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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

ANA CRISTINA ESPÍNOLA CANDIA

REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA POLO


MUNICIPAL RAMIRO NORONHA: UMA PERSPECTIVA DE
MULTICULTURALIDADE
PONTA PORÃ – MS, ABRIL DE 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
ANA CRISTINA ESPÍNOLA CANDIA

REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA POLO


MUNICIPAL RAMIRO NORONHA : UMA PERSPECTIVA DE
MULTICULTURALIDADE

Monografia, solicitado pelo Curso de Pós-


Graduação em Gestão Escolar, sobre a Re-
elaboração do Projeto Político Pedagógico
baseada na operacionalização do Projeto-
Intervenção na escola.
Orientação: Professora MSc Janira de
Lourdes Radaelli da Silva
PONTA PORÃ – MS, ABRIL DE 2010
Dedico este trabalho monográfico à
sociedade fronteiriça, especialmente à
comunidade da Escola Polo Municipal
Ramiro Noronha, local de vivências culturais
e de relações interpessoais. Onde se
congraça o trabalho educacional do gestor e
de toda a comunidade, na tentativa da
construção de um mundo mais humano e
mais irmão.

Agradeço

A Deus, presença constante em minha


existência e sustentáculo do meu viver,
aquele que me fortalece e em cujo
merecimento exorto graças e louvor.

Aos meus familiares pelo amor, pela


compreensão, pelo carinho e dedicação,
ajudando-me no cotidiano, e estimulando-
me a perseguir nos meus intentos.

À minha filha Giovana pelo apoio


incontestável durante a realização de
todas as atividades, no envio das
mensagens e tarefas efetuadas.

Aos professores, coordenadores e


secretário administrativo da escola com
os quais convivo atualmente, e com quem
divido as angústias e os sucessos na
prática pedagógica, na tentativa de um
olhar diferenciado para com os nossos
alunos de características culturais
singulares.
Deus é minha fortaleza e a minha
força, e Ele perfeitamente
desembaraça o meu caminho (II
Sm.22:33).
CANDIA, Ana Cristina Espinola. Reelaboração do Projeto Político Peadgógico
da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha: uma perspectiva de
multiculturalidade Curso de Especialização em Gestão Escolar. Ponta Porã, MS,
2010.

RESUMO

Este estudo tem por objetivo demonstrar os resultados obtidos a partir da


reelaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola Polo Municipal Ramiro
Noronha, com a finalidade de, a partir da gestão democrática, organizar o trabalho
pedagógico considerando-se a participação de todos os segmentos para um
trabalho respaldado em ideais de respeito e consideração pela diversidade cultural
presente na região fronteiriça. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa de
campo por meio de observações diretas do espaço escolar, bem como no
conhecimento bibliográfico que nortearam o papel do gestor em sua função de
administrador. Ao finalizar destaca a relevância de se elaborar um documento
coletivo onde há participação efetiva dos diferentes segmentos e onde as diferenças
e diversidades são respeitadas.

Palavras chave: reelaboração do Projeto Político Pedagógico, gestão escolar e


multiculturalidade
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................08

CAPÍTULO 1 - GESTÃO ESCOLAR E REFLEXÕES SOBRE O PROJETO


POLÍTICO PEDAGÓGICO.........................................................................................10

CAPÍTULO 2 - DIVERSIDADE, CULTURA E EDUCAÇÃO.......................................17


2.1 . CULTURA E EDUCAÇÃO..................................................................................17
2.2 CURRÍCULO E CULTURA FRONTEIRIÇA.........................................................21
2.3. ABORDAGEM MULTICULTURAL NA ESCOLA MUNICIPAL RAMIRO
NORONHA.................................................................................................................23
2.4. RESULTADOS DA
PESQUISA.......................................................................26

CAPÍTULO 3- DA REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO EM


ATENDIMENTO A UMA ABORDAGEM MULTICULTURAL......................................27
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA PESQUISADA..........................................27
3.2. INFRA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO..................................................28
3.3. DA REELABORAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO...................................28
3.4 O PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA POLO MUNICIPAL RAMIRO
NORONHA APÓS SUA REELABORAÇÃO.............................................................32
3.4.1. Filosofia da Escola.................................................................................33
3.4.2. Objetivos da escola................................................................................34
3.4.3. Metodologia proposta para as ações da escola....................................34
3.4.4. Avaliação e Conselho de Classe...........................................................35
3.4.5. Ações educativas em respeito à multiculturalidade...............................39

CAPÍTULO 4 - REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA E INFLUÊNCIA


NA REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO............................42

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................49
ANEXOS.....................................................................................................................51
INTRODUÇÃO

A finalidade deste estudo é demonstrar os fatores que geraram a necessidade


de re-elaboração Projeto Político Pedagógico com a implementação do Projeto “Dois
Países, uma só Cultura” da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha para valorizar o
ensino aprendizagem no período de 2007/2009.

O trabalho justifica-se pela formação cultural da maioria dos alunos,


provenientes do Paraguai, ou de outras regiões do Brasil, cujo fator social gerava
muitas vezes um constrangimento que dificultava a inserção social plena dos
educandos e prejudicava a aprendizagem.

A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa de campo por meio de


observações diretas do espaço escolar realizadas de fevereiro de 2008 a março de
2009, bem como no conhecimento bibliográfico que nortearam o gestor no
desempenho de seu papel de administrador, valorizando a participação da
comunidade escolar como um todo e a qualidade da aprendizagem tendo como
pedra basilar a re-elaboração da proposta pedagógica com a implementação do
projeto cultural, a qual considera a riqueza da multiculturalidade reinante na
comunidade escolar, decorrente do contato direto entre os dois países uma vez que
a escola está inserida em linha de fronteira seca.

A tônica do trabalho escolar pauta-se no envolvimento emocional, buscando


elevar a autoestima dos educandos a fim de estimular o crescimento epistemológico
individual e o desempenho do grupo como um todo em prol de um bem comum: a
escola. Como auxílio no traçado das diretrizes sobre organização e gestão escolar,
buscou-se o entendimento de teorias mais recentes que mostrassem a gama de
aspectos funcionais do sistema de organização e gestão da escola democrático-
participativa na valorização da participação da comunidade escolar no processo de
tomada de decisões, congraçando todos a se tornarem co-autores desse processo.

O capítulo I tem por objetivo abordar questões relacionadas à gestão


democrática e a importância da elaboração de um projeto pedagógico em que haja a
real participação de todos os segmentos da comunidade, favorecendo o atendimento
das reais necessidades locais e comprometimento com a implantação da educação
de qualidade.

O capítulo II refere-se a apresentação do problema analisado na escola,


fundamentando-se teoricamente a necessidade de implantação de um projeto de
integração e de atendimento à diversidade cultural na Escola Polo Municipal Ramiro
Noronha.

No capítulo III será abordada a reelaboração do PPP da Escola Municipal


Ramiro Noronha dentro de uma abordagem de multiculturalidade, buscando o
atendimento da diversidade de alunos fronteiriços.

No capítulo IV será realizada reflexão quanto à gestão democrática


destacando-se a sua importância quando da elaboração da proposta pedagógica.
Percebendo-se que a gestão democrática deve prever necessariamente a real
participação da comunidade.

Após a re-elaboração do PPP da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha,


pretende-se o envolvimento de seus componentes, com uma visão crítica e
participativa voltada para os educandos, de modo que resulte em melhoria da
autoestima de toda comunidade escolar a qual poderá refletir-se na qualidade da
aprendizagem das ações pedagógicas e na queda de evasão escolar.
CAPÍTULO 1 - GESTÃO ESCOLAR E REFLEXÕES SOBRE O PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO

Este capítulo tem por objetivo abordar questões relacionadas à gestão


democrática e a importância da elaboração de um projeto pedagógico em que haja a
real participação de toda a comunidade.
Uma vez compreendida a importância da elaboração do Projeto Político
Pedagógico, faz-se necessário decidir quais os procedimentos de gestão devem
ser adotados para a formulação de um documento que não seja apenas burocrático,
mas que atenda às intenções da escola.

A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte do caráter do ato


pedagógico. A gestão democrática da escola é, portanto, uma reivindicação de seu
projeto pedagógico e esta, por sua vez é um instrumento para a realização daquela.

Quando há participação democrática a comunidade, os usuários da escola,


são seus administradores e gestores, e não apenas os que fiscalizam ou recebem
atendimentos educacionais. Assim, na gestão democrática, pais, alunos, professores
e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola.

A análise da teoria sobre o assunto mostra claramente que:

A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a ampla


participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas
decisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Parte dos
princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e
valorização do magistério. (VEIGA, 2004, p 77)

Somente com uma representatividade significativa é possível a


compreensão real dos problemas levantados durante a prática pedagógica. A
gestão democrática sugere pois, sobretudo, o repensar da composição de poder da
escola, tendo em vista sua socialização.

Assim sendo, a gestão democrática implica decisões sobre as formas de


organização e gestão. Daí a necessidade de que a direção e os professores entrem
em acordo sobre as práticas de gestão.
Um dos temas mais abordados atualmente sobre a escola é a necessidade da
descentralização dos serviços educacionais, onde a gestão e a autonomia são
instrumentos importantes. Nesse sentido, o ambiente escolar transforma-se em
espaço educativo em tempo integral, um lugar onde todos podem aprender
permanentemente, onde todos podem participar e opinar quanto à formação de seu
próprio saber.

O aluno aprende apenas quando se torna sujeito da sua aprendizagem, e


para ele se tornar sujeito da sua aprendizagem precisa participar das decisões que
dizem respeito ao projeto da escola, que faz parte também do projeto de sua vida.

A lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da educação Brasileira dá, abertura para


inovações, facilitando a implantação de práticas inovadoras, que despertam a
curiosidade e a vontade de aprender dos alunos. Para tanto, essas práticas devem
estar mais próximas da realidade dos alunos. Mas essa abertura à participação é
uma tarefa de difícil execução.

Para Freire (1992 p.152) “a escola democrática, é um assunto complicado e


difícil de se abordar, porque mexe em muitas feridas e muitos comportamentos
cristalizados dentro de nós”.

Ao que tudo indica, a prática tem mostrado que a teoria de que dentro da
escola todos tem ou assumem o mesmo poder, é utópica, pois cada um tem de
assumir suas tarefas e suas responsabilidades dentro de suas possibilidades, no
entanto cabe a todos participar conjuntamente das decisões tanto administrativas
quanto pedagógicas.

Conforme Freire (1992) o primeiro passo para a construção de uma gestão


escolar democrática é a vontade de modificar as práticas e atuações já existentes, é
o repensar a forma de gestão e buscar alternativas mais democráticas.

Quanto à inclusão de todos em uma gestão democrática Freire (1992, p.152)


ressalta que:

Não existe construção do processo democrático na escola se existe só à


vontade e o envolvimento do educador, ou só da escola, rechaçando e
fechando as portas para a comunidade e para os pais. A construção do
processo democrático envolve a participação de todos.
Aprender fazendo e experimentando é o modo mais natural, intuitivo de
aprender. A criança e o adolescente aprendem pela experimentação ativa do
mundo. Isso é mais do que uma estratégia fundamental de aprendizagem: é um
modo de ver o ser humano que aprende. Assim, a escola deve propor alternativas
para que toda a diversidade de alunos tenha acesso ao conhecimento de qualidade.

Para o atendimento das diferentes culturas e da diversidade de alunos que


fazem parte das escolas fronteiriças, é preciso que a escola tenha um Projeto
Pedagógico que leve em conta a multiculturalidade presente nas escolas.

Para Veiga (2004), um projeto não é apenas um plano de trabalho ou um


conjunto de atividades bem organizadas. Há muito mais no interior de um projeto.
Para que a escola possa estabelecer o seu plano pedagógico, a participação de
todos, e em especial, de seus professores, é condição fundamental.

De acordo com Veiga (2004), no sentido etimológico, o termo projeto vem do


latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para diante.
Já o dicionário Aurélio, define projeto como “ter intenção de fazer, de realizar,
projetar”. É antever um futuro diferente do presente.

Assim, o projeto não é algo que é estabelecido e em seguida guardado ou


documento solicitado pelas autoridades educacionais como prova da execução de
serviços burocráticos. O projeto busca um norte, uma direção.

Político e pedagógico têm assim uma significação indissociável. Neste


sentido é que se deve considerar o projeto político-pedagógico como um
processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola, na
busca de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade, que “não
é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva. (MARQUES, 1999, p.113).

Os diversos autores parecem concordar que o projeto político-pedagógico, ao


se organizar de forma democrática, busca uma nova forma de organizar o fazer
pedagógico de forma a superar os conflitos, procurando extinguir as relações
competitivas, corporativas e autoritárias, desfazendo a rotina de comando impessoal
e racionalizado a complicação que permeia a relações no interior da escola,
diminuindo os efeitos fragmentários da separação do trabalho que reforça as
diferenças e hierarquiza a capacidade de decisão.
Conforme Veiga (2004, p. 15), “o projeto político-pedagógico não visa
simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o
processo vivido”. Abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira.

Para Gadotti (1994), nesse processo podem-se distinguir dois momentos: “o


momento da concepção do projeto; o momento da institucionalização do projeto”.
(GADOTTI, 1994, p 19).

Todo projeto nasce de uma boa questão, de uma indagação. As questões são
a chave de uma boa pesquisa.

O fundamental para a constituição de um projeto é a coragem de romper com


os obstáculos do cotidiano, muitos deles auto-impostos, convidando os alunos à
reflexão sobre questões importantes da vida real e da sociedade em que vivem;
incentivando-os rumo aos seus desejos e às suas preocupações verdadeiras.

O projeto da escola não é responsabilidade apenas de sua direção. Ao


contrário, numa gestão democrática, a direção é escolhida a partir do
reconhecimento da competência e da liderança de alguém capaz de
executar um projeto coletivo. (GADOTTI, 1994, p16).

Ainda conforme Gadotti (1994), o projeto pedagógico da escola está hoje


inserido num panorama caracterizado pela desigualdade. Cada escola é decorrência
de um processo de ampliação de suas próprias incoerências.

Gadotti (1994) afirma que o projeto da escola depende da vontade de seus


partícipes e cada escola em assumir como tal, partindo da cara que tem seu
cotidiano escolar e seu tempo-espaço, isto é, contexto histórico em que ela se
insere. Depende de cada um dentro da escola, dentro de suas limitações, de acordo
com a função que exerce e na medida das necessidades surgidas na elaboração.

Um projeto pedagógico elaborado a partir dos conceitos de gestão


democrática, necessariamente deverá ter todos os segmentos envolvidos. Todas as
vozes ouvidas e as decisões tomadas conjuntamente.

Um projeto político-pedagógico constrói-se de forma interdisciplinar, inter-


relacionando os diferentes segmentos da escola.
O espaço de construção do processo democrático começa e se dá, se
constrói e se gesta no grupo. Grupo escola, grupo professores, grupo
coordenadores, grupo diretores [...] envolve diferentes participantes da
escola. (FREIRE 1992, p. 153).

O projeto pedagógico-curricular1 deve ser compreendido como ferramenta e


procedimento de organização de todo o processo pedagógico da escola. Nesse
sentido, ele resume os interesses, os desejos, as propostas de todos os que
trabalham na escola.

Libâneo (2003) estabelece que para a elaboração de um projeto pedagógico


condizente com a realidade, é preciso que a escola considere questões quanto:

Que tipo de escola, nós, profissionais desta escola, queremos? Que


objetivos e metas correspondem às necessidades e expectativas desta
comunidade escolar? Que necessidades precisamos atender em termos de
formação dos alunos e alunas para a autonomia, cidadania, participação?
Como faremos para colocar o projeto em permanente avaliação, dentro da
prática da ação-reflexão-ação? (LIBÂNEO, 2003, p.10)

Ainda para Libâneo (2003), a escola que conseguir organizar e efetuar, num
trabalho cooperativo, seu projeto pedagógico dá mostras de maturidade de sua
equipe, de bom nível de desenvolvimento profissional, direção e de envolvimento da
comunidade escolar.

Pode- se dizer, então, que o projeto concebe a chance de a direção, a


coordenação pedagógica, os professores e a comunidade, adotarem sua escola
definindo seu papel no ensino, organizar suas ações, visando a atingir os objetivos
que se propõem.

Libâneo (2003), estabelece que projeto incorpora a fantasia da escola, mas


sua particularidade é organizar a ação, por isso precisa ser sempre funcional.
Assim, o projeto estabelece relações entre o que temos; o que desejamos; o que

1
Vasconcellos, Libâneo, Gadotti e Veiga mencionam a organização curricular e escolar como parte
de um processo mais amplo que os planos de ensino; porém cada um nomeia o projeto da escola de
forma diferenciada, neste caso, os termos projeto político pedagógico, projeto curricular pedagógico,
plano de ensino, planejamento curricular e proposta pedagógica como sinônimos da organização de
toda a dinâmica escolar; seja financeira, curricular, pedagógica ou administrativa.
faremos em função do que desejamos; como saber se o que estamos fazendo
corresponde ao que desejamos.

O projeto pedagógico assim entendido é um ingrediente do potencial


formativo das situações de trabalho. Os profissionais (direção,
coordenação pedagógica, professores, funcionários) aprendem através da
organização, do ambiente de trabalho, for sua vez as organizações
também aprendem, mudando junto com seus profissionais.(LIBÂNEO,
2003, p.15)

O projeto pedagógico não pode ser confundido com a organização da escola,


e nem substitui a gestão. São duas coisas diferentes.

O projeto é uma orientação para a atuação, antevê, dá uma direção política e


pedagógica para o trabalho escolar, estabelece metas, estabelece procedimentos e
instrumentos de ação. A gestão põe em prática o procedimento organizacional para
atender ao projeto, de modo que este é um instrumento da gestão.

Para Veiga (2004), a construção do projeto político pedagógico é um


instrumento, é uma forma de contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e
sua rotinização.

A autora aponta como elementos básicos para a elaboração de um projeto


político pedagógico: as finalidades da escola, a estrutura organizacional, o currículo,
o tempo escola, a avaliação.

Para Vasconcellos (2004), planejar é atividade que faz parte do ser humano.
Planejamos nas mais simples das atividades do dia-a-dia. Embora nem sempre o
planejamento seja registrado, todas as ações executadas pelo ser humano exigem a
observação e um certo preparo para que tudo saia adequadamente.

Planejar é uma atividade que faz parte do ser humano, muito mais do que
imaginamos a primeira vista. Nas coisas mínimas do dia-a-dia, como tomar
um banho, executar um telefonema, estão presentes atos de planejamento.
Nas várias instancias da vida (profissão, ciência, economia, política, fé,
lazer, educação dos filhos, condomínios, etc. fala-se de projetos.)
(VASCONCELLOS, 2004, p. 14)
Se em ações cotidianas, o planejamento é importante, na escola, onde se
atende uma variedade diferente de pessoas, onde a multiculturalidade está
presente, organizar um projeto pedagógico onde todos tenham voz, faz-se muito
importante. Para que um planejamento coletivo tenha êxito, é necessário que haja
respeito pelas diferenças e pelas opiniões diversas que irão surgir no decorrer do
trabalho.

Libâneo (2003) ressalta que um plano ou um projeto tanto da escola, do


currículo quanto do ensino, representam as metas as quais se quer alcançar, é a
ação que irá direcionar a prática.

Na elaboração de um projeto pedagógico, mais do que simples ações


esboçadas para preencher papéis burocráticos, as atividades devem ser
organizadas e orientadas para o desenvolvimento de valores, atitudes e de formação
cognitiva.

Uma importante característica do planejamento é o seu caráter processual.


O ato de planejar não se reduz à elaboração de planos de trabalho, mas a
uma atividade permanente de reflexão e ação. O planejamento é um
processo continuo de conhecimento e análise da realidade escolar em suas
condições concretas, de busca de alternativas para a solução de
problemas e de tomada de decisões, possibilitando a revisão de planos e
projetos, a correção no rumo das ações. (LIBÂNEO, 2003, p. 09)

Assim, a escola deve propor um trabalho cooperativo, onde todos os


membros dos diversos segmentos da instituição escolar possam ser partícipes não
só na elaboração das ações a serem executadas, mas na avaliação de resultados,
na retomada e realinhamento do processo pedagógico e administrativos.

Propor a gestão democrática na escola, significa proporcionar a todos uma


participação real. Onde todos possam se perceber participantes das ações da
escola.

Com a intenção de demonstrar de forma mais objetiva o processo de gestão


democrática, o presente trabalho segue com o relato das ações desenvolvidas na
escola municipal Ramiro Noronha, partindo de um problema detectado localmente e
cuja solução exigiu um esforço coletivo no sentido de implantar um projeto de
integração e de atendimento à diversidade cultural cuja presença se constituía em
sério entrave ao processo de ensino na referida escola.
CAPÍTULO 2 - DIVERSIDADE, CULTURA E EDUCAÇÃO

Este capítulo refere-se à apresentação do problema analisado na escola,


fundamentando teoricamente a necessidade de implantação de um projeto de
integração e de atendimento à diversidade cultural na Escola Polo Municipal Ramiro
Noronha.

2.1 . CULTURA E EDUCAÇÃO

Cultura e educação são conceitos que possuem estreita ligação. A idéia de


cultura segundo as instituições oficiais de educação é a de que está presente nos
monumentos do passado, nos arquivos; da formação de riquezas, ou seja,
considera-se como cultura apenas o que é socialmente aceito pelas classes
dominantes.

Desse modo, as culturas nacionais não podem ser pensadas de forma


unificada, mas como processo de divisões e diferenças internas, que no entanto,
podem ser “unificadas” sob um eixo cultural (língua, religião, tradição, raça, gênero).
A unificação da cultura vem a ser então, uma forma de designá-la como a de
determinado povo.

Uma forma de unificá-las tem sido a de representá-las como a expressão da


cultura subjacente de um “único povo”. A etnia é o termo que utilizamos para
nos referirmos às características culturais – língua, religião, costume,
tradições, sentimento de “lugar” – que são compartilhadas por um povo.
(HALL, 2006, p. 61).

A definição dada pelo autor quanto à unificação da cultura, sugere


consonância com o conceito explicitado, no dicionário, ao atribuir à cultura
características de pertencimento a determinada sociedade ou local.
Hall (2006) argumenta ainda as constantes influências externas na
composição cultural das sociedades, devido ao deslocamento das identidades
culturais devido ao processo de globalização.

Para Sodré e Trindade (2002, p.17), a cultura é definida como: “dinâmica de


relacionamento que o individuo com a sua realidade, de onde vêm os conteúdos
formativos, ou seja, de formação para o processo educacional.”

O dicionário Aurélio define como “cultura” o “complexo dos padrões de


comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas,
intelectuais, transmitidas coletivamente e típicas de uma sociedade”.

Tendo essa definição, como base, pode-se pressupor que no Brasil, devido à
influência de vários imigrantes, há uma multiplicidade de comportamentos, crenças e
tradições, tornando-o assim um espaço multicultural.

Para Sodré e Trindade (2002), o conceito de cultura no Brasil é de que a


cultura é o que é aprendido nas escolas, ou seja, é preciso uma instituição de ensino
para estar em contato com a cultura.

No entanto, mesmo não tendo contato com o mundo letrado, as classes


populares possuem vasta cultura popular que deve ser considerada pela escola. A
diversidade cultural está presente na maioria das regiões do Brasil, embora algumas
culturas sejam mais valorizadas que outras.

Para Gomes (2008, p.22) o ser humano “se constitui por meio de um
processo complexo: somos ao mesmo tempo semelhantes (enquanto gênero
humano) e muito diferentes (enquanto forma de realização do humano ao longo da
história e da cultura)”.

Assim, o gênero torna semelhante, porém as experiências, o convívio social a


formação familiar, faz com que cada indivíduo seja diferente.

Quanto à aquisição cultural das classes populares Sodré e Trindade (2002,


p.19) ressaltam que:

Nem sempre no Brasil e no resto do mundo de uma maneira geral, a


ausência de letra, o analfabetismo, o não ser letrado, quer dizer que não
seja culto. É possível ter sabedoria, ter cultura, no sentido de uma
instrumentalidade para lidar com o real sem passar pela letra.

A valorização da cultura popular não exclui a necessidade da educação


formal, pois, é através do contato com as diferentes formações que possibilita ao
individuo sua inserção social. O acesso à diversificação cultural é possível quando
há a possibilidade do individuo ter contato com a diversidade cultural existente no
país.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) ressaltam a importância de na


escola se trabalhar conteúdos sobre a diversidade cultural do país, como forma de
superação de uma realidade de exclusão das classes menos favorecidas.

A escola tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo. Em


primeiro lugar, porque é um espaço em que pode se dar a convivência entre
estudantes de diferentes origens, com costumes e dogmas religiosos
diferentes daqueles que cada um conhece, com visões de mundo diversos
daquela que compartilha em família.
(BRASIL, PCNS, 1997 p.123).

Assim, é na escola que o indivíduo tem os primeiros e mais importantes


contatos com a diversidade cultural existente no país, e é através do contato diário
com essa diversidade é que serão formados valores de respeito e convívio
democrático com a diferença.

É papel da escola propor ao aluno temas onde a multiculturalidade esteja


presente, levando-o a compreender que existem diversos tipos de cultura no âmbito
escolar, e que cada aluno tem sua formação particular, devendo ser respeitado em
sua forma de ser e atuar.

Trindade (2002), em consonância com a proposta dos Parâmetros


Curriculares Nacionais, destaca a importância de se utilizar dados relacionados à
cultura das próprias crianças para ensinar os diferentes conteúdos.

O ensino culturalmente relevante usa a cultura do aluno para capacitá-lo a


fazer um exame critico dos processos e conteúdos educacionais, e
questionam qual o papel dele na criação de uma sociedade,
verdadeiramente democrática e multicultural. Esse tipo de ensino usa a
cultura do aluno para ajudá-lo a construir sentido e entender o mundo.
(TRINDADE, 2002, p.51).

Assim, cada escola deve adaptar seus currículos para providenciar ao aluno o
acesso às diferentes formas de expressão.

Para Sodré e Trindade (2002) a diversidade cultural é mais do que conteúdos


e conceitos apresentados pela escola; é a valorização das diferentes manifestações
culturais dos diferentes grupos.

Cabe à escola então, demonstrar que existem outras realidades a serem


apreendidas e que para isso é preciso que o aluno compreenda e valorize a própria
cultura, para só então ter contato e compreender a realidade de outros.

Quanto à valorização da própria cultura Trindade e Sodré (2002, p. 22)


ressaltam:

A ação que se pauta no reconhecimento da diversidade cultural, esta aí


para levar os indivíduos a ter orgulho do que já têm e não, às vezes, do
que gostariam de ter. É claro que a cultura, a educação formal e escolar é
importante para o emprego. Mas há outras fontes importantes de saber.

Conforme Fischmann (2002) a escola lida com uma variedade de


identidades: a do aluno, a do grupo e a que a própria escola forma, a partir das
diversidades que a acolhe.

Se cada aluno trás para a escola seu modo de viver, suas crenças, hábitos e
valores, tanto familiares, quanto ao do grupo que convive; cabe à instituição escolar,
integrar essa diversidade de modo que cada um respeite e conviva
democraticamente com a realidade do outro. A aceitação nos meios escolares, da
cultura particular de cada aluno, favorece a sua permanência na escola.

O respeito à cultura individual e ao favorecimento da apreensão de outras


culturas pelo aluno é amplamente discutida, e ressaltada como necessidade inerente
ao convívio escolar, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.125):

Na escola, onde a diversidade está presente diretamente naqueles que


constituem a comunidade, essa presença tem sido ignorada, silenciada ou
minimizada. São múltiplas as origens da omissão com relação à
Pluralidade Cultural.
Para Silva (2002) o sistema educacional brasileiro é intolerante com alunos
provenientes das camadas mais pobres da sociedade e de outras culturas,
discriminando, desconsiderando a cultura desses grupos, impondo a cultura das
camadas dominantes.

Quanto à intolerância e reconhecimento da diversidade cultural, Silva (2002,


p.142) ressalta que: “[...] ao se falar em educação não se pode ter em vista apenas a
escolarização, mas também o preparo para a tolerância e a diversidade fundamental
para uma sociedade com pluralidade étnica”.

Para fundamentar a tolerância à diversidade cultural, é preciso, sobretudo que


a escola esteja preparada para o trabalho coletivo, integrando toda a comunidade
escolar, todos os segmentos.

Para Santos (2002), com a globalização, toda cultura pode contribuir em


algum aspecto relevante da formação do cidadão, não podendo o ensino escolar
ficar restrito ao ensino que é importante apenas para determinado grupo social.

O trabalho integrado requer que todos possam opinar e expor o que é


importante, o que é relevante para ser trabalhado na escola.

2.2 CURRÍCULO E CULTURA FRONTEIRIÇA

A questão da multiculturalidade na região de fronteira Brasil/Paraguai é


extremamente acentuada, observando-se que paraguaios e brasileiros convivem
rotineiramente sem estabelecerem realmente o que faz parte do Brasil e o que faz
parte do Paraguai.

Paraguaios cruzam a fronteira em busca de trabalho, saúde e educação e não


raro nas escolas mais próximas à linha de fronteira, há um grande número de alunos
matriculados que são moradores no Paraguai.
Segundo Gressler e Vasconcellos (2005, p.113) “a mistura desses povos –
por isso se diz que o povo brasileiro é miscigenado - é a inteiração entre suas
culturas”.

É preciso compreender as diferenças, numa região atravessada por influxos


da cultura paraguaia, substratos indígenas e guaranis, pressionadas pelos centros
hegemônicos de onde vêm os modismos.

Para Gressler e Vasconcellos ( 2005), a influência do povo paraguaio na


cultura sul matogrossense é muito acentuada, muito embora o Estado tenha
recebido imigrantes de todas as regiões do Brasil e também imigrantes de outros
países.

Por se localizarem em regiões fronteiriças as escolas do município de Ponta


Porã recebem alunos oriundos do Paraguai, o que estabelece uma variedade
cultural muito grande. O grande problema quanto ao recebimento desses alunos é a
dificuldade da escola em lidar com essa diversidade.

Para Rocha (2005), a sociedade de Ponta Porã tem sua economia


estreitamente ligada à economia de Pedro Juan Caballero, assim todos os demais
segmentos recebem a influência e promovem laços de união entre os dois povos.

Na verdade a sociedade em todo tempo se vincula à economia que


permeia todas as ações e envolve todos os segmentos. Portanto, resulta
desta, a cultura em todas as suas formas de expressão; literatura, artes,
religião, nacionalismo, valores sociais e éticos, o modo de vestir, as visitas,
as diversões, os elos que unem as pessoas e caracterizavam enfim, o jeito
de viver (ROCHA, 2005, p.209).

Analisando-se a definição dada por Rocha (2005), compreende-se a


importância da multiculturalidade na região fronteiriça.

O entrelaçamento de duas culturas distintas formam a compreensão de uma


nova cultura. Quanto a essa nova formação cultural a autora expõe que:

Como é inevitável que o homem junta sua história, sua cultura, suas
crenças e emoções, é certo também que da mistura desses povos surgisse
um tipo diferente, guardado de si um pouco de cada um (ROCHA, 2005,
p.109).
Uma das características fundamentais de fronteira é a comunicação entre
dois povos. Em se tratando de Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero
(Paraguai), mais do que a comunicação, a cultura de ambos os países está
profundamente entrelaçada.

Referenciando-se em Rocha (2005), concluímos que as relações peculiares


de fronteira sempre foi a amizade entre os dois povos, que formam praticamente
uma só comunidade.

Hall (2006) destaca que as culturas nacionais se constituem em uma das


principais fontes de identidade cultural, sendo formadas e modificadas no decorrer
de nosso desenvolvimento.

As diferenças regionais vão gradualmente influenciando e transformando


até uma cultura estar interligada à outra. A maioria das nações consiste de
culturas, separadas que só foram unificadas por um longo processo de
conquista violenta – isto é, pela supressão forçada da diferença cultural.
(HALL, 2006, p.59).

Se as culturas gradualmente vão interligando-se e formando novas formas de


expressão cultural, dentro de um mesmo país, essas modificações são mais visíveis
quando em cidades fronteiriças, cujas duas culturas distintas estão cotidianamente
compartilhando o mesmo espaço.

2.3 ABORDAGEM MULTICULTURAL NA ESCOLA MUNICIPAL RAMIRO


NORONHA

A cultura das regiões de fronteira está profundamente entrelaçada, não se


definindo qual é de um país e qual é a cultura do outro. Tradições e costumes se
confundem, trazendo uma pseudo-integração entre os dois povos.

Embora em Ponta Porã/MS, haja o compartilhamento entre os dois povos de


hábitos, costumes e tradições, a tolerância quanto ao adentramento territorial ainda
é visto com reservas, ficando ainda mais acentuada quando se trata dos serviços de
educação e saúde, que além de suprirem as necessidades dos brasileiros, ainda
atendem também a paraguaios.

Tal situação ocorre por diversos motivos dentre eles, a falta de atendimento
educacional e de saúde, gratuitamente aos paraguaios no Paraguai. Como no Brasil,
o Serviço Único de Saúde (SUS) e a área educacional não demonstram restrições
ao atendimento, é comum paraguaios registrarem seus filhos no Brasil, visando
esses atendimentos, embora continuem morando no Paraguai.

Diante de tal panorama, as escolas situadas próximas a linha de fronteira


deparam-se com grande quantidade de alunos provenientes do país vizinho,
realidade muito presente na Escola Polo Municipal Ramiro Noronha, objeto de nosso
estudo.

Devido a essa diversidade cultural e respaldando-se nas ações propostas a


partir do Projeto de Intervenção (PI), foi possível desenvolver ações que buscam a
integração desses alunos à realidade escolar.

A pesquisa foi realizada na escola Polo Municipal Ramiro Noronha em Ponta


Porã - MS, localizada na rua transversal entre a Avenida Brasil e a Rua Marechal
Floriano Peixoto, fazendo praticamente fundos com a Avenida Internacional, atraindo
tantos alunos brasiguaios2, que de modo geral perfazem 90% da clientela.

O público-alvo desta pesquisa são os alunos dos turnos matutino, vespertino


e noturno, constitutivos da clientela escolar, que têm como língua materna o
espanhol e /ou guarani e como segunda e /ou terceira língua o português,
aprendido nas escolas, nas ruas, programas de TV e nas músicas.

O projeto de intervenção nasceu primeiramente da necessidade de


reorganização da escola, nos aspectos já citados de discriminação étnica,
desrespeito entre colegas, evasões escolares, indisciplinas e baixo desempenho,
por fatores que, quando pesquisados, mostraram um baixíssimo nível de
expectativas para o futuro e uma visão social de um contexto muito limitado de
experiências e conhecimento de mundo e, em segundo lugar, da mudança de ótica

2
Brasiguaios- crianças nascidas no Brasil, com registro brasileiro, mas com ascendência familiar de
paraguaios.
sobre o papel de gestor na organização da escola, graças aos conhecimentos
adquiridos no curso e também às leituras efetuadas.

A re-eleboração do Projeto Pedagógico da Escola Polo Municipal Ramiro


Noronha possibilitou a reflexão da comunidade escolar em torno do objetivo de
elevar o índice de desempenho escolar, favorecer a integração cultural e a interação
da comunidade escolar. Para essa ação somaram-se as forças, analisando os
aspectos positivos e negativos para redirecionar um caminhar que pudesse
concretizar as metas propostas.

Para atingir este objetivo implementou-se o projeto de intervenção “Dois


países uma só Cultura”, buscando aliar o conhecimento cognitivo e ao mesmo
tempo cultural elevando a autoestima dos educandos.

Esse redimensionamento, de certa forma, é desafiador, pois ainda não se tem


o hábito de um trabalho descentralizado, devido à visão arcaica e de formação
cultural acarretada pelos ranços da ditadura, com uma gestão centralizadora.

Sendo o Brasil um país de profundas desigualdades sociais, qualquer escola


é espaço onde essas diferenças se mostram mais relevantes e a Escola Ramiro
Noronha revela esse perfil com uma comunidade mista, localizada geograficamente,
em uma situação privilegiada, para a qual convergem alunos brasileiros e
brasiguaios.

A pesquisa histórica mostra que devido à Guerra da Tríplice Aliança, o


Paraguai perdeu parte de seu território para o Brasil, em especial a cidade de Ponta
Porã, além de ter dizimado seu povo, em sua maioria, homens, o que provocou uma
catástrofe econômica no país.

A sucessão populacional que viria após tal fato, gerou, em conseqüência, um


país empobrecido cujos filhos buscam condições escolares mais favoráveis:
uniformes, materiais de estudo e merendas, que fazem com que os brasiguaios,
venham estudar nesta e em outras escolas brasileiras, apesar das diferenças
culturais.

Para o conhecimento mais apropriado do fulcro da questão de ensino e


aprendizagem e mesmo do funcionamento de toda a rede escolar foi feita uma
avaliação institucional, buscando identificar o cerne das questões referentes ao
preconceito, nos diferentes segmentos, a fim de agir no sentido de extinguir, ou
minimizar, tal comportamento, possibilitando uma convivência harmônica que inclua
o respeito às diversidades, alicerçado nos princípios democráticos da Educação.

O trabalho foi realizado no período de outubro de 2007 num continuum até


2009, envolvendo comunidade interna (alunos, professores e administrativos) e
externa (pais,responsáveis e parcerias com empresas e SEMEPP) com o propósito
de modificar o espaço escolar por meio da re-elaboração da proposta com a
implementação do Projeto “Dois Países, uma só Cultura” tornando-o um espaço de
interação pela participação de toda a comunidade escolar.

2.4. RESULTADOS DA PESQUISA

Os resultados observados a partir das ações propostas no PI, podem ser


detectados a partir de dados referenciais do IDEB3 e dos índices de satisfação
apresentados no relatório de Avaliação Institucional4, que aponta:

A Avaliação Institucional é um trabalho que envolve todos os segmentos da


Comunidade Escolar, organizada e executada pela Unidade Escolar, devendo incidir
sobre os seguintes aspectos: o cumprimento da legislação; o cumprimento da
Proposta Pedagógica; desempenho dos diretores, coordenadores, professores e
funcionários administrativos; disposição, uso e qualidades dos ambientes da
Unidade Escolar; condições de asseio, conforto e limpeza da Unidade Escolar.

O índice do desempenho escolar básico (IDEB) dos educandos do nível


fundamental de séries iniciais subiu de 3.0 para 4.3 e das séries finais também
houve um ascensão para 3.3.

Apesar desses índices do 6º ao 9º ano, muitos professores acreditam que é


preciso fomentar mais entusiasmo nos alunos, não só por meio de aulas
3
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – tabela exposta anexo 1.
4
Avaliação Institucional- avaliação realizada por todos os segmentos da escola tais como: professores, alunos,
funcionários administrativos e pais, onde são analisados a satisfação quanto ao trabalho realizado, são detectados
os problemas e apontadas possíveis soluções. Todos os segmentos internos e externos avaliam-se entre si.
Relatório exposto no anexo 2.
diferenciadas metodologicamente, mas com eixos paralelos de debate com temas
polêmicos socialmente, já que a transformação, durante essa faixa etária, ocorre não
só nas mentes, mas socialmente e, principalmente, biologicamente.

Outro fator importante apontado a partir da aplicação de ações da


reelaboração da proposta e das ações do PI, refere-se a participação dos pais que
participaram em maior número, sugerindo e apoiando a escola nas ações
relacionadas à integração e respeito à multiculturalidade.
CAPÍTULO 3- DA REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
EM ATENDIMENTO A UMA ABORDAGEM MULTICULTURAL

Esse capítulo apresenta a experiência de reelaboração do Projeto Político


Pedagógico da Escola Municipal Ramiro Noronha dentro de uma abordagem de
multiculturalidade, buscando o atendimento da diversidade de alunos fronteiriços.

A escola seguia uma proposta pedagógica que não atendia a diversidade de


sua comunidade. As ações eram exclusivamente pedagógicas e atendiam
exclusivamente as características de alunos brasileiros forçando uma
homogeneidade no ensino, sem considerar a diversidade existente.

A partir das ações esboçadas a partir do PI, constatou-se a relevância da


reconstrução de um Projeto Pedagógico que realmente atendesse a toda a
comunidade interna.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA PESQUISADA

O Projeto Pedagógico da escola é feito, em trabalho integrado, realizado


pela direção, coordenação, professores, alunos e demais funcionários em diversas
oportunidades com o intuito de refletir, estudar, comparar e encontrar a melhor
maneira de adaptar-se à diversidade, as práticas sociais.

A escola tem produzido também experiências de convívio bilíngüe, faz-se


necessário (re) elaboração das culturas de origem na constituição da brasilidade,
que permite a cada um reconhecer-se como brasileiro.

Como preconiza os Parâmetros Curriculares Nacionais, nossa prática pauta-


se por: “Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos
mecanismos de discriminação e exclusão, entraves à plenitude da cidadania para
todos e portanto, para a própria nação”.( PCN’s –1997, p. 122).
O lema principal do trabalho escolar é a “Interação e Integração: escola,
familia, comunidade”.

Conforme o explicito no Projeto Pedagógico que baseia-se nas proposições


dos Parâmetros Curriculares para a Educação Infantil (1998):

A Educação Infantil 1° etapa da educação básica, tem como finalidade o


desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físicos, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

No Ensino Fundamental, com duração mínima de nove anos, terá por


objetivo a formação básica do cidadão, respeitando as suas características etárias,
sociais, psicológicas e cognitivas.

• O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o


pleno domínio da leitura, da escrita e do calculo;

• O fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana


e de tolerância recíproca em que se assunta a vida social;

• A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da


tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.

A enturmação é realizada segundo número de alunos. Na Educação Infantil


até 25 alunos por turma, no Ensino Fundamental de 1° e 2° , 25 alunos, do 3° ao 5°
ano até 30 alunos, do 6° ao 9° ano, 35 alunos. Em salas que incluem alunos
Portadores de Necessidades Especiais, para os anos iniciais, 20 alunos, para os
anos finais, 25 alunos.

A Educação Básica da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha ou organiza-se


em nove anos de acordo com a Resolução/SEME nº. 038/2006 de 08 de dezembro
de 2006, considerando a Lei nº 1114 de 16 de maio de 2005 e a Lei n º 11274, de 06
de fevereiro de 2006 e tem objetivos gradativos que evoluem de acordo com as
possibilidades dos alunos conseqüentemente anuais a partir do 2° ano.

3.2. INFRAESTRUTURA E FUNCIONAMENTO


A Escola Polo Municipal Ramiro Noronha situada no bairro da Granja, zona
sul da cidade de Ponta Porã/MS. É uma instituição mantida pelo poder público
municipal.

Possui uma área de 8.000 m², e tem uma área construída em alvenaria de
1.758,33 m², distribuída da seguinte maneira: 18 salas de aula, 01 sala de
professores, 01 sala de direção, 01 sala adaptada para biblioteca, 01 secretaria, 01
quadra coberta, 01 pátio coberto, 01 pátio descoberto, 01 auditório, 01 sala
multidisciplinar, 05 banheiros, 01 cozinha, 01 dispensa, 01 arquivo morto, 01
almoxarifado, 01 sala de coordenação, 01 gabinete dentário, 01 sala de tecnologias.

Devido à grande demanda no ano letivo de 2007 tornou-se necessário


proceder a adequação física mediante o aluguel de um anexo num local próximo à
sede na Igreja Perpétuo Socorro com um total de 07 (sete) salas de aula, 01 (uma)
sala de coordenação, banheiros, cozinha e pátio.

O sistema de ensino da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha está


organizado da seguinte forma: Educação Infantil destinada às crianças a partir de 05
(cinco) anos, Ensino Fundamental organizado em cinco anos iniciais, sendo de 1º a
5º anos e mais quatro anos finais de 6º ao 9º anos, além de atender à EJA.

A direção da escola é constituída pela professora Ana Cristina Espínola


Cândia, pedagoga pós-graduada em psicopedagogia, 01 secretário,05
coordenadores pedagógicos e 01 professora coordenadora, além de 63
professores, todos com licenciatura plena, 04 assistentes administrativos, 03
auxiliares de disciplina, 09 auxiliares de serviços diversos, 07 oficiais de cozinha e
04 vigias.

3.3. DA REELABORAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO

A educação escolar sempre esteve diretamente atrelada aos valores éticos ,


políticos e religiosos da sociedade na qual está inserida, oscilando também devido
às imposições econômicas.
Desta forma é que foram gestadas as concepções de ensino conhecidas
como: Tradicional, Escolanovista, Tecnicista, Libertadora, Histórico-crítica dentre
outras.

Conforme descrições dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), cada


uma dessas concepções apresentou características próprias quanto à metodologia,
a avaliação, conteúdos, papel do professor e do aluno, concepção de conhecimento
e de disciplina.

À medida que se encarava um dos elementos como sendo o mais


importante, desconsiderava-se a visão de totalidade do processo educativo,
causando uma fragmentação à educação, graças ao contexto político e econômico
responsável por esta visão.

Nesse sentido, é preciso rediscutir a essencialidade da escola, redefinindo-


lhe as prioridades, desde a postura de todos os profissionais da educação e o
enfoque dado aos conteúdos ensinados, até o encadeamento metodológico e o
processo de avaliação.

Sabe-se que a educação é determinada pela sociedade, mas que essa


determinação é relativa e de ação recíproca.

Portanto, é necessária a reflexão em torno da essencialidade da escola para


que este aluno possa agir e influenciar a sociedade que o influencia e é ao mesmo
tempo influenciada por ele; para tanto é necessário contar-se com educadores que
se posicionem histórica e criticamente diante de seu fazer pedagógico.

Como já descrito, o PPP no interior da escola tem por objetivo desencadear


experiências/situações de ensino que resultem na apreensão crítica dos conteúdos
historicamente reproduzidos, produzidos e sistematizados, a fim de contribuir para a
construção de novos conhecimentos.

Daí, a necessidade de se construir coletivamente o PPP, entendendo-o


como um instrumento organizador de todo o trabalho escolar e que representa uma
tentativa constante de se ir paulatinamente avaliando e superando as deficiências
encontradas, no micro e no macro sistema educacional, de forma a contribuir para a
efetivação de um ano letivo escolar que prepare realmente o aluno para ter uma
vida cidadã.
É por meio do PPP que a escola traça com clareza as diretrizes do
desenvolvimento educacional a que se propõe como metas significativas a serem
perseguidas tendo como enfoque principal o aluno e sua real aprendizagem:
Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a
ser.

Esses objetivos educacionais que perpassam a informação cotidiana ou o


mero repasse de um conhecimento intelectual preso aos conteúdos significativos
das diferentes disciplinas, constantes na grade curricular dos diversos anos escolar
e abarca como se propõe a escola, por meio de seus diferentes projetos, uma nova
visão de educação, em que o ser-aluno e sua vivencia histórico-social são
relevantes na formação da sua personalidade, na centralização do ensino e
aprendizagem, e no desenvolvimento de competências e habilidades que o
capacitem a exercer efetivamente a sua cidadania.

Assim, ao reelaborar o seu projeto, a Escola Municipal Ramiro Noronha


visou melhorar o desempenho do aluno garantindo-lhe a sua real aprendizagem e
incentivando nele o respeito à escola e aos valores da comunidade, na qual este
aluno esta inserido e que qualifica todo o fazer pedagógico.

A reelaboração do PPP foi um processo de construção coletiva e


integradora e teve como finalidade elevar a qualidade do processo ensino e
aprendizagem numa visão de gestão democrática e atuante em que as ação dos
professores é uma construção que sofre constantes realimentações, adaptando-se
às necessidades reais dos educandos.

Ao reelaborar e desenvolver o projeto é fundamental que a equipe escolar


conheça de fato seus alunos, reconheça suas necessidades, tenha pleno
conhecimento da situação sócio econômica em que vivem, discutam com eles suas
expectativas de vida, conheçam o seu dia a dia, inclusive o que fazem fora da
escola, nos horários considerados vagos para o estudo.

Para isso é preciso coletar dados e organizá-los, e a partir deles esboçar


planos que levarão o aluno a sentir-se participante da vida escolar.

Deste modo a escola como espaço vivo de conhecimento predispõe-se a


oportunizar momentos aos educandos em que a cidadania possa ser vivenciada
aprendida e que o espaço escolar possa ser apropriado pelos alunos e pela
comunidade, reforçando os laços de identificação com a escola.

3.4 O PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA POLO MUNICIPAL RAMIRO


NORONHA APÓS SUA REELABORAÇÃO

A literatura pedagógica é unânime em afirmar que escola, por ser um


espaço de identidades, deve se preocupar em instaurar em seu meio uma forma de
organização de trabalho pedagógico que supere os conflitos e, ao mesmo tempo,
busque eliminar as relações competitivas e corporativas baseada na visão de
totalidade da comunidade escolar.

Para a consecução de tais propósitos, deve constar, num projeto político


pedagógico a realidade da escola, pois somente conhecendo o público-alvo do
processo ensino-aprendizagem e o contexto social em que vive e do qual se
originaram é possível estruturar um projeto que venha ao encontro dos anseios e
necessidades reais do grupo.

Nesse sentido, a escola, por meio da direção, coordenação e professores,


fez um levantamento nos diferentes anos escolares para saber sobre a origem
familiar de cada um, a língua (idioma) falada em casa e fora dela pelos alunos e a
condição socioeconômica de cada um.

Desse modo, constatou-se que 90% dos educandos da escola são de classe
social de baixa renda familiar, muitos residentes no Paraguai, em Pedro Juan
Caballero, sendo, no entanto brasiguaios, isto é, nascidos no Brasil, com registro
brasileiro, mas com ascendência familiar de paraguaios.

O trabalho pedagógico dos professores dos anos iniciais e mesmo dos anos
subseqüentes encontram entraves tanto na alfabetização, quanto no decorrer dos
demais anos no que diz respeito à língua.

Saviani (1982), alerta que apesar de haver desigualdades de diferentes


ordens, às vezes, profundas até entre os alunos, é preciso que a igualdade seja
garantida no ponto de partida dos alunos, pela mediação da escola, quando estes,
saindo do Ensino Fundamental adentrem no Ensino Médio.

Uma vez que a qualidade do ensino não deve ser privilégio de minorias
econômicas e sociais, o Projeto Político Pedagógico deve estar centralizado em
ações que assegurem a participação ampla da comunidade, que se consolide na
construção do conhecimento, graças a diferentes métodos, técnicas, que impeçam
as possíveis repetências e evasões, buscando uma educação das classes
populares, mostrando a importância do estudo e a valorização do ser humano.

Conforme já foi citado, a identidade brasiguaia acarreta para o aluno muitas


vezes um preconceito, um olhar diferenciado, um sentimento cultural de
inferioridade, que sendo detectado na rotina escolar, incentivou a criação do Projeto
“Dois Países, uma só Cultura” e o Projeto de Cidadania, por se entender que as
instituições escolares representam possibilidades de contestação perante o que já
está socialmente constituído.

Assim o projeto incentivou, entre os alunos, o respeito ao outro, a


valorização da identidade social e cultural de cada um e fez com que os alunos se
conscientizassem de seus valores individualmente, propiciando atividades que
permitissem expor a cultura, o valor histórico e social dos alunos, mostrando-lhes
modos de convivência sem atritos e com troca de experiências e informações.

Além disso, devido ao fator socioeconômico baixo, muitos alunos nunca


tiveram a oportunidade de sair de sua cidade natal e parte do grupo “Dois Países,
uma só Cultura” que representam as danças típicas, puderam deslocar-se para
Campo Grande para apresentação em evento na capital, possibilitando a esses
jovens, experiências sociais e culturais em espaços diferenciados.

Apesar da dificuldade apresentada, com a inserção, na grade curricular da


disciplina de Espanhol, a partir do 3º ano do Ensino Fundamental, grande parte das
dificuldades estão sendo sanadas e a escola, buscando excelência na qualidade de
ensino sob a coordenação de uma gestão democrática, participativa e incentivadora
do crescimento pessoal em cada segmento escolar e a comunidade escolar tem
como referência a Escola Polo Municipal Ramiro Noronha uma vez que a cada ano,
estatisticamente, cresce o número de alunos matriculados na escola.
3.4.1. Filosofia da Escola

No Projeto Político Pedagógico da Escola Polo Municipal Ramiro Noronha


consta que esta instituição visa oferecer à comunidade escolar uma educação
integral por excelência que privilegie o desenvolvimento de competências e
habilidades nos alunos, a fim de que eles possam futuramente, por si sós, pesquisar
temas referentes a assuntos estudados em sala, lidar com novas informações,
buscá-las e mesmo discernir, analisando os aspectos mais relevantes, podendo
ainda criticar informações recebidas e ou pesquisadas e delas tirar suas próprias
conclusões e, concomitante a esse aprendizado, expressar sua cidadania sua
cidadania em atitudes de respeito a valorização do outro, numa convivência
harmônica.

A organização escolar, portanto, deve propiciar ao aluno condições de


aprendizados, os mais diversificados possíveis, a fim de que o educando possa
progredir epistemologicamente e culturalmente, melhorando sua expectativa de vida
na sociedade em que está inserido, atuando sobre ela, sendo um agente de
mudanças e, conseqüentemente, transformador em seu meio.

3.4.2. Objetivos da Escola

Ainda, de acordo com o PPP, os objetivos dessa escola municipal se definem


por:

- Inserir cada vez mais a escola como ponto de referencial educacional


na sociedade em que está inserida.

- Contribuir para a formação integral do aluno, dando-lhe


oportunidades de se descobrir como sujeito histórico de transformação social no
exercício de sua cidadania.
3.4.3. Metodologia proposta para as ações da escola

A questão dos métodos se subordina a dos conteúdos; se o objetivo é


privilegiar a aquisição do saber e de um saber vinculado às realidades sociais, é
preciso que os métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos com os
interesses dos alunos, e que estes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio
ao seu esforço de compreensão da realidade.

O professor buscará despertar outras necessidades, acelerar e disciplinar


método de estudo, exigir o esforço dos alunos, propor conteúdos e modelos
compatíveis com as experiências vividas para que o aluno se mobilize para uma
participação ativa e o papel do professor de mediador da aprendizagem. O aluno
deve buscar sua aprendizagem.

O professor proporá aos alunos os conteúdos através de: trabalhos


individuais; trabalhos em grupo; leitura silenciosa/compartilhada e individual;
teatros; jograis; utilização de materiais didáticos como: mapas, data show, atlas,
livros de literatura, livros para-didáticos, retro-projetor, TV, vídeo, micro system,
material dourado, dominós com as 4 operações, disco de frações, régua
numérica, resta um, xadrez, fantoches, etc. música; pesquisa; seminários;
projetos.

3.4.4. Avaliação e Conselho de Classe

A avaliação é um processo contínuo, integral e diário das atividades dentro


do ensino aprendizagem.

A avaliação do Ensino Fundamental será realizada de forma sistemática e


integral e ao longo de todo o processo ensino aprendizagem, observando-se o
comportamento dos alunos nos domínio cognitivo, afetivo e psicomotor, através de
diferentes técnicas e instrumentos e deverão preponderar os aspectos sobre os
quantitativos, far-se-á avaliação bimestral com notas de zero a dez.
Na Escola Polo Municipal Ramiro Noronha, visamos à predominância de
formas de avaliação que sejam consideradas instrumento de inclusão.

A avaliação da aprendizagem deve estar contextualizada e ser um processo


contínuo, cumulativo e global de acompanhamento de ensino-aprendizagem com
vistas à interação construtiva do ser humano em desenvolvimento com alternativas
didático-pedagógicas para a apropriação transformadora do saber. As avaliações
diagnósticas serão contínuas e somativas que são adotadas na escola compõe uma
perspectiva de avaliação formadora que busca acompanhar o processo de ensino.

É preciso considerar que os alunos aprendem diferentemente, são sujeitos


históricos, e isso condiciona sua relação com o mundo e influencia sua forma de
aprender. Para que possamos identificar o nível em que o nosso aluno se encontra,
a principio será realizada uma avaliação diagnóstica, que servirá como ponto de
partida ao trabalho do professor; essa avaliação deverá ser realizada nos primeiros
15 dias de aula e no decorrer do ano letivo.

Com o diagnóstico inicial, professores e coordenadores reunir-se-ão para


trocar informações sobre os alunos, também o professor da série anterior, ao início
do ano letivo, estará passando informações sobre os alunos, também o professor do
ano anterior, ao início do ano letivo, estará passando informações sobre a
aprendizagem do aluno com maiores dificuldades.

A avaliação é parte integrante do processo educativo e visa possibilitar a


classificação, que ocorrerá por promoção para alunos que cursarem o ano anterior
na própria unidade, por transferência para candidatos procedentes de outras escolas
do país e por avaliação feita pela escola independente de escolarização anterior,
sempre respeitando idade/ano, dependerá de aprovação nas avaliações realizadas e
o reposicionamento do aluno em ano diferente daquela em curso, e terá como
referencia a avaliação de competências nas áreas de conhecimento, e poderá ser
solicitada pelo professor, pelo aluno, ou seu responsável se este for menor,
mediante um requerimento dirigido a direção da escola, e ocorrerá até o final do
primeiro bimestre para os alunos que iniciaram a ano letivo na escola, e em qualquer
época do ano letivo para alunos matriculados através de transferência do ano em
curso.
De acordo com a avaliação realizada, os alunos que obtiverem um
rendimento abaixo do necessário terão direito a aulas de reforço para a garantia de
que adquiram os pré requisitos necessários para o ano seguinte.

No decorrer de cada bimestre os alunos deverão ser avaliados de formar


contínua e contextualizada em um processo global de acompanhamento do ensino
aprendizagem com o valor de zero a dez, segundo as seguintes etapas: 1 –
Trabalho individual ou coletivo, oral ou escrito, observando os seguintes critérios:
conteúdo, estética/organização, pontualidade, expressão oral ou escrita,
participação. 2- assiduidade, atenção, seqüência de conteúdos, erros ortográficos,
participação, atividades, respeito. 3- Prova escrita, realizada antes do final do
bimestre, aplicada por todos os professores da Unidade Escolar, seguindo
calendário e critérios feitos pela instituição. A escola terá uma semana com provas
bimestrais realizadas por professores da área e aplicadas por todos os professores
independentes de sua área de conhecimento.

Ao término dos 04 (quatro) bimestres, o aluno que não atingir a média 6,0
(seis), terá o direito de fazer o exame final, exceto os que não atingirem a freqüência
mínima exigida (75%).

O Conselho de Classe é um espaço de decisão coletiva, é onde se revela o


compromisso da escola com os alunos que a freqüentam. É um órgão deliberativo
em assuntos didático-pedagógico de cada classe. O Conselho reunir-se-á ao final de
cada bimestre ou sempre que houver necessidade, para tratar de questões
específicas podendo dele fazer parte de todos os participantes do processo: pais,
alunos, professores, diretor e coordenador pedagógico e será presidido pelo diretor
e/ou um coordenador pedagógico.

Ao decorrer do bimestre as ocorrências referentes ao rendimento e disciplina


dos alunos, serão registradas pelos professores em pasta de acompanhamento
individual e estarão sob a responsabilidade da coordenação pedagógica.

O conselho de classe é um espaço especifico de reflexão, decisão e ação


sobre o processo de avaliação, não só dos alunos, da escola em si como também do
Projeto Pedagógico desenvolvido pela escola.
É um dos momentos mais importantes da escola, pois, através de avaliações
sucessivas, a equipe escolar pode se reunir para repensar a prática educativa e
deliberar sobre reajustes a serem realizadas no planejamento do curso, da
disciplina, da turma e/ou da aula. Para o momento do Conselho de Classe cada
professor trará o resultado do trabalho desenvolvido pelos alunos e controle da
freqüência.

Avaliando a situação de cada aluno e da turma, serão feitas as


recomendações, todos avaliam o processo ensino-aprendizagem e todo o contexto
onde ele aconteceu, como co-responsáveis pelos resultados fracassos ou sucessos.

3.4.5. Ações educativas em respeito à multiculturalidade

A reelaboração do PPP da escola visa à construção de uma sociedade


melhor pautada nos princípios de igualdade, qualidade de vida e liberdade com
responsabilidade tendo a escola como o espaço social capaz de concretizar as
metas propostas tanto na filosofia da escola de qualidade de ensino como na
promoção do homem por meio do objetivo de desenvolver nele os aspectos que
compõem a aprendizagem social, emocional, física e intelectual, exigidos na prática
social, bem como nas atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade, de acordo com o artigo 13, VI – da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação 9394/96 (LDB).

Nesse sentido, a escola reimplementou a APM (Associação de Pais e


Mestres) e Conselho Escolar por meio das reuniões escolares de entregas de
boletins, convocando pais e mestres a planejarem de comum acordo, estratégias
que contribuam para melhorias no processo ensino-aprendizagem.

Os objetivos direcionaram as ações para uma linha comum da educação


contextualizada cujo eixo norteador seria a busca pela globalização do ensino, o
preparo do aluno para uma efetiva inserção social, propiciando meios que possam
atender às transformações sociais exigidas, atualmente, buscando a integração de
conhecimento por meio de projetos; pois se acredita que estes são a gênese de todo
processo criativo e de construção do saber do ser humano.
Partindo da observação da realidade, o aluno deverá apontar situações
problemáticas, refletir sobre elas, discuti-las e propor soluções. Esse caminhar, de
certo modo, exige profissionais habilitados, e mais do que isto, entusiasmados para
o fazer pedagógico, que saibam estimular o bom desempenho dos alunos com
atividades em que se ressaltem o prazer de aprender, por meio de inovações
metodológicas no intuito de motivar o aprender em quaisquer dos níveis de
conhecimento.

Sendo esta uma escola de fronteira em que a maioria de sua comunidade


escolar praticamente 90%, representa uma comunidade bilíngüe, na verdade
trilíngüe, em que vicejam os idiomas guarani, espanhol e português, houve
necessidade de, respeitando a nacionalidade familiar dos educandos, adequá-los a
um convívio com o idioma brasileiro na escola, ainda que na maioria das vezes, a
sua língua materna seja o guarani e o espanhol.

Essa pluralidade lingüística exigiu do município uma tomada de posição em


prol do aluno que culminou na inserção do estudo da língua estrangeira - espanhol -
na matriz curricular desde o terceiro ano do ensino fundamental na educação básica
até o terceiro ano do ensino médio das escolas estaduais.

Buscando esse respeito e esse entrosamento entre a Escola Polo Municipal


Ramiro Noronha e a família, a direção com os coordenadores, professores e alunos
desenvolveram um projeto intitulado “Dois Países, uma só cultura” nas disciplinas de
língua portuguesa, espanhol e artes, como centralizadoras do projeto e as demais
como colaboradoras em que os alunos puderam expressar seus costumes, (danças,
folclores, lendas), hábitos alimentares, seus dizeres (poemas, cânticos, livros,
jornais, revistas, textos televisivos), além de se contextualizarem geográfica e
historicamente, estudando e conhecendo a importância de suas histórias, de seus
países, localidades como reflexos culturais, patrimônios de cada identidade social.

Buscando esse patamar de excelência na qualidade de ensino a secretaria


do município, enviou para a escola computadores para a criação da sala de
tecnologia visando ao preparo dos alunos como cidadãos participantes de uma
sociedade inserida na globalização e principalmente, de características culturais
marcantes como essa de alunos fronteiriços.
Para que a consecução desse propósito obtivesse pleno êxito, as
professoras-coordenadoras da sala de tecnologia ofereceram seus préstimos para
auxiliar os professores no manuseio dos programas cujos conteúdos enriqueceriam
o aprendizado do aluno, tornando esse fazer mais rico e prazeroso.

Como o processo ensino-aprendizagem é um fazer contínuo de erros e


acertos, e de ampliação de possibilidades de melhorias, os projetos pedagógicos
escolares visam a uma atuação constante e integrada de toda a comunidade
escolar, sendo um eterno construir para a superação de patamares que possam
contribuir para a efetivação dos objetivos que fundamentem a formação básica do
cidadão, a evolução, ainda que gradativa dos alunos, e a superação de falhas que
porventura forem encontradas nos diferentes percursos em cada segmento escolar.

Visando à educação como um todo dentro dos moldes que satisfaçam as


necessidades básicas de aprendizagem, para tanto além das disciplinas da base
nacional comum inserir-se-ão projetos que atendam às propostas pedagógicas em
conformidade com o disposto na Resolução CEB nº1, de 7 de abril de 1999 que em
seu artigo 3º, inciso V que prevê a educação infantil para crianças de 0 a 6 anos,
“sem o objetivo de promoção mesmo para o acesso ao ensino fundamental”, de
acordo com a Deliberação CME/MS nº 005/2008 de 24 de novembro de 2008 .

O trabalho em equipe centrar-se-á também no Ensino Fundamental dando


seguimento a uma prática docente voltada para a cidadania, envolvendo projetos
que cumpram os objetivos dispostos na deliberação CME/MS nº. 007, de 02 de
dezembro de 2008, de Ponta Porã, que tem como meta “a formação básica do
cidadão, mediante o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita, e do cálculo, a compreensão do
ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e a formação
de atitudes e valores, fortalecendo os vínculos da família, os laços de solidariedade
humana e a tolerância recíproca em que se assenta a vida social”.

Abarcando uma visão tão complexa de objetivos, as ações pedagógicas


deverão envolver não só atividades voltadas para o aspecto cognitivo dos
educandos; mas, principalmente para os aspectos que contribuam para a sua
formação integral permitindo aos educandos ampliaram as possibilidades de
conhecimento de mundo e de desenvolvimento pessoal, pautados em estudos éticos
da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum,
às diferenças identitárias, por meio da participação e debates em temas que
envolvam a cultura Afro-brasileira, em consonância com as artes, não só como
conteúdo dentro da disciplina, mas com o reconhecimento dos valores culturais da
comunidade, da região, do estado e do país.

Com o estudo dos temas transversais da sexualidade, da ética em si,


abrangendo os valores sociais, da ciência e tecnologia, aprendendo a ser cidadão,
melhorando a sua atuação no meio em que vive, afirmando e legitimando sua
identidade social, através de trabalhos inseridos nas práticas docentes, com caráter
avaliativo de formação individual e grupal.

Trabalhos estes, em que se insere o estudo das artes não apenas como
fruição, deleite, mas buscando o conhecimento de todo seu universo, por meio de
professores habilitados como previsto na lei federal nº. 11.769, de 18 de agosto de
2008, que em seu artigo 26 § 6º institui a música como conteúdo obrigatório, mas
não exclusivo, possibilitando, dentro da escola atividades diferenciadas que
suscitem a expressividade do aluno, a sensibilidade por meio da aprendizagem de
cantar, dedilhar, tocar, solitário ou em grupo/conjunto, a composição musical, além
das artes do pintar, da arte dos bordados dos artesãos fronteiriços, os jogos, as
encenações cênicas, as esculturas e outras atividades afins.

Assim, os estudos das temáticas transversais dos PCN’s devem ser sempre
retomados por todo o corpo docente escolar, a fim de que os alunos debatam essas
idéias e saibam posicionar-se argumentativamente.

A inserção de estudos sistematizados sobre a cultura Afro-brasileira constitui


um resgate ético-histórico-social de cidadania das etnias formadoras do povo
brasileiro, traduzindo um dispositivo legal em conformidade com ao artigo 26 A,
acrescido à Lei 9394/1996 sobre a história e cultura Afro-brasileira com a
deliberação CME/ MS nº. 007, de 02 de dezembro, visando à integração dos
educandos às diferentes culturas. “Cumprir a Lei é, pois, responsabilidade de todos
e não apenas do professor em sala de aula. Exige-se, assim, um comprometimento
solidário dos vários elos do sistema de ensino brasileiro, tendo-se como ponto de
partida o presente parecer, que junto com outras diretrizes e pareceres e resoluções,
têm o papel articulador e coordenador da organização da educação nacional”.

No próximo capítulo constam às reflexões acerca da importância da gestão


democrática na reelaboração do Projeto Político Pedagógico, buscando uma
educação de qualidade e respeitando valores éticos morais e culturais da
comunidade escolar.
CAPÍTULO 4 - REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA E INFLUENCIA
NA REELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Neste capítulo será realizada reflexão quanto à gestão democrática


destacando-se a sua importância para a elaboração da proposta pedagógica, e
tendo em vista a valorização dos aspectos reais sobre a multiculturalidade.

Sabendo-se que a gestão democrática deve prever necessariamente a real


participação da comunidade, mas compreendendo, também, que a participação da
comunidade na gestão da escola pública encontra muitos obstáculos para sua
concretização, uma das condições básicas e primordiais para quem se dispuser a
implantá-la é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação,
de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades.

Paro (1998), ressalta que se queremos uma escola transformadora, temos de


ser capazes de transformar a escola que temos aí, a partir das ações que
desenvolvemos cotidianamente.

Assim, o respeito a multiculturalidade, a realidade do outro a diversidade


encontrada nas escolas, deve ser ponto importante para a direção que enseje uma
gestão democrática.

Essa forma de trabalho não pode ser preconizada somente pela direção da
escola, e sim, ser incorporada por toda a equipe docente e discente. Porém o
direcionamento e iniciativa devem ser tomados pela equipe gestora.

Quanto ao respeito e abordagem das questões relacionadas à


multiculturalidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p 123), ressaltam
que:

Provocar essa demanda especifica na formação docente é exercício da cidadania. É


investimento importante e precisa ser um compromisso político pedagógico de
qualquer planejamento educacional/escolar para formação e/ou desenvolvimento
profissional dos professores.
A participação da comunidade na escola, como em todo processo
democrático, é um caminho que se faz passo a passo, durante todo o percurso,
revendo, reorientando e reorganizando as ações, o que não elimina a necessidade
de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a
realidade interpõe na prática cotidiana da escola.

Paro (1998), ressalta que a democratização se faz na prática. Na distribuição


das tarefas, na reorganização e redimensionamento das ações cotidianas. O
respeito à diversidade cultural constrói-se cotidianamente a partir de ações que
valorizem a variedade de culturas presentes.

Na escola pública há que se considerar, também, que sua prática está tão
perpassada pelo autoritarismo, que o discurso liberalizante mal consegue
escamoteá-lo.

Conforme Paro (1998), a gestão democrática deve estar precisamente voltada


para a formação de uma escola democrática, possibilitando a participação de todos
os segmentos.

Há pessoas trabalhando na escola, especialmente em postos de direção, que


se dizem democratas, apenas porque são “liberais” com alunos, professores,
funcionários ou pais, porque lhes “dão abertura” ou “permitem” que tomem parte
desta ou daquela decisão. (PARO, 1998, p.11)

Com relação aos interesses dos grupos, há certa concepção ingênua que
toma a escola como uma grande família, onde todos se amam e, bastando um
pouco de boa vontade e sacrifício, conseguem viver harmoniosamente, sem
conflitos. No entanto, normalmente, as decisões são tomadas essencialmente por
um pequeno grupo, excluindo-se os demais grupos.

Conforme os PCN’s (1998), a vivências e culturas são variadas em nosso


país mas a escola não respeita esses ritmos e vivências.

Na escola, onde a diversidade está presente diretamente naqueles que


constituem a comunidade, essa presença tem sido ignorada, silenciada ou
minimizada. São múltiplas as origens da omissão com relação à Pluralidade
Cultural.(PCN`S, 1998, p.125)
Observando-se o que sugere os PCN’s, pode-se inferir que a Escola
Municipal Ramiro Noronha, ao estender seu trabalho pedagógico e de gestão à
participação de toda a comunidade, busca uma real valorização da cultura de
seus alunos, dando especial atenção aos grupos oriundos do Paraguai
(brasiguaios), pois são estes que mais sofrem as conseqüências da discriminação
que acaba por se refletir no aproveitamento escolar.

Essas camadas já tão desfavorecidas porque, de certa forma, não fazem


parte nem da cultura paraguaia e nem da brasileira, buscam uma forma de
conviverem em sociedade e de serem tratados igualitariamente, de serem
respeitados em suas crenças, hábitos e convicções.

De acordo com os PCN’ s as ações oficiais procuravam homogeneizar a


cultura brasileira, respaldando-se no mito da “democracia racial brasileira”, porém
essa maneira de ver a cultura de um país tão heterogêneo quanto o Brasil, só
agravou ainda mais a aceitação da diversidade cultural aqui existentes.

A idéia da formação racial e cultural baseadas nas três raças (branco,


negro e índio), difundida originalmente e preconizada inclusive pelas instituições
escolares, acabou por excluir a necessidade de compreensão, aceitação e
respeito a diversidade cultural existente.

A comunidade dessa escola optou por uma atitude politicamente correta,


entendendo que o conceito de cultura não pode ser essencialmente ligado ao
conceito de raça. Cada raça, cada grupo constrói sua cultura não apenas
baseadas em traços genéticos e/ou estéticos, mas constrói em contato com o
outro em interação com o meio em que vive, com o local, com outros grupos, com
as tradições já existentes em determinados países ou lugar onde vivem.

Assim, é de fundamental importância que essa diversidade cultural seja


respeitada, eliminando-se assim o ranço do preconceito cultural perpetuado
através das ações escolares.

Ao promover ações que estejam voltadas para o atendimento às diferentes


realidades existentes no âmbito escolar, a Escola Municipal Ramiro Noronha
propõe a quebra desses ideais já arraigados e o resgate da cidadania de cada
um.
Conforme os PCN’s (1998), a escola está marcada por práticas culturais e
históricas arraigadas, que deixam de fora, estigmatizados os alunos das classes
populares, não proporcionando a essas camadas o acesso e a permanência na
escola.

Para tanto se faz necessária uma gestão escolar, que dentro de uma
perspectiva democrática, inclua a todos e assegure a permanência e o acesso a
uma educação de qualidade e que considere a realidade de cada um.

A costumeira exclusão desses grupos ficou comprovada, porque quando


chamados a participar de reuniões para tomada de decisões importantes na
escola, muitos dos pais, no decorrer da pesquisa monstraram-se inseguros e, por
vezes, constrangidos de opinarem quanto às questões pedagógicas.

Esse tipo de atitude foi reforçado pela escola, durante anos, visto que
somente solicitava a presença dos pais quando das promoções e apresentações
em datas comemorativas, nunca para ajudar nas decisões e análises.

A partir da participação em reuniões decisórias tanto pedagógicas quanto


financeiras, os pais que se propuseram a participar demonstraram-se mais
confiantes e seguros das decisões tomadas conjuntamente.

A partir das decisões tomadas coletivamente, muitos pais que antes se


sentiam, de certa forma, segregados do sistema escolar, tornaram-se mais
participativos, inclusive colaborando para a formação dos grupos de artes e
danças, onde tratava-se do resgate cultural de grande parte dos alunos oriundos
do Paraguai.

Ao sentirem-se integrados os alunos também passaram a participar mais


das atividades escolares, houve redução dos índices de evasão e de repetência.
A melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem começou a o que refletir-se
nos dados referenciais do IDEB e resultados finais do ano de 2009.

Cabe ressaltar que como preconiza os Parâmetros Curriculares (1998, p.


127), “o estabelecimento de condições que revertam esse processo inclui,
necessariamente, o reconhecimento e valorização de características especificas e
singulares de regiões, etnias, escolas, professores e alunos.”
Destaca-se a partir desse fragmento que o papel do gestor no
direcionamento dos trabalhos escolares é de fundamental importância, pois a
partir da abertura dada pelo diretor e do provimento de condições para que todos
participem da vida escolar, é que se formará uma escola democrática e cidadã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar o presente trabalho importa dizer que a experiência realizada na


Escola Polo Municipal Ramiro Noronha pode ratificar que a gestão democrática é
realmente capaz de produzir bons resultados e se refletir educação de qualidade.
Vale esclarecer, no entanto que qualidade aqui se define como aquela que admite o
sujeito da educação como partícipe nas decisões que formarão sua própria
educação.

Comprovou-se que, para a implantação de uma gestão democrática, a


primeira condição é que a direção da escola esteja apta a aceitar a participação de
todos nas decisões escolares. Considerar as propostas e opiniões de todos os
segmentos da escola é a maneira mais fácil de gerenciar uma Instituição escolar,
pois, quando todos podem partilhar as decisões, acertos e erros são divididos
igualitariamente.

No caso dessa unidade escolar, pode-se salientar que ouvir os diferentes


segmentos e construir, juntos, a caminhada escolar favoreceu o desenvolvimento
das diferentes culturas coexistentes.

Desse modo, o trabalho pedagógico encetado na escola propiciou


experiências significativas, não só nas situações de ensino que possibilitassem a
apropriação do conhecimento intelectual pelos alunos, mas, também, nas
experiências do cotidiano apreendidas sob uma nova ótica cultural, que permitissem
valorizarem-se a si próprios e aos seus hábitos culturais, permitindo-lhes um
sentimento de pertencimento.

A reconstrução do PPP, em conjunto, proporcionou à escola uma visão


estratégica de toda amplitude do trabalho a ser desenvolvido, uma vez que sendo a
escola um espaço social capaz de concretizar as metas propostas tanto na filosofia
da escola de qualidade de ensino como na promoção do homem por meio do
objetivo de desenvolver nele os aspectos que compõe a aprendizagem social,
emocional, física e intelectual, exigidos na prática social, bem como nas atividades
de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

No decorrer dos estudos foi possível perceber que quando aos pais,
professores e alunos é permitido desempenhar o papel de participantes nas
decisões da escola, tornam-se mais próximos e mais interessados nos rumos que a
educação irá tomar.

Buscar uma gestão democrática não é tarefa fácil a ser realizada, para tanto,
a direção deve buscar caminhos e habilidades para fazer com que todos sejam
ouvidos igualitariamente e para que todas as culturas sejam consideradas.

Reorganizar o trabalho pedagógico para atender a diversidade cultural


presente na fronteira possibilitou que se percebesse os alunos que até então eram
deixados de lado, relegados ao esquecimento e, como conseqüência ,eram os que
mais reprovavam ou desistiam no decorrer do ano letivo.

Ao considerar a cultura destes e propor a participação dos pais e professores


em um novo caminhar, a escola abriu as portas para um novo modelo de educação,
onde enseja-se, realmente, um ensino e aprendizagem de qualidade.
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ROCHA, Sellamari. Ponta Porã – Fronteira sem limite! Um olhar de gratidão.


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construção possível. Papirus, São Paulo, 2004.

DOCUMENTOS CONSULTADOS

Estatuto da Associação de Pais e Mestres da Escola Municipal Ramiro Noronha,


Ponta Porã, 2009.

Estatuto do Conselho escolar da Escola Municipal Ramiro Noronha, Ponta Porã,


2009.

Proposta Pedagógica da Escola Municipal Ramiro Noronha, Ponta Porã, 2009.

Regimento escolar da Escola Municipal Ramiro Noronha, Ponta Porã, 2009.

Avaliação institucional da Escola Municipal Ramiro Noronha, Ponta Porã, 2009.


ANEXOS
ANEXO 1-

IDEBs observados em 2005, 2007 e Metas para Escola - EPM RAMIRO NORONHA
IDEB Observado Metas Projetadas

Ensino 2005 2007 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Fundamental
Anos Iniciais 3,0 4,3 3,1 3,4 3,8 4,1 4,4 4,7 5,0 5,3
Anos Finais - 3,3 - 3,5 3,8 4,2 4,6 4,8 5,1 5,3
Anexo 2 –Resultados da Avaliação Institucional

01. AVALIADOR – CORPO DOCENTE

Foram aplicados 22 questionários por amostragem aos professores, nos quais puderam avaliar
direção, secretaria, aspectos físicos da escola e corpo discente.

Gráfico 1

Conclui-se que o corpo docente desta escola, cerca de 44,3%, considera que a direção está
disponível na escola para troca de ideias. Há comunicação frequente com os pais e comunidade escolar e há
exposição de forma clara dos objetivos da escola. O corpo docente considera que o ambiente escolar favorece a
amizade.

Gráfico 1.2

Conclui-se que o corpo docente desta escola, cerca de 51,1%, considera o corpo discente
participativo, criativo e socializados para o trabalho em grupo.

Gráfico 1.3
Conclui-se que o corpo docente desta escola, 46,5%, considera bom o atendimento da secretaria em
sua totalidade, pois, os funcionários desempenham com presteza suas funções.

Gráfico 1.4

Conclui-se que 48,1% do corpo docente consideram bom o desempenho da coordenação


pedagógica, em sua totalidade, e que esta cumpre e faz cumprir a Proposta Pedagógica, salientando-se que existe
um bom relacionamento com o corpo docente.

Gráfico 1.5

Conclui-se que 44.7% dos professores consideram boa a limpeza da escola e a conservação do
material permanente.
02. AVALIADOR –DIREÇÃO

Foi aplicado 01 questionário por amostragem à direção, onde se pode avaliar corpo docente,
secretaria, aspectos físicos da escola e corpo discente.

Gráfico 2

Conclui-se que 75% do corpo docente desempenham suas funções com zelo, eficiência e presteza,
em sua totalidade nos quesitos: atendimento aos alunos, participação, execução da proposta pedagógica e
soluções de conflitos.

Gráfico 2.1

Observa-se que a direção da escola conceituou em regular (50%), o corpo discente em sua
totalidade nos quesitos: assiduidade, boas regras de convivência e participação.
Gráfico 2.2

Quanto à secretaria da escola, a direção faz alusão em 75%, em sua totalidade, de seu conceito
como bom, nos quesitos: organização, atendimento e presteza.

Gráfico 2.3

Quanto aos aspectos físicos, a direção considera na sua totalidade 100% regular: a limpeza, a
conservação e a manutenção do prédio.

3. AVALIADOR – AUXILIAR DE SERVIÇOS DIVERSOS

Foram aplicados 03 questionários por amostragem aos auxiliares de serviços diversos, onde
puderam avaliar a direção, corpo docente, corpo discente, secretaria e aspectos físicos da escola.

Gráfico 3
Considera-se que os auxiliares de serviços diversos conceituaram, em 33,3%, ruim a atuação da
direção em sua totalidade e nos quesitos: comunicação de problemas, permanência na escola, provisão de
materiais de limpeza, relação com os funcionários.

Gráfico 3.1

Conclui-se que os auxiliares de serviços diversos classificaram 49,9% como ruim a atuação do
corpo docente na sua totalidade e nos quesitos: pontualidade, conservação e limpeza do prédio, relação e respeito
entre colegas e funcionários e relação entre professor e auxiliar de serviços diversos.

Gráfico 3.2

Corpo Discente

80,0% 66,6%
60,0%

40,0%
24,9%
20,0% 8,3%
0,0%
Muito Bom Bom Regular Ruim

A avaliação no conceito ruim (66,6%) dos Auxiliares de Serviços Diversos em sua totalidade e nos
quesitos: respeito, asseio nos banheiros, conservação do prédio e relação zeladora e aluno.

Gráfico 3.3
Considera-se 49.7% (bom) o conceito da secretaria e nos quesitos: Assiduidade, pontualidade,
disponibilidade e relação zeladora e secretaria.

Gráfico 3.4

Foi conceituado como bom (36%) a limpeza, manutenção e conservação da escola.


4. AVALIADOR – COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Foram aplicados 04 questionários por amostragem aos coordenadores pedagógicos, onde puderam
avaliar a direção, corpo docente, corpo discente, secretaria e aspectos físicos da escola.

Gráfico 4

A coordenação pedagógica conceituou em 81.2% (bom) a direção na sua totalidade e nos quesitos:
comunicação, permanência do diretor na escola e apoio.

Gráfico 4.1
Conclui-se na sua totalidade o conceito bom (53.%) para o corpo docente e nos quesitos: uso de
materiais adequados, pontualidade, planejamento de aulas, acompanhamento e subsídios aos alunos, utilização
de técnicas e metodologias diferenciadas, conhecimento de legislação, soluções dos problemas de indisciplina.

Gráfico 4.2

Em sua totalidade a coordenação conceituou o corpo discente como regular (62,5%), sendo
relevantes nos quesitos: material escolar, assiduidade às aulas, interesse, respeito, lição de casa e relação
direção/coordenação.

Gráfico 4.3
Nota-se que a avaliação da secretaria centralizou entre o bom e o regular em sua totalidade (40%),
sendo relevantes os quesitos: atendimento dos funcionários, permanência de funcionários na secretaria, entrega
de documentos dentro dos prazos, presteza e fineza nas informações prestadas e organização.

Gráfico 4.4

Prevaleceu em sua totalidade o conceito regular (46.4) para os aspectos físicos da escola, nos
quesitos: limpeza, manutenção e conservação dos materiais e prédio escolar.

5. AVALIADOR – CORPO DISCENTE

Foram aplicados 149 questionários por amostragem aos alunos, onde puderam avaliar a direção,
corpo docente, secretaria e aspectos físicos da escola.

Gráfico 5

É notória a conceituação referente à totalidade, 35,8%, do corpo discente em relação ao diretor,


como bom, nos quesitos: permanência do diretor na escola, contato do diretor com os alunos, acessibilidade dos
alunos à direção, informações sobre o regimento escolar e calendário escolar.

Gráfico 5.1
Conclui-se que o corpo discente conceituou como muito, 34%, na sua totalidade o corpo docente,
nos quesitos: competência, relação professor-aluno, auxílio aos alunos, dever de casa, pontualidade, plano de
aulas, críticas e elogios.

Gráfico 5.2

Conclui-se que o conceito dos alunos em relação à secretaria, na sua totalidade é muito bom
(34,3%) nos quesitos: atendimento, presteza, fineza de informações e organização.

Gráfico 5.3
O corpo discente conceituou os aspectos físicos da escola como regular (28,7%) em sua totalidade,
nos quesitos: limpeza do prédio, sua manutenção e conservação.

6. AVALIADOR – SECRETARIA

Foram aplicados 05 questionários por amostragem aos funcionários da secretaria da escola, onde
puderam avaliar a direção, corpo docente e aspectos físicos da escola.

Gráfico 6

Conclui-se que os funcionários da secretaria conceituaram a direção em sua totalidade como


regular (45%) nos quesitos: Permanência na escola, zelo pela execução das normas administrativas,
relacionamento com os funcionários, apoio nas condições necessárias para o bom desempenho da secretaria.

Gráfico 6.1

A secretaria conceituou o corpo docente em sua totalidade como regular (65%) nos quesitos:
preenchimento correto dos diários, entrega de diários e canhotos nas datas marcadas, atendimento com presteza e
fineza e, em tempo hábil, às solicitações desta secretaria ao corpo docente.
Gráfico 6.2

Os aspectos físicos da escola foram considerados regulares, numa totalidade de 45,7%, pelos
funcionários da secretaria já que há necessidade de mais mobiliários para adequação dos papéis, relatórios e
documentos na secretária.

7. AVALIADOR – PAIS

Foram aplicados 51 questionários por amostragem aos pais, onde puderam avaliar a direção, a
coordenação pedagógica, a secretaria, o corpo docente e os aspectos físicos da escola.

Gráfico 7

Conclui-se que o conceito dos pais em relação à direção, na sua totalidade, é muito bom (71,3%),
globalizando os resultados dos quesitos: permanência na escola, envolvimento em atividades comunitárias,
promoção de eventos, confiança na capacidade de aprendizagem dos alunos, contato com os pais e informações
sobre legislações.
Gráfico 7.1

Conclui-se que sobre a coordenação pedagógica, os pais conceituaram na sua totalidade como
muito bom (54,8 %) nos quesitos: desempenho, presteza e firmeza, acessibilidade, relacionamento pai e
coordenação e comunicação.

Gráfico 7.2

O conceito dos pais em relação à secretaria na sua totalidade foi muito bom (47%), globalizando os
quesitos: atendimento em tempo hábil, localização fácil e em organização o material de uso na secretaria, pastas
e documentos de alunos, bem como a prestação de serviços dos funcionários à Comunidade Escolar como um
todo.
Gráfico 7.3

O conceito emitido pelos pais em relação ao corpo docente foi na sua totalidade muito bom
(43,4%), globalizando os quesitos: comunicação com os pais, tarefas enviadas como dever de casa, reuniões,
interesse pelo progresso do aluno, críticas e elogios, confiança na capacidade de aprendizagem dos alunos e
relações de entrosamento entre pais e professores.

Gráfico 7.4

O conceito emitido pelos pais em relação aos aspectos físicos da escola foi muito bom (43,7%) na
sua totalidade, globalizando os quesitos: limpeza do prédio, iluminação, espaço e área de lazer.

8. RELATÓRIO

De acordo com análise dos gráficos sobre a avaliação Institucional desta Unidade Escolar,
observou-se a necessidade de uma intervenção mais eficaz em relação a alguns aspectos considerados como
negativos tais como: 1- O desempenho do corpo docente: recebeu uma avaliação regular da direção, com um
percentual em gráfico de 75%. Para melhorar o desempenho desse segmento, para a consecução de um trabalho
melhor efetuado, a direção incentivou uma mudança pedagógica por meio de uma mudança de postura
profissional, de mudança metodológica, estimulando um maior empenho nos estudos, oficinas e cursos ofertados
pela Secretaria Municipal de Educação e Governos do Estado e Federal, nas aulas programadas para os alunos e
nos cursos das Tecnologias de Informação Comunicação (TIC), e nas trocas de experiências nas horas
atividades, entre professores do mesmo ano escolar, com uma atuação mais focada por parte da direção e da
coordenação, no grupo docente em que a direção e coordenação sintam a necessidade de uma atuação mais
enérgica, de uma supervisão mais acompanhada, no sentido de priorizar a qualidade da educação ofertada à
Comunidade Escolar, incentivando sempre o respeito, o diálogo, a reflexão, a busca por um consenso nas
atitudes tomadas, valorizando o relacionamento humano e o diálogo como forma de entendimento e de resolução
de conflitos, pontuando questões importantes para o processo ensino-escolar nas reuniões extraordinárias, e nas
reuniões já estipuladas no calendário letivo. As reuniões terão como pauta a participação total dos educadores,
cumprindo as normas e os acordos firmados coletivamente, o que exige da direção um comando mais firme, que
faça com que o corpo docente escolar seja uníssono em suas decisões, ou pelo menos, mais coerentes com a
palavra dada, com um maior comprometimento individualizado ou grupal com a escola. Para a obtenção dessa
meta, revertendo a situação caracterizada, a direção propõe encontro com mensagens e palestras com grupo de
psicólogos e automotivadores a fim de congraçar o grupo a esforçar-se mais, empenhar-se mais, cada um
individualmente e como consortes educadores, aprimorando-se e corrigindo suas falhas.
2- Em relação ao corpo discente, a participação regular de 50% nos quesitos assiduidade e boas
regras de convivência e participação já provocaram na direção uma mudança de postura, um novo olhar com as
propostas do projeto: Dois Países, uma só Cultura e o Projeto Cidadania. Nesse sentido, convocou os professores
para realizarem palestras, filmes, enfatizando a cidadania que todos devem ter, buscando resgatar a autoestima
dos educandos, solicitando a maior presença dos pais e da comunidade escolar na escola, desenvolvendo
projetos que propiciem tanto informações quanto preponderem por uma mudança de hábito que possibilitem a
valorização e o amor à escola por parte dos alunos, o respeito aos órgãos públicos e às autoridades constituídas.
Visando que os alunos possam sentir-se parte do todo e mais do que isso, valorizados; a direção vem encetando
esforços a fim de que todos primem por uma convivência em que o respeito ao outro, o amor à escola e o desejo
de um convívio mais harmônico e feliz sejam reforçados, em prol da Educação e do bem-estar de todos.
3- Os aspectos físicos da escola foram considerados regulares nos diferentes segmentos, em sua
maioria, e isso se deve talvez ao desgaste natural da pintura do prédio, ao pequeno número de pessoas para a
limpeza, considerando-se a extensão total do prédio; exigindo da direção a solicitação da manutenção da infra-
estrutura predial como pintura, consertos de encanamentos, iluminação e outros aspectos funcionais como troca
de lâmpadas, e de interruptores, contribuindo, grande parte, para a melhoria do trabalho de limpeza e na
manutenção do asseio na escola, uma vez que denotam o cuidado da direção e de toda a comunidade, e a
civilidade de todos. Nesse sentido, a direção tem conversado mais frequentemente com o pessoal da limpeza,
valorizando individualmente o trabalho de cada um e estimulando o grupo a trabalhar em conjunto, em prol da
Instituição escolar, valorizando elas próprias o trabalho realizado, e em grupo, o trabalho de cada um, exortando
a que o corpo discente e o corpo docente valorizem mais o trabalho do outro, apoiando-as, e estimulando os
alunos a contribuírem com o meio ambiente (escola), cuidando da sala de aula, de seus materiais e demais
dependências da escola, por meio dos projetos efetuados, de Cidadania e outros, primordiando o asseio e a
conservação do prédio e dos mobiliários, bem como ensinando o uso de banheiros, a necessidade da limpeza,
explicando que a Instituição Escolar é de todo e de cada um que aqui está e que cabe a cada um zelar por ela,
pela imagem que ela deixará mostrar à sociedade. Além disso, por meio de palestras, filmes e projetos a direção
o corpo docente e demais membros da Instituição se comprometem a trabalhar a conscientização dos direitos e
deveres dos alunos, enfatizando a necessidade de cooperação de todos os segmentos para com as Auxiliares de
Serviços Diversos.
Acredita-se que com a participação conjunta da Comunidade Escolar e, em especial, da direção,
coordenação, alunos e professores, todo este panorama descrito, possa ser no futuro exposto diferentemente. E
que, com as ações acima descritas, certamente, haverá uma melhoria, minimizando os pontos negativos ora
apresentados ou sanando-os, mostrando uma aferição bem melhor como avaliação dos gráficos referentes à
Escola Polo Municipal Ramiro Noronha.

Ponta Porã, MS, 24 de agosto de 2009.


Ana Cristina Espínola Candia
Diretora

ANEXO 3- Fotos das atividades pós reelaboração da proposta pedagógica

Desfile de 7 de setembro
Apresentação do Projeto “Dois países, uma só cultura”, à sociedade

Apresentação dos alunos do grupo de danças paraguaias

Apresentação do grupo de danças paraguaias à comunidade


Diretora Ana Cristina com grupo de dança em apresentação em congresso

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