Gênesis 26.
1-35 | esta é a história da descendência de Isaque |7
Nossa dificuldade em ouvir a Deus
Introdução
A história de Isaque é resumidamente
apresentada nessa perícope. Há poucos fatos para
serem narrados. Em contraste com a história de seu
pai, Abraão, a história de Isaque é praticamente
uma história de indiferença.
Isaque foi um presente de Deus a Abraão e
Sara, já em sua velhice. Ele ouviu muitas histórias
sobre como Deus falara com seus pais e o modo
como eles enriqueceram. Em algum momento,
parece que isso, em vez de despertar nele um
profundo desejo de servir a Deus, tornou-o apático a
Ele.
Talvez Isaque fosse um bonachão, uma pessoa
que leva tudo na brincadeira, sem importar-se com
questões cruciais. Ele fora um filho superprotegido
por sua mãe, aprendera que ele era um verdadeiro
milagre. Em sua cabeça, as coisas sempre seriam
fáceis para ele.
Muitas vezes, nossas experiências com Deus
nos acomodam, fazendo-nos pensar que já
atingimos o máximo em nossa vida com Ele e que já
sabemos o caminho das pedras. Essa perícope fala-
nos da nossa dificuldade em ouvir a Deus.
1. Algumas vezes entendemos o que
Deus nos diz (26.1-6)
Em momentos de dificuldades, buscamos a
orientação divina. Quando as coisas parecem
encaixar-se, continuamos vivendo nossa vida,
tomando nossas decisões de acordo com nossas
conveniências.
Houve fome naquela região onde Isaque vivia
com seus familiares. Como um seminômade, Isaque
levou sua família até a região de Gerar. Seu desejo
era ir até o Egito. Como a superpotência da época, o
Egito sempre era um lugar bem-visto aos
estrangeiros. Era uma terra frutífera.
Nesse contexto, Deus aparece a Isaque,
orientando-lhe a não descer ao Egito, mas
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permanecer na terra onde estava. Em outras
palavras, Deus dissera-lhe que estaria com ele.
É a primeira experiência relatada entre Deus e
Isaque. Com o coração disposto, Isaque permanece
em Gerar. Ele lembrara-se da história que seu pai
lhe contara sobre quando foi para o Egito e como
isso tinha sido uma decisão errada.
Deus sempre está falando conosco! Ele é um
Pai amoroso que sempre dá direção aos seus filhos.
O nosso problema é que algumas vezes
conseguimos compreender, outras vezes, não.
O que faz com que em determinados momentos
escutemos a voz de Deus de uma maneira tão
audível e em outras, pareça-nos tão confusa ou
distante?
Parece que esse aparecimento de Deus na vida
de Isaque, foi através da lembrança de um fato ruim
na vida de seu pai, o qual Isaque não gostaria que
lhe sucedesse. Gostamos demais de mistificar,
espiritualizar nosso relacionamento com Deus. Mas
Ele não está limitado à nossa forma de pensar. Pelo
contrário, nós estamos limitados à forma dEle
pensar.
Quando o texto afirma que Deus apareceu a
Isaque, no hebraico, har (râ’âh), pode ser um
aparecimento tanto visível quanto invisível,
dependendo do contexto. Parece que o ____________________________
aparecimento de Deus, nesse caso, foi um
aparecimento invisível. Deus usou a memória de
Isaque, para lembrar-lhe dos acontecimentos
parecidos com seu pai Abraão. Nossa história é
usada por Deus para indicar-nos um caminho
diferente.
O problema de não conseguirmos ouvir a voz
de Deus não está em Deus, mas em nós mesmos.
Nos momentos de perigo e crise, estamos mais
abertos, mais vulneráveis. Ouvimos a Deus, ou
tomamos decisões de autopreserva-ção. Nesse caso,
Isaque ouviu a Deus.
Antes de tomarmos alguma decisão, em
qualquer situação, devemos primeiramente
acalmar-nos, sondar nosso coração e motivações.
Olharmos para trás, também nos ajudará. Quando
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nós, ou alguém que conhecemos, tomou alguma
decisão errada, podemos entender que Deus usará
esses episódios para nos ajudarem em momentos
de novas decisões.
2. Algumas vezes não entendemos o
que Deus nos diz (26.7-23)
Deus aparecera a Isaque. De tudo o que Ele
falou, uma importante promessa fora esquecida por
Isaque: Deus prometera estar com ele e abençoá-lo.
Mas ao primeiro sinal de perigo, Isaque, que
sempre pensara que as coisas seriam fáceis para
ele, desespera-se.
Quando os homens de Gerar perguntaram-lhe
sobre sua mulher, imediatamente ele esqueceu-se
da promessa do Senhor, mas lembrou-se do
episódio com seu pai. Assim como ouvira de seu pai,
Isaque também procurou autopreservar-se. Rebeca
não seria sua esposa, mas sua irmã.
Ao ser confrontado por Abimeleque, que já
havia sido enganado por Abraão, Isaque entra em
um processo de esquecimento de tudo o que Deus
fizera na vida de seus pais e nas promessas dadas a
ele!
Algumas vezes não entendemos o que Deus
nos diz, porque entramos em um processo de
autopreservação.
Entretanto, Deus não se esquecera da
promessa feita a Isaque. Em meio a toda tentativa
de Isaque em autopreservar-se, Deus continuou
abençoando sua colheita.
Quando ele foi abordado por Abimeleque,
ordenando-lhe que saísse da terra dos filisteus, por
ter se tornado muito rico, ele continua sendo
abençoado por Deus. Poços são abertos, água – o
produto mais valioso naquela região – é encontrado
em abundância por seus escravos. Não sem
contenda. Os filisteus afirmaram que os poços
abertos continham água que lhes pertencia. Dois
desses poços refletem a situação: Eseque
(pressionado) e Sitna (oposição).
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Em sua tentativa de autopreservar-se, Isaque
olhara mais para as situações de pressão do que
para os milagres realizados por Deus! Em vez de
entender e enxergar que Deus ainda permanecia no
controle, Isaque valorizou mais a tensão dos
momentos difíceis.
Muitas vezes não compreendemos o que Deus
nos diz, porque entramos em um processo de
autopreservação.
Isaque, então, mudou-se dali, para não precisar
discutir com ninguém, pois não era afeito a
pressões, encontrando, então mais um poço e
dando-lhe o nome de Reobote, dizendo: “Agora o
Senhor nos abriu espaço e prosperaremos na terra”.
(v.22).
Percebam como a autopreservação nos impede
de vermos o que Deus tem realizado em nossas
vidas. Isaque afirmou que somente naquele
momento Deus lhe abençoara a ponto de fazê-lo
prosperar!
Ele não conseguia enxergar que Deus lhe havia
feito prosperar muito antes, em sua colheita,
enriquecendo-o sobremaneira na terra dos filisteus.
Mesmo quando precisou sair da terra deles,
continuou sendo abençoado por Deus!
Queremos tanto nos proteger, que nos
tornamos surdos a Deus. Muitas vezes, Ele nos
pedirá para abrirmos mão de coisas que julgamos
importante, mas que, na realidade, têm sido
perigosas para nós.
A autopreservação é perigosamente
ensurde-cedora. Ela nos afasta de Deus e de Seus
propósitos para nossa vida!
3. Algumas vezes não queremos ouvir o
que Deus nos diz (26.7-23)
O final dessa perícope é extremamente
melancólica. O pior, é que ela é totalmente
mascarada. Na mesma noite em que Isaque
encontrara um novo poço, o Senhor, novamente
apareceu-lhe. dizendo-lhe mais uma vez que estaria
com ele e o abençoaria grandemente.
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Isaque construir um altar ao Senhor e invocou
Seu nome. Apenas isso. Seu pai Abraão costumava
dar nomes aos altares. Eles não eram lugares de
religião. Eram memoriais, lembretes para si e para
seus filhos, da presença de Deus em suas vidas.
Isaque, infelizmente, apenas ergueu um altar.
Imediatamente após esse evento não
valorizado por Isaque, Abimeleque, rei dos filisteus,
aproxima-se dele com seu conselheiro pessoal e seu
comandante do exército, para oferecerem-lhe uma
aliança, para que houvesse paz com relação a
situação dos poços.
Desta vez, Isaque, após ser encontrado outro
poço, dá-lhe o nome de Seba (juramento), sendo
conhecido à época da escrita como Berseba (poço
do juramento).
O contraste aqui é melancólico: um altar
genérico é erguido a Deus, mas um poço é nomeado
em homenagem à aliança entre homens. Isaque não
compreendera a natureza de Deus em sua vida e
em sua história. Isso torna esse evento tão
melancólico. Isaque se achara muito importante e
capaz...
Muitas vezes não queremos ouvir o que Deus
tem a nos dizer, pois julgamos não ser necessário
ouví-Lo. Pensamos saber tudo o que for necessário
para as nossas vidas.
Por isso, as crises são uma bênção em nossas
vidas. Elas nos fazem lembrar quem nós somos e o
quanto somos desesperadamente dependentes de
Deus. Toda essa perícope, mostrando Deus de
uma forma completamente atenta à vida de
Isaque, e Isaque completamente desatento a
Deus, é um exemplo claro de nossa
desatenção a Deus.
Vivemos nossas vidas de acordo com o que
julgamos ser importante, na busca de
autopreservação. Quanto mais distantes de Deus,
mas surdos a Ele, mais agitados e mais indiferentes
a Ele.
Na vida de Isaque isso marcou profundamente
a vida de quem era mais próximo a ele. Seu filho
mais velho, Esaú casa-se com duas mulheres que
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amarguram a vida de seus pais. Esaú aprendera a
viver distante de Deus. Suas decisões não foram
sábias. Assim como Caim, assim como seu pai, ele
aprendera desde cedo que as coisas para ele seriam
muito fáceis... Suas decisões lhe afastaram de seus
pais, de seu irmão, até ser encontrado por Deus. Ao
ser encontrado por Deus, Esaú aproximou-se
daqueles de quem se afastara. Mas isso é uma outra
história...
Conclusão
A surdez que muitos alegam ter com relação à
voz de Deus, nada mais é do que uma tentativa de
autopreserva-ção. Para termos a nossa audição
restaurada, precisamos nos entregar
completamente a Deus. Ele sabe como cuidar de
nossas vidas. Ele conhece nossa estrutura interna.
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