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ORDEM DE SERVIÇO N.

º 86

2010/2011

Este mundo ocidental tão farto de bens materiais, de gozo e volúpia paga as custas em dilacerações
espirituais, insatisfações insaciáveis, pruridos universais de stress.
Aqui, no nosso território, esses males são condimentados com temperos especiais que, diariamente,
corroem as fibras mais íntimas do nosso ser.
Relevada a catarse, ainda resistimos, com trabalho, garantido na educação destes alunos de carne e
osso que nos calharam no ofício.
O que poderei fazer Eu, ofertando uma gotinha do meu ser para o bem e melhoria do nosso Povo?
Por certo valerá a pena lembrar:
1- Estes são os nossos alunos (as nossas projecções do aluno ideal constituem apenas momentos
de evasão).
1.1- Talvez valha a pena insistir, numa 1ª fase, em conquistar-lhe os afectos;
1.2- O nosso 1º desafio será a sua socialização. Acreditamos que o resto virá depois;
2- A nossa prática laboral tem a singularidade do ritmo sincopado do relógio: pontualidade no início
das aulas /actividades; cumprimento da totalidade do tempo lectivo (só excepcionalmente encurtado);
3- Os alunos presentes na sala de aula só muito excepcionalmente poderão sair (atenção às
simulações de necessidades fisiológicas e outras);
3.1- Muito embora cientes da erosão emocional acumulada em vias de colapsar a actividade do
professor, o recurso à ordem saída da sala de aula dos alunos não deverá ser banalizada;
3.2- Nas interacções críticas com alunos aconselha-se: contenção na verrina das palavras; total
ausência de referência à família do aluno; paralisia dos membros e da cabeça à reacção agressiva do
cérebro a eventuais provocações /agressões de um ou outro aluno;
3.3- Consumada a decisão da ordem de saída de um aluno, o professor deverá: registar uma única
falta no livro do ponto; elaborar uma participação escrita a entregar ao Director.deTurma ; fazer
conduzir o aluno ao Gabinete do Aluno com uma tarefa a cumprir.
3.4- O Gabinete da Direcção tem funcionado anomalamente como um mega-Gabinete do Aluno;
3.5- Ressalvadas as supostas virtudes salvíficas e correctoras decorrentes das censuras, ralhetes
proferidas pelo Director e seus adjuntos, teremos de admitir que a afluência maciça e contínua de
alunos ao espaço de Direcção bloqueia o seu funcionamento e perverte o conteúdo funcional dos
vários órgãos do Agrupamento;
3.6- A figura tutelar do Director de Turma é consumida com uma soberba carga de tarefas
/obrigações administrativas e desgastada pelos lamentos dos pares, incompreensão de encarregados
de educação e insucesso educativo generalizado dos seus alunos;
3.7- Ao Director de Turma, não poderão ser associadas responsabilidades exclusivas pela conduta
educativa dos alunos: compete ao conselho de Turma a diagnose da situação; a equação dos
problemas; a troca de impressões; a busca de soluções provisórias; a recarga das baterias dos
coeficientes emocionais dos conselheiros;
4- A intervenção disciplinar do Director plasmada na lei, em nada tange com a vaga de invocações
do seu auxílio e intervenção anteriormente referidos;
4.1- Neste território sáfaro a exigir hérculea resistência emocional, admitimos intervenções pontuais
do Director, justificadas pela pertinência e o bom senso.

Porto e Agrupamento de Escolas Ramalho Ortigão, 14 Fevereiro de 2011

O Director

(Narciso Paulo Ferreira Oliveira)

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