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DA CONDUÇÃO
Categoria B
MANUAL DO ENSINO
DA CONDUÇÃO
Categoria B
Coordenação
Direcção de Serviços de Formação e Certificação – Departamento de Ensino de Condução
Colaboração
CR&M, Formação Activa de Condução, Lda.
Março 2010
MANUAL DO ENSINO
DA CONDUÇÃO
Categoria B
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
Objectivo do Manual 10
Estrutura e Organização 10
4. PLANO DE FORMAÇÃO 53
4.1 Conteúdos de ensino do programa de formação 53
4.2 Conteúdos da Portaria 536/2005, de 22 de Junho 54
4.3 Distribuição dos temas da Portaria 536/2005 pelos 59
4 níveis da Matriz GDE
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69
7. FICHAS TÉCNICAS #
07
INTRODUÇÃO
Introdução
O apoio ao reforço da qualidade do ensino da condução ministrado nas
escolas de condução, constituiu um dos objectivos que o Instituto da
Mobilidade e dos Transportes Terrestres, (IMTT, I.P.) pretende incrementar A qualificação do
ensino da condução
e desenvolver. deve ser uma
preocupação
A qualificação do ensino da condução deve ser uma preocupação de todos de todos os que
actuam e contribuem
os que actuam e contribuem para a formação de condutores. A elaboração para a formação
de um Manual de Ensino da Condução, com inclusão de conteúdos de de condutores.
formação de candidatos a condutores e indicação de métodos e técnicas
pedagógicas mais adequadas, tem como objectivo melhorar as práticas
dos instrutores de condução e o desempenho dos candidatos a condutores,
fornecendo-lhes ferramentas para o desenvolvimento da aprendizagem.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
OBJECTIVO DO MANUAL
O presente Manual pretende ser um instrumento de trabalho para o
formador/instrutor de condução automóvel ao nível da sua preparação
e actualização de conhecimentos quer na componente técnica quer na
componente pedagógica, no quadro do sistema de ensino de candidatos a
condutores da categoria B.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
O Manual de Ensino da Condução integra uma reflexão geral sobre os
conhecimentos, as atitudes e os comportamentos que o candidato a
condutor tem de adquirir ao longo do processo de aprendizagem para o
correcto exercício da condução automóvel, bem como sistematiza os níveis
de ensino, as fases de ensino, os temas transversais e, ainda, os conteúdos
das provas de exame que, presentemente, se encontram definidos na
Portaria nº 536/2005, de 22 de Junho.
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1 - CARACTERIZAÇÃO DA TAREFA DA CONDUÇÃO
1. Caracterização da tarefa
da condução
• Recolha da informação
• Tratamento da informação
• Acção
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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1 - CARACTERIZAÇÃO DA TAREFA DA CONDUÇÃO
Desde 19701 que se sabe que, para conduzir um automóvel, um indivíduo 1.Ellingstad, V.S. (1970)
“A driving task analysis”
tem de aprender cerca de 40 tarefas principais e saber desenvolver McKnight, J. and Adams,
cerca de 1500 subtarefas relacionadas com a actividade. Para a execução B. (1970) “Driver education
and task analysis”.
segura desta extensa lista de tarefas e subtarefas, é exigido ao condutor
um elevado nível de atenção e concentração, que devem ser mantidas
durante todo o período de condução, a fim de poder reagir adequada-
mente a acontecimentos imprevistos e antecipar incidentes e acidentes.
Paralelamente, uma vez que os condutores estão constantemente expostos
a uma considerável quantidade de informação, proveniente do ambiente
rodoviário, de natureza e complexidade diversas, a mobilização das várias
tarefas e subtarefas assenta frequentemente na gestão dos seus recursos
sensório-motores para alcançar o destino pretendido.
As características individuais
de cada condutor têm
impacto no modo de
condução.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
1º Nível ATITUDINAL
Este nível está relacionado com os objectivos de vida do condutor e competências para viver. Abrange as
motivações pessoais, as emoções, os estilos de vida, o modo de ser do condutor.
Inclui as suas percepções, quer coincidam ou não com a realidade, e a forma como acredita que se deve comportar
na sociedade para poder satisfazer os seus intuitos, mas igualmente para satisfazer os que o rodeiam.
Este nível está baseado no reconhecimento de que os estilos de vida, o estatuto social, o género, a idade, bem
como outros factores individuais têm uma influência preponderante nas atitudes e também nos comportamentos
dos condutores e no grau de probabilidade de se verem envolvidos em acidentes. Este nível está estreitamente
relacionado com o acto de conduzir e influencia a segurança/insegurança de toda a mobilidade e acessibilidade
rodoviárias.
2º Nível ESTRATÉGICO
Este nível está relacionado com as escolhas estratégicas feitas pelo condutor: o porquê, para quê, onde e
quando conduzir. As escolhas também incluem a opção pelo modo como o indivíduo se desloca e o modo como
se faz transportar, bem como se pretende conduzir de dia ou de noite, inserir-se no trânsito nas horas de maior
ou menor afluência de tráfego, conduzir sob a influência de álcool ou em estado de fadiga, etc.
Este nível estratégico corresponde também à preparação e planeamento da viagem, cuidando do estado do
veículo, seleccionando as vias mais adequadas para chegar ao seu destino, observando as regras legais de
circulação rodoviária, o tráfego, o tempo disponível e eventuais acidentes na via.
3º Nível TÁCTICO
Este nível trabalha a recolha da informação pelo condutor, integra as regras de circulação rodoviária e
respectiva sinalização, de forma a permitir ao condutor reagir em conformidade com as situações de trânsito
com que se depara, de modo a ser capaz de reagir a imprevistos.
O condutor deve adaptar a sua condução de acordo com as constantes alterações ocorridas no ambiente
rodoviário. Por exemplo, quando encontra utentes vulneráveis na via, como as crianças, deve moderar
especialmente a velocidade e aumentar a atenção.
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1 - CARACTERIZAÇÃO DA TAREFA DA CONDUÇÃO
4º Nível OPERACIONAL
Este nível corresponde à forma como os condutores desempenham as acções, ou mais precisamente, à forma
como são manipulados os controlos do veículo, para que possam agir táctica e estrategicamente. Inclui as
competências necessárias para o controlo e domínio do veículo.
Quando o condutor decide tactimente reduzir a velocidade, pode decidir agir de diversas formas: retirar
simplesmente o pé do acelerador; retirar o pé do acelerador e pressionar o pedal do travão, ou ainda pressionar
o pedal do travão e simultaneamente pressionar a embraiagem para reduzir uma mudança. Assim, para cumprir
o objectivo táctico de reduzir a velocidade, o condutor deve realizar determinadas acções, que são desenvolvidas
ao nível operacional.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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1 - CARACTERIZAÇÃO DA TAREFA DA CONDUÇÃO
A consolidação
dos automatismos
sensório-motores
contribui para uma
condução mais segura.
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
2. Caracterização do comportamento
de condutores recém-encartados
Investigações recentes3 têm permitido estudar a forma
como a tarefa da condução é desempenhada pelos condutores.
E, apesar dos condutores poderem ter desempenhos distintos,
os estudos têm evidenciado a existência de comportamentos e atitudes,
que são semelhantes dentro de um determinado grupo de indivíduos.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
6.Young Drivers - Nos estudos realizados6, tem-se verificado que os condutores jovens
The Road to Safety :
Conference of Ministers inexperientes se envolvem em diversos tipos de acidentes. No entanto,
of Transport (ECMT):
certos autores acreditam que existe uma correlação entre este grupo
OCDE 2006
de condutores e determinados “acidentes-tipo”, devido à frequência
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
com que acontecem. Um dos exemplos diz respeito aos acidentes cuja
origem se deve à perda de controlo e domínio do veículo. Em 1998,
um estudo7 mostrou que este tipo de acidentes era mais frequente junto 7.Laapotti, S.; Keskinen
(1998) Differences of fatal
dos condutores jovens do género masculino, estando também associado loss-of-control accidents
between young male and
o facto de ocorrerem sem que tenha sido envolvido mais nenhum female drivers : “Accident
veículo. Comparativamente, a perda de controlo do veículo praticada por analysis and Prevention”.
Em 2005, estudos alemães8 referiram como principais causas de acidente 8.HASTE - Human
Machine Interface and
de jovens condutores nacionais os seguintes motivos: velocidade inade- Safety-Related Driver
quada, erros na cedência de passagem, erros na manutenção da distância Performance: Brussels 2005
Entre os anos de 1994 e 2000, uma investigação na Suécia10 analisou a 10.Diurnal variation in
subsidiary reaction time
distribuição dos acidentes em função das horas do dia. Os dados mostraram in a long-term driving
task - Hans-Olof Lisper,
que os jovens condutores com idades compreendidas entre os 18 e os
Britt Eriksson, Karl-Olov
24 anos, estiveram envolvidos em acidentes, durante todos os períodos Fagerström and Jan
Lindholm : Department
horários, estando especialmente representados durante o período da noite. of Psychology. University
of Uppsala, Sweden
Esta taxa de acidentes era sobretudo evidente e discrepante dos valores
pertencentes aos restantes grupos de condutores, às sextas-feiras à noite,
entre as 19:00 e as 00:00 horas, bem como aos sábados, entre as 19:00 e
as 02:00 horas da manhã.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
Um condutor inexperiente
deve aumentar a distância
de segurança.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Por isso, tem-se verificado ao longo dos anos que ambos devem ser
considerados no processo de estruturação do ensino da condução. A aquisição
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Objectivo da formação
de condutores: formar
condutores seguros.
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2 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO
DE CONDUTORES RECÉM-ENCARTADOS
A formação de condutores
deve ser planeada
e monitorizada.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
3. Caracterização da formação
da condução automóvel
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Consciente
Usado para
a resolução
das situações
Recolha de informação
de trânsito
Processamento
Conhecimentos da informação
Capacidades Tomada de decisão
Atitudes
Inconsciente
Os automatismos
Execução de acção permitem a execução
de várias tarefas
simples, em
simultâneo.
Figura 1
A recolha de informação
envolve a utilização
adequada dos espelhos
retrovisores.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
3.2 - APRENDIZAGEM
A aprendizagem é um processo interno que consiste na aquisição de
A integração dos novos
conhecimento e competências teóricos e/ou práticos. Esta aquisição resulta saberes conduz a uma
da compreensão, do exercício, da prática e da experiência (considerada alteração do conhecimento
como assimilação e consolidação de saberes), dependendo também e do comportamento
do candidato a
das características individuais de cada sujeito, ao nível da motivação, condutor, promovendo,
experiências anteriores e capacidades cognitivas. consequentemente, uma
mudança relativamente
estável e duradoura
A integração dos novos saberes conduz a uma alteração do conhecimento de atitudes.
e do comportamento do candidato a condutor, promovendo, consequen-
temente, uma mudança relativamente estável e duradoura de atitudes.
Quadro 1
Para que a aprendizagem seja significativa deve-se ter sempre como ponto
de partida as competências prévias do candidato a condutor para que este
as possa articular com as novas competências a desenvolver.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
O candidato a condutor
deve ter retorno do seu
desempenho.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
O currículo oculto resulta das aprendizagens que ocorrem sem que delas
houvesse intenção formal e pode dever-se a:
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
• Caracterização do contexto
• Definição de objectivos e de conteúdos
• Organização das experiências de aprendizagem
• Definição dos esquemas de avaliação
1 2 3 4
Figura 2
• Factor de clarificação;
• Meio de comunicação;
• Instrumento de orientação e rentabilidade;
• Factor de maior objectividade nas avaliações.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
Matriz GDE
(“Goals for Driver Education”)
CURRÍCULO
Quadro 2
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Nível 1 ATITUDINAL
Os objectivos de vida e as competências para viver consubstanciam o nível atitudinal mais elevado das
aprendizagens a realizar pelo candidato a condutor ao longo do processo de aprendizagem. Estas aprendizagens
referem-se a questões e aspectos relacionados com as características desejáveis do condutor, mais estreitamente
relacionadas com as exigências da condução automóvel, tais como, os principais traços da personalidade, o
grupo de pertença, controlo de estados emocionais, a idade e outros factores determinantes da sua atitude
responsável, face à circulação rodoviária, características que, por sua vez, afectam directamente cada um dos
níveis seguintes, dado que exercem uma influência assinalável na forma como o condutor encara e desempenha
a tarefa da condução propriamente dita.
Nível 2 ESTRATÉGICO
Os objectivos e o contexto da condução consubstanciam o nível estratégico seguinte e é o momento em
que as aprendizagens se referem a questões e aspectos relacionados com o planeamento e a preparação de
viagens e de percursos diários, orientando o candidato a condutor para a aquisição de conhecimentos gerais e
sólidos de trânsito e de sinalização rodoviária, bem como para a necessidade de reflectir sobre a diversidade
dos meios de transporte, promoção da condução económica e ecológica, meios de transporte alternativos e
suaves, etc.
Nível 3 TÁCTICO
O domínio das situações de trânsito consubstancia o nível táctico, onde as aprendizagens a realizar se referem
a questões e aspectos relacionados com o domínio das situações de trânsito propriamente ditas e as opções que
se fazem face à diversidade e à complexidade das mesmas.
Nível 4 OPERACIONAL
O controlo do veículo consubstancia o nível operacional mais baixo mas igualmente importante, onde as
aprendizagens a realizar se referem a questões e aspectos relacionados com o controlo do veículo e o seu
manuseamento, antes de o candidato começar a treinar comportamentos de inserção no trânsito.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
• É neste nível que o instrutor transmite noções básicas, indispensáveis e necessárias para a continuidade
a dar à formação do candidato, explicitando os diferentes comportamentos rodoviários e colocando-o em situação
de se auto-questionar, face às suas motivações e atitudes perante o trânsito rodoviário.
• As competências motivacionais a adquirir pelo candidato deverão ser utilizadas para compreender e organizar todas
as informações adquiridas, durante toda a aprendizagem.
• Este nível compreende a aquisição de conhecimentos relacionados com a Planificação e Preparação de Viagens.
• As competências estratégicas a adquirir facilitam o seu questionamento face às suas motivações e atitudes,
perante o trânsito, estimulando-o a ser o elemento central e decisivo na planificação de viagens e percursos.
• Este nível compreende o desenvolvimento de competências tácticas, centradas no Domínio das Situações
de Trânsito e reforçando o controlo do veículo.
• Simultaneamente também envolve competências tácticas de Conhecimentos Técnicos Básicos, no domínio
das regras e da sinalização rodoviária.
Quadro 3
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Neste sentido, podemos definir objectivos de ensino, para cada uma das
fases de formação “actualmente em vigor”, articulando-as estreitamente
com os níveis da Matriz GDE, ou seja, desde a entrada do candidato a
condutor na escola da condução, frequência das aulas teóricas e aulas
práticas, tendo ainda em conta os conteúdos programáticos, que são
avaliados na prova teórica e na prova das aptidões e do comportamento.
Assim, no quadro da formação teórica, integrando os níveis da Matriz
GDE, apresentam-se alguns dos objectivos de ensino a alcançar:
Quadro 4
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
Quadro 5
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Tal como o seu nome indica, estes temas transversais, estão presentes
em todos os conteúdos constantes nas duas componentes de formação
teórica e prática.
O candidato adquire competências pessoais sobre a importância de se preparar, com a devida antecedência,
para a realização de viagens e percursos, quer antes quer durante os mesmos. Embora o ambiente de
aprendizagem suscitado por este tema seja propício a discussões em grupo e de base teórica, deve ser de novo
acentuado de forma particular no final do processo formativo. Nas aulas práticas deve ser dada ao candidato
a possibilidade de ser ele próprio a definir o percurso, seleccionar o destino, planeá-lo, os locais de passagem,
seleccionar os locais de estacionamento, etc.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
O candidato vai adquirindo competências técnicas e psicomotoras, para conduzir de forma responsável,
escolhendo os processos e as estratégias, que contribuem para a sustentabilidade do ambiente rodoviário.
Estas estratégias devem ser desenvolvidas e treinadas desde o início do processo de formação. Este tema deve
estar estreitamente ligado com as técnicas de condução defensiva, pelo que ganha especial relevo durante
o ensino prático da condução automóvel.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
1 MÉTODO EXPOSITIVO
A transmissão oral de saberes continua a ser a mais frequente forma de comunicação pedagógica entre quem
ensina e quem aprende. Na escola de condução, o instrutor utiliza, com frequência, este método, recorrendo
a ideias claras para explicar os conteúdos de ensino, mobilizando para tanto a atenção e a concentração dos
candidatos, relacionando-os com outros conhecimentos que os candidatos já detenham. Ao recorrer a este
método, o instrutor deve despertar a curiosidade dos candidatos e estimular a reflexão. As actividades e os
recursos mais comuns são: exposições orais de conteúdos, explicações, apresentações de materiais feitas
em sala de aula, etc.
2 MÉTODO INTERROGATIVO
Este método de ensino, como o seu próprio nome indica, é utilizado com frequência e em simultâneo com
o método expositivo. Sempre que é usado, procura-se garantir que quem aprende está a seguir com êxito
a comunicação pedagógica feita por quem ensina, ao mesmo que estimula a participação dos candidatos,
contrabalançando com o método anterior. As actividades mais comuns são obviamente perguntas e
respostas.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
3 MÉTODO DEMONSTRATIVO
É baseado no conhecimento técnico e prático do instrutor e na sua competência para exemplificar uma
determinada operação técnica/prática que se deseja repetida e depois aprendida. O instrutor explicita um
determinado conteúdo de ensino, demonstrando tarefas, ou seja, este método é especialmente indicado na
componente prática da formação. Como normalmente não é suficiente explicar por palavras o que se pretende
que seja adquirido, é necessário explicar e depois mostrar e demonstrar. Em seguida, o candidato deve realizar
a tarefa a adquirir, primeiro sob orientação do instrutor e depois sozinho.
Este método requer que se explique, mostre, ilustre o conteúdo, salientando-se os pontos-chave. As
repetições sucessivas das várias tarefas são muito importantes, até que já seja possível dominar a acção em si,
depois do candidato ter solicitado ajuda ou esclarecimentos, caso necessite. O instrutor deve fazer perguntas
ao candidato, controlando o seu desempenho, mas intervindo cada vez menos. A utilização deste método é
indispensável em certas aprendizagens de carácter mais técnico, como é o caso da colocação de cintos de
segurança, por exemplo.
Em resumo, é preciso interessar constantemente o candidato pelos conteúdos, ao mesmo tempo que este é:
4 MÉTODO ACTIVO
Este método foi descoberto no final do séc. XIX e visa a preparação para determinados desempenhos e tarefas,
no pressuposto de que quem aprende reage permanentemente, face às diferentes circunstâncias, ou seja, a
educação é baseada na acção propriamente dita. É um método que integra os três níveis do saber – saber-
saber, saber-fazer e saber-ser/estar – e assenta nas vantagens da observação, da experimentação e da
reflexão sobre o que se observa e experimenta. Está especialmente indicado para a aquisição de aptidões
motoras e comportamentos, como é o caso da condução automóvel. Este método tem vindo a afirmar-se
devido à sua eficácia no que se refere ao aumento da motivação relacionada com actividades que envolvem
directamente o formando, à necessidade de incrementar hábitos de trabalho de grupo para o aperfeiçoamento
das relações humanas, como é o caso também da utilização da via pública. As actividades mais comuns são:
exercícios práticos, realização de tarefas concretas, estudo de casos, simulação de casos, trabalhos de
grupo, jogos didácticos, role-play, diálogos, debates, etc.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
• Ajudar o candidato a condutor a tornar-se mais consciente das suas características e capacidades, do
seu veículo, da interacção entre ele e os outros utentes da via, num contexto social;
• Tornar o candidato a condutor mais responsável por si próprio, pela sua própria aprendizagem e pelo seu
comportamento no trânsito;
• Ajudar o candidato a condutor a manter um sentido de responsabilidade em situações complexas de
trânsito;
• Permitir ao instrutor e ao candidato criarem uma relação de parceria, onde o primeiro, através da obser-
vação activa, interrogação e “feedback” encoraja o segundo a ser ele próprio, a identificar objectivos, a reflectir
sobre a sua própria experiência e a desenvolver estratégias para alcançar os seus objectivos no futuro.
• Maior enfoque nos níveis superiores da Matriz GDE, durante o processo de aprendizagem.
49
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Situações de trânsito
complexas devem ser
treinadas durante
a formação.
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3 - CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DA CONDUÇÃO AUTOMÓVEL
A adopção de novas
tecnologias na aprendizagem
da condução.
51
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
A comunicação entre o instrutor e o candidato deve ser sempre bidireccional, dando espaço à discussão, à
partilha de experiências e ao esclarecimento de dúvidas.
52
4 – PLANO DE FORMAÇÃO
4. Plano de formação
53
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
54
4 – PLANO DE FORMAÇÃO
4 Protecção do ambiente:
4.1 Ruídos e emissão de poluentes atmosféricos;
4.2 Poluição do solo;
4.3 Condução económica.
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MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
3 Condução defensiva:
3.1 Atitude do condutor;
3.2 Caracterização de técnicas de condução.
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4 – PLANO DE FORMAÇÃO
2 Aptidões:
2.1 Início de marcha:
2.1.1 Ligação do motor;
2.1.2 Ponto morto e embraiagem;
2.1.3 Selecção das velocidades;
2.1.4 Olhar para os espelhos retrovisores e para trás;
2.1.5 Utilizar o indicador de mudança de direcção;
2.1.6 Utilizar o travão de estacionamento;
2.1.7 Coordenar os movimentos dos pés e das mãos antes
e durante o arranque e com o veículo em marcha;
2.1.8 Estabilização de velocidade;
2.1.9 Posicionamento correcto do veículo na via;
2.2 Exercícios de condução lenta, incluindo a marcha-atrás;
2.3 Exercícios em patamar: aceleração e mudanças
de velocidade adequadas;
2.4 Exercícios em subida e em descida: mudanças
de velocidade; arranque e paragem;
57
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
2.5 Travagem para parar com precisão: efeito combinado 3.5 Avaliação das estratégias de exploração perceptiva:
do motor e do travão de serviço; 3.5.1 Utilizar a visão lateral;
2.6 Execução de condução em curva: 3.5.2 Movimentar mais os olhos que a cabeça;
2.6.1 Marcha em círculo; 3.5.3 Utilizar a visão ao longe;
2.6.2 Curvas em ângulo recto; 3.5.4 Atender ao ângulo morto;
2.7 Paragem e estacionamento. 3.5.5 Avaliação da identificação selectiva dos
índices formal, informal, crítico e pertinente
3 Comportamento: em função da situação de circulação;
3.1 Condução urbana e não urbana em situação de:
3.1.1 Vias de perfil, traçado e pavimento diversos;
3.6 Avaliação da decisão mais ajustada
3.1.2 Características especiais da via pública;
à segurança; o risco menor:
3.1.3 Sinalização;
3.6.1 Processos subjacentes: informação recolhida;
3.1.4 Início de marcha;
percepção e previsões efectuadas;
3.1.5 Posição de marcha;
3.1.6 Distâncias de segurança;
3.7 Elementos necessários:
3.1.7 Marcha em linha recta e em curva;
3.7.1 Índices;
3.1.8 Condução em pluralidade de vias de trânsito;
3.7.2 Alternativas;
3.1.9 Mudança de fila de trânsito e pré-
3.7.3 Fins e prioridades relativas;
selecção das vias de trânsito;
3.7.4 As consequências da escolha;
3.1.10 Trânsito em filas paralelas;
3.7.5 Regras de selecção das diferentes respostas;
3.1.11 Arranque e paragem no trânsito;
3.7.6 Tempo que medeia entre o aparecimento da situação
3.1.12 Arranque após estacionamento e saídas de caminhos
e a acção;
de acesso;
3.8 Desenvolvimento das capacidades de antecipação
3.1.13 Contornar um obstáculo;
e previsão; avaliação dos riscos potenciais ou reais;
3.1.14 Cruzamento de veículos, incluindo
3.9 Acção; capacidades motoras;
em passagens estreitas;
3.10 Técnicas de condução defensiva;
3.1.15 Cedência de passagem;
3.11 Explicação de erros cometidos e sua correcção;
3.1.16 Ultrapassagem em diferentes circunstâncias;
3.12 Condução económica e ecológica, tendo em conta
3.1.17 Mudança de direcção para a direita e para a esquerda;
as rotações por minuto, utilização correcta da caixa
3.1.18 Inversão do sentido da marcha;
de velocidades, travagem e aceleração;
3.1.19 Marcha-atrás;
3.13 Precauções necessárias ao sair do veículo.
3.1.20 Estacionamento;
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4 – PLANO DE FORMAÇÃO
Conteúdos programáticos
Níveis GDE Temas Fichas técnicas
da Portaria 536/2005
Quadro 6
59
5 – INFORMAÇÃO SOBRE FICHAS TÉCNICAS
61
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Os temas transversais
no ensino da condução
devem ser abordados
durante toda a formação.
62
5 – INFORMAÇÃO SOBRE FICHAS TÉCNICAS
À maior parte das fichas técnicas estão associados mais do que um nível e
mais do que um tema transversal.
63
MANUAL DO ENSINO DA CONDUÇÃO
Nos casos em que não se verifica uma correspondência total dos conteúdos
das fichas técnicas com os conteúdos programáticos, procura-se a que lhe
estiver mais estreitamente associada.
64
FT [nível] [tema] [numeração sequencial]
FICHA TÉCNICA
Síntese informativa
Descreve os subconteúdos do desenvolvimento da ficha técnica, de forma sucinta, sob forma de índice ou sumário.
SUGESTÕES DE OPERACIONALIZAÇÃO
FORMAÇÃO TEÓRICA
FORMAÇÃO PRÁTICA
66
5 – INFORMAÇÃO SOBRE FICHAS TÉCNICAS
• Responsabilidade do condutor – FT [13] [12] [01] • Sistemas de apoio à condução – FT [34] [67] [36]
• Responsabilidade civil e criminal – FT [13] [126] [02] • Condução em curva – FT [134] [567 [37]
• Registo individual do condutor – FT [1] [12] [03] • Actuação em caso de avaria ou acidente –
• Noção de acidente e incidente – FT [1] [12] [04] FT [14] [67] [38]
• Contra-ordenações rodoviárias – FT [1] [126] [05] • Actuação em caso de incêndio – FT [4] [67] [39]
• Cassação do título de condução – FT [1] [12] [06]
• Mobilidade Sustentável – FT [23] [24] [07]
• Função e tarefa da condução – FT [13] [126 [08] • Sistemas de segurança passiva – FT [34] [67] [40]
• Sistemas de segurança activa – FT [34] [67] [41]
• Estratégias de exploração perceptiva – FT [3] [56] [42]
• Condução Defensiva – FT [134] [567] [10] • Condução em condições adversas – FT [3] [567] [43]
• Visão, audição e cinestesia – FT [13] [126 [11] • Condução em auto-estrada – FT [14] [56] [44]
• Erro do condutor – FT [13] [126] [12] • Condução nocturna – FT [3] [56] [45]
• Fadiga e stress – FT [13] [12 [13] • Actuação em caso de manobras de emergência –
• Álcool, medicamentos e substância psicotrópicas – FT [4] [67] [46]
FT [13] [12] [15] • Planeamento de viagens e percursos – FT [24] [34] [47]
• Mecanismo de reacção do condutor – FT [13] [126 [16]
• Factores que influenciam o tempo de reacção –
FT [3] [256] [17]
• Atenção e Regras de “Smith” – FT [3] [1256] [18]
• Utentes da via mais vulneráveis – FT [13] [26] [19]
67
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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