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Filosofia – Ética

10ºAno
O que é a Ética?
Segundo uma acepção grega, ética é o estudo dos princípios da Vida Boa, ou
seja de uma vida com total sabedoria, alcançando todo o potencial humano.

Actualmente, a noção de ética alterou-se um pouco. Ética é o estudo da


questão de saber o que temos de fazer para viver... (“Uma vida mal examinada, não
merece ser vivida...” – Sócrates)
A Ética divide-se em três principais áreas que são nomeadamente:
- Metaética – estuda a natureza da Ética, explica os conceitos de “dever”,
“correcto”, “incorrecto, etc ;
- Ética normativa – estuda as regras da Ética, porque é que uma acção é correcta
ou incorrecta;
- Ética aplicada – estuda as aplicações da Ética no dia-a-dia, por exemplo: “Será
incorrecto matar?”;

Em grego “Ética” e “Moral” são sinónimos e ambos significam costumes...

Mas porque razão havemos de ser morais?


A pessoa que realiza esta pergunta aceita que nós sejamos morais e que
distingamos o correcto do incorrecto, no entanto ela pergunta se existe alguma
razão para sermos correctos ou incorrectos.

Ex.: Uma pessoa pode aceitar que ao ir à praia deve-se levar toalha, mas essa
pessoa pode perguntar porque é que vai à praia.

- Porque é que devemos agir correctamente ou moralmente?


- Não se trata de explicar porque é que uma acção é correcta ou incorrecta.
- Não podemos fazer o que nos apetece?
- Para uma acção ser eticamente correcta temos que ter em conta os
interesses dos outros.
- Ex.: Uma senhora grávida num autocarro, ceder-lhe-iamos o lugar?

Assim existem três categorias para classificar os actos:


- Errados: não é premissível realizar (ex.: matar);
- Obrigatórios: é premissível realizar, mas não é premissível não realizar –
tem que se realizar (ex.: dizer a verdade);
- Opcionais: tanto é premissível realizá-los como não realizá-los:
- Recomendáveis: é do interesse (ex.: ajudar os outros);
- Indiferentes: é igual (ex.: vestir uma camisola verde ou preta);
- Objectáveis: não o devemos fazer (ex.: não ajudar os outros);

Quem/O quê é que regula a nossa acção?


Como já viste anteriormente a nossa acção é regulada pelos nossos valores,
mas não só.
A Ética, a religião e o direito tentam também regular a nossa acção. E nós em
parte deixamos. (Como podemos ser livres se deixamos?)
Na Ética temos duas teorias principais que tentam regular a nossa acção:
- Ética deontológica – Immanuel Kant – “O bem último é a vontade boa, e
nós devemos cumprir o Imperativo: devemos fazer tudo com boas intenções,
os resultados são o que forem.” – Ex.: Cristianismo
- Ética utilitarista – John Stuart Mill – “O bem último é a felicidade, e
devemos fazer felizes o maior número possível de pessoas: o que conta são
os resultados, não as intenções.”

A Ética vai também relacionar-se com o Direito e com a Religião.

Moral e Direito
Uma acção ser correcta e uma acção ser legal não correspondem
exactamente ao mesmo. As normas legais (leis) são constituídas pela sociedade onde
são aplicadas, enquanto que as normas morais são constituídas por nós próprios,
podendo haver por vezes discordâncias entre uma e outra.
Ex.: Em Esparta era legal matar crianças (legalmente correcto, moralmente
incorrecto).
Ex2.: Devemos ajudar os outros (legalmente indiferente, moralmente
correcto)

No entanto também podemos ter situações em que ambas indiquem que a


acção deve ser realizada (ex.: pagar as dívidas (legalmente correcto, moralmente
correcto)) ou que não deve ser realizada (ex.: matar alguém (legalmente incorrecto,
moralmente incorrecto)).

Moral e Religião
As religiões apresentam um conjunto de ensinamentos e preceitos a que
chamamos doutrina, que a caracterizam. Uma pessoa não está indiferente a uma
religião, tem um de dois sentimentos destintos:
Aceitação:
- é uma fonte de inspiração moral e fortalece a vontade de agir; a
pessoa acredita no(s) Deus(es);
- vale por ter bons resultados, apesar da pessoa não acreditar na
Entidade(s);
Rejeição:
- há uma avaliação dos princípios éticos e nomas e a escolha do crente
é a não-aceitação;

Apesar de tudo isto, a moral não podia sobreviver sem Deus, porque “Sem
Deus, tudo é permitido.”, e todos podiam fazer o que quisessem, não haveria uma
Entidade divina a quem recorrer nem para saber se estava correcto ou errado.

Agora que já estudaste as várias influências na acção, achas que a ética é


relativa? Será que a ética pode ser universal?
Problema da Justificação dos Juízos Morais
Será a Ética relativa?
Antes de analisarmos as teorias éticas que vão tentar responder a este
problema, vamos analisar o conceito de teoria ética. Uma teoria ética é algo que
estabelece um conjunto de regras ou princípios que permitem identificar uma acção
como correcta ou incorrecta.
Assim existem 3 teorias éticas que tentam responder a este problema:
- Subjectivismo Moral;
- Relativismo Moral Cultural;
- Mandamentos Divinos.

Subjectivismo Moral
Esta teoria diz que tudo é subjectivo, ou seja o valor de verdade de um juízo
de moral depende das crenças de cada um.
Benefícios:
- Parece promover a tolerância;
- Respeita a liberdade;
- Provoca avanços sociais;
Críticas:
- Inutiliza os debates morais;
- Coloca em causa a educação moral;

Relativismo Moral Cultural


Esta teoria defende que o que está correcto depende da sociedade em que
vivemos, e que dentro da sociedade o que está correcto é de acordo com a maioria.
Ex.: Se a maioria dos indivíduos de uma sociedade dissesse que matar era
correcto então, nessa sociedade matar seria correcto.
Benefícios:
- Promove a coesão social;
- Fomenta o bem-estar dentro da sociedade;
- Promove a tolerância e não-violência;
Críticas:
- A maioria é que conta, mas se alguém não estiver na maioria como
se vai sentir? Nem tudo o que a sociedade aprova é o que pensamos
ser correcto;
- Obrigação de aceitação das práticas mesmo que achemos
incorrectas;
- Sem inconformismo a sociedade não evoluía;

Para além das críticas apresentadas o Relativismo Moral Cultural é auto-


refutante, ou seja, promove a ideia que apoia a tolerância, mas se uma sociedade
aceitasse que “Devemos ser intolerantes” então a ideia inicial não estava a ser
realizada.
Mandamentos Divinos
Segundo esta teoria, todas as acções são correctas ou incorrectas quando
aceites ou proibidas por Deus. Esta teoria traz uma novidade em relação às outras,
que o critério de avaliação é absoluto, não contestável, Deus, logo o critério é muito
mais objectivo. Só um crente pode aceitar esta teoria, pois é preciso acreditar num
Deus sumamente bom.
Benefícios:
- Um critério absoluto e incontestável;
- Mais objectividade;
- Valor de verdade dos juízos de moral.
Críticas:
- Levanta o Dilema de Êutifron;
- É auto-refutante.

Esta teoria levanta um dilema chamado dilema de êutifron maioritariamente


de compreensão:
Uma acção é correcta por ser ordenada por Deus
ou
Deus ordena uma acção por ela ser correcta?

Existem duas outras hipóteses para responder a cada uma das vias:
- Hipótese da arbitrariedade – segundo esta hipótese é a ordem de
Deus que faz com que uma acção seja correcta, mas Ele pode ordenar
uma acção incorrecta (omnipotente)? E aí deixa de ser um Deus
benevolente como esperado. Mas mesmo que continue a ordenar
acções correctas, como sabemos que estas estão correctas ou não
antes de Deus as ordenar? – Será que Alguém pode ordenar ordens
opostas às que ordenou anteriormente?
- Hipótese da universalidade da Moral – segundo esta hipótese Deus
só ordena acções correctas, mas como é que Ele sabe que são
correctas? Pressupõe a ideia de um critério superior que regem Deus,
e ele deixa de ser absoluto e incontestável. Nós é que avaliamos a
acção que Deus nos diz para fazer ou não, o critério deixa de ser
divino e absoluto, deixa de ser objectivo, há uma refutação – A
concepção divina do bem e do mal é posta em causa.

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