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FACULDADES INTEGRADAS DE MINEIROS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS-ICA


FACULDADE DE AGRONOMIA

NUTRIENTES

OUTUBRO/2007
MINEIROS-GO
FACULDADES INTEGRADAS DE MINEIROS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS-ICA
FACULDADE DE AGRONOMIA

NUTRIENTES

Diego Oliveira Ribeiro


Laíze Aparecida Ferreira Vilela

OUTUBRO/2007
MINEIROS-GO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................06

1. OS ELEMENTOS MINERAIS.............................................................................................07
1.1 CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE................................................................................08

2. NITROGÊNIO.....................................................................................................................10
2.1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10
2.2 FORMAS DE FIXAÇÃO DO NITROGENIO.....................................................................10
2.2.1 FIXAÇÃO INDUSTRIAL...............................................................................................................10
2.2.2 FIXAÇÃO BIOLÓGICA................................................................................................................11
2.3 NITROGÊNIO NO SOLO.................................................................................................11
2.3.1 FORMAS DE NITROGÊNIO NO SOLO.......................................................................................11
2.3.2 TRANSFORMAÇÕES DO NITROGÊNIO NO SOLO..................................................................12
2.3.2.1 Amonificação.............................................................................................................................12
2.3.2.2 Nitrificação.................................................................................................................................12
2.3.2.3 Mineralização............................................................................................................................12
2.3.2.4 Imobilização...............................................................................................................................13
2.3.2.5 Desnitrificação...........................................................................................................................13
2.4 PERDAS DE NITROGÊNIO.............................................................................................13
2.5 NITROGÊNIO NA PLANTA..............................................................................................13
2.6 FUNÇÕES DO NITROGÊNIO NA PLANTA.....................................................................14
2.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA...........................................................15
2.8 CICLO DO NITROGÊNIO................................................................................................16
2.9 ADUBOS NITROGENADOS............................................................................................16

3. FÓSFORO..........................................................................................................................19
3.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................19
3.2 FÓSFORO NO SOLO......................................................................................................19
3.2.1 FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO............................................................................................19
3.2.2 MOVIMENTO DE FÓSFORO NO SOLO.....................................................................................20
3.2.3 DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO............................................................................21
3.2.4 FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO...............................................21
3.2.4.1 Tipo de Argila............................................................................................................................21
3.2.4.2 Quantidade de Argila.................................................................................................................22
3.2.4.3 Época de Aplicação...................................................................................................................22

3
3.2.4.4 Aeração.....................................................................................................................................22
3.2.4.5 Compactação............................................................................................................................22
3.2.4.6 Umidade....................................................................................................................................22
3.3 PERDAS DE FÓSFORO..................................................................................................23
3.3.1 REMOÇÃO PELAS CULTURAS.................................................................................................23
3.3.2 PERDAS POR EROSÃO.............................................................................................................23
3.3.3 PERDAS POR LIXIVIAÇÃO........................................................................................................23
3.4 FONTES DE FÓSFORO..................................................................................................23
3.5 FÓSFORO NA PLANTA...................................................................................................24
3.6 FUNÇÕES DO FÓSFORO NA PLANTA..........................................................................24
3.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA...........................................................25
3.8 CICLO DO FÓSFORO.....................................................................................................25
3.9 ADUBOS FOSFATADOS.................................................................................................26
3.9.1 FOSFATOS NATURAIS...............................................................................................................26
3.9.2 SUPERFOSFATO SIMPLES.......................................................................................................27
3.9.3 SUPERFOSFATO TRIPLO OU CONCENTRADO......................................................................27
3.9.4 ESCÓRIA DE THOMAS...............................................................................................................27
3.9.5 TERMOFOSFATO........................................................................................................................27
3.9.6 FOSFATO MONOAMONIO (MAP)..............................................................................................27
3.9.7 FOSFATO DIAMONIO (DAP)......................................................................................................28
3.9.8 PARCIALMENTE ACIDULADO...................................................................................................28

4. POTÁSSIO.........................................................................................................................29
4.1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................29
4.2 POTÁSSIO NO SOLO......................................................................................................29
4.2.1 FORMAS DE POTÁSSIO NO SOLO...........................................................................................29
4.2.2 INTERAÇÃO DO POTÁSSIO COM OUTROS NUTRIENTES.....................................................30
4.3 PERDAS DE POTÁSSIO.................................................................................................30
4.3.1 REMOÇÃO PELAS CULTURAS.................................................................................................30
4.3.2 PERDAS POR LIXIVIAÇÃO........................................................................................................31
4.4 FONTES DE POTÁSSIO.................................................................................................31
4.5 POTÁSSIO NA PLANTA..................................................................................................31
4.6 FUNÇÕES DO POTÁSSIO NA PLANTA.........................................................................32
4.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA...........................................................32
4.8 CICLO DO POTÁSSIO.....................................................................................................33
4.9 ADUBOS POTÁSSICOS..................................................................................................34

4
5. CÁLCIO..............................................................................................................................35
5.1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................35
5.2 CÁLCIO NO SOLO...........................................................................................................35
5.3 CÁLCIO NA PLANTA.......................................................................................................35
5.4 FONTES DE CÁLCIO ....................................................................................................36
5.5 FUNÇÕES DO CÁLCIO NA PLANTA..............................................................................36
5.6 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA...........................................................36
5.7 ADUBOS COM CÁLCIO..................................................................................................37

6. MAGNÉSIO........................................................................................................................39
6.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................39
6.2 MAGNÉSIO NO SOLO. ...................................................................................................39
6.3 MAGNÉSIO NA PLANTA.................................................................................................39
6.4 FUNÇÕES DO MAGNÉSIO NA PLANTA........................................................................40
6.5 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA...........................................................40
6.6 ADUBOS COM MAGNÉSIO............................................................................................41

7. ENXOFRE..........................................................................................................................42
7.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................42
7.2 ENXOFRE NO SOLO.......................................................................................................42
7.2.1 TRANSFORMAÇÕES DO ENXOFRE NO SOLO........................................................................42
7.3 CICLO DO ENXOFRE......................................................................................................43
7.4 ENXOFRE NA PLANTA...................................................................................................43
7.5 FUNÇÕES DO ENXOFRE NA PLANTA..........................................................................44
7.6 SINTOMATOLOGIA DE CARENCIA NA PLANTA...........................................................44
7.7 ADUBOS COM ENXOFRE.............................................................................................44.

8. ALUMÍNIO..........................................................................................................................46
8.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................46
8.2 ALÚMINIO NO SOLO.......................................................................................................46
8.3 ALUMÍNIO NA PLANTA...................................................................................................46
8.3.1 TOXIDEZ DE ALÚMINIO NA PLANTA........................................................................................47
8.4 SINTOMATOLOGIA DE TOXIDEZ NA PLANTA..............................................................48
8.5 TOLERÂNCIA AO ALUMÍNIO..........................................................................................49

CONCLUSÃO.........................................................................................................................50

5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................52

INTRODUÇÃO

O solo, do ponto de vista agrícola, consiste numa mistura de materiais


minerais e orgânicos presentes na superfície da terra que serve de ambiente para o
crescimento das plantas. O solo, visto como um fator de produção possui duas
características básicas que revelam seu valor agronômico: fertilidade e
produtividade.
A fertilidade está relacionada com a capacidade que um solo tem de fornecer
nutrientes às plantas em quantidades adequadas. Dessa forma, a fertilidade pode
ser conduzida a condições ideais através de práticas de calagem e adubação
fundamentadas em bases científicas.
A produtividade de um solo refere-se a sua capacidade em proporcionar
rendimento às culturas, podendo ser melhorada apenas pela intervenção humana.
A prática da adubação visa corrigir deficiências dos solos e, portanto, é
necessário se conhecer o estado inicial dos mesmos, ou seja, suas
características físicas e propriedades químicas. Não se pode deixar de
considerar também que os solos são ecossistemas complexos formados por
microrganismos e outros organismos além das próprias plantas. As principais
propriedades químicas dos solos são o pH, a CTC e a quantidade de matéria
orgânica (PERES, 2002, p. 01).

De acordo com estudos de Guilherme (2000), a presença de nutrientes


constitui-se em um dos aspectos fundamentais para garantir a boa qualidade do solo
e seu adequado funcionamento, principalmente no caso de agroecossistemas. Em
ecossistemas nativos, a ciclagem natural de nutrientes é a grande responsável pela
manutenção do bom funcionamento do ecossistema como um todo. Essa ciclagem é
fundamental para manter o estoque de nutrientes nos ecossistemas naturais,
evitando a perda da fertilidade natural do solo.
Diversos elementos químicos são indispensáveis à vida vegetal, já que sem
eles, as plantas não conseguem completar o seu ciclo de vida (VAN RAIJ, 1991).
O presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância desses nutrientes

6
às plantas, bem como seu ciclo na natureza, sua movimentação tanto no solo como
na planta, os sintomas que estes podem vir a causar em casos de toxidez ou
deficiência e suas fontes na superfície da Terra.

7
1. OS ELEMENTOS MINERAIS

Para que uma planta se desenvolva normalmente, ela necessita de alguns


requisitos indispensáveis, tais como, local favorável à fixação de suas raízes,
temperatura adequada, luz, ar, água, quantidade suficiente de elementos nutrientes,
etc. Essas necessidades são atendidas, em maior ou menor proporção, pelas
condições de clima e solo do local onde se encontra a planta.
Quando essas necessidades básicas são atendidas as plantas, partindo do
Carbono (C), Oxigênio (O) e Hidrogênio (H), retirados do ar, da água e de diversos
elementos provenientes do solo, conseguem, com o auxílio da energia da luz solar,
sintetizar a matéria orgânica necessária à sua própria formação.
Dessa forma, através da fotossíntese, as plantas têm a capacidade de formar
em suas células clorofiladas, inicialmente compostos orgânicos de estruturas
simples e posteriormente compostos mais complexos, como celulose, amido,
gorduras, proteínas, enzimas, etc.

Figura 1. Fotossíntese

Para sintetizar todas essas substâncias, as plantas utilizam 18 elementos


considerados indispensáveis ao seu metabolismo e são denominados, nutrientes de
plantas e são agrupados da seguinte forma:
a) Orgânicos: são elementos originados da água e do ar, os quais
são responsáveis pela formação de cerca de 90-96% dos tecidos
vegetais. Incluem o carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O);
b) Minerais: são elementos fornecidos pelo solo e são divididos em

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macronutrientes (primários e secundários) e micronutrientes.
Estes são responsáveis por cerca de 4-10% dos tecidos vegetais.
São considerados Macronutrientes Primários o nitrogênio (N), fósforo (P) e
potássio (K); Macronutrientes Secundários o cálcio (Ca), magnésio (Mg) e o enxofre
(S); Micronutrientes o boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn),
molibdênio (Mo) e zinco (Zn).
Lopes (1937) afirma que os macronutrientes primários geralmente tornam-se
deficientes no solo antes dos demais, devido a maior utilização desses nutrientes
pela planta. Os macronutrientes secundários são geralmente menos deficientes e
usados em quantidades menores, porém, a planta precisa tê-los a disposição
quando e onde for necessário.
Camargos (2005) ressalta que embora sejam requeridos em menor
quantidade, os micronutrientes são tão necessários às plantas quanto os
macronutrientes, sendo esta separação meramente quantitativa (pelos teores
encontrados nas plantas), podendo variar entre as diferentes espécies.

1.1 CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE

Os macro e micronutrientes exercem funções específicas na vida da plantas


embora em uma ou outra possa haver certo grau de substituição (MALAVOLTA,
2006).
Os elementos podem ser classificados de várias formas, em relação à sua
função, à sua necessidade, etc. Quanto a sua essencialidade os elementos podem
ser classificados em:
a) Essenciais: são os minerais da planta, ou seja, sem estes a planta
não vive;
b) Benéficos: são minerais não essenciais, ou seja, a planta pode
viver sem eles. No entanto, sua presença é capaz de contribuir
para o crescimento, produção e, até mesmo, para a resistência à
condições desfavoráveis do meio, como clima, pragas e doenças;
c) Tóxicos: são elementos prejudiciais às plantas e na se enquadram
nas classificações anteriores. No entanto, alguns elementos tidos
como essenciais ou benéficos podem se tornar tóxicos em caso

9
de altas concentrações no solo.
Um elemento para ser considerado essencial deve satisfazer dois critérios de
essencialidade: o critério direto e o critério indireto.
a. Critério direto: são elementos que fazem parte de algum
composto ou participam de alguma reação, sem os quais a planta
não vive;
b. Critério indireto: são elementos que, quando ausentes, impedem
que a planta complete seu ciclo. Esses elementos têm função
específica (sintomas característicos).
De acordo com Filho (2007), para atestar que um elemento é realmente
essencial deve-se seguir os seguintes passos:
1- A planta é cultivada em solução nutritiva na presença e na ausência do
elemento cuja essencialidade se procura demonstrar. Se a planta mostrar
anormalidades visíveis e depois morrer, o primeiro passo terá sido dado;
2- Quando na falta do elemento e na presença de outros que apresentam
características químicas muito próximas, a planta também morre, isto significa que
ele não pode ser substituído;
3- Quando o elemento em estudo for fornecido às folhas, e estiver ausente da
solução nutritiva, e com isso garantir um crescimento normal da planta, fica evidente
que participa diretamente da vida vegetal, não estando a sua presença anulando
condições desfavoráveis do meio, presentes por ventura no sistema radicular;
Camargos (2005) destaca que todos os elementos essenciais devem estar
presentes na planta, mas nem todos que estão presentes são essenciais.
Os elementos podem ser classificados ainda quanto ao tipo de função que
exercem dentro da planta, sendo então chamados de: estruturais, constituinte de
enzimas ou ativadores enzimáticos.
a. Estrutural: o elemento faz parte da molécula de um ou mais compostos
orgânicos. Ex: nitrogênio em aminoácidos e proteínas, cálcio em pectato e
o magnésio na clorofila;
b. Constituinte de enzimas: trata-se de um caso particular do anterior,
referindo-se geralmente a metais ou elementos de transição (molibdênio)
que fazem parte do grupo prostético de enzimas;
c. Ativadores enzimáticos: são elementos que não fazem parte do grupo
prostético, são dissociáveis da fração protéica da enzima, porém são
10
necessários à atividade da mesma.

11
2. NITROGÊNIO

2.1 INTRODUÇÃO

Entre os elementos essenciais para a vida da planta há mais átomos de


nitrogênio na matéria seca do que de qualquer outro elemento, geralmente, cerca de
três vezes mais (MALAVOLTA, 1981).
O nitrogênio é o nutriente mais utilizado, mais absorvido, mais exportado
pelas culturas e de obtenção mais cara (dificuldade na quebra de suas moléculas-
N2). Esse elemento, por ser altamente requerido pela maioria das culturas, constitui-
se no fator mais limitante de produção, com exceção das leguminosas que
conseguem fixá-lo de maneira diferente das demais plantas.
O nitrogênio constitui quase 78% da atmosfera, a qual é a principal fonte do
elemento, sendo encontrado na forma de N2 (gás nitrogênio), não diretamente
aproveitável pelas plantas.
Embora seja um dos elementos mais difundidos na natureza, o nitrogênio,
praticamente não existe nas rochas que dão origem aos solos.

2.2 FORMAS DE FIXAÇÃO DO NITROGENIO

Para que seja possível o aproveitamento do nitrogênio atmosférico existem


dois processos que fixam o elemento e o transferem para o solo deixando-o
disponível às plantas. Esses processos são: a fixação biológica e a fixação
industrial.

2.2.1 FIXAÇÃO INDUSTRIAL

O processo de fixação industrial baseia-se em captar o N2 através da sua


redução por H proveniente de compostos derivados do petróleo, na presença de alta
temperatura (450°C), alta pressão (200 atm) e de catalisador, tendo como produto
final o gás amônia (NH3), que é o produto base para a obtenção de adubos
nitrogenados.
Esse processo é responsável por 20% de todo o N fixado por ano e devido a
12
sua complexidade envolve um alto investimento.

2.2.2 FIXAÇÃO BIOLÓGICA

A fixação biológica é responsável por 80% do N fixado por ano, podendo


ocorrer tanto em ambiente aquático como terrestre.
Filho (2007) classifica a fixação biológica da seguinte forma:
a) Sistema livre: ocorrem livres no solo, em condições aeróbicas, dependem
de um filme de umidade para proliferarem.
Exemplos: Bactéria - Beijerinckia (3-9 kg/ha. ano, consorciada com a cana);
Azotobacter (6-8 kg/ha ano); Cianobactérias (3-12 kg/ha ano).
b) Associações menos íntimas: associações com a finalidade de ajuda mútua.
Exemplos: Líquen - Fungo + Alga + Bactéria; Azolla - Cianobactéria +
Pteridófita.
c) Sistema simbióticos: associação de plantas + bactérias, sendo bastante
importante para o contexto agrícola.
Exemplos: Leguminosas + Rhizobium e cana-de-açúcar + Acetobacter
diazotrophicus.
No sistema simbiótico a planta e a bactéria beneficiam-se mutuamente. A
bactéria recebe da planta carboidratos da fotossíntese e a planta se beneficia com o
N fixado pelas bactérias no interior dos nódulos.
Os organismos responsáveis pela fixação são as bactérias dos gêneros
Rhizobium (feijão), Bradyrhizobium (soja) e Azorhizobium (outras espécies)

2.3 NITROGÊNIO NO SOLO

2.3.1 FORMAS DE NITROGÊNIO NO SOLO

No solo, o nitrogênio, apresenta-se ligado à MO, sendo que somente cerca de


2% é liberado ao ano na forma de NO3-, que é prontamente aproveitado pela planta.
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No entanto, pode ocorrer de diversas formas no solo. O nitrogênio elementar
(N2) é encontrado em abundância no ar do solo. Em formas inorgânicas combinadas
o nitrogênio ocorre nos solos como óxido nitroso (N2O), óxido nítrico (NO), nitrogênio
amoniacal (NH4+) e nitrato (NO3-)

2.3.2 TRANSFORMAÇÕES DO NITROGÊNIO NO SOLO

O nitrogênio no solo está sujeito a um grande número de processos, que


resultam em transformações de formas orgânicas em inorgânicas e vice-versa, e
que podem resultar em ganhos ou perdas do sistema como um todo (VAN RAIJ,
1991).
As principais transformações que o nitrogênio sofre no solo incluem os
processos de amonificação, mineralização, nitrificação, imobilização, desnitrificação
e a fixação biológica (descrita anteriormente).

2.3.2.1 Amonificação:
A amonificação refere-se a transformação do nitrogênio orgânico em NH3;

2.3.2.2 Nitrificação
A nitrificação compreende a passagem de NH4+ a NO3-, sendo dividida em
dois processos:
a) Nitritação: oxidação do NH4+ a NO2-, tendo como agentes os
nitrossomomas;

b) Nitratação: redução de NO2- a NO3-, tendo como agentes as nitrobacter.

2.3.2.3 Mineralização
A mineralização é um processo de transformação do nitrogênio orgânico, não

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sendo assimilável pelas plantas dessa forma, para a forma mineral, assimilável. Este
processo compreende duas etapas: amonificação e nitrificação (já descritas).
2.3.2.4 Imobilização
A imobilização é um processo inverso à mineralização, ou seja, é a
transformação do nitrogênio da forma mineral para a forma orgânica, devido a sua
utilização por microrganismos do solo. È, portanto uma transformação do N da forma
assimilável para a forma não assimilável pelas plantas.

2.3.2.5 Desnitrificação
A desnitrificação é o principal processo de perda de N e consiste na produção
de formas gasosas de N a partir de NO2- e NO3-. Esse processo ocorre em
condições de solo encharcado, ou seja, anaerobiose.

2.4 PERDAS DE NITROGÊNIO

Além da remoção pelas culturas, o nitrogênio pode ser perdido por lixiviação,
volatilização e erosão.
Trabalhos apresentados por Van Raij (1991) mostraram que o nitrogênio é o
nutriente que mais se perde por erosão, devido a sua concentração nas camadas
mais superficiais do solo, onde o processo de erosão atua. Além disso, as partículas
de MO (sua maior concentração) e de argila envolvidas com MO erodem mais
facilmente do que as partículas minerais maiores do solo.
De todo o nitrogênio perdido por lixiviação cerca de 99% encontra-se na
forma de nitrato. Isso se deve a sua alta solubilidade na água e ao fato de possuir
cargas negativas, ou seja, mesma carga do complexo de troca.
As perdas por volatilização referem-se às perdas quando ocorre a
desnitrificação, mas a volatilização mais temida pelo agricultor é da amônia que
pode ser originada da mineralização do N da MO ou da adição de fertilizantes.

2.5 NITROGÊNIO NA PLANTA

Nitrato e Amônio são as maiores formas de nitrogênio inorgânico que


podem ser absorvidos pelas raízes de plantas superiores. A maior parte de
amônia é incorporada a compostos orgânicos nas raízes, enquanto que o

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nitrato devido à sua mobilidade no xilema pode ser encontrado nos vacúolos
de raízes, folhas e em órgãos de armazenamento. O acúmulo de nitrato nos
vacúolos são importantes para o balanço cátion-ânion, para o equilíbrio
osmótico e para a qualidade de vegetais e de forrageiras em geral (FILHO,
2007)·.

A absorção de N via radicular ocorre em ordem decrescente de preferência,


nas formas de aminoácidos (AA), amidas, uréia, NH4+ e NO3-, sendo que as formas
de NH4+ e NO3- dependem da mineralização da matéria orgânica e do pH do solo,
pois se o pH é ácido há o predomínio de NH4+ e se o pH tende à neutralidade, temos
o NO3-.

O contato de nitrogênio com a raiz da planta ocorre por fluxo de massa (99%)
e somente 1% ocorre por interceptação radicular.
O transporte do nitrogênio dentro da planta ocorre pelo xilema na forma em foi
absorvido (NH4+ e NO3-) e sua redistribuição é feita através do floema na forma de
aminoácidos (AA) e amidas.

2.6 FUNÇÕES DO NITROGÊNIO NA PLANTA

O nitrogênio possui duas funções principais: estrutural e participação em


processos metabólicos. A tabela 1 relaciona os principais compostos nitrogenados
que se encontram nas plantas e indica os processos que participam.

Tabela 1. Compostos nitrogenados e sua participação em alguns processos.


CONSTITUINTE OU
ESTRUTURA PROCESSO
ATIVADORES ENZIMÁTICOS
Aminoácidos
Absorção iônica
Proteínas
Fotossíntese
Bases nitrogenadas
Respiração
Ácidos nucléicos
Todos (constituintes) Síntese em geral
Enzimas
Multiplicação e Diferenciação
Coenzimas
celular
Vitaminas
Herança Gênica
Glicoproteínas

16
Pigmentos
Fonte: Malavolta, 2006.

O nitrogênio também está relacionado à qualidade de produção através de:


- estimulo ao crescimento de raízes;
- ajuda na absorção de cálcio (NO3-);
- estimulo a formação e o desenvolvimento de gemas floríferas e frutíferas;
- maior vegetação e perfilhamento (gramíneas);
- aumento do teor de proteínas em grãos

2.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA

O principal sintoma da carência ou falta de nitrogênio nas plantas é uma


clorose generalizada nas folhas mais velhas, enquanto que as folhas mais novas se
mantêm verdes. A coloração amarelada está associada à degradação da clorofila e
com a modificação da forma do cloroplasto.
Dentre os demais sintomas visíveis pode-se citar:
- folhas amareladas, inicialmente as mais velhas;
- ângulo agudo entre caule e folhas;
- dormência de gemas laterais;
- redução do perfilhamento;
- senescência precoce;
- crescimento em geral diminuído, com possível aumento no comprimento das
raízes;
Dentre os sintomas químicos pode-se citar:
- baixo teor de clorofila;
- produção de outros pigmentos;
Dentre os sintomas citológicos pode-se citar:
- pequenos núcleos;
- cloroplastos pequenos;
Dentre os sintomas metabólicos pode-se citar:
- redução da síntese de proteínas;
- alto conteúdo de açucares e alta pressão osmótica.

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Em caso de excesso de nitrogênio na planta, esta apresenta os seguintes
sintomas:
- aumento da fase vegetativa;
- atraso no florescimento;
- pode haver redução na frutificação;
Em geral, as principais causas de deficiência de nitrogênio no Brasil são:
- solos pobres em matéria orgânica;
- acidez - menor mineralização;
- lixiviação;
- seca prolongada;

2.8 CICLO DO NITROGÊNIO

Malavolta (2006) descreve o ciclo do carbono da seguinte forma:


O nitrogênio é responsável por 5% da matéria orgânica do solo (MO). Cerca
de 98% está em forma orgânica e somente 2% encontra-se em forma mineral. Não
deve-se esquecer a presença de formas gasosas (N2 do ar do solo e dos óxidos de
nitrogênio).
Os compostos nitrogenados são mineralizados pelos microrganismos do solo.
A multiplicação e a atividade dos microrganismos que decompõem os restos
vegetais e animais, transformando-os em MO, exige a assimilação de N mineral em
protoplasma microbiano. O nitrogênio pode ser adicionado ao solo como fertilizante
mineral, restos orgânicos, água das chuvas (que arrastam o N da atmosfera
combinado com oxigênio) e pela fixação biológica.
Pela decomposição do nitrato, nitrito e volatilização da amônia, parte do N
fixado volta à atmosfera de onde veio fechando o ciclo como mostra a figura 2.

2.9 ADUBOS NITROGENADOS

A fertilização nitrogenada é uma complementação à capacidade de


suprimento de nitrogênio dos solos, a partir da mineralização de seus estoques de
MO. Em função de sua forma de atuação e das condições gerais de emprego é
habitual classificar os fertilizantes nitrogenados em orgânicos e químicos, cuja

18
seleção de uma ou outra forma depende dos fatores e condições do solo, das
condições climáticas, da velocidade de atuação e do valor econômico.
Devido à sua alta mobilidade, a quantidade total de nitrogênio adicionada com
os fertilizantes nitrogenados deve ser aplicada de forma fracionada, a fim de que a
planta possa encontrar no solo o nitrogênio que necessita, nos períodos críticos do
seu ciclo vital.

Figura 2. Ciclo do Nitrogênio.

Os principais adubos nitrogenados minerais são divididos em quatro grupos:


 Amoniacais: apresentam o nitrogênio na forma amoniacal.
 Nítricos: apresentam o nitrogênio na forma nítrica.
 Nítrico-amoniacais: apresentam o nitrogênio na forma nítrica e amoniacal.
 Amídicos: apresentam o nitrogênio na forma amídica (uréia).
Os fertilizantes nitrogenados orgânicos são provenientes da mineralização
dos resíduos vegetais e animais, através da ação efetiva da microbiota do solo.

19
Tabela 2. Principais fertilizantes minerais e orgânicos nitrogenados.
FERTILIZANTES MINERAIS FERTILIZANTES ORGÂNICOS
Forma do
Fertilizante % de N Fertilizante % de N
N
Amônia anidra 82 NH4+ Esterco eqüino 1,44
Água amoniacal 10 NH4+ Esterco bovino 1,67
Nitrato de sódio 15 NO3- Esterco suíno 1,86
Uréia 44 NH2 Esterco de galinha 2,76
Nitrato de amônio 32 NO3- Torta de amendoim 7,65
Sulfato de amônio 21 NH4+ Torta de coco 4,37
Cloreto de amônio 25 NH4+ Torta de soja 6,56
Nitrato de sódio 16 NO3- Sangue seco 11,80
Nitrato de potássio 13 NO3- Bagaço de cana 1
Nitrato de cálcio 16 NO3- Torta de algodão 5
Nitrato de amônio NH4+ e
20 Torta de mamona 5
e cálcio NO3-
NH4+ e
Nitrosulfocálcio 25 Borra de café 2,30
NO3-

20
3. FÓSFORO

3.1 INTRODUÇÃO

Dentre os três macronutrientes primários, o fósforo é o menos exigido pela


plantas e, contraditoriamente, é o nutriente mais utilizado em adubações no Brasil.
Essa situação é resultante da carência generalizada de fósforo nos solos brasileiros
e, principalmente devido à sua forte interação com o solo, especialmente solos
argilosos.
Assim, ao estudar o fósforo, torna-se necessário reconhecer as
interações do elemento com o solo e compreender a dinâmica das formas
disponíveis para as plantas. Tal conhecimento é indispensável para a
avaliação da disponibilidade do nutriente no solo e para orientar a prática da
adubação fosfatada (VAN RAIJ, 1991).

3.2 FÓSFORO NO SOLO

3.2.1 FORMAS DE FÓSFORO NO SOLO

O fósforo (P) encontra-se na solução como íons ortofosfatos, o qual é uma


forma derivada do ácido artofosfórico (H3PO4). Este elemento pode ocorrer no solo
em formas inorgânicas ou orgânicas, sendo que o último se eleva com o aumento da
MO e com a diminuição do pH.
A forma química do P no solo depende do seu pH, sendo que na faixa entre 4
e 8 predomina a forma H2PO4-, sendo esta a forma preferencial de absorção pela
planta. Este elemento é fortemente influenciado pela concentração de Mg2+ , ou seja,
sinergismo.
Pode ainda ser encontrado nas seguintes condições:
 Fósforo fixado: encontra-se na forma inorgânica e está fortemente
adsorvido ao solo, geralmente ligado ao Al, Fe e Ca dos minerais de
argila;
 Fósforo disponível: encontra-se na forma inorgânica e está fracamente
adsorvido ou presente na solução do solo;

21
 Fósforo solúvel: encontram-se na forma inorgânica, é disponível às
plantas e está nas formas H2PO4-, HPO42-, PO43-;
 Fósforo orgânico: refere-se ao fósforo ligado aos compostos orgânicos,
como ácidos nucléicos, fosfolipídeos, etc.

Figura 3. Formas de Fósforo no sistema solo-planta.

3.2.2 MOVIMENTO DE FÓSFORO NO SOLO

O fósforo se movimenta pouquíssimo na maioria dos solos, sendo que


geralmente permanece onde é colocado, seja por intemperismo dos minerais seja
por adubação.
Dessa forma, raramente ocorrem perdas de fósforo por lixiviação, mesmo que
este tenha maior mobilidade em solos arenosos. Quase todo o fósforo movimenta-se
no solo por difusão, sendo um processo lento e de pouca amplitude, o qual depende
da umidade do solo.
Devido à baixa mobilidade do fósforo a sua absorção pode ficar ainda mais

22
comprometida em solos compactados, devido ao fato da resistência mecânica do
solo reduzir a habilidade das raízes em absorver o fósforo além de favorecer a sua
adsorção específica.

3.2.3 DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO

As plantas absorvem P da solução do solo. Sob esse ponto de vista, o único


P imediatamente disponível, um dado momento, ária aquela em solução (VAN RAIJ,
1991).
Infelizmente, os teores de P presentes na solução do solo são, geralmente,
muito baixos, fazendo com o P seja um fator limitante de produção, principalmente
em solo tropicais.
Grande parte dos solos brasileiros são intemperizados e apresentam óxidos
de Fe e Al e argilas do grupo da caulinita como principais constituintes da fração
argila, minerais caracterizados pela presença de cargas de superfície variáveis
segundo a reação do solo. Nas condições de reação ácida a moderadamente ácida,
os óxidos de ferro e alumínio apresentam-se preferencialmente com cargas
positivas, sendo assim capazes de reter em sua superfície vários tipos de ânions,
predomínio de íons fosfatos, esse fenômeno é conhecido como adsorção
específica1.
Este tipo de adsorção é de baixa reversibilidade e constitui-se no principal
responsável pela fixação de P no solo, principalmente nos solos descritos acima.

3.2.4 FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO

Quando fosfatos são adicionados ao solo, a maior parte do fósforo passa para
a fase sólida através. De acordo com Lopes (1989), a disponibilidade do fósforo
pode ser afetada por diversos fatores:

3.2.4.1 Tipo de Argila

1
Adsorção específica: retenção de ânions pela fase sólida, por meio de ligações fortes (covalentes), passando a
fazer parte da estrutura da micela.

23
Solos com altos teores de argilas cauliniticas ou óxidos de Fe e Al fixam mais
fósforo adicionado do que qualquer outro solo.

3.2.4.2 Quantidade de Argila

Solos com alto teor de argila fixam mais fósforo do que solos argilosos.

3.2.4.3 Época de Aplicação

Quanto maior for o período de contato do solo com o fósforo adicionado,


maiores são as chances para fixação. Em solos com alta capacidade de fixação, a
cultura precisa absorver o fósforo antes que este seja adsorvido pelo solo, sendo
necessárias adubações em linha que reduzam ao máximo as chances dessa fixação
ocorrer.

3.2.4.4 Aeração

O oxigênio é necessário para o crescimento da planta e para a absorção dos


nutrientes. Isso se deve por que o oxigênio também é essencial para decomposição
biológica da matéria orgânica, a qual é fonte de P.

3.2.4.5 Compactação

A compactação reduz a aeração e o espaço poroso na zona radicular,


reduzindo a absorção de fósforo e o crescimento das plantas. Dessa forma, diminui
o volume de solo que as raízes podem penetrar limitando o acesso das mesmas ao
fósforo do solo e favorecendo sua adsorção nas micelas do solo.

3.2.4.6 Umidade

O aumento da umidade do solo até níveis ótimos torna o P mais disponível


para as plantas, mas o excesso de umidade exclui o O2, limitando o crescimento das
raízes e reduzindo a absorção de P.

24
3.3 PERDAS DE FÓSFORO

3.3.1 REMOÇÃO PELAS CULTURAS

Todas as culturas removem muito pequenas quantidades de fósforo do solo.


Dos três macronutrientes principais, é o menos absorvido pelas plantas. A média de
remoção é em torno de 5kg/ha/ano (COELHO, 1973).

3.3.2 PERDAS POR EROSÃO

A erosão é um tipo de a perda mais drástica do que a remoção pelas culturas.


Entretanto, o P removido pelas plantas está em forma disponível, enquanto o
removido pela erosão possui pequena proporção das formas de fósforo disponível.
As perdas por erosão são grandes porque o P é contido em grande parte pela
MO, a qual é concentrada na camada superficial.

3.3.3 PERDAS POR LIXIVIAÇÃO

Os fertilizantes fosfatados solúveis reagem rapidamente com o solo,


permanecendo, em sua maior parte, perto do local de adição. Em conseqüência da
baixa solubilidade e limitado movimento do P no solo, sua perda por lixiviação é
desprezível na maioria dos solos.

3.4 FONTES DE FÓSFORO

As fontes minerais de fósforo são todas originadas de rochas fosfáticas,


conhecidas como “fosfatos naturais”, que são encontrados na forma de compostos
de ferro, alumínio e de cálcio. Os fosfatos de ferro e de alumínio têm sua
solubilidade aumentada com a elevação do pH do solo. Os fosfatos de cálcio
(apatitas e fosforitas), por sua vez, são mais solúveis em solos com pH ácido.

25
No comércio, são encontradas fontes naturais de fósforo e fontes
industrializadas, obtidas a partir das naturais.
Existem três grupos de rochas fosfáticas ou fosfatos tricálcicos:
 Fluorapatitas: Ca10(PO4)6F2;
 Hidroxiapatitas: Ca10(PO4)6OH2;
 Carbonatoapatitas: Ca10(PO4)6CO3.
A reatividade do fosfato natural está diretamente relacionada com o grau de
substituições isomórficas, ou seja, quanto maior substituição do PO4-3 pelo CO3-2+F-
maior a reatividade do mesmo.

3.5 FÓSFORO NA PLANTA

Ao contrário do nitrato e do sulfato, o fosfato não é reduzido na planta


a um estado de oxidação diferente daquele em que foi absorvido. O caminho
mais importante para sua entrada em combinações orgânicas através da
esterificação de um grupo OH da pentose ligada à adenosina (base + ribose =
adenosina) para dar o monofosfato de adenosina, AMP, e depois o ADP e o
ATP, o mais importante e o responsável pelo armazenamento e transferência
de energia da fotossíntese e da respiração (FILHO, 2007).
O P é o elemento que é exigido em quantidades cerca de 10 vezes menores
que a do N, por exemplo, mas é essencial para a formação da semente e do fruto.
Nas sementes é encontrado em grandes quantidades, tendo influência também na
formação e no desenvolvimento dos primórdios vegetativos e no crescimento de
raízes.
O contato do P com a planta ocorre, em sua maioria, pela difusão, sendo 3%
por fluxo de massa e 2% por interceptação radicular, sendo um processo ativo.
Seu transporte na planta ocorre via xilema e se faz principalmente nas formas
de H2PO4- e ésteres simples de fosfatos. Sua redistribuição acontece mais
rapidamente pelo floema, sua forma de fosfato é bastante móvel na planta, podendo
ser redistribuído para cima e para baixo, por exemplo, folhas jovens são supridas por
P através da raiz ou de P das folhas velhas.

3.6 FUNÇÕES DO FÓSFORO NA PLANTA

26
O P participa dos seguintes processos nas plantas: fotossíntese, síntese de
amido e de gorduras, absorção iônica, respiração (ATP), multiplicação e
diferenciação celular, herança gênica, acúmulo de P nos frutos, principalmente nas
sementes (garantindo o vigor), armazenamento e transferência de energia, fixação
simbiótica do N, melhora no crescimento da plântula vencendo o solo na procura de
luz e crescimento radicular.
Em relação á qualidade de colheita: facilita a formação de raízes, aumenta a
frutificação, apressa a maturação dos frutos, aumenta o teor de carboidratos, óleos e
proteínas.

3.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA

Devido ao papel do P na síntese de proteínas, carboidratos e lipídeos, sua


falta reflete em um menor crescimento da planta. Os frutos e sementes acumulam
quantidades menores de P (acompanhado pelo Mg). A rápida redistribuição do P
dos órgãos mais velhos para os mais novos faz com que os sintomas apareçam em
folhas velhas, na forma de uma coloração verde-azulada e freqüentemente com a
tonalidade roxa de antocianina; em plantas anuais há redução do poder germinativo,
redução do sistema radicular e produção de má qualidade.
Os sintomas visíveis são: cor amarelada das folhas, pouco brilho, ângulos
foliares mais estreitos, menor perfilhamento em gramíneas, gemas laterais
dormentes, número reduzido de frutos e sementes, atraso no florescimento,
maturação de grãos desuniformes.
Os sintomas químicos são: aumento de pigmentos vermelhos e roxos
(antocianina), aumento do conteúdo de carboidratos livres e aumento da relação P-
orgânico/P-inorgânico;
Os sintomas anatômicos são: restrição na diferenciação dos caules.
No entanto, o P quando presente no solo em altas concentrações pode
diminuir a disponibilidade de micronutrientes.
As causas mais comuns de deficiências são: pobreza natural do Solo, menor
disponibilidade, baixo pH, excesso de Fe e Al e erosão.

3.8 CICLO DO FÓSFORO

27
O fósforo entra no sistema do solo através de resíduos vegetais e animais ou
por fertilizantes. Os resíduos liberam o P para o solo ao sofrerem mineralização e os
fertilizantes disponibilizam-no diretamente para a planta. No entanto, esse P
adicionado é perdido por inúmeros motivos, podendo ser retirado pela colheita, pela
lixiviação (pouco significante) e principalmente pela erosão, ocorrendo assim a sua
saída do sistema solo-planta.

Figura 4. Ciclo do fósforo.

3.9 ADUBOS FOSFATADOS

Figura 5. Origem dos adubos fosfatados.

28
3.9.1 FOSFATOS NATURAIS

Os fosfatos naturais de maior ocorrência são as apatitas. Esses fosfatos


possuem um teor considerável de fósforo total (24 a 27% de P2O5 total), contudo, de
baixa solubilidade. A solubilidade desses materiais é aumentada em meio ácido.

3.9.2 SUPERFOSFATO SIMPLES

Obtido por meio da mistura estequiométrica de H2SO4 com fosfatos naturais


(apatitas). Possui, no mínimo, 18% de P2O5 solúvel em solução de citrato neutro de
amônio (CNA), 11% de S e 19% de Ca.

3.9.3 SUPERFOSFATO TRIPLO OU CONCENTRADO

Obtido a partir da mistura estequiométrica de H3PO4 com fosfatos naturais


(apatitas). Possui 43% de P2O5 solúvel em CNA e 13% de Ca.

3.9.4 ESCÓRIA DE THOMAS

É um subproduto da indústria do aço. Possui 17% de P2O5 total, 12% de P2O5


solúvel em ácido cítrico (AC) a 2%, 25% de Ca e pequenas quantidades de Si, Mg,
Fe e Mn.
3.9.5 TERMOFOSFATO

Obtido pela fusão a 1450oC de fosfato natural (apatita ou fosforita) com uma
rocha magnesiana (serpentina). Contém 18% de P2O5 total, 16,5% de P2O5 solúvel
em AC a 2%, 20% de Ca e 9% de Mg.

3.9.6 FOSFATO MONOAMONIO (MAP)

Obtido por meio da neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. Possui 48%
de P2O5 solúvel em CNA e 9% de N.

3.9.7 FOSFATO DIAMONIO (DAP)


29
Obtido por meio da neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. Possui 45%
de P2O5 solúvel em CNA e 16% de N.

3.9.8 PARCIALMENTE ACIDULADO

Obtido pela reação do fosfato natural (apatita) com uma quantidade de ácido
sulfúrico inferior à necessidade estequiométrica para a reação completa. Contêm
26% de P2O5 total, 10% de P2O5 solúvel em CNA, 25% de Ca e 6% de S.

30
4. POTÁSSIO

4.1 INTRODUÇÃO

O potássio (K) é o segundo macronutriente presente em maior quantidade


nas plantas. Esse elemento, depois do P, é o mais consumido como fertilizante pela
agricultura brasileira.
Segundo Van Raij (1991), o comportamento do nutriente em solos tropicais
aparenta ser muito mais simples do que em solos de clima temperado. Além disso,
só há praticamente um adubo potássico de grande importância.

4.2 POTÁSSIO NO SOLO

O K é um elemento muito abundante em rochas e em solos, sendo que


grande parte encontra-se em minerais que contém o elemento nas estruturas
cristalinas.

4.2.1 FORMAS DE POTÁSSIO NO SOLO

De acordo com Filho (2005), o potássio pode ser encontrado no solo nas
seguintes formas:
 Rede cristalina (90 a 98%): presente nos minerais que deram origem aos
solos como os feldspatos, micas e argilas micácias;
 Fixado: (1 a 10%): imobilização do potássio pelas lâminas de argila 2:1
(vermiculita e montmorilonita);
 Trocável: todo K adsorvido nos colóides do solo;
 Solúvel: presente na solução do solo;
 Matéria orgânica (0,5 a 2%): liberado pela mineralização da MO, sendo a
principal fonte de K orgânico.

31
K absorvido
pela planta

K K na solução K K não K
aplicado do solo trocável trocável mineral

K
lixiviado

Figura 6. Formas de potássio no solo.

4.2.2 INTERAÇÃO DO POTÁSSIO COM OUTROS NUTRIENTES

 Potássio e Nitrogênio: normalmente a presença de N aumenta a absorção


de K, resultando em aumento de produção e diminuição de acamamento
(principalmente em gramíneas);
 Potássio e Magnésio: a elevação do K na adubação diminui o teor de Mg
na planta e vice-versa;
 Potássio e Cálcio: a elevação do K na adubação diminui o teor de Ca na
planta. A elevação de Ca na solução do solo diminui a absorção de K e
Mg pela planta e a elevação do K na solução leva a uma diminuição na
absorção do Ca e Mg;
 Potássio e Fósforo e Enxofre: o K promove um melhor aproveitamento do
H2PO4- e do SO42-, com melhora na qualidade de produção;
 Potássio e Zinco: adubações com Zn levam a uma diminuição do teor de K
na planta e deficiência de Zn eleva os teores de Ca, Mg e K;
 Potássio e Boro: a presença de H3BO3 na adubação do solo aumenta o
teor de K na planta, porém, isso não ocorre inversamente;
 Potássio e Sódio: competem pelo mesmo sítio ativo de absorção;
 Potássio e Alumínio: a presença de Al no solo desloca o K do colóide,
resultando em uma maior lixiviação do K no perfil do solo.

4.3 PERDAS DE POTÁSSIO

4.3.1 REMOÇÃO PELAS CULTURAS


32
Segundo Van Raij (1991), em condições normais de solo e com adequado
suprimento de nutrientes, é elevada a remoção de K pelas culturas. Quando têm
disponíveis grandes quantidades de K, as plantas possuem a tendência de assimilar
K em quantidades que excedem suas necessidades. Esse fenômeno é chamado de
consumo supérfluo ou de luxo, pois sua absorção em excesso não aumenta o
rendimento das culturas.

4.3.2 PERDAS POR LIXIVIAÇÃO

Grandes quantidades de K são perdidas através da água de drenagem, nos


solos minerais, principalmente quando tenham sido adubados com este elemento.
Solos arenosos sofrem grandes perdas de K, no entanto, solos argilosos, mesmo
sem receberem adubações potássicas sofrem maiores perdas devido a sua maior
quantidade do elemento.

4.4 FONTES DE POTÁSSIO

Os minerais primários mais importantes como fontes de potássio são aqueles


encontrados em rochas ígneas, tais como feldspatos e as micas muscovita e biotita.
Os minerais secundários são as argilas 2:1 ilita e vermiculita.
O intemperismo do material de origem e o grau de intemperismo do próprio
solo afetam os minerais e, consequentemente, as formas e as quantidades de K
existentes no solo (VAN RAIJ, 1991).
No caso das micas, ao sofrerem intemperização formam as ilitas também
chamadas de micas hidratadas. Estas, por sua vez, á medida que o grau de
intemperismo avança, dão lugar á caulinita, que não possui K em sua estrutura.

4.5 POTÁSSIO NA PLANTA

O K é caracterizado pela sua alta seletividade no momento de absorção e,


está intimamente ligado á atividade metabólica na planta. Apresenta uma alta
mobilidade na planta, tanto no xilema como no floema. O K está ligado também ao
controle osmótico da célula (bombas de K).

33
Sua absorção pela planta ocorre na forma predominante nos colóides e na
solução do solo, ou seja, na forma K+. Seu contanto com a raiz ocorre, em sua
maioria por difusão, sendo que há 25% por fluxo de massa e 3% por interceptação
radicular.
Tanto no xilema como no floema, o K caminha na forma de K+, sendo
rapidamente transportado pelo xilema aos órgãos novos, onde se relaciona com as
citocinas e com o metabolismo de N na planta. Sua redistribuição é muito rápida
pelo floema.

4.6 FUNÇÕES DO POTÁSSIO NA PLANTA

A função do Potássio é de natureza catalítica e osmótica, sendo essencial


para as diversas funções vitais na planta.
O K tem como característica a baixa afinidade por ligantes orgânicos, sendo
necessário altas concentrações para que ocorram poucas ligações.
Em relação a função osmótica, o K regula a turgidez dos tecidos, controlando
os movimentos estomáticos que é essencial para o processo fotossintético.
Sua atividade catalítica refere-se a ativação enzimática, pois o K ativa cerca
de 60 enzimas participando de reações de Fosforilação, síntese de proteínas,
metabolismo de N e carboidratos, transporte de carboidratos e outros produtos da
respiração no floema e fixação simbiótica do nitrogênio.
Participa ainda dos seguintes processos: Promoção do crescimento dos
tecidos meristemáticos, Resistência à seca, geadas e à salinidade, Resistência à
doenças e ao acamamento (gramíneas), qualidade do produto: atua na cor,
tamanho, acidez, resistência ao transporte e melhoria no valor nutritivo (N, Vitaminas
e açucares).

4.7 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA

Os sintomas de deficiência de K aparecem primeiro nas folhas mais velhas,


com clorose das bordas para o centro da folha, com posterior necrose. A deficiência
de K diminui a fotossíntese e aumenta a respiração, reduzindo o suprimento de
carboidratos e, por conseguinte o crescimento da planta.

34
Os sintomas visíveis são: clorose e posterior necrose das margens e pontas
das folhas, inicialmente as mais velhas, internódio mais curto em plantas anuais,
diminuição da dominância apical, menor tamanho dos frutos em laranjeiras,
deficiência de ferro induzida (acúmulos de ferro nos nós inferiores).
Os sintomas anatômicos incluem a diferenciação prejudicada dos tecidos
condutores e perda da atividade cambial.
Os sintomas químicos são: aumento das frações de N-alfa amídicos e
amínicos, alto conteúdo de ácidos orgânicos e menor teor de açúcares e amido em
órgãos de reserva;
Em caso de altas concentrações de K no solo, as plantas apresentam
deficiência de Magnésio induzida, além da absorção de luxo já descrita.

4.8 CICLO DO POTÁSSIO

O K entra no sistema do solo através de resíduos vegetais e animais


(adubação orgânica) e via fertilizantes minerais. Esse K adicionado pode ser
absorvido pelas plantas, perdido por lixiviação ou tornar-se indisponível devido a sua
fixação nos minerais do solo.

Figura 7. Ciclo do Potássio.

35
4.9 ADUBOS POTÁSSICOS

A fertilização potássica tem que garantir uma concentração de K na solução


do solo suficientemente alta para satisfazer as necessidades da planta nos períodos
em que o elemento é mais exigido. Este objetivo poderá ser alcançado quando
forem evitadas perdas por lixiviação e fixação.
A eficiência dos fertilizantes potássicos depende sistematicamente da
maneira de como são aplicados e das condições do solo a ser fertilizado. Diante
disso, podem-se inferir algumas sugestões quanto ao uso do potássio no solo:
a) Solos naturalmente pobres em potássio requerem adições freqüentes e
moderadas;
b) Práticas culturais que melhoram as condições de aeração do solo (aração,
gradagem, drenagem), bem como aquelas que evitam as perdas por lixiviação
(adição de matéria orgânica e calagem) e por erosão (plantio em nível, terraço, etc)
tendem a promover um melhor aproveitamento do K no solo;
c) A tendência para o equilíbrio entre o K não trocável, trocável e em solução
e as perdas às quais o K solúvel está sujeito, sugerem dois princípios básicos para a
adição de K como fertilizante: o primeiro é que o elemento deve ser aplicado
parceladamente em lugar de toda a quantidade necessária de uma só vez; o
segundo é que se deve concentrar o K no sulco ou na cova de plantio, sempre que
possível.
Os adubos potássico mais utilizados são:
Tabela 3. Principais fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil.
Fertilizantes Garantia mínima Forma do nutriente Observações
K2O solúvel em água
Cloreto de K 58% de K2O 45-48% de Cl.
(cloreto)
K2O solúvel em água 15-17% de S
Sulfato de K 48% de K2O
(sulfato) 0-1,2% de Cl
18% de K2O e K2O e Mg solúvel em 22-24% de S
Sulfato de K e Mg
4,5% de Mg água (sulfato) 1-2,5 de Cl
44% de K2O K2O solúvel em água N
Nitrato de K
13% de N na forma NO3-
Fonte: Lopes (1989).

36
5. CÁLCIO

5.1 INTRODUÇÃO

O Cálcio (Ca) é de fundamental importância dentro da planta, pois é o


elemento formador de parede celular, garantindo o desenvolvimento da parte
aérea e do sistema radicular. É o elemento que juntamente com o Boro não
apresentam caminhamento no floema, gerando problemas de morte de
meristema apical de galhos, ramos e frutos (FILHO, 2007).
O Ca está intimamente ligado á aplicação de calcário no solo, sendo este uma
de suas principais fontes.

5.2 CÁLCIO NO SOLO

A forma predominante de Ca no solo é em sua forma iônica Ca2+ ou nas


formas de CaCO3, CaSO4, CaHPO4, Ca(PO4)2. No entanto, pode ser encontrado em
várias formas no solo. São elas:
 Minerais primários: o Ca está presente principalmente na augita, anortita,
epidoto e apatita;
 Matéria Orgânica: é função do material de origem e das condições
climáticas, podendo ocorrer como quelatos e/ou complexos;
 Ca-trocável: este se encontra ligado aos colóides do solo;
 Ca-disponível: todo Ca livre na solução do solo na sua forma iônica Ca2+.

5.3 CÁLCIO NA PLANTA

Para a maioria das culturas, a retirada de Ca encontra-se abaixo das


quantidades extraídas em N e K, entretanto para culturas como citros e eucalipto, e
retirada de Ca supera a retirada de N e K.
O Ca possui muitos efeitos no crescimento e desenvolvimento da planta,
atrasando seu amadurecimento, a senescência e a abscisão, melhorando a
qualidade dos frutos e das hortaliças, a fotossíntese e outros processos como a
divisão celular, etc.

37
Sua absorção pela ocorre totalmente por fluxo de massa e, geralmente, nas
formas de Ca2+, Ca-quelato e Ca-glutamato. O mecanismo de absorção pela planta
pode ser passivo ou ativo (somente em condições de extrema deficiência).
Sua distribuição ocorre pelo xilema através de fluxo de massa e por trocas
eletrônicas com Mg, Zn e Mn na superfície da parede do floema. Não há distribuição
do Ca na planta pelo floema.

5.4 FONTES DE CÁLCIO

O Ca tem sua origem primária nas rochas ígneas, estando contido em


minerais como a dolomita, calcita, apatita, feldspatos cálcicos e anfibólios, que
ocorrem também em rochas sedimentares e metamórficas. Em solos especialmente,
ácidos de clima tropical esses minerais são intemperizados e o Ca é, em grande
parte, perdido por lixiviação.

5.5 FUNÇÕES DO CÁLCIO NA PLANTA

O Ca é um nutriente extremamente importante na nutrição das plantas sendo


o mais abundante, depois do K. Grande parte deste nutriente está localizada nas
folhas, sendo que as mais velhas apresentam os maiores conteúdos. É muito
importante no desenvolvimento e funcionamento das raízes e necessário na
formação de folhas normais. Influencia, também, a translocação e armazenamento
de carboidratos e proteínas.
O Ca é essencial para manter a integridade da membrana estrutural e das
paredes celulares: quando há deficiência, as membranas começam a “vazar”, a
compartimentação celular é rompida e a ligação do Ca com a pectina da parede
celular é afetada. O pectato de Ca da lamela média atua como cimento entre uma
célula e outra, sendo depositado durante a citocinese.
Sua função estrutural é integrar o Pectato de Cálcio na Lamela Média,
conferindo rigidez à parede celular e controlando o aumento do volume celular.

5.6 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA

38
Os sintomas visíveis incluem:
 Amarelecimento de região limitada da margem das folhas mais novas;
 Crescimento não uniforme da folha do qual resultam formas tortas e às
vezes com um gancho na ponta da folha;
 Murchamento e morte de meristema apical, gemas laterais dormentes;
 Deformação de tubérculos acompanhada de desintegração interna;
 Murchamento das folhas e colapso do pecíolo;
 Raízes com aparência gelatinosa das pontas, pêlos inchados, cessação
do crescimento apical;
 Pequena frutificação ou produção de frutos anormais (podridão apical no
tomateiro e pimentão, podridão amarga e bitter pit na maçã);
 Produção pequena ou nula de sementes, mesmo com flores normais
(cereais);
 Menor nodulação de leguminosas.
Os sintomas anatômicos incluem mitocôndrias menores e com menos
proteínas, células radiculares não se diferenciam, dificuldade para mitoses.
O Ca em excesso pode provocar deficiência de K e de Mg.

5.7 ADUBOS COM CÁLCIO

Os calcários constituem-se nas principais fontes de altos teores Ca, os qual


está presente também no gesso agrícola.

Tabela 4. Tipos de calcário e quantidade de Ca.


TIPOS % DE Ca
Calcítico 49
Magnesiano 39
Dolomítico 30

O gesso agrícola contém cerca de 26% de Cão, mas o Ca pode ser


encontrado ainda em outros fertilizantes:

39
Tabela 5. Fontes de Cálcio.
Fertilizantes % de CaO
Super simples 20
Super triplo 10
Termofosfato 30
Nitrato de Ca 26
Nitrocálcio 10
Calcário calcinado 42
Cal virgem 68
Cal hidratada 50

40
6. MAGNÉSIO

6.1 INTRODUÇÃO

O magnésio (Mg) é o constituinte central da molécula de clorofila, sendo que


este representa 10% de todo o magnésio foliar. É considerado um ativador
enzimático por excelência, e grande parte do Mg presente na planta encontra-se
envolvido na regulação do pH celular e do balanço cátion-anion.

6.2 MAGNÉSIO NO SOLO

O Mg é encontrado no solo em menores quantidades que o Ca, estando


presente ligado a:
 Mineral primário: os principais são os piroxênios, anfibólios, olivinas,
turmalinas, muscovita e biotita;
 Mineral secundário: vermiculita, montmorilonita, ilita e clorita;
 Carbonatos e sulfatos: MgSO4, MgCO3, CaMg(CO4)2;
 Matéria orgânica: encontra-se num teor dez vezes maior que o K;
 Colóides: Mg trocável;
 Solução: todo Mg em forma imediatamente disponível á planta.

6.3 MAGNÉSIO NA PLANTA

Reconhecidamente, o papel mais importante do Mg é a sua presença na


molécula de clorofila, em que ocupa o centro de uma estrutura planar formada por
um anel tetrapirrólico e uma cauda de fitol.
Sua absorção via radicular ocorre na forma química presente na solução do
solo, Mg2+, sendo o contato do íon com a raiz através do fluxo de massa através de
mecanismo passivo.
O Mg está relacionado ao transporte de P na planta, sendo que um bom
suprimento deste pode aumentar a utilização do P dos fertilizantes.
O transporte do Mg na planta ocorre pelo xilema na forma Mg2+, e sua

41
redistribuição é realizada pelo floema e ocorre em todas as direções.

6.4 FUNÇÕES DO MAGNÉSIO NA PLANTA

A principal molécula de quem o Mg participa é a clorofila, representando 2,7%


de seu peso molecular, e representa 10% do total de Mg presente na folha. O
restante do Mg+2 está envolvido com a ativação enzimática dentro da célula, em
quantidades semelhantes à ativação enzimática proporcionada pelo K+.
O Mg participa dos processos:
 Ativador enzimático (Tioquinases, Quinases, Hexoquinases, Enolase,
Desidrogenase, Descarboxilases, Carboxilases, Sintetases e Transferases
entre outras);
 Absorção iônica e trabalho mecânico, principalmente na emergência de
plântulas e no crescimento de raízes;
 Fotossíntese;
 Respiração (glicolise e ciclo dos ácidos tricarboxílicos);
 Armazenamento e transferência de energia (ATPases, fosforilases, etc);
 Sínteses orgânicas (sintetases);
 Balanço eletrolítico (juntamente com K+, Cl-, H+, Na+, OH-, HCO3-);
 Garante a estabilidade dos ribossomas (não permitindo a modificação da
seqüência gênica da molécula que poderia afetar a codificação de
enzimas e proteínas para o desenvolvimento da planta);
O Mg é tido como o carregador de P por excelência, garantindo
principalmente o aumento da absorção do H2PO4-, devido a sua atuação nas
reações de fosforilação.

6.5 SINTOMATOLOGIA DE CARÊNCIA NA PLANTA

O Mg por ser um nutriente com grande mobilidade dentro da planta irá


apresentar deficiência em folhas velhas.
Os sintomas visíveis incluem clorose em folhas velhas - clorose internerval, às
vezes seguida de necrose ou pelo desenvolvimento de cor alaranjada(presença de
carotenos e xantofilas em substituição à clorofila), vermelha(antocianina) ou roxa;

42
Os sintomas anatômicos são numerosos cloroplastos pequenos e paredes
celulares muito finas. Os sintomas químicos incluem menor teor de clorofila,
“carregador” de P ou simplesmente uma conseqüência do papel do Mg em sistemas
enzimáticos implicados no metabolismo do P.
Em situações de excesso de Mg ocorrerá uma possível carência de Ca e K .

6.6 ADUBOS COM MAGNÉSIO

Como principais fontes de Mg têm os calcários citados anteriormente, mas


existem ainda outros fertilizantes:

Tabela 6. Fertilizantes com Magnésio.

%
Fertilizantes
MgO
Sulfato de Mg 16
K-Mag 18
Termofosfatos 19
Hidróxidos de Mg 69,1
Fosmag (multifosfato
5
magnesiano)
Magnesita (MgO) 90-100
Silicato de Mg 40,2

43
7. ENXOFRE

7.1 INTRODUÇÃO

O enxofre (S), juntamente com o N e P, participa de compostos orgânicos no


solo. Na atmosfera o S aparece na forma de dióxido de enxofre (SO2), gás sulfídrico
e outros.

7.2 ENXOFRE NO SOLO

A maior fonte de S para as plantas no solo é a MO, a qual possui cerca de 80


a 90% do S total do solo. Na MO, o S encontra-se ligado a compostos fenólicos (S
não ligados a C) e ligados a aminoácidos (S ligado a C).
Em solos arejados, o S encontra-se na forma oxidada, ou seja, na forma de
sulfatos (SO4-2) que é aproveitável pela planta.

7.2.1 TRANSFORMAÇÕES DO ENXOFRE NO SOLO

No solo, o S passa por diversas transformações:


a) Mineralização: esse processo ocorre juntamente com a decomposição da MO,
que consiste na transformação do S-orgânico para S-mineral, disponibilizando-o na
forma de SO4-2. A mineralização ocorre na presença dos microrganismos
Thiobacillus denitrificans e Thiobacillus thioxidans.
b) Imobilização: é o processo inverso da mineralização, ou seja, o S-mineral é
assimilado pelos microrganismos, sendo incorporado em seus tecidos, tornando-se
temporariamente indisponível pela planta;
c) Oxidação: existem no solo microrganismos que, em boas condições de aeração
do solo, convertem as formas SO32-, S2O32-, S0, S2- para SO4-2.
d) Redução: processo contrário a oxidação, ou seja, redução das formas oxidadas
para H2S, só ocorre em solos com problemas de aeração ocasionados poma
drenagem ou compactação.

44
7.3 CICLO DO ENXOFRE

As adições de enxofre no solo ocorrem por deposição atmosférica, resíduos


vegetais e animais (adubo orgânico) e fertilizantes minerais. O S presente na MO
torna-se disponível através de sua mineralização. Parte do S absorvido pelas
plantas ocorre via foliar e a outra parte entra no solo transformando-se em sulfato, o
mesmo ocorre pelas demais entradas de S. Esse sulfato sofre várias transformações
no solo, se sofrer imobilização passa a fazer parte dos tecidos microbianos, se não,
pode ser absorvido pela planta, perdido por lixiviação, volatilização ou erosão ou
através da exportação pelas culturas.

Figura 7. Ciclo do Enxofre.

7.4 ENXOFRE NA PLANTA

O S é absorvido ativamente pelas raízes principalmente na forma de SO4-2.


No entanto, as folhas também podem absorver o gás SO2 existente na atmosfera,
porém é pouco eficaz. As raízes são capazes de absorver S orgânico como
aminoácido (cistina e cisteína).
O contato do nutriente com a raiz ocorre, em sua maioria, por fluxo de massa,

45
ocorrendo 5% por interceptação radicular. O seu transporte e redistribuição ocorrem
principalmente numa direção ascendente e pelo xilema.

7.5 FUNÇÕES DO ENXOFRE NA PLANTA

O S na planta participa de: aminoácidos, grupos prostéticos, proteínas, atua


como catalisador orgânico de algumas enzimas, ou até mesmo, compostos voláteis
que contribuem para o odor característico de plantas como o alho, a cebola e o
abacaxi.

7.6 SINTOMATOLOGIA DE CARENCIA NA PLANTA

A carência de S causa vários sintomas visíveis. Dentre eles:


 Clorose: primeiro nas folhas mais novas com coloração adicional
(vermelha, rocha ou laranja) em algumas plantas;
 Folhas pequenas;
 Enrolamento das margens das folhas;
 Necrose e desfolhamento;
 Internódios curtos;
 Redução do florescimento;
 Menor nodulação em leguminosas;
O S pode alterar ainda nos processos metabólicos das plantas:
 Diminuição da fotossíntese e atividade respiratória;
 Queda da síntese de proteínas;
 Redução no teor de gorduras;
 Diminuição da fixação biológica de N.
As principais causas de deficiência de S nos solos ocorrem devido a pobreza
de MO, alta acidez (menor mineralização), lixiviação e seca prolongada.

7.7 ADUBOS COM ENXOFRE

Os principais adubos com enxofre comercializados no Brasil são:

46
Tabela 7. Principais fontes de enxofre.
Fertilizantes % de S
Enxofre Elementar 99
Sulfato de Cálcio (Gesso ou fosfogesso) 16
Superfosfato Simples 10 12
Sulfato de Âmnio 22 24
Sulfato de Potássio e Magnésio 22 23
Sulfato de Potássio 15 17
Sulfato de Magnésio 12 14
Sulfonitrato de Âmnio 13 15
Fosfato Parcialmente Acidulado 0-6

47
8. ALUMÍNIO

8.1 INTRODUÇÃO

Segundo Machado (1997), o alumínio (Al) é considerado como o terceiro


elemento químico mais freqüente na crosta terrestre, onde compreende
aproximadamente 7,1%. Os minerais de argila primários e secundários são, em
grande parte, estruturalmente formados por Al2O3, juntamente com SiO2.
O Al é um dos principais fatores acidificantes, especialmente em solos de
regiões tropicais. Em geral, seu conteúdo é muito maior nas raízes do que em outras
partes da planta.

8.2 ALÚMINIO NO SOLO

O Al no solo pode ser encontrado ligado aos minerais de argila, complexado


em compostos solúveis da MO (ácidos húmicos e fúlvicos) ou encontrado na solução
do solo nas seguintes formas:
3+
Al
2+
Al(OH)
+
Al(OH)2
[Al(OH)3]
+
AlSO4
2+
AlF
AlCl3
Al-org

O Al é também o responsável por insolubilizar o P, fixando nas micelas dos


minerais de argila, sendo este, um dos seus principais prejuízos causados à planta.

8.3 ALUMÍNIO NA PLANTA

Um grande número de observações experimentais indica que a ação tóxica


do alumínio é, por excelência, um fenômeno que ocorre no sistema radicular, que
poderia ser sintetizado da seguinte maneira:

48
 Diminuições no elongamento radicular: são os primeiros sintomas de
toxicidade observáveis;
 Produção de biomassa radicular é normalmente mais sensível à toxicidade
do Al que a produção de biomassa da parte aérea;
Filho (2007) afirma que não há evidências de que o Al venha a ser um
elemento essencial Às plantas, entretanto, existem muitos relatos de que o Al em
baixas concentrações promove um incremento no desenvolvimento de beterraba
açucareira, algumas leguminosas tropicais e principalmente na cultura do chá.
Sua absorção pela planta ocorre principalmente em sua forma mais tóxica,
Al3+, podendo também absorver nas outras espécies iônicas presentes na solução
do solo, no entanto, estas causam pouco ou nenhum dano a planta.
Seu contato com a planta ocorre por fluxo de massa constituindo um
mecanismo passivo.

8.3.1 TOXIDEZ DE ALÚMINIO NA PLANTA

Os efeitos fitotóxicos são observados principalmente nas raízes das plantas,


sendo o local de maior acúmulo, servindo como um filtro impedindo a subida do Al
até a parte aérea da planta, onde este se encontra na forma neutra.
Filho (2007) classificou as injúrias causadas pelo efeito fitotóxico do Al em
três grupos:
a) Injúrias Primárias Diretas: o Al pode causar efeito negativo na integridade e
na função da membrana plasmática. Pode ser encontrado ligado às proteínas ou aos
fosfolipídeos nas mesmas e fluxo de íons (K+). Pode afetar os carregadores da
membrana através da inibição pelo Al às atividades das enzimas Mg2+_ATPase,
K+_ATPase e Ca2+_ATPase.
b)Injúrias Primárias Indiretas: causa desbalanço iônico interno à célula,
afetando o funcionamento das organelas e do citoplasma, inibe a divisão e o
crescimento. Provoca desarranjo metabólico, alterando a fotossíntese, a respiração
e atividades enzimáticas;
c) Injúrias Secundárias: antagonismo com os nutrientes P, K, Ca e Mg,
gerando deficiências de nutrientes;

8.4 SINTOMATOLOGIA DE TOXIDEZ NA PLANTA


49
O Al pode afetar negativamente na plantas principalmente no sistema
radicular, da seguinte forma:
 Raízes peculiarmente curtas ou grossas;
 Inibição do crescimento das raízes;
 Raízes laterais engrossadas e pequena formação de pêlos radiculares;
 Maior predisposição da planta ao ataque de fungos;
 Redução na absorção de P, K, Ca, Mg.
As membranas celulares da raiz são tidas como os locais onde ocorrem as
lesões primárias de toxicidade por Al3+. Segundo Machado (1997), o Al3+ pode
alterar as propriedades da membrana plasmática e vacuolar resultando, assim,
numa diminuição da permeabilidade para a água. Outro sintoma da ação tóxica do
Al é a perda de camadas celulares periféricas e degeneração do citoplasma.
A ação tóxica do Al também pode se dar pela inibição direta da divisão celular
onde secções da dupla hélice de DNA são capturadas por polímeros de Al, através
da forte ligação entre fosfato com carga negativa e a carga positiva do polímero.
Muitos associam a toxicidade do Al com a diminuição na absorção de vários
nutrientes, especialmente Ca e P. Entretanto, não se sabia exatamente se estes
efeitos estavam intimamente associados ao mecanismo da toxicidade propriamente
dita ou se eram meras conseqüências de um distúrbio anterior ocorrido ao nível
celular.
O Al pode afetar a absorção de fósforo diretamente pela precipitação de
fosfato de Al na superfície da raiz impedindo-o de participar de processos de
transferência de energia.
Para Machado (1997), devido à competição catiônica por sítios de troca na
raiz, a presença do alumínio pode inibir a absorção de cálcio e magnésio, onde as
relações molares entre Ca:Mg e Mg:Al no solo são consideradas como parâmetros
mais adequados para predizer a deficiência de Ca ou Mg induzida pelo Al do que a
concentração individual do elemento.
O alumínio pode diminuir a fixação biológica de nitrogênio através de danos
diretos na planta hospedeira do rizóbio ou pela interferência nos vários estágios do
processo de nodulação e fixação. O processo de infecção, assim como a necessária

50
curvatura dos pêlos radiculares para a formação dos nódulos, é reduzido pela
presença do Al.

8.5 TOLERÂNCIA AO ALUMÍNIO

Embora o Al seja normalmente considerado como um elemento tóxico para as


plantas cultivadas, existem vários trabalhos que demonstram sua essencialidade
para algumas plantas. Machado (1997) cita em seu trabalho um experimento em
vasos com a cultura do chá que indicou a possibilidade do Al atuar como estimulante
do crescimento de raízes. Segundo o mesmo autor, o chá absorve alumínio ao longo
de seu ciclo e a concentração de Al nas folhas aumenta com a idade.
Sob certas condições e para espécies de plantas com alta tolerância ao
alumínio, baixos níveis deste metal podem causar efeitos benéficos ao crescimento
de plantas superiores. Entretanto, estes efeitos são considerados como exceção,
onde a regra é o efeito negativo do alumínio no crescimento de plantas em solos de
baixo pH.
Algumas plantas são consideradas altamente sensíveis À presença de Al no
solo: alfafa, beterraba e aspargos. No entanto, outras são consideradas tolerantes:
aveia, batata, azaléia e eucalipto.

51
CONCLUSÃO

O solo é essencial ao desenvolvimento de organismos que nele vivem, assim


um solo deve ser bem estruturado para o crescimento destes organismos.
Organismos estes que podem ser plantas que servem de alimento para os animais,
microorganismos como fungos, bactérias, minhocas que participam na
decomposição da matéria orgânica e na disponibilização de nutrientes novamente às
plantas.
Um solo bem estruturado com boas capacidades de crescimento dos vegetais
apresenta a seguinte composição: 25% de Ar, 25 % de água, 2 a 5 % de Matéria
Orgânica e 45 % de Minerais. Diversos elementos químicos são indispensáveis á
vida vegetal, pois sem estes as plantas não conseguem completar o seu ciclo de
vida. Entre os elementos químicos que compõem o solo pode–se destacar: O
Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Enxofre, Cálcio e Magnésio, estes nutrientes são
classificados como Macronutrientes primários e secundários devido a maiores
quantidades exigidos pelos vegetais. O micronutrientes que são elementos químicos
exigidos pelas plantas em menores quantidades pelas plantas são: Boro, Cloro,
Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio e Zinco.
O nitrogênio é o primeiro nutriente em quantidade exigido pela maioria das
culturas. É essencial para o crescimento das plantas, pois faz parte da célula viva.
Este nutriente é convertido em aminoácidos, proteínas e enzimas, faz parte também
da clorofila, que em caso de deficiência a planta responde na forma de falta de
coloração verde tornando as folhas amareladas. O nitrogênio está presente na
atmosfera é retirado desta através de descargas elétricas ou por fixação de
bactérias do gênero Rizhobium que fazem simbiose com os vegetais leguminosos.
O fósforo é o terceiro nutriente exigido pelas culturas, porém, nas adubações
é o elemento mais recomendado, devido a carência deste elemento nos solos, que
também pode ser adsorvido pelos solos, como os solos ricos em óxidos de Ferro e
Alumínio. O fósforo atua na fotossíntese, na respiração, no armazenamento e
transferência de energia, atua também nos crescimento do sistema radicular. O
fósforo tem sua origem nas rochas (apatita), sendo retirados destas através de
processos industriais da rocha apatita.
O potássio constitui-se num nutriente imprescindível para a planta, visto que é

52
o segundo mais requerido pelas mesmas. Sua importância está relacionada às suas
diversas funções, tais como, promoção de crescimento dos tecidos meristemáticos,
aumento da resistência das plantas às doenças, além de atuar diretamente na
qualidade da produção. Esse elemento é essencial na síntese protéica, além de
auxiliar no uso mais eficiente da água através do controle osmótico das células.
O cálcio é extremamente importante para a nutrição das plantas e o mais
abundante nelas, depois do potássio. Este elemento estimula o desenvolvimento das
raízes e folhas e principalmente, atua na estrutura das paredes celulares reforçando
as plantas. É essencial para o desenvolvimento dos grãos de diversas culturas,
ajuda a reduzir a acidez dos solos, melhora o desenvolvimento das raízes através do
estímulo à atividade microbiana.
O magnésio é um mineral constituinte da molécula de clorofila, sendo esta
sua principal função. No entanto, este elemento possui ainda diversas funções
ajudando no metabolismo do fosfato, na respiração das plantas e na ativação de
inúmeros sistemas enzimáticos.
O enxofre é essencial na formação e produção de proteínas nas plantas,
principalmente da clorofila. Sua importância está relacionada ao crescimento das
plantas, visto que quando ocorre deficiência estas se apresentam com crescimento
retardado e manchas cloróticas semelhantes aos sintomas de deficiência de
nitrogênio.
O alumínio constitui-se no grande problema dos solos de regiões tropicais,
pois sempre se encontra em altas quantidades sendo o principal responsável pela
acidez desses solos. Este elemento, devido a sua alta concentração, dificulta o
cultivo de diversas espécies que são altamente sensíveis a ele. É um elemento difícil
de manejar, sendo possível somente através da prática de calagem, e ainda sim,
com o passar do tempo este volta à solução do solo.
Dessa forma, pode-se observar que as plantas constituem um sistema
bastante complexo e exigente para sobrevivência. Estes elementos constituem a
base do processo de produção e, portanto, necessitam estar presentes nas
quantidades e momentos adequados para que as plantas possam se desenvolver
normalmente e com alta produção

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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