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Estratégias e Parcerias de Desenvolvimento

Sustentável : O Caso do Município da Ecunha -


Província do Huambo – Angola

Cluster Tecnologias Tropicais - AITECOEIRAS


19 de Maio 2010

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


O IMVF

Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD)


criada em 1951 que tem por missão a promoção do desenvolvimento
socioeconómico e cultural nos países de expressão portuguesa.

Conta actualmente com quase 60 anos de actividade e mais de 30


projectos em curso nas áreas da Cooperação para o Desenvolvimento e
da Educação.

Possui delegações/escritórios em todos os países de expressão


portuguesa, formados maioritariamente por quadros técnicos nacionais.

IMVF é um dos maiores receptores nacionais de financiamento da


Comissão Europeia e do Governo Português.

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Número de Projectos em
curso por País (2009)

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Sectores de intervenção por
país (2009)

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Montantes em Curso

Valor Total dos Projectos em curso durante o ano de 2009 = €


39.064.317

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Sectores de intervenção em
Angola

Valor Total dos Projectos em curso em Angola = € 2.150.968,80

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Projecto em curso em Angola

Titulo Duração Período de Execução Montante Financiador

Projecto para o Reforço do Sector da Comercialização da Coopecunha -


18 Meses Janeiro 2009 a Junho 2010 222.348,80€
Municipio da Ecunha - Provincia do Huambo (PRSCC)

Promoção da Governação Democrática Local: Dinamização dos Conselhos de


Auscultação e Concertação Social do Municipio da Ecunha e da Comuna do 30 Meses Fevereiro 2009 a Julho 2011 379.318,66 €
Chipeio (PGDL)

Projecto de Relançamento Sustentável da Produção e Comercialização do


Sector Pecuário Privado, Familiar e Empresarial no Municipio da Ecunha 36 Meses Janeiro 2008 a Dezembro 2010 999.668,62 €
(RSPC)

Projecto de Desenvolvimento dos Recursos Naturais (Terminado)


39 Meses Janeiro 2007 a Março 2010 549.632,70 €

Total 2.150.968,80€

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Angola - Província do Huambo
– Município da Ecunha
HUAMBO
O IMVF está presente em Angola, na Província de Huambo desde
1998 e desde 2002 no Município da Ecunha.

ECUNHA
Tem 1 677 km² e cerca de 95 mil habitantes.

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


Objectivos para o
Município da Ecunha
1º FASE:
1998 a 2002
Ajuda Humanitária
de Emergência

DESENVOLVIMENTO Promoção de
ECONÓMICO: boas práticas
- Agricultura
associativas e
- Pecuária
- Recursos Naturais
cooperativas
2º FASE:
OBJECTIVOS
2002 a PARA O
ACTUALIDADE
Reabilitação e MUNICÍPIO DA
Desenvolvimento do
Município da Ecunha
DESENVOLVIMENTO
ECUNHA
INSTITUCIONAL E SOCIAL: Promoção do
- Boa Governação dialogo e parcerias
- Assistência Técnica entre actores não
aos Actores Estatais
– Administração estatais
Municipal

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A estratégia para o
Município da Ecunha

Visão holística do
desenvolvimento

Importância de uma economia


rural não agrícola:
-Criação e reabilitação de infra- Vínculos entre a
estruturas;
- Promoção de actividades
economia local mercados
geradoras de rendimento; mais amplos
- Desenvolvimento de outros
sectores;
Crescimento sustentável
dos activos de produção,
sociais e ambientais

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Princípios Metodológicos

Formação e
Capacitação
dos grupos-
alvo

Incentivo à Parcerias
participação público /
das mulheres privadas

PRINCÍPIOS DA
INTERVENÇÃO DO
IMVF NO
MUNICÍPIO DA
ECUNHA
Relevância do
Abordagem papel da
Participativa iniciativa
privada
Espírito de
Iniciativa e
sentido de co-
responsabilid
ade

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


As linhas de força do PDRN (Projecto de
desenvolvimento recursos naturais)

1. Caracterização da situação actual dos recursos florestais no


município de Ecunha, concepção de uma estratégia de
intervenção e respectivas metodologias;

2. Garantir um conjunto de recursos, geridos de forma sustentável


e que contribuam, igualmente, para minorar a pobreza rural.

3. Acções de capacitação de competências ao nível:


1. Das populações rurais;

2. Dos professores das escolas;

3. Do diálogo alargado com as autoridades municipais

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A dimensão do problema

I. A abordagem dos problemas da gestão e da sustentabilidade


dos recursos naturais requerem abordagens
multidimensionais;

II. O nó górdio para a solução da conservação das matas naturais


é fundamentalmente de natureza sócio-ecológica.

III. Só actuando de forma integrada seremos capazes de


compreender as formas como a sociedade interactua com a
floresta

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Resposta da sociedade

Sistema social

Pressões Output
Ecossistem a

Estado da floresta

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Elementos exteriores que
afectam o sector florestal

É preciso ter em conta que o sector florestal é afectado por elementos exteriores ao sector

Sistema Politico Nacional

Taxas e Suportam opções Política e Leis Ambientais


Política e Leis Económicas
Impostos

Matérias primas

Economia Bens e serviços ambientais Recursos Naturais Disponíveis

Resíduos

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Multidimensionalidade de Uso
dos Recursos Florestais
Alimentos

Recursos
não
Forragem
Lenhosos
Ecoturismo

Recursos
Biodiversidade
Florestais

Funções Florestais Floresta Natural


(nacionais e
internacionais)
Plantações
Conservação das bacias Lenhas
hidrográficas

Mudanças Madeira com fins


Climáticas industriais

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Benefícios

Estratificação dos benefícios antecipados pelo projecto de


conservação do miombo ou de arborização Municipal

Benefícios Benefícios Benefícios


Públicos
Privados Globais
Locais Locais

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Elementos da abordagem do IMVF para
a gestão sustentável das florestas

1. Melhorar o conhecimento e a informação sobre os


recursos e sobre o sector em geral.
2. Elementos de informação que conduzam à
racionalização da política florestal e o quadro legal
em que a mesma se exerce.
3. Contribuir para a construção da capacidade
institucional por forma a viabilizar a aplicação da lei
e a governância

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Dependências do sector
florestal

Os problemas da gestão dos recursos naturais para garantir


que Angola vai continuar a auferir dos benefícios e bens
ambientais que deles dependem, estão fortemente ancorados na
forma como vai decorrer a recuperação da agricultura do
território e não podem ser vistos como uma área estanque.

É preciso realizar os custos que o sacrifício dos recursos


lenhosos naturais conduz a uma degradação do meio ambiente e
a prazo a inviabilidade da própria agricultura.

A conjugação de consequências em cadeia é hoje consensual.

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Decréscimo
Rotura do ciclo
do caudal
Exploração bio-
das fontes,
florestal geoquímicos Redução
da
desordenada infiltração dos pastos
Aumento da da água no e caça
secura do solo solo
Fogos
incontrolados
Decréscimo Formação Aumento do REGRESSÃO
Aumento da escorrimento
do coberto de FLORÍSTICA
lavagem do superficial
Agricultura florestal bancadas
solo
itinerante lateríticas

Aumento das
variações da
Outros factores Redução da
temperatura e
menores Aumento da produtividade
humidade do
erosão do do solo;
solo
solo Desertificação

Aumento do
impacto da
chuva no solo

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Diminuição dos Recursos
Florestais
Abates para aumento da Fogos frequentes e
área agrícola incontrolados

Abates para abastecimento de Abates para satisfazer


lenhas para uso doméstico necessidades habitacionais

Incerteza sobre o uso e posse Inexistência de um serviço de


da terra DIMINUIÇÃO DOS RECURSOS
FLORESTAIS extensão florestal

Abates para fabrico de Ausência e/ou insuficiência de


carvão para abastecimento políticas florestais e de
dos grandes centros Redução da área e da investimento e de pesquisa no
urbanos estabilidade estrutural da sector
floresta

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Quadro geral dos indicadores das insuficiências
públicas na gestão do património florestal I

A degradação extensiva do património lenhoso e o acentuar de fenómenos


erosivos extensos;

A desflorestação crescente em resultado quer das insuficiências e


desajustamentos da política florestal ou do reduzido controlo sobre os espaços
florestados;

Os poucos recursos das instituições florestais em meios humanos e materiais


e reduzida “expertise” para levar a cabo um controlo e gestão eficiente;

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Quadro geral dos indicadores das insuficiências
públicas na gestão do património florestal II

Os subsídios públicos para as operações de exploração florestal quando existentes não

geravam benefícios públicos e eram muitas vezes eticamente suspeitos em contextos em que

à população era negado o acesso à floresta;

A renda capturada pelas licenças de exploração / lease de florestas públicas era muito

reduzida de que resultava, na prática, uma transferência de bens públicos a favor de poucos;

Ausência de pouca iniciativa e investimento na gestão florestal;

Contribuições duradouras para o desenvolvimento local ou nacional eram

significativamente reduzidas senão mesmo nulas em muitos casos.

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O desafio institucional: Conciliar as
Exigências contraditórias feitas às florestas

O desenvolvimento sustentável, concepção e objectivos é um processo que desafia cada


componente da sociedade: governantes, cidadãos, funcionários públicos, professores, leaders
empresariais e agricultores.
A sustentabilidade não sucede simplesmente, nem pode ser imposta de cima para baixo
por decisão governamental.
A transição para um desenvolvimento sustentável necessita ser gerida, planeada e
administrada.
O processo necessita, também, de um sentido e de um propósito e uma visão de e para
onde a sociedade está a ser conduzida e dos benefícios em cada componente nacional .

Aqui só os governos podem proporcionar esta orientação assumindo a liderança desta


transição para o desenvolvimento sustentável. Inevitavelmente isto necessita de mudanças
institucionais que são um pré-requisito vital.

O IMVF nesta área actua oferecendo quadros de referência ou diagnósticos de situação

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A importância das condições de
governância territorial

O falhanço das políticas florestais nacionais, nomeadamente quanto às suas ramificações a


nível das políticas regionais;

A crise da grande empresa e dos grandes espaços com fáceis do tipo colonial, a importância
nova das pequenas empresas e das regiões;

A necessidade de um maior respeito pelo espaço vivido e pelas necessidades do meio que
permita reduzir os custos sociais do desenvolvimento;

A redescoberta de variáveis não económicas e a importância renovada das relações não


mediadas pelo mercado e da solidariedade social;

A necessidade de novos mecanismos locais de intervenção e de ajustamento face aos


factores externos e às pressões decorrentes da globalização crescente do capital e de outros
factores de produção.

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Quadro de Referência para a Gestão Florestal
Sustentada Promovido pelo IMVF I

Promover e negociar papeis claros e não conflituais para o conjunto dos actores e definir
procedimentos baseados em instrumentos legais e sem ambiguidade interpretativa;

Assegurar e proteger direitos de propriedade reconhecidos por todos os actores;

Integrar os múltiplos objectivos solicitados às florestas: económicos, ambientais e


sociais; bem como os locais, nacionais e globais presentes e futuros;

Onde a integração não seja possível, divulgar as escolhas dos objectivos aceitáveis ou
possíveis, de forma informada e transparente;

Construir conhecimento sobre os recursos quanto às existências, ao seu status, aos


constrangimentos que sobre eles impendem, o seu impacto e divulgá-los assim como as
medidas que podem favorecer a sua sustentabilidade;

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Quadro de Referência para a Gestão Florestal
Sustentada Promovido pelo IMVF II

Abordar a incerteza (no contexto dos mercados e das condições


ambientais);

Assegurar a comunicação entre os diferentes actores bem como a sua


participação nas decisões sobre os recursos naturais;

Manter uma visão sobre o futuro, envolvendo o processo político para


que os requisitos indicados sejam gradualmente incorporados;

Cobrir os custos incorridos com os elementos mencionados através de


uma exploração florestal adequada.

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O papel alargado da silvicultura: os
desafios para a mudança institucional I

1. Funções financeiras (p. e. rendimentos da


exploração de madeiras);
2. Funções de desenvolvimento (p.e. suportar o
desenvolvimento rural, ou o desenvolvimento e
controlo de certos sectores (indústria, energia,
etc);
3. Funções ambientais (p.e. promover ou contribuir
para a manutenção da biodiversidade ou
conservação do solo e da água);

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O papel alargado da silvicultura: os
desafios para a mudança institucional II

4. Funções sociais (p.e. desenvolvimento das comuni-


dades locais, criação de empregos rurais);

5. Funções de serviço a clientes (p.e.


desenvolvimento de grandes companhias);

6. Funções políticas (p.e. controlo e ordenamento


territorial , legislação florestal e/ou ambiental, etc)

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O Estado dos
Recursos

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31
Diagnóstico do Quadro
Socioeconómico

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32
Condições para a sustentabilidade
das plantações

Politica florestal
coordenada
Clarificação do papel
conferido às plantações
na politica de
ordenamento do solo
Legislação e quadro
fundiário clarificado

Existência de um
Recursos genéticos Condições para a programa de I&D florestal
integrado e
adequados sustentabilidade das multidisciplinar
plantações

Pessoal qualificado Existência de uma


instituição florestal eficaz

Uma politica activa de


Engajamento da indústria
incentivação da
nas plantações
população

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33
Evolução da ocupação de terras no
Huambo

1990 (esquerda), 2000 (meio) e 2009 (direita).

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Evolução Diacrónica da Ocupação
do Solo do Huambo
20000

18000

16000

14000 Miombo fechado

Miombo aberto
12000
Savana arborizada
Km2

10000 Pastagem

Área agrícola
8000
Vegtação das baixas
6000 Queimada

4000

2000

0
1990 2000 2009

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35
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36
Predição balanço produção consumo

2007 2010 2015 2020


População do Município 73.858 80.707 93.561 108.463
Consumo previsível de lenhas (1000 110,787 121,061 140,342 162,694
m3)
Consumo previsível de lenhas (1000 t) 94,116 102,844 119,223 138,212

Balanço produção – consumo (1000 63,506 53,232 33,950 11,599


m3) (área miombo mentem-se
constante)

Balanço produção – consumo (1000


m3) (área miombo decresce 10% com
a consequente transferência de área 63,506 41,447 11,066 -21,729
para outros níveis de coberto)

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37
Quantificação final da desflorestação
no Huambo 1990 - 2009

1. Miombo decresceu no período cerca de 648 Km2 (área inicial


5874);
2. A savanização crescente da paisagem cresceu para 1373 Km2
(a partir de uma área inicial de 17529 Km2);
3. Área desflorestada para agricultura e pasto teve uma
acréscimo acentuado de 2215 km2 (em relação à área inicial
de 3243 km2)
Taxa de desflorestação: entre 1990 – 2000  + 0,28%
entre 2000 – 2009  1,35%
média de Angola  0,21% (FAO)

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38
Necessidade de reformular a
ocupação do espaço rural

Reconhece-se hoje que a especialização do espaço


rural, separando a agricultura, a pastorícia e a floresta
como compartimentos estanques e prosseguindo
estratégias divergentes vem tendo fortes custos em
termos ambientais e sociais na medida em que não
trouxe uma melhoria sustentável na segurança
alimentar e tem contribuído para o aumento da
ocorrência de fenómenos de desertificação.

Raul Sardinha - Consultor Associado IMVF


39
Obrigado!

Contactos:
Rua de São Nicolau, 105, 1100-548 Lisboa
Tel.: 21 325 6310
info@imvf.org

www.imvf.org

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