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Por dentro da autoeficácia: um estudo sobre seus

fundamentos teóricos, suas fontes e conceitos correlatos


Marizeth Barros* & Ana Cristina Batista-dos-Santos **

Resumo
Partindo do conceito de autoeficácia como a crença que o indivíduo tem sobre
sua capacidade de realizar com sucesso determinada atividade, o texto discute o
construto da autoeficácia, desenvolvido por Albert Bandura, psicólogo
canadense, face à pertinência do mesmo para entendimento das escolhas e
desempenho profissional individual, e sua relação com a eficácia
organizacional. Faz uma breve apresentação sobre a autoeficácia, destacando
sua inscrição teórica, suas principais fontes e fazendo uma oportuna
diferenciação deste com conceitos correlatos. Assim, elucida conceitos,
contribuindo no avanço das discussões existentes. Para tal fim, aborda: (i) a
teoria social cognitiva; (ii) a autoeficácia e suas fontes; e (iii) conceitos
conexos como autoconceito, auto-estima, lócus de controle, expectativa de
resultado e resiliência.
Palavras-chave: Autoeficácia. Teoria Social Cognitiva. Fontes de autoeficácia.
Inside self-efficacy: a study on its theoretical foundations, their sources and
related concepts
Abstract
Assuming self-efficacy concept as the individual's belief in his own capacity to
successfully perform a certain activity, the text discusses the construct of self-
efficacy, developed by Canadian psychologist Albert Bandura, given the
relevance of even understanding of individual choices and professional
performance, and its relationship to organizational effectiveness. Made a brief
presentation about the self-efficacy, highlighting its theoretical enrollment, its
main sources and making a timely differentiation with related concepts. Thus
clarifies concepts, contributing to the advancement of existing discussions. To
this end, covers: (i) social cognitive theory; (ii) self-efficacy and their sources;
and (iii) related concepts like self-concept, self-esteem, locus of control,
expected results and resilience.
Keywords: Self-efficacy. Social Cognitive Theory. Sources of self-efficacy.

*
MARIZETH BARROS é mestranda em Administração

**
ANA CRISTINA BATISTA-DOS-SANTOS é doutoranda em Administração.

1
autoconceito, auto-estima, lócus de
controle, expectativa de resultado e
resiliência.
A teoria social cognitiva e a
autoeficácia
O tema da autoeficácia remete ao estudo
da Teoria Social Cognitiva (TSC) da
qual a Teoria da Autoeficácia se
constitui elemento central (AZZI;
POLYDORO, 2006). Na concepção de
Bandura, a autoeficácia é tida como um
dos mecanismos-chave para a
Albert Bandura composição da agência humana. De
acordo com Azzi e Polydoro (2006),
embora possa ser investigada de forma
Introdução
independente, a Teoria da Autoeficácia
O construto da autoeficácia, está contida na Teoria Social Cognitiva
desenvolvido por Albert Bandura, a qual lhe dá suporte e sentido. Isto faz
psicólogo canadense, desde 1977 tem com que intervenções baseadas apenas
contribuído com os estudos sobre o na discussão da Teoria da Autoeficácia
comportamento humano nas tenham menor consistência, caso não
organizações. A autoeficácia é tida sejam pautadas pelo olhar teórico-
como a crença que o indivíduo tem explicativo da Teoria Social Cognitiva.
sobre sua capacidade de realizar com
A TSC explica o comportamento
sucesso determinada atividade. Dessa
humano mediante um modelo de
forma, sua crença pode afetar suas
reciprocidade triádica. Nesse modelo, a
escolhas e o desempenho profissional.
conduta, os fatores pessoais internos
Internacionalmente, é grande o interesse (eventos cognitivos, afetivos e
pelo tema, sendo encontradas inúmeras biológicos) e o ambiente externo atuam
publicações em língua estrangeira, nas entre si como determinantes interativos
mais diversas áreas do conhecimento. e recíprocos. Dessa forma, o indivíduo
Em contraste, são poucas as pesquisas cria, modifica e destrói o seu entorno. O
brasileiras. Isso mostra a relevância de indivíduo se torna agente e receptor de
novos estudos para uma maior situações que se produzem, e ao mesmo
compreensão da autoeficácia no tempo essas situações determinarão seus
contexto das organizações. pensamentos, emoções e
Assim, o texto objetiva discutir o comportamento futuro (BANDURA,
conceito da autoeficácia, destacando sua 1989; MARTÍNEZ; SALANOVA,
inscrição teórica, suas principais fontes 2006).
e fazendo uma oportuna diferenciação Para Bandura (2008), o princípio básico
deste com conceitos correlatos. que fundamenta a TSC é a perspectiva
Pretende, portanto, clarear conceitos, da agência, a qual se contrapõe aos
contribuindo com as discussões princípios behavioristas que baseavam
existentes. Para tal fim, aborda os processos de aprendizagem na
sucintamente: (i) a teoria social associação entre os estímulos
cognitiva; (ii) a autoeficácia e suas ambientais e as respostas individuais:
fontes; e (iii) conceitos conexos como

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Ser agente significa influenciar o crenças que se tem sobre a própria
próprio funcionamento e as “capacidade de organizar e executar
circunstâncias de vida de modo ações exigidas para manejar uma ampla
intencional. Segundo essa visão, as gama de situações desafiadoras,
pessoas são auto-organizadas,
inclusive aquelas prospectivas, de
proativas, autorreguladas e
autorreflexivas, contribuindo para
maneira eficaz, ou seja, conseguindo
as circunstâncias de suas vidas, não alcançar os objetivos específicos
sendo apenas produtos dessas propostos”. Ainda segundo a autora,
condições. (BANDURA, 2008, além de gerar capacidades ou
p.15). competências, a percepção de
autoeficácia também tem outras
A agência humana possui, de acordo
influências sobre o comportamento
com Bandura (2004), quatro
humano, tais como padrões de reações
características fundamentais:
emocionais e de pensamentos, os
intencionalidade, antecipação,
resultados esperados, o comportamento
autorreatividade e autorreflexão. A
antecipatório e as restrições ao próprio
intencionalidade significa que as
desempenho.
pessoas podem escolher o modo de agir,
elaborando planos e estratégias de ação Martínez e Salanova (2006) salientam
para realizá-los. Pela antecipação, as que as crenças de eficácia se constroem
pessoas antecipam resultados esperados baseadas nos juízos sobre as
de ações prospectivas, guiando e capacidades possuídas. Com as mesmas
motivando seus esforços. Com a capacidades, pessoas com diferentes
autorreatividade os agentes monitoram crenças podem obter êxitos ou fracassos
o próprio comportamento e regulam em função dessas diferenças de crenças.
suas ações pela influência autorreativa, Assim, a autoeficácia é vista como
fazendo coisas que lhes dão satisfação e crenças pessoais; o indivíduo apresenta
sentido de autovalor, e evitam ações que níveis de autoeficácia elevados ou
lhes tragam insatisfação e autocensura. reduzidos, de acordo com os próprios
Já pela autorreflexão os agentes são julgamentos em relação às suas
auto-examinadores do seu próprio capacidades. Para a elaboração desses
funcionamento. Eles refletem sobre sua julgamentos acerca da própria
eficácia, suas motivações e valores e capacidade, o indivíduo poderá levar em
fazem as correções necessárias. conta diversos fatores, que contribuirão
para o aumento ou diminuição de suas
A autoeficácia é tida como a percepção
crenças. Essas crenças podem estar
do indivíduo a respeito de suas
relacionadas a domínios específicos,
capacidades no exercício de
podendo haver percepção de elevada
determinada atividade. Bandura (1994,
autoeficácia em determinado domínio e
p.71) a entende como “as crenças das
baixa autoeficácia em outros (AZZI;
pessoas a respeito de suas capacidades
POLYDORO, 2006).
de produzir determinados níveis de
desempenho que exercem influência Desse modo, a partir da TSC, a
sobre fatos que afetam suas vidas”. autoeficácia pode ser vista, de um lado,
Essas crenças determinam como as na perspectiva agêntica, na qual se
pessoas se sentem, pensam, se motivam observa a subjetividade do indivíduo,
e se comportam. considerado sujeito de sua história e não
apenas produto do meio. De outro
Já Costa (2003, p.42) afirma que a
modo, a reciprocidade existente entre
percepção de autoeficácia se refere às

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indivíduo, ambiente e comportamento, observador fica atento para as
permite ao indivíduo influenciar e ser consequências positivas ou negativas
influenciado em seu comportamento. daquelas ações, podendo vir a adotar
Além disso, nota-se a especificidade do aquelas condutas como referência para
contexto, no qual existe o julgamento de si, caso se identifique com o modelo.
competência. A persuasão social é tida como a
Fontes de autoeficácia terceira forma de reforçar as crenças das
pessoas em suas capacidades. Pessoas
As crenças de eficácia podem ser
que são persuadidas verbalmente no
desenvolvidas a partir de quatro
sentido de que elas possuem as
principais fontes de informação:
capacidades para realizar determinadas
experiência direta, experiência vicária,
atividades são suscetíveis a mobilizar
persuasão social, e estados físicos e
um maior esforço e mantê-lo, do que
emocionais. Considerada a mais eficaz
aquelas que mantêm autodúvidas e
no desenvolvimento de forte senso de
fixam-se nas deficiências pessoais
eficácia, a experiência direta diz
quando surgem problemas. Além de
respeito às experiências vividas pelo
levar as pessoas a tentarem com maior
indivíduo. Os sucessos obtidos
rigor para serem bem sucedidas, elas
contribuem para a construção de uma
promovem o desenvolvimento de
forte crença na eficácia pessoal. Por
habilidades e um senso de eficácia
outro lado, as falhas podem
pessoal (BANDURA, 1994). Pajares e
comprometê-la, especialmente se estas
Olaz (2008) entendem que os
ocorrerem antes que um sentimento de
persuasores desempenham um papel
eficácia esteja firmemente estabelecido
importante no desenvolvimento das
(BANDURA, 1994).
crenças de eficácia. Para eles, as
A segunda fonte são as experiências persuasões positivas podem encorajar e
vicárias, fornecidas por modelos sociais. empoderar, enquanto que as persuasões
De acordo com Bandura (1994), ver negativas podem enfraquecer as crenças
pessoas parecidas a si mesmo, sendo de eficácia.
bem-sucedidos por esforços mantidos,
A quarta fonte geradora de autoeficácia
aumenta as crenças dos observadores de
são os estados emocionais e somáticos.
que eles possuem as capacidades e
As pessoas dependem, em parte, destes
habilidades para dominar atividades
estados no julgamento de suas
comparáveis de forma bem-sucedida.
capacidades. Poy et al (2004) acreditam
Na experiência vicária, o impacto da
que as pessoas baseiam parte de seus
modelagem na percepção de
julgamentos sobre as próprias
autoeficácia é influenciado pela
capacidades nos estados emocionais.
semelhança percebida em relação aos
Para Bandura (1994), as pessoas
modelos. Se as pessoas vêem os
consideram suas reações de estresse e
modelos como muito diferentes de si
tensão como sinais de vulnerabilidade
mesmos, sua autoeficácia percebida não
ao mau desempenho. Em atividades que
é muito influenciada pelo
envolvem força e resistência, as pessoas
comportamento dos modelos e pelos
julgam sua fadiga, dores e sofrimentos
resultados que ele produz. Segundo
como sinais de debilidade física.
Costa (2008), ao observar as ações dos
Contudo, o autor salienta que não é o
outros, o indivíduo estabelece uma
grau de intensidade das reações físicas e
comparação entre as características do
emocionais que é importante, mas como
modelo e as suas. Dessa forma, o

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elas são interpretadas. As pessoas que comportamento da criança influencia as
têm um alto senso de eficácia podem características do autoconceito que a
ver seus estados de excitação como mesma desenvolverá. E ainda, o
facilitador energizante do desempenho, autoconceito atua como regulador dos
enquanto que outras, com autodúvidas, estados afetivos e motivacional do
consideram sua excitação como um comportamento.
debilitador. Pajares e Olaz (2008, p. 112) indicam
Como foi visto a experiência direta, a que “as crenças de autoeficácia são
experiência vicária, as persuasões julgamentos cognitivos de competência,
sociais (ou verbais) e os estados físicos referenciados por objetivos,
e emocionais são considerados relativamente específicos ao contexto e
elementos fundamentais na transmissão orientados para o futuro”; e,
de informações que fortalecem ou diferentemente, “as crenças
enfraquecem as crenças dos indivíduos relacionadas com o autoconceito são
a respeito das próprias capacidades. percepções pessoais principalmente
Todas essas informações afetivas, bastante normativas,
proporcionadas pelas fontes de eficácia geralmente agregadas, hierarquicamente
passam por um processamento estruturadas e orientadas para o
cognitivo, no qual os indivíduos passado”. Martínez e Salanova (2006)
selecionam, avaliam, integram e entendem o autoconceito como uma
interpretam tais informações. visão que o indivíduo tem de si,
formada através da experiência e do
Diferenças conceituais
feedback recebido de pessoas
Vários autores destacam a importância consideradas importantes. Assim,
em estabelecer diferenças e relações crenças de eficácia são mais complexas
entre autoeficácia e conceitos que o autoconceito, já que variam de
correlatos, que a princípio podem ser acordo com diferentes níveis e
entendidos como sinônimos. Ao circunstâncias distintas. As crenças de
compará-los, observa-se que, muitas autoeficácia são avaliadas por meio de
vezes, os mesmos se assemelham e isto perguntas do tipo “posso”, enquanto que
demonstra que estes se relacionam de o autoconceito é avaliado por meio de
forma significativa. Contudo, apesar da perguntas do tipo “sou” e “sinto”.
proximidade eles não têm o mesmo
Em relação à auto-estima, Mosquera e
significado. Examina-se aqui os
Stobäus (2006, p. 85) relatam que “a
construtos: autoconceito, auto-estima,
auto-estima é o conjunto de atitudes que
lócus de controle, expectativa de
cada pessoa tem sobre si mesma, uma
resultado e resiliência, buscando
percepção avaliativa sobre si própria,
estabelecer diferenças e relações com a
uma maneira de ser, segundo a qual a
autoeficácia.
própria pessoa tem idéias sobre si
Para Carneiro, Martinelli e Sisto (2003), mesma, que podem ser positivas ou
a formação do autoconceito pode ser negativas”. Ou seja, pode-se considerar
vista como o resultado da interação do a auto-estima uma avaliação que se faz
indivíduo com o meio, sendo este um de si mesmo, na qual existe um
processo lento, que se desenvolve nas sentimento de aceitação ou negação a
experiências pessoais a partir da respeito de seu modo de ser, de suas
infância. A reação das pessoas qualidades e defeitos. A auto-estima
aprovando ou desaprovando o pode ser vista como o valor que se tem

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de si mesmo, dependendo da os próprios comportamentos,
valorização cultural a respeito das percebendo uma relação clara entre
capacidades que uma pessoa possui. tais comportamentos, desempenhos
“Enquanto as crenças de eficácia são específicos e suas conseqüências
observadas em ambiente de
juízos sobre a própria capacidade, a
trabalho. Já um indivíduo com
auto-estima pode não estar relacionada
locus de controle externo acredita
com a capacidade da pessoa” que os resultados de seu trabalho
(MARTÍNEZ; SALANOVA, 2006, p. estão além de seu controle pessoal
181). Dado o foco da autoeficácia na e, assim, atribui a causa destes à
capacidade, entende-se que a auto- sorte ou à ação de outros.
estima e a autoeficácia estejam (MENESES; ABBAD, 2002, p. 5)
relacionadas, mas não significam a
Martínez e Salanova (2006) entendem a
mesma coisa uma vez que a auto-estima
contingência estabelecida entre a
está mais relacionada a sentimentos de
conduta e o resultado como uma
aceitação.
distinção existente entre autoeficácia e
Bandura (2008) relata a exigência de “lócus de controle” que pode tornar
eliminar concepções equivocadas dos clara a relação existente entre os dois
construtos, referindo-se a autoeficácia, conceitos. Desse modo, a autoeficácia
auto-estima e lócus de controle. determina em grande medida o lócus de
Segundo o autor, “a autoeficácia, como controle interno, ou seja, se uma pessoa
julgamento da capacidade pessoal, não se sente eficaz e acredita possuir as
significa auto-estima, que é um habilidades necessárias, estabelecerá
julgamento do amor-próprio e nem relações entre suas ações e os
lócus de controle, que é a crença se os resultados. E de outro modo, o “lócus
resultados são causados pelo de controle” determina a autoeficácia:
comportamento ou por forças externas” diante de uma tarefa, as pessoas com
(BANDURA, 2008, p. 32). lócus de controle interno que crêem
estarem desprovidas das habilidades
O “lócus de controle”, construto
necessárias desenvolvem um limitado
proposto por Rotter (1966), pode ser
sentido de autoeficácia e enfrentam a
entendido como as crenças sobre as
situação com um sentido de inutilidade.
quais as pessoas estabelecem a fonte
controladora do próprio comportamento Navarro e Quijano (2003), ao
e de outros eventos. Essas fontes seriam desenvolverem seus estudos sobre
a sorte, outros poderosos, ou o próprio motivação no trabalho, consideram a
indivíduo (MENESES; ABBAD, 2002). autoeficácia como um processo
De acordo com Rodriguez-Rosero, cognitivo prévio à expectativa de
Ferriani e Dela Coleta (2002), o “lócus resultados. Enquanto esta última se
de controle” é entendido como a refere à avaliação das pessoas a respeito
percepção das pessoas sobre quem ou o da conexão entre sua conduta e a
que detém o controle sobre sua vida. obtenção de certos resultados, a
Quando o indivíduo percebe os eventos autoeficácia é a convicção de que saberá
de sua vida como controlados por si desempenhar com êxito para conseguir
mesmo, se teria o lócus interno, mas, se ditos resultados.
os percebe como controlados por outros
Da mesma forma, Martínez e Salanova
fatores, haveria o lócus externo.
(2006) enfatizam a distinção existente
Um indivíduo com locus de entre “expectativa de eficácia” e
controle interno acredita controlar “expectativa de resultado”. Para elas, a

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expectativa de eficácia é a convicção ou serão determinantes na resiliência do
probabilidade subjetiva de que o indivíduo.
indivíduo pode realizar com êxito a
Considerações finais
conduta necessária. Já a expectativa de
resultado, segundo as autoras, é a O texto sintetiza suas reflexões na
avaliação de que uma conduta forma de considerações finais. Quanto à
determinada conduzirá a certos relação direta da autoeficácia com a
resultados. TSC, considera que se trata de um
avanço teórico, uma vez que esta última
Apesar das diversas possibilidades de se apresenta como uma perspectiva
aplicação do conceito de resiliência,
mais totalizante e esclarecedora das
neste estudo, ele é tido como a relações das pessoas no contexto social,
capacidade do indivíduo em resistir às quando comparada à perspectiva
dificuldades encontradas em sua vida, behaviorista de caráter instrumental que
perseverando e enfrentando tais
se estabelecera como ortodoxia
dificuldades de forma positiva. Ou seja, dominante no campo do comportamento
assim como na física o material organizacional. Assim, constitui-se
resiliente volta ao seu estado anterior como uma abordagem teórica com
após uma tensão, o indivíduo resiliente melhor poder explicativo dos aspectos
pode ser visto como aquela pessoa multifacetados da relação indivíduo-
capaz de se recuperar e retomar sua vida organização, e da eficácia esperada da
após enfrentar problemas e sofrer mesma.
adversidades. A resiliência é definida
por Grotberg (2005, p. 15) como “a No que se refere às fontes de
capacidade humana para enfrentar, autoeficácia, entende-se que estudos in
vencer e ser fortalecido ou transformado loco, que permitam identificar as fontes
por experiências de adversidade”. de autoeficácia predominantes em
Barreira e Nakamura (2006) consideram contextos organizacionais específicos,
o pensamento e a ação como pontos podem contribuir para uma maior
chaves da resiliência, mostrando que compreensão dessas dinâmicas
existe uma complementação entre organizacionais, podendo igualmente
autoeficácia e resiliência. Enquanto a possibilitar uma adequação das políticas
autoeficácia residiria na percepção, na de gestão de pessoas às peculiaridades
decisão, a resiliência permitiria o recuo de um dado grupo de trabalhadores.
no sentido de alcançar um determinado Quanto aos conceitos correlatos,
objetivo de conduta. conclui-se que a autoeficácia não pode
Segundo Bandura (1977), as crenças de ser confundida com autoconceito, pois
autoeficácia ajudam a determinar este se refere à visão que a pessoa tem
quanto esforço as pessoas vão dedicar a de si mesma. Também não pode ser
uma atividade, quanto tempo elas vista como auto-estima, pois esta se
perseverarão ao se defrontarem com refere ao sentimento de aceitação de si.
obstáculos e o quanto serão resilientes A autoeficácia não significa o mesmo
frente a situações adversas. que lócus de controle, o qual pode ser
Compreende-se, dessa maneira, que as visto como a percepção do indivíduo
crenças de eficácia poderão favorecer sobre a fonte controladora de seu
ou dificultar as condições de comportamento. É diferente também de
enfrentamento de obstáculos, bem como expectativa de resultado esta vista como
a avaliação de que certa conduta trará

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determinado resultado. E ainda, não Canoas, n. 23, p.75-80, jun. 2006. Disponível
pode ser vista como resiliência, pois em: <http://pepsic.bvs-
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