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POSITIVISMO, MARXISMO E

FENOMENOLOGIA:olhares sobre
o mundo moderno

ALBERTO ALBUQUERQUE GOMES


FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
 As chamadas “ciências humanas” que
tem por objeto de estudo o homem,
se organiza a partir do século XIX.
 Inspiradas nas ciências naturais,
objetivam tratar os fatos sociais como
coisas a partir de modelos hipotético-
dedutivos e experimentais buscando
identificar leis causais e universais
dos fenômenos humanos.
 As ciências humanas consideram o
ato social como unidade básica da
conduta humana possível de ser
compreendido cientificamente.
 Há uma diferença significativa entre o
meio natural e o meio social: o meio
social não mensurável como o meio
natural.
 O fato social pode ser observado e
analisado a partir de um arsenal de
alternativas metodológicas:

 Positivista caracterizado pelo enfoque


cientificista do objeto de estudo: a
sociedade.
 Materialista dialético caracterizado pela
ênfase no processo contraditório do
movimento social
 Fenomenológico-hermenêutico
caracterizado pela ênfase no “mundo da
vida cotidiana”.
O POSITIVISMO DE AUGUSTO
COMTE
 Augusto Comte: filósofo francês, filho de
católicos monarquistas, viveu o período
napoleônico de consolidação da ordem
capitalista na Europa no século de sua
industrialização.
 Organicismo: partiu de uma concepção de que
a sociedade seria um corpo composto por
partes coesas e integradas, cujo
funcionamento, regulado por leis naturais,
seria marcado por um equilíbrio natural e uma
evolução contínua.
Características do positivismo

 Cientificismo: recorre à metodologia das


ciências naturais reconhecendo na razão
humana, a única possibilidade de elucidação
das relações sociais.
 Cientificismo: fé inabalável na racionalidade
como forma eficaz de compreender o
funcionamento da sociedade e propor possíveis
remédios às suas distorções assegurando uma
postura supostamente neutra.
Características do positivismo
 DARWINISMO SOCIAL: A aplicação do darwinismo
à sociologia buscava uma lei geral de
desenvolvimento ou evolução da sociedade.
 O darwinismo social foi justificador das
desigualdades sociais e do imperialismo europeu.
 Século XIX: as massas desempregadas ou
submissas à disciplina fabril tinham sua situação
explicada pela incompetência na adaptação ao
meio, assim como as civilizações que viviam em
regime tribal, foram encaradas como verdadeiros
elos perdidos, fósseis vivos, expressões de um
passado longínquo e primitivo da sociedade.
ETAPAS DO PENSAMENTO DE
COMTE
1. 1820 - 1826 - Reflexão sobre a crise da sociedade
Diagnóstico: sociedade teológico-militar (fé)

X
Sociedade científico-industrial (razão)
2. 1826 ...- Sistematização do pensamento positivo

Lei dos três estados


Classificação das ciências
A Sociologia como ciência sintética
A Sociologia como ciência da previdência
3. Sistema de política positiva - Determinação de estratégias de
ação
Passagem do Estado teológico-metafísico para o Estado positivo
Determinação da função da Sociologia
OS GRANDES TEMAS DA OBRA DE COMTE

1. Sociedade industrial - Crença no progresso da


sociedade industrial: o pensamento científico
comandaria o pensamento dos homens modernos –
Estado Positivo.
 Definição dos traços característicos da indústria:
a) A indústria se baseia na organização científica do
trabalho;
b) A humanidade desenvolve rapidamente seus
recursos;
c) A produção industrial leva à concentração de
trabalhadores nas fábricas e periferias das cidades;
d) Essa concentração de trabalhadores (massa operária)
determina uma oposição latente ou aberta entre
empregados/empregadores;
OS GRANDES TEMAS DA OBRA DE COMTE

e) Enquanto a riqueza não para de aumentar, graças ao


caráter científico do trabalho, multiplicam-se as crises de
superprodução, que têm por conseqüência a pobreza no
meio da abundância;
f) O sistema econômico, associado à organização industrial e
científica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas
e pela busca do lucro por parte dos empresários e
comerciantes.
g) A oposição operários X empresários resulta da má
organização da sociedade industrial e pode ser corrigida por
meio de reformas. A acumulação de riqueza é inevitável,
uma vez que o progresso só é possível se cada geração
produzir mais do precisa e deixar como herança para a
geração seguinte. Porém, a propriedade pessoal deve ser
esvaziada do seu caráter arbitrariamente pessoal, pois
os proprietários devem reconhecer sua função social.
O PENSAMENTO CIENTÍFICO
1. No campo da matemática, da física ou da
biologia, o pensamento positivo tem vocação
universal, no sentido de que todas as partes da
espécie humana adotam esse modo de pensar,
quando os êxitos atribuíveis a ele tornam-se
visíveis. O método positivo deve ser estendido a
todos os aspectos do pensamento.
2. Método positivo - Comte constata que o método
positivo é necessário nas ciências, e conclui que
este método, baseado na observação, na
experimentação e na formulação de leis, deve ser
estendido a todos os domínios do conhecimento.
DUPLA UNIVERSALIDADE DO PENSAMENTO
CIENTÍFICO
3. Para ele, o modo de pensar positivo tem validade
universal, tanto em política como em astronomia.
4. Dialética positivista
Fetichismo (modo de pensar imediato e espontâneo)
X
Positivismo (modo de pensar sistemático e organizado).
5. A nova ciência social - estudo das leis do
desenvolvimento histórico através da observação e
da comparação, com métodos análogos aos de
outras ciência, a biologia, por exemplo.
DUPLA UNIVERSALIDADE DO PENSAMENTO
CIENTÍFICO

6. Para tanto, a Sociologia deve estar organizada


em dois campos:
a) Estática que consiste essencialmente no estudo
do que ele chama de consenso social; (ordem);
b) Dinâmica que consiste na descrição das etapas
sucessivas das sociedade humanas
(progresso).
LEIS DO POSITIVISMO

ESTADO TEOLÓGICO
 
LEI DOS TRÊS ESTADOS ESTADO METAFÍSICO

ESTADO POSITIVO
LEIS DO POSITIVISMO

ASTRONOMIA
CLASSIFICAÇÃO MATEMÁTICA
DAS CIÊNCIAS
QUÍMICA

FÍSICA

BIOLOGIA

FÍSICA SOCIAL
MARXISMO

 Karl Marx - Trier (5/5/1818)/Londres


(14/03/1883).
 Universidade de Berlim (filosofia hegeliana)
 Iena (1841) - tese Sobre as diferenças da
filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro.
 Juventude Hegeliana  grupo de jovens
intelectuais e estudantes dedicados à
discussão e debate da obra de GEORG
WILHELM FRIEDRICH HEGEL
FONTES DO MARXISMO
1. FILOSOFIA CLÁSSICA ALEMÃ (HEGEL)
2. ECONOMIA POLÍTICA INGLESA (ADAM SMITH E
DAVID RICARDO)
3. SOCIALISMO FRANCÊS (FOURIER E SAINT-SIMON)
4. MATERIALISMO HISTÓRICO  forte influência de
Ludwig Feuerbach e ruptura com o idealismo
hegeliano.
5. Revisão do princípio hegeliano de que o movimento é
personificado pelo espírito – DEMIURGO – O
CRIADOR.
6. Principal característica de sua obra  lógica e
unidade
AS ETAPAS DO PENSAMENTO
SOCIOLÓGICO - KARL MARX

1. O pensamento de Marx sobre o


regime capitalista refere-se ao seu
tempo, o que sem dúvida apresenta
dificuldades de natureza extrínsecas
e intrínsecas:
a) As dificuldades de natureza
extrínseca referem-se ao destino
póstumo da obra de Marx: a doutrina
marxista que beira à simplificação e
ao exagero (catecismo);
AS ETAPAS DO PENSAMENTO
SOCIOLÓGICO - KARL MARX
b) As dificuldades de natureza intrínseca referem-se à
fecundidade da obra de Marx e ao fato de que tem
sido dividida em duas partes:
 Obras de Juventude (1841/48), "Introdução à crítica
da Filosofia do Direito de Hegel", "Ensaio sobre a
Questão Judaica", "Manuscritos Econômico-
filosóficos", "A Sagrada Família", "Miséria da
Filosofia", "Manifesto do Partido Comunista" e "A
Ideologia alemã“;
 Obras de maturidade (1848/1883), "Contribuição à
crítica da economia política, "O Capital".
 Para alguns autores, esta divisão tem como marco
fundamental "A Ideologia Alemã" que representa a
ruptura de Marx com o período anterior, isto é,
deixava de ser filósofo para ser um sociólogo e
economista.
AS ETAPAS DO PENSAMENTO
SOCIOLÓGICO - KARL MARX
1. Análise sócio-econômica do capitalismo
a) Análise do funcionamento da sociedade
capitalista: presente e devenir.
b) Ponto de partida da análise: a luta de classes
(Aron, p. 136 - Manifesto do Partido Comunista)
c) Primeira contradição: forças produtivas X
relações de produção (Aron, p. 137)
d) Segunda contradição: riqueza X miséria (Aron,
p.137)
 Polarização do conflito entre burguesia e
proletariado.
OS PRINCIPAIS TEMAS MARXISTAS
1. Materialismo histórico (Prefácio à
Crítica da Economia Política, p. 301)
a) A produção da consciência (Prefácio à
Crítica da Economia Política, p. 301)
b) Estrutura e superestrutura (Prefácio à
Crítica da Economia Política, p. 301)
c) O processo de ruptura social (Prefácio
à Crítica da Economia Política, p. 302)
A QUESTÃO DO MÉTODO

O Método na Economia Política


O método é um instrumento de mediação entre o homem
que quer conhecer e o objeto desconhecido, como parte
do real a ser investigado.

traduz a complexidade do objeto da economia política


através da análise das múltiplas determinações.
A QUESTÃO DO MÉTODO

A radicalidade Ser radical é agarrar as coisas pela raiz, e a raiz


para o homem é o próprio homem. (Crítica da
Filosofia do Direito de Hegel)
traduz a complexidade do objeto da economia política
Método através da análise das múltiplas determinações.

Conhecer é uma forma de apropriação intelectual


dos fenômenos, quando estes tornam-se
Produção do expressão mediata da essência  conceito;
conhecimento reprodução intelectual da realidade,
reconhecendo o movimento da essência 
progressão do abstrato ao concreto, chegando ao
concreto pensado.
ABSTRATO CONCRETO CONCRETO PENSADO
  

REPRESENTAÇÃO SÍNTESE DAS


CAÓTICA DA FENÔMENO REAL
MÚLTIPLAS
REALIDADE EXPERIMENTADO
DETERMINAÇÕES
CATEGORIA IDEOLOGIA E
TRABALHO REPRESENTAÇÕES

SÍNTESE DAS
MÚLTIPLAS
CONDIÇÃO
INSTRUMENTO DETERMINAÇÕES DE CLASSE
TÉORICO-
METODOLÓGICO

DIVISÃO DO CONSCIÊNCIA
TRABALHO SOCIAL
O enfoque fenomenológico-
hermenêutico
 Principais nomes
 Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859-1938)
Nasceu em 08/04/1959, Prossnitz (hoje
Prostejov, na República Checa), faleceu em
Friburg, Alemanha em 26/04/1938.
Iniciou seus estudos em Matemática. Em
1887, Husserl, que fora judeu, converteu-se
à Igreja Luterana. Ensinou filosofia, como
livre docente, em Halle, de 1887 a 1901; em
Göttingen, de 1901 a 1918; e, em Freiburg,
de 1918 a 1928, quando se aposentou.
O enfoque fenomenológico-
hermenêutico
Martin Heidegger (1889-1976)
Nasceu a 26/09/1889 em Messkirch (Grão-ducado de Baden),
Alemanha, e faleceu em 26/05/1976, em Freiburg-im-Breisgau,
parte da Alemanha Ocidental.
Estudou em Constança, de 1903 a 1906, e em
Friburg até 1909. Em 1909, ingressou na
Universidade de Friburg e iniciou o curso de
teologia e iniciou suas primeiras leituras de
Husserl, que o levariam ao método
fenomenológico.
O enfoque fenomenológico-
hermenêutico
 Jean-Paul Sartre (1905-80)
Nasceu em Paris, (21/06/1905) e faleceu em Paris em 1980.
Estudou no Liceu Henrique IV, em Paris, no liceu em La Rochelle. Após o
liceu completou sua educação ingressando em 1924 na École Normale
Supériure, onde se graduou em 1929.

Ainda estudante passou a viver com


Simone de Beauvoir (1908-1986) de quem nunca se
separou. Na École Normale foi contemporâneo de
futuros intelectuias de renome como Raymond Aron,
Maurice Merleau-Ponty, Emmanuel Mounier, Jean
Hippolyte, Claude Lévi-Strauss, dentre outros.
O enfoque fenomenológico-
hermenêutico
 Maurice Merleau-Ponty (1908-61)
 Nasceu em Rochefort-sur-Mer a 14/03/1908 e faleceu em Paris a
3/05/1961. Formou-se em filosofia na Escola Normal Superior, em
1930. Lecionou no Liceu de Beauvais (1931/33), no Liceu de
Chartres (1934/1935 e na Escola Normal Superior de 1935 a 1939.

 Na Sorbonne, (1949/1952, lecionou psicologia


e pedagogia, sendo eleito para o Colégio de
França em 1952, onde lecionou até a data de
sua morte.
 O termo tem história recente, tomando sua
acepção moderna a partir do filósofo Edmund
Husserl.

 A fenomenologia é uma espécie de método que


faz a mediação entre o sujeito e o objeto ou,
dizendo de outro modo, entre o eu e a coisa.
 Fenomenologia (do grego phainesthai, aquilo que
se apresenta ou que se mostra, e logos,
explicação, estudo) afirma a importância dos
fenômenos da consciência que devem ser
estudados em si mesmos – tudo que podemos
saber do mundo resume-se a esses fenômenos, a
esses objetos ideais que existem na mente, cada
um designado por uma palavra que representa a
sua essência, sua "significação".
 A fenomenologia é o estudo da consciência e
dos objetos da consciência. A redução
fenomenológica (ou "epoche" no jargão
fenomenológico), é o processo pelo qual tudo
que é informado pelos sentidos é mudado em
uma experiência de consciência, em um
fenômeno que consiste em se estar
consciente de algo. Coisas, imagens,
fantasias, atos, relações, pensamentos
eventos, memórias, sentimentos, etc.
constituem nossas experiências de
consciência.
Intencionalidade Percepção

SUJEITO-
Modo como nossa
CONSCIÊNCIA consciência relaciona-
Recusa daquilo já se com o mundo.
definido → o
mundo nos é
dado a conhecer
a partir de
Como a nossa
nossas consciência pode ter
experiências → acesso a um mundo
de objetos? Como se
mundo vivido. forma o campo da
nossa experiência?

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