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Este texto resulta, genericamente, o repositório da Monografia do Eng.º Hugo Carvalho Dias.
Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
Sumário
A gestão de obra é um dos primeiros e principais pontos que devem ser devidamente
estudados e providenciados por parte dos técnicos responsáveis pela sua execução, tendo e
vista o seu melhor tratamento económico e financeiro, bem como o planeamento de todas as
tarefas a realizar. Neste contexto, o presente trabalho efectua a apresentação sucinta da agenda
do gestor de obra, citando ainda os conceitos que se entendem importantes para garantir uma
boa administração da construção.
Como as duas funções, gestão e direcção, não podem ser completamente estanques, porquanto
a primeira prepara a segunda que, por sua vez, corrige a anterior, o Gestor e o Director-de-
Obra são colocados num ciclo operacional de optimização de recursos e eficiências. Deste
modo, faz-se uma resenha da envolvente interactiva do controlo da obra, em termos da
produção, da gestão económica e financeira, do enquadramento tempo, do assegurar da
qualidade e do cumprimentos das normas de saúde e segurança no trabalho.
Como remate, dão-se algumas recomendações do que poderá ser feito para se conseguir um
aumento da produtividade e redução dos custos.
I
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada
Agradecimentos
Em segundo lugar gostaria de agradecer a todos os docentes que me apoiaram durante todo
este percurso, pois foram estes que tiveram paciência, dedicação e disponibilidade para que
cumprisse os meus objectivos. Agradeço em especial ao professor João Guerra por ter sido o
responsável pela orientação deste trabalho, e que esteve sempre disposto a ajudar e solucionar
as dúvidas surgidas durante a elaboração do trabalho.
Por fim, um agradecimento muito especial aos meus pais e prima, José Soares Dias, Maria
Alda Morim Carvalho Dias e Maria das Dores Morim Milhazes, por todo o apoio e incentivo
dado, nos bons e maus momentos ao longo da minha vida.
Aproveito para dedicar postumamente este trabalho, ao meu avô, António Cerqueira Dias.
II
Índice Geral
Sumário ..................................................................................................................................... I
Agradecimentos .......................................................................................................................II
Índice Geral............................................................................................................................ III
Índice de Quadros.................................................................................................................... V
Introdução .................................................................................................................................1
Capitulo 1 – Gestão de Obra ...................................................................................................3
1.1- Objectivo da gestão .........................................................................................................3
1.2 – Estudo do projecto .........................................................................................................3
1.3 – Medições rectificadas ....................................................................................................5
1.3.1 – Objectivo das medições ..........................................................................................5
1.3.2 – Rectificação das medições......................................................................................7
1.4 – Orçamento e reorçamento..............................................................................................8
1.4.1 – Orçamento ..............................................................................................................8
1.4.2 – As funções de um orçamento .................................................................................9
1.4.3 - Noção de estrutura de custos.................................................................................10
1.4.4 - Composição de custos directos .............................................................................13
1.4.5 – Reorçamento.........................................................................................................15
1.5 – Estaleiro de obra ..........................................................................................................16
1.5.1 – Projecto de estaleiro..............................................................................................17
1.6 – Planeamento da produção............................................................................................19
Conclusão ................................................................................................................................51
Bibliografia..............................................................................................................................53
Anexos........................................................................................................................................1
Anexo 1 – Folha de medições.................................................................................................2
Anexo 2 – Folha de orçamento detalhada ..............................................................................3
Anexo 3 – Formulário de custos.............................................................................................4
Anexo 4 – Matriz de definição de competências....................................................................9
Anexo 5 – Controlo da Qualidade ........................................................................................11
Anexo 6 – Regulamentação de Segurança e Saúde no Trabalho .........................................13
Anexo 7 – Equipamentos de protecção individual ...............................................................18
Anexo 8 – Identificação de riscos no estaleiro .....................................................................20
Índice de Quadros
Introdução
A gestão e direcção de obra é um tema muito vasto e com alguma complexidade, dado ser
uma actividade que envolve muitos recursos e diversos, sendo estes um somatório de pessoas,
serviços e bens indispensáveis para a realização de uma dada empreitada.
De facto, um dos principais meios a considerar são os humanos, dado que estão envolvidos
em todas as fases do processo e para além do término ou conclusão da obra1, pois estão
presentes desde o estudo preliminar até à vistoria definitiva (no final do legal prazo de
garantia). Mas não será por isso que os recursos económicos e os materiais dispensam um
especial cuidado, pelo contrário, pois são também estes que muito vão influenciar na
adjudicação da obra.
De uma forma breve é explicado como é realizado um concurso de obras públicas, que está
regulado através do regime jurídico de empreitadas de obras públicas, Decreto de Lei nº.
59/99, de 2 de Março. Isto tanto pela vertente da empreitada pública como pelo facto de ser
este diploma usado em muitas das obras particulares como referência a observar.
De acordo com o Artigo 59.º do Decreto de Lei nº. 59/99, o processo de um concurso público
compreende as seguintes fases: abertura do concurso e apresentação da documentação, acto
público do concurso, qualificação dos concorrentes, análise das propostas e elaboração de
relatórios e, por fim, a adjudicação [1].
1
Não cai no âmbito deste trabalho temas de importância reconhecida, como a exploração e manutenção de
edifícios, mas que exorbitam para além do momento simbólico da “entrega da chave” e responsabilidades
supervenientes.
1
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O acto público (ou privado) do concurso destina-se á abertura das propostas, sendo analisados
todos os documentos que foram entregues por parte de todos os concorrentes. É nesta fase que
é avaliada a qualificação dos concorrentes em termos financeiros, económicos e técnicos.
Sendo cumpridos os passos desta avaliação dos concorrentes, é realizada a análise das
propostas qualificados, em função do critério de adjudicação estabelecido. A comissão de
análise das propostas deve elaborar um relatório fundamentado sobre o mérito das mesmas,
ordenando-as, para efeito de adjudicação, de acordo com os critérios preestabelecidos e com
os factores e eventuais subfactores de apreciação claramente ponderados e fixados no
programa de concurso [1].
A obra é, por norma, adjudicada à proposta economicamente mais vantajosa, dentro dos
critérios de qualidade satisfatórios, implicando, contudo e percentualmente, a ponderação de
factores variáveis para além do preço, como a valia técnica da solução e do quadro de pessoal,
o prazo de execução, o custo de utilização, a rendibilidade e a garantia [1].
Após a obra ser adjudicada é celebrado o contrato de empreitada com a empresa seleccionada,
sendo o tema desta monografia o trabalho que se desenvolve após esta fase, em termos de
gestão e direcção dessa empreitada.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
A gestão é fundamental para conhecer quais os objectivos a atingir tanto a nível técnico,
administrativo, económico e financeiro, como no cumprimento do prazo disponível para a
execução da obra [2].
O responsável deverá estudar todos os detalhes de uma boa gestão, tendo a atenção os
seguintes pontos [2]:
O projecto;
O local de execução;
A área disponível para o estaleiro;
Os meios necessários;
O controlo de custos;
O controlo de prazos;
O controlo da qualidade e segurança.
Para que todos estes itens sejam respeitados, o responsável pela organização da obra deverá
ter ao seu dispor todos os meios necessários para poder cumprir os objectivos pré definidos,
pois só assim se garante uma boa gestão e consegue executar os trabalhos com a exigível
qualidade, bem como cumprir os prazos previstos, satisfazer o Dono-de-Obra e almejar o
lucro [2].
O estudo do projecto é essencial antes do começo da obra, para evitar que durante a execução
não haja atrasos por falta de pormenorização ou falta de informação [2].
Em primeiro lugar é realizado uma análise preliminar, a todas as peças escritas e desenhadas,
com o objectivo de ter um conhecimento superficial de todo o projecto, sendo anotadas as
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
dúvidas que surjam durante esta análise para que possam ser esclarecidas na fase seguinte,
onde é realizada uma visita ao local de implantação [3].
A visita ao local da obra tem a finalidade de esclarecer as dúvidas que foram encontradas na
análise preliminar e apurar as dificuldades que se vão encontrar, sendo realizado um
levantamento topográfico do terreno onde se vai implementar a obra, bem como todas as
infra-estruturas que possam interferir na construção, contando com situações imprevistas
durante a realização, tais como [3]:
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A medição é a determinação quantitativa dos trabalhos a executar numa dada obra e destina-
se a diversos fins relacionados com a gestão de obras, nomeadamente [5]:
5
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Para se proceder à medição dos trabalhos de uma obra é necessário estabelecer regras visando
a uniformização dos métodos e critérios a adoptar para a realização dessas medições [5].
Nas medições existem algumas condições gerais que devem ser cumpridas [6]:
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As medições são uma das peças dos projectos que mais frequentemente se apresentam
defeituosas elaboradas e com erros e omissões.
Após a obra ser adjudicada é necessário fazer uma nova análise ao projecto, com mais calma,
para ver se existem erros ou omissões ao orçamento base.
Se existirem erros ou omissões devem ser reclamados no prazo concedido para o efeito no
caderno de encargos, de acordo com a dimensão e complexidade da obra, mas não deverá ser
inferior a 15 dias, contados da data de consignação, o Empreiteiro poderá reclamar [1]:
a) Contra erros e omissões do projecto, relativos à natureza ou volume dos trabalhos, por
se verificarem diferenças entre as condições locais existentes e as previstas ou entre os
dados em que o projecto se baseia e a realidade;
b) Contra erros de cálculo, erros de materiais e outros erros ou omissões das folhas de
medições discriminadas e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades de
trabalhos, por se verificarem divergências entre estas e o que resulta das restantes
peças do projecto.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
No caso de o projecto base ou variante ter sido de autoria do Empreiteiro, este suportará os
danos resultantes de erros ou omissões desse projecto, ou variante, ou das correspondentes
folhas de medições discriminadas e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades
de trabalhos, excepto se os erros ou omissões resultarem de deficiências dos dados fornecidos
pelo Dono-de-Obra [1].
Com todas as medições rectificadas passa-se ao reorçamento, para saber qual o valor mais real
da obra.
1.4.1 – Orçamento
De modo simplista, podemos dizer que orçamento é o cálculo dos custos para executar uma
obra ou um empreendimento. Quanto mais detalhado o orçamento, mais ele se aproxima do
custo real [7].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O orçamento que é uma peça básica no planeamento e programação de um obra. A partir dele
é possível fazer [7]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Custos Directos
Custos Indirectos
Custos Totais da Obra Custos de Estaleiro
Margem de Lucro e Risco
Imposto Sobre o Valor Acrescentado (I.V.A.)
Custos Directos
Os custos directos são os que estão directamente aplicados na produção da obra, ou seja [9]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Custos Indirectos
Os custos indirectos são uma percentagem do valor dos encargos totais gerais da empresa,
estes custos destinam-se a todas as despesas não específicas de cada obra, necessárias à
manutenção da estrutura administrativa e técnica da empresa. Estes custos incluem [9]:
ii) Custos industriais - são os custos de todas as secções não directamente produtivas, que
asseguram a função técnica da empresa como, por exemplo [9]:
iii) Outros custos imputáveis às obras adjudicadas como, por exemplo [9]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Custos de estaleiro
A margem de lucro e risco são o valor monetário fixo que devem ser adicionados ao montante
global dos custos da obra, de modo a incluir o lucro da empresa e o risco decorrente do
investimento a efectuar ao longo da sua realização [9],
Todos os orçamentos deverão ser afectados de uma percentagem relativa ao I.V.A. (conforme
taxas em vigor, que podem variar em função do Dono-de-Obra).
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Mão-de-obra
Os custos de mão-de-obra deverão ser calculados com base nos registos específicos existentes
nas empresas, atendendo-se também ao Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) para a Indústria
de Construção Civil que estabelece vencimentos mensais mínimos a praticar, os quais, são
actualizados anualmente, em geral [5].
Materiais
O custo dos materiais por unidade de medição de uma operação de construção é calculado
pelo somatório dos custos de todos os materiais necessários para a sua realização, atendendo-
se sempre as unidades a que os custos dos materiais simples recolhidos no mercado se referem
[5].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Equipamentos
Na realização de uma obra são numerosos os equipamentos que poderão ser utilizados na
execução dos trabalhos, sendo necessário escolher o equipamento mais apropriado para a
realização de determinada tarefa. É, aliás, a capacidade de recursos à utilização de
equipamentos que determina o grau de mecanização da obra, factor que hoje em dia é
determinante para a execução de uma obra nas melhores condições de prazo e custo [5].
Os equipamentos de obra são de vários tipos, sendo seleccionados de acordo com os trabalhos
a realizar, compreendendo:
Equipamentos de terraplanagem;
Equipamentos de elevação e manuseamento de materiais;
Equipamentos de fabrico e colocação de betões e argamassas;
Equipamentos de corte e dobragem de aço em varão;
Equipamentos de preparação de cofragens;
Equipamentos de ar comprimido.
Com os vários tipos de equipamentos que foram seleccionados para a realização da obra, a
empresa construtora por falta de equipamentos para a realização das tarefas, pode ter a
necessidade de recorrer a um dos três métodos seguintes:
Aquisição de equipamentos;
Aluguer de equipamentos;
“Leasing” de equipamentos.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O aluguer do equipamento é uma modalidade que deve ser considerada em casos que a taxa
de utilização previstas são baixas ou que haja de necessidade do equipamento durante um
curto prazo [5].
O “leasing” é a modalidade de aluguer com a opção de compra pelo valor que se prevê para o
equipamento no fim do período de utilização. Estes valores são estipulados no contrato de
“leasing” [5].
1.4.5 – Reorçamento
Uma das tarefas que há a executar na fase de preparação de obra será a elaboração de um
novo orçamento dos trabalhos a realizar, tendo em conta, tanto quanto possível, custos
industriais mais de acordo com os reais. Este orçamento é realizado quando já houver uma
programação definitiva, um plano de estaleiro, um conhecimento dos métodos e trabalho e do
tipo de recursos a utilizar, etc. Este orçamento detalhado e baseado em condições reais de
execução da obra [10].
Este segundo orçamento só por coincidência terá a mesma perspectiva sobre a margem de
lucro do orçamento inicial, pois naturalmente a contabilização dos custos irá variar do
primeiro para o segundo orçamento [10].
Pelo período mais ou menos longo que decorre entre a proposta (orçamento
inicial), e a data de início da obra (consignação), que origina muitas vezes
alterações das condições de mercado com reflexo significativo nos preços;
Pelo estudo mais pormenorizado do projecto, permitindo a implementação de
métodos construtivos mais eficazes, detectando erros e/ou omissões que traduzem
trabalhos a mais ou a menos;
Pela possibilidade de elaborar um planeamento técnico mais detalhado e que se
poderá traduzir num prazo mais curto, com influência nos custos indirectos;
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O reorçamento deverá assim, prever com maior fiabilidade possível os proveitos, custos e
resultados da obra, e permite verificar os desvios relativamente ao orçamento inicial, servindo
de informação para o sector comercial (elaboração de propostas) para orçamentos futuros. O
reorçamento, passará assim a constituir o novo objectivo económico para a empreitada [10]
O estaleiro é o espaço físico onde são implementadas as instalações fixas de apoio à execução
de obras, implantados os equipamentos auxiliares de apoio e instaladas as infra-estruturas
provisórias: água, esgotos, electricidade. O estaleiro tem a finalidade de tornar possível a
execução de uma obra no prazo previsto e nas melhores condições técnicas e económicas,
assegurando um determinado nível de qualidade e de segurança e minimizando o custo [10].
• O estaleiro local, ou estaleiro de obra, é aquele que serve de apoio à execução de uma
determinada obra. Nele se instalam todos os elementos que as características da obra a
executar exigem. É um estaleiro que ocupa, em regra, terrenos pertencentes ao Dono-
da-Obra ou outros nas proximidades, sejam privados ou públicos (como por exemplo a
ocupação da via pública).
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Vedação;
Portaria;
Escritórios incluindo o da fiscalização;
Dormitórios;
Instalações sanitárias;
Refeitório;
Armazém de materiais;
Ferramentaria;
Estaleiro de preparação de armaduras;
Estaleiro de preparação de cofragens;
Estaleiro de fabrico de betões e argamassas;
Instalação de equipamentos de apoio fixo (grua);
Parques de equipamentos móveis (dumper, retroescavadoras, etc.);
Oficina de reparações;
Parque de viaturas;
Parques de materiais;
Redes provisórias de água, esgotos e electricidade;
Recolha de lixos;
Circulações internas.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
No Quadro 2 é possível ver os aspectos que devem ser tomados em consideração para o
dimensionamento e organização de um estaleiro.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Na realidade, para que todas as tarefas decorram dentro da normalidade, sem pressas e
atropelos, é necessário planificar toda a obra. Justifica-se por isso a elaboração de diversos
mapas e tabelas que de uma forma esquemática, possibilitam uma rápida e fácil apreensão de
toda a obra, simplificando bastante o trabalho do técnico em campo, no final o planeamento,
poderá ser rapidamente observado no plano de trabalhos [4].
O planeamento de produção tem obrigatoriamente de ser flexível, pois a acção produtiva está
sujeita a condicionantes de várias ordens, quer internos quer externos, como a instabilidade
atmosférica ou o dimensionamento da equipa de trabalho [4].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O planeamento de produção pode ser elaborado utilizando vários métodos e modelos gráficos,
um dos modelos mais usados é o Diagrama de Gant. Este é um modelo muito directo para a
abordagem do problema, consiste fundamentalmente num quadro onde se representa à escala
o tempo e as tarefas que constituem o projecto. Listam-se todas as tarefas de forma ordenada
cronologicamente e afecta-se cada uma delas da duração prevista [2; 3].
Com o Diagrama Gant completo é possível observar todo o planeamento da obra. Neste
diagrama contem toda a informação necessária a execução da obra, contendo as seguintes
informações:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Prazo total da obra sendo este decomposto em prazos para a realização de cada
tarefa;
Dependência entre tarefas, isto quer dizer que uma dada tarefa só pode começar
quando terminar a outra (só se pode betonar depois de estar cofrado);
Caminho crítico da obra, este tem de se ter um redobrado cuidado para que o prazo
final não seja alterado.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
“Dirigir é traçar caminhos que conduzem aos objectivos previamente traçados; é saber
produzir os impulsos dinâmicos no momento exacto, depois de ter criado as condições para
que estes impulsos produzem o efeito desejado” [11].
O bom dirigente é aquele que, para além dos fortes e apropriados conhecimentos técnicos,
consegue conduzir a sua equipa por um caminho único e simples por si traçado, sem
necessidade de autoritarismo, mas pela fomentação da convivência na empresa, da
comunicação do entusiasmo da equipa. Assim devendo ser, devem existir características base
no seu perfil psicológico e moral padronizadas de acordo com estas referências de
comportamento [3].
Dono-da-Obra;
Autores do projecto;
Empreiteiro(s).
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Poderão ainda intervir nesta fase outras entidades com função de fiscalização conferidas pela
legislação vigente como, por exemplo, as Câmaras Municipais e a Inspecção-geral do
Trabalho [5].
O objectivo comum destas entidades consiste na realização da obra de acordo com o projecto
aprovado e segundo as normas de segurança e as boas regras da arte de construir. Para isso,
nas relações entre todos os intervenientes, e em particular dos seus representantes, deve
prevalecer o princípio de boa fé e de colaboração mútua que permita o cumprimento das
obrigações de cada uma das partes do contrato [5].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
a motivar a equipa para uma boa realização dos trabalhos a realizar, zelando pela segurança
dos seus trabalhadores [10].
Para alem disso, o Director-de-Obra é o responsável máximo pela sua gestão e controlo,
salientando-se as seguintes vertentes de acção, do Regime Jurídico de Empreitadas de Obras
Públicas [10]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
No desempenho das funções que lhe estão cometidas, o Director-de-Obra poderá subdelegar
parte delas em colaboradores: director-adjunto, encarregado geral ou encarregados a um nível
hierárquico inferior, dependendo da dimensão da obra. Porém, a responsabilidade pela
execução recairá sempre sobre ele [10].
No caso das obras particulares aplicam-se principalmente as disposições do Código Civil que
confere ampla liberdade de contratação entre as partes, resultando por isso a introdução,
muitas vezes, de cláusulas que remetem a resolução de casos omissos nos contratos
estabelecidos para a legislação de obras públicas [5].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
técnico responsável, poderão ser punidas com multa ou suspensão do exercício da profissão
por um período de vinte e quatro meses [5].
O Dono-da-Obra também está sujeito a responsabilidade civil contratual, por exemplo nos
seguintes casos [5]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Pelos erros de concepção imputáveis aos autores do projecto traduz-se na aplicação das
penalizações que se encontrarem previstas no contrato entre Dono-da-Obra e autores do
projecto. Essas penalizações têm assumido diversas formas como, por exemplo, a redução do
valor dos honorários devidos (até uma certa quantia) se o valor dos erros e omissões do
projecto ou o valor final da obra for superior a determinada percentagem acordada no contrato
[5].
Considera-se útil a preparação, no início da obra, de uma síntese das principais tarefas a ter
em conta durante a realização da obra definindo-se as competências de cada um dos
intervenientes (Dono-da-Obra, autores do projecto, fiscalização, Empreiteiros e outros) [10].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
C – Conhecimento;
E – Executante;
P – Participação;
R – Reclamação;
S – Supervisão e/ou aceitação;
V – Verificação.
Assim [10]:
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Uma vez iniciados os trabalhos e mesmo em pleno decorrer da obra, muitas das tarefas a
cargo do seu director são do mesmo tipo das tarefas realizadas em fase de preparação. As
tarefas do Director-de-Obra são divididas em três tipos: diariamente, semanalmente e
mensalmente [10].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Na maior parte das empreitadas, as reuniões de coordenação ocorrem com uma periodicidade
semanal. Nestas há sobretudo que obter resoluções (escritas) relativamente a alterações dos
projectos e a aprovação e a aprovação de preços de trabalhos a mais. A fiscalização estará
atenta a questões relacionadas com o desenvolvimento dos trabalhos a alterações ao
planeamento em vigor [10].
As actividades que o Director-de-Obra pode realizar com uma periodicidade semanal são:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O controlo económico da obra é igualmente levado a efeito com uma periodicidade mensal.
Geralmente abrange os seguintes pontos [10]:
As competências técnicas indirectas começam com a consignação, que é o acto pelo qual o
Dono-da-Obra faculta ao Empreiteiro os locais de execução dos trabalhos. A consignação
marca o início do prazo de execução da obra. Os pontos a abordar na reunião a realizar por
essa ocasião deverão ser os que se referem de seguida [10].
Obra em questão
Local dos trabalhos;
Numero do contrato;
Empreiteiro;
Morada;
Representante do Empreiteiro (Director-da-Obra).
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Neste ponto identificam-se os presentes, o que deverá ser sempre feito em qualquer reunião de
obra. Neste acto estão geralmente presentes não só os intervenientes mais directos [10]:
Fiscalização;
Representante do Empreiteiro (Director-de-Obra);
Coordenador de segurança em obra.
Nesta reunião podem combinar-se procedimentos tendo em vista a eficácia de tarefas como
[10]:
Reuniões de coordenação
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Planeamento
Como já foi referido o planeamento é um elemento importante para o controlo dos trabalhos
por parte do Director-de-Obra. É com num planeamento (credível) que se efectua o controlo
do prazo de execução por parte da equipa de fiscalização [10].
O caderno de encargos contem a menção dos ensaios a efectuar aos materiais e soluções
construtivas da obra. O Director-de-Obra deve apresentar o que previu para a sua efectivação,
de acordo com essa documentação [10].
Salários
Em obras públicas é obrigatória a afixação dos salários do pessoal, o que deve ser feito a
partir do momento em que existam os escritórios de obra [10].
Seguros
Subempreitadas
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Trabalhos a mais
Claro está que, para além das atribuições anteriores, outras mais diárias se lhe apresentam.
A sua indigitação começa, obviamente, antes do início efectivo dos trabalhos. Na verdade, em
qualquer empreendimento há bastantes tarefas que é necessário desempenhar antes que este se
inicie. Após concurso (ou simplesmente após decisão de inicio dos trabalhos, nos casos que a
empresa construtora seja simultaneamente dona de obra), a empresa de construção
adjudicatária selecciona uma pessoa para Director-de-Obra que tem de desempenhar a tarefa
da preparação de obra [10].
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Rectificação ao projecto
Na fase de estudo do projecto e do modo de execução da obra poderá desde logo existir a
perspectiva de propor ao Dono-da-Obra as alterações ou variantes ao projecto com os
objectivos de [10]:
1) Preparação de documentação
Para a obra ter início é necessário garantir a obtenção de uma série de documentos da qual se
salienta [10]:
A preparação da consignação:
Condicionantes;
Reclamação de trabalhos a mais;
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Construção;
Ocupação da via pública;
Publicidade;
Muitas vezes, esses materiais têm que merecer a aprovação explícita da fiscalização, através
da apresentação de amostras, pelo que devem desde logo iniciar-se os protocolos de recepção
e aprovação [10].
Para além destas questões há que calcular consumos de materiais, nomeadamente através das
medições existentes, garantindo posteriormente em obra o armazenamento sem rotura de
stocks [10].
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Engenheiro Director;
Engenheiro Residente;
Engenheiros Adjuntos;
Engenheiros Técnicos;
Assistentes Técnicos.
Medidores;
Apontadores;
Controladores;
Planificadores;
Desenhadores;
Topógrafos.
4) Contratação de subempreitadas
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Nesta fase, os equipamentos, ferramentas e veículos também deverão ser objecto das
preocupações de um Director-de-Obra. Assim, dever-se-á [10]:
Na fase de começo dos trabalhos é importante que uma obra esteja devidamente
documentada. No dossiê da empreitada pretende-se organizar e sistematizar toda a informação
importante relativa à obra, tendo em vista a sua utilização para o apoio ao controlo técnico,
económico e administrativo [10].
Ficha de empreitada;
Contrato;
Auto de consignação;
Proposta do Empreiteiro;
Lista de preços unitários contratuais;
Plano de pagamentos e cronograma financeiro;
Matriz de definição de tarefas e respectivas competências.
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O dossiê ainda deve incluir todos os elementos que irão sendo adicionados ao longo de toda a
obra, entre os quais salienta-se, pela sua importância [10]:
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O controlo de produção é a comparação dos custos unitários globais da operação, nos seus
aspectos real e de orçamento possibilita a comparação dos custos unitários parciais sob o
aspecto real e o orçamento, ou seja a relação de mão-de-obra, materiais, máquinas e sub-
empreitadas [3; 4].
No caso de existirem desvios é possível fazer-se uma análise cuidada desses desvios e corrigir
possíveis anomalias [3; 4].
O controlo de produção é realizado através de vários documentos que circulam na obra tais
como [3; 4]:
Guias de remessa;
Balancetes;
Controlo das quantidades executadas;
Balizamentos;
Mapas de produção;
Controlo de sub-empreitadas;
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Os balancetes são o resumo das despesas mensais organizadas por tipos de recurso (mão-de-
obra, materiais e equipamentos e subempreiteiros) [3; 4].
O controlo das quantidades executadas são as medições dos trabalhos executados mês a mês,
para efeito de facturação dos trabalhos realizados [3; 4].
O balizamento é a fixação e registo das datas de início e fim de cada tarefa e das percentagens
de trabalhos executados [3].
Dado que o valor de venda de uma obra pressupõem a consideração de determinada margem
de lucro, este controlo é a comparação de preços de custo da realização da tarefa com os
custos reais de execução da tarefa, tendo em vista a determinação periódica da referida
margem de lucro [3].
As variações são calculadas basicamente por comparação com o valor final do produto
acabado e o custo da sua produção. Uma variação é o valor da diferença entre o custo final do
produto e o custo calculado (reorçamento); com registos apropriados é possível analisar todas
as variações e sub-variações, por exemplo [8]:
Preço do material;
Utilização do material;
42
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Taxa laboral;
Produtividade;
Despesas fixas e variáveis;
Volume de produção;
Vendas.
O responsável pela obra na posse destes registos, deverá agora comparar o custo previsto com
o custo real de cada actividade e saberá com clareza em termos de custo directo onde ganha,
onde perde ou onde está a gastar conforme previsto e assim actuar convenientemente e
atempadamente [2].
No caso de existirem desvios que conduzem a um maior prazo, devem ser analisados quais os
recursos que estão a afectar os desvios, que deverão ser recalculados de modo a ser possível
atingir o prazo proposto [2].
Estes desvios podem ser influenciados pela escassez de mão-de-obra, pode-se por vezes
corrigir com um aumento da produtividade, no caso de estes desvios serem causados pela
insuficiência de máquinas deve-se incrementar a quantidade das mesmas a não ser que seja
um custo muito elevado ou de uma especificidade tal que seja mais económico trabalhar mais
tempo. Apesar de ser necessário manter os operários, o custo de mão-de-obra suplementar
pode ficar mais económico que a colocação de mais unidades [2].
43
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
A qualidade dos materiais pode continuar a ser controlada através de ensaios directos, mas a
tendência actual é a sua substituição por certificado de origem [8]. Esta situação mostra-se
mais económica e célere, embora possa existir a dúvida residual sobre a origem e veracidade
do documento homologatório.
44
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Define-se Plano de Segurança e Saúde (PSS) como um documento destinado à definição das
medidas necessárias à prevenção e minimização de todos os riscos para a segurança, higiene e
saúde dos trabalhadores e de terceiros durante a execução da obra [8]
Para o desenvolvimento do Plano de Segurança e Saúde, para a execução da obra, deverão ser
tidos em conta os seguintes aspectos [8]:
45
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
No Anexo 8 é possível ver um quadro dos Equipamento de Protecção Individual e outro com
a distribuição dos equipamentos por categorias.
46
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
O relatório deve ser precedido de uma visita a obra, de modo a que possam avaliar a situação
e a necessidade de implementar medidas correctivas. Deve contemplar também as partes mais
significativas do plano de segurança e higiene, de modo a que o Director-de-Obra faça fazer
incidir as suas ordens nos aspectos mais relevantes [2].
47
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
3.2.1 - Produtividade
Um dos factores principais para que uma empresa de construção sobreviva no mercado é
necessário que realize a empreitada a seu cargo cada vez melhor, mais rápido e mais barato.
Para o conseguir, aquela precisa de aumentar a produtividade, ou seja, necessita de produzir
mais e melhor com a força de trabalho que tem.
Uma definição de produtividade é a quantidade de produto obtida por cada unidade de recurso
usado no processo produtivo. Quando existe ganho de produtividade pode dar origem a
ganhos para a empresa e para os trabalhadores da mesma [10].
A produtividade envolve o aumento da produção e esta pode ser executada de forma menos
conveniente, como por exemplo, aumentando o tempo de trabalho para as mesmas pessoas ou
contratando outras [10].
Consequências da má organização
48
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Ao iniciar o processo para aumentar a produtividade da empresa, este deve ser conduzido com
precaução pois implica uma mudança de hábitos e concepções. As dificuldades usuais são a
desconfiança e o medo de despedimento dos trabalhadores existentes, por considerarem que já
não tem nada a dar à empresa, ou por já terem visto outros processos que não tiveram sucesso
[10].
49
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Escolher um quadro da empresa para liderar o processo. Este deverá ser aceite
pelos trabalhadores, ter o seu respeito, ter motivação e perseverança;
Formar o quadro e a sua equipa; possibilitar a contratualização de um consultor
que vá apoiando o quadro quando necessário; o consultor deverá fazer relatórios
de acompanhamento para a gerência/administração;
Informar a empresa do início do processo e que ele será realizado com todas as
pessoas;
Medir o tempo de execução de todas as actividades;
Calcular o tempo óptimo daquelas actividades e com qual a forma de as executar;
Investigar as razões das diferenças entre o tempo óptimo e os outros;
Investigar os tempos óptimos da concorrência, bem como outros processos de
execução para a mesma tarefa;
Seleccionar a melhor forma de executar a tarefa e formar as pessoas que a
realizam;
Colocar os objectivos claros e exequíveis para todas as tarefas;
Medir sempre os tempos das tarefas;
Atribuir prémios para quando os objectivos são atingidos;
Rever a situação cada seis meses.
Inicialmente o primeiro estudo pode demorar cerca de 6 meses, caso lhe seja dada a
importância e o poder necessário, posteriormente a revisão pode ser conseguida em menos de
um mês. Deverá ser revisto porque o óptimo conseguido depende da forma de realizar a
tarefa, ou seja, depende dos factores: motivação, condições locais e da informação necessária.
Assim, o óptimo encontrado é o «melhor» para aquela condição, e se posteriormente
melhorarmos os factores pode-se conseguir acréscimos significativos ao primeiro óptimo [10]
50
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Conclusão
O tema de gestão e direcção neste caso concreto é aplicado a obra de construção civil, mas,
como se viu, a sua gestão começa bem antes da construção. Na realidade, sem os necessário
estudos que satisfação as questões básicas (como a adaptação do clássico “onde”, “como”,
“para quem”, “quando” e “porquê”), a probabilidade de significativos problemas no decorrer
dos trabalhos de campo aumenta potencialmente. É nesta fase, com todo o enquadramento e
concepção da obra concluídos, que se começa a fazer toda a sua efectiva preparação.
Esta preparação é realizada com base no que foi projectado e que se conhece, sendo, numa
primeira fase, realizado uma análise ao projecto, para a elaboração do orçamento estimado
com a identificação de todos os custos do pessoal, materiais e equipamentos a afectar à obra.
Numa segunda fase é realizado o seu planeamento de maior detalhe, compreendendo esta fase
a relação de todas as tarefas que tem de ser realizadas.
Durante todo o processo são vários os intervenientes implicados nestes trabalhos, levando-nos
a pensar que a preparação, a planificação e a execução podem conduzir a uma relação mais
próxima com equipa de projectistas e com a equipa produtiva. Se bem que é indispensável
uma boa articulação com todos estes intervenientes, normalmente será mais necessário,
realista e praticável uma boa articulação com a direcção de obra, sem o que esta última não
será suficientemente bem desempenhada. Mais, como ficou claro em todo o texto anterior, as
actividades de gestão e direcção de obra pertencem ao ciclo de fabrico e, como tal, não
permitem uma diferenciação estanque.
A obra é um processo dinâmico, que cada vez mais exige a adopção de novos métodos e
novos conceitos a introduzir no desenvolvimento dos trabalhos. A optimização da gestão e
direcção, em fase de construção, é um ponto-chave para que todo o trabalho previamente
planeado cumpra os objectivos traçados.
51
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
A área da gestão e direcção de obra é uma das mais abrangentes da Engenharia Civil, não
tanto por uma profunda complexidade de conceitos físicos ou matemáticos, mas porque
obrigando a uma disciplina de automatização e cumprimento de rotinas bem estabelecidas (até
em termos documentais) está sempre associada às particularidades de cada empreitada e de
cada realidade. Poderemos afirmar que é, muitas vezes, a melhor percepção dos detalhes de
uma dada obra que pode conduzir a ganhar o seu concurso, numa primeira fase, e a cumprir os
prazos e ter lucro com a mesma, numa segunda.
Por outro lado, pode-se dizer que uma boa gestão está sempre associada uma boa direcção, e
se uma destas falha todo o trabalho poderá não ser o esperado. Para que seja realizada uma
boa gestão e uma boa direcção de execução é necessário que todo o trabalho que foi realizado
em fase de planeamento esteja devidamente detalhado e bem concebido. Ora, para isso é
desejável, inclusive, prever situações de excepção que possam surgir durante a fase de
execução, mesmo as mais imprevisíveis.
Por último uma palavra para o Director-de-Obra. Este, ao assumir a responsabilidade da sua
direcção, tem que ter a capacidade de controlar a produção, administrar os recursos
económicos e financeiros, dominar o tempo disponível, garantir a qualidade, ser capaz de
fazer cumprir com todas as regras de higiene saúde e segurança e, ainda, relacionar-se com
todos os agentes que o interpelam: dos seus subordinados, ao fornecedores, passando pelo
cliente e o seu próprio director. Missão hercúlea, sem dúvida!
52
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Bibliografia
[1]. Regime Jurídico de Empreitadas de Obras Públicas, Decreto de Lei nº. 59/99 de 2 de
Março.
[5]. Dias, L. M. Alves. (2002). Organização e Gestão de Obras. Lisboa. Instituto Superior
Técnico. Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura.
[10]. Flôr, António. Cabral, Fernando (2006). Manual da Gestão da Construção – Um guia
prático para construir com segurança e qualidade. Lisboa. Varlag Dashöfer.
53
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
[11]. Branco, J. Paz (1993). Organização de Estaleiros na Construção Civil. Lisboa, E.P.
Gustave Eiffel.
[12]. Gonelha, Luís; Saldanha, Ricardo (2005). Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho em
estaleiros de construção. Lisboa, Vida Económica.
54
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada
Anexos
A1
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
2
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
3
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Cd = C MO + C MAT + C EQ (1)
C MO = ∑rmo i × S mo i (2)
i =1
12 × VM
Vmo i = (4)
NHTS × 52
4
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
VM – vencimento mensal;
NHTS – número de horas de trabalho semanal.
C MAT , j = R m, j × C m, j (5)
m
(
C MAT = ∑R m , j × C m , j ) (6)
j =1
5
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Faz-se normalmente t = δH com δ ≤ 1,0 sendo δ uma constante que depende do equipamento.
C P = AM + S + J + G + A (9)
DT
AM = (10)
N
6
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
D T = VA Vr (11)
Normalmente estima-se:
S = x × VA (12)
x – Percentagem (estimada)
Normalmente estima-se:
J = j% × I.M.A. (13)
N +1
I.M.A. = × D T + VR (14)
2N
Normalmente estima-se:
G = y% × I.M.A. (15)
y – Percentagem (estimada)
Normalmente estima-se:
7
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
A = z % × I.M.A. (16)
z – Percentagem (estimada)
– O cálculo unitário de conservação, reparação e consumo (CCRC) é o custo que resulta dos
respectivos encargos horários.
O custo unitário de manobra (CM) é o custo horário do pessoal que trabalha com o
equipamento, ou seja o somatório dos salários hora dos homens que trabalham com o
equipamento, incluindo os respectivos encargos.
8
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Folha nº ___/____
Obra: ________________________________________________________________ Data: __-__-____
Intervenientes na realização da obra
Dono Prazo
Tarefas Observações
da Projectistas Fiscalização Empreiteiro (dias)
Obra
1 Anuncio do concurso E C C -
Programa de
2 E C P -
concurso
3 Entrega das propostas - - - E
Abertura das
4 E C C P
propostas
Avaliação das
5 E P P -
propostas
Notificação da
6 E C C C
adjudicação
7 Minuta do contrato E - P V/R
8 Caução S - - E
Assinatura do
9 E C C P
contrato
Nomeação do director
10 S C V E
de obra
Representantes
11 E C - C
fiscalização
12 Projecto de estaleiro S - V E
13 Plano de segurança S C V E
14 Auto de consignação E C P P
Livro de registo de
15 S C P E
obra
16 Inicio dos trabalhos C C C E
17 Cotas de referência - P E P/R
Implantação e
18 - P V E
piquetagem
19 Horário de trabalho S - V E
20 Seguro do pessoal S - V E
Tabela de salários e
21 periodicidade de S - V E
pagamentos
Contrato colectivo de
22 C - V E
trabalho
Desenhos de
construção e
23 C V V E
pormenores de
execução
24 Erros e omissões S V V E
Plano definitivo dos
25 S - V E
trabalhos
26 Plano de pagamentos S - V E
Cronograma
27 S - V E
financeiro
Diagrama de cargas
28 S - V E
de MO
Cronograma MO em
29 S - V E
Hxh
30 Curvas de progresso S - V E
31 Lista de materiais S V V E
9
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
equipamentos mais
significativos
Escolha de materiais
32 e elementos de S V V
construção
Nomeação de
33 responsável pelo C - V E
aprovisionamento
Liste de relançamento
34 C - V E
de encomendas
Lista de ensaios e
35 S V V E
datas de realização
Lista de
equipamentos de
36 S - V E
apoio e tempos de
afectação à obra
Painéis identificação
37 S - V E
da obra
Cronograma
38 S - V E
financeiro real
Cronograma de mão-
39 S - V E
de-obra real
Curva de progresso
40 S - V E
real
41 Telas finais S V V E
Recepção provisória
42 S P E P
da obra
43 Devolução da caução E - P P
Recepção definitiva
44 S P E P
da obra
C – Conhecimento
E – Executante
P – Participação
R – Reclamação
S – Supervisão/aceitação
V – Verificação
10
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Dono de Obra:
Obra:
MAPA VISTORIA Local
Funcionamento
Data Limite
Construção
Reparação
Concluído
A Reparar
Aplicação
OBS.
Limpeza
Pintura
Juntas
Porta Quarto Falta 1 demão 31/
OK OK X OK OK OK X
de verniz 05
Porta WC 31/
OK OK X OK OK OK X
05
Alcatifa OK OK - OK - OK 9
Cerâmicos WC OK OK - OK - OK 9
Louças + Equipamentos
Sanita OK OK - - - OK 9
Bidé OK OK - - - OK 9
Lavatório OK OK - - - OK
Banheira OK OK - - - OK 9
Electricidade
Iluminação OK OK - - OK - 9
Detecção incêndios Falta ensaio 29/
OK X - - X - X
Instalação 05
Tomadas OK OK - - OK - 9
Ar Condicionado OK OK - - OK OK 9
Mobiliário
Roupeiro OK OK - OK OK OK 9
Cama OK OK - OK OK OK 9
Secretária OK OK - OK OK OK 9
Mesa cabeceira OK OK - OK OK OK 9
Paredes OK OK - OK OK 9
Tectos OK OK OK OK OK 9
Tecidos
Cortinas OK OK - - OK - 9
Reposteiros OK OK - - OK - 9
Colchas e
OK OK - - OK - 9
Acolchoados
Data:___/___/______
_____________________ _____________________ _____________
________
Empreiteiro Fiscalização Director
11
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
BCB nº.:
DATA:
FRENTE:
IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA:
(Preencher pelo Empreiteiro)
OBSERVAÇÕES:
(Preencher pela Fiscalização)
EMPREITEIRO FISCALIZAÇÃO
EMISSÃO RECEPÇÃO
IDENT.:
Cargo
DATA / HORA
12
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
13
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
14
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Dec-Lei 105/91, de 8/3 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 84/532/CEE, do
Concelho, relativa à harmonização das legislações dos estados membros quanto a materiais e
máquinas de estaleiros:
Dec-Lei 273/91, de 7/8 – Aparelhos de elevação e movimentação;
Dec-Lei 286/91, de 9/8 – Aparelhos de elevação e movimentação;
Dec-Lei 113/93, de 10/4 – Define os procedimentos, a adoptar com vista a que os materiais
de construção se revelem adequados ao fim a que se destinam;
Dec-Lei 330/93, de 25/9 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 90/269/CEE, do
Concelho, de 29/5, relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à
movimentação manual de cargas que comportem riscos para os trabalhadores;
Dec-Lei 331/93, de 25/9 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 89/655/CEE, do
Concelho, de 30 /11, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde na utilização de
equipamentos de trabalho;
15
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Dec-Lei 349/93, de 1/10 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 90/270/CEE de 29 /5
relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes ao trabalho com
equipamentos dotados de visor;
Dec-Lei 214/95, de 18/8 – Estabelece as condições de utilização e comercialização de
máquinas usadas visando eliminar riscos para a saúde e segurança das pessoas;
Dec-Lei 50/2005, de 25/2 – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº.
2001/45/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Junho, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de
trabalho, e revoga o Decreto–Lei nº. 82/99, de 16 de Março.
Dec-Lei 72/92, de 28/4 – Transpõe para o direito interno a Directiva nº. 88/188/CEE de 12/5,
relativa à protecção dos trabalhadores contra os riscos devidos à exposição ao ruído durante o
trabalho;
Dec-Reg. 9/92, de 28/4 – Regulamenta o Dec-Lei n.º 72/92 de 28/4, que estabelece o quadro–
geral de protecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição ao ruído durante o
trabalho;
Dec-Lei 292/2000, de 14/11 – Aprova o regime legal sobre a poluição sonora designado por
"Regulamento Geral do Ruído;
Dec-Lei 76/2002, de 28/3 – Transpõe para o ordenamento jurídico interno a Directiva nº.
2000/14/CEE, do Concelho, e aprova o regulamento das emissões sonoras do ambiente do
equipamento para utilização no exterior;
16
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
Equipamentos de
Protecção Vestuário
Protectores Luvas de Botas de Óculos de Cinto de
Capacetes Máscara Viseiras de
Auriculares protecção protecção protecção segurança
Protecção
Profissão
Arvorado O E E E E O E E E
Armador de ferro O E E - O O E O E
Canalizador O E E - E O - E E
Carpinteiro de
O E E - E O - E E
limpos
Carpinteiro de
O E E - E O E E E
toscos
Chefe de equipa O E E - E O - E -
Condutor
O E E - E O - E -
manobrador
Electricista O E E - E O - E -
Encarregado O E E - E O E E -
Estucador O E E E E O - E -
Ladrilhador O E E - E O E E E
Manobrador de
O E - - E O - E E
gruas
Mecânico O E E - E O - E -
Montador de
O E E - E O - E E
andaimes
Montador de
O E E - E O - E E
cofragens
Pedreiro O E E E E O E E E
Pintor O E E - E O - E E
Serralheiro O E E E E O O E E
Servente O E E E E O - E E
Soldador O E E O E O O E E
Sondador O E E O E O - E E
Trolha O E E E E O - E -
Torneiro O E - E E O O E -
Vibracionista O E E - E O - E E
O – Obrigatório
E – Eventual
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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada
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