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PEDRO AUGUSTO ZANIOLO

pzaniolo@gmail.com
w w w. p a z . b r 3 0 . c o m

C R I M E S M O DE R N O S
O IMPACTO DA TEC NOLOGIA NO DIREITO

PROJETO DIÁLOGOS NPJ: DIREITO E INFORMÁTICA

UNIBRASIL

CURITIBA, 25 DE MARÇO DE 2009


C R I M E S M O D E R N O S : O I M PA C T O D A T E C N O L O G I A N O D I R E I T O

P RO GR A M A
I. OS “CRIMES ” MODE RNOS

II. A TELEFONIA MÓVEL

III. A REDE INTERNET

IV. TRANSAÇÕES BANCÁ RIAS ELETRÔNICAS

I. OS “CRIMES” MODERNOS
 Não se resumem somente à utilização de computador ou da Internet, havendo
outras questões igualmente relevantes a serem discutidas (telecomunicações,
por exemplo).

 Várias ferramentas ou instrumentos tecnológicos: Telefonia Móvel; TV por


Assinatura; a Rede Internet e seus serviços de alcance mundial; Transações
Bancárias Eletrônicas; Lavagem de Dinheiro Internacional; Programas de
Computador (Softwares); Áudio, Vídeo e Fotografia Digital; Documentos
Eletrônicos; Cibercafés e Lan Houses.

II. A TELEFONIA MÓVEL

S ISTEMAS ANALÓGICO E DI GI TAL

 Aparelhos CDMA e TDMA operam em modo duplo; os GSM somente em


redes digitais.

TECNOLOGIAS

 AMPS (Advanced Mobile Phone System): analógica e sem sigilo ou segurança;

 TDMA (Time Division Multiple Access): digital, presente em todo o Brasil, porém
não é adequada para a transmissão de dados;

 GSM (Global System for Mobile Communications): sistema padrão europeu desde
1992, baseado na tecnologia TDMA, permite o roaming internacional e

 CDMA (Code Division Multiple Access): oferece maior suporte para avanços
tecnológicos, entretanto sua área de cobertura ainda é pequena em nosso País.

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GERAÇÕES

 3G (terceira geração): possui melhor desempenho, alta velocidade na


transmissão de dados, oferecendo maior suporte para avanços tecnológicos, a
exemplo dos sistemas CDMA2000 e WCDMA (Wideband CDMA).

INSTRUMENTO D O CRIME ORGANIZADO

 A Lei nº 11.466/07 passou a considerar falta grave o porte de uso de telefones


celulares e aparelhos de rádio comunicação dentro dos presídios, conforme
reza o novo inciso VII do art. 50, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execuções
Penais):

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: [...]
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

Art. 319-A, CP. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

 A Lei nº 10.703/03 passou a exigir dos prestadores de serviços de telefonia


celular, na modalidade pré-paga, a manutenção de cadastro atualizado de
seus usuários, devendo disponibilizá-lo ao Poder Judiciário, Ministério
Público ou autoridade policial mediante requisição.

DESENVOLVER CLANDESTINAMENTE
ATIVIDAD ES DE TEL ECOMUNICAÇÕES

 Lei nº 9.472/97 (Lei Geral das Telecomunicações)

Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:


Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e
multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o
crime.

Art. 184. São efeitos da condenação penal transitada em julgado:


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda, em favor da Agência, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-fé, dos
bens empregados na atividade clandestina, sem prejuízo de sua apreensão cautelar.

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Parágrafo único. Considera-se clandestina a atividade desenvolvida sem a competente


concessão, permissão ou autorização de serviço, de uso de radiofreqüência e de exploração de
satélite.

CLONAGEM DE TEL EF ONE CELULA R

 Ocorre com maior frequência quando o usuário está em roaming (região dos
maiores aeroportos).

 Ainda não existe tipo legal incriminador ou permissivo que contenha a


essência comum dessa espécie punível, entretanto poderá ser enquadrada
como crime de estelionato:

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
“meio fraudulento + erro + vantagem ilícita + lesão patrimonial =
estelionato” (Magalhães Noronha)

III. A REDE INTERNET

CORREI O EL ETR ÔNICO ( E-MAIL )

SPAM

 Envio de mensagens não desejadas, de cunho comercial, que causam prejuízo


a outrem.

 Spiced Ham (presunto picante): idéia de algo repetitivo e irritante (música do


spam).

BOATOS ( HOAXES )

 Acreditar ou não, eis a questão!

 Correntes, ofertas de produtos grátis, solidariedade ou compaixão, mitos ou


lendas urbanas etc.

 Contribui diretamente para o aumento de spam.

 Exemplos: Bonsai Kitten, criança com câncer cerebral, livro didático mostrando
a Amazônia como pertencente aos EUA, ferver água no micro-ondas causa
explosão etc.

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FRAUDES

A WORLD WIDE WEB (W WW)

CRIMES CONTRA A HONRA

 Calúnia: sítio na web acusando Prefeito de desviar verbas.

Art. 138, CP. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.

PEDOFILIA

 Competência: o local do provedor é indiferente para definir quem julga


pornografia infantil na Internet. Competência territorial da Justiça Federal:

Art. 109, CF/88. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...]
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

 Consumação: a infração se consuma no momento do lançamento das imagens na


Internet, portanto, pouco importa o local onde se encontra sediado o provedor
de acesso ao ambiente virtual.

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Art. 241, ECA. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela
Lei nº 11.829/08)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
11.829/08)

OUTROS CRIMES

 “Pirataria” de Software (Lei nº 9.609/98)

Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:


Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador,
no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o
represente:
Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no
País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de
programa de computador, produzido com violação de direito autoral.
§ 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo:
I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo poder público;
II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de arrecadação
tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações
de consumo.
§ 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade do tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, processar-se-á independentemente de representação.

 Violação ao Direito Autoral

Art. 184, CP. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou
indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou
fonograma, sem a autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do
produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito,
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma,

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ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa
autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite,
ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a
demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso,
do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os
represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só
exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direito ou indireto. (acrescentado
pela Lei nº 10.695, de 01.07.2003)

Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais)

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: [...]


II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista,
desde que feita por este, sem intuito de lucro;

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COMÉRCI O EL ETR ÔNICO ( E-C OMM ERCE )

SCAM (FRAUDE ON-LINE )

 Fraudes existem, mas como evitá-las? Erros de português; imagens


“quebradas”, links que apontam para sítios falsos etc.

 Os fraudadores buscam informações pessoais dos internautas, especialmente


de cunho financeiro (senhas, número de cartão de crédito etc.). Crime de
estelionato (art. 171, CP).

I V. T R A N S A Ç Õ E S B A N C Á R I A S
ELETRÔNICAS
 Salami slicing (fatias de salame): um dos golpes mais aplicados no sistema
bancário. Lançando mão de vários recursos tecnológicos, os agentes realizam
transferências eletrônicas de pequenas quantias, de diversas contas para as
suas, perfazendo grandes somas.

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 Entendimento pacificado no STJ: os casos em que ocorrem saques


indevidos de contas bancária via Internet são tipificados como furto
qualificado mediante fraude (art. 155, § 4º, inciso II, do Código Penal):

Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: [...]

Furto qualificado
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: [...]
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

 Não se trata, portanto, como em princípio poderia parecer, de estelionato:

Observa-se que o cerne da questão limita-se a saber se o aludido fato capitula-se no tipo
penal estelionato ou no crime de furto mediante ardil, já que a consumação dos delitos é
realizada de forma diversa, sendo o primeiro com a obtenção da vantagem ilícita e o segundo
com a retirada do bem da esfera de disponibilidade do ofendido.
Desta forma, acompanhando o entendimento da Terceira Seção desta egrégia Corte, entende-
se que a conduta descrita nos autos deve ser tipificada no art. 155, §4º, inciso II, do Código
Penal, já que, mediante fraude utilizada para ludibriar o sistema informatizado de proteção
dos valores mantidos sob guarda bancária, foram subtraídos valores de conta-corrente.
(STJ – Terceira Seção - Conflito de Competência nº 94.775/SC – Rel. Min. Jorge Mussi
– J. em 14.05.2008 – DJ de 23.05.2008)

 O sujeito passivo é a instituição bancária, que vai suportar o prejuízo, e o


correntista é mero prejudicado.

 O furto se consuma no local de retirada do bem da esfera de disponibilidade


da vítima, ou seja, na agência bancária do prejudicado.

 Ademais, em se tratando de conta corrente da Caixa Econômica Federal, a


competência territorial, consoante o art. 70 do Código de Processo Penal, é da
Justiça Federal. Caso o sujeito passivo seja o Banco do Brasil, a competência é
da Justiça Estadual.

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“Os criminosos sempre foram especialistas em realizar suas condutas nas pontas dos pés.
Com o advento da revolução tecnológica, passaram a utilizar as pontas dos dedos.”
(Pedro Augusto Zaniolo)

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