas preferem ter dados da idade das rochas quantificados em anos e não simplesmente
saber se a rocha A é mais nova ou mais velha que a rocha B. Desta forma, sempre que possível eles utilizam méto-
dos de datação absoluta para determinar a idade das rochas. Os dois métodos principais de datação absoluta são:

Datação Radiométrica: esse tipo de datação usa o decaimento de isótopos radiativos que são
por vezes incorporados na estrutura cristalina de alguns minerais formadores de rochas. São
usados principalmente isótopos de urânio, potássio e rubídio. Este método só consegue datar
materiais rochosos com mais de 100.000 anos de idade.
Datação com Carbono - 14: este método de datação utiliza o carbono-14 a partir de conchas,
plantas, polens, carapaças, etc. Este método pode ser usado em materiais entre 100 e 100.000
anos de idade. Em função disso, é possível datar, por exemplo, as glaciações mais recentes e os
eventos de subida ou descida no nível do mar.

Fundamentos de Geologia 23
Atividade Complementar
1. Qual a região de maior incidência de terremotos no mundo?

2. Quais as principais evidências apontadas pelos cientistas de que os continentes estariam juntos
há cerca de 200 milhões de anos e teriam migrado até as posições atuais?

3. Sabendo que as forças tectônicas podem romper ou deformar as rochas, explique o que são
“falhas” e o que são “dobras” e como são formadas.

4. Quais as principais diferenças entre os métodos de datação relativos e absolutos?

5. Explique o princípio do Uniformitarismo.

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MINERAIS E ROCHAS

CICLO DAS ROCHAS / MINERAIS FORMADORES


DAS ROCHAS

Além do valor econômico associado às rochas e aos minerais, todos os processos da Terra estão de
alguma forma ligados às propriedades destes materiais.

Você sabia?
Desta forma, o conhecimento básico dos materiais terrestres é essencial no conhecimento
dos fenômenos que ocorrem no planeta.

As rochas são divididas em três grupos, baseados em seu modo de origem: rochas ígneas, sedi-
mentares e metamórficas.
A inter-relação entre estes tipos de rochas é representada pelo ciclo das rochas. Com isso, o ciclo
das rochas demonstra também a integração entre diferentes partes do complexo sistema terrestre.
O ciclo das rochas nos ajuda a entender a origem das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas e a perce-
ber que cada tipo está ligado aos outros através de processos eu agem na superfície e no interior do planeta.

Tomando arbitrariamente um ponto de início para o ciclo das rochas, temos o magma. O magma
é um material derretido formado no interior do planeta. Eventualmente este material se resfria e
se solidifica. Este processo de solidificação do magma é chamado de cristalização. A cristalização
do magma pode ocorrer na superfície, através de erupções vulcânicas, ou ainda em subsuperfície
(no interior da crosta). Em ambos os casos as rochas geradas são chamadas de rochas ígneas.
Quando as rochas ígneas são expostas na superfície (devido a um levantamento crustal, erosão,
ou por já terem se cristalizado na superfície), sofrem a ação de agentes como a água, as variações
de temperatura, mecanismos de oxidação, etc. Estes agentes causam a desintegração e a decom-
posição das rochas na superfície num processo chamado de intemperismo.
Este material (partículas e/ou substâncias dissolvidas) resultante da desagregação e decompo-
sição das rochas é chamado de sedimentos. Os sedimentos são transportados pelos agentes
erosivos – água, gelo, vento ou ondas – e eventualmente são depositados.
Os sedimentos podem formar campos de dunas, planícies fluviais, mangues, praias, etc. Quando
os sedimentos são compactados, através da sobreposição de camadas de sedimentos umas
sobre as outras, ou cimentados, através da percolação de água contendo carbonato de cálcio
ou sílica, esses sedimentos então se convertem em rocha. Este processo de transformação de
sedimentos em rocha é chamado de litificação e resulta na formação de rochas sedimentares.
Se as rochas sedimentares forem submetidas a grandes temperaturas e pressões responderam às
mudanças nas condições ambientais com a recristalização e o rearranjo de seus minerais criando
o terceiro tipo de rocha – as rochas metamórficas. Essas mudanças ambientais podem ocor-
rer, por exemplo, se estas rochas forem envolvidas na criação de cadeias de montanhas através
de forças tectônicas, ou entrarem em contato com massas magmáticas (fluxos de magma).

Fundamentos de Geologia 25
Se as condições ambientais a que forem submetidas as rochas sedimentares forem capazes de
fundi-las, estas rochas serão transformadas em magma podem voltar a formar rochas ígneas.

Seguindo um outro caminho, as rochas ígneas podem, ao invés de serem desagregadas e de-
compostas na superfície, sofrer a ação de esforços compressionais e a elevação da temperatura e
pressão pode causar o metamorfismo destas rochas, vindo a formar rochas metamórficas.

As rochas metamórficas, quer sejam de origem ígnea ou de origem sedimentar, quando expostas
na superfície vão sofrer a ação dos agentes de intemperismo transformando-se em seixos, grãos,
partículas ou soluções dissolvidas sendo posteriormente depositados como sedimentos. Caso estes
sedimentos sejam litificados (cimentação e compactação), formará rochas sedimentares.

Num caminho inverso, as rochas sedimentares, expostas na superfície, sofrerão a ação dos
processos intempéricos e se desagregarão ou serão decompostas tornando-se novamente sedi-
mentos inconsolidados, compondo, por exemplo, planícies ou campos de duna.

Saiba mais!
Minerais são sólidos inorgânicos que ocorrem naturalmente na nature-
za, formados por elementos químicos em determinadas proporções e com um
sistemático arranjo interno.

Desta forma, os compostos sintéticos formados em labo-


ratório não são considerados minerais. Também os compostos
orgânicos, como o carvão (que é formado a partir de restos de
plantas sob altas temperaturas e pressões), não são considera-
dos minerais.
O diamante, a esmeralda, o quartzo, a biotita são exem-
plos de minerais.
Alguns minerais são chamados de gemas – são minerais preciosos ou semi-preciosos que apresentam
valor econômico, em geral devido à sua cor, brilho ou forma do cristal. Como os diamantes, rubis, safiras,
esmeraldas, ametistas, etc.

Minerais formadores das rochas

Saiba mais!
As rochas são agregados ou combinações
naturais de um ou mais minerais.

A crosta da Terra é composta essencialmente por oito elementos mais comuns que se combinam
para formar os minerais formadores das rochas. Estes elementos são o O (oxigênio), Si (silício), Al
(alumínio), Fe (ferro), Ca (cálcio), K (potássio), Na (sódio) e Mg (magnésio).

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Os dois elementos principais são o oxigênio e o silício. Estes se combinam para formar tetraedros de
silício-oxigênio. Esta estrutura básica forma o mais abundante grupo de minerais do planeta: os silicatos.

Os tetraedros de silício-oxigênio podem formar uma grande variedade de estruturas cristalinas e


compor minerais como quartzo, feldspatos (K-feldspato, plagioclásio), micas (biotita, moscovita), an-
fibólios, piroxênios e olivinas.
Alguns não-silicatos são também formadores de rochas. Os principais deles são os carbona-
tos (calcita, dolomita, por exemplo), os óxidos (como os óxidos ricos em ferro como a hematita
e a magnetita), os sulfetos (como a galena, sulfeto de chumbo, e a pirita, sulfeto de ferro) e os
sulfatos (como o gipso, sulfato de cálcio).

Atenção!
O texto abaixo serve para comple-
mentar o conteúdo apresentado sobre os
minerais formadores das rochas.

Minerais e rochas
Fonte: < http://www.geocities.com/paulac_onofre/>

Que são minerais? Substâncias produzidas artificialmente, ou


através de atividade orgânica (de animais e plantas),
Cristal Mineral não são consideradas minerais verdadeiros.
Com a notável exceção do mercúrio, os mi- Mais do que simples rochas
nerais são pesados, duros e compactos. São massas
As rochas são feitas de combinações específi-
sólidas que exibem formas chamadas cristais.
cas de minerais. As milhões de maneiras pelas quais
O cristal é uma substância de forma constan- os minerais podem se combinar resultam na imensa
te e regular. Isso significa que, mesmo quando re- variedade de rochas e paisagens que observamos na
duzido a pó, cada partícula ainda retém a forma do natureza.
cristal original. Esse é o modo como os minerais são
identificados. Tradições, mitos e lendas
Ao pensar nos minerais em termos de sua
Natural, artificial e inorgânico aplicação na indústria moderna e pela ciência, es-
Os minerais são substâncias naturais que se quecemos que, no passado, eram tidos como subs-
formam dentro de diferentes tipos de rochas. Para tâncias dotadas de propriedades mágicas, místicas e
extraí-los, às vezes é necessário cavar bem fundo medicinais. Algumas dessas crenças são surpreen-
– abrindo minas, poços e túneis. dentemente corretas, outras apenas bizarras.

Fundamentos de Geologia 27
O futuro previsto no quartzo de um espécime. Algumas cores só ocorrem em
determinados minerais, que por isso mesmo são
Durante milhares de anos as pessoas inventa- de grande valia para os artistas.
ram histórias extraordinárias a respeito dos minerais
Um dos atrativos dos minerais, que exerce fas-
e das pedras preciosas. Daí o grande número de tra-
cínio constante nas pessoas, é a gama de cores mara-
dições e lendas que envolvem a magia, a astrologia,
vilhosas que possuem, já que essas cores representam
a alquimia e simbolismos religiosos. O Santo Graal,
todo o espectro e toda e qualquer tonalidade que se
da Última Ceia de Cristo, segundo se dizia, era uma
possa imaginar. Muitos minerais são incorporados às
taça de esmeralda. A bola de cristal na qual os viden-
tintas usadas na pintura, em parte porque as tonalida-
tes previam o futuro era afeita de quartzo. Segundo
des são exclusivas e inimitáveis e, em parte, porque as
crenças antigas, certos minerais tornavam imunes a
cores derivadas de minerais costumam ser tremenda-
envenenamentos quem os possuísse. Acreditava-se
mente estáveis e não desbotam, mesmo em caso de
que algumas gemas acalmavam febres, curavam res-
prolongada exposição à luz, natural ou artificial.
saca e tornavam os guerreiros invencíveis. Os alqui-
mistas afirmavam que poderiam transformar metais Entre as cores mais fantásticas exibidas pelos
comuns em ouro ou prata. cristais, temos os vermelhos (prustita, cinabre, real-
gar), alaranjados brilhantes (crocoíta, wulfenita va-
nadinita), amarelos (trissulfureto de arsênico e enxo-
Propriedades de cura fre), verdes amarelados (autunita e outros minerais
Em tempos idos, acreditava-se que os minerais secundários do urânio), verdes brilhantes (dioptásio,
e as gemas tivessem propriedades de cura tão bené- esmeralda), azuis (lápis-lazúli, vivianita, azurita), vio-
ficas e eficazes quanto as plantas. Em alguns casos, láceas (ametista, fluorita, kamerita), entre outras.
a evidência científica apóia a teoria: o sal de Epsom Alguns minerais têm uma determinada cor em
ou sal amargo, por exemplo, de fato alivia o sistema estado natural, mas adquirem outra totalmente dife-
digestivo. Mas outras idéias antigas, tais como engo- rente quando moídos. Um bom exemplo disso é a
lir ametista moída para evitar ressaca, não passam de hematita, um óxido de ferro muito comum, normal-
histórias da carochinha, e provavelmente provocaram mente negro quando cristal. Entretanto, apresenta
mais danos físicos do que cabeças desanuviadas. uma cor de traço vermelho-profunda e produz um
Da mesma forma, é altamente improvável que a pigmento amplamente usado desde os tempos anti-
ágata moída, ingerida junto com vinho, fosse capaz de gos. O nome da hematita vem da palavra “sangue”
curar ferimentos expostos, ou que as safiras, mistura- em grego, justamente em função de sua cor.
das ao leite, conseguissem acalmar cólicas intestinais. A cor de um mineral pode variar bastante de
um espécime a outro, dificultando a identificação,
Isso se deve a impurezas locais e a elementos quími-
Talismãs e amuletos cos adjacentes que podem ter afetado parcialmente
As gemas têm sido usadas como talismãs e sua aparência. A melhor maneira de tirar conclusões
amuletos desde o princípio da história do homem. acertadas sobre a identidade de um mineral tendo
Eram objetos supostamente dotados de poderes por base a cor é examina-la em conjunto com o bri-
sobrenaturais ou mágicos – principalmente com o lho desse mineral – ou seja, com o brilho da superfí-
poder de evitar o mal ou o infortúnio. cie ou com a qualidade de sua luz reflexa.

De início, entoavam-se fórmulas cabalísticas


em torno de talismãs e amuletos para investi-los de Dureza, clivagem e fragmentação dos
poderes mágicos, mas as civilizações posteriores minerais
começaram a inscrever essas fórmulas mágicas nos
próprios amuletos e talismãs. A dureza de um mineral e seu grau de fragmen-
tação (caso haja) são determinados pela estrutura crista-
As cores dos minerais, além de ser em geral
lina do espécime e pela maneira como seus componen-
maginíficas e atraentes, fornecem pistas impor-
tes se ligam. A dureza e a clivagem de um mineral estão
tantes para a identificação deles. Cores mais vivas
entre as propriedades mecânicas mais fáceis de serem
ou inusitadas aumentam muito o valor comercial
observadas pelo mineralogista amador; mas as provas

28 FTC EAD | BIO


que fornecem raramente bastam para se estabelecer em materiais. Em geral, o grau de dureza é bastante alto
definitivo a identidade de um espécime desconhecido. em minerais com estruturas internas compactas,
nas quais os átomos se encontram o mais próximos
Dureza possível uns dos outros e onde os elos em forma de
andaime entre os átomos são muito fortes.
A dureza poderia ser definida como a capaci-
dade de um mineral de resistir à abrasão de outros

Fundamentos de Geologia 29
O diamante, a mais dura das substâncias naturais, quando os planos da estrutura não são paralelos.
é uma forma de carbono que tem tanto uma estrutura Neste caso, a estrutura do mineral afetado é frágil e
interna muito compacta quanto elos muito fortes entre se parte de modo desigual em direções diferentes.
os cristais. A grafita – uma outra forma (alotrópica) de Muitos minerais têm fratura e clivagem, mas alguns
carbono, quimicamente idêntica ao diamante – é mais só têm a fratura.
mole e fraca que o diamante porque seus átomos estão Usamos quatro graus de fratura para descre-
dispostos em camadas que podem ser deslocadas umas ver os minerais: irregular, desigual, concóide (seme-
das outras com relativa facilidade. lhante a uma concha) e lascado ou denteado (com
A dureza de um mineral não é necessaria- superfícies recortadas, irregulares).
mente a mesma em todas as direções. A bela gema Nunca se deve esquecer que, a exemplo do
azul de cianita, por exemplo, tem dureza 4 quando que ocorre com a dureza, até certo ponto a cliva-
riscada no sentido da superfície dos cristais, mas gem é melhor para descrever os minerais do que
uma dureza 7 quando riscada na transversal. para defini-los em termos estritamente científicos.

Escala de Mohs Magnetismo


Infelizmente, medir a dureza dos minerais O magnetismo é uma força que tanto pode
não é a melhor forma de defini-los, embora o mé- atrair para perto quanto afastar para longe certas
todo seja útil para descrevê-los. A Escala de Mohs é substâncias. Há vários minerais magnéticos e um
apenas um meio grosseiro e instantâneo de compa- dos mais comuns é a magnetita. Conhecida tam-
ração entre minerais, não uma medição cientifica- bém como pedra-ímã, a magnetita ocorre em ro-
mente precisa. Mas, apesar das limitações, a Escala chas ígneas e metamórficas no mundo todo.
de Mohs continua sendo perfeitamente adequada e
o método mais comum para uso geral.
Pólos magnéticos
Clivagem Uma das propriedades mais importantes dos
materiais magnéticos é a formação de dois pólos.
A clivagem é a tendência que têm os mine- Um é chamado “pólo norte”, o outro “pólo sul”.
rais de se partir em certas direções. A facilidade da Pólos iguais (norte e norte; sul e sul) forçam o afas-
clivagem varia muito de mineral a mineral. Utili- tamento mútuo, ao passo que pólos opostos atra-
zamos quatro graus de clivagem: perfeita, distinta, em-se. Se você pegar dois pedaços de rocha natu-
indistinta, inexistente. A direção da clivagem é sem- ralmente magnética, como a magnetita (óxido de
pre paralela à face cristalina possível ou existente. ferro), elas se atraem ou se repelem, dependendo
Entre os minerais que têm clivagem perfeita estão das extremidades que forem postas juntas. A regra
a barita, a calcita, a clorita, o diamante, a galena, a é: pólos iguais repelem; pólos diferentes atraem.
hemimorfita, a rodonita e o topázio.
Essa regra continua valendo independente-
mente de como você divida a substância magnética.
Fratura e ruptura Se, por exemplo, você partir um magneto em dois
pedaços, terá não um magneto quebrado e sim dois
A clivagem é diferente da fratura. A cliva-
magnetos, cada qual com um pólo norte e um pólo
gem só acontece ao longo das linhas da estrutura
sul próprios. Se em seguida você partir os dois, terá
cristalina, mas a fratura pode ocorrer no sentido
quatro magnetos e assim sucessivamente.
transversal. Outro efeito, chamado ruptura, ocorre

30 FTC EAD | BIO


Radioatividade natural dos minerais Tudo isso é extremamente útil para os geólo-
gos porque, uma vez que a duração da meia-vida de
Alguns elementos químicos que compõem um elemento tenha sido descoberta, é muito sim-
os minerais e as gemas nem sempre são estáveis, ples calcular a idade das rochas circundantes pelo
e podem partir-se espontaneamente nas partículas grau de decomposição encontrado nos elementos
atômicas constituintes. Quando isso ocorre, são radioativos que contêm.
emitidas várias formas de radiação. Esse fenômeno
importante foi descoberto recentemente.
Gemas animais
Radioatividade Algumas das mais belas e valiosas preciosida-
des da Terra não são originárias de rochas, mas de
Um dos fatos mais importantes para se ter organismos vivos, tanto vegetais como animais. As
em mente, em relação à radioatividade natural, é descritas a seguir são algumas das mais conhecidas.
que ela não é influenciada por mudanças químicas
ou por quaisquer mudanças normais no ambiente
Âmbar
do material na qual ocorre. A radioatividade é mui-
to diferente de qualquer reação que se possa obter O âmbar é uma resina viscosa, castanha ou
por aquecimento, por exemplo, ou por qualquer amarelada, liberada (“secretada”) pelas coníferas e
outra forma de reação química. depois fossilizada. Pode conter coisas como inse-
tos, folhas, etc., que ficam presas na sua resina pe-
A radioatividade pode ser definida como desin-
tegração espontânea de certos núcleos atômicos. (O gajosa antes que ela se solidifique. Entre as inúme-
núcleo é a parte central do átomo, a que contém a ras coisas já encontradas dentro de fragmentos de
maior parte de sua massa.) Sempre que ocorre radio- âmbar estão bolhas de ar, folhas, pinhas, pedaços
de madeira, insetos, aranhas e até rãs e sapos. As
atividade, ela é acompanhada pela emissão de partícu-
bolhas de ar empanam o brilho do âmbar; sendo
las alfa (núcleos de hélio), partículas beta (elétrons) ou
radiação gama (ondas eletromagnéticas curtas). em geral removidas através de tratamento térmico.
Ao contrário, muitos dos corpos estranhos men-
Minerais radioativos são os que contém ele-
cionados aumentam de modo considerável o valor
mentos químicos instáveis ou variedades raras e
da peça, especialmente se dentro dela estiver uma
instáveis de certos elementos que ocorrem mais
espécie rara ou extinta.
comumente em forma estável. Esses minerais de-
compõem-se naturalmente e, quando isso acontece, O melhor e mais valioso âmbar é transparen-
liberam enormes quantidades de energia em forma te, e fragmentos extremamente polidos são usados
de radiação. A taxa de decomposição natural varia para fazer amuletos e contas. Quando friccionado,
de elemento para elemento e o tempo que leva para o âmbar dá origem à eletricidade estática.
que metade dos átomos de qualquer elemento ra- Os principais depósitos de âmbar no mundo
dioativo se desintegre é conhecido como sua meia- são encontrados no litoral norte da Alemanha: o
vida. O processo de desintegração prossegue e não âmbar pode ser levado pelas águas, do leito do mar
se encerra após uma meia vida. Depois de transcor- Báltico até as praias da Grã-Bretanha. Eis outros
ridas duas meias-vidas, restará ¼ do elemento ori- lugares em que o âmbar é encontrado: Myanma
ginal; depois de três períodos, restará 1/8; depois (ex-Birmânia), Canadá, República Tcheca, Repúbli-
de quatro períodos, 1/16, e assim por diante. ca Dominicana, França, Itália e Estados Unidos.

Isótopos Coral
Os núcleos atômicos de um determinado As mais grandiosas estruturas criadas por se-
elemento nem sempre têm a mesma composição. res vivos não são de autoria do homem, mas sim de
Essas variantes do mesmo elemento básico são organismos minúsculos que se unem, formando os
conhecidas como radioisótopos ou isótopos, sim- recifes de coral.
plesmente. Embora as variantes tenham o mesmo
número de prótons da forma básica do elemento, O coral é constituído por esqueletos de ani-
têm um número diferente de nêutrons. mais marinhos chamados pólipos de coral, perten-

Fundamentos de Geologia 31
centes à classe zoológica anthozoa. Estes pólipos molusco secreta camadas de carbonato de cálcio.
têm corpos ocos e cilíndricos, e, embora algumas Essas secreções – que de início têm o nome
vezes vivam sozinhos, são com maior freqüência de nácar ou madrepérola – circundam o corpo es-
encontrados em grandes colônias, onde se desen- tranho invasor, e vão construindo sobre ele uma
volvem, um em cima do outro, acabando por cons- casca que endurece com o passar dos anos: esse
tituir grandiosas formações geográficas, como os processo protege o molusco contra o intruso, for-
recifes de coral e atóis. Esses esqueletos são for- necendo ao homem uma das suas mais preciosas
mados de carbonato de cálcio (rocha calcária), que riquezas, a belíssima pérola.
com o passar dos anos se torna maciço.
As pérolas podem ser redondas ou irregula-
O coral pode existir apenas em águas com tem- res, e são brancas ou negras. As pérolas naturais são
peratura acima de 22°C – embora a maior parte deles originárias do golfo Pérsico, do golfo de Manaar,
seja encontrada em águas tropicais, há alguns nas regi- que separa a Índia do Sri Lanka e do mar Verme-
ões mais quentes do mar Mediterrâneo. Pode ser azul, lho. As pérolas de água doce são encontradas nos
rosa, vermelho ou branco. O coral vermelho é o mais rios da Áustria, França, Alemanha, EUA (Mississi-
valioso, e há milhares de anos é usado em jóias. pi), Irlanda e Grã-Bretanha (Escócia).
As pérolas cultivadas – isto é, pérolas cuja
Marfim
produção é artificialmente induzida pela inserção
O marfim é uma espécie de dentina que for- deliberada de uma pequena conta que incita a ostra
ma as presas de grandes animais selvagens – espe- a criar uma pérola – são produzidas principalmente
cialmente dos elefantes, mas também de hipopó- no Japão, onde as águas rasas do litoral propiciam
tamos e javalis. Os mamíferos marinhos como o condições ideais para isso.
cachalote, o narval, o leão-marinho e a morsa tam-
bém são capturados por causa dele. O marfim tem Azeviche
cor branca cremosa, é um material raro e bonito,
e, embora seja muito utilizado em decoração des- O azeviche é uma variedade de carvão e ,como
de o começo da humanidade – uma peça de presa tal, foi formado há milhões de anos, originário da ma-
de mamute entalhada, encontrada na França, tem deira imersa em água estagnada e depois comprimida
mais de 30 000 anos -, houve nos últimos 50 anos e fossilizada por camadas posteriores do mesmo ma-
uma mudança radical de atitude em relação ao esse terial e de outros, que se acumularam por cima dele.
tipo de exploração dos animais para o benefício e Sabe-se que o homem extrai o azeviche des-
prazer do homem. Muitos que antes teriam cobi- de 1400 a.C., e durante a ocupação da Grã-Breta-
çado peças de marfim agora são estimulados a usar nha os romanos davam-lhe tanto valor que muitos
alguns de seus muitos substitutos, como o marfim carregamentos desse material eram freqüentemen-
vegetal, osso, chifre e jaspe. No entanto, apesar da te enviados para Roma.
conscientização cada vez mais generalizada a res-
A beleza do azeviche é acentuada pelo po-
peito do problema, e da legislação internacional
limento, e por causa de sua cor negra era muito
que protege os animais sob ameaça de extinção, os
procurado no século XIX para fazer adornos usa-
elefantes continuam a ser caçados em muitas regi-
dos em ocasiões de luto. Como o âmbar, o azeviche
ões da África e da Índia por caçadores clandestinos
gera eletricidade estática quando friccionado.
de marfim, e ainda correm perigo de extinção.

Pérola Fósseis

As pérolas são formadas por ostras e me- O que são fósseis?


xilhões de água doce como um tipo de proteção Fósseis são restos preservados de plantas ou
contra parasitas ou grãos de areia que penetram em animais mortos que existiram em eras geológicas
suas conchas, causando irritação. passadas. Em geral apenas as partes rígidas dos or-
Ao se iniciar o processo de irritação, uma cama- ganismos se fossilizam – principalmente ossos, den-
da de tecido – “manto” – entre a concha e o corpo do tes, conchas e madeiras. Mas às vezes um organismo

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inteiro é preservado, o que pode ocorrer quando as mos muito delgados, como folhas, por exemplo, são
criaturas ficam presas em resina de âmbar; ou então chamados de impressões. Quando pegadas, rastros
quando são enterradas em turfeiras, depósitos sali- ou fezes fossilizadas (coprólitos) são assim prensa-
nos, piche natural ou gelo. Entre as muitas descober- dos e preservados chamam-se vestígios fósseis.
tas fascinantes feitas em regiões árticas extremamen- As melhores condições para a fossilização
te geladas como o norte canadense e a Sibéria, na surgiram durante sedimentações rápidas, principal-
Rússia, temos os restos perfeitamente preservados mente em regiões onde o leito do mar é profundo o
de mamutes e rinocerontes lanudos. bastante para não ser perturbado pelo movimento
Essas descobertas são excepcionais e, quando da água que há por cima.
ocorrem, chegam às manchetes do mundo inteiro. Em termos gerais, todo fóssil deve ter a mesma
A maioria dos fósseis transforma-se em pe- idade do estrato de rocha onde se encontra ou, pelo
dra, um processo que leva o nome de petrificação. menos, deve ser mais jovem que a camada diretamen-
De modo geral existem três tipos de fossili- te abaixo e mais velho que a camada diretamente aci-
zação. O primeiro é chamado de permineralização. ma dele. Existe, porém, um pequeno número de exce-
Isso acontece quando líquidos que contém sílica ou ções, quando o estrato provém de alguma rocha mais
calcita sobem à superfície e substituem os compo- velha e se depositou numa rocha mais nova através de
nentes orgânicos originais da criatura ou planta que processos de sedimentação ou metamorfose.
ali morreu. O processo leva o nome de substituição Portanto, quando o cientista sabe a idade da
ou mineralização. Em quase todo o mundo existem rocha é capaz de calcular a idade do fóssil. Talvez
ouriços-do-mar silicificados em depósitos de gre- o resultado mais espetacular disso tenha ocorrido
da; eles constituem um dos principais fósseis que no século XIX, quando cientistas britânicos des-
você deve procurar em suas excursões. cobriram os restos de misteriosas criaturas que, de
Quando o organismo fossilizado contém te- acordo com os estratos circundantes, teriam for-
cidos moles – carne e músculos, por exemplo -, o çosamente existido há pelo menos 65 milhões de
hidrogênio e o oxigênio que compunham essa estru- anos. Esses animais de aspecto tenebroso – que até
tura em vida são liberados, deixando para trás apenas então eram completamente desconhecidos do ser
o carbono. Este forma uma película negra na rocha humano – foram batizados de “dinossauros”, pala-
que delineia o contorno do organismo original. Esse vra de origem grega que significa “lagartos terríveis”.
contorno chama-se molde, e os moldes de organis-

ROCHAS ÍGNEAS

Como já foi dito anteriormente, as rochas ígneas são formadas pela cristalização do magma quando
este se resfria.
O magma (rocha fundida) vem de profundidades geralmente acima de 200 km e consiste primaria-
mente de elementos formadores de minerais silicatados (minerais do grupo dos silicatos, formados por
silício e oxigênio, acrescidos de alumínio, ferro,
cálcio, sódio, potássio, magnésio, dentre outros).
Além destes elementos, o magma também contém
gases, principalmente vapor d’água.
Saiba mais!
As erupções vulcânicas lançam para
Como o magma é menos denso que as
superfície fragmentos de rocha e fluxos
rochas, ele migra tentando ascender à superfí-
de lava. A lava é similar ao magma, contu-
cie, num trabalho que leva centenas a milhares
do, na lava, a maior parte dos gases consti-
de anos. Chegando à superfície o magma extra-
tuintes do magma já escapou.
vasa produzindo as erupções vulcânicas.

Fundamentos de Geologia 33
As grandes explosões que às vezes acompanham as erupções vulcânicas são produzidas pelos gases
que escapam sob pressão confinada.
As rochas resultantes da solidificação ou cristalização da lava geram dois tipos de rocha:

Rochas vulcânicas ou extrusivas: são as que se cristalizam na superfície;

Rochas plutônicas ou intrusivas: são aquelas que se cristalizam em profundidade.

À medida que o magma se resfria, são criados cristais de minerais até que todo o líquido é transfor-
mado em uma massa sólida pela aglomeração dos cristais.
A razão ou taxa de resfriamento influencia do tamanho dos cristais gerados:

Quando o resfriamento se dá de forma lenta os cristais têm tempo suficiente para crescerem,
então a rocha formada terá grandes cristais, ou seja, a rocha será constituída por poucos e bem
desenvolvidos cristais;

Quando o resfriamento se dá de forma rápida ocorrerá a formação de um grande número de


pequenos cristais.

Saiba mais!
Desta forma, se uma rocha ígnea apresenta cristais que são visíveis apenas com o auxílio de
um microscópio, sabe-se que ela se cristalizou muito rápido. Mas, se os cristais identificados a olho
nu, então essa rocha se cristalizou lentamente.

Em geral, as rochas vulcânicas se cristalizam rapidamente pela brusca mudança de condições de


temperatura quando a lava chega á superfície, já as rochas plutônicas geralmente se cristalizam mais len-
tamente em regiões mais profundas.

Como se classificam as rochas ígneas?

As rochas ígneas podem variar muito de composição e aparência física. Isso ocorre devido às dife-
renças na composição do magma, da quantidade de gases dissolvidos e do tempo de cristalização.
Existem dois principais modos de classificar as rochas ígneas: com base na sua textura e com base
na sua composição mineralógica.

Classificação das rochas ígneas de acordo com sua textura


A textura descreve a aparência geral da rocha, baseada no tamanho e arranjo dos cristais. A textura
é importante porque revela as condições ambientais em que a rocha foi formada.

Afanítica: as rochas apresentam pequenos cristais muito pequenos. Estas rochas podem ter se
cristalizado próximo ou na superfície.

34 FTC EAD | BIO


Em algumas situações, essas rochas podem mostrar pequenos buracos formados devido ao escape
de gases durante a sua cristalização que são chamados de vesículas.

Fanerítica: são formadas quando as massas de magma se solidificam abaixo da superfície e os


cristais têm tempo suficiente para se desenvolverem. Neste caso a rocha apresenta cristais gran-
des, que podem ser individualmente identificados.

Porfirítica: como dentro do magma os cristais não são formados ao mesmo tempo, alguns
cristais podem ser formados enquanto o material ainda está abaixo da superfície. Se ocorrer a
extrusão deste magma, os cristais formados anteriormente, quando o magma estava no interior
da crosta, ficarão emersos em um material mais fino solidificado durante a erupção vulcânica.
O resultado é uma rocha com cristais grandes emersos em uma matriz de cristais muito finos.
Esses cristais maiores são chamados de pórfiros, daí a textura recebe o nome de porfirítica.

Vítrea: a textura vítrea ocorre quando, durante as erupções vulcânicas, o material se resfria tão
rapidamente em contato com a atmosfera que não há tempo para ordenar a estrutura cristalina.
Neste caso não são formados cristais e sim uma espécie de vidro natural.

A mais comum destas rochas é conhecida como obsidiana. Um outro tipo de rocha vulcânica que
exibe a textura vítrea é a púmice (vendida comercialmente como pedra púmice). Diferentemente da ob-
sidiana, a púmice exibe muitos veios de ar interligados, como uma esponja, devido ao escape de gases.
Algumas amostras de púmice inclusive flutuam na água devido a grande quantidade de vazios.

Classificação das rochas ígne-


as de acordo com sua composição
mineralógica
Você sabia?
O cientista N. L. Bowen descobriu que,
A composição mineral das rochas ígne- em magmas resfriados em laboratório, certos
as depende da composição química do magma minerais se cristalizam primeiro, em tempera-
a partir do qual estes minerais serão formados. turas muito altas. Com o abaixamento suces-
Contudo, um mesmo magma pode produzir ro- sivo da temperatura, novos cristais vão sendo
chas de composição mineral muito diversa. formados. Ele descobriu também que os cris-
Esta seqüência de cristalização é conhe- tais formados reagem com o magma restante
cida como série de cristalização magmática ou para criar o próximo mineral.
Série de Bowen.

Fundamentos de Geologia 35
Todos estes minerais que fazem parte da Série de Bowen são espécies de silicatos, ou seja, são com-
postos de sílica (silício e oxigênio) associada a algum ou alguns outros elementos químicos, como ferro,
cálcio, magnésio, alumínio, potássio, etc.
As rochas ígneas são classificadas em quatro grupos principais de acordo com o percentual de sílica
presente em cada uma delas:

Rochas ultramáficas: o termo “máfico” vem de magnésio e ferro. As rochas ultramáficas são
compostas por silicatos de ferro e magnésio (olivina e piroxênio) e apresentam relativamente
pouca sílica (menos que 40%).

A rocha ultramáfica mais comum é o peridotito. O peridotito apresenta uma cor verde e é muito
denso. Em geral se cristaliza abaixo da superfície, mostrando uma textura fanerítica. É composto por 70
a 90% de olivina.

Rochas máficas: as rochas máficas contém entre 40 e 50% de sílica e são compostas princi-
palmente por piroxênio e plagioclásio cálcico. Este é o tipo de rocha ígnea mais abundante na
crosta, e o seu representante principal é o basalto. O basalto é uma é rocha escura, relativamente
densa e com textura afanítica, pois se cristaliza na superfície ou próximo a ela. Os basaltos
são as rochas predominantes nas placas oceânicas e são os principais constituintes
de várias ilhas vulcânicas, como as ilhas do Havaí. Os basaltos também cons-
tituem vastas áreas do Brasil, principalmente no Paraná. O equivalente plutô-
nico do basalto é o gabro, ou seja, quando o magma de composição basáltica
cristaliza em profundidade (abaixo da superfície) forma uma rocha chamada
de gabro, que apresenta textura fanerítica.

Rochas intermediárias: as rochas ígneas intermediárias contêm cerca de


60% de sílica. Além do plagioclásio cálcico e dos minerais ricos em ferro
e magnésio, como os piroxênios e anfibólios, contém também minerais ricos
em sódio e alumínio, como biotita, muscovita e feldspatos. Podem apresentar
também uma pequena quantidade de quartzo.

A rocha vulcânica intermediária mais comum é o andesito e o seu equivalente plutônico é o diorito.
O primeiro apresenta textura afanítica enquanto que o segundo apresenta textura fanerítica.

Rochas félsicas: o termo “félsico” vem de feldspato e sílica. Rochas ígneas félsicas
contêm mais que 70% de sílica. São geralmente pobres em ferro, magnésio e cálcio.
São ricas feldspato potássico, micas (biotita e muscovita) e quartzo. A rocha íg-
nea félsica mais comum é o
granito. O granito é uma ro-
cha ígnea plutônica. Como
o magma félsico é mais vis-
Saiba mais!
coso (por ser pobre em água), As rochas ultramáficas e máficas
geralmente se cristaliza antes de contêm os primeiros minerais da Série
chegar à superfície, por isso as ro- de Bowen, ou seja, são minerais que se
chas félsicas plutônicas são mais comuns. cristalizam a temperaturas muito altas
Quando este magma consegue chegar à super- (acima de 1000°C). Já as rochas félsicas
fície, extravasando em intensas erupções, a ro- contêm os últimos minerais a se crista-
cha formada é o riolito. lizarem, com temperaturas mais baixas
(abaixo de 800°C).

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Atividade Vulcânica no Planeta

Saiba mais!
Vulcões são formas de relevo criadas quando a lava
ou partículas quentes escapam do interior da Terra e se
resfriam e solidificam em torno das aberturas na crosta de
onde escaparam (cratera vulcânica).

As erupções vulcânicas podem representar o evento natural mais destrutivo do planeta. Um exem-
plo deste poder de destruição foi a erupção na Ilha de Krakatoa, na Indonésia, em 1883. A erupção do
vulcão que estava inativo por mais de dois séculos atingiu quase 305m acima do nível do mar e destruiu
toda a ilha. Apesar desta ilha ser desabitada, a erupção gerou ondas de até 37m de altura, deixando entre
36.000 e 100.000 mortos em Java e Sumatra.
Contudo, apesar de seu grande poder de destruição, os vulcões trazem também alguns be-
nefícios importantes.
Parte do oxigênio e do hidrogênio liberado pelos
vulcões se combina para formar a água do planeta; o
nitrogênio e o oxigênio se combinam com outros com- Você sabia?
ponentes para formar os gases da atmosfera. A atividade vulcânica também
Além disso, os vulcões trazem informações do tem construído diversas ilhas habita-
interior da Terra, que de outra forma seriam inacessí- das como o Japão, o Havaí, o Tahiti,
veis. O magma ascendente carrega pedaços de rocha e muitas outras ilhas do Pacífico. As
do interior do manto para a superfície. Depósitos de cinzas vulcânicas retêm água e nu-
origem vulcânica preservam vários tipos de fósseis, trientes (como potássio, cálcio e só-
fornecendo informações sobre extintas formas de vida, dio), gerando solos muito férteis.
inclusive de ancestrais humanos.

Causas e tipos de Vulcanismos

O vulcanismo ocorre com a criação do magma através da fusão de rochas preexistentes e culmina
com a ascensão deste magma para a superfície através de fraturas e falhas na litosfera. A distribuição
destas zonas de fraqueza na litosfera (fraturas e falhas) está geralmente associada com limites de placas
tectônicas ou com a existência de plumas quentes (hot spots) no interior das placas.
O magma flui e entra em erupção de formas distintas a depender do seu conteúdo de gases e da
sua viscosidade ou resistência ao fluxo:
Devido às altas temperaturas e conteúdo de sílica relativamente baixo, o magma máfico (lava basáltica)

Fundamentos de Geologia 37
tem baixa viscosidade (alta fluidez). Como os gases escapam rapidamente não causam uma grande pressão.
Por estes motivos, este tipo de magma geralmente entra em erupção de forma branda ou efusivamente.
Magmas félsicos (lava riolítica), com alto conteúdo de sílica e baixa temperatura, são mais viscosos e
trapeam seus gases, causando altas pressões. Geralmente esses magmas apresentam erupções explosivas.
As erupções explosivas da lava riolítica lançam fragmentos de rocha preexistentes e de lava solidificada
(pois são caracteristicamente de baixas temperaturas). Esse material lançado é chamado de piroclastos.
O vulcanismo não está restrito só à Terra. Ele tem ocorrido m vários locais do Sistema Solar no
passado e continua ocorrendo nos dias atuais.
Vulcões ativos no passado (cerca de 3 bilhões de anos atrás) são responsáveis por muitas das
rochas e formas de relevo encontradas na nossa Lua. Atividade vulcânica recente foi também de-
tectada em marte e em Vênus.

Atenção!
O texto abaixo serve para complemen-
tar o conteúdo apresentado sobre os minerais
formadores das rochas.

Vulcanismo e Vulcões – Generalidades


Serviço Geológico do Brasil - CPRM -
Fonte: <http://www.cprm.gov.br/Aparados/vulc_pag01.htm>

1. Introdução Os magmas são definidos como substâncias


naturais, constituídas por diferentes proporções de
De acordo com Leinz (1963), “o termo vulca- líquidos, cristais e gases, cuja natureza depende de
nismo aborda todos os processos e eventos que per- suas propriedades químicas, físicas e do ambiente ge-
mitam, e provoquem, a ascensão de material mag- ológico envolvido. Atualmente, classificam-se como
mático juvenil do interior da terra à superfície”. magmas primários quando estes representam o lí-

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quido inicial obtido imediatamente à fusão da fonte, A - Margens de Placas Destrutivas (Placas
e parentais, quando representam o líquido primário Convergentes)
já modificado por mecanismos de diferenciação. B - Margens de Placas Construtivas (Placas
Historicamente, os processos responsáveis Divergentes)
pelo vulcanismo foram atribuídos a diferentes cau- C - Vulcanismo Intraplaca Continental
sas; Platão (427-347 a.C) suspeitava da existência
de uma corrente de fogo no interior da terra como D - Vulcanismo Intraplaca Oceânica
fonte causadora dos vulcões. Poseidônio (século II
a.C.) acreditava que o ar comprimido em cavernas
O vulcanismo fissural responsável pelo Mag-
subterrâneas seria a causa do fenômeno, e durante
matismo Serra Geral, Bacia do Paraná, é considerado
a Idade Média, relacionava-se o fogo eterno do in-
como um dos maiores conjuntos de derrames con-
ferno com as profundezas da crosta terrestre.
tinentais do planeta, e está condicionado a uma situ-
No início do século XIX ficou definitiva- ação de rift Intraplaca Continental gerada pela atua-
mente estabelecido que os vulcões são formados ção de uma pluma de manto (Tristão da Cunha).
quer pelo acúmulo externo de material juvenil,
quer pelo soerguimento das camadas pré-existentes
por forças do interior da terra. A. Geike em 1897 2.1 Vulcanismo associado a placas
postulava a possibilidade da ascensão ativa de destrutivas
material magmático ao longo da crosta, poden-
do, neste processo, formar um conduto explosi- Este vulcanismo é decorrente do choque
vo. Em 1902/03, houve a explosão do Mont Pelée, entre duas placas tectônicas, onde uma placa de
Martinica, formando um enorme cone vulcânico, o maior densidade, normalmente a fração oceânica,
que confirmou a veracidade da proposta de Geike. é empurrada para baixo de uma zona continental,
levando à fusão e à geração de magmas híbridos
Os vulcões são responsáveis pela liberação
(mistura entre as composições do continente e do
de magmas acima da superfície terrestre e funcio-
oceano), que chegam à superfície sob a forma de
nam como válvula de escape para magmas e gases
extensos vulcões, como a cordilheira andina. Estas
existentes nas camadas inferiores da litosfera. Mag-
placas destrutivas podem ser de duas naturezas:
mas primários provêm de câmaras magmáticas po-
sicionadas a profundidades da fonte que normal- a - Placas Oceânicas
mente oscilam entre os 50 a 100 km, onde ocorrem b - Placas Continentais
concentrações de calor, fusões e fluxo de voláteis,
condições estas que levam ao aumento da pressão O choque pode ser entre uma placa oceânica
necessária à subida do magma através de condutos, e uma continental, entre duas placas oceânicas, ou
que por sua vez levam à formação dos vulcões. entre duas placas continentais, gerando diferentes
situações de vulcanismo e tipos de magma.
2. Posicionamento tectônico dos vulcões
A crosta terrestre é formada por Placas Tec- 2.1.1 Vulcanismo associado ao choque de
tônicas de composições distintas, que estão constan- Placa Oceânica vs Placa Continental
temente em movimento, produzindo instabilidades
na crosta e grande atividade vulcânica. Os diferentes Corresponde às faixas onde ocorre a subducção
limites entre estas placas geram processos tectônicos da litosfera oceânica por sob a crosta continental em di-
distintos, cada um responsável por um processo vulcâ- reção ao manto, sendo a região responsável pelos mais
nico, que por sua vez demarcam os grandes acidentes significativos fenômenos tectônicos expressos pela tec-
da litosfera. A localização destas linhas de vulcões é tônica de placas atual. O exemplo característico deste
classificada em função dos movimentos gerados pelo tipo de vulcanismo acha-se nos vulcões andinos.
deslocamento destas placas, e baseado neste contexto
de placas tectônicas, Wilson (1989) definiu quatro re-
giões distintas para a geração de magmas:

Fundamentos de Geologia 39
2.1.2 Vulcanismo Associado ao choque tônicas, seja ao longo das bordas destrutivas, seja
de Placa Oceânica vs Placa Oceânica nas construtivas. Entretanto, o vulcanismo também
Na situação geológico-geográfica em que duas está presente no interior das placas, tanto continen-
placas oceânicas convergem e se chocam, a feição ca- tais quanto oceânicas. Este vulcanismo se expressa
racterística resultante é a construção de um arco de de duas formas especiais:
ilhas oceânicas, ao longo de um eixo normalmente a - Zonas de Rifts Continentais;
curvo, as quais formam um front vulcânico. Alguns b - Províncias de Extrusão Continentais
exemplos de arcos podem ser exemplificados, como do Tipo Platô.
o Arco das Marianas, na placa do Pacífico e o Arco
das Aleutas, o qual distribui-se por aproximadamente Os vulcões associados ao rift do Leste Afri-
3.800 km, indo de Kanchatka ao Alaska e contendo cano, posicionados fundamentalmente no Kenya e
cerca de 80 centros vulcânicos ativos. Os maiores sis- Etiópia, são exemplos característicos da atividade
temas de arcos de ilhas ocorrem ao longo do Oceano vulcânica intraplaca continental.
Pacífico, Oceano Atlântico e Indonésia, destacando-
se os da Nova Guiné, Marianas-Izu, Ilhas Salomão,
Antilhas Menores, Sunda-Bando, Ryuku e as Aleutas. 2.3.1 Zonas de Rifts Continentais

As zonas de rifts caracterizam-se por serem


2.2 Vulcanismo associado a placas áreas com uma depressão central, flancos soergui-
construtivas dos e adelgaçamento crustal subjacente. Fluxos ge-
otermais, zonas de soerguimento crustal e eventos
Quando as placas tectônicas migram em vulcânicos estão normalmente associados a estes
sentidos opostos, ou seja, apresentam um sentido ambientes. O leste do continente Africano é um
de movimentação divergente, ao longo da zona de exemplo típico deste tipo de modificação crustal,
separação entre estas placas gera-se uma imensa onde esta ocorrendo a abertura do Mar Vermelho,
fenda através da qual o magma migra em direção a criação do Golfo de Éden e o estabelecimento de
à superfície. O fundo dos oceanos é a situação tí- uma zona de extensão ao longo da Placa Africa-
pica deste tipo de vulcanismo, onde após milhares na (Núbia). Entender os processos de geração de
de anos de contínuas movimentações associadas à rifts continentais, os quais precedem a formação
atividade vulcânica, origina-se uma cadeia de mon- de novos oceanos, é de grande importância para o
tanhas denominada como cordilheira meso-oceâ- conhecimento de como se da a transição entre um
nica. A taxa de espalhamento ao longo da Cordi- continente e um rift oceânico. Esta região possibi-
lheira Meso-Atlântica varia entre 2,5 a 7,0 cm ao lita assim que os cientistas conheçam os mesmos
ano, ou 25 a 70 km em um milhão de anos, o que processos que foram responsáveis pela abertura do
para os padrões humanos parece ser muito lento, Atlântico, ocorrida a 120 milhões de anos atrás. Es-
mas durante os últimos 130 milhões de anos levou tes geólogos acreditam que, em alguns milhares de
à formação do Oceano Atlântico. Estas montanhas anos, existirão três novas placas tectônicas posicio-
submarinas são construídas pelo empilhamento de nadas no canto NE do atual continente africano.
lavas de 1.000 a 3.000 metros de espessura, em rela-
ção ao assoalho oceânico, estendendo-se por mais
de 60.000 km. Uma das poucas exposições terres- 2.3.2 Províncias de Extrusão Continental
tre desta estrutura é representada pela Islândia, po- do Tipo Platô
sicionada sobre o centro de espalhamento entre as
placas da América do Norte e da Eurásia Grandes áreas continentais encontram-se reco-
bertas por extensas e espessas seqüências de derrames
basálticos, estrudidos durante eventos vulcânicos que
2.3 Vulcanismo associado à intraplaca ocorreram durantes espaços de tempo relativamente
continental curtos (~5 a 10 milhões de anos), ligadas a sistemas
fissurais relacionados à esforços tensionais da crosta.
Grande parte da atividade vulcânica atual
concentra-se ao longo das margens das placas tec- Este tipo de vulcanismo difere fundamen-

40 FTC EAD | BIO


talmente de todos os outros por não desenvolver 3. Produtos da atividade vulcânica
um cone central, mas por recobrir grandes áreas a
partir de um sistema fissural que pode alcançar a Os produtos formados pelas atividades vul-
algumas centenas de quilômetros de extensão. cânicas podem ser divididos em 3 grupos, classifi-
São regiões características deste tipo de der- cados segundo a composição química, mineralógi-
rame as Províncias da Plataforma Siberiana, Kewee- ca e propriedades físicas. Destinguem-se as lavas,
mawam, Paraná, Columbia River, Karoo, Etendeka, os materiais piroclásticos, e os gases vulcânicos. As
Antártica e Atlântico Norte. A Província do Paraná, lavas são porções líquidas de magma, em estado
que ocorre extensivamente no sul do Brasil, Argen- total ou parcial de fusão, que atingem a superfície
tina, Uruguai e Paraguai é um dos maiores depósitos terrestre e se derramam. Quanto mais básicas, mais
relacionados a vulcanismo de Platô do planeta, re- fluídas serão estas lavas. Os depósitos piroclásticos
cobrindo cerca de 1.200.000km2. Este magmatismo dizem respeito a fragmentos de rochas diretamente
está composto por derrames, sills e diques de com- ligados com o magma ejetado na forma de um spray,
posição toleítica bimodal pertencente à Formação ou com a fragmentação das paredes das rochas pré-
Serra Geral, associados aos estágios de rompimento existentes (câmaras magmáticas). De acordo com
do supercontinente Gondwana, ocorrido durante o o tamanho podem ser classificados como do tipo
período Cretácio da era Mesozóica. bloco, bomba, lapilli, cinzas ou pó. Os gases vulcâ-
nicos podem ocorrer antes, durante e após os perí-
odos de erupção. Estes gases são formados a base
2.4 Vulcanismo associado à intraplaca de hidrogênio, cloro, enxofre, nitrogênio, carbono
oceânica e oxigênio. O magma contém dissolvida grande
quantidade de gases, que se libertam durante uma
Nas porções internas das bacias oceânicas, erupção. Os gases saem através da cratera principal
posicionadas na porção interna das placas, ocor- ao longo de fumarolas que podem se formar em
rem ilhas oceânicas de origem vulcânica. Estas ilhas diferentes partes do cone vulcânico, ou a partir de
possuem vulcões morfologicamente semelhantes às fissuras. Em terrenos vulcânicos atuais, é comum
estruturas vulcânicas continentais, e quando emer- a presença de gêisers, formados pelo aquecimento
gem no oceano são erodidas e destruídas. Uma fei- da água de subsuperfície pelo alto gradiente térmi-
ção notável na bacia do Oceano Pacífico é a das co da região, e que surgem como erupções perió-
ilhas oceânicas do Hawai, linearmente distribuídas dicas de água e gases aquecidos (para saber mais
sobre a crosta oceânica e muito mais jovens que sobre termos ligados aos produtos de vulcanismo
esta. Estas ilhas são formadas diretamente pela ação consulte o glossário no site http://volcanoes.usgs.
de “pontos quentes” (hot spots) situados abaixo da gov/Products/Pglossary/ ou http://www.vulca-
placa oceânica. Estes pontos quentes, que são fon- noticias.hpg.ig.com.br/dic.html ).
tes fixas de calor proveniente do manto, fornece-
riam o material para o vulcanismo que se formaria
a partir do assoalho oceânico, pela passagem da 4. Localização geográfica dos vulcões
placa em movimento sobre este hot spot (veja mais A grande maioria dos vulcões, cerca de 82%,
sobre hot spots acessando o site: http://pubs.usgs. acha-se agrupada em determinadas zonas, principal-
gov/publications/text/hotspots.html mente ao longo dos oceanos formando, na região do
O arquipélago do Hawai constitui um exem- Pacífico, o chamado Círculo de Fogo. Cerca de 12%
plo característico deste tipo de vulcanismo. É for- situam-se nas cadeias meso-oceânicas, e os 6% res-
mado por uma extensa cadeia de ilhas vulcânicas, tantes distribuem-se em zonas de rifts, isolados no in-
com mais de 200 km de extensão, aproximadamen- terior das placas continentais e em áreas de hot spots
te paralela à direção atual de espalhamento da Placa desenvolvidas em ambiente intraplaca continental.
do Pacífico. Deste arquipélago, a ilha do Hawaí é a
única vulcânicamente ativa, sendo constituída por
5 vulcões coalescentes, dos quais dois estão atual- 5. Vulcões no mundo
mente ativos, o Kilauea e o Mauna Loa.
A crosta terrestre é constantemente sujei-
ta a atividades vulcânicas que, na maioria das ve-

Fundamentos de Geologia 41
zes, por sua violência, acabam provocado danos à com ampla distribuição. São representantes deste
humanidade. Destacam-se entre os mais famosos vulcanismo as intrusões alcalinas de Lajes (SC), Po-
vulcões conhecidos por sua atividade, o Vesúvio - ços de Caldas (MG), Jacupiranga (SP), Araxá (MG)
Itália (ano 79 d.C), Krakatoa – Indonésia (1883), e Itatiaia (RJ). Ainda na era Mesozóica, no período
Monte Pelado - Martinica (1902), Santa Helena - Cretáceo, a América do Sul, em especial o Brasil,
USA (1980) e o Pinatubo, nas Filipinas (1991).O foi palco de uma das maiore atividades vulcânicas
Pinatubo entrou em erupção depois de 611 anos do tipo fissural que se conhece no planeta. Todo o
de inatividade. Na ocasião, morreram 875 pessoas sul do país, incluindo áreas do Uruguai, Argentina
e 200 mil ficaram desabrigadas. Para maiores de- e Paraguai, foi atingido por este super vulcanismo,
talhes sobre os vulcões do mundo e os desastres que abrangeu mais de um milhão de quilômetros
naturais a eles relacionados acesse os sites http:// quadrados e que constituiu um dos maiores episó-
vulcan.wr.usgs.gov/Volcanoes/framework.html , dios geológicos de todos os tempos.
http://volcanoes.usgs.gov/ e http://volcanoes. As rochas vulcânicas que integram este ex-
usgs.gov/edu/predict/EP_look_500.html tenso conjunto de derrames estão agrupadas geo-
logicamente sob a denominação de Formação Serra
6. Vulcanismo no Brasil Geral. Próximo à cidade de Torres, no Rio Grande
do Sul, o conjunto de derrames atinge aproximada-
No Brasil, não existe nenhum vulcanismo ativo, mente 1.000 metros de espessura. A sondagem re-
mesmo em tempos geologicamente recentes. O terri- alizada pela PETROBRÁS em 1958 em Presidente
tório nacional não foi afetado por nenhuma atividade Epitácio - SP atravessou mais de 1.500 metros de
vulcânica durante os últimos 80 milhões de anos. rochas vulcânicas, mostrando a pujança deste epi-
sódio vulcânico. Este vulcanismo está diretamente
O vulcanismo mais recente foi o responsável ligado à separação da América do Sul e África, du-
pela formação de diversas ilhas do Atlântico brasileiro, rante a ruptura do supercontinente Gondwana no
como Fernando de Noronha, Trindade e Abrolhos. período Cretáceo (para obter mais informações so-
No fim da era Mesozóica, o Brasil foi afetado bre o vulcanismo no Brasil, consulte o site http://
por atividades vulcânicas de caráter alcalino-sódico, www.vulcanoticias.hpg.ig.com.br/brasil.html).

Glossário Geológico
O glossário foi elaborado em linguagem simples visando auxiliar o usuário não especializado no
entendimento do texto geológico. Alguns termos específicos, de interesse técnico, também foram introdu-
zidos no glossário, visando atender a profissionais da área. Para maior abrangência, podem ser consultados
os sites especializados: www.unb.br/ig/glossario/; www.geologo.com.br/; www.pr.gov.br/mineropar/glos-
sario.html; www4.prossiga.br/recursosminerais/glossario/glossario.html; www.agp.org.br/glossario.html;
A elaboração do presente glossário foi baseada na consulta das seguintes fontes:
Dicionário Geológico - Geomorfológico - Antônio Teixeira Guerra (1966)
Glossário Gemológico - Pércio de Moraes Branco (1984)
Glossary of Geology - American Geological Institute (1973)

A
ACAMAMENTO: termo utilizado para designar o plano de separação de camadas contíguas em rochas
sedimentares, também designado estratificação.
ARENITO : rocha de origem sedimentar, resultante da junção dos grãos de areia através de um
cimento natural.

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AUTOBRECHA:brecha formada pela fragmentação de porções previamente solidificadas de um determina-
do derrame de lavas. Os fragmentos são cimentados pela lava do próprio derrame.

b
BACIA SEDIMENTAR: grande depressão do terreno, preenchida por detritos provenientes das terras
altas que o circundam. A estrutura dessas áreas é geralmente composta por camadas de rochas que mer-
gulham da periferia para o centro. Exemplos de bacia sedimentar são fornecidos pela bacia Amazônica e
a bacia do Paraná.
BANDAMENTO: faixas de diferentes composições, petrográficas, granulométricas, ou de cores, res-
ponsáveis pelo desenvolvimento de algumas estruturas das rochas ígneas e/ou metamórficas.
BASALTO: um dos tipos mais comuns de rocha relacionada a derrames vulcânicos, caracterizando-se
pela cor preta, composição básica (onde predominam minerais ricos em ferro e magnésio), alta fluidez e
temperaturas de erupção entre 1000 e 1200 oC. Equivalente vulcânico de gabros.
BATÓLITO: extensa exposição (> 100 km2) contínua de rocha plutônica, normalmente de composição
granítica.
BRECHA: rocha formada por fragmentos centi a decimétricos, angulosos, unidos através de um cimen-
to natural.

c
CÂNION: denominação utilizada para designar vales profundos e encaixados, os quais adquirem carac-
terísticas mais pronunciadas quando cortam seqüências sedimentares, vulcânicas e vulcano-sedimentares,
horizontalizadas.
CENOZÓICO: era geológica que compreende o intervalo de tempo que vai de 65 milhões de anos
atrás até os dias atuais, estando constituída por três períodos geológicos conhecidos como Quaternário,
Neógeno e Paleógeno.
CLASTOSUPORTADO: rocha sedimentar constituída por grandes seixos, os quais estão em contato
entre si, sendo a porção entre estes preenchida por areia.
CICLO REGRESSIVO: ciclo de erosão e deposição originada pela descida generalizada do nível dos
oceanos, provocando a exposição e continentalização das regiões oceânica submersas.
CICLO TRANSGRESSIVO: ciclo de erosão e deposição originado pela subida generalizada do nível
dos oceanos, provocando a inundação de regiões costeiras.
CONTRAFORTES: termo de natureza descritiva utilizado pelos geomorfólogos e geólogos ao tecerem
considerações sobre o relevo de regiões serranas. Denominação dada às ramificações laterais de uma
cadeia de montanhas. Os contrafortes quase sempre estão em posição perpendicular ou pelo menos oblí-
qua, ao alinhamento geral das serras.
COSETS: unidade sedimentar composta por dois ou mais conjuntos de camadas de origem sedimentar
(ver set), separada de outras unidades por uma superfície de erosão, não deposição ou por mudanças
abruptas em suas características.
CRETÁCEO: é o último período geológico da era Mesozóica. Abrange o intervalo de tempo entre 136
e 65 milhões de anos.

Fundamentos de Geologia 43
d
DEPOSIÇÃO TERRÍGENA CLÁSTICA: depósito sedimentar continental, formado predominante-
mente por fragmentos de rochas e areia.
DERRAME: saída e esfriamento rápido de material magmático vindo do interior da crosta terrestre,
consolidando-se ao contato com o ar.
DERRAMES EM PLATÔ: pacote de rochas vulcânicas que chegam à superfície através de profundas
fendas geológicas, que se extravasam formando extensos lagos de lava que se solidificam.
DERRAME VITROFÍRICO: são derrames de lavas de resfriamento muito rápido, que não tem tempo
de desenvolver cristais, formando rochas essencialmente vítreas.
DIABÁSIO: rocha intrusiva de composição básica, coloração preta ou esverdeada, solidificada em sub-
superfície, composta por cristais de feldspatos e minerais máficos (plagioclásio e piroxênio), que ocorre
sob a forma de dique ou sill .
DIQUE: intrusão ígnea tabular vertical, que corta as estruturas das rochas circundantes.
DISJUNÇÃO: fraturamentos macroscópicos e/ou microscópicos que ocorrem nas rochas, em conse-
qüência de esforços e/ou a brusca variação de temperatura a que foram submetidas ao longo do tempo
geológico. São fendas, zonas de fraqueza ou aberturas que, no caso das rochas vulcânicas, são decorrentes
do rápido resfriamento e a contrações de volume a que são submetidas as lava enquanto solidificam-se
na superfície do terreno.
DOBRA: encurvamentos de forma acentuadamente côncava-convexa, voltados para cima ou para baixo,
que ocorrem nas rochas quando submetidas à processos de fluxo (comportamento plástico das rochas
em um determinado derrame) ou esforços compressivos.

e
ERG: designação dada a um deserto constituído essencialmente de areia.
ESTRATIFICAÇÃO: disposição paralela ou subparalela que tomam as camadas ao se acumularem for-
mando uma rocha sedimentar. Normalmente é formada pela alternância de camadas sedimentares com
granulação e cores diferentes, ressaltando o plano de sedimentação.
ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA: estratificação cujas camadas aparecem inclinadas umas em relação às
outras, e em relação ao seu plano basal de sedimentação. São comuns em depósitos eólicos (dunas) e fluviais.

f
FÁCIES: designação genérica que significa a existência de variações entre diferentes conjuntos de rochas
e que podem ser relativas à composição química, ao tamanho dos minerais, condições de temperatura e
pressão, estruturação dos depósitos sedimentares ou vulcânicos, ou ambientes de sedimentação. Também
é utilizada para designar variações de condições metamórficas, variação sedimentológicas vertical e hori-
zontal, bem como variações composicionais e texturais das rochas ígneas, metamórficas e sedimentares.
FALHA: superfície ou zona de rocha fraturada ao longo da qual houve deslocamento vertical ou hori-
zontal, o qual pode variar de alguns centímetros até quilômetros.

44 FTC EAD | BIO


g
GABRO: rocha magmática de coloração escura, granulação grossa, de composição básica, cristalizada
em profundidade. Normalmente é composta por feldspatos e minerais máficos (plagioclásio, piroxênios
e olivina).
GEODO: cavidade aproximadamente esférica ou alongada, preenchida por minerais, muitas vezes na
forma de cristais que se projetam da parede para o interior da cavidade. Normalmente encontram-se no
topo ou na base dos derrames e são decorrentes da solidificação de gases existentes nas lavas.
GEOPETAL: indicador observado em rocha que mostra a direção e o sentido de um determinado pro-
cesso geológico, como as movimentações em um derrame de lavas.
GLOMEROPORFIRÍTICA: textura de rochas ígneas onde cristais maiores agrupam-se formando
glomeros (conjuntos de cristais), e encontram-se imersos em uma matriz mais fina.
GONDWANA: Designação empregada para identificar um supercontinente que existiu até aproximada-
mente 200 milhões de anos atrás, formado a partir da desintegração do megacontinente denominado de
Pangea. O supercontinente gondwânico era formado pelas frações que atualmente constituem a América
do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia .
GRANITO: rocha magmática de granulação grosseira, solidificada em profundidade, composição acida,
composta essencialmente por minerais claros como quartzo (SiO2), feldspato alcalino (SiO2, Al2O3 e
K2O) e plagioclásio (Al2O3, Na2O e CaO). O seu equivalente vulcânico denomina-se riolito.

h
HOT SPOT: pontos de anomalia termal no interior da terra, ligados a sistemas de convecção do manto
e responsáveis pelo vulcanismo que ocorre no interior de placas tectônicas.

i
J-FIT: textura própria de brechas vulcânicas, onde os fragmentos são angulosos e não foram muito afas-
tados de sua posição original, ainda se ajustando uns aos outros
JURÁSSICO: período geológico da era Mesozóica, abrange o intervalo de tempo geológico entre 203 a
135 milhões de anos atrás.

L
LAVA: massa magmática em estado parcial ou total de fusão, que atinge a superfície terrestre através de
vulcões ou fraturas da superfície terrestre, e se derrama formando verdadeiros rios ou lagos de lava.
LEQUE DISTAL: depósito sedimentar formado por areia, seixos e argila, transportado pela ação da
água e depositado ao longo das escarpas de onde se origina o material.
LEQUE PROXIMAL: depósito sedimentar formado por blocos, matacões e seixos imersos em uma
matriz areno-argilosa que se forma junto das escarpas de regiões montanhosas através da ação da água e
força da gravidade.
LINEAMENTO ESTRUTURAL: Feição linear, topograficamente representada por vales alinhados
ou cristas, geralmente indicando a presença de fraturas e/ou falhas geológicas.

Fundamentos de Geologia 45
M
MAGMA: material ígneo em estado de fusão contido no interior da terra e que, por solidificação, dá
origem às rochas ígneas. Quando solidificado no interior da costa terrestre, forma as rochas intrusivas e
quando expelido pelos vulcões, forma as lavas.
MESOZÓICO: designação dada a uma era do tempo geológico que abrange o intervalo compreendido
entre 250 a 65 milhões de anos atrás. Esta era é formada pelos períodos geológicos:Cretáceo, Jurássico e
Triássico.
MONOMÍTICO: designação dada a blocos constituintes de uma rocha do tipo autobrecha, onde a
composição de todas as frações constituintes, e da matriz, são idênticas.
MICROFENOCRISTAL: pequenos cristais que se destacam sobre uma matriz muito fina.

P
PALEOSOLO: designação dada a solos antigos, soterrados e preservado até os dias atuais.
PANGEA: designação empregada para identificar um megacontinente que existiu a cerca de 250 milhões
de anos atrás, formado pela junção de todos os continentes hoje existentes. A cerca de 200 milhões de
anos este megacontinente partiu-se, originando dois supercontintentes: a Laurásia (formada hoje pela
Europa, América do Norte e Ásia) e o Gondwana (constituído hoje em dia pela América do Sul, África,
Antártica, Austrália e Índia).
PARQUE NACIONAL: é uma unidade de conservação de proteção integral, sob responsabilidade do
IBAMA, destinada à preservação de áreas naturais com características de grande relevância ecológica,
científica, cultural, educacional, recreativa e beleza cênica.
PITCHSTONE: rocha vulcânica de aspecto vítreo, cor preta, brilho resinoso, semelhante ao piche.
PICRITO: rocha escura, hipohabissal (vide rocha hipohabissal), rica em magnésio, contendo minerais
essencialmente máficos (ricos em ferro e magnésio) denominados de olivinas, piroxênios e pequenas
percentagens de plagioclásio.
PLACA TECTÔNICA: a crosta terrestre é subdivida, horizontalmente, em partes denominadas pelos
geólogos de placas tectônicas. Estas placas se movimentam e do choque entre elas se originam as cadeias
de montanhas e os vulcões associados.

Q
QUATERNÁRIO: é o primeiro período geológico da era Cenozóica, compreendendo os últimos 1,75
milhões de anos da terra.
QUENCH: cristalização em processo rápido de solidificação de um magma, como quando um determi-
nado derrame atinge um corpo d’agua.

R
RIFT: termo utilizado para designar vales formados e limitados por falhamentos geológicos.

RIOLITO: rocha vulcânica de composição ácida (onde predominam minerais ricos em sílica e elementos
alcalinos como sódio e potásssio), caracterizando-se pelas cores cinza-claro a avermelhado, baixa fluidez
e temperaturas de erupção entre 700 a 900 oC. Equivalente vulcânico de granitos.

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ROCHA ÁCIDA: rocha ígnea com alto teor de sílica e baixo teor de ferro, magnésio e cálcio.
ROCHA BÁSICA: rocha ígnea com baixo teor de sílica e alto teor de ferro, magnésio e cálcio.
ROCHA HIPOHABISSAL: rocha formada a uma profundidade intermediária entre a base e a superfí-
cie da crosta. A textura das rochas hipohabissais é normalmente formada por cristais bem desenvolvidos,
grossos e identificáveis a olho nu.
ROCHA VULCÂNICA: rocha proveniente de atividade magmática que ascende na crosta terrestre atra-
vés de vulcões, diques e sills, solidificando-se na superfície ou a pequenas profundidades da crosta.

S
SEDIMENTOS VULCANOGÊNICOS: sedimentos originados da degradação de rochas vulcânicas e
depositados sob a forma de camadas sedimentares.
SETS: conjunto de camadas sedimentares de uma mesma unidade estratigráfica, separadas de outras
camadas, também de origem sedimentar, através de uma superfície de erosão, não deposição ou mudança
abrupta de suas características.
SILL: intrusão ígnea tabular concordante com as estruturas das rochas circundantes.

T
TECTÔNICA DE PLACA: conjunto de processos geológicos responsáveis pela formação e separação
dos continentes ao longo do tempo geológico.
TERCIÁRIO: é o primeiro período geológico da era Cenozóica e abrange o intervalo de tempo com-
preendido entre 65 e 1,75 milhões de anos atrás.
TEXTURA: do ponto de vista geológico-petrográfico, trata-se de uma designação utilizada para carac-
terizar o arranjo existente entre os diferentes minerais constituintes de uma rocha e que confere uma de-
terminada aparência à esta. Ex.: textura fina, textura grossa ou textura porfirítica, significando a presença
de grandes cristais rodeados por cristais menores.
TOLEITO: variedade de tipo de magma com ampla distribuição na superfície do globo, sendo encontra-
do em cadeias oceânicas, vulcões em escudo e regiões continentais relacionadas a basaltos de platô, como
os encontrados na Bacia do Paraná.
TRIÁSSICO: é o primeiro e o mais antigo período geológico da era Mesozóica, abrangendo o espaço de
tempo entre 250 e 203 milhões de anos atrás.

V
VISCOSIDADE: propriedade de uma substância de oferecer resistência interna ao fluxo. Maior ou me-
nor capacidade de fluxo relacionado a um derrame de lava.

Fundamentos de Geologia 47
ROCHAS SEDIMENTARES

A formação das rochas sedimentares tem inicio com o intemperismo. O intemperismo (conforme
será discutido no Tema 3) quebra as rochas em pequenos pedaços e altera a composição química das ro-
chas, transformando os minerais em outros mais estáveis nas condições ambientais onde o intemperismo
está atuando. Depois, a gravidade e os agentes erosivos (águas superficiais, vento, ondas e gelo) removem
os produtos do intemperismo e transportam para um novo local onde eles são depositados.

Você sabia?
O produto do intemperismo, posteriormente trans-
portados pelos agentes erosivos, é chamado de sedimento.

Com a continuidade da deposição, esses sedimentos soltos ou inconsolidados podem se tornar


rocha, ou seja, ser litificados:

Quando uma camada de sedimento é depositada ela cobre as camadas anteriormente depositadas
naquele local, podendo criar uma pilha de sedimentos de centenas de metros de profundidade;

Essa acumulação de material uns sobre os outros vai compactando esse material devido ao peso
das camadas sobrepostas;

Nesta pilha de sedimentos, que pode chegar a quilômetros de profundidade, o decaimento de isó-
topos radiativos, que compõem alguns grãos minerais misturados nestes sedimentos, gera calor;

Esses sedimentos empilhados em camadas são também invadidos por água subterrânea que
transportam íons dissolvidos;

A combinação do calor, da pressão causada pelo peso dos sedimentos e dos íons transportados pela
água, causa mudanças na natureza química e física dos sedimentos num processo conhecido como diagênese.

Saiba mais!
Só depois de processada a diagênese é que ocorre a conversão dos sedimentos em uma rocha
sedimentar sólida, a litificação.

A diagênese difere dos processos relacionados a intenso calor e pressão ocorridos no interior do
planeta, que causam a fusão ou o metamorfismo das rochas. Na diagênese, os processos ocorrem poucos
quilômetros abaixo da superfície, a temperaturas inferiores a 200°C.
Durante a litificação ocorre:
Empacotamento dos sedimentos deixando-os mais juntos uns dos outros;

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Expulsão da água que ocupa os espaços entre os grãos;
Precipitação de cimento químico ligando os grãos uns aos outros.

A diagênese às vezes também envolve a transformação de alguns minerais em outros mais estáveis.

Saiba mais!
A compactação é um processo diagenético através do qual o volume dos sedimentos é redu-
zido através da aplicação de uma determinada pressão gerada pelo próprio peso dos sedimentos.

Quando os sedimentos vão se acumulando, aumenta a pressão gerada pelo material que vai se so-
brepondo, expelindo a água e o ar, e os sedimentos vão ficando cada vez mais juntos.
Grãos muito pequenos, como as argilas, quando são compactados apresentam uma forte aderência
devido a forças atrativas entre os grãos, convertendo o sedimento inconsolidado em rocha sedimentar.

Saiba mais!
A cimentação é o processo diagenético através do qual os grãos são “colados” por materiais
originariamente dissolvidos durante o intemperismo químico ocorrido anteriormente nas rochas.

O intemperismo libera íons que ficam dissolvidos na água que flui através dos poros existentes
entre os grãos dos sedimentos antes da compactação. Posteriormente, esses íons se precipitam entre os
grãos dos sedimentos formando um cimento.
Sedimentos com grãos grossos, como as areias e os seixos, são mais propensos a serem cimentados
do que do que os sedimentos finos, como as argilas e os siltes, porque o espaço entre os grãos é maior,
podendo conter mais água e com isso mais material dissolvido.
Os agentes mais comuns de cimentação são o carbonato de cálcio e a sílica:

O carbonato de cálcio é formado quando os íons de cálcio, produzidos pelo intemperismo


químico de minerais ricos em cálcio (plagioclásio, piroxênios e anfibólios), se combinam com o
dióxido de carbono e a água do solo;

O cimento de sílica é produzido inicialmente pelo intemperismo químico dos feldspatos em


rochas ígneas.

Óxidos de ferro, como a hematita e a limonita; carbonatos de ferro, como a siderita; e sulfetos de
ferro, como a pirita, também podem formar cimentos em rochas sedimentares, ligando os grãos sedimen-
tares grossamente granulados.

Fundamentos de Geologia 49
A compactação e a cimentação não afetam apenas os grãos de rochas. Como os produtos do intemperismo
químico são transportados para os lagos e oceanos, pelo fluxo das águas, esse mesmo processo pode litificar con-
chas, fragmentos de conchas ou outras partes duras de organismos que se acumulam nestes corpos d’água.

Fonte: <http://fossil.uc.pt/imags/Ciclo%20sedimentar.jpg>
Saiba mais!
Uma rocha que consiste apenas
de partículas sólidas, compactadas e ci-
mentadas juntas, sejam de fragmentos
de rochas preexistentes ou restos de
organismos, são chamadas de rochas
clásticas ou com textura clástica.

O aumento da temperatura e da pressão, associado com o peso dos sedimentos, promove a recris-
talização de alguns grãos minerais, criando um mineral mais estável a partir de outro que se encontrava
instável naquelas condições ambientais.
Um exemplo clássico deste processo é a transformação da aragonita (um mineral secretado por
alguns organismos marinhos a partir de suas conchas) em calcita, um mineral muito mais estável.

COMO SE CLASSIFICAM AS ROCHAS SEDIMENTARES?

50 FTC EAD | BIO


As rochas sedimentares são geralmente classificadas em detríticas ou químicas, a depender da fonte
do material que as compõe. Contudo, em cada uma destas categorias existe uma grande variedade de rochas,
refletindo os diferentes tipos de transporte, deposição e processos de litificação a que foram submetidas.

Rochas sedimentares detríticas


As rochas sedimentares detríticas são classificadas de acordo com o tamanho de suas partículas:

Lamitos: são rochas formadas por partículas muito pequenas (menores que 0,004 milímetros),
chamadas de silte (0,004 a 0,063 mm) e argila (< 0,004 mm), que formam a fração granulomé-
trica (tamanho) chamada de lama. Por serem constituídos por partículas tão finas, os lamitos são
sempre formados em condições de águas calmas, como nos fundos de lagos e lagoas, em regiões
oceânicas profundas e em planícies de inundação de rios. Sob condições de águas mais agitadas
este material (argila ou silt) permanece em suspensão na água e não se deposita.

Mais da metade das rochas sedimentares encontradas no mundo são lamitos.

Saiba mais!
Os lamitos apresentam cores variadas a depender da sua composição mineral:
Lamitos vermelhos contém óxido de ferro, precipitado a partir de água contendo ferro
dissolvido e oxigênio em abundancia;
Lamitos cinzas contém óxido de ferro que precipitou em ambiente pobre em oxigênio;
Lamitos pretos são formados em águas com a quantidade de oxigênio insuficiente para
decompor toda a matéria orgânica contida no sedimento.

Essas rochas são usadas como fonte de argila, por


exemplo, para a fabricação de cerâmicas. Algumas dessas ro-
chas podem também ser fontes de petróleo e gás natural.
Arenitos: são rochas detríticas formadas por grãos
com 0,063 a 2 milímetros de diâmetro (tamanho
areia) e compõem aproximadamente 25% das ro-
chas sedimentares encontradas no mundo.
Os seus grãos são geralmente cimentados por sílica ou
carbonato de cálcio.

Existem dois tipos principais de arenito classificados de acordo com sua composição:
Quartzo arenito: são arenitos compostos predominantemente (>90%) por grãos de quartzo. São
geralmente de coloração clara. Contém geralmente os grãos bem arredondados e bem selecionados suge-
rindo que foram transportados por longas distâncias;

Fundamentos de Geologia 51
Arcóseo: são arenitos de coloração rosa, contendo mais de 25% de grãos de feldspato. Seus
grãos, geralmente derivados de rochas graníticas ricas em feldspatos, são angulosos e pobremen-
te selecionados, sugerindo um transporte por pequenas distâncias (rápida deposição).
Os arenitos são muito usados na construção civil. Além disso, alguns arenitos são excelentes ar-
mazenadores de óleo e gás (geralmente formados nos lamitos e migram para se armazenar nos arenitos)
devido aos espaços entre os grãos.

Conglomerados e brechas: são rochas sedimentares detríticas contendo grãos maiores


que 2 mm de diâmetro (tamanho de seixos). Nos conglomerados os grãos são arredonda-
dos e nas brechas são angulosos.

Em geral, estas rochas possuem uma matris

Fonte: < http://www.formiguense.com/geo-


– material fino, como areia fina ou argila, que pre-
enche os espaços entre os seixos; e são cimentados
por sílica, carbonato de cálcio ou óxido de ferro.
A depender do tamanho dos seixos é possível

logia_files/image010.jpg>
identificar as rochas de origem, identificando a sua
composição e textura.
Os seixos arredondados dos conglomerados
sugerem que estes foram transportados por vigorosas
correntes a longas distâncias, enquanto que os seixos
angulosos das brechas sugerem um breve transporte.

Rochas sedimentares químicas

As rochas sedimentares químicas são formadas através dos produtos do intemperismo químico,
precipitados a partir de soluções quando a água em que estas substâncias estão dissolvidas evapora ou fica
supersaturada devido a mudanças de temperatura.
Existem três tipos principais de rochas sedimentares de origem química:

Carbonatos: a composição básica dos carbonatos é a calcita (carbonato de cálcio), e compõe


aproximadamente 10 a 15% das rochas sedimentares do mundo. Os carbonatos são formados
pela precipitação da calcita a partir de lagos e oceanos. Em geral, quando a água se torna mais
aquecida ou quando a quantidade de carbonato de cálcio dissolvido na água aumenta, este se
torna menos solúvel e tende a se precipitar formando os carbonatos.
A maior parte dos carbonatos tem origem orgânica. São formados a partir de restos de esqueletos
de animais marinhos e plantas em águas rasas ao longo de plataformas continentais equatoriais, onde a
água é quente e a vida marinha é abundante;

Chert: são rochas sedimentares formadas pela precipitação de sílica. Pode apresentar origem
inorgânica ou orgânica, precipitados, respectivamente, a partir de águas ricas em sílica ou de
restos de organismos que contem sílica em seu esqueleto.

Evaporitos: são rochas sedimentares químicas, de origem inorgânica, formadas pela evaporação
da água salgada. Em média, a água do mar contém cerca de 3,5% de sais dissolvidos. Se a água é rasa
e o clima é quente, ocorre evaporação e o conseqüente aumento na concentração destes sais. Com o
aumento da evaporação, cristais sólidos de sais são precipitados e se acumulam no fundo do mar.

52 FTC EAD | BIO


O sal mais comum formador de evaporitos é a halita (NaCl), conhecida como sal de cozinha.

ROCHAS METAMÓRFICAS

A formação das rochas metamórficas se dá em condições de temperatura e pressão abaixo da zona


de diagênese, responsável pela formação das rochas sedimentares.

Saiba mais!
O metamorfismo é o processo através do qual as condições do interior da Terra alteram a
composição mineral e estrutura das rochas sem fundi-las.

Rochas sedimentares, rochas ígneas e até mesmo as próprias rochas metamórficas sofrer
metamorfismo.
O metamorfismo não é observado, pois não se processa em condições encontradas na superfície.
As suas causas e conseqüências são estimadas através de experimentos de laboratório que reproduzem as
condições do interior do planeta. Só quando as rochas sofrem soerguimento e erosão, ficando expostas
na superfície, é possível observar os resultados na ação metamórfica nas rochas.

Fundamentos de Geologia 53
A composição da rocha original ou rocha parental e a circulação de fluidos ricos em íons são fun-
damentais na determinação do tipo de rochas e minerais a serem formados.
Desta forma, são determinantes no processo metamórfico: o calor, a pressão, a presença de fluidos
e a rocha parental:

Calor: o calor é indispensável para as reações químicas e às vezes constitui o mais importante fator do
metamorfismo. Como já foi dito anteriormente, a temperatura aumenta com o aumento da profundi-
dade em direção ao interior da Terra. Na crosta e na parte superior do manto, a temperatura aumenta
cerca de 20 a 30°C por quilômetro de profundidade. As temperaturas necessárias para metamorfizar
as rochas em geral são superiores a 200°C, encontradas a cerca de 10km abaixo da superfície.
A principal fonte deste calor interno é o decaimento de isótopos radioativos, sendo este calor
transportado pelas massas de magma que ascendem das regiões profundas do manto. Contudo, este calor,
necessário para promover o metamorfismo, pode também ser gerado pela fricção entre dois corpos de
rocha passando um ao lado do outro nos limites de placas tectônicas.

Pressão: a pressão necessária para o metamorfismo é de cerca de 1 quilobar (ou 1000 bar; 1 bar =
1,02 kg/cm2). Esta pressão é encontrada a aproximadamente 3 km abaixo da superfície. Contudo,
como as temperaturas necessárias para se processar o metamorfismo normalmente só ocorrem a
cerca de 10km, o metamorfismo só ocorre a pequenas profundidades se houver uma intrusão mag-
mática ou fricção entre placas.

Saiba mais!
Quando a pressão é aplicada na rocha em uma direção preferencial – pressão dirigida – gera
um alinhamento mineral em camadas ou bandas, em geral perpendicular à direção da força aplica-
da, chamado de textura foliada ou simplesmente foliação.

Presença de fluidos: a presença de fluidos, como um líquido ou um gás, no interior ou ao redor de


uma rocha submetida a pressão facilita a migração de átomos e íons, aumentando drasticamente o poten-
cial das reações metamórficas.

Rocha parental: a natureza da rocha parental (rocha antes do metamorfismo) determina quais os mi-
nerais e qual a nova rocha metamórfica será formada sob as novas condições ambientais. Em uma ro-
cha parental que contém um único mineral o metamorfismo vai produzir uma rocha composta predo-
minantemente deste mesmo mineral. Por exemplo, o metamorfismo de um carbonato puro, composto
por calcita, vai gerar uma rocha metamórfica rica em calcita – o mármore; já o metamorfismo de um
quartzo arenito vai gerar um quartzito, uma rocha metamórfica composta por quartzo recristalizado.

COMO SE CLASSIFICAM AS ROCHAS METAMÓRFICAS?

As rochas metamórficas são classificadas de acordo com a sua aparência e composição.


O critério básico usado para classificar as rochas metamórficas de acordo com a sua aparência ou
textura é a presença ou não de foliação metamórfica.

54 FTC EAD | BIO


Rochas Foliadas: o rearranjo mineral gerado pelo metamorfismo gera foliação, ou um paralelis-
mo entre os grãos minerais. As rochas foliadas necessariamente sofreram uma pressão dirigida
(pressão aplicada em uma direção preferencial). A depender do grau de temperatura e do tipo
de rocha parental, podem ser classificadas em:

Filitos: são rochas metamórficas foliadas geradas a partir do metamorfismo de lamitos (argilitos
e siltitos) a baixas temperaturas. São rochas compostas principalmente por micas e apresentam
um quebramento em planos paralelos formados pela foliação. Podem variar de cor a depender
da composição mineral: filitos pretos indicam a presença de matéria orgânica, filitos vermelhos
de óxidos de ferro e filitos verdes indicam a presença de uma mica verde chamada de clorita.

Xistos: com o aumento da temperatura necessária para formar os filitos, as placas de mica
crescem e os cristais se tornam visíveis, gerando uma rocha metamórfica foliada chamada de
xisto. Os xistos podem ser derivados de lamitos, mas também podem ser formados a partir
de arenitos finos ou basaltos. Os xistos ricos em um determinado mineral podem levar o
nome deste mineral, ou seja, um xisto rico em micas é chamado de mica-xisto.

Gnaisses: são rochas formadas a altas


temperaturas onde ocorre uma segrega-

Fonte:<http://domingos.home.sapo.pt/gnaisse2.jpg>
ção mineral em bandas, num processo
chamado de diferenciação metamórfica.
Os gnaisses são formados por bandas
mais claras, compostas predominante-
mente por quartzo e feldspato, e bandas
escuras, compostas predominantemente
por micas. Os gnaisses de origem ígnea
são formados geralmente a partir de ro-
chas graníticas e os gnaisses de origem
sedimentar podem ser formados a partir
de lamitos e arenitos impuros.

Saiba mais!
Com o aumento da temperatura, a partir daquela necessária para a formação dos gnaisses, a
rocha começa a fundir, marcando o limite entre o metamorfismo e a geração de rochas ígneas pela
fusão de rochas preexistentes. Essa rocha gerada, com características tanto de rochas metamórficas
como de rochas ígneas, é chamada de migmatito.

Rochas não-foliadas: as rochas não foliadas são geradas a partir do contato de uma rocha
preexistente (rocha parental) com o magma quente ou através da pressão confinante, ou seja, a
pressão litosférica a que as rochas estão sujeitas a grandes profundidades. A depender da rocha
parental, podem ser classificadas em dois tipos principais:

Mármore: o mármore é uma rocha composta por grandes cristais recristalizados de calcita
gerados a partir de pequenos cristais de calcita em carbonatos. A presença de impurezas no
carbonato (rocha parental do mármore) pode gerar mármores rosas, verdes, cinzas ou pretos.

Fundamentos de Geologia 55
Quartzitos: são rochas muito duras e resistentes geradas a partir do metamorfismo de are-
nitos puros. São compostos essencialmente por quartzo recristalizado.

F o n t e : < h t t p : / / w w w. b a c c a r o. c o m .
br/pedras/imagens/artigos/2002/artigo_dm_24_01.jpg>
Atividade Complementar

1. Quais são os principais minerais formadores das rochas?

2. Com base no Ciclo das Rochas, explique a formação das ígneas, das rochas sedimentares e
das rochas metamórficas.

56 FTC EAD | BIO


3. Cite e dê as principais características das rochas sedimentares detríticas e químicas mais
comuns.

4. Defina rochas vulcânicas e rochas plutônicas.

5. Explique o processo de cimentação das rochas sedimentares.

A DINÂMICA EXTERNA DO
PLANETA

OS PROCESSOS SUPERFICIAIS

INTEMPERISMO

A Terra é um planeta dinâmico, algumas partes da Terra são gradualmente elevadas através da cons-
trução de montanhas e da atividade vulcânica, contudo, processos opostos estão gradualmente removen-
do materiais das áreas elevadas e transpor-
tando para áreas mais baixas.
Únicos e espetaculares cenários são cria- Você sabia?
dos através da interação de agentes ambientais
Os processos que ocorrem na superfície
com as rochas expostas na superfície da Terra.
ou muito próximo à superfície da Terra e têm
Os processos externos são parte fun- como força motriz a energia do sol são chama-
damental do ciclo das rochas uma vez que dos de processos externos.

Fundamentos de Geologia 57
estes processos transformam rocha sólida em sedimento, e incluem: intemperismo, movimentos de mas-
sa e erosão.

Saiba mais!
O intemperismo é o processo atra-
vés do qual a rocha se desintegra e se de-
compõe em superfície.

As rochas são intemperizadas de duas maneiras principais: desintegrando através da ação física e
decompondo através de atividades químicas.

Intemperismo físico ou mecânico


O intemperismo físico quebra o mineral ou a rocha em pequenos pedaços, sem alterar a composi-
ção química destes. As mudanças ocorridas no intemperismo físico se restringem ao tamanho e à forma
das rochas. Ao quebrar a rocha em pedaços menores, ocorre um aumento na sua área superficial, facili-
tando a atuação também do intemperismo químico. Desta forma, a depender das condições locais e dos
agentes atuantes, estes dois processos atuam conjugados.
O intemperismo físico pode ocorrer devido a:

Congelamento em fraturas: quando a água penetra nos poros ou fraturas das rochas e a
temperatura cai abaixo de 0°C esta água congela. Quando a água congela ocorre um aumento
de volume de cerca de 9%. Esse aumento de volume da água congelada dentro das fraturas da
rocha gera uma força capaz de fragmentar até as rochas mais resistentes. Este é, portanto, o tipo
mais eficiente de intemperismo físico.
Este processo é mais ativo em ambientes onde a água é abundante e onde as temperaturas flutuam
em torno da temperatura de congelamento da água.
Fonte:<http://www.dicionario.pro.br/dicionario/

TAFONI
index.php?title=Tafoni>

grandes alvéolos pro-


duzido nas rochas pela
ação combinada da
cristalização des sais
e erosão eólica

58 FTC EAD | BIO


Crescimento de cristais: em regiões costeiras, a água salgada se acumula em cavidades nas
rochas. Com a evaporação da água ocorre a concentração e deposição de sais que se cristalizam
nestas cavidades. O crescimento dos cristais de sais gera pressão nas cavidades e reentrâncias das
rochas, promovendo o seu desgaste físico.

Expansão e contração térmica: cada um dos minerais que compõem as rochas apresenta um
diferente grau de expansão térmica. Desta forma, quando a rocha é submetida ao calor, cada
mineral se expande diferentemente, causando o quebramento da rocha.

Rochas em regiões desérticas estão preferencialmente sujeitas a este processo. Nestas regiões as ro-
chas são expostas grandes variações diárias de temperatura – durante o dia os minerais sofrem expansão
térmica devido às altas temperaturas e, à noite, se contraem devido às baixas temperaturas. Este processo
é capaz de quebrar grandes blocos de rocha.

Esfoliação mecânica ou esfoliação dômica: quando grandes massas rochosas de granito são
cristalizadas dentro da crosta ficam sujeitas á pressão das rochas ao redor. Com o soerguimento
e erosão das rochas, ocorre um alívio da pressão exercida sobre o granito e este se expande. A
expansão do granito devido ao alívio de pressão gera uma esfoliação em camadas concêntricas,
como as camadas de uma cebola.

Abrasão: a abrasão ocorre principalmente pelo impacto de partículas nas rochas. Essas partículas
podem ser, por exemplo, grãos de areia transportados pelo vento ou transportados pelas ondas do
mar que quebram em cima das rochas. O próprio impacto mecânico das águas fluviais, pluviais ou
marinhas podem causar intemperismo físico com o quebramento das rochas.

Intemperismo químico

O intemperismo químico altera a composição dos minerais e das rochas, principalmente em rea-
ções que envolvem a presença de água. A água – vinda de oceanos, rios, lagos, geleiras, canais subterrâne-
os, chuva ou neve – é o principal fator controlador da intensidade do intemperismo químico. Ela carrega
íons para as reações químicas, participa das reações e transporta os resultados destas reações.
Durante essa transformação, a rocha original se decompõe em substâncias que são estáveis na su-
perfície. O produto do intemperismo químico permanece essencialmente inalterado ao longo do período
em que este permanecer em um ambiente similar ao que foi formado.
Os três principais processos que causam o intemperismo químico das rochas são a dissolução, a
oxidação e a hidrólise.

Dissolução: na dissolução, íons ou grupos de íons que formam um mineral ou uma rocha são
removidos e levados pela água. Em geral, a água pura não é reativa, mas, ao atravessar a atmos-
fera ou o solo, são adicionados alguns elementos à água tornando-a reativa.

Um exemplo comum de dissolução ocorre quando a água se combina com o dióxido de carbono
(CO2), presente na atmosfera ou no solo, formando o ácido carbônico (H2CO3). Por sua vez, o ácido
carbônico é capaz de decompor a calcita, principal constituinte dos carbonatos. Os íons formados são
levados em solução pelos cursos d’água, gerando espaços vazios na rocha.

Fundamentos de Geologia 59
Saiba mais!
tos. No interior das cavernas ocorre a formação de
espeleotemas.
Espeleotemas são depósitos de precipita-
ção carbonática, que compõem as formas de acu-
mulação mais comuns no interior de cavernas. O
termo espeleotema tem origem grega e significa
“depósito mineral”, neste caso, a água ácida em vez
de dissolver a calcita do calcário vai recristalizá-la.
O principal tipo de espeleotema encontra-
do nas cavernas são as estalactites (pendentes do
teto). São formadas quando uma gota de água
atinge o teto de uma caverna, vindo da superfí-
cie através das fraturas do calcário, dissolvendo
o calcário das paredes da fratura e se saturando
em bicarbonato de cálcio. Esta gota é uma com-
binação de água, calcita e gás carbônico. Em con-
tato com o ar da caverna, o gás carbônico migra
para a atmosfera da caverna. Após a liberação do
A dissolução dos calcários é responsável gás carbônico, restarão apenas a calcita e a água,
pela criação de cavernas. As cavernas são condutos como a calcita é insolúvel em água pura, ela se
subterrâneos de acesso ao homem, gerados pela cristalizará formando um anel em volta da gota, a
dissolução das rochas solúveis, como os carbona- sucessão de anéis forma a estalactite.

Oxidação: na oxidação, os íons dos minerais se combinam com íons de oxigênio. Um exemplo
deste tipo de intemperismo ocorre quando os íons de ferro das rochas máficas (um basalto, por
exemplo) reagem com o oxigênio da atmosfera formando óxido de ferro (hematita). As rochas
máficas possuem um grande conteúdo de minerais ricos em ferro (como as olivinas, os piroxê-
nios e os anfibólios) e são as mais propensas à oxidação.

Hidrólise: na hidrólise, os íons da molécula da água, H+ e OH-, se unem a outros íons da estru-
tura dos minerais. Silicatos ricos em alumínio, como os fedspatos, o mineral mais abundante da
crosta, são os mais propensos à hidrólise. Nesta reação são formados minerais de argila estáveis
e os demais elementos (a sílica e o íon potássio) são levados em solução na água. As argilas for-
madas por este processo cobrem vastas porções da superfície ou são transportados formando
lama no fundo dos oceanos.

Intemperismo biológico
Fonte:<http://www.ideam.gov.co/ni-

O intemperismo também está associado


nos/Imagenes/glo_051.jpg>

à atividade de organismos, como as plantas, os


animais e os homens:

As raízes das plantas provocam fraturas


nas rochas e contribuem com o intem-
perismo mecânico;

60 FTC EAD | BIO


Os animais perfuradores, como as cracas e as pinaúnas em regiões costeiras, fazem buracos nas
rochas, contribuindo para a desagregação das rochas;
A atividade de microorganismos presentes no solo gera ácidos que contribuem com o intempe-
rismo químico;

Diversos tipos de atividades humanas (como a construção de cidades, exploração mineral, etc.)
promovem o intemperismo químico e mecânico.

Intensidade ou taxa de intemperização

A ação do intemperismo mecânico, quebrando a rocha em pequenos pedaços, aumenta a área


superficial exposta e acelera o intemperismo químico;

A presença de juntas e fraturas na rocha possibilita a penetração da água na rocha e intensifica


o intemperismo;

A constituição mineral da rocha é um dos fatores mais determinantes da intensidade de


intemperização;

Os silicatos são intemperizados essencialmente na mesma seqüência de sua ordem de cristalização.

Fatores climáticos
Saiba mais!
Determinam o tipo e a intensidade do O intemperismo gera depósitos
intemperismo. minerais através do enriquecimento
secundário: o intemperismo químico
A temperatura e a umidade influenciam no com a percolação de água remove os
tipo e na quantidade de vegetação; materiais residuais levando ao enrique-
cimento dos elementos menos solúveis.
Um manto espesso de solo rico em matéria or- Elementos de importância econômica
gânica gera fluidos quimicamente ativos como em baixas concentrações na superfície
os ácidos húmico e carbônico; são removidos e redepositados tornan-
do-se mais concentrados.
O intemperismo químico é baixo ou inexis-
tente em regiões polares (baixas temperaturas) Um exemplo é a bauxita (óxido
e regiões áridas (baixa umidade). hidratado de alumínio): a bauxita é o
principal minério de alumínio, forma-
Quanto maior a disponibilidade da água e mais do em climas tropicais quando rochas
freqüente a sua renovação, mais complexas se- ricas em alumínio estão sujeitas a inten-
rão as reações químicas do intemperismo; so intemperismo químico.

As reações químicas do intemperismo ocor-


rem mais intensamente nos compartimentos
do relevo onde há uma boa infiltração da água,
percolação por tempo suficiente para efetivar
as reações e uma boa drenagem para a lixivia-
ção dos produtos solúveis.

Fundamentos de Geologia 61
EROSÃO

Existem quatro tipos principais de erosão, classificados de acordo com o tipo de agente atuante:
erosão fluvial, erosão eólica, erosão glacial e erosão marinha.

Erosão fluvial

A energia potencial dos rios pode ser usada para erodir as rochas e as transportar. A maior parte da ero-
são, quando o canal é composto por rocha dura, ocorre pela ação abrasiva da água carregando sedimentos. Se
o canal for composto por material inconsolidado, apenas o impacto da água é capaz de promover a erosão.

Um rio transporta a sua carga de sedimentos de três formas:

Sedimentos grossos: carga de fundo


transporte por saltação e arraste
Sedimentos finos: carga de suspensão
transporte por suspensão
Sedimentos dissolvidos pela decomposição química: carga dissolvida
transporte em solução

Os rios variam na sua habilidade de transportar sedimentos. Essa habilidade é determinada por
dois critérios: competência e capacidade

Saiba mais!
Competência Capacidade
A competência do rio é medida pelo tama- A capacidade do rio é o máximo de peso
nho máximo das partículas que ele é capaz de trans- que ele pode carregar e está relacionada com a
portar e é determinada pela velocidade do rio. descarga do rio.

Principais feições erosivas pela ação fluvial:

Sulcos e ravinas: são formados pela ação erosiva do escoamento superficial concentrado em linhas;

62 FTC EAD | BIO


Voçorocas: são formadas quando o nível freático erode a base das vertentes; a erosão solapa a
base das paredes, carregando o material em profundidade e formando vazios no interior do solo;
o colapso destes vazios desestabiliza as vertentes e provoca o recuo das paredes das voçorocas.

Fonte:<http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/imagens/vocoroca.jpg>
Erosão fluvial ou voçoroca.

Erosão eólica

Quando comparada com a ação fluvial e a glacial, a ação erosiva dos ventos é relativamente menos
importante.
Na maioria das vezes, em um ambiente desértico, a erosão é causada principalmente pelas chuvas
curtas, mas de grande intensidade.
A erosão pelo vento se dá predominantemente em terras áridas e sem vegetação.

Saiba mais!
Os principais processos de erosão eólica são a deflação e a abrasão.
Deflação: é a retirada de partículas pela ação do vento.

A remoção dessas partículas (argila, silte ou areia) pode gerar pavimentos desérticos e blowouts.
Os blowouts são “buracos” ou zonas rebaixadas geradas pela remoção da areia. Eles são muito
comuns em regiões de dunas.
Nos pavimentos desérticos a superfície é coberta por matacões e cascalhos devido à gradual retira-
da do silte e da areia pela deflação.

Fundamentos de Geologia 63
Na deflação o material fino (argila e silte) é transportado em suspensão e a areia é trans-
portada por saltação.
Para uma mesmo velocidade do vento, quanto maior a partícula menor será o seu deslocamento.

Saiba mais!
Se o nível topográfico é rebaixado até
atingir a zona saturada, pode formar oásis.

Abrasão: é o processo de desgaste e polimento de seixos, blocos ou rochas gerado pelo


impacto de partículas transportadas pelo vento. Devido a esse processo os grãos tendem a
apresentar um aspecto fosco.
A abrasão gera seixos chamados de ventifactos: seixos que apresentam uma ou mais faces planas
desenvolvidas pela ação da abrasão eólica.

Saiba mais!
A abrasão gera seixos chamados de ventifac-
tos: seixos que apresentam uma ou mais faces pla-
nas desenvolvidas pela ação da abrasão eólica.

Erosão glacial

As geleiras são capazes de intensa erosão. Elas conseguem carregar imensos blocos que nenhum
outro agente erosivo conseguiria.
Atualmente as geleiras têm limitada importância como agente erosivo, porém existem muitas for-
mas de relevo geradas no passado, mostrando a intensidade do seu trabalho erosivo.
As geleiras erodem através de duas formas principais:

Remoção: quando uma geleira se movimenta sobre uma superfície rochosa, blocos de rocha são
incorporados no interior do gelo. A água derretida penetra nas fissuras e juntas das rochas durante
a passagem da geleira e quando essa congela ocorre a expansão e o quebramento da rocha.

64 FTC EAD | BIO


Abrasão: desgaste da rocha sobre a qual a geleira se desloca devido á ação do gelo e dos frag-
mentos rochosos transportados na base do gelo que funcionam como uma lixa.
Estrias glaciais são geradas no leito rochoso quando o gelo no fundo da geleira contém fragmentos
protuberantes de rocha e indicam a direção de fluxo da geleira.

A RAZÃO DE EROSÃO DEPENDE:


Razão do movimento glacial;
Espessura do gelo;
Forma, abundância e dureza dos fragmentos
rochosos contidos no gelo da base da geleira;
Da erodibilidade da superfície abaixo da
geleira.

As principais formas erosivas pela ação gla-


cial são os vales glaciais. As geleiras se movem ini-
cialmente dentro de um vale esculpido por um rio.
Os vales em V são transformados em vales em U,
uma forma característica dos vales glaciais.
Ocorre também a erosão pela água de de-
gelo formando canais subglaciais que geram um
sistema de escoamento com um padrão muito ir-
regular, escavado quando a geleira se movimenta
em um substrato duro. Estes canais só são visíveis
junto às margens das geleiras, onde desembocam
e descarregam um grande volume de água.

Erosão marinha

As ondas adquirem sua energia a partir dos ventos que


sopram nos oceanos, essa energia é acumulada no seu percurso
em águas profundas e depois é dissipada na zona de surfe e na
zona de arrebentação.
Nas praias que apresentam zona de surfe (várias linhas
de quebra de onda, onde é possível a prática de surfe), a onda
tem oportunidade de dissipar a sua energia, chegando na praia
com alturas menores.
Nas praias onde a zona de surfe não existe, as ondas ar-
rebentam diretamente na praia, em geral com alturas significan-
tes, causando grande impacto sobre a praia.

Quanto maior a altura das ondas, maior a sua


energia e mais intenso será o processo erosivo.

Fundamentos de Geologia 65
As ondas são também as principais responsáveis pelo transporte de sedimentos ao longo da costa, atra-
vés das correntes costeiras. Parte da energia dissipada pelas ondas promove a geração de correntes costeiras.
Quando as ondas quebram formando um ângulo com a linha de costa, são geradas correntes lon-
gitudinais. Estas correntes são fluxos paralelos à costa entre a zona de arrebentação e a linha de costa que
transportam os sedimentos colocados em suspensão pelas ondas ao longo da costa

Estas correntes transportam os sedimentos, distribuindo a areia ao longo das praias, a depender
das condições de onda e, conseqüentemente, de correntes que prevalecem em cada praia. De acordo com
essa distribuição de areia, algumas praias são mais largas e outras são mais estreitas.
A praia, com sua faixa de areia, além da sua importância para diversos tipos de organismos que ali vivem,
funciona como uma “zona tampão”, protegendo o continente da ação direta das ondas e das correntes.
Em muitas praias a faixa de areia desaparece durante os períodos de maré alta e as ondas erodem a zona
costeira adjacente, podendo destruir planícies, terraços, campos de duna, falésias e construções humanas.

Intensificação do processo erosivo devido a um aumento do nível relativo do mar

A extensão de costas erodidas e a taxa de erosão têm aumentado substancialmente em todo o mundo.
Desde 1955-60 a extensão de costas erodidas aumentou de 55% para 80%, sendo que 45% deste percen-
tual apresenta uma taxa de erosão superior
a 3,5 m/ano, enquanto que, antes da década
de 60, apenas 8 a 16% das costas sob erosão
apresentavam taxas de erosão superiores a Você sabia?
3,5 m/ano. Parte desta aceleração na erosão Com o aumento do nível relativo do mar, me-
costeira pode ser explicada pelo aumento re- nos energia é retirada das ondas através da fricção
lativo do nível do mar. com o fundo, antes das ondas quebrarem, resultando
em ondas com maiores alturas ao longo da costa.

66 FTC EAD | BIO


MOVIMENTOS DE MASSA

Esses movimentos são controlados essencialmente pela gravidade, contudo outros fatores podem
funcionar como um gatilho, rompendo a inércia e fazendo com que o movimento se inicie:

presença de água

O preenchimento dos poros dos sedimentos com água provoca a perda de coesão das partí-
culas, diminuindo a sua resistência interna;

Em alguns casos, especialmente em materiais argilosos, a água tem um efeito lubrificante;

A água também adiciona peso ao material.

aumento da inclinação da encosta

O material inconsolidado encontra estabilidade sob um determinado ângulo de repouso, que geral-
mente varia de 25 a 40° a depender do tamanho da partícula;
Um aumento da declividade pode romper este ângulo de repouso e provocar a movimenta-
ção do material;
Isto ocorre também com materiais consolidados a fim de restaurar a estabilidade da encosta.

remoção da vegetação

As plantas protegem o solo contra a erosão e contribuem para a estabilização das encostas
devido ao seu sistema de raízes;

A remoção da vegetação favorece os movimentos de massa, principalmente se a encosta for


muito íngreme ou se houver água em abundância.

ocorrência de terremotos

Alguns locais podem permanecer estáveis durante um longo período, ainda que as condições sejam
favoráveis aos movimentos de massa e essa estabilidade pode ser rompida por terremotos ou tremores de
terra, provocando o deslocamento de grande quantidade de material.

Fundamentos de Geologia 67
TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA

Movimentos de massa rápidos


Desmoronamento ou queda de blocos:
movimento rápido de blocos ou lascas de
rocha pela ação da gravidade, sem a presença

Fonte:<http://www.ufrgs.
r/geociencias/cporcher/>
de uma superfície de deslizamento. Ocorre
geralmente em encostas íngremes de pare-
dões rochosos e é favorecida por desconti-
nuidades na rocha, como fraturas ou banda-
mentos e pela ação do intemperismo.

Escorregamento ou deslizamento: mo-

Fonte:<http://g1.globo.com/VCnoG1/
vimento rápido com plano de ruptura bem
definido, permitindo a distinção entre o ma-
terial deslizado e aquele não movimentado.

foto/0,,11802611,00.jpg>
O material permanece essencialmente coe-
rente e se move ao longo de uma superfície
bem definida, aproximadamente paralela ao
declive. Esta superfície pode ser uma junta,
uma falha ou um plano de acamadamento.
Este tipo de movimento de massa é mais co-
mum em terrenos com estratos argilosos.

Corridas ou fluxo: são movimentos rápidos onde os materiais se comportam como fluidos alta-
mente viscosos. Estão geralmente associados à concentração excessiva de fluxos de águas superfi-
ciais em algum ponto da encosta.

Movimentos de massa lentos

Rastejamento ou creep: movimento lento, geralmente de alguns centímetros por ano, do solo ou
regolito na superfície do terreno.

Solifluxão: movimento comum em regiões periglaciais, onde ocorre o deslocamento da cama-


da superior degelada (camada ativa), que escoa sobre a camada inferior congelada (permafrost).
Ocorre em vertentes com declividades inferiores a 5°.

68 FTC EAD | BIO


RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E
SUBTERRÂNEOS

Ciclo hidrológico
A água ocorre em várias partes do planeta – nos oceanos, nas geleiras, nos rios, nos lagos, no ar e
no solo. Todos esses “reservatórios” constituem a hidrosfera.
Estima-se que a hidrosfera seja composta por cerca de 1,36 bilhões de quilômetros cúbicos de água.

Você sabia?
Cerca de 97,2% do total de água do plane-
ta está estocado nos oceanos; 2,15% nas geleiras
e capas de gelo; 0,62% como água subterrânea e
0,03% como rios, lagos, solo e atmosfera.

A água não permanece por muito tempo em cada um destes reservatórios, ela está constantemente
se movimentando nos oceanos, na atmosfera, na Terra sólida e na biosfera.

Saiba mais!
O Ciclo Hidrológico é a contínua movimentação da água dos oceanos para a atmosfera, da
atmosfera para a terra e da terra de volta para o mar.

Fonte:<http://ga.water.usgs.gov/edu/graphics/watercycleportuguesehigh.jpg>

Fundamentos de Geologia 69
O Ciclo Hidrológico é um gigantesco sistema global alimentado pela energia do sol que, através
da atmosfera, provem uma ligação vital entre os oceanos e os continentes:

A água evapora para a atmosfera a partir dos oceanos e uma pequena parte a partir do conti-
nente (rios e lagos);
O vento transporta esse “vapor d’água” por longas distâncias e estes se condensam em nuvens
que se precipitam como chuva;
Parte desta chuva cai sobre oceanos completando o ciclo de retorno;

A chuva que cai no continente pode seguir vários caminhos:

Parte da água que no solo pode infiltrar, se movimentando por canais subterrâneos, alimentando
lagos, rios ou indo diretamente para os oceanos;
Quando a água se precipita em quantidades acima da capacidade de absorção do solo, parte des-
ta água escoa superficialmente. O balanço entre a infiltração e o escoamento superficial depende
de diversos fatores como a permeabilidade do solo, o relevo e a presença de vegetação. Quando
maior a permeabilidade do solo, mais plano o relevo e com a presença de uma cobertura vegetal,
maior será a taxa de infiltração; quanto menor a permeabilidade do solo, mais íngreme o relevo
e com vegetação ausente, maior será o escoamento superficial;
Parte da água que infiltra ou que escoa superficialmente é absorvida pelas plantas e retorna para
atmosfera através da transpiração;
Quando a precipitação ocorre em regiões muito frias – regiões de altas latitudes o no topo de
montanhas muito elevadas – a água pode, ao invés de infiltrar ou escoar superficialmente, con-
gelar e se incorporar ás geleiras e às capas de gelo.

O ciclo hidrológico é balanceado. Como a quantidade de vapor d’água na atmosfera perma-


nece o mesmo, a média anual de precipitação deve ser igual á quantidade de água evaporada.
A precipitação excede a evaporação nos continentes e, inversamente, a precipitação excede a evaporação
nos oceanos e o sistema funciona de forma equilibrada.

Você sabia?
Cerca de 320.000 km3 de água são evaporados em cada ano a partir dos oceanos e 60.000 km3
a partir dos continentes (lagos e rios);
Deste total de 380.000 km3 de água, cerca de 284.000 km3 se precipitam de volta para os
oceanos e os 96.000 km3 de água restantes se precipitam nos continentes;
Destes 96.000 km3 de água que caem nos continentes, 60.000 km3 evaporam e 36.000 km3
percorrem pelos continentes, erodindo-os no seu caminho de volta aos oceanos.

Água subterrânea
A maior parte dos recursos hídricos utilizados para uso industrial e consumo provém de cursos
subterrâneos. A água subterrânea representa a principal fonte de água fresca do planeta.

70 FTC EAD | BIO


A água que infiltra a partir da superfície penetra até uma zona onde todos os poros das rochas são
ocupados por água. Esta é a zona de saturação. Acima desta zona, onde o solo, o sedimento ou a rocha
não estão saturados em água, os poros são preenchidos por ar e pela água que infiltra, esta é chamada
zona de aeração. O limite entre estas duas zonas é o nível freático.

Saiba mais!
Água subterrânea é a água existen-
te abaixo do nível freático e que ocupa a
zona de saturação.

Aqüíferos

São materiais com grande capacidade de transmitir água (condutividade hidráulica) como os se-
dimentos inconsolidados (cascalhos e areias), rochas sedimentares (arenitos e conglomerados) e rochas
ígneas e metamórficas com alto grau de fraturamento.
Tipos de aqüíferos em relação ao tipo de porosidade existente

Aqüífero de porosidade granular: sedimentos ou rocha sedimentar com porosidade primária.


Ex. arenitos

Aqüíferos de fraturas: rocha com sistema de fraturas interconectado.

Aqüíferos de conduto: rocha com porosidade cárstica gerada pela dissolução de rochas carbonáticas.

Saiba mais!
Classificação geral dos aqüíferos

Aqüíferos livres: são aqueles cuja base é demarcado pelo nível freático e o topo está em
contato com a atmosfera.
Aqüífero confinado: são aqueles confinados entre duas unidades pouco permeáveis ou im-
permeáveis. A camada permeável (aqüífero) intercepta a superfície, permitindo a sua recarga.

Aqüífero suspenso: níveis lentiformes de aqüíferos livres acima do nível freático principal.

Fundamentos de Geologia 71
Você sabia?
Importância da água subterrânea:

97% da água doce líquida do planeta;

abastecimento público e privado;

uso industrial e pela agricultura;

manutenção de cursos d’água superficiais em épocas de seca;

manutenção das terras úmidas garantindo o seu equilíbrio ecológico.

A Influência das Atividades Antrópicas nos Recursos


Hídricos Subterrâneos

Extração intensiva das águas subterrâneas

redução da capacidade produtiva do poço;


intrusão de água salina nas regiões costeiras;
http://www.sanepar.com.br
infiltração de água subterrânea de baixa
qualidade;
drenagem de corpos de água superficiais de-
vido ao rebaixamento do nível hidráulico do
aqüífero;
subsidência do terreno: compactação em terrenos ar-
gilosos, colapso de vazios em regiões calcárias.

Contaminação da água subterrânea


sistema de saneamento Principais contaminantes: ni-
tratos, metais pesados, compostos
aplicação de fertilizantes
orgânicos sintéticos, solventes, mi-
tanques de combustíveis croorganismos patogênicos.
atividades industriais, etc.

72 FTC EAD | BIO


Atividade complementar
1. Defina “intemperismo” e diga qual a sua importância no ciclo das rochas.

2. Quais os principais fatores condicionantes dos movimentos de massa?

3. Explique o ciclo hidrológico.

4. Defina competência e capacidade de um rio.

5. Explique de que forma um rio pode transportar a sua carga de sedimentos.

Fundamentos de Geologia 73
AMBIENTES GEOLÓGICOS

AMBIENTES DESÉRTICOS

As formas de relevo (paisagens), o solo e os processos geológicos atuantes em regiões desérticas


são muito particulares e, em geral, muito diferentes daqueles encontrados em regiões úmidas.
O regolito (horizonte C do solo) encontrado nestas regiões é em grande parte produto do
intemperismo físico ou mecânico. A ação do intemperismo mecânico fragmenta as rochas em partí-
culas grossas e gera escarpas íngremes.
Os canais existentes em ambientes desérticos quase nunca chegam ao oceano. Em geram eles se-
cam devido às altas taxas de evaporação. Devido à ausência de vegetação, nestes ambientes prevalece o
escoamento superficial e a erosão do solo é intensa durante as violentas chuvas tropicais. Quando as chu-
vas são suficientes, nas zonas mais rebaixadas podem ser formadas playas ou lagos temporários. Nestes
lagos geralmente ocorre uma alta concentração em sais.

Saiba mais!
Desertos são comumente sinônimo de terra árida, onde a média de chuva anual é geralmente
inferior a 250mm ou onde a razão de evaporação excede a razão de precipitação.

Existem dois tipos principais de desertos: os desertos quentes e os desertos polares.

Desertos quentes: estes desertos apresentam um clima


árido e quente. Neste tipo de deserto a escassez de chuva pode
estar associada:
Aos cinturões globais de circulação atmosférica de ar subtropical
seco. Os mais extensos desertos do mundo estão incluídos nesta

74 FTC EAD | BIO


categoria, pode-se citar, por exemplo, o deserto do Saara e o Grande Deserto Australiano;
Às regiões internas de continentes onde prevalecem condições de verões quentes e invernos
secos. Pode-se citar, por exemplo, o deserto de Gobi na Ásia Central;
Às regiões montanhosas onde as montanhas criam um efeito de “sombra de chuva”. As mas-
sas de ar não conseguem transpor esta barreira e um lado da montanha fica com deficiência de
chuva, resultando num clima seco. A Serra da Nevada, no leste da Califórnia, cria uma espécie
de barreira e é a principal responsável pelo clima árido dos desertos situados a leste da serra;

Às regiões costeiras ao longo de margens continentais onde há pouca quantidade de massas de ar


quente. Desertos costeiros deste tipo podem ser encontrados no Chile e no Peru, por exemplo.

Desertos polares: grandes desertos ocorrem em regiões


polares onde a precipitação é extremamente baixa devido ao ar
seco e frio. Nestes locais, apesar da água ser abundante, ela se en-
contra na forma de gelo e se precipita como neve. Exemplos de
desertos polares são encontrados no nordeste da Groenlândia, no
Canadá e nos vales congelados da Antártica.

Dunas
As dunas são acumulações ou elevações de areia depositadas pelo vento. Geralmente a duna se forma
onde um obstáculo muda o fluxo do vento. O vento perde velocidade e começa a acumular areia. Isso ocor-
re em regiões secas porque a presença de umidade no sedimento dificulta a sua remoção pelo vento.
As dunas são formas assimétricas, em geral elas apresentam uma inclinação mais suave no lado onde o
vento sopra. O ângulo de inclinação da duna depende da velocidade do vento e do tamanho do grão de areia.

Principais tipos de duna de acordo com a sua forma :

Duna barcana: tem a forma de uma lua crescente e ocorre onde o vento é constante e o supri-
mento de areia é limitado;

Duna barcanóide: ocorre a partir de uma conexão entre as formas crescentes da duna barcana
e é orientada transversalmente à direção do vento;
Duna transversa: esta duna forma uma elevação assimétrica transversa à direção do vento.
Ocorre em áreas com abundância de areia e pouca vegetação;
Duna parabólica: tem forma de U, com a abertura voltada para a direção do vento;
Duna linear: tem forma linear, alongada, paralela à direção do vento. Podem apresentar até 100
m de altura e 100 km de comprimento. Ocorrem em desertos com suficiente suprimento de
areia e incidência de ventos fortes;
Duna estrelada: forma isolada de acumulação de areia que apresentam na sua base uma forma
similar a uma estrela em planta;
Duna reversa: elevação assimétrica que apresenta características intermediárias entre uma duna
transversa e uma duna estrelada. É formada onde ocorrem ventos com força e duração similares
agindo em sentidos opostos.
Fundamentos de Geologia 75
AMBIENTE GLACIAL

Geleiras

Definindo de uma maneira simplificada, geleiras são corpos de gelo, compostos principalmente por
neve recristalizada, que mostram indicações de movimentação devido à força da gravidade.
Pequenas geleiras são confinadas pela topografia que determina a sua forma e direção de movimen-
to. Algumas ocupam depressões em regiões montanhosas. Grandes geleiras podem ocupar extensos va-
les. Em geral as geleiras apresentam em torno de 1 a 2 km de comprimento, contudo, em alguns grandes
vales glaciais, como nas montanhas do Alasca e na Ásia Central, podem chegar a dezenas de km.

Principais tipos de geleiras de acordo com a sua forma:

Circo glacial: ocupam depressões no topo de montanhas;

Geleira de vale ou alpina: flui a partir do circo glacial ocupando regiões de vale;

Fjord glacial ou geleira de maré: ocupam vales costeiros e a sua base encontra o mar;

Capas de gelo: corpos com forma dômica que cobrem montanhas ou áreas de altas latitudes,
dispostas geralmente de maneira radial;

Campos de gelo: extensas áreas de gelo em regiões montanhosas que consistem na intercone-
xão de geleiras alpinas;

Mantos de gelo: massas de gelo de tamanho continental, não limitado pela topografia;

Plataforma de gelo: placas de gelo que flutuam sobre o mar e está comumente localizado em
embaiamentos costeiros;

Iceberg: massa de gelo continental flutuante no mar, desprendida da margem de um fjord ou


de uma plataforma de gelo.

Erosão e deposição glacial

A erosão glacial envolve a incorporação e remoção pelas geleiras de partículas ou detritos do asso-
alho sobre o qual as geleiras se movimentam.

76 FTC EAD | BIO


Os depósitos gerados em ambiente glacial são formados predominantemente por sedimentos clás-
ticos, geralmente com a ausência de sedimentos químicos ou biogênicos. São em geral mal selecionados,
com a presença de fragmentos rochosos de diferentes tamanhos.

AMBIENTE FLUVIAL

O leito corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das águas. Em função da descarga e da
topografia dos canais, os leitos podem ser classificados em:

Leito menor ou talvegue: parte central ocupada pelas águas;


Leito maior: onde as águas ocorrem nas épocas de cheia;
Leito de vazante: onde as águas correm no período de estiagem.
O regime fluvial representa a variação do nível das águas fluviais no decorrer do ano. Em geral, de-
pende do regime de precipitação, das condições de infiltração e da existência de drenagens subterrâneas.

Transporte fluvial
Os rios transportam os materiais em solução química
como carga dissolvida, as partículas finas (silte e argila) como
carga em suspensão e as partículas maiores (areias e casca-
lhos) que são roladas, deslizadas ou saltam ao longo do leito dos
rios, como carga de leito.

A carga dissolvida é transportada na mesma velocida-


de da água e é carregada até onde a água caminhar;

A carga em suspensão é carregada com a mesma veloci-


dade da água enquanto a turbulência for suficiente, quan-
do atingir um limite crítico as partículas precipitam-se;

A carga do leito move-se muito mais lentamente que o fluxo


da água, porque os grãos deslocam-se de modo intermitente.

Capacidade e competência de um rio

A maior quantidade de detritos de determinado tamanho que um rio consegue transportar como
carga do leito corresponde à sua capacidade;
O maior diâmetro encontrado entre os detritos transportados como carga do leito determina a
competência do rio.

Fundamentos de Geologia 77
Erosão e deposição fluvial

A erosão fluvial engloba os processos que resultam na retirada de detritos do fundo do leito e das mar-
gens, fazendo com que passem a integrar a carga sedimentar. A erosão se dá principalmente pelo impacto das
partículas carregadas pela água e a abrasão da superfície sobre a qual a água escoa. O movimento turbilhonar
sobre as rochas do fundo do leito pode escavar depressões de forma circular conhecidas como marmitas.

Saiba mais!
A deposição da carga detrítica carregada pelo rio ocorre quando há uma diminuição da com-
petência ou da capacidade fluvial, isso pode ocorrer devido a diversos fatores, tais como:

Redução na declividade do leito;


Redução do volume de água;
Aumento do granulometria da carga detrítica.

O tipo de canal é o resultado do ajuste do canal à sua seção transversal e reflete o inter-re-
lacionamento entre:

Tipos de canal fluvial

Retos: são aqueles em que o


rio percorre um trajeto reti-
líneo, sem se desviar signifi-
cativamente de sua trajetória
normal em direção à foz.
Ocorre geralmente quando
o substrato é homogêneo ou
quando o rio é controlado por linhas de falhas ou fraturas.

Anastomosado: o rio se ramifica em múltiplos canais, peque-


nos e rasos, devido às rugosidades e saliências geradas pela
deposição de material grosseiro no seu leito. Os trechos anas-
tomosados se localizam ao longo do curso fluvial, nunca no Fo n t e : < h t t p : / / w w w. g e o l o g i a . u s o n .
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seu inicio nem na sua parte terminal.

78 FTC EAD | BIO


Meândricos: são aqueles em que os rios descrevem curvas sinuosas, largas e semelhantes entre
si, através de um trabalho contínuo de escavação na margem côncava (ponto de maior veloci-
dade da corrente) e deposição na margem convexa (ponto de menor velocidade da corrente).
Ocorrem onde existe a presença de camadas sedimentares coerentes e representa o ajustamento
entre todas as variáveis hidrológicas, a carga detrítica e a litologia por onde passa o canal.

AMBIENTE COSTEIRO

Praias
As praias formam umas das mais belas paisagens encontradas no mundo e, além de sua beleza cê-
nica, representam importantes áreas recreacionais em torno das quais desenvolvem-se cidades, balneários,
atividades turísticas, comerciais e industriais. Em termos ecológicos, as praias são ecossistemas produtivos
que sustentam uma comunidade variada de invertebrados como equinodermos, moluscos, crustáceos, artró-
podes, e vertebrados como aves marinhas e peixes litorâneos. Além disto, as praias têm a importante função
ambiental de atuar como zona tampão e proteger a costa da ação direta do oceano.
As praias compõem um ambiente dinâmico, onde
ondas, marés, ventos, tempestades e atividades humanas
agem construindo, destruindo ou remodelando a paisa-
gem. Elas estão constantemente ajustando-se a flutuações
dos níveis de energia através de mudanças morfológicas
e de trocas de sedimentos com regiões adjacentes.
Devido às suas características, as praias apresentam um
alto potencial para múltiplos usos que, muitas vezes,
podem ser complementares, conflitivos ou mutuamente
exclusivos. Ao se analisar os diversos usos deve ser consi-
derado o caráter naturalmente instável deste ambiente e
os problemas que podem advir da ação antrópica.
As praias são sempre lembradas pelas suas belas pai-
sagens e por serem ambientes propícios a várias atividades
recreacionais como natação, mergulho, surfe, banho de sol,
caminhadas, jogos, pescarias, etc. O tipo de atividade possível de ser desenvol-
vida na praia depende de fatores como a temperatura da água, tamanho
das ondas e granulometria dos sedimentos que compõem a praia. Em
algumas partes do mundo, outros tipos de atividades são desenvolvidas neste
ambiente, como a exploração de minerais, a exemplo da magnetita, ilmenita,
zircão, rutilo, monazita e platina, às vezes em detrimento do uso recreacional.
Além dos usos diretos, a praia serve como uma barreira entre o oceano e a terra, sendo esta uma
das suas principais funções ambientais. As ondas chegam à costa ainda com uma grande quantidade de
energia e a maior parte desta energia é gasta na sua quebra sobre a praia. Durante as tempestades, a praia é
capaz de modificar sua inclinação e características morfológicas para dissipar a energia das ondas. Contu-
do, algumas atividades humanas que levem, por exemplo, à interrupção do transporte de sedimentos
e à diminuição do aporte de sedimentos pelos rios, podem diminuir ou eliminar a capacidade de
barreira da praia, levando a uma intensificação do ataque das ondas sobre as propriedades costeiras.

Fundamentos de Geologia 79
Ecossistemas Costeiros

Além do ecossistema praial, pode-se citar alguns ecossistemas comuns aos ambientes costeiros brasileiros:

Planícies costeiras

Estas planícies ocorrem nas porções mais baixas da costa e são formadas por um solo
predominantemente arenoso. Muitas vezes estão associados a ambientes de restinga, cuja
vegetação se adapta bem a esse tipo de solo. Apresentam geralmente alinhamentos muito ní-
tidos de cordões litorâneos, ou seja, antigas linhas de praias que foram se sucedendo devido
a um recuo do nível do mar.

Terras úmidas

São depósitos argilo-orgânicos presentes em áreas transicionais entre os sistemas


terrestres e aquáticos, que são inundadas ou saturadas por água superficial ou subterrânea.
Estes depósitos ocupam geralmente os vales entalhados em tabuleiros costeiros, planícies de
inundação e áreas baixas localizadas entre as planícies arenosas. Podem ocorrer camadas de
turfas nestes depósitos.

Depósitos de mangue

Estes depósitos ocorrem ao longo de estuários, ca-


nais de maré e trechos costeiros protegidos da ação direta
das ondas. São formados predominantemente por sedi-
mentos argilosos ricos em matéria orgânica, e apresentam
uma vegetação típica, adaptada a este tipo de solo.

Depósitos fluviais

Os depósitos fluviais são constituídos essencialmente de sedimentos de dique marginal, de


barra de meandro e de canal abandonado. São compostos por sedimentos argilosos e apresen-
tam larga expressão principalmente em planícies costeiras associadas às desembocaduras fluviais.

Bancos de arenito (Beach-rocks)

Estes bancos são depósitos de areia rica em quartzo, com uma quantidade variada de
grãos biodetríticos, que foram litificados durante o Holoceno, com o nível do mar mais alto
que o atual, tendo sido posteriormente exumados. Estes arenitos, algumas vezes, funcionam
como substrato para corais e outros organismos bentônicos. Os bancos de arenito funcio-
nam também como importantes barreiras à ação das ondas ao longo da costa.

Recifes de corais

Os recifes de corais constituem um dos principais


ecossistemas costeiros, com grande importância bio-
lógica e ecológica, além de servirem como atrativo
para o turismo e, normalmente, protegerem a costa
da ação das ondas. Os recifes de corais são também

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responsáveis pela produção de matéria orgânica e reciclagem de nutrientes, benefician-
do inúmeras espécies de peixes, crustáceos, moluscos e ouriços.

Na Bahia ocorrem os maiores e mais ricos recifes de coral do Brasil e de todo o oceano
Atlântico Sul Ocidental. Estes recifes são constituídos por uma fauna coralina rica em espé-
cies endêmicas, cujos principais construtores são formas arcaicas, remanescentes de uma
antiga fauna coralina existente desde antes do Terciário. Os recifes de corais encontrados
nesta região crescem de uma forma particular, a partir de uma estrutura coralina única, com a
base estreita e o topo expandido lateralmente, em forma de cogumelo, que recebe o nome de
“chapeirões”. Este nome foi citado pela primeira vez pelo geólogo Charles Frederick Hartt,
devido à sua semelhança com um cogumelo ou um grande chapéu. Apresentam alturas e di-
âmetros variáveis. Em geral, quando os recifes estão mais próximos à costa e o crescimento
dos chapeirões é muito denso, as colunas coralinas coalescem pelos seus topos formando
estruturas maiores e de morfologias variadas, que constituem os bancos recifais.

Atividade Complementar
1. Descreva as principais características dos ambientes desérticos.

2. Descreva os principais tipos de geleiras.

3. Explique os processos de erosão e deposição fluvial.

Fundamentos de Geologia 81
4. O que são dunas e como são formadas?

5. Qual a importância ambiental da existência de recifes de corais?

82 FTC EAD | BIO


Glossário
Aqüíferos: são unidades rochosas ou sedimentos que armazenam e transmitem volumes significa-
tivos de água subterrânea passível de ser explorada pela sociedade.
Cavernas: são condutos subterrâneos de acesso ao homem, gerados pela dissolução de rochas so-
lúveis, como os carbonatos.
Cimentação: é o processo diagenético através do qual os grãos são “colados” por materiais origina-
riamente dissolvidos durante o intemperismo químico ocorrido anteriormente nas rochas.
Compactação: é um processo diagenético através do qual o volume dos sedimentos é reduzido
através da aplicação de uma determinada pressão gerada pelo próprio peso dos sedimentos
Diagênese: mudanças na natureza química e física dos sedimentos causadas pela combinação entre o
calor, a pressão decorrente do peso dos sedimentos e os íons transportados pela água de superfície.
Erosão: é o processo pelo qual as partículas, em geral resultantes da ação do intemperismo, são
incorporadas e transportadas através de agentes como a água, o vento ou o gelo.
Espeleotemas: são depósitos de precipitação carbonática, que compõem as formas de acumulação
mais comuns no interior de cavernas.
Falhas: são fraturas na crosta terrestre com deslocamento relativo, perceptível entre os lados contí-
guos e ao longo do plano de falha.
Foliação: alinhamento mineral em camadas ou bandas, causado na rocha pela ocorrência de uma
pressão dirigida em uma direção preferencial.
Geomorfologia: é a ciência que estuda o surgimento e a evolução das formas de relevo.
Intemperismo: é o processo através do qual a rocha se desintegra e se decompõe em superfície.
Inselbergs: são morros elevados de composição granítica, isolados devido à erosão das rochas ao
seu redor em condições de clima árido ou semi-árido.
Metamorfismo: é o processo através do qual as condições do interior da Terra alteram a composi-
ção mineral e estrutura das rochas sem fundi-las.
Minérios: são depósitos minerais que podem ser economicamente explorados.
Pavimentos desérticos: superfícies planas coberta por matacões e cascalhos devido à gradual retira-
da do silte e da areia pela deflação eólica em ambientes desérticos.
Rastejamento: movimento lento, geralmente de alguns centímetros por ano, do solo ou regolito na
superfície do terreno.
Recursos: são depósitos conhecidos, mas que não são atualmente exploráveis devido a fatores tec-
nológicos, econômicos ou políticas.
Reservas: são quantidades de recursos naturais disponíveis e que podem ser explorados economi-
camente com as tecnologias disponíveis.
Zona de surfe: zona hidrodinâmica costeira onde as ondas começam a sentir o fundo marinho e a
quebrar em várias linhas de arrebentação.
Zona de arrebentação: zona de quebra das ondas quando a onda inclina sobre si mesma devido à
pequena profundidade da lâmina d’água.

Fundamentos de Geologia 83
Referências Bibliográficas

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ANOTAÇÕES
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