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Gestão e Direcção de Obra

Uma versão simples e unificada

série Gestão e Coordenação

hugo carvalho dias


joão guerra martins
1ª edição / 2008
Apresentação

Este texto resulta, genericamente, o repositório da Monografia do Eng.º Hugo Carvalho Dias.

Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à


especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-
se ao que se pensa omitido.

Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.

João Guerra Martins


Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada

Sumário

A gestão de obra é um dos primeiros e principais pontos que devem ser devidamente
estudados e providenciados por parte dos técnicos responsáveis pela sua execução, tendo e
vista o seu melhor tratamento económico e financeiro, bem como o planeamento de todas as
tarefas a realizar. Neste contexto, o presente trabalho efectua a apresentação sucinta da agenda
do gestor de obra, citando ainda os conceitos que se entendem importantes para garantir uma
boa administração da construção.

Por outro lado, é na sequência da estratégia e do aprovisionamento que surge a própria


direcção de obra, em que nesta é importante a escolha e montagem dos órgãos de apoio
logístico e a selecção de pessoal, bem como a aquisição atempada e negociada de materiais.
Assim, as funções directivas, suas responsabilidades e competências, são claramente
identificadas, enquanto veículo indispensável do cumprimento do contrato de empreitada.

Como as duas funções, gestão e direcção, não podem ser completamente estanques, porquanto
a primeira prepara a segunda que, por sua vez, corrige a anterior, o Gestor e o Director-de-
Obra são colocados num ciclo operacional de optimização de recursos e eficiências. Deste
modo, faz-se uma resenha da envolvente interactiva do controlo da obra, em termos da
produção, da gestão económica e financeira, do enquadramento tempo, do assegurar da
qualidade e do cumprimentos das normas de saúde e segurança no trabalho.

Como remate, dão-se algumas recomendações do que poderá ser feito para se conseguir um
aumento da produtividade e redução dos custos.

I
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada

Agradecimentos

A elaboração deste trabalho monográfico é a última etapa para a conclusão da Licenciatura de


Engenharia Civil. Para chegar a esta fase foram passados bons e maus momentos no decorrer
da licenciatura, bem como na elaboração deste trabalho, sendo estes momentos recordados
como uma forma de aprendizagem, agradecendo a todos os que me ajudaram e apoiaram a
passar por toda esta experiência.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a instituição Universidade Fernando Pessoa, pela


dedicação e apoio prestado, para a conclusão da Licenciatura.

Em segundo lugar gostaria de agradecer a todos os docentes que me apoiaram durante todo
este percurso, pois foram estes que tiveram paciência, dedicação e disponibilidade para que
cumprisse os meus objectivos. Agradeço em especial ao professor João Guerra por ter sido o
responsável pela orientação deste trabalho, e que esteve sempre disposto a ajudar e solucionar
as dúvidas surgidas durante a elaboração do trabalho.

Gostaria também de agradecer a todos os meus colegas e amigos que me acompanharam


durante as aulas bem como em momentos de diversão. Em especial agradeço aos meus
amigos: Pedro Carvalho, João Paulo Baltazar, Nuno Vale, José Lamas, Rui Bandeira, Pedro
Maurício, Bruno Azevedo, Elsa Lopes, Vera Pontes, Carlos de Freitas, Carlos Soares e
Ricardo Barros, que foram os que me ajudaram e estiveram sempre presentes em grande parte
do tempo.

Por fim, um agradecimento muito especial aos meus pais e prima, José Soares Dias, Maria
Alda Morim Carvalho Dias e Maria das Dores Morim Milhazes, por todo o apoio e incentivo
dado, nos bons e maus momentos ao longo da minha vida.

Aproveito para dedicar postumamente este trabalho, ao meu avô, António Cerqueira Dias.

II
Índice Geral

Sumário ..................................................................................................................................... I
Agradecimentos .......................................................................................................................II
Índice Geral............................................................................................................................ III
Índice de Quadros.................................................................................................................... V
Introdução .................................................................................................................................1
Capitulo 1 – Gestão de Obra ...................................................................................................3
1.1- Objectivo da gestão .........................................................................................................3
1.2 – Estudo do projecto .........................................................................................................3
1.3 – Medições rectificadas ....................................................................................................5
1.3.1 – Objectivo das medições ..........................................................................................5
1.3.2 – Rectificação das medições......................................................................................7
1.4 – Orçamento e reorçamento..............................................................................................8
1.4.1 – Orçamento ..............................................................................................................8
1.4.2 – As funções de um orçamento .................................................................................9
1.4.3 - Noção de estrutura de custos.................................................................................10
1.4.4 - Composição de custos directos .............................................................................13
1.4.5 – Reorçamento.........................................................................................................15
1.5 – Estaleiro de obra ..........................................................................................................16
1.5.1 – Projecto de estaleiro..............................................................................................17
1.6 – Planeamento da produção............................................................................................19

Capitulo 2 – Direcção de Obra ..............................................................................................22


2.1 – Conceito de Direcção...................................................................................................22
2.2 – Órgãos de direcção e suas atribuições .........................................................................22
2.3 – Órgãos de direcção e suas responsabilidades ..............................................................26
2.4 – Competência técnica e execução directiva ..................................................................28
2.4.1 – Competência técnica directa.................................................................................30
2.4.2 – Competência técnica indirecta..............................................................................32
2.5 - Liderança e preparação de obra por parte do Director-de-Obra...................................35

Capitulo 3 – Gestão e Direcção de Obra ..............................................................................41


3.1 – Controlo da execução da obra .....................................................................................41
3.1.1 – Controlo de produção ...........................................................................................41
3.1.2 – Controlo económico e financeiro .........................................................................42
3.1.3 – Controlo de tempo e planeamento ........................................................................43
3.1.4 – Controlo da qualidade...........................................................................................44
3.1.5 – Plano de Segurança e Saúde .................................................................................45
3.2 – Aumento da produtividade e redução de custos ..........................................................48
3.2.1 - Produtividade ........................................................................................................48
3.2.2 - Métodos para aumentar a produtividade ...............................................................50

Conclusão ................................................................................................................................51
Bibliografia..............................................................................................................................53
Anexos........................................................................................................................................1
Anexo 1 – Folha de medições.................................................................................................2
Anexo 2 – Folha de orçamento detalhada ..............................................................................3
Anexo 3 – Formulário de custos.............................................................................................4
Anexo 4 – Matriz de definição de competências....................................................................9
Anexo 5 – Controlo da Qualidade ........................................................................................11
Anexo 6 – Regulamentação de Segurança e Saúde no Trabalho .........................................13
Anexo 7 – Equipamentos de protecção individual ...............................................................18
Anexo 8 – Identificação de riscos no estaleiro .....................................................................20
Índice de Quadros

Quadro 1 – Elementos de um estudo do projecto [3] .................................................................5


Quadro 2 – Dimensionamento e organização de um estaleiro [3]............................................18
Quadro 3 – Objectivos do Planeamento [3]..............................................................................20
Quadro 4 – Intervenientes na realização de uma obra [5] ........................................................23
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada

Introdução

A gestão e direcção de obra é um tema muito vasto e com alguma complexidade, dado ser
uma actividade que envolve muitos recursos e diversos, sendo estes um somatório de pessoas,
serviços e bens indispensáveis para a realização de uma dada empreitada.

De facto, um dos principais meios a considerar são os humanos, dado que estão envolvidos
em todas as fases do processo e para além do término ou conclusão da obra1, pois estão
presentes desde o estudo preliminar até à vistoria definitiva (no final do legal prazo de
garantia). Mas não será por isso que os recursos económicos e os materiais dispensam um
especial cuidado, pelo contrário, pois são também estes que muito vão influenciar na
adjudicação da obra.

O presente trabalho pretende tratar, de um modo genérico e sucinto, as directrizes de como é


feita a gestão e direcção em fase de execução, em termos da máxima rentabilização, tanto em
termos económicos como também de fabrico.

De uma forma breve é explicado como é realizado um concurso de obras públicas, que está
regulado através do regime jurídico de empreitadas de obras públicas, Decreto de Lei nº.
59/99, de 2 de Março. Isto tanto pela vertente da empreitada pública como pelo facto de ser
este diploma usado em muitas das obras particulares como referência a observar.

De acordo com o Artigo 59.º do Decreto de Lei nº. 59/99, o processo de um concurso público
compreende as seguintes fases: abertura do concurso e apresentação da documentação, acto
público do concurso, qualificação dos concorrentes, análise das propostas e elaboração de
relatórios e, por fim, a adjudicação [1].

A abertura do concurso e apresentação da documentação é a primeira fase, sendo a obra posta


a concurso mediante a publicação de anúncio ou convite, tendo os concorrentes interessados
(ou convidados) de apresentar as suas propostas [1].

1
Não cai no âmbito deste trabalho temas de importância reconhecida, como a exploração e manutenção de
edifícios, mas que exorbitam para além do momento simbólico da “entrega da chave” e responsabilidades
supervenientes.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

O acto público (ou privado) do concurso destina-se á abertura das propostas, sendo analisados
todos os documentos que foram entregues por parte de todos os concorrentes. É nesta fase que
é avaliada a qualificação dos concorrentes em termos financeiros, económicos e técnicos.
Sendo cumpridos os passos desta avaliação dos concorrentes, é realizada a análise das
propostas qualificados, em função do critério de adjudicação estabelecido. A comissão de
análise das propostas deve elaborar um relatório fundamentado sobre o mérito das mesmas,
ordenando-as, para efeito de adjudicação, de acordo com os critérios preestabelecidos e com
os factores e eventuais subfactores de apreciação claramente ponderados e fixados no
programa de concurso [1].

A obra é, por norma, adjudicada à proposta economicamente mais vantajosa, dentro dos
critérios de qualidade satisfatórios, implicando, contudo e percentualmente, a ponderação de
factores variáveis para além do preço, como a valia técnica da solução e do quadro de pessoal,
o prazo de execução, o custo de utilização, a rendibilidade e a garantia [1].

Após a obra ser adjudicada é celebrado o contrato de empreitada com a empresa seleccionada,
sendo o tema desta monografia o trabalho que se desenvolve após esta fase, em termos de
gestão e direcção dessa empreitada.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Capitulo 1 – Gestão de Obra

1.1- Objectivo da gestão

A gestão é fundamental para conhecer quais os objectivos a atingir tanto a nível técnico,
administrativo, económico e financeiro, como no cumprimento do prazo disponível para a
execução da obra [2].

O responsável deverá estudar todos os detalhes de uma boa gestão, tendo a atenção os
seguintes pontos [2]:

ƒ O projecto;
ƒ O local de execução;
ƒ A área disponível para o estaleiro;
ƒ Os meios necessários;
ƒ O controlo de custos;
ƒ O controlo de prazos;
ƒ O controlo da qualidade e segurança.

Para que todos estes itens sejam respeitados, o responsável pela organização da obra deverá
ter ao seu dispor todos os meios necessários para poder cumprir os objectivos pré definidos,
pois só assim se garante uma boa gestão e consegue executar os trabalhos com a exigível
qualidade, bem como cumprir os prazos previstos, satisfazer o Dono-de-Obra e almejar o
lucro [2].

1.2 – Estudo do projecto

O estudo do projecto é essencial antes do começo da obra, para evitar que durante a execução
não haja atrasos por falta de pormenorização ou falta de informação [2].

Em primeiro lugar é realizado uma análise preliminar, a todas as peças escritas e desenhadas,
com o objectivo de ter um conhecimento superficial de todo o projecto, sendo anotadas as

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

dúvidas que surjam durante esta análise para que possam ser esclarecidas na fase seguinte,
onde é realizada uma visita ao local de implantação [3].

A visita ao local da obra tem a finalidade de esclarecer as dúvidas que foram encontradas na
análise preliminar e apurar as dificuldades que se vão encontrar, sendo realizado um
levantamento topográfico do terreno onde se vai implementar a obra, bem como todas as
infra-estruturas que possam interferir na construção, contando com situações imprevistas
durante a realização, tais como [3]:

ƒ Condições geológicas e geotécnicas;


ƒ Meteorológicas e climatérica do local ou da região;
ƒ Sondagens e ensaios dos solos;
ƒ Condições da bacia hidrográfica e níveis freáticos;
ƒ Condições ambientais;
ƒ Condições de pluviosidade;
ƒ Regime de temperaturas.

Na fase seguinte é realizado um estudo mais aprofundado de todas as peças do projecto


(escritas e desenhadas). Os elementos de projecto são relacionados entre si e com as
condições que foram encontradas no local da obra. Esta correlação de dados visa a
determinação de todas as condicionantes, incongruências, informações não completas e, por
vezes omissões, que não foram detectadas na análise preliminar. No Quadro 1 podem-se ver
os elementos que se devem analisar num estudo mais aprofundado do projecto [3; 4].

Com o estudo do projecto mais aprofundado concluído, inicia-se o processo de planeamento,


existindo tarefas envolvidas na análise de projecto que devem ser tratadas de uma forma
especial, devido a serem um importante factor na gestão, nomeadamente as medições, a
orçamentação e a escolha de equipamentos [3].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Quadro 1 – Elementos de um estudo do projecto [3]

Verificar se a análise quantitativa e qualitativa do mapa de


medições do projecto contempla todas as tarefas necessárias, se
Mapa de medições
tal não se verificar devem ser acrescentadas as que faltam ou se
Erros e omissões
encontram incorrectas, com vista a serem listadas nos erros e
omissões.
Verificar se os trabalhos preparatórios, complementares ou
Trabalhos preparatórios subsidiárias dos trabalhos das diversas especialidades, se
encontram previstos.
Verificar se o projecto se encontra completo e as informações
Dúvidas
nele contidas são suficientes.
Tomar consciência dos materiais previstos para cada tipo de
Materiais tarefas e verificar se estes são os mais adequados às funções para
os quais foram projectados
Tomar consciência dos métodos construtivos previstos para cada
Métodos Construtivos tipo de tarefa e verificar se estes são os tecnologicamente mais
adequados à execução das tarefas.

1.3 – Medições rectificadas

1.3.1 – Objectivo das medições

A medição é a determinação quantitativa dos trabalhos a executar numa dada obra e destina-
se a diversos fins relacionados com a gestão de obras, nomeadamente [5]:

ƒ Orçamentação (determinação do valor total da obra);


ƒ Planeamento (determinação da duração das actividades);
ƒ Determinação das quantidades de recurso (mão-de-obra, materiais e
equipamentos);
ƒ Elaboração de autos de medição;
ƒ Controlo da facturação;
ƒ Controlo de quantidades dos recursos;
ƒ Controlo económico de obras.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Para se proceder à medição dos trabalhos de uma obra é necessário estabelecer regras visando
a uniformização dos métodos e critérios a adoptar para a realização dessas medições [5].

Nas medições existem algumas condições gerais que devem ser cumpridas [6]:

ƒ Descrever de forma completa e precisa os trabalhos previstos no projecto ou


executados em obra;
ƒ Os trabalhos que impliquem diferentes condições ou dificuldades de execução
serão medidos separadamente em rubricas próprias;
ƒ As dimensões a adoptar serão em regra as de cada elemento de construção
arredondado ao centímetro;
ƒ Salvo referência em contrário, o cálculo das quantidades dos trabalhos será
efectuado com a indicação das dimensões segundo a ordem seguinte:
- Em planos horizontais, comprimento × largura × altura ou espessura;
- Em planos verticais, comprimento × largura ou espessura × altura.
considerando-se como comprimento e largura as dimensões em planta dos
elementos a medir
ƒ As dimensões que não poderem ser determinadas com rigor deverão ser indicadas
com a designação de “quantidades aproximadas”;
ƒ As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à sua perfeita
compreensão, de modo a permitir uma fácil verificação ou ratificação, e a
determinação correcta do custo;
ƒ O uso do designado “valor global” deverá ser evitado, pois dificulta enormemente
o rigor do orçamento;
ƒ Recomenda-se que as medições sejam organizadas por forma a facilitar a
determinação dos dados necessários à preparação da execução da obra e ao
controle de produção, tendo em vista a repartição dos trabalhos por diferentes
locais de construção e o cálculo das situações mensais de pagamento e controlo de
custos.

6
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

As unidades de medida adoptadas devem ser:

• Unidade de medida linear – Metro (m);


• Superfície – Metro quadrado (m2);
• Volume – Metro cúbico (m3);
• Peso – Quilograma (kg).

As medições são uma das peças dos projectos que mais frequentemente se apresentam
defeituosas elaboradas e com erros e omissões.

No Anexo 1 é possível ver um exemplo de uma folha de medições simples.

1.3.2 – Rectificação das medições

Após a obra ser adjudicada é necessário fazer uma nova análise ao projecto, com mais calma,
para ver se existem erros ou omissões ao orçamento base.

Se existirem erros ou omissões devem ser reclamados no prazo concedido para o efeito no
caderno de encargos, de acordo com a dimensão e complexidade da obra, mas não deverá ser
inferior a 15 dias, contados da data de consignação, o Empreiteiro poderá reclamar [1]:

a) Contra erros e omissões do projecto, relativos à natureza ou volume dos trabalhos, por
se verificarem diferenças entre as condições locais existentes e as previstas ou entre os
dados em que o projecto se baseia e a realidade;

b) Contra erros de cálculo, erros de materiais e outros erros ou omissões das folhas de
medições discriminadas e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades de
trabalhos, por se verificarem divergências entre estas e o que resulta das restantes
peças do projecto.

Rectificado qualquer erro ou omissão do projecto, o respectivo valor será acrescido ou


deduzido ao valor da adjudicação [1].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

No caso de o projecto base ou variante ter sido de autoria do Empreiteiro, este suportará os
danos resultantes de erros ou omissões desse projecto, ou variante, ou das correspondentes
folhas de medições discriminadas e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades
de trabalhos, excepto se os erros ou omissões resultarem de deficiências dos dados fornecidos
pelo Dono-de-Obra [1].

Com todas as medições rectificadas passa-se ao reorçamento, para saber qual o valor mais real
da obra.

1.4 – Orçamento e reorçamento

1.4.1 – Orçamento

De modo simplista, podemos dizer que orçamento é o cálculo dos custos para executar uma
obra ou um empreendimento. Quanto mais detalhado o orçamento, mais ele se aproxima do
custo real [7].

A qualidade da preparação do orçamento é essencial para o sucesso das partes envolvidas na


administração dos gastos de capital para os projectos de construção. O processo de cálculo do
orçamento é de certo modo usado assim que a ideia para o projecto é concebida [8].

Fazer o orçamento é um processo complexo que envolve recolha de informação disponível e


pertinente relacionada com a finalidade do projecto, consumo esperado de recursos e
alterações futuras no custo destes recursos [8].

O orçamento é o somatório das várias quantidades de trabalho, multiplicadas pelo preço


unitário de cada uma delas. Existem vários tipos de orçamentos, definidos em bases
diferentes. Consoante as fases de elaboração do projecto, desde o estudo preliminar,
anteprojecto e projecto executivo, o orçamento toma as terminologias de estimativa de custo,
como, por exemplo: orçamento preliminar; orçamento analítico detalhado. Consoante o fim a
que se destina o orçamento toma as terminologias de orçamento comercial e orçamento de
produção [3]:

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• Orçamento comercial: é o orçamento que serviu de base á adjudicação e servirá de


base às facturas a emitir;

• Orçamento de produção: orçamento revisto com a determinação mais correcta possível


das tarefas a realizar e das respectivas quantidades (independente de haver ou não
acordo com o Dono-de-Obra, relativamente aos erros detectados).

1.4.2 – As funções de um orçamento

As funções de um orçamento são as seguintes [9]:

ƒ Constituir a parte principal de qualquer proposta, ou seja a base da resposta a um


concurso público ou convite;
ƒ Servir de documento contratual juntamente com o projecto de execução e outras
condições e documentos acordados entre o Empreiteiro e o Dono-de-Obra;
ƒ Servir de documento base para a previsão e controlo, por parte do Empreiteiro, dos
meios de produção e produtividade. Normalmente é elaborado um novo orçamento
(reorçamento) que tem em conta, para alem de toda a informação não disponível
na altura da execução do orçamento, a correcção de eventuais erros cometidos
nessa fase;
ƒ Servir de base à facturação a emitir para a obra a que se refere.

O orçamento que é uma peça básica no planeamento e programação de um obra. A partir dele
é possível fazer [7]:

ƒ Análise da viabilidade económico-financeira da obra;


ƒ O levantamento dos materiais e dos serviços;
ƒ O levantamento do número de operários para cada etapa de serviços;
ƒ O cronograma físico ou de execução da obra, bem como o cronograma físico-
financeiro;
ƒ O acompanhamento sistemático da aplicação de mão-de-obra e materiais para cada
etapa de serviço, etc.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

No Anexo 2 é possível ver uma folha de orçamentos detalhada.

1.4.3 - Noção de estrutura de custos

Uma estrutura de custos é um processo de dividir os diversos encargos que a empresa de


construção civil tem de modo a facilitar a elaboração do respectivo orçamento [9].

Em construção civil, normalmente, a estrutura de custos tem a seguinte forma [9]:

Custos Directos
Custos Indirectos
Custos Totais da Obra Custos de Estaleiro
Margem de Lucro e Risco
Imposto Sobre o Valor Acrescentado (I.V.A.)

Custos Directos

Os custos directos são os que estão directamente aplicados na produção da obra, ou seja [9]:

ƒ Custos com a mão-de-obra directamente produtiva, incluindo os encargos sociais


previstos na lei o de iniciativa da empresa;
ƒ Custos de materiais e elementos de construção
ƒ Custo de equipamentos e ferramentas (manuais e mecânicas) directamente
utilizadas na realização dos trabalhos, total ou parcialmente amortizados na mesma
(sendo sempre o custo totalmente amortizado no caso de aluguer).

No Anexo 3 é possível ver a expressão de cálculo dos custos directos.

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Custos Indirectos

Os custos indirectos são uma percentagem do valor dos encargos totais gerais da empresa,
estes custos destinam-se a todas as despesas não específicas de cada obra, necessárias à
manutenção da estrutura administrativa e técnica da empresa. Estes custos incluem [9]:

i) Custos de estrutura da empresa, como, por exemplo:

ƒ Vencimento do pessoal administrativo não técnico;


ƒ Gastos de exploração e manutenção da sede social;
ƒ Vencimento da direcção da empresa;
ƒ Despesas de consumo corrente;
ƒ Seguros de pessoas e bens;
ƒ Encargos financeiros;
ƒ Despesas comerciais;
ƒ Contribuições, impostos e taxas (normalmente nunca imputados às obras).
ƒ Etc.

ii) Custos industriais - são os custos de todas as secções não directamente produtivas, que
asseguram a função técnica da empresa como, por exemplo [9]:

ƒ Vencimento do pessoal técnico não directamente ligado às obras;


ƒ Vencimento da direcção de pessoal;
ƒ Encargos de amortização e exploração de viaturas do pessoal técnico;
ƒ Despesas gerais do estaleiro central;
ƒ Patentes e licenças.

iii) Outros custos imputáveis às obras adjudicadas como, por exemplo [9]:

ƒ Despesas com pessoal da empresa encarregado do estudo e apresentação das


propostas;
ƒ Gastos de adjudicação, garantias bancárias, aquisição de projectos, etc;
ƒ Encargos financeiros resultantes do contrato.

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Custos de estaleiro

Os custos de estaleiro são os custos com instalações fixas, mão-de-obra e equipamentos


necessários à realização da obra, mas não facilmente imputáveis a uma ou a várias tarefas
especificas e que, por esse motivo, dificilmente podem ser incluídos nos custos directos. Essas
despesas incluem [9]:

ƒ Custos com a mão-de-obra não directamente produtiva, incluindo os encargos


sociais previstos na lei o de iniciativa da empresa (pessoal dirigente, controlador,
condutor das obras, pessoal dos serviços auxiliares, etc.);
ƒ Equipamentos não englobados nos custos directos (como gruas, central de betão,
tapumes, vedações, placas informativas, etc.);
ƒ Viaturas (carga e pessoal), seus consumos e despesas de manutenção e reparação;
ƒ Despesas de montagem e desmontagem do estaleiro;
ƒ Despesas ligadas à exploração do estaleiro (segurança, aluguer de instalações
fixas, agua, luz, telefone, pavimentos, etc.)

Margem de Lucro e Risco

A margem de lucro e risco são o valor monetário fixo que devem ser adicionados ao montante
global dos custos da obra, de modo a incluir o lucro da empresa e o risco decorrente do
investimento a efectuar ao longo da sua realização [9],

Imposto Sobre o Valor Acrescentado

Todos os orçamentos deverão ser afectados de uma percentagem relativa ao I.V.A. (conforme
taxas em vigor, que podem variar em função do Dono-de-Obra).

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

1.4.4 - Composição de custos directos

Mão-de-obra

Os custos de mão-de-obra deverão ser calculados com base nos registos específicos existentes
nas empresas, atendendo-se também ao Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) para a Indústria
de Construção Civil que estabelece vencimentos mensais mínimos a praticar, os quais, são
actualizados anualmente, em geral [5].

Os rendimentos dos operários podem-se determinar a partir de informação estatística


resultante do trabalho do sector de controlo de execução da empresa. Estes valores são
património das empresas de Construção Civil e constituem um dos seus principais elementos
de trabalho. O LNEC publicou listas de rendimento de mão-de-obra em trabalhos de
Construção Civil bem como informação sobre custos [9].

Os salários dos operários podem-se determinar recorrendo à lista de vencimentos da empresa


por categorias e à percentagem de encargos sociais a afectar o salário simples [9].

No Anexo 3 é possível ver a expressão de cálculo de mão-de-obra.

Materiais

Os custos relativos aos materiais são recolhidos nos fornecedores, representantes,


distribuidores ou fabricantes, que apresentam valores referidos a unidades de medição
específicas de cada material [5].

O custo dos materiais por unidade de medição de uma operação de construção é calculado
pelo somatório dos custos de todos os materiais necessários para a sua realização, atendendo-
se sempre as unidades a que os custos dos materiais simples recolhidos no mercado se referem
[5].

No Anexo 3 é possível ver a expressão de cálculo do custo de materiais.

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Equipamentos

Na realização de uma obra são numerosos os equipamentos que poderão ser utilizados na
execução dos trabalhos, sendo necessário escolher o equipamento mais apropriado para a
realização de determinada tarefa. É, aliás, a capacidade de recursos à utilização de
equipamentos que determina o grau de mecanização da obra, factor que hoje em dia é
determinante para a execução de uma obra nas melhores condições de prazo e custo [5].

Os equipamentos de obra são de vários tipos, sendo seleccionados de acordo com os trabalhos
a realizar, compreendendo:

ƒ Equipamentos de terraplanagem;
ƒ Equipamentos de elevação e manuseamento de materiais;
ƒ Equipamentos de fabrico e colocação de betões e argamassas;
ƒ Equipamentos de corte e dobragem de aço em varão;
ƒ Equipamentos de preparação de cofragens;
ƒ Equipamentos de ar comprimido.

Com os vários tipos de equipamentos que foram seleccionados para a realização da obra, a
empresa construtora por falta de equipamentos para a realização das tarefas, pode ter a
necessidade de recorrer a um dos três métodos seguintes:

ƒ Aquisição de equipamentos;
ƒ Aluguer de equipamentos;
ƒ “Leasing” de equipamentos.

A decisão quanto ao método a utilizar em cada caso depende, nomeadamente, da realização


de estudo económico comparativo entre as diversas soluções possíveis, do uso que se prevê
para o equipamento a longo prazo e também do valor desse equipamento [5].

A aquisição do equipamento (utilização de equipamento próprio) é a modalidade a que as


empresas de construção mais recorrem sempre que prevêem taxas de utilização elevadas para
o equipamento [5].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

O aluguer do equipamento é uma modalidade que deve ser considerada em casos que a taxa
de utilização previstas são baixas ou que haja de necessidade do equipamento durante um
curto prazo [5].

O “leasing” é a modalidade de aluguer com a opção de compra pelo valor que se prevê para o
equipamento no fim do período de utilização. Estes valores são estipulados no contrato de
“leasing” [5].

No Anexo 3 é possível ver a expressão de cálculo de aquisição de equipamentos.

1.4.5 – Reorçamento

Uma das tarefas que há a executar na fase de preparação de obra será a elaboração de um
novo orçamento dos trabalhos a realizar, tendo em conta, tanto quanto possível, custos
industriais mais de acordo com os reais. Este orçamento é realizado quando já houver uma
programação definitiva, um plano de estaleiro, um conhecimento dos métodos e trabalho e do
tipo de recursos a utilizar, etc. Este orçamento detalhado e baseado em condições reais de
execução da obra [10].

Este segundo orçamento só por coincidência terá a mesma perspectiva sobre a margem de
lucro do orçamento inicial, pois naturalmente a contabilização dos custos irá variar do
primeiro para o segundo orçamento [10].

A elaboração do reorçamento justifica-se principalmente pelos seguintes aspectos [10]:

ƒ Pelo período mais ou menos longo que decorre entre a proposta (orçamento
inicial), e a data de início da obra (consignação), que origina muitas vezes
alterações das condições de mercado com reflexo significativo nos preços;
ƒ Pelo estudo mais pormenorizado do projecto, permitindo a implementação de
métodos construtivos mais eficazes, detectando erros e/ou omissões que traduzem
trabalhos a mais ou a menos;
ƒ Pela possibilidade de elaborar um planeamento técnico mais detalhado e que se
poderá traduzir num prazo mais curto, com influência nos custos indirectos;

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Pelas novas consultas entretanto efectuadas em fase de preparação podendo obter-


se através da negociação novos preços de fornecedores e subempreiteiros;
ƒ Pelo redimensionamento ou optimização dos meios a afectar à execução da obra;
ƒ Pelo cálculo estimativo de revisão de preços com índices entretanto conhecidos.

O reorçamento deverá assim, prever com maior fiabilidade possível os proveitos, custos e
resultados da obra, e permite verificar os desvios relativamente ao orçamento inicial, servindo
de informação para o sector comercial (elaboração de propostas) para orçamentos futuros. O
reorçamento, passará assim a constituir o novo objectivo económico para a empreitada [10]

1.5 – Estaleiro de obra

O estaleiro é o espaço físico onde são implementadas as instalações fixas de apoio à execução
de obras, implantados os equipamentos auxiliares de apoio e instaladas as infra-estruturas
provisórias: água, esgotos, electricidade. O estaleiro tem a finalidade de tornar possível a
execução de uma obra no prazo previsto e nas melhores condições técnicas e económicas,
assegurando um determinado nível de qualidade e de segurança e minimizando o custo [10].

Na construção distinguem-se dois tipos de estaleiro: central e local [10]:

• O estaleiro central é implementando normalmente num terreno que é propriedade da


empresa de construção. Nele se localizam as instalações e equipamentos de utilização
geral, como sejam as oficinas especializadas (carpintaria, serralharia), podendo
também ai instalar-se centrais de fabrico de betão, de corte e dobragem de armaduras
entre outras;

• O estaleiro local, ou estaleiro de obra, é aquele que serve de apoio à execução de uma
determinada obra. Nele se instalam todos os elementos que as características da obra a
executar exigem. É um estaleiro que ocupa, em regra, terrenos pertencentes ao Dono-
da-Obra ou outros nas proximidades, sejam privados ou públicos (como por exemplo a
ocupação da via pública).

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Os elementos de um estaleiro de obra são construções auxiliares, equipamentos e demais


instalações necessárias para a execução da obra nas melhores condições. São elementos do
estaleiro nomeadamente os seguintes:

ƒ Vedação;
ƒ Portaria;
ƒ Escritórios incluindo o da fiscalização;
ƒ Dormitórios;
ƒ Instalações sanitárias;
ƒ Refeitório;
ƒ Armazém de materiais;
ƒ Ferramentaria;
ƒ Estaleiro de preparação de armaduras;
ƒ Estaleiro de preparação de cofragens;
ƒ Estaleiro de fabrico de betões e argamassas;
ƒ Instalação de equipamentos de apoio fixo (grua);
ƒ Parques de equipamentos móveis (dumper, retroescavadoras, etc.);
ƒ Oficina de reparações;
ƒ Parque de viaturas;
ƒ Parques de materiais;
ƒ Redes provisórias de água, esgotos e electricidade;
ƒ Recolha de lixos;
ƒ Circulações internas.

1.5.1 – Projecto de estaleiro

Em obras de relativa importância, elabora-se um projecto de estaleiro, propondo-se identificar


os elementos a instalar no estaleiro da obra. Organiza-se de forma a optimizar a
operacionalidade dos mesmos, reduzindo ao mínimo os percursos internos, quer dos operários
quer dos materiais e equipamentos de apoio [10].

A organização do estaleiro é uma forma de permitir a execução da obra nas melhores


condições de prazos, custo, qualidade e segurança. Qualquer que seja a importância do
estaleiro é sempre necessário prever uma instalação e organização que depende do

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

equipamento a utilizar, das características da construção e do terreno disponível. Regra geral,


o estaleiro é tanto mais dinâmico quanto maior for a complexidade da obra e quanto menor
for o espaço disponível. Por vezes é necessário mudar a disposição do estaleiro conforme as
fases da obra [10].

No Quadro 2 é possível ver os aspectos que devem ser tomados em consideração para o
dimensionamento e organização de um estaleiro.

Quadro 2 – Dimensionamento e organização de um estaleiro [3]

Verificar no local o tipo de solo envolvente à obra – no sentido


de prever métodos de minorarem os impactes ambientais, zonas
de vazadouros, zonas de menor ruído, etc.
Condições do local
Determinar a facilidade de acessos de viaturas pesadas.
Verificar existência de redes de serviços (água, energia,
telefone).
Verificar qual a área de implementação comparada com o
Área disponível
espaço de obra.
Condiciona os equipamentos fixos e móveis, e como tal o
Tipos de obra
espaço necessário e a articulação desejável.
No caso de construção de edifícios as diversas fases da obra
Fase de obra implicam diversos meios envolvidos e diferentes
disponibilidades de espaço.
Dimensão e tipo de equipas de trabalho, peso da pré-fabricação
Organização da produção
e moldagem fora da área de estaleiro.
Indexa, quando aliada ao prazo, a dimensão do parque de
Dimensão
máquinas e número de equipas de pessoal.
Os prazos de execução condicionam o número e tipo de
Prazos
equipamentos e equipas de trabalho a empregar.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

1.6 – Planeamento da produção

O planeamento é uma das mais importantes responsabilidades da construção, pois é a chave


que permite obter um total planeamento de todas as tarefas que vão ser elaboradas em obra,
isto é definir com maior rigor a ordem e a forma como se vai executar e em que tempo [2; 8].

Na realidade, para que todas as tarefas decorram dentro da normalidade, sem pressas e
atropelos, é necessário planificar toda a obra. Justifica-se por isso a elaboração de diversos
mapas e tabelas que de uma forma esquemática, possibilitam uma rápida e fácil apreensão de
toda a obra, simplificando bastante o trabalho do técnico em campo, no final o planeamento,
poderá ser rapidamente observado no plano de trabalhos [4].

O planeamento é elaborado considerando um aproveitamento racional dos meios existentes e


uma gestão equilibrada da mão-de-obra, fornecimento de matérias-primas e produtos, de
acordo com a marcha dos trabalhos. A partir destes dados é igualmente possível a gestão
financeira e o controlo de custos por fase de trabalho [4].

Os objectivos do planeamento podem ser esquematizados de uma forma simples conforme o


Quadro 3.

O planeamento de produção serve de apoio ao controle de toda obra. Os responsáveis pela


direcção de realização da obra têm, assim, um documento previamente realizado onde podem
ter todo o controle de todas as actividades que vão sendo realizadas pelas equipas de trabalho
e saber se estas actividades estão de acordo com o prazo previsto pelo plano de trabalhos. Por
outro lado, proporciona um melhor controlo financeiro da obra, conseguindo-se saber se os
custos previamente previstos estão de acordo com os custos reais da obra, controlando os
desvios que possam surgir.

O planeamento de produção tem obrigatoriamente de ser flexível, pois a acção produtiva está
sujeita a condicionantes de várias ordens, quer internos quer externos, como a instabilidade
atmosférica ou o dimensionamento da equipa de trabalho [4].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Quadro 3 – Objectivos do Planeamento [3]

Precisar os resultados a atingir, os critérios de avaliação das


Definição de objectivos
actividades dos planos e dos programas.
Distribuição de Determinar o que cada sector de organismo deverá fazer quando e
competências como e também a partir de quê.
Prever os problemas a tomar medidas; criar condições para a sua
Coordenação das resolução; coordenar todas as actividades de modo a que o
actividades pessoal e os meios materiais e tecnológicos estejam disponíveis
no momento oportuno.
Estabelecer os dispositivos de controlo que permitam assegurar
que os resultados pretendidos sejam alcançados. Gráficos de
controlo facturação/tempo e gráficos recurso/tempo. Cronograma
Controlo
financeiro a cada trabalho é associado um preço (orçamento),
aplicados os preços aos volumes de trabalhos previstos,
determina-se o montante a facturar.
Efectuar exames periódicos no sentido de analisar as actividades
Exames em curso relativamente ao previsto; rever planos e remediar
situações de facto; assegurar a continuidade dos planos.
Reuniões de Organizar reuniões de coordenação no quadro das funções de
coordenação gestão em todos os escalões.

O planeamento de produção pode ser elaborado utilizando vários métodos e modelos gráficos,
um dos modelos mais usados é o Diagrama de Gant. Este é um modelo muito directo para a
abordagem do problema, consiste fundamentalmente num quadro onde se representa à escala
o tempo e as tarefas que constituem o projecto. Listam-se todas as tarefas de forma ordenada
cronologicamente e afecta-se cada uma delas da duração prevista [2; 3].

Com o Diagrama Gant completo é possível observar todo o planeamento da obra. Neste
diagrama contem toda a informação necessária a execução da obra, contendo as seguintes
informações:

ƒ Lista de todas as tarefas;

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Prazo total da obra sendo este decomposto em prazos para a realização de cada
tarefa;
ƒ Dependência entre tarefas, isto quer dizer que uma dada tarefa só pode começar
quando terminar a outra (só se pode betonar depois de estar cofrado);
ƒ Caminho crítico da obra, este tem de se ter um redobrado cuidado para que o prazo
final não seja alterado.

No anexo 4 é possível ver um exemplo de um Diagrama de Gant, realizado pelo software


informático “Microsoft Office Project”.

21
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Capitulo 2 – Direcção de Obra

2.1 – Conceito de Direcção

“Dirigir é traçar caminhos que conduzem aos objectivos previamente traçados; é saber
produzir os impulsos dinâmicos no momento exacto, depois de ter criado as condições para
que estes impulsos produzem o efeito desejado” [11].

O bom dirigente é aquele que, para além dos fortes e apropriados conhecimentos técnicos,
consegue conduzir a sua equipa por um caminho único e simples por si traçado, sem
necessidade de autoritarismo, mas pela fomentação da convivência na empresa, da
comunicação do entusiasmo da equipa. Assim devendo ser, devem existir características base
no seu perfil psicológico e moral padronizadas de acordo com estas referências de
comportamento [3].

Em termos psicológicos apontam-se algumas particulares importantes, tais como a


racionalidade na abordagem dos problemas, a abordagem directa e concisa, o poder de
síntese, a intuição, a memória de outras situações análogas, o saber ver e saber observar, a
perseverança na resolução de problemas em tempo útil, o não deixar conduzir por situações de
desânimo ou pânico, a actualização constante das informações técnicas, a lealdade e o espírito
de justiça. Deve ter sempre presente que dirigir não consiste simplesmente em dar ordens,
pelo contrário é instituir e organizar. No final terá de aplicar a si mesmo a disciplina que
espera dos outros [3].

2.2 – Órgãos de direcção e suas atribuições

Com vista à realização de determinado empreendimento, conjugam-se vários intervenientes


[5]:

ƒ Dono-da-Obra;
ƒ Autores do projecto;
ƒ Empreiteiro(s).

22
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Poderão ainda intervir nesta fase outras entidades com função de fiscalização conferidas pela
legislação vigente como, por exemplo, as Câmaras Municipais e a Inspecção-geral do
Trabalho [5].

No quadro 4 apresenta-se um esquema que mostra as relações entre os referidos principais


intervenientes na realização da obra [5].

Quadro 4 – Intervenientes na realização de uma obra [5]

O objectivo comum destas entidades consiste na realização da obra de acordo com o projecto
aprovado e segundo as normas de segurança e as boas regras da arte de construir. Para isso,
nas relações entre todos os intervenientes, e em particular dos seus representantes, deve
prevalecer o princípio de boa fé e de colaboração mútua que permita o cumprimento das
obrigações de cada uma das partes do contrato [5].

O Dono-da-Obra é o principal interessado na realização da obra e como tal tem autoridade


para fazer cumprir as cláusulas dos contratos estabelecidos com os restantes intervenientes

23
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

(autores do projecto e empreiteiros), nomeadamente no que se refere às disposições do


caderno de encargos e projecto. O Dono-da-Obra poderá introduzir as alterações que se
mostrarem necessárias durante a execução da obra, em consonância com o seu autor,
sujeitando-se contudo às consequências que desse acto poderão advir (por exemplo, obrigação
de indemnizar o Empreiteiro em determinadas situações previstas na legislação) [5].

Antes de iniciada a obra o Dono-da-Obra comunica aos Empreiteiros a identidade do seu


representante junto da obra e outros técnicos que constituirão a sua fiscalização, baseada
fundamentalmente numa acção de prevenção e de participação no processo construtivo,
visando o controlo de qualidade e de segurança, do preço e do prazo. Define também as
competências do seu representante, nomeadamente quanto à sua autonomia técnica e
económica. Essas competências devem ser objecto de documentos que deverá também referir
o valor limite até ao qual o representante do Dono-da-Obra poderá autorizar a realização de
trabalhos a mais, sem consulta prévia ao Dono-da-Obra [5].

Ao autor do projecto ou seu representante (assistente técnico) cabe-lhe prestar a assistência


técnica à obra visando o esclarecimento das dúvidas surgidas na interpretação do projecto,
durante a fase de execução da obra e adequá-lo às situações surgidas, diferentes das previstas.
Compete-lhe também a apreciação de documentos de ordem técnica apresentados pelos
fornecedores ou Empreiteiros e a elaboração de pareceres solicitados pelo Dono-da-Obra
sobre a qualidade dos materiais a empregar, execução dos trabalhos, equipamentos e
instalações [5].

O Empreiteiro comunica ao Dono-da-Obra a identidade do técnico que irá exercer as funções


de Director-de-Obra, o qual deverá possuir a qualificação mínima exigida no caderno de
encargos [5].

Ao Director-de-Obra compete dirigir a obra em todos os aspectos administrativos, técnicos e


económicos, sendo este o responsável pelo cumprimento de todas as cláusulas do contrato,
caderno de encargos e todas as peças do projecto de acordo com as normas e disposições
legais em vigor. O Director-de-Obra na fase de construção tem a responsabilidade pela
orientação do modo de execução da obra, bem com dirigir a sua equipa de trabalho, de modo

24
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

a motivar a equipa para uma boa realização dos trabalhos a realizar, zelando pela segurança
dos seus trabalhadores [10].

Para alem disso, o Director-de-Obra é o responsável máximo pela sua gestão e controlo,
salientando-se as seguintes vertentes de acção, do Regime Jurídico de Empreitadas de Obras
Públicas [10]:

ƒ Controlar o projecto mesmo que este seja da autoria do Empreiteiro, avisando a


fiscalização da obra das deficiências que encontre;
ƒ Elaborar o programa de garantias de qualidade com base nos requisitos
estabelecidos no caderno de encargos, caso este assim estipule;
ƒ Organizar o livro de obra para registo dos acontecimentos mais importantes
relacionados com a obra;
ƒ Proceder à implantação e piquetagem da obra a partir das referências (cotas e
alinhamentos) fornecidas pela fiscalização da obra;
ƒ Elaborar o projecto de estaleiro, quando tal seja exigido no caderno de encargos;
ƒ Executar os trabalhos dentro dos prazos parciais e globais aprovados;
ƒ Elaborar ou colaborar na elaboração do plano de segurança e de saúde ao tipo de
obra a executar visando a segurança de pessoas e bens;
ƒ Reclamar quanto a erros e omissões do projecto nas empreitadas por preço global,
no caso do projecto ser apresentado pelo Dono-da-Obra;
ƒ Informar mensalmente a fiscalização da obra dos desvios que verifiquem no plano
de trabalhos aprovado;
ƒ Realizar ensaios previstos no caderno de encargos;
ƒ Efectuar o controlo de qualidade de acordo com regras definidas pelo Dono-da-
Obra;
ƒ Estudar os processos de construção mais adequados para a realização dos
trabalhos;
ƒ Elaborar os pormenores de execução que se mostrarem necessários ou que sejam
exigidos no caderno de encargos;
ƒ Elaborar o plano definitivo de trabalhos e respectivo plano de pagamentos;
ƒ Submeter à aprovação da fiscalização da obra os materiais os materiais e
elementos de construção a aplicar;

25
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Apresentar a fiscalização da obra todos os documentos exigidos no caderno de


encargos e outras disposições de natureza regulamentar ou legislativa como, por
exemplo, tabelas de salários mínimos, periodicidade do pagamento ao pessoal.

No desempenho das funções que lhe estão cometidas, o Director-de-Obra poderá subdelegar
parte delas em colaboradores: director-adjunto, encarregado geral ou encarregados a um nível
hierárquico inferior, dependendo da dimensão da obra. Porém, a responsabilidade pela
execução recairá sempre sobre ele [10].

2.3 – Órgãos de direcção e suas responsabilidades

As responsabilidades dos intervenientes na realização de uma obra encontram-se


regulamentadas em diversos diplomas legais, nomeadamente, no Código Civil Português e, no
caso de se tratar de uma obra pública, também no Regime Jurídico das Empreitadas de Obras
Públicas [5].

No caso das obras particulares aplicam-se principalmente as disposições do Código Civil que
confere ampla liberdade de contratação entre as partes, resultando por isso a introdução,
muitas vezes, de cláusulas que remetem a resolução de casos omissos nos contratos
estabelecidos para a legislação de obras públicas [5].

Estas responsabilidades resultam de factos ilícitos que violem normas disciplinares ou


profissionais, de direito criminal ou de direito civil, podendo assim assumir as seguintes
formas [5]:

ƒ Responsabilidade disciplinar ou profissional;


ƒ Responsabilidade criminal;
ƒ Responsabilidade civil.

As responsabilidades disciplinar ou profissional e a criminal traduzem-se no sofrimento de


penas a que estão sujeitas as pessoas, em geral, individuais. Por exemplo, infracções ao
Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil motivadas por falta imputável ao

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

técnico responsável, poderão ser punidas com multa ou suspensão do exercício da profissão
por um período de vinte e quatro meses [5].

A responsabilidade civil traduz-se na obrigação de indemnizar o lesado pelos danos


resultantes da violação (artigo 483º do Código Civil). A responsabilidade civil sub divide-se
em responsabilidade civil contratual e extracontratual [5].

A responsabilidade civil contratual resulta de infracções às obrigações consignadas num


contrato.

A responsabilidade civil extracontratual resulta da violação de um direito de outrem.

Envolvem responsabilidade civil contratual do Empreiteiro, por exemplo, as seguintes


situações [5]:

ƒ Execução de obra com desrespeito pelas normas e regulamentos aplicáveis;


ƒ Utilização de materiais de qualidade inferior ao previsto no projecto aprovado;
ƒ Erros de execução da obra quando não resultem de ordens escritas da fiscalização;
ƒ Erros de concepção da obra quando o projecto é de autoria do Empreiteiro e não se
baseie em dados inexactos fornecidos pelo Dono-da-Obra;
ƒ Falta de cumprimento de ordem escrita da fiscalização;
ƒ Incumprimento de cláusulas do contrato estabelecido.

Como exemplos de situações que envolvem responsabilidade civil extracontratual do


Empreiteiro, citam-se [5]:

ƒ Execução de trabalhos que danifiquem os prédios vizinhos;


ƒ Danos causados em pessoas ou bens alheios provocados pela queda de materiais
ou meios auxiliares utilizados na execução da obra.

O Dono-da-Obra também está sujeito a responsabilidade civil contratual, por exemplo nos
seguintes casos [5]:

27
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Erros de concepção da obra quando o projecto é apresentado pelo Dono-da-Obra


ou este forneça elementos de base inexactos que originem deficiências técnicas na
elaboração do projecto.
ƒ Suspensão temporária dos trabalhos, no todo em parte, por facto não imputável ao
Empreiteiro.

O responsável por estas ou outras ocorrências que envolvam responsabilidade civil,


constituem-se no seu dever de custear a execução das obras de reparação que se mostrarem
necessárias e, consoante as situações, indemnizar os lesados dos danos emergentes [5].

Pelos erros de concepção imputáveis aos autores do projecto traduz-se na aplicação das
penalizações que se encontrarem previstas no contrato entre Dono-da-Obra e autores do
projecto. Essas penalizações têm assumido diversas formas como, por exemplo, a redução do
valor dos honorários devidos (até uma certa quantia) se o valor dos erros e omissões do
projecto ou o valor final da obra for superior a determinada percentagem acordada no contrato
[5].

As situações referidas relativamente aos autores do projecto, colocam-se também para a


actividade de fiscalização de obra, julgando-se por isso ser também necessária legislação
especifica sobre a responsabilização efectiva dos agentes da fiscalização que permita a
aplicação do mesmo principio anteriormente enunciado [5].

Estas considerações sobre responsabilização de projectistas e fiscalização colocam-se também


relativamente a outros prestadores de serviços ligados ao sector da construção, como é o caso,
por exemplo, dos gestores da qualidade e dos coordenadores de segurança [5].

2.4 – Competência técnica e execução directiva

Considera-se útil a preparação, no início da obra, de uma síntese das principais tarefas a ter
em conta durante a realização da obra definindo-se as competências de cada um dos
intervenientes (Dono-da-Obra, autores do projecto, fiscalização, Empreiteiros e outros) [10].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Para a definição de competências pode utilizar-se a seguinte simbologia para representar a


acção de cada interveniente relativamente a cada tarefa [10]:

ƒ C – Conhecimento;
ƒ E – Executante;
ƒ P – Participação;
ƒ R – Reclamação;
ƒ S – Supervisão e/ou aceitação;
ƒ V – Verificação.

Assim [10]:

• O “conhecimento” (C) pretende significar que um dado interveniente deverá tomar


conhecimento da tarefa executada por outro, que se obrigue a comunicar a
ocorrência ao primeiro;

• O “executante” (E) é o interveniente a quem compete a responsabilidade da


execução da tarefa. Havendo participação de outros intervenientes, compete ao
executante a coordenação dos trabalhos visando a concretização dessa tarefa.
Considera-se incluída nesta acção a apresentação de um documento para
aprovação ou para conhecimento de outro interveniente, como por exemplo, a
apresentação de apólices dos seguros exigidos no caderno de encargos;

• A “participação” (P) de um dado interveniente na execução de uma tarefa da


responsabilidade a um acto (por exemplo, a assistência do Empreiteiro ao acto
público de abertura das propostas) ou a intervenção na execução da tarefa (por
exemplo, assinatura do Auto de consignação);

• A “reclamação” (R) é a possibilidade de um interveniente reclamar o resultado de


uma dada tarefa executada por outro interveniente (por exemplo, a não
conformidade do Empreiteiro com a minuta do contrato apresentada pelo Dono-
da-Obra) ou ainda, a faculdade de um interveniente pedir esclarecimentos sobre

29
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

determinados aspectos relacionados com a obra (por exemplo, o pedido de


esclarecimento de dúvidas surgidas na interpretação do projecto);

• Esta matriz tem a importância a nível da coordenação do empreendimento aos


vários níveis, nomeadamente entre os principais intervenientes, como sendo o
Empreiteiro, a fiscalização e o Dono-da-Obra.

Em Anexo 5 é apresentada a definição das competências com um exemplo desta situação, em


que cada elemento interno da matriz representa a acção de um dado interveniente
relativamente a cada tarefa da fase de execução [10].

2.4.1 – Competência técnica directa

Uma vez iniciados os trabalhos e mesmo em pleno decorrer da obra, muitas das tarefas a
cargo do seu director são do mesmo tipo das tarefas realizadas em fase de preparação. As
tarefas do Director-de-Obra são divididas em três tipos: diariamente, semanalmente e
mensalmente [10].

A actuação do Director-de-Obra é fundamental para a sua consecução. Destaquemos as


acções que devem ser tidas em conta diariamente [10]:

ƒ Verificar se os meios de produção (mão-de-obra, equipamentos, ferramentas) são


os adequados ao ritmo da obra e trabalhos em curso;
ƒ Analisar se existe o pessoal necessário e com formação profissional adequada à
realização das tarefas;
ƒ Eliminar excesso de pessoal na realização das actividades em que tal ocorra;
ƒ Detectar, em antecipação, a inexistência de elementos de projecto, em especial no
capítulo da pormenorização de modo a não haver interrupções dos trabalhos por
indefinições;
ƒ Detectar a existência de trabalhos a mais a reclamar ao Dono-da-Obra, para
contabilização dos seus valores e posterior facturação;
ƒ Ter em atenção questões de segurança, em especial a utilização de equipamentos
de protecção colectiva;

30
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Controlar a existência de sinalização dos trabalhos e da obra;


ƒ Estar a par de incidentes a reclamar ao Dono-da-Obra ou a terceiros;
ƒ Tomar nota de atrasos por causas próprias, nomeadamente por falta de materiais
ou deficiente planeamento;
ƒ Tomar nota de atrasos por causa alheia, nomeadamente por indefinições do Dono-
da-Obra, por trabalhos a mais, por falta de licenças.

Na maior parte das empreitadas, as reuniões de coordenação ocorrem com uma periodicidade
semanal. Nestas há sobretudo que obter resoluções (escritas) relativamente a alterações dos
projectos e a aprovação e a aprovação de preços de trabalhos a mais. A fiscalização estará
atenta a questões relacionadas com o desenvolvimento dos trabalhos a alterações ao
planeamento em vigor [10].

As actividades que o Director-de-Obra pode realizar com uma periodicidade semanal são:

ƒ Analise das diferenças entre valores obtidos para os custos de produção e o


orçamento resultante da reorçamentação;
ƒ Ajustar as encomendas de materiais às alterações do projecto e desvios surgidos
em obra;
ƒ Verificar datas de entrega de materiais e equipamentos a aplicar em obra;
ƒ Verificar os meios, pessoal e desempenho dos subempreiteiros na realização dos
trabalhos e no cumprimento das regras de segurança;
ƒ Controlar a entrada de subempreiteiros em obra, efectuando contactos em
antecipação;
ƒ Analisar as prestações de pessoal com responsabilidades na manutenção de stocks
e encomendas;
ƒ Controlo das folhas diárias de trabalho e cumprimento de horários;
ƒ Controlo de recepção de materiais, conferencia de guias de transporte, devoluções.

Em obra há algumas tarefas importantes com periodicidade mensal. Salienta-se aqui as


relacionadas com a facturação de obra. Geralmente tem lugar os seguintes procedimentos
[10]:

31
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Apresentação do auto de medição das quantidades realizadas no mês;


ƒ O mesmo para o auto de trabalhos a mais realizados no mês;
ƒ Apresentação das revisões de preços provisórias e definitivas;
ƒ Facturação, pelo sector de contabilidade da empresa, após aprovação pela
fiscalização.

O controlo económico da obra é igualmente levado a efeito com uma periodicidade mensal.
Geralmente abrange os seguintes pontos [10]:

ƒ Gastos com a manutenção do estaleiro;


ƒ Os materiais adquiridos e consumidos;
ƒ A mão-de-obra utilizada;
ƒ A facturação das subempreitadas;
ƒ O aluguer de equipamentos.

2.4.2 – Competência técnica indirecta

As competências técnicas indirectas começam com a consignação, que é o acto pelo qual o
Dono-da-Obra faculta ao Empreiteiro os locais de execução dos trabalhos. A consignação
marca o início do prazo de execução da obra. Os pontos a abordar na reunião a realizar por
essa ocasião deverão ser os que se referem de seguida [10].

Em primeiro lugar é identificada a obra bem como todos os participantes na reunião.

ƒ Identificação da obra incluindo os seguintes aspectos:

ƒ Obra em questão
ƒ Local dos trabalhos;
ƒ Numero do contrato;
ƒ Empreiteiro;
ƒ Morada;
ƒ Representante do Empreiteiro (Director-da-Obra).

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Identificação dos presentes

Neste ponto identificam-se os presentes, o que deverá ser sempre feito em qualquer reunião de
obra. Neste acto estão geralmente presentes não só os intervenientes mais directos [10]:

ƒ Fiscalização;
ƒ Representante do Empreiteiro (Director-de-Obra);
ƒ Coordenador de segurança em obra.

Elementos a apresentar pelo Dono-da-Obra

Nesta ocasião, o Dono-da-Obra apresenta peças escritas ou desenhadas, complementares do


projecto, esta situação acontece frequentemente devido a data que o projecto foi terminado até
à consignação, já decorreram meses ou anos. Pois é natural que entretanto existam novos
elementos, resultantes quer de uma eventual pormenorização quer de pequenas alterações
surgidas pelo Dono-da-Obra [10].

ƒ Autos de medição e facturação

Nesta reunião podem combinar-se procedimentos tendo em vista a eficácia de tarefas como
[10]:

ƒ A medição dos trabalhos executados;


ƒ A aprovação dos Autos de medição;
ƒ A elaboração das revisões de preços;
ƒ A aprovação de facturas.

ƒ Reuniões de coordenação

É igualmente aconselhável a existência de reuniões de coordenação. Estas devem ter uma


certa periodicidade, a combinar em função da dimensão e complexidade do empreendimento
[10].

33
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Elementos a apresentar pelo Empreiteiro

ƒ Planeamento

Como já foi referido o planeamento é um elemento importante para o controlo dos trabalhos
por parte do Director-de-Obra. É com num planeamento (credível) que se efectua o controlo
do prazo de execução por parte da equipa de fiscalização [10].

O Director-de-Obra deve apresentar um plano detalhado dos trabalhos, respeitando os prazos


previstos para a obra.

ƒ Plano de inspecção e ensaio

O caderno de encargos contem a menção dos ensaios a efectuar aos materiais e soluções
construtivas da obra. O Director-de-Obra deve apresentar o que previu para a sua efectivação,
de acordo com essa documentação [10].

ƒ Salários

Em obras públicas é obrigatória a afixação dos salários do pessoal, o que deve ser feito a
partir do momento em que existam os escritórios de obra [10].

ƒ Seguros

O Empreiteiro apresenta os seguros de construção e dos trabalhadores. Para alem da


comprovação da sua existência, esta apresentação permite o controlo de trabalhadores ilegais,
aspecto importante no quadro da nova legislação de segurança em estaleiros [10].

ƒ Subempreitadas

Em muitas obras, os subempreiteiros estão sujeitos a aprovação do Dono-da-Obra. A direcção


da obra deve providenciar no sentido de apresentar os que já estão seleccionados [10].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Trabalhos a mais

Em obras publicas, o Empreiteiro tem um dado prazo a partir da consignação para a


reclamação de trabalhos a mais, findo o qual pode reclamar aqueles que não possam ter
detectado antes [10].

2.5 - Liderança e preparação de obra por parte do Director-de-Obra

O Director-de-Obra é o líder da mesma, cabendo-lhe garantir o seu bom funcionamento, quer


em termos de andamento e rendimento, quanto da disciplina interna e segurança no trabalho.
Sendo o principal, senão único, dirigente, responsável e prestador de esclarecimentos a quem
deles possa questionar, seja em ternos da organização a que pertence como perante as
entidades oficiais.

Claro está que, para além das atribuições anteriores, outras mais diárias se lhe apresentam.

A sua indigitação começa, obviamente, antes do início efectivo dos trabalhos. Na verdade, em
qualquer empreendimento há bastantes tarefas que é necessário desempenhar antes que este se
inicie. Após concurso (ou simplesmente após decisão de inicio dos trabalhos, nos casos que a
empresa construtora seja simultaneamente dona de obra), a empresa de construção
adjudicatária selecciona uma pessoa para Director-de-Obra que tem de desempenhar a tarefa
da preparação de obra [10].

Avaliação das tarefas na fase de inicio da obra

Quando o Director-de-Obra assume essa responsabilidade deverá avaliar:

ƒ Os objectivos da obra e os respectivos projectos;


ƒ Todos os elementos do concurso nomeadamente o caderno de encargos,
especificações técnicas, jurídicas e proposta de preço;
ƒ O contrato assinado entre a empresa construtora e o Dono-da-Obra;
ƒ O organograma do Dono-da-Obra, fiscalização e coordenação de segurança;
ƒ A organização de todos os participantes na obra;

35
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ O plano de qualidade, inspecção e ensaios;


ƒ O Plano de Segurança e Saúde.

Rectificação ao projecto

Na fase de estudo do projecto e do modo de execução da obra poderá desde logo existir a
perspectiva de propor ao Dono-da-Obra as alterações ou variantes ao projecto com os
objectivos de [10]:

ƒ Minimizar o custo de construção;


ƒ Propor processos construtivos em que a empresa construtora tenha vantagens
financeiras;
ƒ Executar soluções técnicas inovadoras com vantagens acrescidas para o Dono-da-
Obra;
ƒ Melhorar, ou mesmo viabilizar, certos aspectos do projecto.

Numa fase de preparação para se dar inicio a um determinado empreendimento é necessário


passar pelas fases que vão ser enunciadas, sendo algumas destas fases realizadas ao mesmo
tempo do orçamento.

1) Preparação de documentação

Para a obra ter início é necessário garantir a obtenção de uma série de documentos da qual se
salienta [10]:

ƒ A preparação da consignação:

ƒ Condicionantes;
ƒ Reclamação de trabalhos a mais;

ƒ As licenças e autorizações necessárias à montagem e actividade no estaleiro de:

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Construção;
ƒ Ocupação da via pública;
ƒ Publicidade;

ƒ A documentação para garantir as infra-estruturas básicas:

ƒ Fornecimento de água; - electricidade;


ƒ Comunicações;
ƒ Esgotos;

ƒ Os seguros de construção e do pessoal empregue nas obras.

2) Aprovação e aquisição de materiais

Na fase de preparação de obra, a compra de materiais também deve merecer a atenção do


Director-de-Obra. Um primeiro aspecto tem a ver com a comprovação das especificações
patentes nas peças contratuais, em especial no Caderno de Encargos. Uma vez concluído o
levantamento do exigido iniciar-se-á a selecção de fornecedores e a negociação de preços,
faseamento e prazos de entrega [10].

Muitas vezes, esses materiais têm que merecer a aprovação explícita da fiscalização, através
da apresentação de amostras, pelo que devem desde logo iniciar-se os protocolos de recepção
e aprovação [10].

Para além destas questões há que calcular consumos de materiais, nomeadamente através das
medições existentes, garantindo posteriormente em obra o armazenamento sem rotura de
stocks [10].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

3) Necessidades de pessoal e constituição de equipas

O tipo de trabalhos a realizar e a dimensão da obra permitem desde logo calcular as


necessidades de pessoal para as várias fases da obra. Uma tarefa da preparação de obra é pois
seleccionar pessoal técnico, administrativo e constituir equipas de operários [10].

Como pessoal técnico poderá existir:

ƒ Engenheiro Director;
ƒ Engenheiro Residente;
ƒ Engenheiros Adjuntos;
ƒ Engenheiros Técnicos;
ƒ Assistentes Técnicos.

Como pessoal administrativo:

ƒ Medidores;
ƒ Apontadores;
ƒ Controladores;
ƒ Planificadores;
ƒ Desenhadores;
ƒ Topógrafos.

4) Contratação de subempreitadas

Um outro aspecto é a contratação de subempreitadas. É uma questão importante e por vezes


morosa, em especial se a obra se situar numa zona em que a empresa não tenha muita
experiência de actuação e portanto desconheça o mercado local. Por vezes, para a contratação
de subempreiteiros será necessário o acordo do Dono-da-Obra [10].

Uma vez demonstrada a capacidade técnica e económica desses subempreiteiros e existindo


acordo financeiro, deverão ser enquadrados na programação global da obra. O contrato

38
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

celebrado deverá incluir cláusulas respeitantes ao cumprimento desse planeamento. A data


prevista para a entrada em obra deve ser posteriormente confirmada [10].

5) Equipamentos e ferramentas para a obra

Nesta fase, os equipamentos, ferramentas e veículos também deverão ser objecto das
preocupações de um Director-de-Obra. Assim, dever-se-á [10]:

ƒ Analisar e comprovar equipamentos disponíveis na empresa, nomeadamente no


estaleiro central, face aos necessários;
ƒ Sondar o mercado relativamente a preços de aluguer de equipamento,
confrontando-os com valores de aluguer interno;
ƒ Listar as ferramentas necessárias.

Organização do dossier da empreitada

Na fase de começo dos trabalhos é importante que uma obra esteja devidamente
documentada. No dossiê da empreitada pretende-se organizar e sistematizar toda a informação
importante relativa à obra, tendo em vista a sua utilização para o apoio ao controlo técnico,
económico e administrativo [10].

Essa informação é constituída pelo seguinte conjunto de elementos principais [10]:

ƒ Ficha de empreitada;
ƒ Contrato;
ƒ Auto de consignação;
ƒ Proposta do Empreiteiro;
ƒ Lista de preços unitários contratuais;
ƒ Plano de pagamentos e cronograma financeiro;
ƒ Matriz de definição de tarefas e respectivas competências.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

O dossiê ainda deve incluir todos os elementos que irão sendo adicionados ao longo de toda a
obra, entre os quais salienta-se, pela sua importância [10]:

ƒ Actas de reunião de coordenação;


ƒ Notificações recebidas da fiscalização;
ƒ Comunicação ao Dono-da-Obra e a outros intervenientes;
ƒ Autos de medição dos trabalhos contratuais;
ƒ Autos de medição dos trabalhos a mais;
ƒ Revisão de preços;
ƒ Facturação;
ƒ Contratação de subempreitadas.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Capitulo 3 – Gestão e Direcção de Obra

3.1 – Controlo da execução da obra

3.1.1 – Controlo de produção

O controlo de produção é a comparação dos custos unitários globais da operação, nos seus
aspectos real e de orçamento possibilita a comparação dos custos unitários parciais sob o
aspecto real e o orçamento, ou seja a relação de mão-de-obra, materiais, máquinas e sub-
empreitadas [3; 4].

A comparação deve ser efectuada com o orçamento realizado na obra, normalmente


designado por reorçamento, e não com o orçamento que serviu de base a proposta. Isto porque
a proposta poderá reflectir condicionantes de várias ordens como a estratégia comercial,
desfasamentos entre a proposta e o início da execução da obra, e enganos na avaliação dos
custos [3; 4].

No caso de existirem desvios é possível fazer-se uma análise cuidada desses desvios e corrigir
possíveis anomalias [3; 4].

O controlo de produção é realizado através de vários documentos que circulam na obra tais
como [3; 4]:

ƒ Guias de remessa;
ƒ Balancetes;
ƒ Controlo das quantidades executadas;
ƒ Balizamentos;
ƒ Mapas de produção;
ƒ Controlo de sub-empreitadas;

As guias de remessa são documentos que acompanham os materiais enviados pelos


fornecedores ou armazém central, constituem provas de que os materiais chegam à obra e
servem de base á emissão de facturas. Quando os materiais são entregues em obra devem ser

41
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

conferidos pelo apontador para verificarem se estão de acordo com as quantidades e


qualidades especificadas no projecto [3; 4].

Os balancetes são o resumo das despesas mensais organizadas por tipos de recurso (mão-de-
obra, materiais e equipamentos e subempreiteiros) [3; 4].

O controlo das quantidades executadas são as medições dos trabalhos executados mês a mês,
para efeito de facturação dos trabalhos realizados [3; 4].

O balizamento é a fixação e registo das datas de início e fim de cada tarefa e das percentagens
de trabalhos executados [3].

Os mapas de produção são documentos que resultam da decomposição das tarefas do


orçamento de produção em materiais, mão-de-obra, equipamentos e sub-empreitadas,
podendo ou não cada recurso ser afecto em diferentes períodos [3].

O controlo de subempreitadas consiste na verificação geral dos trabalhos e na gestão


administrativa dos trabalhos entregues a subempreiteiros [3].

3.1.2 – Controlo económico e financeiro

Dado que o valor de venda de uma obra pressupõem a consideração de determinada margem
de lucro, este controlo é a comparação de preços de custo da realização da tarefa com os
custos reais de execução da tarefa, tendo em vista a determinação periódica da referida
margem de lucro [3].

As variações são calculadas basicamente por comparação com o valor final do produto
acabado e o custo da sua produção. Uma variação é o valor da diferença entre o custo final do
produto e o custo calculado (reorçamento); com registos apropriados é possível analisar todas
as variações e sub-variações, por exemplo [8]:

ƒ Preço do material;
ƒ Utilização do material;

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Taxa laboral;
ƒ Produtividade;
ƒ Despesas fixas e variáveis;
ƒ Volume de produção;
ƒ Vendas.

O responsável pela obra na posse destes registos, deverá agora comparar o custo previsto com
o custo real de cada actividade e saberá com clareza em termos de custo directo onde ganha,
onde perde ou onde está a gastar conforme previsto e assim actuar convenientemente e
atempadamente [2].

3.1.3 – Controlo de tempo e planeamento

O controlo de tempo e planeamento procura verificar o cumprimento das previsões dos


tempos despendidos [3].

O Director-de-Obra, todos os meses deve avaliar as percentagens de obra realizada em função


da dificuldade de execução e comparar com o plano de trabalhos previamente realizado. Desta
análise deve-se verificar quais as actividades que estão a ser realizadas no prazo previsto e
quais as que estão a ter desvios [2].

No caso de existirem desvios que conduzem a um maior prazo, devem ser analisados quais os
recursos que estão a afectar os desvios, que deverão ser recalculados de modo a ser possível
atingir o prazo proposto [2].

Estes desvios podem ser influenciados pela escassez de mão-de-obra, pode-se por vezes
corrigir com um aumento da produtividade, no caso de estes desvios serem causados pela
insuficiência de máquinas deve-se incrementar a quantidade das mesmas a não ser que seja
um custo muito elevado ou de uma especificidade tal que seja mais económico trabalhar mais
tempo. Apesar de ser necessário manter os operários, o custo de mão-de-obra suplementar
pode ficar mais económico que a colocação de mais unidades [2].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

3.1.4 – Controlo da qualidade

O controle de qualidade pretende assegurar que a obra possua as características definidas no


programa estabelecido. Para se poder garantir o efectivo controlo de qualidade é muito
importante acompanhar o processo construtivo, desde a decisão de construir, até à utilização
em boas condições alguns anos depois da obra se ter concluído. Não é só a qualidade do
produto final – o que foi construído – mas de todo o processo que a ele conduziu [8].

A qualidade dos materiais pode continuar a ser controlada através de ensaios directos, mas a
tendência actual é a sua substituição por certificado de origem [8]. Esta situação mostra-se
mais económica e célere, embora possa existir a dúvida residual sobre a origem e veracidade
do documento homologatório.

O seguimento mensal do plano de qualidade deve contemplar [2]:

ƒ Verificar se o organigrama se mantém igual assim como identificação das pessoas


que ocupam cada uma das funções nele referido;
ƒ Actualização da listagem da revisão do contrato, a qual reflecte todas as alterações
de prazos e ou trabalhos a mais ou a menos. Esta listagem deve ser suportada por
documentos (carta, actas de reunião, comunicações, etc.);
ƒ Análises de actividades predefinidas se estão a ser submetidas a controlo dentro
dos parâmetros previstos (se as instruções de trabalho foram executadas
atempadamente e distribuídas aos responsáveis por esses trabalhos, se os planos de
carga ensaios e de provas estão a ser realizados assim como se os pontos de
inspecção estão a ser analisados);
ƒ Verificações se a lista de compras completa a identificação dos fornecedores seus
contactos ou notas de encomendas e se datas de fornecimento estão a ser
cumpridas;
ƒ Se a lista de restreabilidades está a ser devidamente preenchida de modo a ser
possível identificar com precisão onde determinados elementos foram colocados;
ƒ Verificação se os equipamentos submetidos a controlo estão devidamente
calibrados por entidades certificadas e se as validades dos seus certificados ainda
estão dentro do prazo;

44
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Analise da lista das não conformidades abertas, verificando se as mesmas estão


devidamente identificadas e qual a sua situação, providenciando a sua resolução
que deve sempre ter o consentimento do Dono-da-Obra quando estas impliquem
alterar algumas premissas não previstas. A lista das não conformidades deve
contemplar também sempre o custo associado à sua correcção.

No Anexo 6 é possível ver um modelo de um mapa de vistoria e um exemplo de um boletim


de controlo de betão.

3.1.5 – Plano de Segurança e Saúde

Define-se Plano de Segurança e Saúde (PSS) como um documento destinado à definição das
medidas necessárias à prevenção e minimização de todos os riscos para a segurança, higiene e
saúde dos trabalhadores e de terceiros durante a execução da obra [8]

Para o desenvolvimento do Plano de Segurança e Saúde, para a execução da obra, deverão ser
tidos em conta os seguintes aspectos [8]:

ƒ Definições do projecto, e outros elementos resultantes do contrato com a Entidade


Executante, que sejam relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores
durante a execução da obra;
ƒ Actividades simultâneas ou que sejam incompatíveis entre si, que decorram no
estaleiro, ou na proximidade;
ƒ Métodos e processos construtivos, incluindo os que exijam uma planificação
detalhada das medidas de segurança;
ƒ Equipamentos, materiais e produtos a utilizar;
ƒ Programação dos trabalhos, intervenção de subempreiteiros e trabalhadores
independentes, incluindo os respectivos prazos de execução;
ƒ Medidas específicas, respeitantes a riscos especiais;
ƒ Projecto do estaleiro, incluindo os seguintes elementos:
ƒ Acessos;
ƒ Circulação;
ƒ Movimentação de cargas;

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ Armazenamento de materiais, produtos e equipamentos;


ƒ Instalações fixas e demais apoios à produção;
ƒ Redes técnicas provisórias;
ƒ Evacuação de Resíduos;
ƒ Equipamento de Sinalização;
ƒ Instalações Sociais;
ƒ Informação e formação dos trabalhadores;
ƒ Sistema de emergência, incluindo as medidas de prevenção, controlo e
combate a incêndios, de socorro e evacuação dos trabalhadores.

No anexo 7 é possível ver a Regulamentação de Higiene Saúde e Segurança.

Medidas de Protecção Individual

Define-se Equipamento de Protecção Individual (EPI) como um conjunto de dispositivos


destinados à protecção do seu utilizador contra os riscos susceptíveis de contribuir uma
ameaça à sua segurança e/ou à sua saúde [8].

Para preservarem a saúde, de forma eficaz, e garantirem a segurança de pessoas e bens, os


EPI's deverão cumprir, na sua concepção e fabrico exigências de segurança e respeitar os
procedimentos adequados à certificação e controlo da sua conformidade com as exigências
essenciais aplicáveis [8].

No Anexo 8 é possível ver um quadro dos Equipamento de Protecção Individual e outro com
a distribuição dos equipamentos por categorias.

Medidas de Protecção Colectiva

Define-se Equipamento de Protecção Colectiva como um conjunto de dispositivos destinados


à protecção de um ou mais grupos de trabalhadores contra os riscos susceptíveis de contribuir
uma ameaça à segurança e/ou saúde [8].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

A escolha do equipamento de protecção colectiva irá depender, dos riscos a que os


trabalhadores possam estar expostos e dos métodos e processos construtivos que venham ser
utilizados na obra [8].

Como exemplo destes equipamentos, temos [8]:

ƒ Andaimes, consistindo numa estrutura, metálica ou em madeira, destinada a


proporcionar o acesso às edificações;
ƒ Baileus, consistindo numa plataformas de trabalho, suspensa por dois ou mais
cabos, e, geralmente, utilizada em obras de fachadas de edifícios;
ƒ Guarda-corpos, consistindo em elementos de protecção, destinados a impedir a
queda de corpos;
ƒ Rede de segurança, consistindo num tecido de malha sintética, com características
elásticas;
ƒ Linhas de Vida, consistindo num cabo destinado à fixação dos equipamentos anti-
queda.

O coordenador da segurança deve, pelo menos mensalmente, realizar um relatório designado


“Avaliação das Medidas de Prevenção no Estaleiro” no qual reflecte qual o estado da obra
termos de segurança e que deve completar um “check-list” já predefinido das acções, meios e
regras que devem ser cumpridas [2].

No Anexo 9 é possível ver um quadro com a identificação de riscos no estaleiro.

O relatório deve ser precedido de uma visita a obra, de modo a que possam avaliar a situação
e a necessidade de implementar medidas correctivas. Deve contemplar também as partes mais
significativas do plano de segurança e higiene, de modo a que o Director-de-Obra faça fazer
incidir as suas ordens nos aspectos mais relevantes [2].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

3.2 – Aumento da produtividade e redução de custos

3.2.1 - Produtividade

Um dos factores principais para que uma empresa de construção sobreviva no mercado é
necessário que realize a empreitada a seu cargo cada vez melhor, mais rápido e mais barato.
Para o conseguir, aquela precisa de aumentar a produtividade, ou seja, necessita de produzir
mais e melhor com a força de trabalho que tem.

Uma definição de produtividade é a quantidade de produto obtida por cada unidade de recurso
usado no processo produtivo. Quando existe ganho de produtividade pode dar origem a
ganhos para a empresa e para os trabalhadores da mesma [10].

Como não encarar a produtividade

A produtividade envolve o aumento da produção e esta pode ser executada de forma menos
conveniente, como por exemplo, aumentando o tempo de trabalho para as mesmas pessoas ou
contratando outras [10].

Consequências da má organização

Se a empresa não tiver convenientemente organizada pode suceder as seguintes situações


[10]:

ƒ Aumento do horário de trabalho dos trabalhadores;


ƒ Com pagamento de horas extraordinárias, aumenta os custos da empresa e a médio
prazo os trabalhadores começam a desmotivar;
ƒ Sem pagamento de horas extraordinárias, aumenta a insatisfação dos
trabalhadores;
ƒ Contratação pontual de mais trabalhadores;
ƒ Dependendo do valor do contratado pode criar situações «injustas» no grupo
existente;

48
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ A falta de experiência pode levar a um aumento de defeitos nas tarefas com


posterior aumento de custo na reparação.

Como encarar a produtividade

O aumento de produtividade deve ser encarada como aumentar a produção, mantendo o


horário do trabalhador. Deve ser conseguida com o apoio e compreensão dos trabalhadores e
não contra estes. Para aumentar a produtividade é necessário trabalhar melhor e de forma
coordenada, ou seja, fazer a tarefa bem na primeira vez. Para o conseguir toma-se necessário
possuir mais formação e informação dos processos produtivos da empresa [10].

Vantagens do aumento de produtividade

As vantagens de aumentar a produtividade são as seguintes [10]:

ƒ Aumenta a produção, mantendo o mesmo nível de incorporação de mão-de-obra;


ƒ Reduz o desperdício relativamente a materiais e mão-de-obra;
ƒ Reduz os acidentes;
ƒ Reduz o prazo da obra;
ƒ Aumenta o lucro da empresa;
ƒ Torna a empresa mais competitiva;
ƒ Aumenta os salários e prémios dos trabalhadores.

Ao iniciar o processo para aumentar a produtividade da empresa, este deve ser conduzido com
precaução pois implica uma mudança de hábitos e concepções. As dificuldades usuais são a
desconfiança e o medo de despedimento dos trabalhadores existentes, por considerarem que já
não tem nada a dar à empresa, ou por já terem visto outros processos que não tiveram sucesso
[10].

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

3.2.2 - Métodos para aumentar a produtividade

Para iniciar o processo para aumentar a produtividade, gerência/administração deve estar


consciente que é um processo que vai «mexer» com toda a empresa e deste modo deve apoiá-
lo totalmente. Os passos a dar são os seguintes [10]:

ƒ Escolher um quadro da empresa para liderar o processo. Este deverá ser aceite
pelos trabalhadores, ter o seu respeito, ter motivação e perseverança;
ƒ Formar o quadro e a sua equipa; possibilitar a contratualização de um consultor
que vá apoiando o quadro quando necessário; o consultor deverá fazer relatórios
de acompanhamento para a gerência/administração;
ƒ Informar a empresa do início do processo e que ele será realizado com todas as
pessoas;
ƒ Medir o tempo de execução de todas as actividades;
ƒ Calcular o tempo óptimo daquelas actividades e com qual a forma de as executar;
ƒ Investigar as razões das diferenças entre o tempo óptimo e os outros;
ƒ Investigar os tempos óptimos da concorrência, bem como outros processos de
execução para a mesma tarefa;
ƒ Seleccionar a melhor forma de executar a tarefa e formar as pessoas que a
realizam;
ƒ Colocar os objectivos claros e exequíveis para todas as tarefas;
ƒ Medir sempre os tempos das tarefas;
ƒ Atribuir prémios para quando os objectivos são atingidos;
ƒ Rever a situação cada seis meses.

Inicialmente o primeiro estudo pode demorar cerca de 6 meses, caso lhe seja dada a
importância e o poder necessário, posteriormente a revisão pode ser conseguida em menos de
um mês. Deverá ser revisto porque o óptimo conseguido depende da forma de realizar a
tarefa, ou seja, depende dos factores: motivação, condições locais e da informação necessária.
Assim, o óptimo encontrado é o «melhor» para aquela condição, e se posteriormente
melhorarmos os factores pode-se conseguir acréscimos significativos ao primeiro óptimo [10]

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Conclusão

O tema de gestão e direcção neste caso concreto é aplicado a obra de construção civil, mas,
como se viu, a sua gestão começa bem antes da construção. Na realidade, sem os necessário
estudos que satisfação as questões básicas (como a adaptação do clássico “onde”, “como”,
“para quem”, “quando” e “porquê”), a probabilidade de significativos problemas no decorrer
dos trabalhos de campo aumenta potencialmente. É nesta fase, com todo o enquadramento e
concepção da obra concluídos, que se começa a fazer toda a sua efectiva preparação.

Esta preparação é realizada com base no que foi projectado e que se conhece, sendo, numa
primeira fase, realizado uma análise ao projecto, para a elaboração do orçamento estimado
com a identificação de todos os custos do pessoal, materiais e equipamentos a afectar à obra.
Numa segunda fase é realizado o seu planeamento de maior detalhe, compreendendo esta fase
a relação de todas as tarefas que tem de ser realizadas.

Durante todo o processo são vários os intervenientes implicados nestes trabalhos, levando-nos
a pensar que a preparação, a planificação e a execução podem conduzir a uma relação mais
próxima com equipa de projectistas e com a equipa produtiva. Se bem que é indispensável
uma boa articulação com todos estes intervenientes, normalmente será mais necessário,
realista e praticável uma boa articulação com a direcção de obra, sem o que esta última não
será suficientemente bem desempenhada. Mais, como ficou claro em todo o texto anterior, as
actividades de gestão e direcção de obra pertencem ao ciclo de fabrico e, como tal, não
permitem uma diferenciação estanque.

As funções de gestão e direcção de obra implicam o uso de conceitos de várias áreas do


conhecimento, que devem estão relacionados entre si. Assim, quanto maior for este
interrelacionamento melhor será a prestação por parte do Director-de-Obra, que é o mais alto
responsável pela orientação e cumprimento das tarefas que tem de ser realizadas em estaleiro.

A obra é um processo dinâmico, que cada vez mais exige a adopção de novos métodos e
novos conceitos a introduzir no desenvolvimento dos trabalhos. A optimização da gestão e
direcção, em fase de construção, é um ponto-chave para que todo o trabalho previamente
planeado cumpra os objectivos traçados.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Identificaram-se as múltiplas e mais importantes fases que devem adequadamente ponderadas


para uma boa gestão e direcção de obra, tendo-se explicitado e explicado os conceitos
associados a essas fases, bem como para enumerados as competências e responsabilidades dos
principais intervenientes em fase de obra, com um especial atenção no Director-de-Obra.

A área da gestão e direcção de obra é uma das mais abrangentes da Engenharia Civil, não
tanto por uma profunda complexidade de conceitos físicos ou matemáticos, mas porque
obrigando a uma disciplina de automatização e cumprimento de rotinas bem estabelecidas (até
em termos documentais) está sempre associada às particularidades de cada empreitada e de
cada realidade. Poderemos afirmar que é, muitas vezes, a melhor percepção dos detalhes de
uma dada obra que pode conduzir a ganhar o seu concurso, numa primeira fase, e a cumprir os
prazos e ter lucro com a mesma, numa segunda.

Por outro lado, pode-se dizer que uma boa gestão está sempre associada uma boa direcção, e
se uma destas falha todo o trabalho poderá não ser o esperado. Para que seja realizada uma
boa gestão e uma boa direcção de execução é necessário que todo o trabalho que foi realizado
em fase de planeamento esteja devidamente detalhado e bem concebido. Ora, para isso é
desejável, inclusive, prever situações de excepção que possam surgir durante a fase de
execução, mesmo as mais imprevisíveis.

Por último uma palavra para o Director-de-Obra. Este, ao assumir a responsabilidade da sua
direcção, tem que ter a capacidade de controlar a produção, administrar os recursos
económicos e financeiros, dominar o tempo disponível, garantir a qualidade, ser capaz de
fazer cumprir com todas as regras de higiene saúde e segurança e, ainda, relacionar-se com
todos os agentes que o interpelam: dos seus subordinados, ao fornecedores, passando pelo
cliente e o seu próprio director. Missão hercúlea, sem dúvida!

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Bibliografia

[1]. Regime Jurídico de Empreitadas de Obras Públicas, Decreto de Lei nº. 59/99 de 2 de
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Universidade Fernando Pessoa.

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OBRA – BASES DE PREPARAÇÃO EXECUÇÃO E CONTROLO. Porto. Universidade
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[4]. Mendes, José Manuel (2003). A DIRECÇÃO DE OBRAS EM VÁRIAS VERTENTES E


SUA CONCRETIZAÇÃO NUMA OBRA PORTUÁRIA. Porto. Universidade Fernando Pessoa.

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[12]. Gonelha, Luís; Saldanha, Ricardo (2005). Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho em
estaleiros de construção. Lisboa, Vida Económica.

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples e unificada

Anexos

A1
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 1 – Folha de medições

2
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 2 – Folha de orçamento detalhada

3
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 3 – Formulário de custos

Custos Directos [9]

O custo directo de uma tarefa é calculado pela expressão:

Cd = C MO + C MAT + C EQ (1)

ƒ Cd – Custo directo da tarefa;


ƒ CMO – Custo de mão-de-obra necessária à realização da tarefa;
ƒ CMAT – Custo dos materiais necessários à realização da tarefa;
ƒ CEQ – Custo dos equipamentos necessários à realização da tarefa.

Custos de mão-de-obra [9]

Os custos de mão-de-obra são calculados através da seguinte expressão:

C MO = ∑rmo i × S mo i (2)
i =1

ƒ n – nº de operários que realizam a tarefa;


ƒ rmoi – rendimento do operário i;
ƒ Smoi – salário do operário i incluindo todos os encargos.

Smo1 = Vmo i × (1 + E) (3)

12 × VM
Vmo i = (4)
NHTS × 52

ƒ E – percentagem dos encargos (férias, feriados, seguro, subsídio de férias, etc.);


ƒ Vmoi – vencimento horário do operário;

4
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

ƒ VM – vencimento mensal;
ƒ NHTS – número de horas de trabalho semanal.

Custos de materiais [9]

Os custos de materiais são calculados através da seguinte expressão:

C MAT , j = R m, j × C m, j (5)

ƒ CMAT,j – Custo do material j necessário à realização de uma unidade da tarefa em


estudo;
ƒ Rm,j – é o rendimento do material j, ou seja a quantidade do material j necessário à
realização de uma unidade da tarefa em estudo. Deverá incluir um ligeiro
agravamento para quebras, desperdícios, cortes e sobreposições;
ƒ Cm,j – Custo de uma unidade do material j, incluindo transporte e colocação em
obra e excluindo IVA.

O conjunto de todos os materiais necessários à realização de uma unidade de tarefa terá o


custo representado pela expressão:

m
(
C MAT = ∑R m , j × C m , j ) (6)
j =1

ƒ m – Numero de materiais necessários à realização de uma unidade de tarefa.

Custos de equipamentos [9]

Os custos de equipamentos são calculados através da seguinte expressão:

CT = (1 + K ) × C p × T + CCRC × H + C M × t + CTMD (7)

5
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

horas totais previstas no ano horas de trabalho previstas no ano


K= (8)
horas totais previstas no ano

ƒ CT – Custo total de um dado equipamento;


ƒ K – Percentagem de imobilização em estaleiro central resultante dos períodos em
que a máquina não está afecta a qualquer obra;
ƒ CP – Custo de posse anual;
ƒ T – Período de tempo que o equipamento permanece na obra;
ƒ CCRC – Custo unitário de conservação, reparação e consumos;
ƒ H – Período de tempo que o equipamento trabalha na obra;
ƒ CM – Custo unitário de manobra;
ƒ t – Período de tempo que os manobradores afectos as equipamento se encontram a
trabalhar com ele;
ƒ CTMD – Custo total de transporte montagem e desmontagem;

Naturalmente que se verifica a relação H ≤ t ≤ T

Faz-se normalmente t = δH com δ ≤ 1,0 sendo δ uma constante que depende do equipamento.

– O cálculo do custo de posse anual (CP) é feito, normalmente, pela expressão:

C P = AM + S + J + G + A (9)

ƒ AM – Amortização anual do equipamento;


ƒ S – Valor do seguro anual do equipamento;
ƒ J – Juro do capital investido;
ƒ G – Encargos com a gestão do equipamento;
ƒ A – encargos com armazenagem.

DT
AM = (10)
N

6
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

D T = VA Vr (11)

ƒ DT – Desvalorização total do equipamento;


ƒ N – Vida útil do equipamento;
ƒ VA – Valor de aquisição do equipamento;
ƒ VR – Valor residual do equipamento.

Normalmente estima-se:

S = x × VA (12)

ƒ x – Percentagem (estimada)

Normalmente estima-se:

J = j% × I.M.A. (13)

ƒ j – Taxa de juro a aplicar;


ƒ I.M.A. – Investimento médio anual calculado pela expressão:

N +1
I.M.A. = × D T + VR (14)
2N

Normalmente estima-se:

G = y% × I.M.A. (15)

ƒ y – Percentagem (estimada)

Normalmente estima-se:

7
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

A = z % × I.M.A. (16)

ƒ z – Percentagem (estimada)

– O cálculo unitário de conservação, reparação e consumo (CCRC) é o custo que resulta dos
respectivos encargos horários.

CCRC = CCR + CC (17)

ƒ CCR – Custo de conservação e reparação;


ƒ CC – Custo de consumo.

O custo de consumo (CC) é estimado com base em informação estatística ou de


catálogos de fornecedores. O cálculo do custo de conservação e reparação (CCR) é mais difícil
de efectuar mas é feito de forma análoga.

O custo unitário de manobra (CM) é o custo horário do pessoal que trabalha com o
equipamento, ou seja o somatório dos salários hora dos homens que trabalham com o
equipamento, incluindo os respectivos encargos.

8
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 4 – Matriz de definição de competências

Matriz de definição de competências [5]

Folha nº ___/____
Obra: ________________________________________________________________ Data: __-__-____
Intervenientes na realização da obra
Dono Prazo
Tarefas Observações
da Projectistas Fiscalização Empreiteiro (dias)
Obra
1 Anuncio do concurso E C C -
Programa de
2 E C P -
concurso
3 Entrega das propostas - - - E
Abertura das
4 E C C P
propostas
Avaliação das
5 E P P -
propostas
Notificação da
6 E C C C
adjudicação
7 Minuta do contrato E - P V/R
8 Caução S - - E
Assinatura do
9 E C C P
contrato
Nomeação do director
10 S C V E
de obra
Representantes
11 E C - C
fiscalização
12 Projecto de estaleiro S - V E
13 Plano de segurança S C V E
14 Auto de consignação E C P P
Livro de registo de
15 S C P E
obra
16 Inicio dos trabalhos C C C E
17 Cotas de referência - P E P/R
Implantação e
18 - P V E
piquetagem
19 Horário de trabalho S - V E
20 Seguro do pessoal S - V E
Tabela de salários e
21 periodicidade de S - V E
pagamentos
Contrato colectivo de
22 C - V E
trabalho
Desenhos de
construção e
23 C V V E
pormenores de
execução
24 Erros e omissões S V V E
Plano definitivo dos
25 S - V E
trabalhos
26 Plano de pagamentos S - V E
Cronograma
27 S - V E
financeiro
Diagrama de cargas
28 S - V E
de MO
Cronograma MO em
29 S - V E
Hxh
30 Curvas de progresso S - V E
31 Lista de materiais S V V E

9
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

equipamentos mais
significativos
Escolha de materiais
32 e elementos de S V V
construção
Nomeação de
33 responsável pelo C - V E
aprovisionamento
Liste de relançamento
34 C - V E
de encomendas
Lista de ensaios e
35 S V V E
datas de realização
Lista de
equipamentos de
36 S - V E
apoio e tempos de
afectação à obra
Painéis identificação
37 S - V E
da obra
Cronograma
38 S - V E
financeiro real
Cronograma de mão-
39 S - V E
de-obra real
Curva de progresso
40 S - V E
real
41 Telas finais S V V E
Recepção provisória
42 S P E P
da obra
43 Devolução da caução E - P P
Recepção definitiva
44 S P E P
da obra
C – Conhecimento
E – Executante
P – Participação
R – Reclamação
S – Supervisão/aceitação
V – Verificação

10
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 5 – Controlo da Qualidade

Exemplo de um mapa de vistoria [8]

Dono de Obra:
Obra:
MAPA VISTORIA Local

Funcionamento

Data Limite
Construção

Reparação

Concluído
A Reparar
Aplicação
OBS.

Limpeza
Pintura

Juntas
Porta Quarto Falta 1 demão 31/
OK OK X OK OK OK X
de verniz 05
Porta WC 31/
OK OK X OK OK OK X
05
Alcatifa OK OK - OK - OK 9
Cerâmicos WC OK OK - OK - OK 9
Louças + Equipamentos
Sanita OK OK - - - OK 9
Bidé OK OK - - - OK 9
Lavatório OK OK - - - OK
Banheira OK OK - - - OK 9
Electricidade
Iluminação OK OK - - OK - 9
Detecção incêndios Falta ensaio 29/
OK X - - X - X
Instalação 05
Tomadas OK OK - - OK - 9
Ar Condicionado OK OK - - OK OK 9
Mobiliário
Roupeiro OK OK - OK OK OK 9
Cama OK OK - OK OK OK 9
Secretária OK OK - OK OK OK 9
Mesa cabeceira OK OK - OK OK OK 9
Paredes OK OK - OK  OK 9
Tectos OK OK OK OK  OK 9
Tecidos
Cortinas OK OK - - OK - 9
Reposteiros OK OK - - OK - 9
Colchas e
OK OK - - OK - 9
Acolchoados
Data:___/___/______
_____________________ _____________________ _____________
________
Empreiteiro Fiscalização Director

11
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Exemplo de um Boletim de controlo de betão [8]

BOLETIM DE CONTROLO DE BETÃO

BCB nº.:
DATA:
FRENTE:
IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA:
(Preencher pelo Empreiteiro)

Localização: Desenho nº:


Revisão nº:
FORNECIMENTO DE BETÃO PREVISTO:
(Preencher pelo Empreiteiro)

Fornecedor: Central nº:


Especificação
Carga Nº 1 2 3 4 5 6 7 8
Guia Nº 24914 24917 24921 24922 24923 24924 24926 24927
Matricula da A.B. QS-51- 37-33- 37-33- 38-87- 43-51- 75-63- 43-52- 39-13-
41 LV LV SV OS PL CS SN
Volume (m3) 6,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 5,0
Saída Central 17:43 18:09 18:59 19:06 19:13 19:20 19:34 19:40
Chegada à obra 17:55 18:25 19:20 19:20 19:25 19:35 19:45 19:52
Inicio Betonagem 18:05 18:40 19:40 19:22 19:50 20:25 20:45 21:00
Fim Betonagem 18:10 18:45 20:00 19:30 20:20 20:50 21:10 21:35
Slump (mm) 8 8 8 10 9 8 8 9
Amostra 1
Provetes 6

OBSERVAÇÕES:
(Preencher pela Fiscalização)

EMPREITEIRO FISCALIZAÇÃO
EMISSÃO RECEPÇÃO
IDENT.:

Cargo

DATA / HORA

12
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 6 – Regulamentação de Segurança e Saúde no Trabalho

Regulamentação de segurança e saúde no trabalho [8; 12]

Dec-Lei 41 820, de 11/08/1958 – Justifica normas de segurança e estabelece a fiscalização e


multas por infracções;
Dec-Lei 41 821, de 11/08/1958 – Regulamenta as normas de segurança no trabalho da
construção civil;
Dec-Lei 46 427, de 10/07/1965 – Aprova o regulamento das instalações provisórias do
pessoal empregado nas obras;
Dec-Lei 421/83, de 2/12 – Revê o regime jurídico da duração do trabalho na sua disciplina
específica do trabalho extraordinário;
Dec-Lei 65/87, de 6/02 – Elimina a obrigatoriedade de aprovação prévia pela administração
do trabalho nos mapas de horário de trabalho;
Dec-Lei 441/91, de 14/11 – Estabelece o regime jurídico de enquadramento da segurança,
higiene e saúde no trabalho (transposição da directiva n.º 89/391/CEE, relativa a aplicação de
medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da saúde dos trabalhadores no
trabalho);
Dec-Lei 347/93, de 1/10 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 89/654/CEE, do
Concelho, de 30/11, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para os locais de
trabalho;
Dec-Lei 362/93, de 15/10 – Estabelece as regras relativas à informação estatística sobre
acidentes de trabalho e doenças profissionais;
Dec-Lei 26/94, de 01/02 – Estabelece o regime de organização e funcionamento do serviço de
segurança, higiene e saúde no trabalho, previstas no Dec-Lei n.º 441/91 de 14/11;
Lei 100/97, de 13/09 – Aprova o novo regime jurídico dos acidentes de trabalho e das
doenças profissionais;
Dec-Lei 143/99 de 30/04 – Regulamenta a lei n.º 100/97 de 13/9, no que respeita à reparação
de danos emergentes de acidentes de trabalho;
Dec-Lei 133/99 de 21/03 – Altera o Decreto–Lei n.º 441/91 de 14 /11, relativo aos princípios
de prevenção de riscos profissionais, por forma a assegurar a transposição de algumas regras
da directiva quadro relativa à Segurança e Saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho;

13
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Dec-Lei 159/99, de 11/05 – Visa regulamentar o seguro obrigatório de acidentes de trabalho


para os trabalhadores independentes, previsto no artº. 3º da Lei n.º 100/97, de 13/9.
Dec-Lei 248/99, de 2/07 – Regulamenta a lei n.º 100/97 de 13 /9, relativamente à protecção
da eventualidade de doenças profissionais.
Lei 113/99, de 3/8 – Desenvolve e concretiza a regime geral das contra–ordenações
correspondentes à violação da legislação específica de segurança, higiene e saúde em certos
sectores de actividades, ou a determinados riscos profissionais;
Dec-Lei 488/99, de 17/11 – Define as formas de aplicação do Decreto–lei n.º 441/91. de 14
/11, à Administração Pública
Dec-Lei 109/2000, de 30/06 – Contém o regime de organização e funcionamento das
actividades de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho;
Dec-Lei 110/2000, de 30/06 – Estabelece as condições de acesso e de exercício das
profissões de técnico superior de segurança e higiene do trabalho e de técnico de segurança e
higiene do trabalho;
Dec-Lei 4/2001, de 10/01 – Aprova as condições de entrada, permanência, saída e
afastamento de estrangeiros do território nacional;
Portaria 104/2001, de 21/02 – Aprova os programas de concurso tipo, os cadernos de
encargos tipo, para serem apresentados nas empreitadas de obras públicas por preços globais
ou por série de preços, e com projecto do dono da obra, e nas empreitadas de cadernos de
encargos tipo, para serem apresentados nas empreitadas de obras por percentagem;
Dec-Lei 99/2003, de 27/08 – Aprova o Código do Trabalho;
Dec-Lei 273/2003, de 29/10 – Estabelece regras gerais de planeamento, organização e
coordenação, para promover a segurança, higiene e saúde no trabalho, em estaleiros de
construção. Transpõe para o direito interno da Directiva n.º. 92/57/CEE, relativa a prescrições
mínimas de segurança e saúde a aplicar em estaleiros temporários ou móveis.

Sinalização de Segurança [8; 12]

Portaria 1465–A/95, de 11/12 – Regulamenta as prescrições mínimas de, colocação e


utilização da sinalização de segurança e saúde no trabalho;
Dec-Lei 141/95 de 14/06 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 92/58/CEE, do
Concelho, de 24/06, relativa a prescrições mínimas para a sinalização de segurança e saúde no
trabalho;

14
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Dec-Reg. 41/2002, de 20/8 – Altera o regulamento de sinalização de trânsito, aprovado pelo


Dec–Lei 22–A/98;

Equipamentos e Protecção Individual [8; 12]

Dec-Lei 128/93, de 22/04 – Estabelece as exigências técnicas de segurança a observar pelos


equipamentos de protecção individual de acordo com a directiva n.º 89/656/CEE, de 25/12;
Port. 988/93, de 6/10 – Estabelece a descrição técnica do equipamento de protecção
individual de acordo com o artº. 7º do Dec-Lei n.º 348/93 de 1/10;
Port. 1131/93, de 4/11 – Estabelece as exigências essenciais relativas a saúde e segurança
aplicáveis ao equipamento de protecção individual, de acordo com o artº. 2º. do Dec-Iei n.º
128/93 de 22/04;
Port. 109/96, de 10/04 – Altera os anexos I ,11, IV e V da Porto 131/93, de 4/11;
Port. 695/97, de 19/08 – Altera os anexos I e V da Porto 1131/93, de 4/11;
Dec-Lei 374/98, de 24/11 – Altera os Dec-Lei nºs. 378/93 de 5/11, 128/93 de 22/4, 383/93 de
18/11, 130/92 de 6/06, 117/88 de 12/4 e 113/93 de 10/4, relativos a EPI e marcação CE.

Máquinas, Equipamentos e Materiais de Estaleiro [8; 12]

Dec-Lei 105/91, de 8/3 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 84/532/CEE, do
Concelho, relativa à harmonização das legislações dos estados membros quanto a materiais e
máquinas de estaleiros:
Dec-Lei 273/91, de 7/8 – Aparelhos de elevação e movimentação;
Dec-Lei 286/91, de 9/8 – Aparelhos de elevação e movimentação;
Dec-Lei 113/93, de 10/4 – Define os procedimentos, a adoptar com vista a que os materiais
de construção se revelem adequados ao fim a que se destinam;
Dec-Lei 330/93, de 25/9 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 90/269/CEE, do
Concelho, de 29/5, relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à
movimentação manual de cargas que comportem riscos para os trabalhadores;
Dec-Lei 331/93, de 25/9 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 89/655/CEE, do
Concelho, de 30 /11, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde na utilização de
equipamentos de trabalho;

15
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Dec-Lei 349/93, de 1/10 – Transpõe para o direito interno a directiva n.º 90/270/CEE de 29 /5
relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes ao trabalho com
equipamentos dotados de visor;
Dec-Lei 214/95, de 18/8 – Estabelece as condições de utilização e comercialização de
máquinas usadas visando eliminar riscos para a saúde e segurança das pessoas;
Dec-Lei 50/2005, de 25/2 – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº.
2001/45/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Junho, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de
trabalho, e revoga o Decreto–Lei nº. 82/99, de 16 de Março.

Emissão de Ruído [8; 12]

Dec-Lei 72/92, de 28/4 – Transpõe para o direito interno a Directiva nº. 88/188/CEE de 12/5,
relativa à protecção dos trabalhadores contra os riscos devidos à exposição ao ruído durante o
trabalho;
Dec-Reg. 9/92, de 28/4 – Regulamenta o Dec-Lei n.º 72/92 de 28/4, que estabelece o quadro–
geral de protecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição ao ruído durante o
trabalho;
Dec-Lei 292/2000, de 14/11 – Aprova o regime legal sobre a poluição sonora designado por
"Regulamento Geral do Ruído;
Dec-Lei 76/2002, de 28/3 – Transpõe para o ordenamento jurídico interno a Directiva nº.
2000/14/CEE, do Concelho, e aprova o regulamento das emissões sonoras do ambiente do
equipamento para utilização no exterior;

Riscos Eléctricos [8; 12]

Dec-Lei 740/74, de 26/12 – Aprova o regulamento de segurança de instalações de utilização


de energia eléctrica (alterado pela Port. nº. 303/76 de 26 de Abril);

Utilização de Substâncias Perigosas [8; 12]

Dec-Lei 376/84, de 30/11 – Aprova o Regulamento sobre o Licenciamento dos


Estabelecimentos de Fabrico e de Armazenagem de Produtos Explosivos, o Regulamento

16
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

sobre o Fabrico, Armazenagem, Comércio e Emprego de Produtos Explosivos e o


Regulamento sobre Fiscalização de Produtos Explosivos;
Dec-Lei 479/85, de 13/11 – Fixa as substâncias, os agentes e os processos industriais que
comportem riscos cancerígeno, efectivo ou potencial, para os trabalhadores profissionalmente
expostos;
Dec-Lei 273/89, de 21/8 – Aprova o regime de protecção da saúde dos trabalhadores contra
os riscos de exposição ao cloreto de vinílo monómero nos locais de trabalho;
Dec-Lei 274/89, de 24/8 – Tem por objectivo a protecção da saúde dos trabalhadores contra
riscos que possam decorrer da exposição ao chumbo metálico e aos seus componentes iónicos
no local de trabalho;
Dec-Lei 390/93, de 20/11 – Transpõe para a ordem jurídica interna a directiva nº.
90/394/CEE, do Concelho, de 28/6, que estabelece as prescrições mínimas de segurança e
saúde relativas à protecção dos trabalhadores expostos a agentes cancerígenos;
Dec-Lei 265/94, de 25/10 – Transpõe para a ordem jurídica interna a directiva n.º 93/15/CEE,
do Conselho, de 5 /7, relativa à harmonização da legislação sobre explosivos para utilização
civil.
Dec-Lei 84/97, de 16/4 – Estabelece prescrições mínimas de protecção da segurança e da
saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos durante o trabalho;
Dec-Lei 301/2000, de 18/11 – Transpõe para a ordem jurídica interna a directiva n.º
90/394/CEE relativa à protecção dos trabalhadores que estão ou podem estar expostos a
agentes cancerígenos ou mutagénicos durante o trabalho;
Dec-Lei 164/2001, de 23/5 – Aprova o regime jurídico da prevenção e controlo dos perigos
associados a acidentes graves que envolvem substâncias perigosas;
Dec-Lei 165/2002 de 17 – Estabelece os princípios gerais de protecção, bem como as
competências e atribuições dos organismos e serviços intervenientes na área da protecção
contra radiações ionizantes.

17
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 7 – Equipamentos de protecção individual

Equipamento de Protecção Individual [8]

Parte do corpo a proteger Equipamentos de protecção individual


Capacetes de protecção
Cabeça
Cabeça Coberturas de protecção da cabeça
Tampões para os ouvidos
Capacetes envolventes
Ouvidos
Protectores auriculares
Protectores contra o ruído
Óculos com aros
Óculos isolantes
Olhos e rosto
Escudos faciais
Máscaras e capacetes para soldadura
Aparelhos filtrantes
Vias respiratórias
Aparelhos isolantes com aprovisionamento de ar
Luvas contra agressões mecânicas
Luvas contra agressões químicas
Mãos e braços Luvas para electricistas e anti-ténnicas
Mangas protectoras
Punhos de couro
Pele Cremes de protecção
Coletes, casacos e aventais de protecção contra agressões mecânicas
Tronco e abdómen Coletes, casacos e aventais de protecção contra agressões químicas
Cintos de segurança no tronco
Sapatos de salto raso
Botas de segurança
Sapatos com biqueira de protecção
Sapatos com sola anti-calor
Sapatos e botas de protecção contra o calor
Sapatos e botas de protecção contra o frio
Sapatos e botas de protecção contra as vibrações
Pés e pernas Sapatos e botas de protecção anti-estáticos
Sapatos e botas de protecção isolantes
Joalheiras
Protectores amovíveis do peito do pé
Polainas
Solas amovíveis anti-calor
Solas amovíveis anti-perfuração
Solas amovíveis anti-transpiração
Cintos de segurança
Vestuário de trabalho (fato-macaco)
Vestuário de protecção contra agressões mecãnicas Vestuário de protecção contra
Corpo inteiro
agressões químicas Corpo inteiro Vestuário de protecção contra o calor Vestuário de
protecção contra o frio Vestuário anti-poeira
Vestuário e acessórios fluorescentes de sinalização Coberturas de protecção

18
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Esquema de distribuição dos equipamentos de protecção por categorias [8]

Equipamentos de
Protecção Vestuário
Protectores Luvas de Botas de Óculos de Cinto de
Capacetes Máscara Viseiras de
Auriculares protecção protecção protecção segurança
Protecção
Profissão
Arvorado O E E E E O E E E
Armador de ferro O E E - O O E O E
Canalizador O E E - E O - E E
Carpinteiro de
O E E - E O - E E
limpos
Carpinteiro de
O E E - E O E E E
toscos
Chefe de equipa O E E - E O - E -
Condutor
O E E - E O - E -
manobrador
Electricista O E E - E O - E -
Encarregado O E E - E O E E -
Estucador O E E E E O - E -
Ladrilhador O E E - E O E E E
Manobrador de
O E - - E O - E E
gruas
Mecânico O E E - E O - E -
Montador de
O E E - E O - E E
andaimes
Montador de
O E E - E O - E E
cofragens
Pedreiro O E E E E O E E E
Pintor O E E - E O - E E
Serralheiro O E E E E O O E E
Servente O E E E E O - E E
Soldador O E E O E O O E E
Sondador O E E O E O - E E
Trolha O E E E E O - E -
Torneiro O E - E E O O E -
Vibracionista O E E - E O - E E
O – Obrigatório
E – Eventual

19
Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

Anexo 8 – Identificação de riscos no estaleiro

Exemplos de Quadro de Identificação de Riscos – Elementos do Estaleiro [8]

Estaleiro Riscos Prevenção


- Manter o estaleiro em ordem
- Garantir o estado de salubridade
- Insalubridade
- Guardar distâncias de segurança entre as vias ou zonas de circulação de
- Incomodidade
veículos e os postos de trabalho ou zonas de deslocações de peões
- Colisão
- Guardar distâncias de segurança na movimentação dos veículos e de
- Atropelamento
equipamentos e na movimentação dos diferentes materiais
Organização - Queda ao nível
- Armazenar em segurança os diferentes materiais
do estaleiro - Queda de objectos
- Recolher os resíduos e escombros e evacuá-los com periodicidade
- Electrocução
- Articular entre si as actividades que existem no local ou no meio envolvente
- Incêndios
- Utilizar sinalização que evidencie os objectivos e situações susceptíveis de
- Desarrumação
provocar perigos
- Dificuldade de acesso
- Prestar informação aos trabalhadores sobre a organização do estaleiro e exigir
o seu cumprimento
- Colocar extintores de pó químico seco com capacidade de 6 kg nos locais mais
apropriados
- Incêndio
- Os trabalhadores serão informados do funcionamento dos extintores
- Electrocução
Escritórios - Instalar disjuntor diferencial de 300 mA
- Circulação entre
- Ligar as massas dos contentores à terra garantindo uma resistividade igual a 20
pessoas e veículos
OHM
- Será feita uma revisão periódica à rede eléctrica pelo electricista do estaleiro
- A circulação destinada a veículos deve ser implantada com uma distância
suficiente em relação às portas, portões, passagem para peões, corredores e
escadas, ou locais de trabalho, ou dispor de meios de protecção adequados
- Na proximidade imediata dos portões destinados essencialmente à circulação
de veículos, devem existir, portas para a circulação de peões, assinaladas de
modo bem visível e cuja passagem deverá estar sempre desobstruída
Zonas de - Colisão
- As vias e saídas de emergência devem estar sinalizadas, permanecer
acessos e - Atropelamento
desobstruídas e conduzir o mais directamente possível a uma zona de segurança
circulação - Queda
- As vias e saídas de emergência devem ser equipadas com uma iluminação de
segurança de intensidade suficiente que entrem em funcionamento em caso de
avaria
- As vias de circulação devem ser regularmente verificadas e conservadas
- Devem ser demarcadas as zonas de parqueamento adequadas aos veículos em
obra, de modo a que estes não prejudiquem a circulação dentro do estaleiro
- Organizar o interior do armazém de modo a que fique perfeitamente definido
um corredor de acesso a todas as zonas de stock
- Colocar prateleiras suficientemente largas de modo a que os materiais e
ferramentas não fiquem em desequilíbrio
- Gerir a arrumação de modo a que se garanta, a não contaminação dos materiais
por produtos ou substâncias nocivas
- As ferramentas susceptíveis de derramar óleos de lubrificação deverão estar
assentes sobre resguardos ou tinas de recepção impermeáveis, que garantam a
não contaminação da instalação
- Não serão admitidos em armazém produtos que pela sua natureza se encontrem
- Incêndio
classificados como produtos perigosos na assepção do disposto na legislação
- Queda de objectos
Armazém existente
- Entalamento
- Os produtos inflamáveis e/ou explosivos serão armazenados em local
- Contaminação
separado. Excepcionalmente admitem-se armazenagens inferiores a 20 L
- Os produtos serão preferencialmente armazenados na embalagem de origem.
Quando tal não for possível fazer-se-à a sua rotulagem de acordo com o que se
encontra normalizado
- O material de protecção individual encontrar-se-à armazenado em prateleiras
perfeitamente independentes na zona superior do armazém e longe de todas as
fontes de ultra-violetas
- Existirá como meio de combate a incêndios um extintor de pó químico seco
"Tipo ABC' de 6 kg
- As garrafas dos gases destinadas ao aparelho de oxi-corte existente em obra

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Gestão e Direcção de Obra – uma versão simples unificada

serão armazenadas em local próprio fora desta unidade


- Seleccionar os vários tipos de materiais, por zonas de condicionamento
- Armazenar em local próprio, os equipamentos de protecção colectiva e
individual de forma a garantir a sua permanente disponibilidade para a sua
utilização
- Conservar os produtos e materiais de acordo com as normas técnicas de
homologação ou as recomendações do fabricante
- Desorganização
- É necessário manter a qualidade dos produtos e materiais da temperatura,
- Deterioração
luminosidade, humidade e outras características do ambiente
- Queda de objectos
- As cargas devem ser condicionadas conforme as necessidades
- Queda ao mesmo
- Deve-se evitar a sobreocupação de espaço
nível
Armazenagem - Os materiais devem estar em locais próprios de forma que estejam sempre ao
- Entalamenlo
alcance da grua, de instalações e equipamentos de produção fixos ou de
- Avarias
equipamentos para sua movimentação
- Eleclrocução
- Os materiais devem estar dispostos em altura, quer quando imobilizados, quer
- Incêndios
quando em movimentação, não excedendo, em pilha a altura máxima de 2
- Explosão
metros
- Sinalizar sempre os produtos químicos e biológicos, e proibir o acesso a
pessoas estranhas
- Instalar um sistema de incêndio nos locais em que sejam armazenados
produtos inflamáveis ou combustíveis
- É proibido armazenar substâncias explosivas no estaleiro

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