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Saulo Ferreira1
saulinhoferreira@hotmail.com
Resumo: Em tempos atuais, com os avanços tecnológicos, é cada vez mais comum ter
acesso a informações de maneira autodidata. No campo musical não é diferente, neste
aqueles que desejam aprender a tocar um instrumento podem encontrar o que
necessitam em frente a um computador ou simplesmente trocando experiências com
colegas. No entanto, a presença do educador ainda consiste em algo valioso e a ele cabe
o desafio de encontrar maneiras que possam viabilizar o entendimento e
desenvolvimento daqueles que receberão tal conteúdo. O presente artigo objetiva
sugerir propostas de ensino de guitarra voltado à música popular, oferecendo a
professores e alunos sugestões para o ensino/aprendizado do instrumento
Introdução
A guitarra elétrica é vista na música popular por volta da década de 1920 nos
Estados Unidos. Inicialmente ela era responsável pela base harmônica nas formações
jazzísticas, já que os recursos para sua amplificação ainda não haviam sido
desenvolvidos. Isso se tornou possível dez anos depois, o que ofereceu maior liberdade
ao instrumento. Agora amplificada, a guitarra amplia a habilidade de construção de
solos e de improvisações, indo além do papel que lhe cabia anteriormente.
Foi ainda na década de 1930 que a guitarra teve suas primeiras aparições na
música popular brasileira. Segundo Visconti (2009), um dos primeiros registros
fonográficos do instrumento foi realizado em 1937 pelo músico Garoto. Tratava-se de
um solo executado com guitarra havaiana na valsa “Sobre o Mar”. O instrumento
conquistou maior espaço nas gravações brasileiras ao fim da década de 30, na qual
músicos como Laurindo de Almeida, Pereira Filho e o próprio Garoto passam a ser
responsáveis pela inserção do instrumento nos discos produzidos no Brasil. Apesar das
novas sonoridades alcançadas com a guitarra elétrica, os mais tradicionais
demonstravam-se inquietos com sua chegada. “Esse instrumento também era
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Graduando do curso de Licenciatura em Música, na Universidade Federal de Sergipe.
Núcleo de Música (NMU) – Universidade Federal de Sergipe (UFS)
II Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música – SISPEM
20 a 23 de setembro de 2010
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elas individuais ou em conjunto, formar uma banda ou utilizar o que aprenderam num
grupo no qual já atuam.
Mesmo se imaginássemos a possibilidade de um dia o ensino de guitarra ser
adotado nas escolas regulares, seria utópico acreditar que no cotidiano de uma escola
pública ou de uma comunidade carente estariam guitarras e amplificadores à espera dos
que quisessem fazer uso, ou que cada aluno tivesse um tutor para acompanhá-lo em seu
desenvolvimento instrumental. O desafio está em unir bons procedimentos
metodológicos que estejam adequados a uma realidade diferente do que se espera ou se
quer ver. Para tanto, é preciso buscar alternativas que, baseadas no caráter educacional,
possam contribuir para o aprendizado dos alunos realimentando seu estímulo a cada dia.
Metodologia
A metodologia de ensino de guitarra (individual ou grupal) por nós sugerida
deverá dispor de aulas demonstrativas e instrutivas, inicialmente com base nos gostos
musicais de cada aluno. A depender do número de aprendizes em sala, poderão ser
formados pequenos grupos de acordo com características em comum, por exemplo, um
grupo de alunos que apresenta identificação com um determinado estilo musical. É a
partir desse contato inicial que amizades são formadas, experiências são trocadas,
preferências partilhadas; isso certamente refletirá no aprendizado coletivo. Abaixo,
Vygotsky defende que este contato entre os alunos é uma etapa importante no
desenvolvimento da aprendizagem:
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Etapas Metodológicas
Para facilitar o entendimento da proposta, bem como para guiar o leitor na
aplicação dos exercícios, serão apresentadas algumas fases que envolverão abordagens
de assuntos diferenciados e importantes para o desenvolvimento do aluno.
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aos alunos sobre a funcionalidade dos shapes assim como acerca de suas limitações.
Um estudo direcionado e acompanhado facilitará o desenvolvimento técnico do
discente, gerando a fluidez da execução e a absorção sonora da escala.
Considerações Finais
A busca por alternativas que visem auxiliar o aprendizado do instrumentista
deve ser contínua e este é um dos principais papéis do educador musical. A proposta
metodológica trazida no presente artigo foi criada com o propósito de revelar-se a
professores e alunos como mais um possível caminho rumo ao aprendizado e
desenvolvimento prático da guitarra. Objetivou também estimular produções
acadêmicas voltadas ao ensino coletivo direcionado a esse instrumento, contribuindo
para reduzir a escassez de trabalhos relacionados ao assunto.
A proposta metodológica é destinada a guitarristas iniciantes e também a
estudantes que já dispõem de prévias informações sobre o instrumento, independente de
objetivos profissionais. Sua aplicação (grupal ou individual) visa estimular a
criatividade do aluno dando a ele a possibilidade de execução livre, a qual lhe será útil
em práticas mais avançadas.
Espera-se que novas diretrizes metodológicas sejam cada vez mais discutidas e
que a educação musical, por meio da guitarra elétrica e de outros instrumentos, tenha
um alcance cada vez mais abrangente, sendo uma ponte que liga música à cidadania e
inclusão.
Referências Bibliográficas
FARIA, Nelson. Acordes Arpejos e Escalas Para Violão e Guitarra. 2ª edição. Rio de
Janeiro, Lumiar, 1999.
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GOODRICK, Mick. The Advancing Guitarrist. Milwauke: Hal Leonard Books, 1987.
HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz Tradução de Ângela Noronha. São Paulo:
Paz e Terra, 1990.
TAILLE, Yves de L.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H., Piaget; Vygotsky, Wallon.
Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
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