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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO sempre pelo menos os elementos estruturais do

CENTRO DE TECNOLOGIA casco, além de eventuais equipamentos e carga


no local. As abordagens mencionadas tratam
ESCOLA DE ENGENHARIA esse problema por meio do conceito de
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA permeabilidade volumétrica, ou seja, adota-se,
para cada região afetada, uma relação adequada
EEN304 - ARQUITETURA NAVAL II - 2005 entre o volume de fato alagável ou que pode se
Prof. José Henrique Erthal SANGLARD ocupado pela água e o volume total moldado.
As avarias podem ainda ser simétricas
AVARIAS ou assimétricas, em relação ao plano diametral,
e serem classificadas em dois tipos básicos:
1 - INTRODUÇÃO avaria restrita abaixo do plano de flutuação
inicial e avaria sem limitação vertical para o
A flutuação, o equilíbrio e a estabilidade alagamento. No primeiro caso, há limitação
de sistemas flutuantes foi abordada até aqui vertical do volume da região alagável abaixo da
considerando o casco estanque e intacto. Mas as linha d'água de flutuação intacta, como nos
embarcações podem enfrentar condições de casos de avaria em fundo duplo, por exemplo.
operação em mar revolto ou se envolver em No segundo caso, a superfície da água no
acidentes que as façam submergir regiões do interior do compartimento alagado vai estar
casco que permitam o embarque d'água em seu sempre alinhada com o plano de flutuação
interior ou ainda perder a integridade física do externo como vasos comunicantes, isto é, ao se
casco ou dos meios de fechamento estanque das movimentar na busca da posição de equilíbrio o
aberturas para o meio externo, permitindo não navio também altera a imersão e permite a
só o alagamento como a livre comunicação com entrada de mais água no tanque ou porão
o meio fluido em que flutuava. avariado e alagado.
O alagamento altera o equilíbrio e
provoca mudança na posição de flutuação da 2 - MÉTODO DO PESO ADICIONADO
embarcação, também alterando, portanto, sua
estabilidade. A capacidade de uma embarcação No método do peso adicionado, o
se manter flutuando com condições mínimas de volume d'água embarcado é tratado como uma
equilíbrio e estabilidade é denominado de carga líquida a bordo, com centro de gravidade
insubmersibilidade. Com isso, é possível no centro geométrico da região avariada
relacionar critérios de limites de imersão do (alagamento uniforme), causando:
casco e de estabilidade mínima residual após i) variação do deslocamento e do calado médio;
uma avaria com a compartimentação interna, de ii) alteração da posição do centro de gravidade;
acordo com um nível ou padrão de segurança
desejado, por meio de hipóteses de avaria que iii) mudança do plano de flutuação devido ao
resultem em maior ou menor extensão do casco afundamento, à inclinação longitudinal (trim)
ou número de compartimentos afetados. e/ou à inclinação transversal (banda); e
iv) modificação da estabilidade estática.
Os efeitos de uma avaria podem ser
tratados de duas formas diferentes. A primeira Por sua natureza, esta abordagem se
abordagem é considerar a água embarcada adapta melhor a avarias restritas, simétricas ou
como uma carga líquida a bordo na região assimétricas, em que o deslocamento final é
avariada, com o casco virtualmente intacto, conhecido a priori. Entretanto, como veremos a
denominada Método do Peso Adicionado. A seguir, é possível aplicar o método aos casos de
segunda forma de tratar o problema é avarias sem limitação (simétricas e
considerar o alagamento como perda da assimétricas).
capacidade de gerar empuxo na região avariada
por meio de uma alteração da geometria do 2.1 - Avaria Simétrica Restrita
casco, denominada Método da Flutuabilidade
Perdida. O caso típico é o de avaria de fundo
duplo, que causará afundamento (aumento do
Em ambos os casos, porém, é preciso calado médio) e apenas inclinação longitudinal
considerar que a região alagada não permite a (trim). O deslocamento final será dado por
ocupação total de seu volume pela água, pois há
∆1 = ∆ 0 + p a = ∆ 0 + γv a = ∆ 0 + γ µ
v (1) se for conhecida a posição do centro de
gravidade do navio intacto (xG0, 0, zG0). A
onde ∆0 é o deslocamento intacto, µ é a coordenada transversal do centro de gravidade
permeabilidade volumétrica do tanque, va é o será considerada nula supondo a simetria.
volume alagado e v é o volume moldado do
tanque avariado, de acordo com a Figura 1. Com o deslocamento e posição do
centro de gravidade do navio avariado
Tar determinados, o passo seguinte é a busca da
posição final de equilíbrio. Para isso, vamos
Tmi estimar a posição de equilíbrio longitudinal por
vb
Tmo meio das Curvas Hidrostáticas. Com o
deslocamento final, entrando nas Curvas ou
Tav Tabelas Hidrostáticas obtemos o calado paralelo
va .g equivalente, a posição longitudinal do centro de
v zg flutuação, a posição longitudinal e vertical do
centro de carena e o momento unitário de trim
Figura 1 - Avaria restrita simétrica - PA (MTC), ou seja,
O volume adicional deslocado pelo  Te q1 
casco devido ao afundamento para compensar o  
efeito do alagamento será, assim, igual a  x F e 1q 
vb = v a = µv ou p a = γvb = γ µ
v  
(2)
∆ 1 → C H→  x B e 1q  . (4)
e v pode ser obtido por Vlasov e/ou de acordo  
com a geometria das seções do tanque.  z B e 1q 
A posição do centro de gravidade da  M T eCq1 
massa de água que entrou tanque alagado será
 
considerada igual à posição do centro O valor do momento para trimar um
geométrico do tanque. Isto é uma aproximação, centímetro (MTC) deve ser corrigido para a
pois a ocupação do tanque pela água não é posição vertical do centro de gravidade, pois o
uniforme e homogênea devido à presença de valor fornecido pelas Curvas Hidrostáticas
elementos estruturais, equipamentos ou carga e utiliza o raio metacêntrico (BML) e não a altura
ainda devido à possibilidade de formação de metacêntrica longitudinal (GML), isto é,
bolsões de ar no interior do tanque. Mas tal
hipótese é uma boa aproximação que não ∆ × GM L γ × I 0 wl ∆ × BG
MTC = = −
origina grandes desvios da posição real do 100 × Lpp 100 × Lpp 100 × Lpp
centro de massa, o que torna irrelevante (5)
determinar o volume exato ocupado pela água. de onde o momento unitário corrigido será
As coordenadas do centro de massa da água de
alagamento (xg, 0, zg), desta forma, poderá ser ∆( z G1 − z Beq 1 )
estimada por Vlasov, por meio da integração MTC *
eq 1 = MTC eq 1 − . (6)
100 × Lpp
das áreas e momentos das áreas das seções
transversais do tanque. Com o momento para trimar um
centímetro corrigido podemos obter o trim
Assim, a nova posição do centro de relacionando-o com o momento inicial de trim
gravidade da embarcação (xG1, 0, zG1) pode ser no calado paralelo equivalente, ou seja,
obtida pela equação de momentos de massa,
MTi ∆1 ( xG1 − x Beq 1 )
100 × t i = = . (7)

 xG1   xG0   xg 
* *
MTC eq1 MTC eq 1

e os calados nas perpendiculares resultam em

∆ 1   = ∆ 0   + pa   (3)
ti
=
δTr
=
δTv
Lpp Lpp / 2 − x Feq 1 Lpp / 2 + x Feq 1
, (8)

 zG1   zG0   z g  Tar i = Teq 1 +δTr e Tav i = Teq 1 −δTv .


Este resultado normalmente seria aceito
como a posição final de equilíbrio obtida por
(9)

2
meio das Curvas Hidrostáticas. Entretanto, no
contexto de avaria, a massa d'água que embarca δV
δTm
Tar
pode ser grande ou causar momentos que levem
a inclinações acima dos limites de aplicação do T(x) xg
i Tav
teorema de Euler - inclinações equivolumétricas .g
A wl
infinitesimais em torno de um eixo centroidal Xi PR
x SMN
Xf PV
fixo, de acordo com as equações (7) a (9). Em
vista disso, o plano inclinado estimado deve ser Figura 2 - Correção do deslocamento - trim fixo
validado - é necessário verificar se ele fornece o
deslocamento desejado e se o momento do Deste modo, a área da linha d'água com
binário peso-empuxo é desprezível ou nulo. trim, supondo haver simetria, será dada por
Se os calados nas perpendiculares i
Awl = 2 ×∫
X f
y[ x, T ( x )] dx / cos ϕi , (12)
devido ao trim obtido pelas Hidrostáticas a Xi

partir do calado equivalente definirem um plano


de flutuação em que haja imersão do convés onde ϕi = arctan(ti/Lpp). Esta abordagem é
(Tar ou Tav > D) e/ou emersão do fundo (Tav limitada pelos valores de inclinação, pois à
ou Tar < 0), o plano de equilíbrio obtido não medida que o ângulo de inclinação longitudinal
será equivolumétrico. Caso contrário, o plano aumenta o afundamento tende a não ser mais
de flutuação estimado pode ser representado por uma variação finita de calados
equivolumétrico, dentro de certa tolerância, que nas perpendiculares, como para 90°. Mas a idéia
precisa ser estabelecida. Em ambos os casos, de obter o afundamento paralelo continua
porém, é mais seguro verificar o deslocamento válida.
e, se a diferença encontrada estiver acima da Com o plano de flutuação definido pelos
tolerância admitida, ajustar o deslocamento novos calados nas perpendiculares obtemos, por
antes de prosseguir. meio das Curvas de Vlasov, o novo
Para ajustar o deslocamento, devemos deslocamento ∆i. Se a diferença entre os
manter a inclinação longitudinal estimada até deslocamentos final e o calculado for maior que
aqui e, em função da diferença encontrada entre certa tolerância, deve-se retornar e ajustar
os volumes final desejado e o calculado por novamente, a partir do plano de flutuação atual.
Vlasov para o plano de trim estimado, obter um Se a diferença estiver abaixo da tolerância (ε),
plano inclinado paralelo ao anterior, variando o o deslocamento foi atingido e deve-se verificar
calado médio. Para isso, podemos fazer uma se o momento de inclinação é nulo ou
aproximação semelhante à TPC, relacionando a desprezível, caracterizando a posição final de
variação de calado com a diferença de volume e equilíbrio.
a área da linha d'água inclinada, ou seja, ∆1 − ∆ i
≤ε (13)
δ∇ ∇ − ∇ ∆1
δTm = i = 1 i i , (10)
Awl Awl O valor da tolerância para deslocamento
dado pela eq. (13) representa o valor máximo
Tar i → Tar i + δTm e Tav i → Tav i + δTm . (11) do percentual do valor exato até onde a
diferença é considerada desprezível. Este valor
O valor da área da linha d'água inclinada está limitado pela resolução na definição da
pode ser obtida calculando a área projetada num geometria do casco (número de seções e/ou
plano sem inclinação e corrigindo esse valor número de pontos da superfície do casco) para
para o trim estimado. A linha d'água projetada é o cálculo numérico do volume e do
gerada interpolando em cada baliza a meia boca deslocamento. Geralmente é possível trabalhar
no respectivo calado ao longo do plano de trim, com tolerâncias de 0,5% a 1,0% (0,005 a 0,01)
incluindo os pontos extremos de interseção com para cascos definidos por uma tabela de cotas
o casco, como sugere a Figura 2. padrão.
Para verificar o momento residual de
trim, é preciso obter a posição do centro de
carena para o plano inclinado estimado, por
meio das Curvas de Vlasov. A expressão do
momento de trim pode ser posta em termos de
uma curva de estabilidade longitudinal na
forma

3
MRL ( ∆i , ϕi ) = ∆i × GZ L (ϕi ) , (14) estabelecer um braço ou momento de referência
para o cálculo do valor/percentual máximo
onde GZ L (ϕi ) = bG L (ϕi ) − bK L (ϕi ) , admitido como momento residual nulo. O
(15)
momento de trim na condição paralela
bG L (ϕi ) = xG1 cos ϕi + z G1 sen ϕi (16) equivalente à condição final pode ser uma boa
e bK L (ϕi ) = x Bi cos ϕi + z Bi sen ϕi , (17) referência nestes casos, com tolerâncias
de acordo com a Figura 3. também 0,5% a 1%. Mas pode ser preciso
alguns ajustes para calibrar a tolerância, que
não precisa ser menor que o momento de trim
SMN
GZ L unitário (MTC) da condição equivalente à final.
bGL
Tar
G1 Assim, o procedimento de busca da
ϕi posição de equilíbrio pelo método do peso
Bi
Tav
adicionado no caso de avarias simétricas
bK L
PR PV restritas seria sintetizado nas seguintes etapas:
K a) obter o volume/massa d'água embarcada e o
Figura 3 - Braço residual do momento de trim deslocamento final (eq. 1 e 2);
b) calcular a posição do centro de massa da
Se o momento residual de trim for nulo água embarcada e corrigir a posição do
ou estiver abaixo da tolerância adotada, o plano centro de gravidade da embarcação (eq. 3);
de flutuação analisado é a posição de equilíbrio.
Caso contrário, será preciso ajustar a inclinação, c) com o deslocamento final avariado, obter as
diminuindo ou aumentando o trim, de acordo características hidrostáticas intactas no
com trim atual e o sinal do momento residual calado paralelo equivalente (eq. 4), corrigir
(positivo, inclinação/trim para ré). Em seguida, o MTC para a posição vertical do centro de
deve-se retornar para verificar o deslocamento gravidade (eq. 5 e 6), estimar a inclinação
do novo plano de flutuação inclinado estimado, longitudinal/trim (eq. 7) e os calados nas
iniciando um novo ciclo de busca da posição de perpendiculares (eq. 8 e 9);
equilíbrio. d) calcular o deslocamento para o plano de
A alteração da inclinação pode ser feita flutuação inclinado estimado - se estiver
por meio da aplicação do conceito de momento dentro da faixa de tolerância (eq. 13),
unitário de inclinação, generalizando o MTC verificar se o momento residual de
para o plano inclinado ou por meio de inclinação longitudinal é nulo (f); caso
tentativas, buscando uma posição em que o contrário, ajustar o deslocamento (e);
sentido/sinal do momento residual seja e) manter a inclinação estimada e buscar um
contrário ao atual. No primeiro caso, a plano de flutuação paralelo ao atual, para
dificuldade está em obter as propriedades do ajustar o deslocamento (eq. 10, 11 e 12) e
plano de flutuação inclinado (área, centróide e retornar a (d) para verificar o deslocamento;
inércia centroidal) para calcular a correção do
trim, relacionando o momento residual com o f) obter a posição do centro de carena do
unitário do plano inclinado, e os calados nas plano de flutuação inclinado e calcular o
perpendiculares (calado médio). momento residual de inclinação longitudinal
(eq. 14 a 17). Se o valor do momento
No segundo caso, é preciso obter uma estiver dentro dos limites de tolerância
posição em que o sentido do momento seja adotados, esta é a posição de equilíbrio,
contrário, e partir para a busca do momento caso contrário, alterar a inclinação de
nulo em posições médias ou intermediárias, por acordo com o sentido de giro do momento
meio de um método de bissecção ou residual e retornar a (d) para verificar o
equivalente. Uma outra alternativa de processo deslocamento.
iterativo seria fazer sucessivas pequenas
inclinações até obter a inversão do momento, 2.2 - Avaria Assimétrica Restrita
reduzir o valor das inclinações e inverter o
sentido da busca, até obter um momento A situação típica neste caso ainda é a de
residual abaixo da tolerância. avaria de fundo duplo, que causará
afundamento (aumento do calado médio),
A adoção de tolerâncias para o momento inclinação longitudinal (trim) e inclinação
residual não é tão simples como no caso do transversal (banda). O deslocamento final será
deslocamento, pois o valor do momento final dado pelas eq. (1) e (2), de acordo com a
desejado é nulo. Em função disso, é preciso

4
geometria do tanque, como mostrado na Figura corrigida para a inclinação transversal e
4. calculada para cada bordo, pois pode haver a
perda da simetria com a banda. Assim, a
equação 12 deve ser reescrita como

Xf
∫ {y x,[ T (x) + y ]x,[ T (x) d ] x}
θ Tmi
vb
Tmo
yg

B B B B BE E
i Xi
A=
v
.g va
zg . (19)
Figura 4 - Avaria restrita assimétrica - PA
w l
As coordenadas do centro de massa da
água de alagamento (xg, yg, zg), deste modo,
podem ser determinadas por meio da integração
c ϕ i × co θ i o s s
das áreas e dos momentos das áreas das seções
transversais do tanque, utilizando Vlasov, se Com o deslocamento ajustado dentro da
necessário. Assim, a nova posição do centro de tolerância adotada, deve-se verificar a seguir o
gravidade da embarcação (xG1, yG1, zG1) pode ser equilíbrio longitudinal, ou seja, se o momento
obtida pela equação de momentos de massa, residual de trim é nulo ou desprezível para o
plano de flutuação estimado, utilizando as eq.

 x G1   x G 0   x g 
14 a 17. È bom lembrar que a posição do centro
de carena deve ser calculada por meio de
Vlasov considerando o trim e a banda atuais,

     
embora na primeira iteração longitudinal a
banda seja nula, ou seja, as coordenadas do

∆ 1  y G1  = ∆ 0  y G 0  + p a  y g 
centro de carena vão depender de ambas as
inclinações - ϕi e θi, e as eq. 14 a 17 devem ser
reescritas como

z  z   
MRL (∆i , ϕi ,θi ) = ∆i × GZ L (ϕi ,θi ) , (20)
onde GZ L (ϕi ,θi ) = bG L (ϕi ) − bK L (ϕi ,θi ) ,

 G1   G 0   z g  bG L (ϕi ) = xG1 cos ϕi + z G1 sen ϕi e (22)


bK L (ϕi , θ i ) = x B (ϕi , θ i ) cos ϕi + z B (ϕi , θ i ) sen ϕi
(21)

(18) . (23)
se for conhecida a posição do centro de Se o momento residual longitudinal for
gravidade do navio intacto (xG0, yG0, zG0). nulo ou desprezível, deve-se passar à
Com o deslocamento e a posição do verificação do equilíbrio transversal, isto é, se o
centro de gravidade do navio avariado momento de inclinação transversal é nulo ou
determinados podemos iniciar a busca da desprezível. Caso contrário, deve-se alterar a
posição final de equilíbrio. Para isso, a primeira inclinação longitudinal no sentido do momento
estimativa da posição de equilíbrio longitudinal, residual de trim e retornar para reajustar o
a partir do plano paralelo equivalente, pode ser deslocamento e o trim até alcançar o equilíbrio
feita por meio das Curvas Hidrostáticas, com as longitudinal.
devidas correções, utilizando também as eq. 4, Com o equilíbrio longitudinal atingido,
5, 7, 8 e 9. o passo seguinte é verificar e ajustar o
Em seguida, o deslocamento deve ser equilíbrio transversal. Para isso, podemos obter
verificado e ajustado, se necessário, de forma as Curvas Cruzadas para o trim estimado e a
análoga à avaria simétrica, buscando um plano Curva de Estabilidade Estática relativa ao
de flutuação paralelo ao estimado, que, nas deslocamento final, corrigida para a posição
próximas iterações, poderá ter trim e banda vertical e transversal do centro de gravidade.
associados. Portanto, a expressão da área do Com isso, o ângulo de inclinação transversal
plano de flutuação inclinado também deverá ser pode ser estimado como o ângulo de banda

5
permanente dado pela CEE, como mostrado na
Figura 5. GZ T
bGT
^ G1 θ i Tbe
GZ CCE


ϕ Tbb
1, i , 1
G

Bi
bKT
θ
> K
θe

Figura 6 - Braço residual - momento de banda

Desta forma, o procedimento de busca


Figura 5 - Ângulo de equilíbrio transversal da posição de equilíbrio pelo método do peso
adicionado no caso de avarias assimétricas
Entretanto, como a curva de estabilidade restritas pode ser formalizado como o seguinte:
foi obtida com trim constante, é preciso inclinar a) obter o volume/massa d'água embarcada e o
transversalmente a embarcação até θi = θe, em deslocamento final (eq. 1 e 2);
torno do eixo longitudinal centroidal, verificar b) calcular a posição do centro de massa da
o deslocamento e o equilíbrio longitudinal, água embarcada e corrigir a posição do
ajustando-os se necessário, com o ângulo de centro de gravidade da embarcação (eq. 18);
banda θi fixo. Para inclinar o casco, será preciso
localizar o centro de flutuação, que na primeira c) com o deslocamento final avariado, obter as
estimativa da banda vai estar na linha de centro, características hidrostáticas intactas no
mas nos ciclos de busca seguintes, como a calado paralelo equivalente (eq. 4), corrigir
banda pode quebrar a simetria do plano de o MTC para a posição vertical do centro de
flutuação, pode haver uma coordenada gravidade (eq. 5 e 6), estimar a inclinação
transversal não nula para o centro de flutuação. longitudinal/trim (eq. 7) e os calados nas
perpendiculares iniciais (eq. 8 e 9);
Após fazer o ajuste do deslocamento e
atingir de novo o equilíbrio longitudinal, deve- d) calcular o deslocamento para o plano de
se verificar o equilíbrio transversal, através da flutuação inclinado estimado até aqui - se
análise do momento residual de banda, que será estiver dentro da faixa de tolerância (eq.
dado por uma expresssão do tipo 13), verificar se o momento residual de
inclinação longitudinal é nulo (f); caso
MRT (∆i , ϕi ,θi ) = ∆i × GZ T (ϕi ,θi ) , (24) contrário, ajustar o deslocamento (e);
onde GZ T (ϕi ,θi ) = bK T (ϕi ,θi ) − bG T (θi ) , e) manter as inclinações estimadas e buscar
(25) um plano de flutuação paralelo ao atual,
bG T (θi ) = y G1 cos θi + z G1 sen θ i e (26) para ajustar o deslocamento (eq. 10, 11 e
bK T (ϕi , θi ) = y B (ϕi , θi ) cos θi + z B (ϕi , θi ) sen θi 19) e retornar a (d) para verificar o
deslocamento;
, (27)
de acordo com a Figura 6. f) obter a posição do centro de carena do
plano de flutuação inclinado e calcular o
Se o momento residual de banda for momento residual de inclinação longitudinal
nulo ou desprezível (tolerância) o plano de (eq. 20 a 23). Se o valor do momento
flutuação de equilíbrio foi encontrado. Caso estiver dentro dos limites de tolerância
contrário, será preciso localizar o centro de adotados, estimar a banda inicial ou checar
flutuação, alterar a banda de acordo com o o equilíbrio transversal (h);
sentido do momento residual de banda até obter g) Se o momento longitudinal não for nulo ou
o momento transversal nulo ou desprezível e desprezível, alterar a inclinação longitudinal
reiniciar todo o processo, verificando o de acordo com o sentido de giro do
deslocamento e o equilíbrio longitudinal, momento residual logitudinal, mantendo a
reajustando-os se for preciso, até que seja inclinação transversal fixa, e retornar a (d)
atingido o deslocamento final, o equilíbrio para verificar o deslocamento;
longitudinal e o equilíbrio transversal, dentro
das tolerâncias adotadas. h) obter a posição do centro de carena do
plano de flutuação inclinado e calcular o
momento residual de inclinação transversal

6
(eq. 24 a 27). Se o valor do momento e assimétricas) como para avarias sem limitação
transversal estiver dentro dos limites de (simétricas e assimétricas).
tolerância adotados, esta é a posição de
equilíbrio final;
i) se o momento transversal não for nulo ou 3.1 - Avaria Simétrica Restrita
desprezível e esta for a primeira estimativa
da inclinação transversal, obter o ângulo de
banda permanente por meio da curva de 3.2 - Avaria Assimétrica Restrita
estabilidade estática para o deslocamento
final, o trim atual e a posição do centro de
gravidade da embarcação avariada. Em
seguida, obter a posição do centro de 3.3 - Avaria Simétrica Sem Limitação
flutuação e inclinar transversalmente a As condições típicas neste caso seriam
embarcação, girando em torno do eixo avarias num porão ou tanque, de bordo a bordo,
longitudinal centroidal com o trim fixo, e com ou sem a avaria do fundo duplo. A
retornar a (d) para reajustar o deslocamento consideração do fundo duplo não afeta nem a
e o equilíbrio longitudinal; essência do método nem sua aplicação, apenas
j) se esta não for a primeira estimativa da introduz uma parcela a mais com características
banda, alterar a inclinação transversal de diferentes do restante da área avariada (volume,
acordo com o sentido do momento residual centro de volume e permeabilidade).
de banda até obter o momento transversal Assim, para ilustrar o procedimento do
nulo ou desprezível e retornar a (d) para método, é mais simples supor uma avaria na
reajustar o deslocamento e reavaliar o região do tanque ou porão acima do fundo
equilíbrio longitudinal, se necessário. duplo, que permanece intacto. No caso de
navios com costados duplos, tanques ou porões
laterais, entretanto, esta não seria uma avaria
2.3 - Avaria Simétrica Sem Limitação possível, pois para atingir a região central pelo
fundo, o fundo duplo teria que ser também
avariado; e pelo costado em um dos bordos a
2.4 - Avaria Assimétrica Sem Limitação avaria seria necessariamente assimétrica.
As Figuras 7, 8 e 9 ilustram a geometria
das condições de flutuação paralela
3 - MÉTODO DA FLUTUABILIDADE PERDIDA equivalentes inicial (T0) e final (T1). O
No método da flutuabilidade perdida, o afundamento devido à avaria compensa a perda
volume d'água embarcado é tratado como perda de flutuabilidade como se houvesse a
da capacidade de gerar empuxo ou alteração transferência de flutuabilidade da região
geométrica do casco, com a exclusão total ou avariada (g) para a porção da fatia adicional
parcial (permeabilidade volumétrica) da região afundada fora da região avariada (b).
avariada, causando:
i) manutenção do deslocamento com variação A hipótese de perda de flutuabilidade
do calado médio; (δE) na região avariada significa que o
deslocamento será constante, uma vez que será
ii) posição do centro de gravidade constante; compensada com o afundamento, ou seja,
iii) mudança do plano de flutuação devido ao
afundamento, à inclinação longitudinal (trim) ∆1 = ∆ 0 + γvb − γv a = ∆ 0 , (28)
e/ou à inclinação transversal (banda); e e δE = γv b = γv a = γ µ
v.
iv) modificação da estabilidade estática. (29)
Esta abordagem trata de forma adequada
tanto os casos de avaria restrita abaixo do plano
de flutuação intacto, em que o deslocamento vb T1
.b
final está pré-determinado, como os casos de To
avaria sem limitação vertical de alagamento. O v .g va
método, portanto, pode ser utilizado sem zb
restrições tanto para avarias restritas (simétricas
zg

7
Figura 7 - Avaria sem limitação simétrica Além disso, para a geometria específica da
acima do fundo duplo - FP região avariada das Figuras 7 a 9, temos
T1
E, de acordo com as Figuras 8 e 9, as vb = ∫ Awl ( z )dz , (35)
T
seguintes relações também se aplicam:
0

vb ' = ∫ [ Awl ( z ) − a wl ( z )]dz ,


T1

v b = vb ' + v b"
(36)
T 0

, (30) T1
v b" ∫
=
T0

v a = v a ' + v a" , (31)


Xv
[
v a = µv = µ∫ 2 A( x, T1 ) − A( x, h fd ) dx ,
X r
,
]
(37)

v = v'+ v"
(38)
vb = v a = µv , (32a) Xv
[
v a ' = µv' = µ∫ 2 A( x, T ) − A( x, h fd ) dx ,
X
0
'
]
vb" = v a" = µv" .
r

vb ' = v a ' = µv' e (39)

Nas eq. 28 a 32, vb é o volume total de


(32b)
e
Xv

Xr
[
va" = µ v" = µ ∫ 2 A( x,T1 ) − A( x,T0' ) d x, ] (40)

afundamento acima do calado intacto, vb’ é o


volume de afundamento da porção fora da onde A(x,z) é a curva de meia área das seções
região de avaria e vb” é o volume de transversais da região avariada (Vlasov) e awl(z)
afundamento na região avariada. O volume total é a área da porção avariada da linha dágua:
de alagamento ou de perda de flutuabilidade é
designado por va, que também pode ser dividido a wl ( z ) = 2 × ∫ y ( x, z ) dx .
Xv
(41)
em duas parcelas: va”, que é compensada pelo X r

volume de afundamento na região de avaria O calado T'o tende ao calado intacto à


(vb”) e va’, que seria o volume real de perda de medida que a permeabilidade volumétrica se
flutuabilidade na região avariada. Deste modo, aproxima da unidade (1,0). A posição
as eq. 28 e 29 poderiam ser reescritas como longitudinal e a posição vertical dos centros dos
∆1 = ∆0 + γvb ' − γv a ' = ∆0 , (33) volumes de avaria (va, va' e va") seriam obtidas
e δE = γvb ' = γv a ' = γ µv' . considerando os respectivos momentos de
volume de avaria por meio da integração dos
(34)
respectivos momentos de área:
vb
b. X
Xv

r
[
x g ×v a = µ∫ 2 A( x, T1 ) − A( x, h fd ) x dx , ]
xg v (42)
T1 xb .g
To zb va
Xv
[
z g ×v a = µ∫ 2 B ( x, T1 ) − B ( x, h fd ) dx ,
X r
]
zg hfd
(43)
SMN Xr Xv
Figura 8 - Avaria sem limitação simétrica -
X
Xv
[
x g ' ×v a ' = µ∫ 2 A( x, T ) − A( x, h fd ) x dx , 0
'
]
afundamento - FP r

(44)

vb' X
Xv

r
[
z g ' ×v a ' = µ∫ 2 B ( x, T ) − B ( x, h fd ) dx , 0
'
]
.b' v" va"
(45)
To T1
zb'
xb' xg' v' .g'
va' T'o
Xr
Xv
x g " ×v a " =µ∫ 2 A( x, T1 ) −A( x, T0' ) x dx [ ]
zg'
hfd , (46)
[ ]
SMN Xr Xv Xv
Figura 9 - Avaria sem limitação simétrica - z g " ×v a " =µ∫ 2 B ( x, T1 ) −B ( x, T0' ) dx
Xr
perda de flutuabilidade - FP
, (47)
x g ×v a =x g ' ×v a ' +x g " ×v a "
(48)

8
e ∆2i (Ti 2 ) = ∆ 0 + γv a (Ti1 ) ⇒ CH → Ti 2 ,
z g ×v a =z g ' ×v a ' +z g " ×v a " , .................. (60)
(49) ∆ (Ti ) = ∆0 + γv a (Ti ) ⇒ CH → Ti ,
k −1 k −1 k −2 k −1
i
onde B(x,z) é o momento de meia área da seção ∆ki (Ti k ) = ∆ 0 + γv a (Ti k −1 ) ⇒ CH → Ti k ,
avariada em relação à linha de base (Vlasov).
até que [ ∆ki − ∆ki −1 ] ∆ki ≤ ε1
Analogamente, a posição longitudinal e (61)
a posição vertical dos centros geométricos dos
volumes de afundamento vb, vb' e vb" serão dados ou que [Ti k − Ti k −1 ] Ti k ≤ ε 2 .
por (62)
T1 Uma outra forma de obter o calado
xb ×v b = ∫ Awl ( z ) x F ( z ) dz , (50) equivalente final em avaria seria obter a curva
T 0

T1 de deslocamento da região avariada contra


z b ×vb = ∫ Awl ( z ). zdz , (51) calado mais o deslocamento inicial e traçá-la
T
contra a curva de deslocamento intacto. A
0

T1
[
xb ' ×vb ' = ∫ Awl ( z ) x F ( z ) − a wl ( z ) x f ( z ) dz
T0
] interseção das duas curvas define o calado
intacto equivalente ao calado em avaria, em que
, (52) toda a perda de flutuabilidade é compensada
z b ' ×vb ' = ∫ [ Awl ( z ) − a wl ( z )] z dz , (53)
T1
pelo afundamento, de acordo com a Figura 10.
T 0
    o  a
T1 z
xb" ×vb" =∫ awl ( z ) x f ( z ) dz , T1
T 0
To
(54)
T1
z b" ×v b" =∫ a wl ( z ) zdz , 
T0
(55)
x b ×v b =x b ' ×v b ' +x b" ×v b"
(56)
e h fd

z b ×v b =z b ' ×v b ' +z b" ×v b" , o 1

(57)
onde xF(z) é a posição longitudinal do centro de
flutuação da linha d'água intacta e xf(z) é a
posição longitudinal do centro da área da
porção avariada da mesma linha d'água: Figura 10 - Calado Equivalente Final - FP
Xv
x f ( z ) = 2 × ∫ y ( x, z ) dx / a wl ( z ) . (58) O momento de inclinação longitudinal
Xr inicial no calado equivalente avariado pode ser
O afundamento pode ser determinado obtido considerando a posição relativa entre o
por meio de um processo iterativo de busca do centro de carena avariado e o centro de
calado até satisfazer à seguinte relação, onde ∆i gravidade do navio ou o momento de
é o deslocamento intacto no calado equivalente: transferência da flutuabilidade perdida na
região avariada para a região de afundamento,
∆0 = ∆i − γv a ou ∆i = ∆0 + γv a . (59) isto é,
O processo iterativo deve considerar MT 1 = ∆0 ( xG − x' B1 ) = δE ( x g ' − xb ' ) (63)
alagamentos sucessivos até o calado atual e MT 1 = γv a ' ( x g ' − xb ' ) = γv a ( x g − xb ) , (64)
estimado, partindo-se do calado intacto. Com o
calado anterior obter ∆i pela eq. 59 e, por meio onde x'B1 é a posição longitudinal do centro de
das Curvas Hidrostáticas, o novo calado intacto carena no calado equivalente avariado:
correspondente. O processo termina quando as
diferenças entre os deslocamentos atual e ∆0 x B' (T1 ) = ∆0 x B (T0 ) + γvb ' xb ' −γv a ' x g '
anterior ou entre os respectivos calados (65)
estiverem abaixo de tolerâncias adotadas. e x B' (T1 ) = x B (T0 ) + γv a ' ( xb ' − x g ' ) / ∆0 ,
Assim, (66)
ou ∆0 x B (T1 ) = ∆0 x B (T0 ) + γvb xb − γv a x g
'
∆ (Ti ) = ∆ 0 + γv a (T0 ) ⇒ CH → Ti ,
1
i
1 1

(67)

9
x B' (T1 ) = x B (T0 ) + γv a ( xb − x g ) / ∆0 ,
'
e (68) BM (T1 ) = I 0' (T1 ) / ∇0 , (76)

e xB(T0) é a posição longitudinal do centro de onde I0'(T1) é a inércia longitudinal centroidal


carena no calado equivalente inicial intacto T0. da área do plano de flutuação equivalente
avariado. Esta inércia pode ser obtida a partir
De modo análogo, a posição vertical do da inércia centroidal longitudinal da área da
centro de carena no calado equivalente avariado linha d'água equivalente intacta corrigida para
z’B1 será obtida por área e a posição do centróide da mesma linha
∆0 z B' (T1 ) = ∆0 z B (T0 ) + γvb ' z b ' −γv a ' z g ' d'água avariada, de acordo com a Figura 11,
(69) I 0' (T1 ) = I 0 (T1 ) + Awl (T1 )[ x F' (T1 ) − x F (T1 )] 2
e z (T1 ) = z B (T0 ) + γv a ' ( z b ' − z g ' ) / ∆0 ,
'
B
− µ{i0 (T1 ) + a wl (T1 )[ x F' (T1 ) − x f (T1 )] 2 } ,
(70)
(77)
ou ∆0 z B (T1 ) = ∆0 z B (T0 ) + γvb z b − γv a z g
'

(71) onde I0(T1) é a inércia centroidal da área da


e z (T1 ) = z B (T0 ) + γv a ( z b − z g ) / ∆0 ,
'
(72)
linha d'água equivalente intacta e i0(T1) é a
B
inércia centroidal da parte avariada da linha
e zB(T0) é a posição vertical do centro de carena d'água equivalente, dadas, respectivamente, por
no calado equivalente inicial intacto T0. X
I 0 (T1 ) = 2 × ∫ y ( x, T1 )[ x − x F (T1 )] 2 dx
f

A posição longitudinal do centro de Xi

flutuação (x'F1) da linha d'água equivalente (78)


avariada, de acordo com a Figura 11, será e
Xv
i0 (T1 ) = 2 ×∫ y ( x, T1 )[ x − x f (T1 )] dx . 2
Xr
A (T1 ) x (T1 ) = Awl (T1 ) x F (T1 ) − a wl (T1 ) x f (T1 )
'
wl
'
F
(79)
, (73) A inércia centroidal da área da linha
d'água equivalente intacta pode também ser
onde A'wl(T1) é a área da linha d'água avariada obtida das Curvas Hidrostáticas, por meio da
no calado equivalente em avaria (T1) e Awl(T1) e curva de momento para trimar um centímetro
xF(T1) são, respectivamente, a área e a posição (MTC), pois esta curva é obtida de forma
longitudinal do centro de flutuação da linha aproximada utilizando o raio metacêntrico ao
d'água equivalente intacta no mesmo calado. invés da altura metacêntrica longitudinal, isto é,
SMN
I 0 (T1 ) =100 × L pp × MTC (T1 ) / γ . (80)
XF'
xf
Com o momento de trim e o momento
F' F
unitário de trim na condição equivalente
LC f avariada pode-se obter o trim resultante e os
awl
Awl
XF respectivos calados nas perpendiculares
(Tar,Tav), supondo inclinação equivolumétrica e
giro em torno do eixo centroidal fixo (Euler),
de acordo com as eq. 5 a 9 para MT1 e
Figura 11 - Centro de Flutuação Avariado - MTC'(T1) dados pelas eq. 63 e 74,
FP respectivamente.
Para estimar a inclinação longitudinal Esta posição de equilíbrio estimada,
será preciso obter o momento unitário de trim porém, não deve ser aceita como definitiva,
para a condição equivalente avariada, dado por pois não há como garantir que o ângulo de
∆ GM 1
' inclinação é pequeno nem que o eixo de giro é
MTC (T1 ) = 0 '
, onde (74) fixo e a inclinação é equivolumétrica. Deste
100 × L pp modo, é preciso verificar o deslocamento e
GM
'
1
' '
= KB (T1 ) + BM (T1 ) − KG . (75) corrigi-lo, se necessário, mantendo a inclinação
estimada fixa, obtendo um plano inclinado
Na eq. 75, é preciso obter ainda o valor paralelo ao anterior, variando o calado médio,
do raio metacêntrico longitudinal, já que a de modo semelhante ao descrito para o método
altura do centro de carena equivalente avariado do peso adicionado em avaria restrita simétrica.
pode ser determinado pelas eq. 69 a 72 e a
altura do centro de gravidade é supostamente O volume de deslocamento do plano de
conhecida. Por definição, o raio metacêntrico flutuação inclinado final avariado estimado
na condição equivalente avariada é igual a pode ser calculado por Vlasov corrigindo-se o

10
volume intacto sob o plano inclinado estimado verificar o momento residual longitudinal. Se o
pelo volume da região alagada definido pelo momento residual estiver dentro da tolerância
mesmo plano de flutuação, isto é, adotada, a posição de equilíbrio foi encontrada.
Caso contrário, é preciso alterar a inclinação no
∇' (ϕi ) = ∇(ϕi ) − v a (ϕi ) , (81) sentido de giro indicado pelo momento residual,
∇(ϕi ) = 2 × ∫
X f
A[ x, T ( x)] dx
repetir o processo de ajuste de volume e,
onde Xi
e depois, verificar o novo momento residual, até
(82) que ele esteja dentro da tolerância adotada.
Xv
v a (ϕi ) = µ∫ 2{ A[ x, T ( x)] − A( x, h fd )} dx . O processo é análogo ao descrito para o
X r

(83)
método do peso adicionado para avaria restrita
simétrica, mas com o deslocamento igual ao
a wl
inicial intacto e as correções necessárias para a
δV δTm perda de flutuabilidade na região avariada. A
Tav
Tr v .g
Tv tolerância adotada pode ser um múltiplo
xg va adequado do momento para trimar um
Tar A wl zg centímetro da condição equivalente avariada.
hfd
Xi SMN Xr Xv Xf Para calcular o momento residual de
Figura 12 - Correção do deslocamento - trim fixo trim é preciso obter a posição do centro de
carena avariado para o plano inclinado
A área da linha d'água avariada com estimado, por meio das Curvas de Vlasov, ou
trim será dada, de acordo com a Figura 12, por seja,

Awl' (ϕi ) = Awl (ϕi ) − µ × a wl (ϕi ) , (84) ∆0 x B' (ϕi ) = ∆(ϕi ) x B (ϕi ) −γv a (ϕi ) x g (ϕi ) ,
X (89)
onde Awl (ϕi ) = 2 × ∫X y[ x, T ( x)] dx / cos ϕi
f

i ∆0 z B' (ϕi ) = ∆(ϕi ) z B (ϕi ) − γv a (ϕi ) z g (ϕi ) ,


(85) (90)
Xv
a wl (ϕi ) = 2 × ∫ y[ x, T ( x )] dx / cos ϕi .
Xv
e X
x g (ϕi ) = µ∫ 2{ A[ x, T ( x)] − A( x, h fd )} xdx / v a (ϕi )
r Xr
(86)
, (91)
A variação do calado médio pode ser Xv
obtida relacionando a diferença entre o volume z g (ϕi ) = µ∫ 2{B[ x, T ( x)] − B ( x, h fd )}dx / v a (ϕi )
intacto inicial ∇ 0 e o volume avariado na
Xr

posição estimada ∇ '(ϕi) com a área da linha , (92)


X
d'água inclinada corrigida pela área avariada x B (ϕi ) = 2 × ∫
f
A[ x, T ( x)] xdx / ∇(ϕi ) e
A'wl(ϕi), e, com isso, os novos calados nas Xi

perpendiculares: (93)
X
z B (ϕi ) = 2 × ∫ B[ x, T ( x)] dx / ∇(ϕi ) .
f

δ∇ ∇ 0 − ∇ ' (ϕ i ) Xi
δTm = ' = , (87) (94)
Awl (ϕ i ) Awl (ϕ i ) − µ × a wl (ϕ i )
A expressão do momento de trim será
Tar →Tar + δTm e Tav →Tav + δTm , (88) na forma de uma curva de estabilidade
onde ϕi = arctan(ti/Lpp). longitudinal:
Com o plano de flutuação definido pelos MRL (∆0 , ϕi ) = ∆0 × GZ L (ϕi ) , (95)
novos calados nas perpendiculares obtemos, por onde GZ L (ϕi ) = bG L (ϕi ) − bK L (ϕi ) ,
meio das Curvas de Vlasov, o novo volume de (96)
deslocamento ∇ '(ϕi). Se a diferença entre o bG L (ϕi ) = xG cos ϕi + z G sen ϕi (97)
volume inicial intacto e o calculado for maior
que a tolerância adotada, deve-se retornar para e bK L (ϕi ) = x B' (ϕi ) cos ϕi + z B' (ϕi ) sen ϕi .
novo ajuste, a partir do plano de flutuação atual, (98)
caso contrário deve-se verificar se o momento Se o momento residual de trim for nulo
de inclinação é nulo ou desprezível, o que ou estiver abaixo da tolerância adotada, o plano
caracterizaria a posição final de equilíbrio. de flutuação analisado é a posição de equilíbrio.
Após ajustar o deslocamento, deve-se Caso contrário, será preciso ajustar a inclinação,
obter a posição do centro de carena do plano de diminuindo ou aumentando o trim atual, de
flutuação inclinado equivolumétrico avariado e acordo com o sentido do momento residual. A

11
seguir, deve-se iniciar um novo ciclo de busca 3.4 - Avaria Assimétrica Sem Limitação
da posição de equilíbrio verificando o
deslocamento do novo plano de flutuação
estimado. 4 - ESTABILIDADE EM AVARIA
Assim, o procedimento de busca da
posição de equilíbrio pelo método da
flutuabilidade perdida no caso de avarias 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
simétricas sem limitação vertical pode ser
sintetizado nas seguintes etapas: 01 – SANGLARD, J. H. E., MARTINS, P. D., 1996,
Estática de Corpos Flutuantes, Departamento de
a) calcular o afundamento do casco (calado Engenharia Naval e Oceânica -DENO/EE/UFRJ,
equivalente) necessário para compensar a RJ.
perda de flutuabilidade na região avariada
(eq. 59 a 62) ou comparação das curvas de 02 - CABRAL, J. P. F. S., 1979, Arquitectura Naval,
deslocamento intacto e em avaria; Centro do Livro Brasileiro, Lisboa.
b) calcular as propriedades volumétricas da 03 - GOMES, C. R. C., sd, Arquitetura Naval Para
região avariada e da parcela de afundamento Oficiais de Náutica, (vol. 1 - Teoria e vol. 2
até o calado paralelo equivalente em avaria -Exercícios Resolvidos), Sindicato Nacional dos
(eq. 28 a 58); Oficiais de Náutica da Marinha Mercante, RJ.
c) obter posição do centro de carena no calado 04 - COMSTOCK, J. P. (editor), 1967, Principles of
paralelo intacto inicial, calcular a posição Naval Architecture, Society of Naval Architects and
do centro de carena em avaria e o momento Marine Engineers, USA.
de inclinação longitudinal (eq. 63 a 72);
d) obter as áreas, os centróides e as inércias 05 - SEMYONOV-TYAN-SHANSKY, V., sd, Statics and
centroidais dos planos de flutuação intacto e Dynamics of the Ship, Peace Publishers, URSS,
avariado equivalentes, calcular o momento Moscow.
para trimar um centímetro avariado por 06 - GILLMER, T. C., JOHNSON, B., 1982, Introduction
meio das eq. 73 a 80; to Naval Architecture, E.&F.N. Spon Ltd, London.
e) estimar a inclinação longitudinal/trim (eq. 07 - RAWSON, K. J., TUPPER, E. C., 1968, Basic Ship
7) e os calados nas perpendiculares (eq. 8 e Theory, Longman Group, London, UK.
9);
08 - GILLMER, T. C., 1970, Modern Ship Design,
f) calcular o volume de deslocamento avariado United States Naval Institute, Annapolis, Maryland.
(eq. 81 a 83); verificar se a diferença entre o
volume inicial intacto e o volume do plano 09 - TAGGART, R. (editor), 1980, Ship Design and
de flutuação avariado está dentro da faixa Construction, Society of Naval Architects and
de tolerância; se estiver, verificar se o Marine Engineers, USA.
momento residual de inclinação longitudinal 10 - INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION -IMO,
é nulo (h); caso contrário, ajustar o 2002, Code on Intact Stability, London, UK.
deslocamento (g);
11 - INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION - IMO,
g) manter a inclinação estimada e buscar um 2002, Load Lines (Consolidated edition), London,
plano de flutuação paralelo ao atual, para UK.
ajustar o volume de deslocamento avariado
(eq. 84 a 88) e retornar a (f) para checar 12 - INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION - IMO,
novamente o volume de deslocamento; 2002, MARPOL 73/78 (Consolidated edition),
London, UK.
h) obter a posição do centro de carena do
plano de flutuação inclinado avariado 13 - INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION - IMO,
ajustado para o volume (eq. 89 a 94) e 2004, SOLAS 74/78 (Consolidated edition),
calcular o momento residual de inclinação London, UK.
longitudinal (eq. 95 a 98); se o valor do 14 - REGULAMENTOS NACIONAIS - NORMAN,
momento estiver dentro dos limites de MM/DPC - Diretoria de Portos e Costas, RJ.
tolerância adotados, esta é a posição de
equilíbrio, caso contrário, alterar a 15 - LIVROS DE REGRAS DE SOCIEDADES CLASSIFICADORAS
inclinação de acordo com o sentido de giro - ABS, BV, DNV, GL, LR.
do momento residual e retornar a (f) para 16 - NOTAS DE AULA.
verificar mais uma vez o volume de
deslocamento, iniciando novo ciclo. -oOo-

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