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NA IDADE DA PEDRA LASCADA: REGRESSO

DA CAÇA AO URSO
Os homens da Idade da Pedra Lascada tinham uma dura existência, sustentavam-se com
os produtos da caça e da pesca, e a colheita de frutos e raízes. Nada sabiam da
agricultura, nem de como trabalhar os metais. Tampouco entendiam da modelagem de
vasilhas ou da fabricação de tecidos; as peles dos animais eram suas únicas vestimentas.
Serviam-se de cavernas e grutas como habitações, e preferiam as que tivessem entradas
para o sul ou para leste, e que por isso recebessem sol e fôssem protegidas contra o
vento frio, a chuva e a neve. Os homens da Idade da Pedra Lascada inventaram alguns
instrumentos da maior importância: as primeiras ferramentas e armas, feitas de madeira,
osso, chifre ou — o que é característico do período — de sílex tôscamente trabalhado.
Êste livro se inicia tratando da vida humana de há dez mil anos, e, portanto, quase do
fim da época da pedra lascada. Cêrca de quatro mil anos mais tarde principiaria a Idade
da Pedra Polida, na qual as armas e as ferramentas já seriam desbastadas e polidas.
Corno introdução, oferecemos alguns textos e gravuras dos tempos primitivos.

A AGULHA É INVENTADA — A ARTE DE COSTURAR


Na Idade da Pedra Lascada, á fiação e a tecelagem eram ainda desconhecidas; as peles
de animais eram a única Vestimenta nos dias frios de inverno. A fim de se poder
prender essas peles em tôrno do corpo, passavam-se, através de buraquinhos
apropriadamente dispostos, tendões de animais, correias finas ou cordões de fibras
vegetais. Em lugar do longo espinho, usado a princípio para perfurar as peles, usou- se
mais tarde um instrumento de osso, marfim ou chifre, em forma de sovela. Então, em
momento feliz, um pensamento do mais alto poder criador atravessou o espírito de um
homem da Idade da Pedra: “Se no osso fino e pontudo existisse um buraquinho, poder-
se-ia introduzir nêle um fio que o acompanhasse no ato da perfuração, de buraco em
buraco.” É verdade que fazer um furo numa varinha fina não era, a êsse tempo, coisa
muito fácil. Mas, com um sílex aguçado conseguiu o genial descobridor fazer isto
também. Havia sido descoberta a agulha!

DESCOBRE-SE O COZIMENTO DA ARGILA


(Idade da Pedra Polida)
A observação ensinara que o barro, levado ao fogo, torna- se duro como pedra. Talvez
tenha sido de uma mulher a idéia maravilhosa de modelar vasilhas de barro e depois
cozêlas ao fogo. Inventaram-se assim recipientes para líquidos e vasilhames de cozinha.
Dêsse momento em diante, foi possível, não si,mente assar os alimentos, mas também
cozinhá-los na água fervente. Que coisa magnífica! Que enorme transforma ção não
causou isso às refeições! Existiam agora as sopas, as papas de milho e as verduras
cozidas, além da carne, que já era aproveitada em grande quantidade. As panelas antigas
chamam a atenção por causa da variedade e da beleza de suas formas. O barro úmido,
depois de cuidadosamente amassado, era estendido em longos cilindros; com a mão e
uma pedra lisa aprimorava-se a forma; suprimiam-se as rugosidades a fim de que a água
não penetrasse a argila. Depois de cozidas, as belas vasilhas vermelhas e brilhantes
eram passadas de mão em mão e convenientemente admiradas.

DA FERRAMENTA À MÁQUINA
O grande uso que tinham, na Idade da Pedra Lascada, os pequenos furadores de sílex é
demonstrado pelos mariscos e pérolas de madeira perfurados para pendurar no pescoço,
bem como pelas agulhas de marfim, perfuradas também, e que foram encontradas na
mesma camada da terra. Na Idade da Pedra Polida (de 4 000 a 2 000 anos antes de
Cristo), o furador passou a ter ainda maior importância. Servia, então, para perfurar
pedras a fim de se introduzirem nelas cabos de machados e martelos. Inicialmente, o
furador de sílex era articulado num bastão de madeira para uil&së girar entre as palmas
das mãos. A verrum-a representou um valioso melhoramento. Solução ainda mais
perspicaz foi, porém, descoberta: a corda de um arco era enlaçada em tôrno do
instrumento perfurante, e o arco, movido de um para outro lado. Pouco depois o
aparelho perfurante foi construído numa armação fixa. E que pensamento genial: como
furadores usaram-se também bastões de junco que, por meio de areia, posta por baixo
dêles, furavam em forma de anel!

CONSTROEM-SE ALDEAMENTOS
Os homens das habitações lacustres não edificaram suas residências isoladamente, mas
sim reunidas em aldeias, ou mesmo em cidades. Isso representou uma grande idéia e
real progresso. Realmente, novas condições de vida resultariam do fato de se
abandonarem as cavernas, que haviam sido habitadas desde os tempos pre históricos
Não terá sido tambem uma prova de sentimentos de comunidade e de colaboz ação o
terem os nossos antepassados deixado as suas casas esparsas para se reunirem em
aldeias O aldeamento lacustre de Morges cobria uma area de 40 000 m2 (400 x 100), no
de Robenhausen, junto ao Pfaeffikersee, calcularam se as estacas existentes em mais de
100 000 (*) O que e admiravel e que tão grandes obras tenham podido ser levadas a
cabo, durante muito tempo, apenas com instrumentos de pedra Dizem que as habitações
lacustres surgiram para proteção contra os animais ferozes e grupos inimigos Mas,
quando se indaga a habitantes lacustres, dos tempos atuais, que vivem em terras
tropicais, por que residem sôbre a agua, êles respondem ‘Por causa da higiene”.

PESCADORES DOS TEMPOS DAS HABITAÇÕES LACUSTRES (5000-1050 a. C.)


A julgar pelos enormes anzois de que se serviam os pesca-
dores de antanho, devem ter existido nos lagõs e nos rios,
lúcios, trutas e salmões gigantescos. Os grandes peixes eram pescados também com
lanças de ponta de osso ou de bronze. De noite, os habitantes das águas eram atraidos
por fogachos colocados no interior de botes; e a pescaria era então abundante. A rêde,
porém, provou logo ser instrumento de mais
eficiência para a pesca. O homem assimilou essa idéia do ib duo da aranha, astuciosa
caçadora Havia ja muito tempo que a mulheres entendiam da fabricação de cestas e de
fiação. Por isso. no terá sido trabalho excessivo, para suas mãos dii gen 1 e. lazer as
malhas da réde e consertar as cordas
quando se rompessem por causa de alguma prêsa excessivameme pesada. Os
pescadores, bem equipados com as rêdes, conseguiam mios lagos e rios abundante
alimento, quando ecassease a aça ou a colheita de plantações.

OS PRIMEIROS ANIMAIS DOMÉSTICOS


Em épocas remotas, os animais eram considerados pelo homem apenas sob o ponto de
vista Eda caça. Não se pensava ainda em proteger e alimentar determinadas espécies
zoológícas. Mais tarde, porém, surgiu uma época muito importante na evolução da
humanidade. Os sábios a denominam Idade Média da Pedra, por compreender a
transição no uso de rudes insiiumentos de sílex para o emprêgo de instrumentos afiados
e cuidadosamente polidos. Fõi essa, também, a época em que o homem se tornou
sedentário, domesticando animais, cultivando cereais e aprendendo a cozer o barro. O
animal doméstico mais antigo é o cão. Proveniente de uma espécie de pequenos lôbos,
tornou-se fiel companheiro do homem, guardião e auxiliar nas caçadas. O bezerro, o
porco, o carneiro e o cabrito descendem de animais selvagens de espécies semelhantes:
o bisonte, o javali, o carneiro montês e a cabra montesa. Smente nos princípios da Idade
do Bronze é que o cavalo, descendente de cavalos selvagens mongóis, passou a figurar
entre os animais domésticos.

A INVENÇÃO DO ARADO
Nada modificou tanto a face da Terra como o arado. As matas virgens tiveram de recuar
para que êle preparasse os campos cultiváveis, abrindo néles os seus sulcos.
Antiqüíssimas experiências haviam ensinado o homem a distinguir os vegetais
venenosos dos comestíveis. A idéia mais próxima dessa era foi, sem dúvida, a de
arrancar as plantas inútejs que cresciam em tôrno das casas. Onde, por causa dêsse
arrancamento a terra fôsse revolvida, aí germinavam Outras plantas com redobrado
vigor. Partiu daí a idéia de rasgar-se o chão e de fazer.se a sementeira sôbre o solo
revolvido. Empregou- se para êsse fim a enxada, a princípio simples pedaço de madeira
em forma de forquilha. A enxada se transformou em arado, quando, ao invés de ser
levantada para o golpe, passou a ser arrastada pelo solo. De acôrdo com êsse novo uso,
instrumento valioso foi construído, na Idade do Bronze. Grande aperfeiçoamento se
obteve depois, com a domesticação de bois, para que servissem como animais de tração.
O índio brasileiro empregava em suas derrubadas o machado de pedra encastoado em
madeira. Só com a chegada dos primeiros europeus, veio a conhecer o machado, a foice
e a enxada de ferro. Entretanto, muitos lustros se passaram ainda, até que, enfim, o
arado fôsse introduzido no Brasil.

CULTIVO E PREPARO DE CEREAIS


Quase tôdas as plantas úteis provieram de países longínquos. O trigo e a cevada foram
cultivados inicialmente na China. E o milho na América. O linho é originário do Egito e
da Babilônia. É maravilhoso como tais povos souberam escolher essas plantas entre
milhares de espécies, aperfeiçoando-as através de continuado cultivo. É também
maravilhoso o modo pelo qual as sementes encontraram seu caminho, difundindo- se,
nas obscuras fases pré-humanas, por enormes territórios, e chegando aos lavradores das
Idades da Pedra e do Bronze. Encontraram-se em edificações lacustres suíças diversas
espécies de cereais, inclusive três qualidades de trigo, uma das quais idêntica a outra
encontrada em túmulos de reis do Egito. O comércio naquelas épocas era muito mais
intenso do que em geral se supõe. Observe-se também que, em todos os lugares, os
cereais eram triturados da mesma forma, ou seja, entre duas pedras.

A RODA — UM MiLAGRE TÉCNiCO


A roda é descoberta! Sem eia seriam inconcebíveis quaisquer espécies de carros ou
máquinas. Um homem da Idade da Pedra Polida fêz essa descoberta, milhares de anos
antes de Cristo. Ela supera em importância a tôdas as conquistas da técnica moderna. A
invenção da roda merece ai da particular admiração porque não existia, para ela, modêlo
na natureza. Dessa vez, o homem não se serviu de nada que já existisse: criou algo
original. Antes arrastavam-se pesadas cargas sôbre uma espécie de trenó, ou sôbre paus
roliços. O pensamento genial consistiu em substituírem-sé os paus roliços por um eixo
fixo, em cujas extremidades se colocaram discos de madeira, ou rodas. Para que um
veículo de quatro rodas não fôsse forçado a andar apenas em linha reta, seria necessário
colocar-se, entre as rodas e a parte superior do carro, uma armação articulada Isso
representava dificuldade ainda maior, que só viria a ser resolvida muito mais tarde.

A DEBULHADORA NA ANTIGUIDADE E NOS TEMPOS MODERNOS


A frase bíblica: “Não ligarás a bôca ao boi que debulha” lembra o método mais antigo e
primitivo de debulhar, a saber: o pisoamento dos cereais com o auxílio de animais. (Na
gravura: A debulha no Egito).
Na Antiguidade empregava-se também o mangual, instrumento para debulhar cereais,
ainda hoje usado em muitos
lugares.
A debulhadora mecânica só se tornou conhecida no século XVII, mas o invento do
escocês Meilde (1788) deu diretrizes definitivas para a fabricação de máquinas
debulhadoras eficientes.
Para movimentá-las usava-se a fôrça hidráulica. O inglês Frevithick, que, em 1804,
construiu uma das primeiras locomotivas, e que inventou os trilhos, construiu, em 1811,
a primeira debulhadora movida a vapor. A debulhadora moderna que, além de debulhar,
limpa e separa os cereais, foi inventada na Inglaterra em 1860.

AS PRIMEIRAS MINAS
Que imenso progresso foi realizado quando os homens da Idade da Pedra escavaram as
primeiras minas, quando penetraram o interior da terra para aproveitar seus tesouros
metálicos! Uma nova era começava, a do metal. O aproveitamento do carvão não era
ainda conhecido. Cavava-se à luz de tochas de madeira, com martelos de pedra e
picaretas de cobre a fim de encontrar-se sílex, cobre, zinco, chumbo e ouro. Os fenícios
deram grande impulso à mineração, e não tardou fôsse introduzida também na Grécia,
na Itália, na Espanha e em Portugal. No curso superior do Tigre, e na Índia, obtinham-se
grandes quantidades de ouro, prata e zinco. Os egípcios abriam minas por volta de 3000
a. C., no Egito superior e na península de Sinai. O desenvolvimento do poder e da
riqueza de Atenas fundava-se principalmente nos lucros das minas das montanhas de
Laurion. Plínio, o grande historiador romano, fala-nos da grande quantidade de minas
existentes nos territórios conquistados e dominados pelos romanos.

ÉPOCA DO METAL: FORNO DE FUNDIÇÃO COM FOLE


Durante muitos milênios, os homens só fabricavam suas armas e utensílios, utilizando
pedra. Parece que foram os hindus, ou os egípcios, que descobriram os metais e seu uso.
Lentamente êsses importantes conhecimentos se espalharam pelos demais povos da
Terra. Já em 3000 a. C., fundiam-se no Egito estátuas de bronze de grande beleza. A
Idade do Bronze, na Europa, começou mais ou menos 2000 a. C. Os antigos povos
comerciantes importavam primeiramente artigos de metal e, depois, as respectivas
matérias-primas. Mais importantes do que os chamados metais nobres, ouro e prata,
eram o cobre, o zinco e o ferro. Misturando-se cobre e zinco obteve-se uma liga muito
resistente, o bronze. Nossos antepassados eram mestres em fundir e forjar. Fabricavam
até recipientes e jóias. A partir de 750 a. C., o ferro, o mais importante de todos os
metais, tomou o lugar do bronze. Seu uso foi mais tardio por ser êsse metal de mais
difícil obtenção, fundindo apenas à temperatura de 1 5300.
MONUMENTOS DA IDADE DA PEDRA E
IDADE DO BRONZE
Nossa gravura representa ‘ima parte do “Templo do Sol”, construído com gigantescos
rochedos, no Sul da Inglaterra. Na época do solstício do verão, o sol nasce sôbre a pedra
de sacrifícios, que se encontra no exterior do templo, desde que o observador se coloque
junto do altar. Hoje isso não se dá exatamente dêsse modo, porque, no correr dos
tempos, houve pequenas alterações na posição do sol. Foi assim que os astrônomos
conseguiram fixar a data da edificação dó templo em 1700 a. C., o que coincide com as
informações prestadas pelos investigadores da história primitiva, que haviam chegado a
essa conclusão com base em Outros fundamentos. Magníficos monumentos da Idade da
Pedra são encontrados em tôda a Europa, desde a Escandinávia até Portugal. São os
“Menhires” (pedras grandes) e os “Dolmens” (mesas de pedra). A Bretanha é célebre,
por seus 4 747 monumentos de pedra, erigidos em honra aos deuses e a heróis. Muitos
dêsses monumentos, que chegam a atingir 20 metros de altura e 350 toneladas de pêso,
estão dispostos em fileiras.

ANTIGUIDADE

A idade antiga — a irrigação previne contra a fome.....................................................


O arroz, o mais valioso dos cereaiS Já havia sêda na China há 3000 anos..................
A fivela — Alfinête de gancho da Antiguidade...............................................................
Bússolas chinesas...............................................................................................................
A Índia, país das maravilhas............................................................................................
Escultura hindu..................................................................................................................
Tecelões hindus..................................................................................................................
Maravilhosa invenção da Antiguidade: O tôrno do oleiro............................................
Já há milênios existia uma agricultura modelar............................................................
A semeadeira, invento da Antiguidade...........................................................................
Depósitos de cereais Silos de cereais, importante celeiro Navios mercantes cruzam os
mares.............................................................................................................................
A cultura de plantas úteis estrangeiras............................................................................
Hieróglifos, escrita simbólica dos gípcios........................................................................
Colhèita do papiro.............................................................................................................
Templos — Estátuas — Pirâmides...................................................................................
Móveis com incrustações de marfim...............................................................................
Escultores e ourives..........................................................................................................
Estátuas gigantescas.........................................................................................................
De um simples arbusto a tecidos finos............................................................................
A arte da fiação e a tecelagem........................................................................................
Peles de animais servem de odres...................................................................................
A arte antiqüfssima de curtir...........................................................................................
Os fenícios navegam os mares..........................................................................................
Instrumentos de medir o tempo:Relógios de sol e de água............................................
Templos gregos..................................................................................................................
O comércio cria a riqueza da Grécia...............................................................................
Pombos-correios, os mais velozes mensageiros...............................................................
Mulher grega ao tear.........................................................................................................
O uso de calçados...............................................................................................................
Pintores de cerâmica.........................................................................................................
A arte de escrever faz progressos.....................................................................................
A retórica............................................................................................................................
Músicos gregos...................................................................................................................
A pátria da representação teatral....................................................................................
Filósofos gregos..................................................................................................................
As fábulas de Esopo..........................................................................................................
Sólon dita as suas leis........................................................................................................
O homem torna-se criador de abelhas............................................................................
Fontes minerais na Idade do Bronze Povo primitivo forja a primeira tesoura..........
O parafuso, importante invenção técnica.......................................................................
Arte etrusca.......................................................................................................................
Aquedutos..........................................................................................................................
Sinais com fachos, os precursores do telégrafo..............................................................
A grande rêde de estradas do Império Romano............................................................
A instrução na Roma antiga............................................................................................
A cópia dos manuscritos Termas luxuosas Cântaros para óleo e outras vasilhas Da
videira selvagem à moderna viticultura..........................................................................
A fabricação do vidro.......................................................................................................
As caravanas traçam caminhos.......................................................................................
Fabricantes de foices há 2000 anos..................................................................................
Os antigos celtas inventam o barril Os cristãos reuniam-se em catacumbas..............

A IDADE ANTIGA
A IRRIGAÇÃO PREVINE CONTRA A FOME
Quando o homem começou a se fixar ao solo, dedicando-se à agricultura, logo percebeu
que uma colheita má significava a fome, ou mesmo a morte, e que era principalmente
com tun bom sistema de irrigação que êle podia precaver-se contra êsse risco.
Especialmente nos países quentes, onde apenas raramente chovia, a agricultura e,
conseqüentemente, a fixação humana, só seriam possíveis com o emprêgo da irrigação
artificial. As mais antigas instalações para a irrigação dos campos foram construídas há
5 000 anos ou mais. Encontram-se junto ao Eufrates, na Síria, na Índia, no Egito e na
China. Construíam-se canais amplamente ramificados, com rodas e elevadores, para
fazer vir de longe a água e trazê-la até à superfície. Mais desenvolvidas eram as
instalações de irrigação feitas pelos mouros: encontram-se ainda hoje na Espanha e
estão mesmo em condições de utilização parcial. As instalações de irrigação da
Antiguidade foram seguidas pelas gigantescas reprêsas e canais, construídos pela
engenharia moderna.

A FIVELA ALFINÉTE DE GANCHO DA


ANTIGUIDADE
Na Antiguidade e mesmo até o século VIII, as vestimentas largas que eram usadas, não
se faziam sob medida nem eram costuradas. Os vestuários daquela época consistiam
num grande pano que envolvia todo o corpo, prêso no peito ou no ombro por uma
espécie de alfinête de gancho.
As fivelas mais simples eram feitas de bronze ou de fio de ferro, mas cüidaram logo de
enfeitar e embelezar a parte visível. Com o decorrer do tempo, sua riqueza em forma e
feitio tornou-se infinitamente variada e a fivela passou a ser um cobiçado e
indispensável adôrno. Para ornamentá-la, usava-se marfim, coral, súcino (âmbar
amarelo), pérolas, ouro batido, etc.
Em escavações realizadas nos antigos lugares onde houve cultura foram encontradas
fivelas usadas há mais de 1 000 anos, as quais serviram ao historiador como fontes de
informações sôbre a época da existência de civilização nesses lugares e a ascendência
dos seus antigos habitantes.

BÚSSOLAS CHINESAS
Uma agulha magnética que flutue livremente toma, em conseqüência do magnetismo da
Terra, a direção aproximada de norte-sul; e permite, dessa forma, que se reconheça a
direção da abóbada celeste. Os chineses foram os primeiros a tirar proveito dessa
propriedade da agulha magnética, descobrindo a bússola. Seu precursor foi o carro
magnético dos chineses, veículo sôbre o qual uma pequena figura amarrada, com uma
pedra magnética, livremente se movia, e, com a mão, apontava o sul. É o que nos
mostra a gravura. Os carros magnéticos já eram utilizados, no ano de 235 a. C. No
século VIU os árabes conheceram a agulha magnética. Também Colombo e Cabral
utilizaram a bússola em suas viagens. Com o progresso da ciência e da técnica, a
bússola tornou-se recurso seguro para orientação nos mares, na terra e no ar. Foi,
certamente, descoberta de imensa importância, .que ajudou a descobrir novos países,
possibilitando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos transportes e do comércio.

A ÍNDIA, PAÍS DAS MARAVILHAS


Já há 3 000 anos atrás, o grande reino indiano da Ásia Oriental possuía cultura
extremamente desenvolvida. A arte e as ciências floresciam. Preciosos conhecimentos a
êsse respeito, transmitiu-nos a coleção de poesias “Veda”, produzida naquela época. Os
antigos hindus já possuíam também extensa agricultura. Uma interminável abundância
de tesouros da Terra ajudou o país na obtenção de sua lendária riqueza. Maravilhoso
progresso alcançou a indústria do ferro que, por muito tempo, deve ter estado em grau
bastante elevado. Admiráveis ao máximo são as gigantescas peças fundidas, como por
exemplo, as colunas de 6 000 quilos, em Delhi. Pelas antiqüíssimas rotas de comércio,
muitas vêzes através de elevados desfiladeiros, os produtos do solo e belos tecidos, que
ainda hoje admiramos, alcançaram os países do Ocidente. Também valiosos
conhecimentos sôbre a astronomia e a matemática, assim como os das artes industriais
do ferro, parecem ter alcançado outros povos por essa mesma rota.

ESCULTURA HINDU
A escultura hindu é muito antiga. No correr dos tempos passou por diversas
transformações. Estêve primeiramente sob a influência persa, passando depois a sofrer a
influência grega. Posteriormente originaram-se obras de espírito puramente hindu: os
relevos e esculturas com representações da vida religiosa da Índia. No século IV,
principiou a época clássica da escultura do país. Provêm dessa época as grandiosas
estátuas de Buda, Siva e Vischnu. Templos magníficos, ricamente ornados com
esculturas maravilhosas, atestam ainda hoje o trabalho ingente e a capacidade criadora
dos antigos hindus. Depois do décimo século, porém, a escultura hindu adquiriu um
caráter mais decorativo. Os templos cobriran-se de trabalhos plásticos cujos motivos
eram restritos à religião.
O misterioso país das maravilhas , a Ídia, possui ainda hoje grande numero de templos
magníficos, erigidos em homenagem a seus deuses.
TECELÕES HINDUS
A arte de tecer chegou à Europa proveniente de países
longínquos da Ásia, como a China e• a Índia. Alguns milênios
antes de Cristo, os hindus já conheciam o tear. O pêlo macio
da cabra Kaschmir, o fio tênue e brilhante do bicho-da-sêda, e os fios da semente do
algodão forneciam material para delicados tecidos, que ainda hoje são apreciados em
todo o mundo. Panos de sêda pura eram usados já em épocas muito remotas para
vestimentas nupciais. Dakka era o centro produtor das finíssimas sêdas “musseline”.
Benares foi sempre celebrada por seus tecidos dourados e prateados. Os lenços
Kaschmir, coiiheciclos em todo o mundo por sua harmonia de côres, provêm da região
do mesmo nome. Do século XVI ao XVIII, foi muito grande a exportação para a
Europa. Ainda hoje a produção de mercadorias têxteis é a principal indústria da Índia.
Nove milhões e meio de fusos estão ai atualmente em atividade.

MARAVILHOSA INVENÇÃO DA ANTIGUIDADE:


O TÔRNO DO OLEIRO
O tôrno do oleiro foi das primeiras máquinas inventadas pelo homem. Os egípcios já a
usavam 5 mil anos antes de Cristo. A necessidade de panelas de tôdas as formas era
antigamente muito maior do que hoje, porque não eram elas usadas apenas para
conservar líquidos e gêneros alimentícios, mas também para outros fins. Mesmo o
conhecido tonel de Diógenes era de barro e não de madeira, porque os gregos
desconheciam a fabricação de barris de madeira. O tôrno do oleiro não mudou, através
dos milênios, em seus característicos essenciais. Impulsionado pela mão ou pelo pé,
permitia que o barro tomasse a forma desejada, por efeito da preâsão da mão sôbre a
peça que se fabricasse. Sômente no ano de 1855, introduziu Bellay, em Paris, o método
de dar autornàticamente forma ao barro. Que excelente idéia era essa de dar forma às
vasilhas num suporte giratório! O trabalho se processava mais fàcilmente, e os objetos
se tornavam muito mais proporcionados, graças ao movimento rotatório. Na verdade,
porém, êste trabalho exigia grande habilidade.

JÁ HÁ MILÉNIOS EXISTIA UMA AGRICULTURA


MODELAR
Ficaram-nos muitas notícias e desenhos de trabalhos agrícolas do Egito antigo. Dão-nos
uma idéia de como êsse grande povo de há muitos milênios era adiantado na cultura dos
campos. Os egípcios conheciam a adubagem da terra e o afolhamento, isto é, a
plantação alternada de diversas espécies de vegetais úteis, a fim de que o solo não se
esgotasse. O principal trabalho dos egípcios para tornar produtivos os seus campos era
feito pelas inundações artificiais das águas enlameadas do Nilo. Com arados leves,
traçavam sulcos pouco profundos na superfície do solo fértil. A semente era geralmente
lançada diante do arado e, imediatamente, coberta por êste. Os egípcios empregavam
também a grade para partir os torrões, dilacerar as raízes de grama e destruir as ervas
daninhas. Bois possantes serviam como animais de tração para o arado e a grade.

A SEMEADEIRA, INVENTO DA ANTIGUIDADE


Já os chineses e babilônicos conheciam há 4000 anos a semeadeira. A gravura nos
mostra um arado babilônico, usado mais ou menõs 500 a. C. Um homem está enchendo
o funil com cereais e êstes caem no sulco que o arado prepara e logo depois fecha por
meio duma tábua.
De maneira idêntica trabalha a moderna semeadeira. Na Europa, durante vários mil anos
os camponeses lançaram as sementes com a mão. Sàmente por volta do século XV,
Cavalina construiu, em Bologua, uma semeadeira. Em 1665, o camponês Locateili
mostrou ao imperador, em Viena, a semeadeira construída por êle. No século XVIII
outras se- meadeiras foram fabricadas na França, Inglaterra e Espanha.
Em 1830, o médico Alban de Mecklenburg criou a semeadeira em linha. Sàmente nos
últimos decênios foi ela introduzida no uso comum economizando sementes e trabalho.
Foi aperfeiçoada pelos norte-americanos.

DEPÓSITOS DE CEREAIS
Trigo e cevada eram os principais produtos da agricultura que, desde tempos
imemoriais, floresceu no vale do Nilo. Por ocasião das colheitas fartas s egípcios
guardavam os cereais excedentes em grandes depósitos. Se a colheita era fraca por
causa da sêca, pu em virtude do flagelo dos gafanhotos, ficavam muito satisfeitos com o
que haviam guardado, pois assim se livravam da fome. Já a Bíblia nos narra episódios
dêsse tipo: lembremo-nos do sonho de José, dos sete anos gordos e dos sete anos
magros. Ainda na época de Roma, o Egito tinha o nome de Celeiro de Cereais, pois
exportava muitos para outros países. Os antigos egípcios possuíam um sistema de
irrigação excelente para a sua época, com reprêsas, açudes e extensa rêde de canais.
Hoje, os canais, que atravessam grandes extensões de terra, provêm da imensa reprêsa
de Assuã, que é uma maravilha da técnica moderna. Ela possibilita a irrigação regular
por ocasião das sêcas.

SILOS DE CEREAIS, IMPORTANTE CELEIRO


Sabemos que os velhos egípcios possuíam grandes silos de cereais, nos quais
guardavam o trigo para os tempos de penÚria (ver a gravura). Os hebreus e árabes logo
após as colheitas faziam tulhas subterrâneas, no próprio campo, para guardar os cereais
trilhados e debulhados. Êste método de armazenar era vantajoso, especialmente para os
povos nômades, pois evitava a necessidade de transportar consigo os cereais e &es se
conservavam escondidos dos inimigos durante muito tempo.
Até o século XIX, os húngaros também possuíam silos no subsolo. As paredes dessas
“tulhas de trigo”, bem preparadas, eram queimadas à maneira de tijolos, antes de serem
enchidos OS silos,.
Sômente em 1846 é que apareceram as instalações modernas de silos na América. São
recipientes gigantescos, como a clarabóia duma mina, que, com o auxílio de elevadores
e cabos de aço, são abastecidos pela parte superior.
Esvazia-se o silo por uma abertura afunilada existente em
sua parte inferior.

NAVIOS MERCANTES CRUZAM OS


MARES
Já os antigos egipcios mantinham relações comerciais com outros paises, de cujos
produtos necessitassem Procuravam obtê-los por meio de troca de mercadorias. Já três
mil anos antes de Cristo, navios a remo e a vela dos egípcios iam até à Síria, de onde
traziam cedro do Líbano. Incenso e mirra eram trazidos do país do incenso, o Ponto,
localizado nas costas da Somália. O rei Necho procurou, por volta de 600 a.
entrar em relações com a Síria, e iniciou a construção de um canal que ligasse o Nio ao
Mar Vermelho. Dano, soberano que existiu depois, fêz completar êsse canal para
objetivos comerciais, e iniciou com a Síria e as ilhas do Mar Egeu movimentado
comércio. Ricamente carregados de metais e produtos agrícolas, os navios egípcios
cruzavam o Mar Vermelho para trocar tais mercadorias na Arábia, por óleo de oliva,
pano de sêda e especiarias. Foi o comêço de uma fase de intenso comércio.

A CULTURA DE PlANTAS ÚTEIS ESTRANGEIRAS


Também a horticultura interessava muito aos antigos egípcios. Muitas plantas úteis e
decorativas, muitas vêzes importadas de terras longínquas, foram por êles conhecidas.
Há já mais de três milênios os egípcios entendiam bastante de pomicultura. As frutas
provinham, em sua maioria, de terras estrangeiras, com as quais os egípcios trocavam
mercadorias. Dêsse modo, por meio do comércio, outros povos também chegaram a
conhecer frutas e plantas de países distantes. Mais tarde, também, plantaram-se em
terras estrangeiras diferentes espécies de frutas. As peras e os pêssegos provêm da
China, as ameixas da Turquia, e a maçã da Ásia Ocidental. Entre outras coisas, os
negociantes levaram também plantas úteis para serem plantadas em terras com climas
semelhantes aos de seu país de origem. E assim elas se desenvolviam magnificamente.
Bons exemplos são ainda os casos da banana, do algodão, do café, dos cereais, da batata
e do açúcar.

HIERÓGLIFOS, ESCRITA SIMBÓLICA DOS EGÍPCIOS


A escrita merece ser citada em primeiro lugar dentre os inumeráveis bens culturais da
humanidade, pois representa a base e premissa para o variegado desenvolvimento
espiritual do homem. Os antigos egípcios, que tinham um padrão cultural bem elevado,
possuíam, já há 6 000 anos, uma escrita simbólica bastante desenvolvida. Anotações da
mais variada espécie ou eram esculpidas em pedra ou escritas em rolos de papiro. Foi
através dêstes escritos que se teve notícia dos feitos e da cultura dos antigos egípcios e
de outros povos. Durante longo tempo, porém, zombou dos esforços dos sábios a
decifração dos. hieróglifos, que se compõem de simbolos figurados e letras. Coube ao
francês Champoilion, depois de prolongados estudos, decifrar, em 1822, o mistério.
Esta descoberta foi da maior relevância para a ciência, pois permitiu uma avaliação mais
exata da vida e atividade de um povo civilizado antigo cujas obras ainda hoje nos
causam admiração.

COLHEITA DO PAPIRO
A planta da qual se fêz pela primeira vez uma espécie de papel para escrever é o papiro.
Crescia ela em estado nativo e em grandes quantidades nas imediações da foz do rio
Nilo, mas hoje desapareceu dessa região. Já por volta do ano 3000
a. C., os egípcios utilizavam a polpa do papiro, depois de comprimida e preparada,
como papel. Com tinta indelével, feita de fuligem, e um talo de junco cortado (mais
tarde, com penas de bambu), foram escritas obras literárias das mais diversas espécies,
bem como documentos e cartas. Os mortos m acompanhados aos túmulos pelos
chamados “livros dos mortos”. Eram rolos de papiro com textos e gravuras que nos dão
notícia da cultura e da sabedoria daqueles tempos. Que progresso não representava essa
esèrita em papiro, em relação à penosa gravação dos hieróglifos na pedra! Os rolos de
papiro com escritos podiam ter muitos metros de comprimento. Fei encontrado um, de
cêrca de 40 metros, preparado na época de Ramsés III.

ESCULTORES E OURIVES
Com perfeita capacidade técnica, cinzelavam os escultores egípcios as suas estátuas de
granito, diorito, pedra calcária e outros materiais. Dava-se grande valor à representação
exata dos traços característicos do rosto. As formas do corpo, foram, porém, tratadas de
modo esquemático. Primitivamente, as estátuas eram feitas apenas para os túmulos.
Sõmente mais tarde, estátuas em tamanho natural passaram a ser colocadas nos templos,
ou diante dos portais de entrada das pirâmides. Também ourives e artistas de metais
diversos foram hábeis no seu trabalho, e emprestaram a suas obras formas de beleza
clássica. Os ourives criavam jóias de ouro e de prata, finamente cinzeladas, assim como
baixelas finamente trabalhadas. Introduziam pedras preciosas em anéis valiosíssimos,
talhavam gemas e as esculpiam em forma de escaravelho. Nas escavações, têm-se
encontrado mesmo pequenas estátuas, inteiramente de ouro.

ESTÁTUAS GIGANTESCAS
Nossa gravura representa escultores do antigo Egito trabalhando numa estátua
gigantesca. Tais obras ornavam as galerias dos templos. Eram representações de
poderosos reis ou de deuses. Ainda hoje podemos admirar as estátuas enormes do rei
Amenófis III, os chamados “Colossos de Menmon”. Também a estátua gigantesca de
Ramsés 1, que se quebrou e rolou por terra, dá testemunho de sua antiga beleza e
grandiosidade. Tinha 17 metros de altura, cinzelada num muco bloco de granito
vermelho de mais de mil tone
A Esfinge, diante da pirâmide de Quéops, com 19 metros de altura, tem mais de 5 000
anos de idade. Foi trabalhada na rocha viva. A cabeça humana, sôbre o corpo do leão
em repouso, tem os traços do grande rei egípcio Quefren. Tôdas estas representações
dão prova da alta cultura e da capacidade de trabalho e produção dos egípcios, que nos
parecem quase sôbre-humanos. Mais tarde, gregos e romanos serviram-se dessas obras
de arte como fonte de inspiração.

DE UM SIMPLES ARBUSTO A TECIDOS FINOS


O historiador grego Heródoto menciona, já por volta de 450 a. C., a existência de
importante indústria de algodão no Egito; restos de tecidos finos de algodão descobertos
nos túmulos egípcios confirmam as suas declarações. O algodão egípcio, graças ao
comprimento das fibras, maciez e brilho semelhante ao da sêda, pode produzir finos
tecidos. Grata admiração é devida aos antigos povos cultos, chineses, hindus e egípcios,
que de um simples arbusto cultivaram uma planta para a tecelagem, cuja importância na
vida dos povos é agora enorme. Milhões de indivíduos hoje se ocupam em produzir e
industrializar o algodão. Os Estados Unidos lideram a sua produção. Segum-se as
Índias, a Rússia, a China e o Brasil.
Com uma área cultivada de cêrca de 2,7 milhões de hectares, o Brasil figura hoje em
quinto lugar na produção mundial dessa malvácea. O algodão é de origem indígena.
Hans Staden conta que os índios do litoral paulista comerciavam com os franceses, que
traziam em suas embarcações facas, machados, etc. e os indígenas lhes davam em troca
pau-brasil, algodão e outras mercadorias.
A ARTE DA FIAÇÃO E A TECELAGEM
A gravura nos mostra duas mulheres, que colocam o fio recém-fiado na dobadoura,
enquanto uma terceira vai tecendo. A arte da fiação e da tecelagem já estava
desenvolvida no Egito, por volta de 2 000 anos antes de Cristo. Nos túmulos antigos,
encontraram-se vestidos e cobertas de cama e mesa admiràvelmente tecidos. Tôdas as
múmias eram envolvidas em faixas de linho, de enorme comprimento. Naquela época,
também os sacerdotes usavam roupagens de linho. Nos tempos ma antigos, fabricavam-
se principalmente panos brancos e lis Mais tarde, passaram a ser freqüentemente
bordados a ouzo, ou com fios de púrpura, ou ainda estampados em padrões vstosos Os
antigos egípcios conheciam, não só o tear horizontal, originario da Ásia, como também
o tear de cadilhos, armado verticalinente, e que foi mais tarde utilizado pelos gregos e
pelos romanos. Através do comércio, já então bastante desenvolvido, muitas inovações
passavam de um para outro povo. É possível que se tenha assim difundido o tear
vertical.

PELES DE ANIMAIS SERVEM DE ODRES


Os odres, recipientes para transportar água, eram objetos indispensáveis aos assírios e a
outros povos do Oriente. Nos países de clima sêco, tinha-se muitas vêzes de ir buscar
muito longe a água, que era assim um bem precioso, a ser econômicamente utilizado.
Nós não compreendemos bem a significação da água, para êsses povos, porque para nós
ela existe em quantidade. Os assfrios não usavam vasilhames de barro, por causa de sua
fragilidade, mas peles de animais, costuradas em forma de odres e de sacos. O
movimentado comércio, através de extensas zonas pobres de água, sômente se podia
processar transportando-se com êsses odres a água indispensável aos homens e animais.
Quando se atravessava um rio a nado, enchiam-se com ar os odres vazios. Ainda hoje
são êles usados no Oriente.

A ARTE ANTIQÜÍSSIMA DE CURTIR


Foi sempre muito importante ao homem de tôdas as épocas a fabricação de mil coisas
úteis como sola, calçados, vestimentas, correias, arreios, etc., com o aproveitamento de
peles verdes de animais.
- Para tornar as peles imputrescíveis, muitos processos foram inventados. As peles eram
lavadas, postas de môlho e embrandecidas em leite de cal, limpas e raspadas com facas
chamadas raspadores e finalmente estendidas e esticadas. Eram depois raspadas em
ambos os lados, pois sõménte a parte central servia para fazer o couro prôpriamente dito
adequado ao uso. Os couros eram curtidos durante quase dois anos, empregando-se o
tanino ou o ácido tânico, extraído de várias plantas, especialmente da casca de carvalho,
da casca de pinheiro e de nozes de galha. Mas êstes processos antigos têm hoje a
concorrência de outros mais rápidos, que abreviam o tempo de curtimento a poucas
semanas.
No curtume de peles finas, o alume e solução de sal de
cozinha tornam as peles imputrescíveis, obtendo-se desta forma peles macias e brancas.

OS FENÍCIOS NAVEGAM OS MARES


Esse ousado povo de navegadores habitava, na Antiguidade, a fértil Fenícia, nas fraldas
do monte Líbano, onde está a Síria atual. Já por volta do ano 1000 antes de Cristo,
empreendiam as frotas comerciais lenícias longas viagens pelo mar. Os fenícios
fundaram numerosas colônias comerciais nas costas do Mediterrâneo, especialmente em
Chipre, no Sul da Espanha e no Norte da África. Sendo os mais hábeis navegantes
daquele tempo, alcançaram mesmo os Açôres. O seu amplo comércio de trocas
estabeleceu ligações entre outros povos altamente desenvolvidos. Seus navios
transportavam, através dos mares, alimentos, tecidos, objetos metálicos, plantas úteis e
ornamentais, e também valores espirituais. Os gregos conheceram as culturas da Ásia
Menor através dos fenícios e, mais tarde, continuaram as amplas relações comerciais
por êstes iniciadas. O comércio marítimo, tão importante desde aquêle tempo, deve o
seu nascimento ao corajoso e resoluto povo fenício.

INSTRUMENTOS DE MEDIR O TEMPO:


RELÓGIOS DE SOL E DE ÁGUA
A possibilidade de medir-se o tempo preocupou sempre a inteligência do hmem, -e o
relógio representa uma de suas invenções mais importantes. Os chineses empregaram,
principalmente, o relógio de sol (1100 a. C.). Era êle constituído por uma haste vertical,
ou por uma pedra, cuja sombra se projetava de modo sempre igual, em cada época do
ano e a cada hora do dia. Vieram daí os modernos relógios de sol. Os assírios já
empregavam, em 640 a. C. (gravura), relógios de água, nos quais o líquido gotejava por
uma abertura existente no fundo de um pequeno recipiente cilíndrico. Apregoadores
avisavam tôda vez que se esvaziava o recipiente, o que acontecia seis vêzes por dIa. Ao
nascer do sol, êle era cheio pela primeira vez. Relógios de água foram também usados
nos acampamentos militares para determinar o tempo das rondas noturnas. Os romanos
possuíam relógios de água, nos quais se afixava um calendário. O papa Paulo 1
presenteou o rei dos francos, Pepino, o Breve, com um relógio de água que acionava um
despertador.

TEMPLOS GREGOS
Em suas linhas nobres, o templo grego resume tôda a beleza da antiga arquitetura. Seu
estilo próprio e harmônico originou-se do refinado espírito dos antigos gregos dos
séculos VII a IV a. C. As madeiras primitivas e os tijolos de argila, secados ao ar,
serviam de material de construção. Durante o período do apogeu, o mais fino mármore
foi preferido. Cenas cheias de movimento, do mundo dos deuses e das lendas, obras-
primas esculpidas em pedra, adornavam o frontispício dos templos, sôbre imensas filas
de colunas. As colunas da antiga arquitetura grega eram divididas em três categorias, de
acôrdo com a sua forma. A coluna dórica (estilo dórico) provinha da arquitetura da
Grécia coutinçntal; a jônia (estilo jônico) era a usada nos edifícios das colônias gregas
da costa da Ásia Menor, e a coríntia (estilo coríntio) originou-se, por
volta de 400 a. C., no istmo de Corinto.

O COMÉRCIO CRIA A RIQUEZA DA GRÉCIA


Depois da subjugação dos fenícios, os gregos tomaram para si o comércio fenício, já
bastante desenvolvido, e levaram-no a progresso ainda maior. Navios mercantes gregos
navegavam o mar Negro, visitavam a Ásia Menor e percorriam as costas do
Mediterrâneo. Já por volta de 600 a. C., fundavam-se as colônias gregas da Ásia Menor,
no mar Negro. Foram os gregos que, na embocadura do Ródano, fizeram as primeiras
construções de Massília, hoje a cidade de Marselha, na França; colônias gregas
nasceram igualmente em Rodes, Corinto, Egina e Sicília, na Gália, na Sardenha, na
Córsega, no Norte da África e na Espanha. Intenso comércio desenvolveu-se entre a
metrópole e as colônias. A troca de mercadorias era grande e variada. Os povos que
mantinham relações comerciais com os gregos conheceram frutos, cereais, tecidos e
utensílios de terras distantes. É assim que se encontraram conchas de mariscos de
Kauni, do Oceano Índico, na Pomerânia; e corais vermelhos em certas partes da Suíça.

POMBOS-CORREIOS, OS MAIS VELOZES


MENSAGEIROS
Como meio de transporte de notícias, o pombo-correio já era empregado entre os
antigos chineses e egípcios. No século V a. C., os gregos, por meio de pombos-correios,
difundiam em poucas horas, por todo o país, os nomes dos vencedores dos jogos
olímpicos. Os romanos organizaram, no tempo de César, um serviço de notícias por
meio de pombos-correios. Na Idade Média, os velozes animaizinhos, buscando seu lar,
transportavam correspondência de castelo para castelo. Prestaram também aos sitiados
de todos os tempos, valiosos serviços. Assim foi ainda em Paris, em 1870. Os pombos
voam guiados pelo seu instinto do lar, sempre em direção a êste, mesmo com chuva ou
tempestade. Essa propriedade já era utilizada nos tempos mais antigos, para o transporte
de mensagens. Hoje, as notícias a enviar são reduzidas a microfotografias, fechadas
num cano de pena prêso à cauda do pombo, ou em um anel de borracha ou de alumínio,
que é amarrado na perna da ave.

MULHER GREGA AO TEAR


As mulheres da Grécia antiga, ricas e pobres, dedicavamse à fiação e à tecelagem.
Homero, o maior poeta da Grécia antiga, que viveu no século IX a. C., deixou-nos a
bela lenda de Penélope, espôsa de Ulisses, que, sendo requestada por pretendentes
durante as viagens de seu marido, manteve-os a distância, sob o pretexto de que
precisava primeiro tecer o manto funerário de Laertes, seu sogro. À noite desmanchava
o que produzira durante o dia. Já nos tempos mais antigos os gregos conheciam o tear;
os panos grosseiros eram feitos em teares verticais, e os linhos e sêdas, em teares com
corrente em posição horizontal. A tecelagem na Antiguidade não era, porém, apenas
caseira, já era feita, também, em fábricas. Os tecidos gregos, por sua qualidade e beleza
de padrões em côres maravilhosas, eram famosos e cobiçados em tôda parte.

O USO DE CALÇADOS
Náufragos, que durante muitos anos levaram uma vida semelhante à de Robinson
Crusoe, contam que conseguiam, pouco a pouco, fabricar os objetos e utensilios mais
necessários. Não conseguiram, no entanto, fazer bons calçados. A fôrça feiticeira que
era atribuída ao calçado, podemos conhecê-la através de muitas lendas e fábulas (A
Gata Borralheira, O Gato de Botas, O Pequeno Polegar, os costumes da festa de S.
Nicolau).
Considerava-se o calçado sinal de dignidade e de poder.
Antigamente o calçado consistia em simples peles amarradas aos pés.
Os gregos e romanos usavam sandálias. (A gravura nos
mostra uma senhora grega com o sapateiro).
Com o decorrer do tempo, a sandália na fabricação manual,
caseira, evoluiu para o sapato.
Em 1790 foi montada a primeira máquina para costurar
sapatos. No ano de 1810 passou-se a usar pregos de metal
para fixar a sola, e, em 1839, tornos.
Hoje, o calçado é fabricado principalmente a máquina. O papel do operário limita-se à
vigilância destas, ou a dirigir seus movimentos, na execução do corte, curvatura,
costura, montagem, etc.

PINTORES DE CERÂMICA
A Grécia antiga produziu grande variedade de vasilhame de barro, de formas muito
elegantes: xícaras, garrafinhas delgadas, ânforas. As oficinas de cerâmica, que
trabalhavam também para exportação, formavam todo um bairro de Atenas.
Encontraram-se grandes quantidades dos melhores vasos gregos nos túmulos etruscos
da Baixa Itália e no Sul da Rússia. Às vêzes os vasos eram cobertos apenas por uma
camada de esmalte, que, ao queimar-se, tornava-se vermelho, marrom escuro ou prêto
brilhante. Na maioria, porém, eram pintados, com motivos de lendas de deuses e heróis,
ou com representações alusivas aos acontecimentos da época. As vasilhas encontradas
narram-nos, muito mais minuciosamente do que a transmissão oral, o que foi a vida dos
antigos gregos. Através dêstes desenhos, recebemos uma imagem completa de sua
elevada cultura. Ao mesmo tempo, os desenhos dos vasos, belos na forma, dão-nos
conta da grande capacidade artística dêsse povo.

A ARTE
DE ESCREVER FAZ PROGRESSOS
Da antiga escrita de figuras, usada pelos chineses e egípcios, originaram-se as escritas
de palavras e sflabas. Os fenícios formaram, com diversas consoantes, uma escrita de
sílabas. Ésse alfabeto fenício tornou-se o ponto de partida de quase tôdas as escritas dos
povos cultos modernos. Os gregos receberam-no também dos fenícios, e o completaram
pelo acréscimo das vogais. A escrita grega tornou-se, por isso, o modêlo para o
desenvolvimento das formas européias de escrita. A denominação alfabeto deriva dos
nomes dos dois primeiros sinais da coleção de letras gregas, Alfa e Beta. Por isso, as
duas primeiras letras de nosso alfabeto são chamadas A e B. A trânsmissão da arte da
escrita é clara demonstração de quanto uns povos devem aos outros, e como se podem
desenvolver, com êsse auxilio mútuo, em relações pacíficas. A escrita é especialmente
apropriada para manter essas relações de paz, e para conduzir os povos a níveis de
progresso cada vez maiores.

A RETÓRICA
Nossa gravura representa o orador e estadista grego Demóstenes (384-322 a. C.) durante
um de seus inflamados discursos. A oratória (retórica) era, na Antiguidade, zelosamente
cultivada, pois a palavra era uma arma importante nas lutas políticas. Ainda não havia
jornais; a palavra era o melhor meio de se influir sôbre o povo. Existiam inúmeras obras
que ensinavam a eloqüência; os jovens gregos preparavam-se para oradores com
professôres de oratória. Estadistas, políticos e chefes militares da Antiguidade
aprendiam esta arte. Os primeiros professôres de oratória foram os “sábios” (sofistas).
Aristóteles (o verdadeiro fundádor da retórica como ciência), Cícero e Quintiiano
escreveram minuciosas obras didáticas a respeito. Os alunos dêsses mestres da
eloqüência aprendiam a maneira de apresentar os fatos aos ouvintes, de modo claro e
incisivo; pois o objetivo da eloqüência é convencer os de opinião contrária e conquistar
adeptos.
MÚSICOS GREGOS
Os antigos gregos tinham o ouvido educado para o ritmo e a melodia. Seus instrumentos
prediletos eram a lira (gravura), a cítara e a flauta de Aulos, dos quais extraíam
melodias em uníssono, geralmente acompanhadas de canto. Do século II a. C. ficaram-
nos alguns estudos para cítara (instrumento semelhante à lira), além de trechos de três
hinos, que foram gravados na câmara do tesouro ateniense, em Delfis. Do século V a. C.
resta-nos apenas pequeno fragmento de uma tragédia musicada. Essas descobertas
fizeram saber que os gregos foram o primeiro povo em que a música se desenvolveu
como verdadeira arte. Ela não servia apenas para distração. Devia também ser nobre e
bela e dar felicidade aos homens. Por volta de 600 a. C. surgiu pela primeira vez uma
escrita de notas a qual, porém, posteriormente, não pôde ser interpretada. Os monges do
convento de St. Gailen (Suíça) usavam no século IX uma notação, que foi mais tarde
aperfeiçoada.

A PÁTRIA DA REPRESENTAÇÃO TEATRAL


A pátria do teatro é a antiga Hélade. O teatro era prirni
tivameute apenas uma área circular (a orquestra), sôbre a
qual se representava, e em tôrno da qual se localizavam os
espectadores. Pouco a pouco, porém, o espaço dos espectadores
(o tiieatron) foi sendo separado do local das representações.
Ëste ficava, geralmente, ao pé de uma colina, a fim de que
isteutes pudessem olhar do alto para a orquestra. Inicial-
ite apenas um ator sustentava diálogos com o côro; mais
tarde passaram a ser diversos os artistas. Usavam máscaras
mcgafones. Os papéis femininos eram representados por
hmnem, que usavam máscaras e vestimentaS apropriadas. No
coner do século IV a. C. surgiram teatros ao ar livre, feitos
de pedra, em várias cidades. O de Atenas comportava 14000
pessoas; o de Megalópolis, 20 000. O teatro grego alcançou o
seu apogeu no século IV a. C. Ésquilo, Sófocles e Eurípedes
foram dramaturgos famosos dessa época.

FILÓSOFOS GREGOS
Quase tôdas as grandes indagações da filosofia (que, etimolàgicamente, significa amor à
sabedoria) foram expostas por pensadores gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles, por
exemplo) que tentaram resolvê-las. O mistério da existência do mundo e do homem já
agitava naquela época os filósofos gregos. Tratavam, em diversas escolas, dos mais
variados problemas filosóficos. Muitos mestres de filosofia saíram dessas escolas. Seus
ensinamentos influenciam até hoje o nosso pensamento. O fundador da filosofia clássica
foi Sócrates, um dos mais eminentes sábios da Antiguidade (470-399 a. C.). Èle
procurava jovens de talento para produzir, através de seus ensinamentos, homens de
caráter forte. Sócrates ensinava por meio de perguntas hàbilmente formuladas. Êsse
método é valioso ainda hoje. Os ensinamentos de Sócrates, cuja primeira exigência era
“conhece-te a ti mèsmo”, exerceram grande influência em todos os tempos.

AS FÁBULAS DE ESOPO
Quem não conhece as fábulas de Esopo, narrativas cheias de significação? Foram
escritas no século VI a. C. na Grécia e, ao que se diz, na prisão, por Esopo, um escravo
corcunda da Ásia Menor. Surgiu assim uma nova espécie de poesia, éxtraída do íntimo
da alma popular. Esopo empresta voz e inteligência aos animais e faz das ações dêstes
um espelho dos defeitos dos homens. As fábulas, graças à sua simplicidade e riqueza de
idéias, passaram de povo para povo e foram mais tarde traduzidas para todos os
idiomas. Nas literaturas modernas, La Fontaine contou as fábulas de Esopo com espírito
e graça, e Lessing, de maneira mais sintética. Coube exatamente a êsses dois poetas
apresentar muito bem e de forma divertida e popular, os ensinamentos que existem no
fundo de tôdas as fábulas. Algumas das fábulas de Esopo mais conhecidas chamam-se
“O lôbo e o cordeiro”, “O corvo e a rapôsa”, “O leão e o camundongo” e “A rapôsa e as
uvas”.

SÓLON DITA AS SUAS LEIS


Já os antigos gregos compreendiam o enorme valor das boas leis. Sólon, que viveu de
640 a 560 a. C., regulou o direito ateniense com grande sabedoria. Em versos
persuasivos, exortava o povo à compreensão e à justiça. Sólon aliviou as grandes
dificuldades dos pobres com leis novas e democráticas, que influenciaram mais tarde o
direito romano e mesmo o direito atual. Por volta de 880 a. C., Licurgo havia aplainado
contendas nascidas por causa de duas dinastias espartanas, mas, em seguida, deu a seu
povo leis excessivamente severas. Os cidadãos não pertenciam mais a si mesmos e, sim,
ao Estado; eram educados para a guerra através de rígida disciplina e fortalecimento; a
indústria, o comércio, a navegação, a arte e a ciência eram desprezados. Esparta pôde
dominar fàcilmente os povos vizinhos, mas sua fôrça, fundada num poder brutal,
aniquilou-se e- tornou-se inglória, enquanto a alta cultura de Atenas ficou como
exemplo brilhante para tôdas as idades.

O HOMEM TORNA-SE CRIADOR


DE ABELHAS
Entre os desenhos encontrados em cavernas da Espanha, deixados por homens da Idade
-da Pedra, encontra-se a representação de uma colhedora de mel. No tôpo de um tronco,
aí se vê uma corajosa mulher, que furta das abelhas agitadas os favos pôr elas
cuidadosamente preparados numa pequena cavidade. Com o tempo, porém, o homem
provou ser mais inteligente que o urso, que também gosta de mel. Observou que as
colmeias atacadas ficavam vazias no ano seguinte. Em vez de deixar morrer as abelhas,
no cam’ço e
ai eias junto à própria moradia humana. Isso exigiu exata observação da vida das
abelhas. O homem reuniu enxames e lhes preparou habitação em uma espécie de barril.
Não será inexato dizer que a abelha é o mais antigo dos animais domésticos. O mel
representou para o homem maravilhoso manjar dos deuses. Na Antiguidade, foi a única
substância adoçante que êle conheceu.

FONTES MINERAIS NA IDADE DO BRONZE


O estudo de aldeamentos lacustres tem provado que os homens de remotos tempos
sabiam muito mais coisas do que a princípio supúnhamos. Aquêles. nossos
antepassados, que domesticavam animais, e escolhiam para cultivo as plantas mais
apropriadas, conheciam, também, certamente, as melhores plantas medicinais e seu
emprêgo. Em 1907, descobriu-se que não ignoravam até os efeitos salutares das águas
minerais. Quando se reformou a fonte Mauritius, de água ferruginosa, em St. Moritz,
encontrou-se um velhíssimo conduto, feito de grandes troncos escavados. Ferramentas
de bronze, que apareciam, conjuntamente, demonstravam que essa obra havia sido
executada por volta do ano de 1200, antes de Cristo. Há mais de 3 000 anos, portanto,
conhecia-se, para o bem de tôdas as gerações, o efeito salutar de certas fontes. Muitas
fontes minerais dos romanos foram, por certo, anteriormente usadas por povos mais
antigos que êles.

POVO PRIMITIVO FORJA A PRIMEIRA TESOURA


A tesoura, invenção dos fins da Idade do Ferro, foi encontrada pela primeira- vez entre
os helvécios, antepassados celtas dos suíços. Uma tesoura primitiva de ferro já estava
também entre os achados de La Têne, pequeno estabelecimento celta junto à atual
Marin, nas margens do lago de Neuenburg. A tesoura facilitou o corte das peles, fios e
tecidos. Foi também utilizada para a tosquia de carneiros, cuja lã era anteriormente
obtida por arrancamento. Por volta de 300 a.
a tesoura foi conhecida pelos romanos. Antigamente êsse instrumento tão útil, que hoje
não podemos dispensar, tinha uma aparência muito simples: duas lâminas, com os
cortes
-colocados um defronte ao outro, ligadas entre si por um arco de mola. Essa forma
permaneceu como a mais usual até o século XVI. Além dessa, existia a tesoura de dois
braços, com charneira, e abertura para os dedos. Diversas são hoje as mo
-dalidades de tesouras, a cuja descoberta nem sempre se dá o devido valor.

O PARAFUSO, IMPORTANTE INVENÇÃO TÉCNICA


O parafuso faz parte das conquistas mais importantes e tem prestado à humanidade,
desde há muitos séculos, serviços
inestimáveis.
Seu genial inventor é desconhecido. Sabemos que o parafuso não era usado ainda no
antigo Egito. Na idade de bronze servia únicamente de enfeite, especialmente em
colares.
O físico grego Heron já o conhecia no ano 110 da nossa era, bem como sua respectiva
porca. Esta, no entanto, não possuía ainda a rôsca, que depois veio a ter no lado interno,
mas usava-se um pino, que passava pelo parafuso e com o qual se obtinha o efeito da
rôsca.
Os romanos usavam parafusos em prensas de óleo, de vinho e de panos, como podemos
observar na gravura.
Antigamente faziam-se os filêtes da rôsca no tôrno mecânico, límando ou cortando.
Desde 1500 usa-se a tarraxa de palmatória para a preparação de parafusos e o macho de
tarraxa para as porcas.
A primeira máquina para fazer paraf usos pequenos foi inventada em 1806.

ARTE ETRUSCA
Os etruscos dominaram a Itália Central antes dos romanos. À semelhança do que
haviam feito os gregos e do que fariam posteriormente os romanos, muito colaboraram
para o desenvolvimento cultural dos povos do Ocidente. O florescimento da arte etrusca
produziu-se entre os anos de 800 e 400 a. C. É dêsse tempo a maioria das belas pinturas
murais, das obras de escultura e dos magníficos bronzes fundidos. Os etruscos eram
excelentes artistas. Pintavam de preferência cenas sombrias onde eram reproduzidos os
terrores da morte e do inferno. Existem, porém, ao lado dessas, pinturas de cerimônias
alegres e de jogos festivos, feitos com bastante propriedade e correção. Também em
outros terrenos demonstraram muitas vêzes os etruscos sua grande capacidade. Belos
trabalhos em ouro e prata e importantes realizações técnicas como a construção de
abóbadas de pedra e de boas estradas são devidas a êsse povo. Também chegaram até
nós escritos etruscos.

AQUEDUTOS
A gravura representa uma gigantesca construção romana, sob a forma de ponte lançada
sôbre vales e rios. Estende-se sôbre ela um canal coberto de pedras, pelo qual a água
potável corre da fonte, nas montanhas, para a cidade. Os romanos davam a êsses
condutores de água o nome de aquae ductus (condutor de águas), originando-se daí a
denominaçãà de aqueduto. O primeiro aqueduto foi construído no ano de 305 a. C., para
servir à cidade de Roma. A partir dessa data surgiram aquedutos, alguns dos quais com
parte enterrada, em todos os lugares onde houvesse uma cidade romana. Muitos dêles
tinham mais de cem quilômetros de extensão. Traziam água de montanhas situadas a
distâncias muito grandes, passando por vales, desfiladeiros e precipícios. Essas
grandiosas construções, para as quais, muitas vêzes, enormes pedras tinham de ser
transportadas de longe, existem ainda em parte, e servem, como há quase dois mil anos,
para o abastecimento de água. Os aquedutos são testemunhas eloqüentes da alta
importância que já os antigos romanos davam à higiene pública.

SINAIS COM FACHOS, OS PRECURSORES


DO TELÉGRAFO
O exemph mais célebre de notícia transmitida por meio
de sinais de fogo é o da propalação da queda de Tróia (1184 A.C.). A notícia da vitória,
conquistada na Ásia Menor, chegou naquela mesma noite à cidade de Argos, na Grécia,
a 555 quilômetros de distância. Ela foi transmitida, através de terras e mares, graças a
estações de sinais luminosos. Já em 150 a. C., conheciam os gregos um sistema de
difusão de notícias por meio de fachos, com o qual transmitiam, de estação para estação,
frases inteiras a grandes distâncias. Ésse sistema pode ser considerado como um dos
precursores da moderna telegrafia. Também os romanos possuíam um aperfeiçoado
serviço de difusão de notícias. Roma era ligada a tôdas as províncias por uma cadeia de
tôrres de sinalização, pelas quais, graças ao telégrafo de fachos, se transmitiam tôdas as
notícias. No século XV, surgiram nos Alpes os “guarda-picos”. Sendo preciso rechaçar
algum inimigo que houvesse invadido o país, davam os “guarda-picos” sinal de alarma
que passava, em poucas horas, de pico para pico.

A GRANDE RÉDE DE ESTRADAS DO IMPÉRIO ROMANO


Muito antes dos romanos, já os chineses, hindus, fenícios, assírios, persas, gregos e
etruscos haviam construído estradas para objetivos militares e comerciais. Mas foram
.os romanos os primeiros a construir verdadeiras obras-primas nesta matéria, autênticas
vias de tráfico. Essas estradas possibilitaram o domínio militar do vasto império e,
paralelamente, intensa troca de mercadorias com as regiões mais afastadas. De Roma
partiam cinco estradas principais para todos os países do império mundial: por sôbre os
Alpes para o Mar do Norte, para a Escócia, para a África longínqua e ardente, para a
Espanha, para Bizâncio e para a Mesopotâmia. Por volta do ano 100 a. C., ao tempo do
imperador Traj ano, a extensão das estradas romanas elevava-se a 80 000 quilômetros,
isto é, duas vêzes a circunferência da Terra. A mais famosa delas era a Via Ápia, que
tinha 540 quilômetros de comprimento, 8 metros de largura e ótimo calçamento de
pedras de lava. Nas regiões pantanosas os romanos construíam caminhos suspensos,
montados em plataformas de madeira.

A INSTRUÇÃO NA ROMA ANTIGA


A gravura representa dois estudantes que lêem em rolos de papiro, enquanto outro, à
esquerda, carrega tabuinhas de madeira cobertas de cêra. Era sôbre essas tabuinhas de
cêra que se faziam os exercícios de escrita e de cálculo. Muitos romanos, mesmo em
tempos anteriores ao Cristianismo, sabiam ler e escrever. As crianças de níveis sociais
mais elevados eram, além disso, instruídas nos diversos ramos da ciência, bem como na
arte da õratória. Os filhos dos escravos, à parte da escola, eram preparados para as
profissões industriais e técnicas. A instrução era ministrada em escolas privadas, ou por
professôres particulares. Mais tarde, o Estado chamou a si a educação: passou a formar
professôres e a remunerá-los.
O Estado Romano concedia privilégios especiais às escolas superiores. Durante a
Invasão dos Bárbaros (375 a 444 d. C.), desfez-se a organização escolar em tôda a
Europa. Coube mais tarde aos conventos reorganizar a instrução.

A CÓPIA DOS MANUSCRITOS


Enquanto os romanos -escreviam cartas e avisos em tabuinhas de madeira revestidas de
céra, para livros e escritas mais longas usavam fôlhas de papiro ou pergaminho,
preparado de peles de animais. Êles adquiriam as fôlhas de papiro do Egito em grande
quantidade. Ali, desde 3300 a. C., já conheciam a arte de preparar papel para escrever
com a medula de uma planta “Papirus”, muito conhecida antigamente no delta do rio
Nilo. (Daí o nome — papel). Até o ano 400 da nossa era, aproximadamente, todos os
documentos romanos eram guardados em rolos e sempre escritos a mão, pois a
imprensa só foi descoberta no século XV. Para multiplicar êstes textos, eram êles
ditados simultâneamente aos copistas — que em geral eram escravos.
Desta maneira foram feitas cópias infindas, que, vendidas em praça pública, renderam
muito dinheiro. Por isso as obras de Vergílio, Horácio, Ovídio, etc., eram bastante
conhecidas em tôda parte.

TERMAS LUXUOSAS
Já na Antiguidade se reconhecia que o banho é importante fator de saúde. O uso dos
banheiros desenvolveu-se especialmente entre os romanos, - onde cada nobre possuía o
seu, luxuosamente instalado Muito se apreciavam os banhos quentes. As banheiras eram
aquecidas por meio de um compartimento cheio de ar quente, que ficava por baixo
delas. Imperadores romanos (Nero, Vespasiano, Tito, Traj ano, Caracala e Diocleciano)
edificaram construções soberbas para termas, nas quais existiam banheiras para água
quente e fria, vestíbulos para repouso, bibliotecas e galerias para os espectadores. As
termas de Caracala tinham capacidade para 1 600 banhistas. As de Diocleciano, para 3
000. Assim como em Roma, surgiram casas de banho por todo o Império. Onde os
romanos encontravam fontes de águas minerais, ampliavam nas e construíam termas.
Numerosas são as estações de águas minerais hoje exploradas na Europa, bem como na
América. No Brasil, existem fontes de águas muito afamadas.
CÂNTAROS PARA ÓLEO E OUTRAS VASILHAS
Nos tempos antigos, a oliveira era árvore sagrada. Tinha para os povos orientais valor
muito grande. A oliveira, que cresce nas costas do Mediterrâneo e no Oriente Próximo,
produz a azeitona, de que se extrai óleo, ou azeite, condimento imprescindível na
alimentação cotidiana. O óleo de oliva oferecia outrora, pràticamente, o único recurso
para a conservação dos alimentos, e, assim, o de preparo de reservas para os períodos de
fome. Existiam nas adegas, parcialmente enterrados no solo, grandes cântaros para a
conservação de óleo e vasilhas para provisões e alimentos diversos (gravura). Tais
cântaros foram descobertos nas ruínas de Pompéia, bem como cm Outras localidades.
Ainda hoje, certos povos conservam peixes em barris abertos, sob uma camada de óleo
de oliva. A moderna indústria de conservas de peixe emprega êsse óleo em grande
quantidade. E, até hoje, as azeitonas representam alimento popular, muito estimado na
Europa Meridional e no Oriente.

DA VIDEIRA SELVAGEM À MODERNA VITICULTURA


Encontra-se a videira espalhada por largas regiões da Terra. Mas seu cultivo regular, ou
viticultura, só se tornou possívd onde os frutos amadurecessem por igual, o que
acontecia na Ásia Menor, na Síria, na Palêstina e no Egito. A Bíblia nos conta que Noé,
tronco da estirpe humana, plantou, depois do• dilúvio, a primeira parreira; outros
episódios bíblicos igualmente se referem muitas vêzes a parreiras e à viticultura.
Também os antigos egípcios eram excelentes viticultores e conhecedores de vinho. A
videira cultivada foi levada para a Grécia. Os heróis de Homero já conheciam tôdas as
virtudes do vinho. No século VI a. C., a videira foi introduzida pelos gregos em suas
colônias da Itália, da Espanha e de Massília (Marselha). Dêste último ponto, ela se
difundiu pela Gália (França), passando de lá para a Alemanha e a Suíça. Os antigos
romanos promoviam a viticultura em tôdas as suas províncias. No Brasil, a viticultura
acha-se muito desenvolvida em vários Estados do sul, principalmente no Rio Grande do
Sul e Santa Catarina.

A FABRICAÇÃO DE VIDRO
Obtém-se o vidro pela fusão de diversas substâncias, entre as quais a areia de quartzo e
potassa. A temperatura de fusão é de cêrca de 1 8000 C. A primeira prova da fabricação
do vidro foi encontrada entre os egípcios, já no ano de 2500 a.
C. Nos princípios da Era Cristã, inventou-se no Egito o “cachimbo” para soprar o vidro,
que facilitava a produção de vasilhas ôcas. Os romanos, que receberam a fabricação do
vidro dos egípcios, já sabiam, no século 1, fazer vidraças. Apesar de estas não
apresentarem transparência perfeita, melhoraram as condições das habitações. Os
romanos sabiam também produzir recipientes ocos (vasos e copos) art’isticamente
trabalhados. As desordens oriundas da Invasão dos Bárbaros destruíram a indústria
vidreira romana, que só muito mais tarde voltou a atingir o antigo nível.

AS CARAVANAS TRAÇAM CAMINHOS


Já nos tempos pré-históricos existia tráfico comercial entre os povos; mercadorias
estrangeiras viajavam de povo para povo. As sêdas chinesas e os adereços e pedras
preciosas la Índia eram muito negociados pelos romanos, entre os quais alcançavam alto
preço. As rotas das caravanas estabeleciam, há milhares de anos, na Ásia, o comércio
regular entre a China e os países do Mediterrânep, embora de maneira indireta: de país
para país. Os mercadores que pela primeira vez seguiram êsse caminho, cada vez mais
trilhado, não necessitavam menos coragem e perseverança do que os primeiros
navegantes, a fim de se aventurarem em longas viagens através dos desertos da Ásia
Central. O cavalo, o camelo e o dromedário eram os meios de transporte em terra.
Deve-se ao mercador veneziano Marco Pólo e a outros que a alta cultura do Oriente da
Ásia viesse a ser conhecida nos países do Ocidente. Na África, ainda hoje, o comércio
se desenvolve sôbre as rotas das caravanas que atravessam o cálido deserto do Saará.

FABRICANTES DE FOICES HÁ 2 000 ANOS


A gravura representa dois fabricantes de foices trabalhando na bigorna, fixada em um
bloco de madeira. Bigornas de bronze foram encontradas nas habitações lacustres de
Auvernier, no lago de Neuenburg e em Wollishofen, perto de Zurique. Uma delas é
ricamente ornamentada, e possui um dispositivo especial, para a fabricação de anéis.
Há, já, dois mil anos os antigos celtas usavam instrumentos de ferro parecidos com as
nossas foices. A foice parece ter provindo de um instrumento menor, usado pelos
homens da Idade da Pedra, que foram os primeiros agricultores. Na Dinamarca, foi
encontrada uma dessas foicinhas, cuja lâmina era feita de sílex. Tem a idade
aproximada de 5 500 anos. Êsse instrumento é dos testemunhos mais antigos e
importantes da cultura pré-histórica. A foice é, ainda hoje, na mesma forma prática de
antanho, um dos utensílios mais usados na agri. cultura.

OS ANTIGOS CELTAS INVENTAM O BARRIL


Na Antiguidade não se conheciam ainda os barris de madeira. Os líquidos eram
conservados em odres, ou em recipientes de barro, que chegavam a ter dois metros de
altura, por um de diâmetro. O romano Plínio escreveu, no ano 77 de nossa era: “Os
celtas da Gália, no sopé dos Alpes, guardam vinho em barris de madeira circundados
por anéis”. Êste modo de conservação, não usado em outra parte, foi logo imitado. Na
coluna de Traj ano, construída em Roma no ano de 114, vêem-se carros carregados de
barris. Na Idade Média, o barril não servia apenas para guardar líquidos, mas também
para acondicionamento das mercadorias, em geral. Pela grande resistência, e graças à
forma fàdilmente manejável, podendo ser rolado, prestava-se o barril especialmente
para a remessa de mercadorias a lugares distantes. Muitos dos barris que se vêem nas
gravuras antigas não continham vinho, e sim, sal, pólvora, livros ou outros objetos, que
devessem ser transportados.

OS CRISTÃOS REUNIAM-SE. EM CATACUMBAS


As catacumbas eram subterrâneos que serviam de cemitérios aos antigos cristãos. Ainda
hoje encontram-se catacumbas no Oriente (Alexandria), no Norte da África, em Nápoles
e em Siracusa. As mais famosas, porém, são as de Roma. Consistem em um vestíbulo
de onde partem muitas passagens, ramificadas à maneira de labirintos. Os túmulos são
escavados nas paredes. Na época da perseguição dos cristãos (séculos II a IV), as
catacumbas eram também o local de suas reuniões secretas, pois o Cristianismo era, por
êsse tempo, religião proibida. Seus partidários negavam-se a cultuar as divindades
romanas, e eram por isso perseguidos como inimigos do Estado. Muitos cristãos
sacrificaram a vida naqueles dias, em holocausto às suas crenças e à sua fé! Sõmente no
século IV é que o Cristianismo foi reconhecido como religião livre. A partir daí,
suplantou completamente as antigas religiões.
IDADE MÉDIA

Ciência árabe
Antiga entalhação chinesa
Uma nova planta útil: o chá
Marco Pólo e a conquista do Oriente
A invenção do sabão e a sua indústria
O florescimento do estilo arquite tônico romano
O sino no Oriente e no Ocidente Cânticos sacros Músicos Medievais Da história dos
antigos instrumentos musicais
Precursor dos Grupos Escolares
O homem domina a fôrça d’água
O vento impele navios e moinhos
A agricultura metódica
O linho e sua industrialização
A roda de fiar substitui a fiação manual
Do tear à máquina de tecer Como se coloriam os fios e os panos A habilidade dos
carpinteiros Maravilhosas obras de arte esculpidas em madeira
A escultura através dos tempos
O estilo gótico na arquitetura
Aperfeiçoamento dos abastecimentos de água
A primeira fabricação de papel
O apogeu do bordado manual
Os primeiros relógios de rodas
Animais de carga transportam mercadorias
Os carteiros A navegação fluvial, valioso recurso do comércio
Feiras de mercadorias, entrepostos comerciais
Do comércio de permutas ao paga-
mento com moedas
Os algarismos arábicos prestam relevantes serviços
A arte da pintura em vidro Aquecimento das habitações
Os estudos da zoologia As florestas cuidadas fertilizam os
campos
Máquinas de tecer meias
A enfermagem a serviço da humanidade
O preparo da lã em outros tempos
Preparação da manteiga e do queijo
Soprador de vidro, velho ofício - . -
Alquimistas, os pioneiros da qui
102 mica
O primeiro aproveitamento do car
104 vão
Peixes em salmoura, como alimen
to popular
Origem das casas de câmbio e dos
bancos
O reflorescimento do comércio
Ambiciosos comerciantes
Polé e guindaste, fôrças gigantescas
a serviço do homem Organizações operárias
Da gravura em madeira à gravura
em cobre
Arte popular revelada no ofício
O estilo da arte renascentista e o
trabalho artístico
Progresso no estudo da botânica
As primeiras Universidades
Os óculos — milagre da óptica - -
Grandes artistas na fabricação de
violinos
Da arte de cozinhar
O sal é indispensável na cozinha
O açúcar substitui o mel como ado
120 çante

CIÊNCIA ÁRABE
Os sábios árabes tinham conhecimentos muito variados e eram ativos como
pesquisadores e escritores nos mais diversos ramos da ciência. Alcançaram importantes
êxitos nos terrenos da matemática, da astrologia e da astronomia, da medicina, da
alquimia, da mineralogia, além de outros. Encontramos, ainda hoje, trabalhos a êsses
respeitos, que foram colecionados nas bibliotecas árabes, e conservados até nós. Por
volta de 150 anos antes de Maomé (nascido em 570), já possuíam os árabes variada
literatura de conteúdo extremamente rico. As letras árabes, que tanto influíram sôbre a
poesia dos países ocidentais, apresentaram inúmeras obras poéticas cheias de encanto.
Eram, geralmente, belas descrições da natureza, histórias de beduínos magnificamente
compostas, delicadas lendas e, a partir do século IX, contos maravilhosos. Quem não
conhece as interessantes histórias de Sindbad e Ali Babá, reunidas a muitas outras nas
“Mil e uma Noites”?

ANTIGA ENTALHAÇÃO CHINESA


A gravura acima representa um entalhador chinês em seu trabalho. Ële grava um
desenho num bloco de madeira, que servirá depois para imprimir sôbre papel ou
fazenda. Já por volta do ano 593 antes de Cristo, os chineses imprimiam quadros e
escritos, utilizando blocos assim entalhados. Essa arte tanto se desenvolveu que foi logo
possível a produção de matrizes para impressão a várias côres. Verdadeira predecessora
da imprensa, a impressão por meio de tábuas entalhadas alcançou a Europa nos
princípios do século XIII. Devemos a entalhação, como tantas outras artes, à cultura
milenar dos chineses. Foi o grande pintor Albrecht Dürer (147 1-1528), que levou ao
apogeu a entalhação na Alemanha. Mais tarde, sucedeu o mesmo com Holbein, o jovem
(1497-1543). Também o pintor e poeta de Berna, Niklaus Manuel, teve fama de hábil
desenhista para gravura em madeira.

UMA NOVA PLANTA ÜTIL: O CHÁ


Obtém-se o chá das fôlhas do arbusto do mesmo nome, quer pela fermentação lenta (chá
prêto), quer pelo aqueci. mento rápido depois da colheita (chá verde). No século VII
d. C. seu uso se tornou popular na China. A princípio comiam-se as fôlhas trituradas e
cozidas com arroz, gengibre, sal, especiarias e leite. No século VIII, os bonzos chineses
transplantaram o arbusto para o Japão. O chá só foi para a Europa no século XVI,
através de mercadores holandeses. O hábito de tomar chá fêz progressos lentos, pois a
nova bebida foi inicialmente considerada um luxo e sua importação altamente taxada. A
verdade, porém, é que o chá tem efetivamente uma ação refrigerante e estimulante que
não pode ser desprezada. É muito cultivado pelos russos o hábito de tomar chá. Seu uso
tornou-se costume nacional na Inglaterra e na Holanda. O chá é importante produto
comercial. As maiores culturas se encontram na China, Japão, Índia, Ceilão e Java.
Na América do Sul é consumida em larga escala a ervamate. Foram os índios guaranis
os primeiros a se utilizarem das fôlhas dêsse arbusto, mascando-as como estimulante em
suas longas caminhadas.

MARCO PÓLO E A CONQUISTA DO ORIENTE


No ano de 1295, três negociantes venezianos, depois de uma ausência de 24 anos,
voltaram, carregados de tesouros, à sua pátria. Eram os irmãos Mafeo e Nicolo Pólo e
Marco, filho do último. Éles tiveram a ousadia de investigar o lendário e imenso
Oriente. Marco Pólo, capturado em 1298 na luta naval contra os genuenses, aproveitou-
se dêsse descanso forçado de vários anos para ditar a um companheiro um minucioso
relato de suas viagens. Essa narrativa foi vertida para muitas línguas.
Pela primeira vez os povos europeus tiveram conhecimento
das enormes dimensões do continente asiático.
As descrições exatas de Marco Pólo sôbre o então Império Chinês, já bem desenvolvido
sob o domínio de Cublai Cã, e sôbre a Índia, país das maravilhas, deram grande impulso
às viagens de conquista do século XV.

A INVENÇÃO DO SABÃO E A SUA INDÜSTRIA


Poucos refletem sôbre o enorme progresso que a invenção do sabão representou para o
homem. Por isso é que houve espanto quando os índios americanos disseram que, de
tudo quanto lhes havia sido trazido pelõs brancos, o bem mais precioso fôra o sabão. Na
Antiguidade, corno meio de higiene empregava-se terra argilosa que contivesse calcário,
planta- sabão, cinza de madeira -e, principalmente, urina, que se deixava apodrecer para
produzir amoníaco. Os lavadores, na Roma antiga, tinham o privilégio da coleta da
urina. Sàrnente no século IV é que se inventou o sabão, utilizado a princípio
exdusivamente para lavagem dos cabelos. Carlos Magno f avoreceu aos que se
dedicassem ao ofício de produzir sabão. No século IX, desenvolveu-se em Marselha
uma importante indústria de sabão. Mas, ainda no século XIV, o sabão era empregado
apenas pelos abastados, para a higiene pessoal e lavagem dos tecidos mais finos. Só
depois quç Leblanc cõnseguiu obter soda cáustica do sal de cozinha (1792), e depois
que se veio a conhecer o processo de saponificação das gorduras, é que a fabricação do
sabão se tornou corrente.

O FLORESCIMENTO DO ESTILO ARQUITETÔNICO ROMANO


A gravura representa um claustro. Aí vemos de pilar a pilar, arcos redondos, que são
característkos da arquitetura romana. Por volta de 900 depois de Cristo, criou-se por
aperfeiçoamento de antigos estilos, o estilo romano, que predominou na Europa Central
até o ano de 1250, aproximadamente. Ésse estilo se desenvolveu nos magníficos
trabalhos da arquitetura do Império Romano. Muitos templos e conventos belíssimos,
assim como castelos e palácios grandiosos, foram construídos nesse estilo. As naves das
antigas basílicas eram cobertas por tetos pIanos. Depois, surgiram as abóbadas, e as
naves em cruz. As igrejas no estilo romano tinham algo de severo e imponente. Seus
interiores eram ornados por pinturas e baixos- relevos. O exterior dos templos era
também ricamentç trabalhado. Basta que nos lembremos das magníficas frontarias e
pórticos. Os maiores e os mais perfeitos monumentos da arquitetura romaria
representam-se em igrejas construídas na Lombardia (Itália) e ao longo do Reno
(Alemanha).

O SINO NO ORIENTE E NO OCIDENTE


Entre todos os povos dotados de cultura, o sino era muito conhecido como arauto de
alegrias e de tristezas. Já nos mais remotos tempos a fundição de sinos estava bem
desenvolvida em Babilônia, na Assíria e principalmente na China.
Em Roma usavam-se pequenos sinos de bronze nas portas das
casas e para anunciar reuniões públicas. O uso dos sinos entrou
nas igrejas cristãs no século VI, depois de Cristo.
Conforme o método técnico usado, o fabrico era diferente. Os sinos mais simples ou
consistiam de chapas de ferro curvadas e arrebitadas ou eram forjados. No entanto a
fundição de bronze (ver a gravura) usada até em nossos dias, exigia uma técnica de
extrema perfeição que passava de família a famfli
Grande celebridade conseguiram nos séculos XIV e XV
certas famílias de fundidores de sinos em Nürnberg, Augsburg
(Alemanha) e Wouw (Holanda).

CÂNTICOS SACROS
•No Egito, na Grécia e em Roma, na Antiguidade, já existia uma arte do canto, com
côro e solistas. Com a difusão do Cristianismo, nasceu uma nova cultura, proveniente
dos conventos. Ao lado das ciências, também o canto e a música foram cuidados pela
Igreja. O canto sacro, ou religioso, permaneceu, até o século IX, com uma única voz.
No século V foi funXada em Roma uma escola de canto, depois seguida, no século
VIII,. por outras, em Metz e St. Gallen. A última foi particularmente famosa, e a ela
acorriam muitos alunos. Durante a Idade Média, anexa a cada matriz, era erigida urna
escola de canto, onde se cuidava predominantemente dos cantos litúrgicos. Em 1025, o
monge italiano Güido d’Arezzo inventou a escrita das notas, criando os alicerces sôbre
os quais pôde ser desenvolvida a arte musical, tal como hoje a conhecemos.

MÚSICOS MEDIEVAIS
Os instrumentos musicais representados na gravura são o timbale, o saltério e a viola.
Na Idade Média eram também conhecidos a guitarra, a flauta pastoril, a trombeta, o
triângulo, a rabeca (violino) e a harpa. Até à metade do século XV a harpa gozava de
tão alto prestígio que, em muitos lugaÈes, existia proibição de tomá-la por dívidas. Dos
séculos XV ao XVII, desenvolveu-se o uso da viola, instrumento que foi introduzido na
Europa pelos árabes, durante o século VIII. tste nome hoje se aplica tanto a
instrumentos de arco, como a outros, de cordas dedilhadas. Primitivamente, a viola
tinha simente 4 cordas, mais tarde, 6, 8, ou mais. De origem írabe ou persa é também a
rabeca, instrumento semelhante ao violino, mas de caixa mais estreita. As trombetas
foram usadas pelos arautos e pelos vigias das tôrres. As flautas pastons chegaram à
Europa, no século XIII, também provenientes do Oriente. já no século XI, praticava-se a
música de dança, utilizada pelos menestréis. Cem anos depois, começou o apogeu dos
trovadores. Seu instrumento predileto era a harpa.
DA HISTÓRIA DOS ANTIGOS INSTRUMENTOS MUSICAIS
Carrilhão, órgão e cometas formam o conjunto musical representado acima. O carrilhão
provém do Oriente. Já era conhecido pelos chineses, há muitos séculos, quando soara
pela primeira vez em terras do Ocidente. As formas primitivas do órgão são o realejo e a
flauta de Pã. Já 250 anos antes de Cristo parece que o mecânico grego Ktesibios
construiu um órgão de água. Para a produção dos sons, o ar era comprimido por
deslocamento de água em canos. Depois do século IV, o órgão de água foi sendo
substituído por órgãos ligados a foles. Até a Idade Média, o órgão foi instrumento muito
generalizado. Era tocado para dança e apreciado nas festas populares ao ar livre.
Lentamente foi depois adotado nas igrejas. Em nosso tempo, o órgão aperfeiçoou-se
muito tendo agora grande sonoridade. Grandes mestres da música como Bach, Liszt,
Brahms e Reger, compuseram peças para órgão.

PRECURSOR DE GRUPOS ESCOLARES


No princípio da Idade Média, conheciam-se sômente escolas nos mosteiros e nas
catedrais, que cuidavam, em primeiro lugar, da preparação para o sacerdócio. Estas
escolas, no fim da Idade Média, desenvolveram-se em escolas leigas de latim, nas quais
se ensinava gramática, aritmética, geometria e até línguas estrangeiras. Desenvolveram-
se também em Universidades, das quais as primeiras se fundaram em 1119 em Bolonha
e 1150 em Paris. Os “Escolares” das Universidades visitavam- se mituamente para
trocar idéias e enriquecer seus conhecimentos. Desde a “Reforma” (século XVI),
fundaram-se escolas leigas (escolas do povo) — grupos escolares, quç, pouco a pouco,
podiam ser freqüentados pelas camadas mais inferiores do povo e nas quais o ensino
não mais era administrado em Latim, mas na língua vernácula.
O povo aprendia a ler, escrever, contar e textos piedosos.
Embora não houvesse obrigação de freqüentar as escolas,
a cultura geral do povo elevou-se enormemente graças a estas
instituições escolares.

O HOMEM DOMINA A FÔRÇA D’ÁGUA


A princípio, o homem teve de empregar a sua própria fôrça para executar determinados
serviços coma, por exemplo, a moagem de cereais. Aprendeu depois a utilizar-se dos
animais para impulsionar moinhos. Finalmente, algum espírito criador teve a idéia
magnífica de servir-se, para êsse fim, da fôrça da água em movimento. A partir daí, foi
a água que moveu os moinhos e impeliu as serrarias. A roda d’água mais antiga de que
temos conhecimento foi empregada por volta de 230 a. C., em Roma, para impulsionar
uma cadeia de baldes que elevavam água. Os moinhos de água difundiram-se por tôda a
Europa. Encontram-se ainda, em alguns vales ermos, lembrança dos tempos idos. Hoje
aproveita-se melhor a fôrça da água. A velha roda transformou-se em turbina de aço.
Re. présas regulam a quantidade de água. Casas de fôrça transformam a energia
hidráulica em eletricidade, que, por seu variado emprêgo, facilita a vida do homem
moderno (*).

O VENTO IMPELE NAVIOS E MOINHOS


Milhares de anos antes de o homem compreender a fôrça da água, havia êle tornado
submissa a poderosa fôrça do vento. Por meio de velas enfunadas, tornaram-se possíveis
as ousadas navegações de povos da Antiguidade e da Idade Média. Foram também
navios a vela os que, no século XV, transportaram sôbre mares desconhecidos os
descobridorés de novos continentes. Até o aparecimento do primeiro navio a vapor, os
navios a vela serviram ao comércio. Não é de admirar-se que povos navegadores hajam
empregado os ventos costeiros e os das planícies para impulsionar moinhos e para tirar
água de poços. Os primeiros moinhos de vento surgiram na Europa, no século XI.
Tornaram-se logo motivo característico da paisagem de diversos países, especialmente
da Holanda. Hoje, entretanto, estão desaparecendo em quase todos os lugares. A fôrça
hidráulica, de ação mais constante, como outras formas de energia, tem substituído o
vento.

A AGRICULTURA METÓDICA
Sàmente depois da destruidora Invasão dos Bárbaros é que floresceram na Europa as
pzirneiras tentativas de agricultura racional. Monges inteligentes passaram a estudar
livros sôbre a agricultura dos romanos. Difundindo os conhecimentos assim obtidos,
despertaram no povo, que antes não se ocupava senão da caça e da guerra, o prazer da
agricultura. De par com os cereais (aveia, centeio, trigo, etc.) cultivaram-se logo
leguminosas, cuidando-se igualmente do cultivo de frutas. O sistema da terra
alqueivada, introduzido por Carlos Magno, trouxe mais compreensão do valor dos
elementos do solo. Depois de cada período de três anos, o terreno utilizado deveria
repousar um ano, a fim de recuperar o seu vigor. Cultivavam-se relativamente, no
mesmo campo, o trevo, a cenoura, o nabo, leguminosas ou batatas. Assim não se
esgotava a terra apenas com os cereais. Depois, praticou-se também a cultura alternada
dos frutos. A alternação dos cereais, das plantas de fôlhas e dos frutos não podia, por si
só, preservar os campos de empobrecimento. Tornava-se necessário um sistema
conveniente de adubação.

O LINHO E SUA INDUSTRIALIZAÇÃO


A fabricação da linha com fibras de linho é uma das mais antigas indústrias. Já os
antigos habitantes de palafitas fiaram
linho.
Durante vários mil anos os múltiplos trabalhos para a
extração de fibras e a fabricação do fio faziam-se exclusiva-
mente a mão.
(Gravura: Trituração do linho que se faz batendo-o com maços e em seguida com a
espadela e com as cardas, instrumentos êstes semelhantes a pentes de dentes grossos).
Na Idade Média o linho tornou-se um importante artigo caseiro. A invenção da roda de
fiar, mais ou menos em 1530, proporcionou o aumento da produção para o duplo, até
que, no século XIX, a indústria do linho foi suplantada pela do algodão.

A RODA DE FIAR SUBSTITUI A FIAÇÃO MANUAL


Durante milênios, conheceu-se apenas a fiação manual. Necessitava-se, para êsse fim,
de uma roca, cm tôruo da qual se punha o fio (linho ou cânhamo), e de um fuso com um
anel amovível. O fio, fiado com as mãos, era enrolado no fuso. Êstc, ao rodar, torcia o
fio. No século XV, introduziu-se a roda de fiar. Éste invento foi da maior importância
para o trabalho doméstico. O progresso trazido pela roda de fiar consistiu na introdução
de um mecanismo que transferia aos pés parte do trabalho, dando assim maior liberdade
às mãos. Desta maneira, duplicou.se a capacidade produtora das fiandeiras. O aumento
contínuo da fabricação do pano de linho foi conseqüência da invenção da roda de fiar.
Durante quatro séculos, até a introdução da máquina de fiar (Hargreaves1764,
Arkwright-1769) as rodas de fiar continuaram em uso por tôda parte.

DO TEAR À MÁQUINA DE TECER


No Ocidente a fiação e a tecelagem constituíam preocupações primordiais das mulheres.
Linho tecido por elas próprias enchia cofres e caixas, e representava o orgulho da dona
de casa. Todos os panos eram tecidos de linho, ou cânhamo, de plantação própria. O fio
era tecido no tear, transformando-se em fazenda (gravura). Na Idade Média surgiu, ao
lado da tecelagem caseira, urna indústria importante de tecelagem. Teve grande
significação para o desenvolvimento dessa indústria o invento do “atirador”, pelo inglês
John Kay, no ano de 1733. A lançadeira, usualmente guiida pela mão, era agora movida
muito mais ràpidamente por meios mecânicos. Os tecelões, entretanto, temeram que,
por êsse invento, lhes fôsse roubado o ganha-pão e tentaram matar o inventor. Foi, no
entanto, graças à introdução do “atirador” que foi dado o primeiro passo no sentido da
tecelagem mecânica. O primeiro tear mecânico, que pôde ser usado, foi construído em
1784 pelo eclesiástico inglês Cartwright, iniciador da moderna tecelagem.

CO{O SE COLORiAM OS FIOS E OS PANOS


Logo depois de os homens iniciarem a arte da tecelagem, começou a desenvolver-se
também a da tinturaria. Foram, provàvelmente, as roupagens coloridas, que a natureza
forneceu a tantas de suas criações, que induziram à imitação. Na maioria dos casos, as
matérias-primas dos tecidos eram coloridas com sucos vegetais, como, por exemplo, o
da giesta, o da granza, o do pau-brasil e o da casca de nogueira. A côr purpúrea já era
obtida, na Antiguidade, da secreção produzida pelo caramujo da púrpura. No século
XVI chegou à Europa, proveniente da Índia, o azul obtido do índigo. Da América foi a
cochonilha, inseto que fornecia o tom avermelhado, denominado carmim. Diversas
madeiras de tinturaria atravessaram também o oceano. Os tintureiros florentinos foram
particularmente hábeis na arte de colorir. A invenção da primeira anilina de alcatrão,
pelo químico inglês William Perkin, em 1856, representou grande progresso.
Atualmente, as anilinas dominam de maneira quase completa a produção
de corantes.

A HABILIDADE DOS CARPINTEIROS


Os ofícios estavam, na Idade Média, estreitamente ligados à arte. Fizeram-se edificações
de madeira de belos estilos, que ainda hoje existem parcialmente. Arrojadas pontes
cobertas transpunham os rios, por vêzes bastante largos. Belos e antigos celeiros de
vários países da Europa dão boa prova da carpiutaria antiga. Graciosas casas de madeira
com agradves caramanhoes, com pruàentes ‘rnscr’ições e maravilhosas esculturas nas
tábuas e nas vigas, patenteiam também essa preocupação do belo. Além da construção
de casas e da produção de móveis simples, os carpinteiros sabiam construir também
artísticos moinhos e navios. Experiência e capacidade artística em alto grau eram
próprias dos carpinteiros da 1itai1e Mêclia. Muitas vêzes eram êles cbamados de longe
para a constrüção de grandes edifícios.

MARAVILHOSAS OBRAS DE ARTE ESCULPIDAS EM MADEIRA


Já em tempos muito remotos, artistas chineses, hindus e persas esculpiam maravilhas na
madeira. Outros povos cultos antigos eram, também, mestres. nesta arte. Exemplo disso
é a fiel, expressiva e conhecida escultura egípcia “O Alcaide da Aldeia”. Na Idade
Média, a -escultura em madeira teve grande desenvolvimento. As igrejas eram
adornadas com santos e madonas, com altares cobertos de imagens e com os assentos do
côro ricamente trabalhados. Artistas alemães, como Riemenschneider, Veit Stoss, Syrlin
e Pacher criaram verdadeiras obras-primas. Também na Flandres e nos países latinos
(França, Itália, Espanha) grandes entalhadores produziram suas obras. Além disso, entre
os séculos XV e XVI, teve início uma grande atividade na produção de móveis
belíssimos, como arcas, armários e mesas. Também os painéis artísticos dos tetos e das
paredes demonstram-nos o alto conhecimento artístico daqueles tempos.

A ESCULTURA ATRAVÉS DOS TEMPOS


A escultura, que foi cultivada por todos os povos cultos, desenvolvia-se, em geral,
intimamente ligada à arquitetura. A ornamentação por meio de estátuas dava às casas
encantador aspecto. A esfinge e as estátuas de reis, deuses e animais, cujo tamanho,
muitas vêzes, é bem maior do que o dos originais, e que se localizavam junto aos
templos e palácios, demonstram-nos a grande habilidade dos antigos egípcios.
Despertam a nossa admiração pela concepção artística de acontecimentos espirituais e
pela reprodução do homem e dos animais, tanto em repouso como em movimento. Na
Idade Média, por volta do século XII, teve início uma intensa atividade artística.
Mestres pedreiros produziram, com o trabalho de decênios, estátuas das mais belas para
as catedrais romanas e góticas (gravura). Entre os séculos XV e XVI (Renascença), os
escultores começaram a trabalhar independentemente da arquitetura (Donatelio,
Michelangelo). No Brasil, o escultor mais notável foi Antônio Francisco Lisboa, vulgo
Aleijadinho, nascido em Ouro Prêto (1730).

O ESTILO GÓTICO NA ARQUITETURA


O estilo arquitetônico góticó é uma das mais admiráveis e valiosas manifestações do
trabalho artístico. Desde os tempos dos antigos gregos que nada se fazia tão sublime.
No Norte da França encontrou o estilo gótico, nos templos, sua mais poderosa forma de
expressão. Originou-se do estilo romano. Em meados do século XIII já o novo estilo se
havia espalhado pela maior parte da Europa e, até 1350, alcançava o seu apogeu. Os
altos interiores das ricas catedrais eram adornados com estátuas. Tudo tende para cima
por meio de um sistema genial de pilares, ogivas, sustentáculos e tôrres. Através de
janelas altas e multicores, fluía ricamente a luz para o interior. As igrejas góticas são
imagens suntuosas, que orientam para Deus os pensamentos e sentimentos daquela
época. Entre as mais importantes estão as catedrais de Chartres e Reims, o mosteiro e a
Sé de Estrasburgo, as igrejas de Ulm, Berna e Viena.

APERFEIÇOAMENTO DOS ABASTECIMENTOS DE ÁGUA


Já na Antiguidade dava-se a devida importância a um serviço de abastecimento de água,
que a fornecesse de boa qualidade e em quantidade suficiente. Instalaram-se importantes
depósitos de onde o precioso líquido era enviado para as grandes cidades, localizadas,
muitas vêzes, a regular distância. Em Mohenjo Daro, antiga capital da Índia, 6 000 anos
atrás, as casas possuíam um grande banheiro. As antigas cidades romanas podiam
também orgulhar-se de possuir um bom serviço de abastecimento de água e luxuosos
banheiros. A Idade Média contentou-se com menos: a água chegava ao poço da cidade,
ou da aldeia, através de canais abertos, ou de canos de madeira. Sômente na segunda
metade do século XIX é que, com o uso dos canos metálicos, obteve-se grande
progresso: a água, colocada num reservatório situado em lugar alto, pôde ser enviada
sob pressão aos andares superiores. Cada indivíduo consome diàriamente de 60 a 200
litros de água. As fábricas exigem muito mais, porque, por exemplo, para a produção de
um quilo de papel, necessita-se de 1 500 a 3 000 litros de água.
A PRIMEIRA FABRICAÇÃO DE PAPEL
Antes da invenção do papel, as peles, os pergaminhos, as placas de cêra, madeira e
metal serviam como material para a escrita. Os egípcios escreviam no papiro, e disto
provém ó nome de papel. O nosso atual papel de fibras é originàriamente uma invenção
chinesa (105 d. C.). A arte da fabricação do papel, depois que se tornou conhecida no
Japão, Arábia e Pérsia, alcançou, no século XII, também a Europa. A mais antiga
fábrica de papel ainda existente é a de Fabriano, na Itália (1340). Do mesmo modo que
entre os chineses, o papel foi feito a princípio de fibras trançadas de linho. A partir de
1760 o algodão também foi empregado. Para o papel de carta, as fibras moídas do
tecido são diluídas na água até que se tornem como um líquido leitoso. Se se tira êsse
líquido do recipiente com uma peneira, nela fica retida uma tênue camada de fibras. Por
meio da compressão e da secagem preparavamse as fôlhas de papel. No Brasil, a
primeira fábrica de papel foi fundada em 1843, em Conceição (Bahia).

O APOGEU DO BORDADO MANUAL


A arte de bordar, entregue hoje quase exclusivamente às mulheres, é muito antiga. Foi
transmitida pelos egípcios e babilônios ao Ocidente cristão, através dos gregos e
romanos. Na Idade Média, o artista bordador (gravura), pertencia às mais destacadas
classes sociais. Primitivamente, os bordados artísticos eram usados apenas - para
vestimentas de gala, e tapêtes de residências nobres ou das igrejas. Foi sõmente no
século XV, com a moda das roupas muito enfeitadas, que os bordados tiveram maior
aplicação. Empregavam-se fios de ouro e prata e telas de metal, sêda ou lã, em bordados
feitos a mão, e com auxílio de bastidores, ou não. O bordado progrediu muito com a
invenção da máquina de bordar de Josua Heilmann, de Mühlhausen (1828).

OS PRIMEIROS RELÓGIOS DE RODAS


Os relógios de rodas e com pêndulo tomaram, desde os princípios do século XIV, o
lugar dos antigos medidores de tempo: relógios de sol, de areia, ou de água. A fôrça
motriz dos relógios 1e roda era dada por pesos. Tais relógios empregaram-se na
Inglaterra e na Itália em tôrres e igrejas. Um dos mais completos dêsses antigos relógios
foi colocado, em 1370, na tôrre do castelo de Paris. Nos séculos XV e XVI, fabricaram-
se valiosos relógios artísticos, munidos de complicados mecanismos. Ainda hoje são
dignos de ser vistos. Cenas bíblicas, representações alegóricas das estações do ano e de
estrêlas, carrilhões, etc., eram apresentadas por êsses relógios. Já em fins do século XV,
existiam pequenos relógios de mesa com mecanismo de rodas. Uma caixa de bronze,
artisticamente ornada, encerrava geralmente o mecanismo, inteiramente de ferro.

ANIMAIS DE CARGA TRANSPORTAM MERCADORIAS


Na Idade Média, bêstas de carga transpunham ininterruptamente os passos e estreitos
alpinos (Grande São Bernardo, Simplon, Splügen e Julier). Intenso comércio foi
estabelecido entre o Norte e o Sul da Europa. As cidades italianas forneciam
mercadorias do Oriente ao Norte, e vice-versa. Numerosos animais de carga, a serviço
de grandes comerciantes (Fugger, Welser, Medici), transpunham, pesadamente
carregados, os passos alpinos. Foi com sucesso que o poderoso comerciante de Briges,
Kaspar von Stockalper, procurou incrementar o trânsito comercial pelo Wallis. Estava
êle em contato comer- dai com Milão, com a Flandres, com a França setentrional e com
a Alemanha, e tinha relações com todos os príncipes do Ocidente. Tropas de animais de
carga atravessavam os passos, em grande número, em direção à Alta Itália, onde a
orgulhosa Veneza formava a ponte para o Oriente. Por outras regiões, dava-se o mesmo.
No comércio dos primeiros tempos da América, o meio normal de transporte eram
também as tropas de animais.

OS CARTEIROS
A organização do serviço de correios tal como atualmente existe, era desconhecida na
Idade Média. Não era o Estado, como em alguns povos cultos da Antiguidade e dos
tempos modernos, mas as cidades, os bispados e os conventos que mantinham carteiros.
As comunicações das autoridades efetuavam-se de cidade para cidade através de
mensageiros oficiais. Ainda nos séculos XIV e XV apenas as autoridades públicas
possuíam seus próprios carteiros. As cartas particulares eram confiadas a monges,
peregrinos e caixeiros-viajantes, tanto para a entrega como para a execução de encargos.
Também os comerciantes de gado, viajando pelo mundo para comprar gado, cuidavam
do transporte de cartas particulares (Correio de Açougueiro). A organização de
mensageiros das cidades teve papel de destaque na vida comercial da Idade Média Essa
instituição de mensageiros, subvencionada pelas municipalidades, era utilizada também
pelos príncipes, comerciantes e industriais. Com o desenvolvimento do comércio
surgiram pouco a pouco, por tôda parte, carteiros particulares que tinham por ofício o
transporte de encomendas postais.

A NAVEGAÇÃO FLUVIAL, VALIOSO RECURSO DO COMÉRCIO


Na Idade Média, o transporte de mercadorias no interior dos países realizava-se, sempre
que possível, pelos rios, porque as estradas estavam, em geral, em péssimas condições
de conservação. Por êsse motivo as principais feiras, como Francfurt, Paris, etc.,
encontravam-se à margem dos rios. Em grandes batéis de mais de 20 metros de
comprimento e que possuíam capacidade de cêrca de 500 quilos de carga, os produtos
comerciais, rio abaixo, chegavam mais depressa e com maior comodidade aos
mercados. Quando a corrente era muito forte para os barcos tornarem, rio acima, ao
ponto de partida, vendiam-nos, no próprio local, como madeira para construção ou
lenha. Para a viagem de volta, com a bôlsa cheia de dinheiro, os mercadores serviam-se
de cavalos. No Reno, navegavam mesmo barcas com capacidade para mil quilos.
Quanto era importante e difuixdiia a na’re,aço u’wa, ?o’Jam-no as muitas “Sociedades
de Marinheiros”. Grande significação tinha também a “descida” dos troncos de madeira,
os quais, em número enorme, flutuavam pelo Reno abaixo a fim de, mais tarde, ornar,
em forma de grandes mastros, os veleiros holandeses (*)

FEIRAS DE MERCADORIAS, ENTREPOSTOS COMERCIAIS


Através da organizaço. de feiras de mercadorias é que, na Idade- Média, se iniciaram e
progrediram as relações comerciais entre os diversos povos. As feiras, ao contrário dos
mercados semanais, realizavam-se apenas duas vêzes por ano, mas duravam muitos
dias. Mercadorias eram transportadas de longe, em carrêtas pesadas, que caminhavam
com grande dificuldade, para as cidades das feiras. Rio abaixo, também se utilizavam.
os barcos. Muitos artezãos viajavam para êsses locais a fim de vender pessoalmente os
frutos de seu trabalho, e para comprar os artigos de que necessitassem. Nas grandes
feiras comerciais de hoje apenas se exibem amostras dos produtos à venda, pelas quais
os interessados fazem as encomendas. Mas as pequenas feiras do interior ainda
representam verdadeiros entrepostos comerciais.

DO COMERCIO DE PERMUTAS AO PAGAMENTO COM MOEDAS


O comércio começou com a troca 4e mercadorias. O pagamento com metais nobres
constituiu grande progresso. Para evitar quaisquer prejuízos em relação ao pêso e à
qualidade do metal, fabricaram-se moedas que apresentavam, como garantia, o sêlo das
autoridades públicas. Já nos séculos quinto e sexto antes de Cristo, os gregos possuíam
moedas de bela aparência, cunhadas em ambas as faces. Eram, em sua maioria, moedas
de prata ornadas com a cabeça de Palas Atenéia (deusa da sabedoria), com a coruja, ou
com outros motivos artísticos. Também os romanos sabiam produzir belas moedas de
cobre, de prata e de ouro. Para evitar que se limasse o ouro, perdendo então as moedas
uma parte de seu valor, os cantos recebiam cunhagem especial. Também no tempo de
Carlos Magno existiam moedas de prata em grande quantidade e de bela execução.
Muitas vêzes cunharam-se no Ocidente, no século XII, belas moedas de prata fina. Até
o século XVI, a gravação foi sempre feita a mão.

OS ALGARISMOS ARÁBICOS PRESTAM RELEVANTES SERVIÇOS


Quem já tenha tentado fazer contas com números romanos, deve ficar muito satisfeito
com os algarismos que atualmente usamos. O valor de cada um dêles muda sempre,
segundo a sua posição. Veja-se, por exemplo, o algarismo 1, no número 1 111. Os
antigos hindus eram grandes astrônomos e matemáticos. Ëles inventaram, no século V,
êste sistema genial de numeração, completado posteriormente pelo 0, sem o qual o
nosso método aritmético não seria possível. Quem se lembra, quando fazemos as contas
por escrito, que estamos grafando símbolos hindus dos mais antigos? Os algarismos são
as letras iniciais, um pouco transformadas, dos nomes dos antigos algarismos hindus. O
modo de contar dos hindus transmitiu-se de povo para povo até chegar aos árabes. Êstes
transmitiram-no aos europeus por volta do ano 1000 (gravura). O valor desconhecido,
“0” (zero), era chamado sifr pelos árabes, e foi daí que se originou a palavra cifra, cujo
sentido posterior- mente foi alterado. Fibonacci, de Pisa, publicou, em 1202, um livro
de matemática destinado a difundir o uso dos algarismos arábicos.

A ARTE DA PINTURA EM VIDRO


Nada melhor que grandes janelas coloridas para imprimir aõ interior das igrejas um
ambiente elevado e solene. Em 880, o monge Ratpert dç St. Galien louvou as janelas
ornadas a côres da igreja “Fraumünster” de Zurique. Esta é a primeira referência
histórica à pintura em vidro, pràpriamente dita. Primitivamente, esta arte se executava
apenas em alguns mosteiros. Na Renascença, encarregaram-se grandes pintores, como
Dürer e Holbein, da feitura das janelas. Os artistas faziam um esbôço — a planta da
janela — segundo a qual o trabalhador artístico, ou pintor de vidro, compunha a janela
de partes coloridas, executando a seguir o desenho, em côr preta. Depois da cozedura, as
diversas partes eram ligadas a chumbo. Do século XV ao século XVII, a pintura em
vidro não se expandiu em lugar algum com a intensidade com que se desenvolveu na
Suíça. Mestres suíços e de outros países criaram verdadeiras jóias de arte em vitrais,
tanto para edifícios do govêrno como para residências particulares.

AQUECIMENTO DAS HABITAÇÕES


Da lareira primitiva, ao redor da qual se reunia a família, proveio, sem dúvida, o fogão.
Primeiramente, êle foi usado só para assar e cozer; depois de aperfeiçoado, passou a ser
empregado para aquecimento das habitações. Isso permitiu a divisão da casa em
quartos, habitáveis todos, mesmo no mais rigoroso inverno, pela possibilidade de
aquecimento. Dos toscos fogões de tijolo, proveio a estufa de ladrilhos (séc. XIII),
sempre ornada e colorida; mais tarde constituíram verdadeiras obras de arte em
cerâmica. Contudo, o uso dos fogões ladrilhados se circunscrevia às casas dos nobres e
das pessoas abastadas. Os mais belos dêsses fogões provieram, por muito tempo, de
oficinas suíças. Ornados de adornos pitorescos, os fogões dessa procedência eram
procurados e afamados em tôda a Europa.

OS ESTUDOS DA ZOOLOGIA
Árabes e monges cristãos preservaram as obras zoológicas da Antiguidade, tornando-as
conhecidas na Idade Média. A excelente “História dos Animais” do filósofo grego
Aristóteles foi traduzida e aí, então, se enquadraram os animais, como o fizeram os
antigos, nas classes de animais aquáticos, terrestres e aéreos. Apesar dêsse progresso, no
pensamento do povo continuavam a existir idéias confusas sôbre a vida do mundo
animal. Não eram poucas as histórias de animais fabulosos (dragões, monstros
marinhos, gansos gerados de árvores, etc.). O primeiro livro de zoologia, que se
escreveu em lingua alemã, é de autoria de K. von Megenberg (séc. XIV). Contudo,
simente no século XVI, outros estudiosos, como o suíço Gessner, iniciaram as
investigações sôbre a matéria, pondo maior ordem nesse gênero de estudos. Destaca-se,
na época, o seu “Livro Geral dos Animais”. Também se tornaram célebres as obras
botânicas, que então se escreveram. Mais tarde, com o invento do microscópio, não só o
estudo descritivo dos animais, mas também o estudo da anatomia e da fisiologia tomou
grande impulso.

AS FLORESTAS. CUIDADAS FERTILIZAM OS CAMPOS


No século XIV, dado o aumento da população, em certas regiões da Europa, fêz-se
notar a falta de madeira. Em conseqüência, os governos expediram decretos
determinando a replantação dos territórios devastados. A silvicultura, que é ciência
recente, provou no século XIX que a cultura exaustiva, as derrubadas e a falta de
reflorestamento não só diminuem a reserva de madeiras, mas também determinam,
pelas conseqüentes modificações climáticas, a desolação completa de extensas glebas de
terra. Pelo fato de reter as chuvas e o orvalho, a floresta impede a formação de torrentes
destruidoras, e evita as inundações, às quais, como ensina a experiência, seguem-se
sêcas contínuas e, depois, areais desérticos. A floresta regula a alimentação das fontes,
evita a erosão e protege o homem contra as tempestades; suaviza os extremos da
temperatura e melhora o clima. Já se obtiveram grandes progressos, recentemente,
graças a leis severas de proteção às niatas, e à obrigação do plantio de novas árvores que
substituam as abatidas.

MÁQUINAS DE TECER MEIAS


Pensa-se que um tecelão ou tecelã, hábil e inteligente, tenha imaginado entrelaçar os
fios de lã de tal maneira que, pronto o trabalho, pudesse envolver o corpo de forma
elástica e sem deixar rugas. E isso era de grande utilidade, principalmente para a
cobertura dos pés. É certo que se faziam, desde muito tempo, meias de couro ou de lã.
Mas elas eram rígidas. Como os pés são muito sensíveis à pressão, logo se percebe a
importância que teve a inovação. Data de 1539 a primeira referência a meias tecidas;
Henrique VIII, da Inglaterra, vestia, nessa época, meias tecidas de sêda, provàvelmente
de procedência espanhola. As meias sem costuras se fizeram pela primeira vez, de
maneira comprovada, na Suíça; em lugar de duas, como até então, passaram a ser
usadas cinco agulhas. A primeira máquina para tecer meias foi construída em 1589, pelo
professor inglês de teologia, William Lee. E já funcionava tão bem que poderia ser
usada, perfeitamente, ainda em nossos dias. Tem-se notícia de uma máquina de tecer
construída em 1685, que, de três em três horas, poderia produzir cêrca de mil pares de
meias.
A ENFERMAGEM A SERVIÇO DA HUMANIDADE
Já nos tempos mais remotos existiam pessoas cuja vocação era amenizar as
necessidades dos fracos e doentes. Sabemos que os egípcios e os romanos possuíam um
serviço público de enfermagem. Da Idade Média até o século XIX, porém, a
enfermagem foi entregue quase exclusivamente à atividade particular de misericórdia.
Muitos hospitais eram fundados por benfeitores nobres e dirigidos e administrados por
irmãs pobres, ou por uma irmandade chefiada por um prior. Para os homens dos tempos
antigos, os remédios não eram tão fáceis como na medicma moilerna. 1Or isso é dX Xe
ep1icat-se que o tratamento medieval da peste, que nos séculos XIV, XV e XVI assolou
as populações do Ocidente, fôsse impotente para contê-la. Apesar disso, médicos
conscienciosos, padres e mulheres de grande piedade procuraram auxiliar os doentes.

O PREPARO DA LÃ EM OUTROS TEMPOS


Como ainda hoje acontece, já há milhares de anos, a lã era utilizada não só contra o frio,
como também contra o calor excessivo. Por sua natureza, a lã presta-se a manter a
uniformidade do calor do corpo, qualidade que não é encontrada em produtos vegetais.
Por isso, de há muito se empregava, para os vestuários, a lã de cabra, de camelo e de
ovelha. Note-se que a ovelha, desde os tempos da Pedra Polida, era criada como animal
doméstico; de seu leite obtinha-se o queijo e, da pele, faziam-se abrigos contra o
inverno. Contudo, o preparo da lã só se efetivou nos fins da Idade do Bronze; daí por
diante, a lã exerceu papel importante na indumentária do homem. Da lã comprida e
sedosa se originaram as peles, os cobertores e os pequenos tapêtes. Deve-se à Austrália
a maior produção de lã; seus cento e quinze milhões de ovelhas fornecem, anualmente,
quatrocentas e trinta mil tõneladas de lã, ou seja, um têrço da produção mundial. A
produção de lã, no Brasil, tem crescido nos últimos tempos.

PREPARAÇÃO DA MANTEIGA E DO QUEIJO


Há muitos séculos que o homem domesticou o gado bovino. Contudo, nem todos os
povos pensaram logo no aproveitamento do leite. Os agricultores do Leste da Ásia
davam muito valor aos serviços de tração que o gado lhes prestava, mas não se
utilizavam do leite; para os põvos do Ocidente, entretanto, a obtenção do leite e o seu
aproveitamento constituíram sempre ramo importante da indústria pecuária. Preferiu-se,
primeiramente, o leite de ovelha e de cabra. Em Roma já se conheciam variadas
espécies de queijos. Com os citas, que habitavam vastos territórios à margem do Mar
Negro, aprenderam os romanos o preparo da manteiga. Os árabes já conheciam o seu
fabrico e lhe davam grande valor. Os povos germânicos conheciam, desde cedo, o
preparo do queijo e da manteiga, ao que tudo faz presumir; no entanto, as primeiras
informações a respeito da sua obtenção datam da época de Carlos Magno (742-814). No
Brasil, a indústria de lacticínios é hoje um importante ramo de produção.

SOPRADOR DE VIDRO, VELHO OFÍCIO


O ofício de soprar vidro é antiqüíssimo.. Mestres na arte foram os egípcios, os fenícios,
os gregos e os romanos. Com a Invasão dos Bárbaros, e conseqüente migração dos
povos, a arte vidreira decaiu. No século V, porém, houve o seu reflorescimento,
principalmente no país dos francos. A gravura acima representa sopradores de vidro, na
Idade Média. Com o instrumento chamado “cachimbo de vidreiro”, um dêsses
sopradores está retirando do recipiente que se encontra no forno uma pequena
quantidade de vidro em estado de fusão; dois outros estão dando ao vidro a forma
desejada, o que fazem pelo sôpro e pela ação de girar a peça que está em preparo. Assim
se produziram garrafas, copos e canecas para uso doméstico, e peças maiores, como
retortas de alquimistas. Foram célebres os copos da Boêmia e de Veneza dos séculos
XVI e XVII. Ainda hoje, alguns dêles constituem preciosidades. Os conventos também
possuíam vidrarias, onde se preparavam vidros coloridos para vitrais das igrejas e de
residências nobres. Enfim, no século XVII, iniciou-se a produção manufatureira do
vidro. Várias fábricas de vidro existem no Brasil, e unia delas para vidro plano.

ALQUIMISTAS, OS PIONEIROS DA QUÍMICA


Em todos os tempos existIram pesquisadores de ouro, pois êsse metal confere ao seu
possuidor riqueza e poder. Ao lado de todos os que escavaram na areia dos rios ou sob a
terra, à cata do rei dos metais, existiu, durante muitos séculos, outra multidão de ativos
pesquisadores. Éstes queriam fabricar o ouro em aposentos fechados, cercados de
estranhas vasilhas, cadinhos, tenazes, retortas e escritos amarelecidos. Muitos homens
instruídos de todos os países tornaram-se alquimistas e aprofundaram.se na busca da
“pedra filosofal”, com a qual acreditavam que poderiam preparar o ouro. No final do
século XV, a alquimia, ou “arte negra”, caiu em descrédito por causa da falsificação de
moedas. Tanto os alquimistas da Antiguidade como os da Idade Média fizeram muitas
descobertas de grande valor. Nos esforços que êsses alquimistas empregaram para
fabricar ouro, descobriram, por exemplo, a porcelana e o fósforo.

O PRIMEIRO APROVEITAMENTO DO CARVÃO


Foi idéia de grande alcance a de usar como combustível o carvão mineral, ou hulha,
conhecida, aliás, desde 1113. Os restos animais e vegetais do período antediluviano, por
influências físicas e químicas, produziram no correr dos tempos a linhita, e, em
depósitos mais antigos, o carvão de pedra. À têcnca a exraÇao & t ‘ea m1ito
veu com a obra de Agrícola sôbre as minas (1556). Com a introdução da máquina a
vapor, aumentou a necessidade de bom combustível. A máquina a vapor data de 1769.
O carvão de pedra, como distribuidor de calor e como produtor de energia motriz e de
iluminação, é atualmente substituído, em grande parte, pela eletricidade, obtida da fôrç4
das quedas d’água. É essa a razão pela qual a energia hidráulica é chamada de “hulha
branca”. A química moderna destila o carvão, obtendo numerosos subprodutos dos mais
valiosos,
o gás de iluminação, o alcatrão, as anilinas, o benzol, a sacarina, o amoníaco e o breu.

PEIXES EM SALMOURA, COMO ALIMENTO POPULAR


Por suas qualidades nutritivas e preço módico, os peixes do mar têm, cada vez mais,
aceitação em nossas mesas. Em muitos países os peixes de água salgada, e de maneira
especial os arenques, tornaram-se alimento popular, constituindo mes mo, em muitos
lugares, o alimento principal da populaçãG mais pobre. Já na Antiguidade se sabia que
o salgamento conservava a carne e o peixe. O pescador flamengo Willeni Beukelsz
melhorou o processo de maneira radical, por volta de 1400. Antigamente só se
aproveitavam da pesca os habi- tantes do litoral; hoje, porém, países inteiros usam o
pescado,. graças à conservação mais aperfeiçoada e a condições especiais de transporte,
em carros refrigerados. Ao lado da pescada, do bacalhau e do lúcio, têm grande
aceitação o arenque (fresco, defumado ou salgado) e a sardinha. Grandes fábricas de
peixe em conserva já existem no Brasil.

ORIGEM DAS CASAS DE CÂMBIO E DOS BANCOS


Do X ao XVI século, desenvolveram-se, na Europa, importantes indústrias e, em
conseqüência, ativo comércio entre seus povos. Apareceu, assim, a necessidade de
enviar dinheiro sem os perigos de transporte inseguro. Surgiram, assim, em várias
cidades da Europa, os cambiadores, homens que trocavam o dinheiro estrangeiro pelo
dinheiro do país, e que se prontificavam a enviar a outros lugares determinadas quantias
em dinheiro, quando pagos pelo que chamavam de “carta de câmbio”. Emprestavam
ainda dinheiro sob penhor. Èsses negócios, que tinham estado quase sempre em mãos
dos judeus, passaram, inteiramente, às mãos dos lombardos (italianos do Norte) do
século XIII ao século XV. Muitas expressões da vida bancária, como banca (mesa),
conto (conta), giro (movimento do dinheiro), provêm daquele tempo. Os juros
onzenários (40 a 80 %) tornaram os cambistas lombardos odiados pelo povo.
Comerciantes de várias cidades fundaram, então, casas de câmbio e bancos particulares.
Contudo, passaram-se séculos para que se atingisse o desenvolvimento atual da vida
bancária.

O REFLORESCIMENTO DO COMÉRCIO
As Cruzadas auxiliaram o restabelecimento das relações comerciais, que tinham
existido antes das Invasões dos Bárbaros, entre a Europa e o Oriente. No século XII, os
maiores comerciantes eram os venezianos e genoveses. De Veneza, Gênova, Pisa e
outras cidades partiam para o Norte importantes rotas comerciais. Numerosas firmas e
organizações de mercadores surgiram no apogeu do comércio italiano (séculos XIII a
XV). No mar Báltico e no mar do Norte, o comércio era dominado pela Liga
Hanseática, que reunia, sob a direção de Lübeck, as cidades comerciais da Baixa
Alemanha. Através das viagens de descobrimentos dos fins do século XV e princípios
do XVI, começou uma revolução no comércio mundial. As repúblicas italianas
perderam sua liderança em favor dos portuguêses e dos espanhóis. A Liga Hanseática
destroçou-se, e a Inglaterra e a Holanda tomaram o seu lugar. Mais tarde também a
França veio juntar-se a elas.

AMBICIOSOS COMERCIANTES
O reavivamento do comércio na Idade Média deve-se, em boa parte, a comerciantes
ativos e ambiciosos. Não se contentavam êles em trazer mercadorias do Oriente à
Europa; procuravam, também, mercados consumidores para as mercadorias aí
produzidas, como por exemplo, as fazendas de lã e de sécia. Famílias célebres de
negociantes, como os Medici de Florença, os Fugger e Welser de Augsburg, possuíam
filiais em muitas partes. Nesse desenvolvimento do comércio, tornou- se necessária uma
contabilidade exata. Os italianos se tornarani mestres na matéria. Em 1494, Lucas de
Burgo mandou imprimir as primeiras indicações para a matemática comerciária. As
grandes casas comerciais conseguiram riquezas vultosas, que lhe deram conceito e
poder. Assim, o célebre comerciante de Bourges, Jacques Cuer, tornou-se ministro das
finanças do rei Carlos VII, de França; e é certo também que, para as necessidades do
Estado, emprestou ao reino alguns milhões de francos.

POLÉ E GUINDASTE, FÔRÇAS GIGANTESCAS A


SERVIÇO DO• HOMEM
No ano 330 antes de Cristo, o filósofo grego Aristóteles já mencionava as polés como
algo de muito conhecido; é, portanto, invenção muito antiga e de que não se conhece o
autor. Na Idade Média, construíram-se polés sem rolos; usava- se também a alavanca,
em sua forma primitiva, mas ainda assim muito prática. Só no século XIX melhorou-se
a polé. Hoje em dia, é grande o seu emprêgo no levantamento de cargas pesadas, com
pequeno esfôrço. O guindaste é, também, muito velho; os romanos conheciam os
grandes guindastes de construção, movidos por homens ou por animais. A gravura
acima representa um guindaste do século XV, utilizado no levantamento de barris. Para
fins de construção, entrou em uso na Idade Média o guindaste móvel, de circuito
completo. A forma dos guindastes tem sofrido a influência dos séculos. Seu princípio de
funcionamento e de trabalho tem permanecido, no entanto, o mesmo: levanta-se o pêso
por ação de um sarilho, e dá-se movimento circular por efeito de um braço que se
movimenta. Há, porém, guindastes elétricos modernos, que podem girar, como uma só
peça, sôbre um eixo central.

ORGANIZAÇÕES OPERARIAS
O progresso contínuo do comércio e da indústria, que permitiu o florescimento de
muitas cidades a partir do século XII, fêz surgir, nas ruas, muitos aspectos novos.
Grupos de operários, pertencentes a uma mesma família, uniram-se para oferecer, em
determinados lugares, produtos variados. As barracas de venda formavam, muitas
vêzes, ruas inteiras, onde era ativo o comércio varejista. Ofereciam-se, também,
mercadorias ao lado das igrejas e nas feiras. Para a salvaguarda dos interêsses da classe,
os operários se uniram em centros, dando origem, nos séculos XIII e XIV, a
corporações operárias. Esforçavam-se estas por manter o bom nome dos operários,
exigindo dêles trabalho cuidadoso. Para conseguir a qualidade de mestre, cada operário
deveria aprésentar um trabalho que se considerasse “obra de mestre”. Hoje, ainda,
algumas corporações de trabalho exigem de seus associados provas de capacidade para
obtenção de um certificado ou “carta de ofício”.

DA GRAVURA EM MADEIRA À GRAVURA EM COBRE


O ofício dos gravadores em cobre, altamente considerado, desenvolve-se largamente a
partir do século XV. Na época, ao lado da xilografia, ou gravura em madeira, só a
gravura em cobre possibilitava a multiplicação de desenhos. Gravava-se o desenho em
uma placa de cobre, sôbre a qual, depois, passava-se a tinta. Limpando-se a placa, a côr
ficava retida apenas nos sulcos. Por meio de uma prensa manual, apertava-se a placa
contra o papel a ser impresso: surgia daí a cópia. A primeira gravura em cobre data de
1441. Entre os gravadores célebres na especialidade, que trabalhavam com desenhos
próprios, figuram Dürer, Rembrandt, Chodowiecki. Dürer, notadamente, aperfeiçoou a
gravura em cobre, tanto sob o aspecto técnico como sob o aspecto artístico.
Experimentou também a gravação a frio, as águas-fortes em placas de metal. Essas
inovações da técnica da gravura em cobre, empregadas então pela primeira vez, são
ainda hoje de uso corrente,

ARTE POPULAR REVELADA NO OFíCIO


Em todos os povos há o sentimento e o amor pelo belo, e isso se comprova pela
observação de velhas casas de famílias camponesas. Em certos instrumentos de uso
doméstico, admiramos formas nobres, embora simples, e ornamentos perfeitamente
proporcionados. Até ao século XVIII tinha-se especial preferência pela entalhação. Mais
tarde, tudo era pintado:
cama e berço, trenós, cômodas e caixas. Principalmente os armários, de grandes
superfícies, prestavam-se para a fantasia do pintor. A peça de mobília preferida, em
muitos países, foi a arca. Muitos belos trabalhos de simples marceneiros de aldeia
adornam, hoje, os nossos museus. Ë admirável o espírito criador dos trabalhadores de
então, que não imitavam tão-sõmente as formas tradicionais, mas criavam, com ativo
espírito artístico, novas formas e motivos, O aparecimento das máquinas determinou
certo desprêzo pelo trabalho manual, agora, felizmente, de novo apreciado como arte.

O ESTILO DA ARTE RENASCENTISTA E O TRABALHO ARTÍSTICO


A literatura, a arquitetura, a pintura e os ofícios artísticos voltaram a florescer no
período que decorreu do século XIII ao XVI, por isso mesmo chamado de época do
Renascimento. Esta transição da Idade Média à Idade Moderna, que teve suas origens
na Itália, èaracterizou..se pela riqueza crescente das cidades; o espírito artístico, que se
desenvolveu nos séculos XV e XVI, foi genuinamente criador e da mais alta qualidade;
influenciou tôdas as facêtas da vida diária e se pôs a serviço de refinado gôsto e de
elevado nível de vida. Os burgueses afortunados edificavam as próprias casas, cuidando
bastante da decoração interior. Os marceneiros e os entalhadores for.. neciam móveis de
fina execução, de ornamentos e talhes maravilhosos. Os objetos metálicos apresentavam
cinzelações trabalhadas por artistas consumados; as produções de cerâmica recebiam
pinturas coloridas e ornameutos diversos; os livros eram ornados com encadernações
das mais belas.

PROGRESSO NO ESTUDO DA BOTÂNICA


A botânica, que se originou no Ocidente, apoiava-se a princípio em preciosos estudos
do médico grego Dioscórides, que, por volta do século 1 d. C. descreveu quase 600
plantas medicinais dos países mediterrâneos. O médico e naturalista sueco Linneu
(1707-1778) fêz, depois, uma descrição sistemática das plantas, que formou, mais tarde,
a base da terminologia botânica. Linneu organizou um herbário com mais de 7 000
plantas. Com a invenção do microscópio, em 1590, tor
-nou-se possível a investigação da estrutura interna das plantas, ou de sua anatomia. O
naturalista alemão Alexander von Humboldt (1768-1859), é tido como o fundador da
Geografia das plantas (estudo da distribuição e difusão das plantas(*). Martius (1794-
1868), outro eminente naturalista alemão, liiiciou a FLORA BRASILIENSIS, a maior
obra botânica de quantas têm sido publicadas por qualquer povo e em qualquer época e
na qual colaboraram 65 naturalistas de diversas nacionalidades (**).

AS PRIMEIRAS. UNIVERSIDADES
Não se conheciam, no início da Idade Média, instituições escolares no sentido atual da
expressão. Existiam apenas escolas conventuais e seminários, especialmente destinados
à formação de eclesiásticos. Só nos fins da Idade Média, dessas escolas surgiram as
Universidades, órgãos que impulsionaram de maneira mais ampla a vida espiritual, e se
tornaram, pouco a pouco, núcleos de pesquisas científicas. No século XII, as primeiras
Universidades surgiram em Bolonha, Salerno e Pádua, na Itália, em Paris, na França, e
no século XIII, em Oxford e Cambridge, na Inglaterra. Já possuíam diversas divisões:
Teologia, Direito, Medicina, Filosofia. Instituições de utilidade pública forneciam
manutenção gratuita aos estudantes pobres. Em uma Universidade podiam estudar
milhares de estudantes. Muitas vêzes os estudantes viajavam em grupos por diversas
terras, de uma para outra Universidade, a fim de completar a sua instrução. Thomas
Platter, órfão de Wallis (morto em 1582, como reitor em Basiléia) contou de maneira
viva sua sorte como estudante viajante (*).

OS ÓCULOS — MILAGRE DA ÓPTICA


O inventor dos óculos não é conhecido. Deve-se admitir, no entanto, que a tentativa de
melhorar e completar a capacidade visual com o emprêgo de lentes é verdadeiramente
notável. Os óculos apareceram, pela primeira vez, na Itália, no século XIII. Nessa
época, êles se fixavam no nariz, durante a leitura, por uma mola, mais ou menos como
se dá com a luneta, ainda agora usada por muitas pessoas. Na cidade de Nuremberg, por
centenas de anos, houve fabricação de óculos dessa espécie, que eram exportados para
tôda parte. A êsse tempo, não se conhecia a correção óptica individual, mediante
emprêgo de lentes perfeitamente adaptadas a cada deficiência visual, e que são agora
preparadas, segundo critério científico. O conhecimento da Óptica aplicada só se
desenvolveu, nos dois últimos séculos; hoje podemos corrigir totalmente as falhas da
visão, o mais precioso dos sentidos humanos.

GRANDES ARTISTAS NA FABRICAÇÃO DE VIOLINOS


Nenhum instrumento de cordas foi tão querido quanto o violino. Proveio da viola, em
meados do século XVI. A música exigia, então, meios mais vigorosos de expressão e foi
por isso que surgiu o violino, cujo som é dos mais claros e nítidos. Na fabricação dos
instrumentos sobressaíram mestres tiroleses, especialmente Kaspar Tieffenbrucker
(1514-1571), que dizem ter feito os primeiros violinos. Outro artista nessa especialidade
foi Gasparo da Saio (1524-1609) que fundou a célebre escola de Brescia, no Norte da
Itália. Maior ainda foi a glória da escola de fabricação de violinos de Cremona. Seus
representantes principais, Nicola Amati (1596-1684), Antônio Stradivari (1644-1737) e
Giuseppe Guarneri (1687- 1742) criaram violinos de sonoridade inigualável. Por mais
exatamente que se imite hoje a construção dêsses antigos instrumentos, não se consegue
o mesmo som maravilhoso. Um “Stradivari” autêntico vale hoje uma grande fortuna.

DA ARTE DE COZINHAR
“Bom cozinheiro é bom médico” diz um antigo provérbio. Já na Idade da Pedra
inventaram nossos antepassados processos para cozinhar, assar e defumar. Cobriam
muitas vézes a carne com barro, que endurecia no fogo, retendo no assado todos os
sucos. Ëste processo, ainda hoje estimado pelos ciganos, dizem ter sido a razão da
invenção das louças. Os antigos grego apreciavam comidas simples, mas bem
preparadas. Em 450 a. C. já existiam numerosos livros para ensinar a cozinhar. Na
Roma antiga, cozinhava-se com prodigalidade. Na Idade Média, dava-se maior
importância à quantidade de comida que à sua qualidade. Procedendo da Itália, surgiu
então na França uma arte culinária mais refinada. Gozava das maiores honrarias. O
grande filósofo Montaigne (1533-
escteveu um Yi’vto a tespeito. O tei Luis XIII tiiha
orgulho dos confeitos por êle mesmo preparados. Muitas de
nossas melhores receitas provêm daquele tempo.

O SAL É INDISPENSÁVEL NA COZINHA


Em todos os tempos, o sal teve na vida dos povos uma importância que nunca poderá
ser devidamente considerada. Em virtude de não existir sal em todos os pontos da Terra,
foi êle desde logo considerado como produto comercial. É obtido pela purificação de
sal-gema (gravura, século XVI), de fontes salinas (Sole), e principalmente pela
evaporação da água do mar. Quão gigantesco é o consumo do sal de cozinha na
alimentação humana! Na criação dos animais e na indústria, está demonstrado pela atual
produção mundial, ser seu consumo anual superior a 24 milhões de toneladas. Em
muitos países o Estado mantém o contrôle sôbre o comércio do sal. No Brasil, o sal foi
durante muito tempo importado, mas depois passou a ser produzido em grandes salinas,
situadas nas costas do Estado do Rio Grande cio Norte e do Estado do Rio de Janeiro.
Mossoró e Cabo Frio são grandes centros produtores.
O AÇÚCAR SUBSTITUI O MEL COMO ADOÇANTE
Desde os tempos mais antigos, hindus e chineses extraíam açúcar da cana, que só
medrava nas regiões tropicais. Faziam- no por meio da compressão das hastes e do
cozinhamento do caldo obtido. A cana-de-açúcar já havia deixado, anteriormente, sua
pátria, a Cochinchina, e tinha-se espalhado pela Ásia Menor. Os médicos árabes usavam
o açúcar como remédio, e foram árabes, também, os que o trouxeram pela primeira vez
para Veneza, em 996. Depois do descobrimento da América, a cana-de-açúcar veio para
a América Central, cujo clima quente e úmido era manifestamente favorável ao seu
crescimento. Com o movimento das Cruzadas, o açúcar tornou-se conhecido em tôdas
as partes da Europa. O açúcar de cana passou logo a ser valiosa mercadoria do comércio
mundial, mas, ainda no século XVII, era tão caro que só os abonados podiam comprá-
lo. Isso se modificou com a fabricação do açúcar de beterraba, a partir de 1801. A cana-
de-açúcar, trazida para o Brasil, por Martim Afonso, foi a nossa primeira cultura
organizada e a produção de açúcar e de álcool constitui, ainda hoje, uma de nossas
grandes riquezas.

IDADE MODERNA

Surgem as cartas geográficas universais


Colombo descobre um novo continente
Dcobrimento dos caminhos para as índias
Os descobrimentos estabelecem o comércio marítimo internacional
Emigrantes criam novos e grandes países
A batata, planta cultivada pelos índios peruanos
O cacau, planta cultivada pelos índios mexicanos
Gutenberg inventa a imprensa
A expansão da palavra escrita
O comércio de livros
Os primeiros jornais
Higrômetro, medidor do grau da umidade atmosférica
O florescimento da pintura A arte da ourivesaria O “Ôvo de Nuremberg”, primeiro
relógio de bôlso O emprêgo do vidro Aperfeiçoamento técnico da mineração
Prata, o metal difícil de produzir Todos são iguais perante a lei Os comerciantes
holandeses do século XVII
Dos princípios da poesia
Médicos e farmacêuticos
Difusão do emprêgo das frações decimais
Da educação e do comportamento à mesa
A biblioteca, instrumento de difusão da cultura
O teatro
O homem e os milagres do Universo
O telescópio e a visão das mais longínquas estrêlas
Barômetro, aparelho para medir a pressão do ar
Cronômetro, relógio de grande precisão
Experiências que provam a pressão atmosférica
A velocidade de transmissão da luz O correio moderno As primeiras caixas de coleta de
correspondência e os primeiros selos
postais
Auxílio na luta contra o fogo
A primeira iluminação das ruas
Sêres infinitamente pequenos, mas de imensa significação
O pêndulo de relógio e o balanço O invento de fechaduras artísticas Como os surdos-
mudos aprenderam
a falar
A jangada de ontem e de hoje
Precursores das modernas máquinas
a vapor
A primeira fabricação de porcelana na Europa
Mestres da música de órgão
Piano forte — o instrumento sonoro
Um grande século da música
Como o café se tornou uma das plantas mais úteis
O caucho dos índios, torna-se ob
jeto de comércio mundial
Descobre-se a eletricidade, fôrça pre
ciosa da natureza
Emprêgo do efeito de ponta eletri
ficada: o pára-raios
As plantas recebem nomes de vali
dade universal
Origem das enciclopédias
Inventam-se serras novas e mais pos
santes
Os faróis, indicadores de caminhos
marítimos
A importância de canais e eclusas
para o transporte de mercadorias
Da máquina de fiar, origina-se uma
grande indústria
O vapor inaugura a época da máquina
O descobrimento e a exploração da Austrália
O progresso da indústria do ferro no século XVIII
O homem vence obstáculos, edificando pontes
As primeiras pontes de ferro
As primeiras viagens em balão .
A lâmpada de segurança dos mineiros
A canção popular, espelho da alma do povo
A abolição do comércio de escravos As primeiras bicicletas, denominadas “máquinas de
andar”
O primefro navio a vapor atravessa o oceano
O salvamento de vidas em naufrá
gios
Peixes do mar, alimento do povo
A primeira estrada de ferro
O trem de ferro na América
O conhecimento dos sêres vivos de
épocas remotas
Análise espectral
O desbravamento das montanhas ..
Pestalozzi prega o verdadeiro amor
aos homens pela educação

SURGEM AS CARTAS GEOGRÁFICAS UNIVERSAIS


O comércio e o transporte seriam muito dificultados sem cartas geográficas exatas. Os
povos cultos da Antiguidade, como os babilônios, os egípcios e os gregos, já possuíam
representações cartográficas dos territórios por êles conhecidos. Mas, durante a Idade
Média, a geografia permaneceu por muito tempo sem maior progresso. Voltou-se
mesmo à crença de que a Terra fôsse um disco, e não uma esfera. Entretanto, com as
viagens dos Vikings por volta do ano 1000, e com as viagens comerciais para o Oriente
(Marco Pólo, século XIII) ampliaram-se os horizontes. A introdução da bússola, no
século XIII, permitiu medidas mais exatas para as cartas marítimas universais. Então,
em 1492, começou a grande era das viagens de descobrimentos. Ousados navegantes,
muitos dos quais portuguêses, circundaram as partes da Terra ainda desconhecidas e
desvendaram-lhes os contornos. O esfôrço constante dos exploradores, que se lhes
seguiram, forneceu conhecimentos cada vez mais exatos, inclusive de regiões centrais
dos continentes. Lentamente, as manchas brancas dos mapas estão desaparecendo.

COLOMBO DESCOBRE UM NOVO CONTINENTE


Através das viagens do veneziano Marco Pólo, de 1271 a 1295, haviam os povos
europeus tido notícia da imensa extensão do continente asiático, e também do enorme
território da China e da Índia, terra de maravilhas. O infante português Henrique, “o
Navegador”, deu a idéia para as viagens de descobrimentos a países longínquos. As
viagens empreendidas conduziam ao imenso desenvolvimento da navegação marítima
cio século XV. Em 1486, Bartolomeu Dias alcançou o extremo sul da África. Doze anos
mais tarde, Vasco da Gama chegou às Índias Orientais. Nesse meio tempo, o genovês
Cristóvão Colombo, auxiliado pela coroa de Espanha, procurava chegar às Índias
Orientais navegando em direção ao Ocidente. Assim deparou êle, em 1492, as ilhas
americanas de Cuba e Haiti e, em viagens posteriores, a América do Sul e a América
Central. Colombo estêve sempre na crença de encontrar-se na Índia. Ële não pressentia
haver descoberto um novo e imenso continente.

DESCOBRIMENTO DOS CAMINHOS PARA AS ÍNDIAS


A inesperada descoberta do Novo Continente por Colombo foi de enorme importância
para o Velho Mundo, para a ciência, para o comércio e para a indústria. O isolamento
das idéias e do comércio medieval havia sido suplantado: outros ousados descobridores
preparavam-se para novas viagens. Em 1498, Vasco da Gama alcançou a Índia, de
riquezas lendárias, circunavegando a África; em 1500, Pedro Álvares Cabral, a caminho
das Índias, descobria a “Terra da Santa Cruz”, que posteriormente viria a chamar-se
Brasil; em 1519, Fernão de Magalhães levantou âncoras para a primeira circunavegação
do globo. Descobriu um estreito a que se deu depois o seu nome, mas encontrou a morte
nas Filipinas, em luta contra os nativos. Sua gente encontrou, em uma ilha de
especiarias, portuguêses que ali haviam chegado em seu caminho para Leste (gravura).
Um de seus navios chegou de volta, em 1522, e completou assim a primeira
circunavegação do globo. Magalhães abriu caminho à navegação mundial com o
sacrifício de sua vida através de uma emprêsa de coragem sem exemplo. Sua viagem
marítima figura entre as mais importantes, e vale como o maior feito dos navegantes de
todos os tempos.

OS DESCOBRIMENTOS ESTABELECEM O COMÉRCIO MARÍTIMO


INTERNACIONAL
Vasco da Gama havia encontrado o caminho marítimo para as Índias Orientais. Á partir
de então seguiram-se uns aos outros os descobrimentos: Malaca (1511), o Sul da China
com Cantão (1516), Nova Guiné (1526), Japão (1542). No ano de 1513, Balboa
transpôs o istmo de Panamá e avistou, pela primeira vez, um mar enorme, até então
desconhecido, o oceano Pacífico. Uma multidão de aventureiros procurava explorar as
grandes descobertas, extrair o máximo possível de riquezas e levá-las para casa. Em
nome de seus países tomavam posse de enormes territórios. Cortês conquistou a Nova
Espanha (México), em 15 19.1521, e Pizarro, o Peru, em
1532-34. Depois de muito disputarem, Portugal e Espanha chegaram a um acôrdo
quanto à divisão do novo continente. Os inglêses, os holandeses e os franceses haviam
também empreendido, no entanto, ousadas navegações e lutavam pelo predomínio. A
“Invencível Armada” da Espanha foi batida, em 1588, pelos inglêses. O poderio de
Portugal, por volta de 1600, passou para a Holanda e a Inglaterra.

EMIGRANTES CRIAM NOVOS E GRANDES PAÍSES


Na tomada de posse e na colonização dos territórios recém- descobertos, os
conquistadores agiam, muitas vêzes, com desnecessária dureza. Velhas nações de
cultura foram aniquiladas sem a menor compaixão. Os novos dominadores procuravam
tirar de sua propriedade o maior proveito possível. Foi necessário, para isso, um grande
afluxo de colonos europeus. Vinham em multidões. A velha Europa estava excitada
pelas lutas e guerras, intolerante política e religiosamente. Pouca oportunidade oferecia
aos empobrecidos para conseguirem, pelo trabalho, melhor futuro. Aos oprimidos que
deixavam seu país, grandes dificuldades se apresentavam. Existiam desertos para serem
cultivados, florestas para serem desbastadas, lutas para serem sustentadas contra as
fôrças da natureza os selvagens e os animais ferozes. O que os colonos realizaram com
trabalho, perseverança, espírito empreendedor e coragem, pertence aos mais gloriosos
feitos da criatura humana. Da união de esforços, do amor .à liberdade e do sentido do
Direito, originaram-se os grandes países dêste lado do oceano, hoje tão admirados. E,
entre êles, está o Brasil, construído pelo esfôrço dos primeiros colonizadores
portuguêses, índios, africanos, e imigrantes de quase tôdas as partes da Europa, de que
resultou a nossa gente de hoje.

A BATATA, PLANTA CULTIVADA PELOS ÍNDIOS PERUANOS


A batata, que crescia nativa nas encostas da cordilheira dos Andes, tinha cheirosas
flores, azuis e brancas; mas as raízes eram pequenas, aguadas e pouco saborosas. Os
índios peruanos plantaram a batata nos campos e, durante milhares de anos,
aperfeiçoaram a sua cultura. No ano de 1524, uma horda de aventureiros espanhóis, sob
o comando de Pizarro, ávida de prêsa, invadiu o país e aniquilou o venerável reino dos
Incas. Tivessem sido êsses conquistadores mais humanos para com os nativos e teriam,
certamente, tido notícia da grande importância que a cultura da batata já havia
alcançado; e, assim, algumas fomes terríveis teriam sido poupadas à Europa. Alguns
séculos transcorreram, antes que os europeus descobrissem, por si mesmos, o grande
valor da cultura da batata. Para a sua divulgação na Europa, colaboraram, de forma
importante, os navegadores Francis Drake e Walter Raleigh, o químico Parmentier e o
físico Volta.

O CACAU, PLANTA CULTIVADA PELOS ÍNDIOS MEXICANOS


Os espanhóis conheceram em 1519, em suas viagens de descobrimentos, entre os
mexicanos, bebidas espumosas de alta qualidade. Eram tôdas preparadas com os frutos
do cacaueiro. Algumas eram aromatizadas com pimenta vermelha, outras adoçadas com
mel e perfumadas com baunilha. Essa bebida chamava-se chocolate (“choco”, cacau;
“lati”, água). Para conservação, os índios também já conheciam a torrefação e a
moagem dos grãos e preparo de pães de cacau. Através dos conquistadores espanhóis, o
cacau chegou, em 1520, à Espanha onde, em 1580, surgiu a primeira fábrica de
chocolate. A preparação foi por longo tempo segrêdo do govêrno espanhol. No entanto,
um italiano conseguiu, em 1606, conhecer o processo de fabricação e utilizá-lo em seu
país natal. Pouco a pouco surgiram fábricas de chocolate também na França, na
Holanda, na Suíça e em outros lugares. O Brasil é hoje um dos grandes produtores de
cacau.

GUTENBERG INVENTA A IMPRENSA


Em meados do século XV,. inaugurou-se na Europa nova era de progresso. Igualando-se
aos eclesiásticos e nobres, queria o povo participar de todos os conhecimentos. Tudo
impelia à multiplicação dos manuscritos. Foi então que surgiu Johann Gutenberg,
fundidor e ourives de Mainz (Alemanha), com sua invenção genial da imprensa, feita
em 1436. Gutenberg fundiu isolados tipos de chumbo, que depois reuniu na ordem
adequada e colocou numa prensa de imprimir. As letras podiam ser novamente usadas
mais tarde. A primeira obra impressa de Gutenberg ainda hoje é exemplar, e insuperada
no tocante à execução técnica e à beleza do estilo. Êste processo possibilitou o
desenvolvimento rápido da impressão de livros e jornais. Nenhum outro invento
influenciou tanto o progresso do pensamento humano, nem promoveu de melhor forma
a educação popular.

A EXPANSÃO DA PALAVRA ESCRITA


Antes da invenção da imprensa, os livros escritos em pergaminho eram tão caros que
apenas pessoas ricas podiam aprender a ler e a escrever. O grande feito de Gutenberg
criou, do dia para a noite, novas e gigantescas possibilidades:
tôdas as camadas populares podiam apossar-se do saber. Começava o período da
educação moderna. Depois de 1400, o papèl substituiu o pergaminho, muito mais caro,
possibilitando assim a expansão rápida da impressão dos livros. Em tôda parte, surgiram
as fábricas de papel que produziam êsse material de escrita e impressão novo e barato.
A venda de livros impressos crescia cada vez mais. Grandes artistas como Dürer,
Holbein, o jovem, Hans Baldung, Lucas van Leiden, Aldegrever, Altdorfer,
incentivaram a impressão de livros pela produção de gravuras em madeira. No Brasil, a
primeira tipografia foi estabelecida pelo Príncipe Regente D. João (depois D. João VI),
em 1808.

O COMÉRCIO DE LIVROS
Já no século V a. C. existiam na Grécia, e mais tarde também em Roma e nos países
orientais, produtores e mercadores de livros. Cada um ocupava grande número de
escravos, que escreviam sob ditado de um leitor. A venda, mesmo para o exterior, era
muito importante. Mas a decadência da arte e das ciências, que se seguiu, devia influir
no comércio dos livros. No século IV d. C., os livros de pergaminhos, lisos e quadrados,
tomaram o lugar dos rolos de papiro. Eram, em sua maioria, escritos nos conventos e
custavam muito caro. Só depois da criação das Universidades, da descoberta da
fabricação do papei, e tia arte da imprensa, é que o comércio regular de livros voltou a
desenvolver-se. Os impressores visitavam as feiras de livros com êstes acondicionados
em tonéis, como se vê na gravura. E aí faziam trocas entre si, e providenciavam para a
fundação de livrarias no interior e no exterior. Originou-se daí, no correr do tempo, o
atual comércio livreiro, tão importante para a vida espiritual de todos os povos.

OS PRIMEIROS JORNAIS
Precursores dos jornais foram os primeiros editais diários que Júlio César introduziu na
velha Roma, em 59 a. C. A honra de ter publicado os primeiros jornais dizem que cabe
aos chineses. Pelo menos, parece certo o aparecimento regular do jornal “Tshin-Pao”
(Jornal de Pequim), desde o ano 1161 d. C. Saía na forma de um pequeno caderno de 12
páginás. Durou até poucos anos atrás, e foi, através de séculos, impresso em sêda. Em
nossa gravura, alguns burgueses admiram o primeiro jornal europeu. Apareceu em
1505, em Augsburg (Augusta) e trazia o título “Cópias das Novas Notícias”. Que campo
magnífico para a utilização da imprensa, descoberta em 1436 por Gutenberg! Não
obstante, um século se passou até que a futurosa novidade triunfasse e surgissem
semanários de publicação regular. O “Jornal de Leipzig”, fundado em 1660, foi o
primeiro jornal diário. No Brasil, há cêrca de mil jornais, dos quais mais de cem com
edições diárias.

HIGRÔMETRO, MEDIDOR DO GRAU DA UMIDADE ATMOSFÉRICA


Para previsão do tempo (por exemplo, das geadas) e para determinar o estado de
umidade em quartos e fábricas, o higrômetro é de grande proveito. Existem vários tipos
dêsses aparelhos.
No ano de 1437, L. B. Alberti dependurou num braço de
balança uma esponja sêca para pesar a umidade que porventura nela se acumulasse (ver
a gravura).
Em 1440, Nicolau Kues usou lã em vez de esponja. Desde 1676 conhece-se a casinha
para indicar o tempo. Nela usa-se uma qualidade especial de corda de cânhamo ou de
tripa, que, com o aumento ou diminuição da umidade do ar, se estica ou se encolhe,
abrindo ou fechando a casinha.
O primeiro medidor utilizável foi inventado em 1783 pelo cientista II. B. de Saussure,
de Genebra. No seu higrômetro, um cabelo esticado distendia-se com o aumento da
umidade do ar, movendo o ponteiro no mostrador.

O FLORESCIMENTO DA PINTURA
Até os fins da Idade Média, os pintores e escultores criavam as suas obras
especialmente para a arte sacra. A partir de 1500, pouco a pouco, teve início a
representação de motivos profanos. Principalmente os retratos, que já eram muito
estimados na Antiguidade, começaram a reviver. Os primeiros mestres nesta arte foram
os holandeses Van Eyck e Van der Weyden, e os italianos Botticelli (1447-1510),
Ghirlandajo (1449-1494). Elevadíssima posição atingiu a pintura através de Leonardo
da Vinci, Rafael e Tiziano. Sabiam exprimir magistralmente a vida psicológica dos
retratados. Também os pintores do Norte, como Dürer (1471-1528), Holbein, o jovem
(1497-1543), e o francês Clouet (1510-1572) fizeram excelentes pinturas, bem
caracterizadas e muito atraentes pela sua fide lidade. A pintura conquistou, por fim,
importante posição na produção artística da Humanidade.

A ARTE DA OURIVESARIA
O ouro, metal nobre e raro, preocupou desde cedo os desejos e as intenções dos homens.
Lendas e fábulas orientais falam-nos de tesouros incomensuráveis, talheres de luxo e
jóias dos príncipes orientais. Os túmulos reais egípcios continham maravilhosos
trabalhos de ourivesaria, em jóias, vasilhas e estátuas. A Bíblia nos informa da riqueza
em ouro do templo de Jerusalém. Na Europa, já nos inícios da Idade do Bronze,
existiam jóias e instrumentos de ouro. Encontraram-se mesmo machados e machadinhas
de ouro maciço. Excelentes ourives trabalharam na Grécia antiga, em Roma, na
Escandinávia e nos países do Danúbio. A terrina de ouro, ricamente enfeitada, que se
descobriu perto de Zurique, tem a idade de mais ou menos 2500 anos. Em Avenches foi
encontrado o busto de ouro de um imperador romano. Os ourives da Idade Média
também produziram milagres de arte, no estilo de seu tempo. Para isso, grandes artistas
lhes forneciam os planos.

O “ÔVO DE NUREMBERG”, PRIMEIRO RELÓGIO DE BÔLSO


Peter Henlein, inteligente artífice de Nuremberg, conseguiu, depois de trabalhos
ininterruptos, fabricar, rio ano de 1509, o primeiro relógio de bôlso. Era de ferro,
andava dutante 40 horas, possuía apenas um ponteiro e um maquinismo para badalar.
Uma prova do espírito inventivo de Henlein foi o emprêgo do pêlo de porco no lugar da
pequena mola em espiral, que é usada hoje. Os relógios de Henlein foram mais tarde
artisticamente trabalhados também externamente. Ricos ornatos valorizavam as caixas
de ouro e prata, sem vidro. Em virtude de sua forma e do local• de sua fabricação eram
chamados “Ovos de Nuremberg”. A fim de que também fôsse possível saber as horas
durante a noite, os algarismos eram em relêvo. Os relógios de bôlso de Peter Henlein
constitufram enorme progresso. Nossos modernos relógios de precisão provieram do
invento genial do artífice de Nuremberg.

O EMPRÊGO DO VIDRO
Já sabemos que os romanos usavam vidros em suas janelas. Por causa das invasões dos
bárbaros, entretanto, perdeu-se esta arte por mais de mil anos. Em nossa gravura vemos
um vidraceiro que liga pequenos pedaços de vidro por meio de barras de chumbo
(1550). Embora estas janelas não fôssem transparentes, em virtude do vidro curvo
empregado, representavam um grande melhoramento em relação às janelas providas de
papel ou de pano embebido em óleo. Pouco a pouco, porém, a fabricação de vidro se
desenvolveu. Do simples vidro de janela passou-se ao vidro artístico, cuja perfeição em
forma e material nunca foi superada. Já no século XVI produziam-se vidros finos,
inclusive para fins ópticos, espelhos e vidros coloridos. Hoje existe vidro flexível e
vidro inquebrável.

APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO DA MINERAÇÃO


Desde os mais remotos tempos, o homem procura extrair do seio da terra ricos tesouros
de cobre, ferro, sal, prata e ouro; a partir do século XII, extrai também o carvão. Para
chegar ao interior da terra, onde haja maiores depósitos minerais, têm sido abertas
minas profundas, com grandes dificuldades. Os poços de mineração e as galerias
horizontais devem ser assegurados contra o desmoronamento, havendo, ainda, o
problema da ventilação. Grave perigo constituem o gás desprendido na mineração e a
água, que tudo pode inundar. A gravura acima representa um sistema de bomba
hidráulica do século XVI. Foi justamente nessa época que teve grande desenvolvimento
a técnica da mineração, incentivada pelos primeiros livros da especialidade, devidos a
G. Bauer, ou, segundo o nome latino, que adotou, Agrícola. Graças a inúmeros
inventos, como a máquina a vapor, a lâmpada de segurança, a dinamite, as máquinas
elétricas de perfuração, os carros de extração, pode hoje a mineração satisfazer
plenamente às grandes e crescentes solicitações da vida moderna.

PRATA, O METAL DIFíCIL DE PRODUZIR


A prata é um dos metais nobres que mais cedo foram conhecidos pelo homem. Entrou
em uso, aliás, depois do cobre, ouro e zinco, pois raramente é encontrada pura no seio
da terra. Graças a isso êsse metal branco possuía ffiaior valor que o ouro no tempo dos
egípcios. Já no século VII a. C. a prata ganhou maior significação pela gravação de
moedas.
A expansão do poder e riqueza de Atenas baseou-se principalmente no produto das
minas de prata da montanha de Laurion. Os ourives gregos mundialmente famosos
enviaram a Roma preciosos vasos.
A gravura nos mostra uma loja romana de prataria.
Os fenícios e mais tarde os romanos exploraram as ricas
minas de prata da Espanha.
Depois da descoberta da América, devido às grandes minas
de prata encontradas no México e no Peru, êsse metal perdeu
muito do seu valor.

TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI


O maior dos bens terrenos é a liberdade; livres, têm os cidadãos o dever de obedecer à
justiça. Boas leis são a melhor garantia dos povos. Segundo a forma de govêrno, a
tradição e os costumes, os povos tiveram conceitos jurídicos diversos. Os juízes foram,
em geral, os príncipes ou seus representantes. Na Idade Média, diversas eram as leis que
se destinavam aos nobres, aos burgueses e aos escravos; houve época, mesmo, em que
as questões se decidiam pelo punho do mais forte. Na Idade Moderna, os cidadãos são
protegidos e defendidos pela Constituição, lei fundamental que não só regula a
organização do Estado, e sim assegura o respeito à autonomia do indivíduo. A mais
antiga Constituição do mundo é a da Inglaterra, a célebre Magna Carta (1215) que, até
hoje, lá continua em vigor, sendo seus artigos, entretanto, paulatinamente, postos à
margem. O Brasil possuiu quatro Constituições. Desde a extinção da escravidão, todos
no Brasil são iguais perante a lei. A nova Constituição, promulgada em 18 de setembro
de 1946, assegura a todos, mesmo aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade
dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade.
Não há fôro privilegiado nem juízes e tribunais de exceção.

OS COMERCIÁNTES HOLANDESES DO
SÉCULO XV1I
A circunavegação da África, no ano de 1497, por Vasco da Gama, foi um feito de
íncornensurável importância. O tráfico comercial para os países orientais estendeu-se
enormemente, porque o transporte de mercadórias pôde ser feito mais rápida e
econômicamente pelo mar, em vez de o ser penosamente pelos caminhos continentais,
com o attxílio de caravanas. Os comerciantes holandeses do século XVII foram ousados
co-fundadores do comércio mundial. Em 1602 fundaram a Companhia das Índias
Orientais. Em Java, Sumatra e Célebes, em Malaca, Ceilão e na África do Sul (Cidade
do Cabo) surgiram colônias. Batávia era o centro de seu poder. Em 1637, a sociedade
conseguiu o direito exclusivo de comércio (monopólio) com o Japão (Nagasaki). O
comércio marítimo fêz tia flolanda dêsse tempo o país mais rico da Europa. Sua frota
comercial contava, então, 35 mil navios. A.os incansáveis pioneiros do século XVII
devem os Países Baixos seu atual poder econômico, sua abastança e suas florescentes
colônias.

DOS PRINCÍPIOS DA POESIA


Em todos os povos cultos, mereceu sempr a poesia a mais alta consideração. Grandes
pensadores glorificavam, na mais bela das linguagens, os acontecimentos históricos.
Pintavam cenas do mundo exterior e encantavam seus leitores com lendas cheias de
fantasia, ou com profundos ensinamentos de filosofia. A literatura chinesa já se
mostrava altamente desenvolvida há 4 000 anos. A coleção de poesias Rigveda,
documento do saber hindu, compreende pro4uções que vão até dois mil anos antes de
Cristo. Famosas ainda hoje são as epopéias (cantos de heróis), lUada e Odisséia, e os
dramas dos grandes poetas Ésquilo, Sófocles e Eurfpedes. A antiga literatura persa e a
arábica apresentam fonte inesgotável de encantadores contos, como As Mil e Uma
Noites. Também os povos do Centro e do Norte da Europa tiveram antigamente valiosa
literatura, que ficou conservada em diversas lendas como por exemplos os Eddas, os
Cantos dos Nibelungen, e as lendas do Rei Artur. A gravura nos mostra o poeta italiano
Petrarca (1304-1374), em sua mesa de trabalho.

MÉDICOS E FARMACÊUTICOS
Grande número de receitas medicinais nos foram transmitidas por textos de caracteres
cuneiformes, deixados por babilônios e assírios (2000 a. C.). Velhos povos de cultura
oriental possuíam, também, e desde muito, preciosos métodos de cura. Os médicos,
quase sempre sacerdotes, possuíam raras qualidades de saber, misturadas a superstições.
Os gregos abriram novos horizontes ao estudo da medicina. As escolas médicas
formavam excelentes médicos e cirurgiões. A “teoria dos humores”, de Hipócrates, o
mais célebre dos médicos (séc. V a. C.) dominou até ao século XVI. Dessa época,
datam as primeiras investigações anatômicas mais exatas do corpo humano, tendo sido
decisivas as experiências de Vesal, Paracelsus e Paré. Em 1628, Harvey descobriu a
circulação do sangue. Sucederam-se depois inúmeras descobertas. Com a amplitude e a
complexidade da medicina, deixaram os médicos de preparar os medicamentos,
cuidados, de então para diante, por farmacêuticos de formação de base científica.

DIFUSÃO DO EMPRÉGO DAS FRAÇÕES DECIMAIS


As operações com frações ordinárias, como por exemplo 1/3, 3/4, 4/17, não ofereciam
as facilidades que se desejavam. Para substituí-las, inventaram-se as frações decimais,
que se tornaram tão conhecidas. Devemos a sua invenção aos indianos, por volta de 600
d. C. Só muito mais tarde, porém, é que os árabes as levaram à Europa. A primeira
exposição clara e precisa da matéria foi feita, na Europa, pelo holandês Stevin, num
livro que data de 1596. Em 1600, pela primeira vez, o grande matemático Jost Bürgi, de
Lichtensteig (St. Gailen), empregou o ponto para limitação dos números decimais
(0.25). Bürgi era relojoeiro da côrte e construía instrumentos astronômicos em Kassel e
Praga. Nos anos de 1603 a 1611, antes, portanto, do escocês Napier (1614), inventou os
logaritmos; solicitado embora pelo astrônomo alemão Kepler, só posteriormente, em
1620, publicou a sua invenção. As operações com frações eram tidas, ainda em 1600,
como conhecimento reservado a sábios. Hoje, as fazem meninas e rapazes, por onde
haja escolas de bom ensino.

DA EDUCAÇÃO E DO COMPORTAMENTO À MESA


Na época dos cavaleiros, nobres e trovadores, primava-se por excelente comportamento.
Eram essenciais as boas maneiras à mesa, principalmente porque não se conheciam a
colher e o garfo; usava-se, sõmente, um colherão comum e, em lugar de pratos,
utilizavam-se tabuinhas redondas. Logo depois de impressa a Bíblia, consideraram-se
dignos de impressão os ensinamentos de atitudes, ou as boas maneiras à mesa. A êsse
respeito, recomendava-se, por exemplo: “À mesa, não se devem pôr as mãos nas
terrinas ou assoar-se na toalha”. Hans Sachs (*) escreveu, em versos, os preceitos de
conduta à mesa, editando-os num livro ornado de excelentes gravuras. Essas regras de
comportamento eram postas num quadro, na sala de jantar. As crianças eram, então,
obrigadas a decorá-las. Empregou-se a colher, pela primeira vez, em 1530, na Suíça.
Luxo ridículo se considerava, ainda em fins do século XVI, o uso de garfos,
guarcianapos e lenços.

A BIBLIOTECA, INSTRUMENTO DE DIFUSÃO DA CULTURA


A biblioteca oferece-nos hoje a todos, ricos e pobres, oportunidade para os
conhecimentos, não só para as ocupações habituais como para a cultura geral. Nem
sempre, porém, foi assim. Na Idade Média, só os conventos possuíam bibliotecas, que
se compunham de valiosos manuscritos, às mais das vêzes, escritos em latim. As
bibliotecas universitárias se desenvolveram a partir do século XIV, salientando-se as de
Salamanca, de Paris, Praga e Viena. A invenção da imprensa trouxe, no século XVI,
extraordinário desenvolvimento à indústria dos livros. Criaram-se bibliotecas
municipais e bibliotecas de principados, que foram formar depois as grandes coleções.
O interêsse pela cultura geral, de horizontes cada vez mais amplos, fêz que fôssem
criadas, a partir de 1850, bibliotecas populares, principalmente nos Estados Unidos e na
Inglaterra. Há, hoje, bibliotecas imensas como a de Paris, com mais de 4 milhões de
volumes, e a do Congresso, em Washington, com
5 milhões. A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, possui mais de um milhão de
volumes e rica coleção de manuscritos.

O TEATRO
O teatro já desempenhava papel de grande importância na vida espiritual da Grécia
antiga. As representações se faziam ao ar livre, em anfiteatros. Os romanos possuíam,
também, imensos teatros ao ar livre, sendo gratuitas as representações. Muito tempo
depois, no século XII, apareceram as representações eclesiásticas (peças de Mistérios e
Paixões), apresentadas pelos clérigos nas igrejas. Aumentando, cada vez mais, o
mundanismo de tais peças, passaram a ser representadas em estrados montados em
praças públicas. Vagueando de cidade para cidade, levando em carros todo o material de
representação, apareceram, depois de 1430, artistas profissionais. No século XVI,
estabeleceram-se os primeiros teatros fechados, com cortinas e palco. Aliando.se aos
poetas, compositores escreveram também obras para o teatro, e assim se criou à ópera.
A gravura acima representa o palco usado, em 1599, pelo grande dramaturgo e ator
Shakespearé.

O HOMEM E OS MILAGRES DO UNIVERSO


Aos homens da Antiguidade as estrêlas já pareciam algo de maravilhoso, que
participava da divindade. Povos de cultura antiga, como os indianos, os babilônios, os
egípcios e os gregos fizeram observações extraordinàriamente exatas, e que nos
espantam, quando consideramos a precariedade de meios de que dispunham. Pitágoras
reconheceu, já em 500 a.
mais ou menos, a forma arredondada da Terra. Platão ensinava que o movimento do céu
é apenas aparente, pois a Terra, girando em redor de seu eixo, é que nos daria
semelhante impressão. Por ímpios, combateram-se, mais tarde, tais conhecimentos,
lançando-os ao olvido. Sõmente a partir do século XIII, incitados provàvelmente pelos
árabes, começaram os sábios do Ocidente a preocupar-se, de novo, com a astronomia.
Copérnico é considerado o fundador da astronomia moderna; foi êsse sábio quem
comprovou o movimento de rotação da Terra e o seu giro ao redor do Sol.
Desenvolveram os seus ensinamentos Tycho Brahe, Kepler (*) e Galileu. Em 1471,
Regiomentanus fundou em Nuremberg o primeiro observatório da Europa. O invento do
telescópio, em 1608, muito concorreu para o notável desenvolvimento que a astronomia
hoje apresenta.

O TELESCÓPIO E A VISÃO DAS MAIS LONGÍNQUAS ESTRÊLAS


— “Papai! Papai! O galo está descendo da tôrre da igreja!” exclamou o filho do oculista
holandês Lippershey, quando brincava à janela com duas lentes de vidro. O pai
convenceu- se de que as lentes, colocadas em certa posição, pareciam trazer tudo mais
perto. Fundado nesta observação, Lippershey montou, em 1608, o primeiro telescópio.
Depressa se espalhou a notícia do invento do miraculoso instrumento. Galileu, físico e
astrônomo italiano, assimilou o ensinamento e construiu, em 1610, um telescópio para
observação do céu. Descobriu quatro luas do planêta Júpiter e as montanhas lunares.
Numerosos astrônomos se dedicaram ao aperfeiçoamento do telescópio, como Kepler
(1611), e Olaf Roerner (1700). Usou- se o nome “telescópio” pela primeira vez em
1618. Em 1671, o astrônomo Newton teve a iniciativa de montar um telescópio de
espelhos, usando, em lugar de lentes de vidro, espelhos côncavos. Tornou-se célebre o
telescópio de Herschel (1785); o diâmetro do espelho tinha 1,22 m.

BARÔMETRO, APÀRELHO PARA MEDIR A PRESSÃO DO AR


O ar exerce forte pressão sôbre a terra. Ao nível do mar é de 1,033 kg por centímetro
quadrado. Reconheceu êsse fato, pela primeira vez, o físico italiano Torriceili, no ano de
1643. E a descoberta veio permitir o desenvolvimento de muitos conhecimentos da
física. Fatos até então inexplicáveis passaram a ser ensinados com plena segurança.
Torricelli comprovou a sua hipótese usando uma coluna de mercúrio num recipiente de
vidro, com vácuo; conforme previra o sábio, em face da pressão atmosférica, o mercúrio
comportou-se da maneira esperada. Estava inventado o barômetro. Pascal, célebre sábio
francês, bateu-se pelo estudo da nova teoria; recomendou que se fizessem observações
sôbre a pressão do ar com a coluna de Torricelli no Puy de Dôme, a 1 465 m de altura;
isso se deu no ano de 1648. Comprovaram as experiências que, quanto mais se sobe,
menor é a pressão atmosférica. Conclui-se, portanto, que, com o auxílio do barômetro, é
possível determinar-se a altitude, tomando-se por base o nível do mar. As mudanças
barométricas, causadas pelas correntes do ar, são empregadas para a previsão do tempo.

CRONÔMETRO, RELÓGIO DE GRANDE


PRECISÃO
É de grande importância para a navegação um instrumento de exata medida do tempo,
pois, por seu intermédio, consegue-se determinar, em alto mar, a latitude geográfica,
conforme propôs Huygens em 1675.
O relógio indica o tempo em determinado grau de longitude, contada em geral, a partir
do meridiano de Greenwich,
cidade da Inglaterra (meridiano zero).
Comparando êsse tempo com o tempo determinado por um cálculo astronômico, o
marinheiro conhece perfeitamente a longitude geográfica. O Parlamento inglês ofereceu
três valiosos prêmios aos inventores de cronômetros exatos. Depois de 26 anos de
experiências H. Harrison construiu o primeiro cronômetro idôneo. (Cronômetro é
palavra que vem do grego e quer dizer medidor do tempo). Roy de Paris, em 1772, e
J. Arnold, em 1775, introduziram nesse aparelho substanciais melhoramentos. Hoje os
cronômetros são usados, onde fôr necessário o cálculo exato do tempo.
Na determinação geográfica do tempo em alto mar, usa-se
também e principalmente a telegrafia sem fio.

EXPERIÉNCIAS QUE PROVAM A PRESSÃO ATMOSFÉRICA


Coube ao burgomestre de Magdeburgo, Otto von Guéricke, a palma de haver
demonstrado os poderosos efeitos da pressão atmosférica. Ajustadas duas semi-esferas,
fêz o vácuo, com o emprêgo de uma bomba, adrede preparada. Apesar de se terem
ajustado pesadas cargas para separar as semi-esferas, todos os esforços foram baldados;
não se conseguia separar as peças; a pressão do ar externo era maior. Em 1654,
Guericke realizou a célebre experiência de Regensburgo. Não se conseguiu a separação
das semi-esferas nem com a fôrça de tração de dezesseis cavalos; no momento, contudo,
em que se permitia a entrada de ar, as peças se separavam por si mesmas. Pelas bem
sucedidas experiências de Torricelli e de Guericke, Outros grandes problemas se
apresentaram à ciência. Mister se fazia que se investigassem os efeitos da pressão
atmosférica, já que tem grande influência no organismo humano, sôbre o tempo e
muitos instrumentos técnicos, como por exemplo, sôbre as bombas. A gravura acima
representa uma das experiências de Guericke.

VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA LUZ


A luz, como o som, precisa de certo tempo para sua transmissão. A sua velocidade é tão
grande, que os sinais luminosos percorrem instantâneamente as distâncias terrestres. Foi
por isso que quando o astrônomo dinamarquês Olaf Romer quis em 1676 averiguar a
velocidade da transmissão da luz, precisou usar de “sinais luminosos celestes”.
Observou êle numa das 14 luas que giram em volta do planêta Júpiter um escurecimento
regular, quando essa lua passava pela sombra do citado planéta. Romer verificou que o
escurecimento se repetiu mais tarde quando a Terra estava mais afastada de Jiípíter.
Da comparação entre tempo e espaço, calculou, então, que
a luz percorre em um segundo uma distância de 300.000
quilômetros (conforme estudos modernos o número exato é
de 299.776 quilômetros)
Um raio de luz, portanto, percorre, em um segundo, uma
distância igual a sete e. meia vêzes a da periferia da Terra.
A

O CORREIO MODERNO
Antigamente, e de modo especial em Roma, o correio era exclusivamente usado pelo
Estado, para servir às atividades oficiais. Nem mesmo mãis tarde, na Idade Média, se
conheceu um serviço de correios prôpriamente dito. No século XVI, Henrique IV, de
França, permitiu o livre uso dos côches de correio para o transporte, tanto de pessoas
como de mercadorias: para isso, Richelieu, em 1627, fixou determinados impostos. A
família Thurn e Taxis possuía o monopólio do serviço de correio para os Países Baixos
e para a Alemanha, nos séculos XVI e XVII. Entretanto, foi só após a instituição do sêlo
postal que os correios dos diversos países foram passando paulatinamente para as mãos
do Estado, com o caráter de serviço público. A criação do correio brasileiro, com êsse
caráter, data de 1864, sendo antes dessa época explorado por particulares.

AS PRIMEIRAS CAIXAS DE COLETA DE CORRESPONDÊNCIA E OS


PRIMEIROS
SELOS POSTAIS
A caixa de coleta de correspondência procede do ano 1653. Luís XIV conferiu ao
conselheiro de Estado Vélayer o privilégio de colocar, em Paris, caixas para o transporte
do correio da cidade. Pelo preço de um “sou” vendia-se um “bilet de port payé”. Isso
era o precursor do sêlo postal. Em 1837, na Inglaterra, o diretor-geral dos correios, R.
11h11, defendeu a idéia de uma taxa postal para o transporte de correspondência dentro
de um país, independentemente da distância. E essa idéia se tornou vencedora. No
mesmo ano o livreiro J. Chalmers propôs à tesouraria a utilização de selos postais
gomados para as franquias. Em 1848, Archer descobriu o processo de separar
fàcilmente os selos do bloco por meio de perfuração nas bordas. Antes, êles eram
cortados a tesoura. Estava assim criado o sêlo postal que rápida e vitoriosamente
começou a caminhar pelo mundo todo. Com a fundação da União Postal Universal, em
9 de outubro de 1874, em Berna, foi possível a introdução de taxas internacionais
uniformes.
O Brasil foi dos primeiros países a adotar os selos postais, em 1843. São dêsse tempo os
famosos selos “ôlho de boi” e “ôlho de cabra”, que ainda não eram picotados.

AUXÍLIO NA LUTA CONTRA O FOGO


Ainda até o século XVII, nossos antepassados viviam sob o mêdo constante de
incêndios. Guardas-noturnos, de hora em hora, faziam ouvir o seu brado de advertência
nas ruas para que as luzes fôssem bem apagadas. As cidades consistiam geralmente
apenas de casas de madeira cobertas de palha, o que aumentava o perigo. Das luzes
desprotegidas usadas antigamente (velas, lamparinas a óleo, etc.) irrompia fàcilmente o
fogo que, quando tocado pelo vento, depressa se espalhava. Extensos incêndios de
cidades eram freqüentes. Cada família devia possuir baldes de couro para a água, que
eram passados de mão em mão em caso de incêndio. Éstes e as bombas manuais não
podiam fazer muito contra a devastadora fúria do fogo. A partir do século XVII,
passaram a existir grandes melhoramentos. O ferreiro de Nuremberg, Hautsch, construiu
em 1655 uma bomba de água que podia lançar um jacto contínuo. Da maior importância
foi o invento das mangueiras, em 1671, por Jan van der Heyde, de Amsterdam.

A PRIMEIRA ILUMINAÇÃO DAS RUAS


A iluminação das ruas era coisa desconhecida na Antiguidade e na Idade Média. Quem
saía à noite, devia achar o seu caminho pelas ruas escuras, fôsse com lanternas, fôsse
com criados que, à frente, levassem tochas acesas. Em Paris, em 1662, podiam-se alugar
carregadores de lanternas; seus salários baseavam-se no tempo gasto, que era marcado
por um relógio de areia que levavam consigo. A falta de iluminação pública significava
o paraíso para os ladrões. E foi, justamente, o abuso dos salteadores que incitou às
primeiras experiências para a iluminação das ruas. Paris a introduziu em 1667, mas
sômente para a época de inverno (20 de outubro a 31 de março). Em determinados
lugares, obrigavam-se os habitantes a iluminar as janelas, à noite. Em 1679, exigia-se
em Berlim que, de três em três casas, houvesse uma lanterna. Depois, outras cidades
adotaram a iluminação regular das ruas. No século XIX, apareceu a iluminação a gás,
em substituição à luz das velas e a óleo; mais tarde, veio a época da iluminação elétrica.

SÉRES INFINITAMENTE PEQUENOS, MAS DE IMENSA SIGNIFICAÇÃO


O microscópio, genial combinação de lentes diversas, tornou-se indispensável auxiliar a
quase todos os ramos da pesquisa científica. Muitos germes responsáveis por doenças
foram reconhecidos com o auxílio apenas dêsse instrumento; e, uma vez conhecidos, foi
possível combatê-los. Ëste abençoado instrumento de óptica foi inventado em 1590, por
Janssen, oculista holandês; no correr dos séculos, foi melhorado por Galileu, Newton,
Hertel, Euler e outros pesquisadores. A gravura acima representa um microscópio usado
pelo inglês Hooke, em 1665, e já munido de aparelho de iluminação, possibilitando
investigações exatas. Em 1903, Siedentopf e Zsigmondy inventaram o ultramicroscópio,
com possibilidade de aumentar 2 000 vêzes o tamanho natural; tornaram-se mais fáceis,
portanto, importantes descobertas na química e na biologia. Nos mais recentes
supermicroscópios, usam-se raios eletrônicos, em vez de raios de luz; imagens assim
obtidas, permitem o reconhecimento de porções da milionésima parte de um milímetro.

O PÉNDULO DE RELÓGIO E O BALANÇO


O século XVII trouxe ao relógio de parede um importante melhoramento: o emprêgo do
pêndulo. Inventou-o, em 1656, o astrônomo holandês Huygens. Já antes dêsse sábio,
outros cientistas, como Galileu, tentaram o uso do pêndulo para a medição do tempo; a
sólução prática, contudo, só foi encontrada por Huygens. Construiu, além disso, a roda
de balanço, acionada por pequena mola em espiral, que serve, no relógio de bôlso, para
regular o andamento da mesma forma que o pêndulo o faz no relógio de parede. Graças
a êste mecanismo tão simples, tornou-se possível a montagem de relógios exatos. O
relógio de bôlso moderno é construído sob as mesmas bases; os melhoramentos que
sofreu se devem à mecânica de precisão, que teve grande progresso. O relógio de hoje,
pequena obra milagrosa, deve a sua existência a trabalho secular do espírito humano.

O INVENTO DE FECHADURAS ARTÍSTICAS


Como nas épocas mais remotas os homens unidos se defendiam dos inimigos por meio
de cêrca de paliçada, valetas, trincheiras e castelos, assim também hoje cada um em
particular usa na sua moradia trancas, ferrolhos e fechaduras, para proteger a sua vida e
os seus bens.
Desde os tempos mais remotos são numerosos os meios adotados para garantir a
segurança do lar. Grossas trancas fecharam portas internas ou externas. Um grande
progresso foi o invento do trinco, a princípio de madeira, depois de ferro, que por meio
da chave de alavanca, dava ao proprietário a faculdade de abrir a porta pelo lado de fora.
Fechaduras com chave, como as usadas hoje, já eram conhecidas no Império Romano.
Os artífices da Idade Média forjaram artísticas fechaduras.
A chave tornou-se símbolo do poder e da propriedade. Na rendição duma cidade sitiada,
o vencedor exigia a entrega solene da chave de sua entrada (como se pode observar na
gravura).
As modernas fechaduras de segurança remontam ao invento
de Bramak (1784), Chubb, Yale e outros.

COMO OS SURDOS-MUDOS APRENDERAM A FALAR


Abrindo horizontes para a educação de nossos semelhantes, tolhidos pela natureza,
trabalhava na Holanda o médico Amman, de Schaffhausen. Partindo da proposição de
que existe o poder da fala no surdo-mudo, explicou, em 1692, na obra “O Surdo que
Fala” um novo método de ensino. A criança devia ler as letras da bôca do professor que
falava, seguindo com a mão o movimento da laringe (gravura). A primeira casa para a
educação de crianças surdas-mudas foi fundada, em 1770, pelo Abade de l’Epée, em
Paris. Inventou êle alfabeto mímico, por meio do qual se entendiam os seus discípulos.
Por seu trabalho incansável, obteve sucesso admirável, despertando iniciativas
semelhantes em outros países. Hoje os surdos-mudos empregam a linguagem de sinais,
usando, em outros casos, da fala a pouco e pouco aprendida.

A JANGADA DE ONTEM E DE HOJE


Antigaménte o papel da madeira em alguns países europeus era de muito maior
importância que hoje. Para a construção de casas e de móveis, gastava-se grande
quantidade dêsse material. Existia, portanto, o problema do transporte para os vales da
madeira cortada nas imensas matas. Êsse transporte se fazia quase exclusivamente pelos
rios, pois sômente no século XIX foram construídas as estradas de ferro e de rodagem.
As toras, que eram conduzidas em jangadas pelos rios até chegar a um rio navegável por
embarcação de calado, eram ligadas entre si, formando sôbre a água uma espécie de
plataforma, como se pode observar na gravura.
Hoje a jangada é usada apenas em grandes rios (onde não existam usinas elétricas) ou
nas costas marítimas de certos países. Uma jangada holandesa conduz cêrca de 2 000 a
5 000 toras e chega a medir 60 metros de largura por 300 de comprimento.
Na América do Norte e no Canadá, países possuidores de
imensa riqueza em madeira, jangadas gigantescas de 5 000
toras fazem longas viagens pelos rios.

PRECURSORES DAS MODERNAS MÁQUINAS A VAPOR


Desde a Antiguidade, inúmeras experiências para o aproveitamento prático da energia
do vapor vinham sendo feitas. Nunca, porém, haviam elas chegado a alcançar o objetivo
desejado. Partia-se do princípio falso de que o vapor era expelido da água pelo fogo.
Mas, certo dia, o físico francês Papin reconheceu a verdadeira natureza do vapor.
Inventou êle uma marmita, com tampa aparafusada, que recebeu o seu nome. O vapor
não podia sair da vasilha e, assim, a temperatura subia a mais de 100°. Essa panela já
era uma espécie de caldeira. Em 1698, em Kassel, Papin construiu sua primeira
máquina a vapor. Aproveitou a fôrça de expansão do vapor a fim de mover, para diante
e para trás, um êmbolo no interior de um cilindro. Essa idéia genial provocou novas
experiências de outros inventores. O progresso seguinte das “máquinas de fogo”, como
eram anteriormente chamadas as máquinas a vapor, deu-se na Inglaterra. Depois de
Savery, Newcomen construiu máquinas a vapor que serviam para puxar água das minas.

A PRIMEIRA FABRICAÇÃO DE PORCELANA NA EUROPA


Com justo orgulho, Boettger olha uma vasilha de porcelana, absolutamente branca, cuja
fabricação êle conseguiu pela primeira vez no ano de 1710. Em experiências, que
visavam à fabricação de ouro, empregara êle, acidentalmente, a terra branca, ou caulim,
e, ao queimá-la, obtivera a porcelana. Fundou em Meissen, na Alemanha, a primeira
fábrica de porcelana da Europa. A partir dessa data a fabricação do produto nobre do
barro deixou de ser um segrêdo dos chineses. Ëstes conheciam a fabricação da
porcelana desde o século VII, e belas peças chinesas, trazidas pelos navegadores para a
Europa, desde o século XVI, causavam admiração. Ésse tipo ideal de vasilhas para
comer e guardar alimentos, que existe atualmente em tôdas as casas, era ainda muito
caro nos séculos XVIII e XIX. Barateado o produto, suplantou êle ràpidamente as
vasilhas de estanho e de barro, pois não se arranhavam como as primeiras, nem se
rachavam como as últimas. A porcelana, que é muito fácil de ser conservada limpa,
aperfeiçoou, além disso, os hábitos higiênicos da mesa.

MESTRES DA MÚSICA DE ÓRGÃO


Os sons do órgão como que têm a faculdade de elevar os sentimentos do homem. No
início do século XVIII, graças a Johann Sebastian Bach (1685-1750), experimentou a
música de órgão enorme progresso. Bach, o muito admirado organista e compositor que
vemos na gravura, produziu grande quantidade de peças de música sacra: prelúdios,
fugas, cantatas, corais, paixões e missas. A música de Bach é polifônica, isto é, tem
mais de uma voz, em oposição ao estilo homofônico, que se seguiu, e no qual só há uma
voz melódica; as outras são acompanhautes. Mestrçs posteriores da música de órgão
foram, antes de todos, E. Mendelssohn (1807-1847), Liszt (1811-1886) e César Franck
(1822-1890). Liszt mostrouà estrutura do órgão novos caminhos, através do colorido
dos sons predominantes em sua obra. As grandes criações corais de Bach ressurgiram
com Brahms (1833-1897) e Reger (1873- 1916). Atualmente, são muito executadas as
obras de compositores do século XVII, como por exemplo Heinrich Schütz.

PIANO FORTE — O INSTRUMENTO SONORO


O piano moderno é invenção de Bartolomeo Cristofori. Em 1709 inventouem Florença
o piano de martelo (Ilustração).
Esta invenção consistia no uso de martelinho de madeira, que ao se bater a tecla,
percutia levemente a corda correspondente, produzindo o som. Êste piano forte, devido
à sua maior sonoridade e melhor possibilidade de expressão, suprimiu os instrumentos
de tato, clavicórdio, espineta, címbalo, conhecidos desde o século XVI.
Nestes instrumentos os sons eram produzidos pela percussão
das cordas, por meio de chapinhas de metal.
Enquanto o piano forte (piano de cauda) é geralmente mais usado em sa1es, o piano
vertical, devido ao pequeno espaço que ocupa, tem um lugar de honra nos lares, onde a
música é sempre ouvida com prazer.
O piano vertical, que é o mais comum, assim se chama por ter as cordas e a caixa de
harmonia dispostas verticalmente.

UM GRANDE SÉCULO DA MÚSICA


No século XVIII, houve na música uma das maiores reformas de todos os tempos. Deu-
se a passagem da música puramente religiosa, ou sacra, de estrutura polifônica, para a
música leiga, mais variada. A opulência dos círculos aristo cráticos e sua compreensão
da música foram condições favoráveis ao florescimento da nova arte musical. Além
disso, produzia efeitos também uma compreensão mais livre do domínio das artes.
Viena tornou-se o centro da nova música. Mozart (1756-1791), Haydn (1732-1809) e
Beethoven (1770- 1822), formam a constelação dos chamados clássicos vienenses.
Muitos ramos da música surgiram então. Assim, Haydn passa. por ser o pai da moderna
sinfonia e da música de câmera. Mozart revelou-se como gênio universal, apesar de ter
vivido apenas 35 anos. Suas óperas, canções, danças e peças de orquestra são perfeitas
pela forma e pelo conteúdo melódico. Na gravura vemos Mozart ao piano, convindo
lembrar que aos seis anos de idade, já tocava êle em público.

COMO O CAFÉ SE TORNOU UMA DAS PLANTAS MAIS ÚTEIS


Os bilhões de cafeeiros, que crescem hoje no Brasil e em outros países da América,
parecem descender da àrvorezinha que o capitão Desclieux trouxe, em 1720, do Jardim
Botânico de Paris para a Martinica. Só depois que o café se cultivou, na América, em
gigantescas plantações é que se tornou bebida popular. A atual área cultivada de 1 750
000 hectares fornece colheita anual de 2 200 000 toneladas de grãos de café, em
números redondos. A pátria õriginal do café parece ser a Abissínia, onde ainda cresce
sem cultivo. Ignora-se quando foi descoberta a torrefação dos grãos. Na Pérsia, já era
costume beber café, por volta de 875 d. C. No século XV, o café alcançou a Arábia e os
venezianos trouxeram grande quantidade dêle para a Europa em 1624. Aí permaneceu
por longo tempo proibido ou sobrecarregado de impostos, pois era tido como “o mais
afamado sedutor do povo”. No Brasil, o café foi introduzido em 1727, no Pará; daí
passou para outros Estados, desenvolvendo-se excelentemente. Nosso país produz dois
terços de todo o café consumido no mundo.

O CAUCHO DOS ÍNDIOS TORNA-SE OBJETO DE COMÉRCIO MUNDIAL


Muito antes de ser conhecido pelos europeus, o caucho era obtido pelos índios, na parte
norte da América do Sul. La Condamine enviou, em 1736, as primeiras amostras de
caucho do Peru para Paris. Em 1751, o engenheiro francês Fresneau observou em
Caiena (Guianas) a maneira pela qual os índios obtinham o leite da seringueira e o
aproveitavam. Foi êle quem fabricou as primeiras luvas de borracha. A “fazenda nova”,
elástica, recebeu ainda maior difusão depois do processo de vulcanização, criado por
Goodyear em 1839, e aperfeiçoado por Hancock em 1843. A exploração desordenada
dos seringais nativos levou ao cultivo da seringueira em outros países tropicais, na
África e em Java. As plantações da Malaia e da Índia Neerlandesa fornecem, hoje, mais
de 80 % da produção mundial, que atualmente ultrapassa 1 milhão de toneladas por ano.
Estas cifras provam a importância da borracha no comércio mundial. O Brasil já foi o
maior produtor de borracha do mundo e, ainda hoje, tem nesse produto uma de suas
riquezas.

DESCOBRE-SE A ELETRICIDADE, FORÇA


PRECIOSA DA NATUREZA
Já seis séculos antes de Cristo, Tales de Mileto havia observado a fôrça de atração do
âmbar, quando friccionado na lã. Contudo, só em 1600 o médico inglês Gilbert
reconheceu essa fôrça de atração como energia independente, dando-lhe, em virtude da
denominação grega do âmbar (eléctron), o nome de “fôrça elétrica”. Por suas
experiências, Gilbert atraiu a atenção de numerosos sábios para o terreno ainda não
investigado da eletricidade. O burgomestre de Magdeburgo, Otto von Guericke,
construiu a primeira máquina para a obtenção da eletricidade por fricção. Compunha-se
de uma bola de enxôfre, que devia ser girada e friccionada com a mão, transformando
assim a energia mecânica em elétrica. Suas experiências despertaram grande interêsse.
A gravura desta página apresenta uma demonstração feita em 1744. Um disco de vidro,
pôsto em movimento e tocado pela mão, produz eletricidade, que, conduzida adiante,
incendeia o álcool.

EMPRÉGO DO EFÉITO DE PONTA ELETRIFICADA: O PÁRA-RAIOS


Experiências sucessivas determinaram a descoberta de outras propriedades da
eletricidade. Em 1727, o inglês Gray estudou a passagem da eletricidade através de um
fio de 130 m, com o que reconheceu a existência de corpos condutores e não
condutores, ou isoladores, da eletricidade. Dufay descobriu, em 1730, a diferença entre
eletricidade positiva (+) e eletricidade negativa (—), estabelecendo a fórmula: “corpos
carregados com eletricidade do mesmo nome se repelem; corpos carregados com
eletricidade de nome contrário se atraem”. Benjamim Franidin, usando um papagaio de
sêda, verificou o efeito da ponta eletrificada durante uma tempestade. Nessa verificação
baseou o princípio do pára-raio, que Frauklin usou pela primeira vez em 1752, como
proteção a um edifício (gravura). Uma barra dê metal, passando por cima da casa,
comunica-se com a terra. A ponta, apanhando parte da eletricidade contida nas nuvens,
conduz o raio à terra, porque a haste é boa condutora de eletricidade.

AS PLANTAS RECEBEM NOMES DE VALIDADE UNIVERSAL


Enorme é a riqueza e a multiplicidade dos recursos naturais. Sõmente no reino das
plantas, distinguiram os naturalistas mais de 220 000 espécies; os botânicos se
esforçaram, sempre, por trazer um pouco de ordem nessa diversidade. Variados
sistemas produziram bom trabalho preparatório; contudo, tornavam-se sempre
incompletos, dada a quantidade de novas plantas trazidas por viajantes e cultivadas nos
Jardins Botânicos. O naturalista sueco Linneu (1707-1778) teve, por fim, a idéia genial
de ordenar as plantas, de acôrdo com a flor e o fruto que produziam (gravura). Com
extremo cuidado, Linneu fêz exata descrição das plantas, dando a cada uma delas
denominação dupla, segundo a espécie e o gênero (nomenclatura binária). A abreviação
L, depois de tais nomes significa que Linneu foi o primeiro a dar o nome a tais plantas.
O Sistema usual de classificação “natural” das plantas baseia-se, hoje, nos elementos de
tôdas as partes que as compõem. Criaram-no Jussieu, de Candoile (1813) e outros.

ORIGEM DAS ENCICLOPÉDIAS


Com a invenção da imprensa e as crescentes investigações em todos os ramos do Saber,
tornou-se gigantesco o número de livros. Era impossível a um indivíduo isolado
dominar todos os ramos do saber; originou-se, daí, o interêsse por obras que
permitissem uma visão geral de todo o saber, de modo fácil e resumido. Não só os
sábios tinham nisso interêsse: o povo também queria participar do banquete da
sabedoria. As enciclopédias vieram satisfazer a êsse desejo, preenchendo, assim, a
condição tão necessária para que se mantivesse desperto o interêsse por todos os ramos
do saber e a possibilidade de sua compreensão. Estas obras tiveram grande difusão. A
“Encyclopédie” de Diderot e d’Alembert precedeu as demais enciclopédias. tsses dois
sábios franceses (gravura), num esfôrço que perdurou por vinte longos anos,
conseguiram editar uma obra de 35 volumes, ricamente ilustrados, e que fizeram época.
A obra apareceu em Paris, nos anos de 1751 a 1780.

INVENTAM-SE SERRAS NOVAS E MAIS POSSANTES


Entre as ferramentas mais importantes, que os homens têm manejado através dos
tempos, está a serra. Desde a pedra com bordas tôscas, dos- homens da Idade da Pedra,
até as modernas serras de fita de aço, existiram as mais variadas formas. Além das
serras manuais, serviram durante séculos (desde o século IV) serras impelidas por rodas
d’água para o trabalho em pedra e madeira. Eram as chamadas serras de grade, com
diversas fôlhas de serra colocadas lado a lado. Um grande melhoramento nos trabalhos
de madeira e metais, para cortar e entalhar, representou a serra circular, ou serra sem
fim. Foi inventada em 1799 por Albert, em Paris, e introduzida na Inglaterra em 1805,
por Brunel. Em 1807, o engenheiro inglês Newberry inventou a serra de fita, que possui
uma fôlha de serra sem fim, que se estende, como uma correia, sôbre dois rolos A serra
de fita é uma máquina utilíssima porque possibilita o corte em curvas fechadas.

OS FARÓIS, INDICADORES DE CAMINHOS Marítimos


O farol é, certamente, um dos mais belos monumentos da solidariedade humana Ja a
pacifica navegação da Antiguidade costumava tornar visieis de longe, a noite, por meio
de sinais luminosos, os pontos perigosos da costa e os baixios traiçoeiros dos mares
navegados O poderoso farol da ilha Faros, diante de Alexandria, era tido como uma das
sete maravilhas do mundo. Foi edificado em 285 antes de Cristo e prestou serviços até o
século XII. Do local onde estava situado originou-se o nome de “farol”, que receberam
todos êsses marcos no mundo. É célebre, também, o farol Eddystone, diante de
Plymouth, no Canal da Mancha, num rochedo batido pelo mar violento. Desde 1 693
teve de ser reedificado quatro vêzes. A tôrre de pedra que Smeaton edificou, de 1756 a
1759, era uma das obras de engenharia mais arrojadas que se conheciam (gravura).
Smeaton reinventou o cimento para aumentar a resistência das fundações dessa tôrre.
Diz-se “reinventou” o cimento, porque o seu preparo já era conhecido pelos romanos.

A IMPORTÂNCIA DE CANAIS E ECLUSAS PARA O


TRANSPORTE DE MERCADORIAS
Já na Antiguidade foram construídos muitos canais e eclusas para encurtar os caminhos
marítimos e para resolver o problema da diferença entre dois diversos níveis de água.
Infelizmente, o seu inventor não nos é conhecido. Ptolomeu II, no ano 260 a. C.,
mandou reformar os canais entre o Nilo e o Mar Vermelho, e ordenou que se “fizessem
eclusas bem construídas, que pudessem ser abertas e fechadas imediatamente na
passagem de um navio”.
O transporte de mercadorias por via marítima, sempre foi o mais barato. Devido a isso e
com a expansão gigantesca do mercado europeu, construíram no século XIII
importantes canais marítimos, que, quando necessário, eram dotados de eclusas
artísticas.
Êsses canais permitiam o transporte direto das mercadorias
do mar até o interior dum país.
As maiores eclusas do mundo são: a eclusa de Gatum (canal
do Panamá); a nova eclusa de Bremerhaven; a eclusa de
Ymuiden (400 m de comprimento e 50 m de largura).

DA MÁQUINA DE FIAR ORIGINA-SE UMA GRANDE INDÚSTRIA


Quando, no século XVIII, se inventou a lançadeira mecânica, a fiação e a tecelagem
receberam grande impulso. Conta-se que o tecelão Hargreaves interrompia sempre o tra
balho, porque sua espôsa não conseguia fabricar fios suficientes para alimentar seu tear;
inventou então uma máquina que fiava ao mesmo tempo 8 fios, como se vê na gravura.
Essa máquina foi destruída por operários que temiam ficar desempregados. Hargreaves
não desanimou. Montou uma fiação mecanizada destinada a preparar algodão.
Seguiram-se outras invenções, como a máquina de água de Arkwright, em 1769; a de
Robert, com auto-alimentador, em 1825: e a circular de fiação, de Jenks, na América do
Norte, em 1830. A Inglaterra proibira a exportação dessas máquinas; conseguiu-se,
contudo, a introdução de algumas no convento de St. Gailen, em 1800. Desde então a
fiação e a tecelagem desenvolveram-se intensamente em outros países da Europa. No
Brasil, a indústria de tecidos representa grande fonte de riqueza e conta com mais de
dois e meio milhões de fusos.

O VAPOR INAUGURA A MÁQUINA DA ÉPOCA


Em 1769, James Watt, mecânico de precisão, nascido na Escócia, presenteou o mundo
com a primeira máquina a vapor bem construída. Concebeu-a tão excelentemente que
ultrapassou com facilidade as que a precederam, tôdas mais simples. Possuía-se agora
uma fonte de energia capaz de mover as mais diversas máquinas de trabalho; A
Metalúrgica de M. Boulton, em Soho (Birmingham), que produziu as primeiras
máquinas a vapor de Watt, forneceu mais de mil máquinas a diversos países até o ano
de 1800. E essa aplicação racional do vapor inaugurou a grandiosa época da construção
de maquinismos; a ela realmente se deve o desenvolvimento rápido da indústria,
baseado numa grande quantidade de inventos, bem como o aperfeiçoamento dos
transportes, com a locomotiva e o navio a vapor. Da máquina a vapor, movida a
êmbolo, derivou, em tempos mais recentes (1900) a turbina a vapor, mais econômica.
Nessa turbina, o vapor impele uma roda de pás curvadas, dentro de uma caixa, à qual é
encaminhado com grande pressão.

O DESCOBRIMENTO E A EXPLORAÇÃO DA AUSTRÁLIA


O oficial de marinha inglês James Cook chegou, em 1770, numa de suas viagens ao
redor do mundo, até a costa leste da Austrália. As viagens dos marinheiros holandeses
dos inícios do século XVII haviam caído no esquecimento, especialmente porque Abel
Tasman, depois da viagem de 1644, ao longo da costa noroeste, havia descrito a terra
como essencialmente inóspita. Não se realizaram, por isso, durante 125 anos, novas
viagens para essa terra do Sul, de aparência gigantesca. Cook firmou, numa segunda
viagem, os contornos da Austrália (por êsse tempo chamada Nova Holanda). Explorou,
também, a multidão de ilhas dos arredores e mandou fundar as primeiras colônias
inglêsas. A penetração para o interior, procedeu-se a princípio muito devagar. Só na
metade do século passado é que foram empreendidas expedições exploradoras pelo
interior, por lugares de matas crescidas e quase impenetráveis. Elas prepararam o
estabelecimento e a utilização econômica dêsse novo continente.

O PROGRESSO DA INDÚSTRIA DO FERRO NO SÉCULO XVIII


Na Antiguidade e na Idade Média, os métodos para a obtenção do ferro eram muito
primitivos. O emprêgo do ferro limitava-se, quase exclusivamente, à fabricação de
armas e utensiios mais simples. Grandes inovações apareceram, no entanto, no século
XVIII, transformando os processos de fabricação e alargando a utilização do metal. O
ponto capital da mudança residia no uso do carvão de pedra em lugar do carvão de
madeira, nos altos fornos, o que começou a ser feito na Inglaterra, em 1713. Conseguiu-
se, então, produção muito maior e mais perfeita. Ao mesmo tempo, as formas de
utilização do ferro foram multiplicadas. O ferro fundido, o ferro forjado e,
principalmente, o aço, constituíam material indispensável à construção de máquinas de
fiar e tecer, e, mais tarde, de locomotivas, etc. No Brasil, que possui dos mais ricos
depósitos de ferro, a sua exploração começou a ser tentada já na era colonial. Mas só
nos últimos anos é que se desenvolveu a grande indústria siderúrgica, com possantes
usinas, como a de Volta Redonda, que está fabricando ferro e aço da melhor qualidade.

IDADE CONTEMPORÂNEA

Da grafita ao lápis comum


A vacina contra a varíola
Senefelder descobre a litografia
A unificação de pesos e medidas e o comércio
A eletricidade por contato e a pilha elétrica
O açúcar de beterraba
Gás de carvão de pedra
Esterilização de alimentos
Predecessora da locomotiva
O tear Jacquard para tecidos com padrões
Por meio do alfabeto Brailie muitos ofícios se abrem aos cegos
A pena de aço substitui a pena de ganso
Os navios a hélice superam oS movidos a rodas
Os fósforos, meio cômodo de produzir fogo
Geladeiras e refrigeradores O telégrafo elétrico, maravilha das comunicações a distância
A química torna a agricultura mais lucrativa
As ruas iluminadas a eletricidade..
A fabricação de papel de madeira
A fotografia, arte de gravura direta
O martelo-pilão, importante máquina de forjar
Matemáticos calculam a trajetória dos corpos celestes
A máquina de Costura conquista o mundo
A cultura popular, os livros e os jornais
A turbina hidráulica
A roda pneumática melhora os car
233 ros e bicicletas
A desinfecção salva milhões de vi-
das humanas
O alivio da dor nas operações
O movimento de rotação da Terra
O alumínio, metal leve e resistente
O processo Bessemer na fabricação
do aço
o primeiro poço de petróleo
A Cruz Vermelha, uma vitória do
humanitarismo
Progresso na prevenção das infecções
pós-operatórias
O dínamo, nova fonte de energia
A dinamite possibilita grandes obras
pacificas
O engenho humano liga os mares
O desbravamento da África
Do deslizar dos caçadores nórdicos
ao esporte do esqui
Estações meteorológicas para previ
são do tempo
A estrada de Rigi, a primeira es
trada de ferro em montanhas da
Europa
As primeiras máquinas de escrever
O telefone, maravilha da técnica
moderna
Um predecessor dos bondes elétricos
A primeira gravação e retransmissão
de ondas sonoras
Édison e a primeira lâmpada elé
trica incandescente
A primeira usina de energia elé
trica
A construção de túneis
kdor de pessoas e de cargas..
Cáibate às epidemias por métodos dztíficos
Um memorável vôo em dirigível
A primeira motocicleta sai à rua
Lkis princípios do automóvel
Vadnaço contra a raiva
A Tôrre Eiffel, primeira grande anstrução de aço
Vôo de planadores com aproveitamento das correntes aéreas
A enxertia de plantas Dicilos transmjssores de moléstias e soros curativos
Exames com raios X
O exame prévio de alimentos
O concreto armado, novo e importante material de construção
Ginematógrafo e filme sonoro
O telégrafo sem fio
O primeiro motor Diesel
O radium possibilita novas curas
O dirigível no século XX
Os primeiros aeroplanos
O tráfego aéreo
A exploraçfo dos pólos da Terra
Sêda artificial e celofane
A televisão

As maiores descobertas científicas do milênio

Renato Sabbatini

Este é o último artigo de uma série de três, na qual me propus detalhar as


maiores invenções e descobertas do milênio que termina no final deste ano. No
primeiro artigo escrevi sobre as dez maiores invenções, no segundo sobre as
dez maiores invenções médicas, e hoje termino com as dez maiores
descobertas científicas dos últimos mil anos.

Ao contrário das invenções, que geralmente são a obra de uma pessoa só, ou
de um número pequeno de colaboradores, as grandes descobertas científicas
(geralmente denominadas de teorias, pois consistem de um conjunto de
explicações cientificamente comprovadas sobre algum fenômeno natural) na
maioria das vezes envolvem um número grande de cientistas, que contribuem
com partes da teoria, seja através de trabalhos de pesquisa experimental, seja
através da elaboração das leis. No entanto, é claro que alguns dos maiores
avanços científicos devem muito a uma única pessoa, como é o caso de
Darwin, Newton, Copérnico ou Einstein.

Na apresentação das descobertas, vou seguir o critério cronológico, pois não


podemos dizer que uma é mais importante do que a outra.

1) Teoria heliocêntrica: os povos antigos acreditavam que o sol girava em


torno da Terra. As religiões monoteístas, particularmente o catolicismo,
transformaram isso em dogma, ao dar ao ser humano um lugar no centro do
Universo. Por isso, a teoria proposta pelo astrônomo polonês Nicolau
Copérnico, ao conseguir explicar a mecânica celeste de maneira mais racional,
teve a força de um cataclisma filosófico, social e religioso, e que quase levou
Galileu à fogueira, por apresentar provas científicas para a teoria. Depois disso,
toda a ciência mudou, livrando-se da herança de Aristóteles para sempre.

2) Teoria da gravitação universal: proposta pela primeira vez pelo maior


gênio científico de todos os tempos, o físico inglês Isaac Newton, representou
uma solução teórica brilhante para o problema da atração entre massas, e
explicou milhares de fenômenos naturais, particularmente na astronomia.
Newton também inventou toda uma nova área da matemática para descrever
fenômenos físicos dinâmicos, o cálculo diferencial e integral; revolucionando
para sempre as ciências da natureza.

4) A célula: os naturalistas descobriram, através do uso de um novo


instrumento, o microscópio, que os organismos eram constituídos por unidades
muito pequenas, denominadas células. Bactérias, protozoários e alguns tipos
de algas são unicelulares, mas a complexidade da vida aumentou muito com o
surgimento dos seres pluricelulares. Seu funcionamento pode ser explicado
como uma cooperação integrada entre grupos de células especializadas em
determinados tipos de funções, como suporte, nutrição, respiração, comando,
etc. A teoria celular deu origem também à medicina científica, ao levar-nos a
entender que as doenças surgem em decorrência do malfuncionamento ou
morte de grupos dessas células, e abriu as portas para o diagnóstico e a terapia
modernos.

5) Teoria da evolução: Até a publicação do pioneiro estudo do naturalista


inglês Charles Darwin no século XIX, existiam muitas teorias que procuravam
explicar, de forma insatisfatória, a diversidade das espécies vivas no planeta e o
fato evidente de que algumas descendiam de outras. Darwin propôs,
brilhantemente, o mecanismo para a evolução, através da teoria da seleção
natural, ou da adaptação seletiva, pela qual pequenas mudanças nos
organismos vivos afetam sua sobrevivência em relação a mudanças
ambientais, e que os mais aptos conseguem se reproduzir em maior
quantidade. Constitui, até hoje, o embasamento que tudo explica, na biologia.

Charles Darwin

6) Teoria da relatividade: descoberta no começo do século pelo físico alemão,


Albert Einstein, alterou de forma profunda e radical nossa percepção acerca do
Universo, da matéria, da energia e do tempo. Abalou e alterou a física
newtoniana, predominante por mais de 200 anos, e abriu campos inteiros novos
da física, principalmente nos fenômenos de larga escala e enorme velocidade,
como a astrofísica e a cosmologia. Não é à toa que Einstein foi eleito a
personalidade do século pela revista Time.

Albert Einstein Max Planck


7) Física quântica: proposta inicialmente por outro gênio, compatriota e
contemporâneo de Einstein, o físico Max Planck, foi outro grande terremoto
científico, ao reformular profundamente nossa continentes ao longo dos
milênios. As colisões e atritos entre as placas explicam os terremotos e os
vulcões, e incontáveis outros fenômenos físicos, como o próprio clima, a
distribuição e evolução das espécies vivas.

9) Big-Bang: qual é a origem do Universo? Muitas evidências indicam que toda


a matéria e a energia nele existentes, e o próprio espaço e tempo, se
originaram há uns 20 bilhões de anos, a partir de um único ponto, chamado
singularidade, que "explodiu" e ainda está se expandindo. A expressão foi
cunhada por um físico russo-americano, George Gamow. Continua sendo uma
teoria, pois suas evidências são indiretas; seria impossível observá-lo. Mas o
Big-Bang mudou tudo na maneira de encararmos a criação, inclusive do ponto
de vista filosófico.

10) Código genético: a descoberta da estrutura e da função do DNA e do RNA


na codificação genética e nos mecanismos da herança e das funções celulares
é um dos mais espetaculares avanços científicos de todos os tempos, tendo
revolucionado profundamente a biologia e a medicina. O feito é devido a dois
cientistas ingleses na década dos 50s, Crick e Watson (que ainda estão vivos).
Abriu o caminho para uma nova era da humanidade, através da engenharia
genética, a terapia gênica, a síntese de novas formas de vida, e assim por
diante. É o ser humano brincando de Deus.

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