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ROMANCE DE 30

1. (Unicamp-SP) No trecho a seguir, retirado de um dos capítulos de São Bernardo, de


Graciliano Ramos, Paulo Honório faz algumas considerações sobre as diferenças na maneira
de falar que acabam provocando desentendimentos entre ele e Madalena:

"No começo das nossas desavenças todas as noites aqui me sentava, arengando com
Madalena. Tínhamos desperdiçado tantas palavras!

— Para que serve a gente discutir, explicar-se? Para quê?

Para que, realmente? O que eu dizia era simples, direto e procurava debalde em minha mulher
concisão e clareza. Usar aquele vocabulário, vasto, cheio de ciladas, não me seria possível. E
se ela tentava a minha linguagem resumida, matuta, as expressões mais inofensivas e
concretas eram para mim semelhantes a cobras: faziam voltas, picavam e tinham significação
venenosa."

a) Como é possível explicar, com base na história pessoal das personagens, as diferenças na
maneira de falar entre Paulo Honório e Madalena?

b) A diferença de linguagem é um sintoma do conflito existente entre essas duas personagens.


De que maneira tal diferença contribui para o conflito básico do romance?

Resposta

2. (Unicamp-SP) Uma personagem constantemente mencionada em Vidas secas, de


Graciliano Ramos, é Seu Tomás da bolandeira. Homem letrado, é tido como um exemplo de
"sabedoria" por Fabiano, que muitas vezes o vê como um modelo.

"Em horas de maluqueira Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, truncando tudo, e
convencia-se de que melhorava. Tolice. Via-se perfeitamente que um sujeito como ele não
tinha nascido para falar certo.

Seu Tomás da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não
sabia mandar: pedia. Esquisitice um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava
aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! quem disse que não obedeciam?"

a) Cite um episódio do romance em que fica evidente a dificuldade de expressão de Fabiano,


na presença de pessoas que julga superiores.

b) Como o episódio escolhido por você exemplifica a relação, percebida por Fabiano, entre
um uso mais "difícil" da linguagem e o poder exercido por determinadas pessoas?

Resposta
3. (UFMS) Dentre os enunciados abaixo, identifique aquele(s) que seja(m) adequado(s) à obra
Fogo morto, de José Lins do Rego.

( ) O romance estrutura-se em três partes, reveladoras, por seu conteúdo, das influências
deterministas que caracterizaram a produção literária de cunho regionalista: a terra,
correspondendo à atenção dada ao meio; o homem, representante do componente racial; e a
luta, ou seja, a variável do momento histórico.

( ) A obra estrutura-se sobre uma organização dual, que se pode verificar na sua própria
composição em dois capítulos — um, centrado no mestre José Amaro, e outro no Coronel
Lula, que lutam entre si pela implantação do capitalismo na região.

( ) A caracterização de mestre José Amaro apresenta detalhes sobre sua aparência física,
insistindo sobre determinados traços que o particularizam — os olhos amarelos, a pele
amarela, a barba suja, os cabelos compridos — e que lhe dão a aparência de um monstro.
Nasce desses traços e de seu estranho hábito de andar sozinho, sem rumo, à noite, sua triste
fama de lobisomem.

( ) Dentro do esquema triádico (estruturação em três partes) de composição, característico do


romance, a segunda parte representa o bloco do passado, uma vez que revela os antecedentes
dos episódios, dos temas e das situações apresentados na primeira parte e retomados na
terceira e última parte da obra.

( ) A terceira parte do romance, que gira em torno do capitão Vitorino Carneiro da Cunha,
integra e unifica as partes anteriores: o capitão se sobrepõe à realidade e à decadência dessa
realidade, conseguindo, apesar de seu idealismo, o respeito das demais personagens.

Resposta

4. (UFSM) Leia o trecho seguinte de Vidas secas, de Graciliano Ramos:

"Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as


pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo,
andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela
seca."
Assinale a alternativa correta com relação à composição narrativa da passagem transcrita.

a) Há alternância entre narradores de primeira e de terceira pessoas.

b) São focalizados a aparência física e o estado de ânimo da personagem.

c) Há um destaque para o espaço, apresentado em detalhes e caracterizado como opressor.


d) Registra-se uma supervalorização do passado, tido como um tempo de estabilidade e
riqueza.

e) Desenvolve-se a temática da revolução social, a partir do nível de conscientização da


personagem.

Resposta

5. (Unicamp/SP)

“E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos
outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos: mas como
vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos
brancos e julgava-se cabra.”
Este é o retrato de Fabiano, no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

a) Por que o autor enumera os caracteres físicos de Fabiano?

b) Que sentido tem a palavra “cabra” no texto?

Resposta

Instrução: As questões 6 e 7 referem-se à passagem de São Bernardo (1934), de Graciliano


Ramos (1892-1953).

“[...]
— O senhor mora na capital?
— Não, moro no interior.
— Em Viçosa?
— É.
— Eu também, há pouco tempo. Mas cidade pequena... Horrível, não é?
— A cidade pequena? E a grande. Tudo é horrível. Gosto do campo, entende? Do campo.
D. Glória fechou a cara:
— Mato? Santo Deus! Mato só para bicho. E o senhor vive no mato?
— Em S. Bernardo.
D. Glória não conhecia S. Bernardo, e essa ignorância me ofendeu, porque para mim S.
Bernardo era o lugar mais importante do mundo.
— Uma boa fazenda! Não há lá essa água podre que se bebe por aí. Lama. Não senhora, há
conforto, há higiene.
D. Glória retificou a espinha, ergueu a voz e desfez o ar apoucado:
— Não me dou. Nasci na cidade, criei-me na cidade. Saindo daí, sou como peixe fora da
água. Tanto que estive cavando transferência para um grupo na capital. Mas é preciso muito
pistolão. Promessas...
— Ah! É professora?
— Não. Professora é minha sobrinha.
— Aquela moça que estava com a senhora em casa do dr. Magalhães?
— Sim.
— E como é a graça de sua sobrinha, d. Glória?
— Madalena. Veja o senhor. Fez um curso brilhante...
— Espere lá. O Nogueira e o Gondim me falaram nela. Mulher prendada, bonita.
Perfeitamente. O Gondim falou muito. O Gondim do Cruzeiro, um da venta chata.
— Sei.
E recolheu, sorrindo, os elogios à sobrinha.
— Pois uma menina como aquela encafuar-se num buraco, seu...
— Paulo Honório, d. Glória. Faz pena. Isso de ensinar bê-a-bá é tolice. Perdoe a indiscrição,
quanto ganha sua sobrinha ensinando bê-a-bá?
D. Glória baixou a voz para confessar que as professoras de primeira entrância tinham apenas
cento e oitenta mil-réis.
— Quanto?
— Cento e oitenta mil-réis.
— Cento e oitenta mil-réis? Está aí. É uma desgraça, minha senhora. Como diabo se sustenta
um cristão com cento e oitenta mil-réis por mês? Quer que lhe diga? Faz até raiva ver uma
pessoa de certa ordem sujeitar-se a semelhante miséria. Tenho empregados que nunca
estudaram e são mais bem pagos. Porque não aconselha sua sobrinha a deixar essa profissão,
d. Glória?
D. Glória referiu-se à dificuldade de arranjar empregos e ao montepio.
— Que montepio! Isso vale nada! E empregos... Vou indicar um meio de sua sobrinha e a
senhora ganharem dinheiro a rodo. Criem galinhas.
[...]
Essa conversa, é claro, não saiu de cabo a rabo como está no papel. Houve suspensões,
repetições, malentendidos, incongruências, naturais quando a gente fala sem pensar que
aquilo vai ser lido. Reproduzo o que julgo interessante. Suprimi diversas passagens,
modifiquei outras. [...] É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas;
o resto é bagaço.”
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, p.75-78.

6. (UEL/PR) Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. A capital é valorizada por D. Glória como um local interessante, enquanto Paulo Honório a
considera um lugar desagradável.

II. A cidade pequena é desprezada por D. Glória como um lugar horrível, enquanto Paulo
Honório a considera um lugar mais agradável do que a capital.

III. Aquilo a que Paulo Honório se refere como campo e um local aprazível é interpretado por
D. Glória como mato e desconfortável.

IV. O melhor local para D. Glória é a capital, enquanto para Paulo Honório é S. Bernardo,
embora ele admita que se trata de um lugar pouco conhecido.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.

b) I e III.
c) II e IV.

d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

7. (UEL/PR) Quanto à sugestão dada por Paulo Honório ao fim do diálogo, é correto afirmar:

a) É uma proposta feita apenas para que D. Glória risse, tornando o diálogo menos áspero.

b) É uma recomendação séria em que o fazendeiro insiste, mesmo após o casamento.

c) É uma sugestão dada com o intuito de ofender D. Glória, comprovando os maus modos do
fazendeiro.

d) É uma idéia que ilustra a concepção materialista do fazendeiro ao desprezar ideais e


supervalorizar o dinheiro.

e) É uma ironia do fazendeiro que também se engaja na luta por melhores remunerações aos
professores.

Resposta

8. (UFRJ/RJ)

“Sem dúvida o meu aspecto era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se
impacientava. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva antipatia. Dava-me dois
apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega.

Bezerro-encourado é um intruso. Quando uma cria morre, tiram-lhe o couro, vestem com ele
um órfão, que, neste disfarce, é amamentado. A vaca sente o cheiro do filho, engana-se e
adota o animal. Devo o apodo ao meu desarranjo, à feiúra, ao desengonço. Não havia roupa
que me assentasse no corpo: a camisa tufava na barriga, as mangas se encurtavam ou
alongavam, o paletó se alargava nas costas, enchia-se, como um balão. Na verdade o traje fora
composto pela costureira módica, atarefada, pouco atenta às medidas. Todos os meninos,
porém, usavam na vila fatiotas iguais, e conseguiam modificá-las, ajeitá-las. Eu aparentava
pendurar nos ombros um casaco alheio. Bezerro-encourado. Mas não me fazia tolerar. Essa
injúria revelou muito cedo a minha condição na família: comparado ao bicho infeliz,
considerei-me um pupilo enfadonho, aceito a custo. Zanguei-me, permanecendo
exteriormente calmo, depois serenei. Ninguém tinha culpa do meu desalinho, daqueles modos
horríveis de cambembe. Censurando-me a inferioridade, talvez quisessem corrigir-me.”

RAMOS, Graciliano. Infância.


Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 144.

A descrição do narrador no texto remete a uma representação do homem, marcante na obra de


Graciliano Ramos, que é semelhante à apresentada no Movimento Naturalista.
a) Aponte que representação é essa.

b) Retire, do texto, dois vocábulos que explicitem essa representação.

Resposta

9. (ITA/SP) O romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, publicado em 1934, é narrado


em primeira pessoa pelo narrador-personagem Paulo Honório, que decide escrever o livro em
determinada altura da sua vida. O principal motivo que levou Paulo Honório a escrever a sua
história foi

a) o desejo de mostrar como ele conseguiu, com enorme esforço, tornar-se um proprietário
rural bem sucedido, apesar de sua origem extremamente humilde.

b) o desejo de mostrar como se formavam os conflitos políticos e sociais no interior do


Nordeste brasileiro, tema recorrente na ficção da chamada “Geração de 30”.

c) a tristeza que toma conta dele depois que a fazenda São Bernardo deixa de ser produtiva, o
que ela tinha sido graças ao seu empenho.

d) tentar compreender o que teria levado Madalena ao fim trágico da sua existência, bem
como as razões de a vida conjugal deles não ter se realizado como ele gostaria.

e) revelar quais foram os motivos pelos quais Madalena se matou, visto que ela se sentia
culpada por ter traído o marido com Padilha, antigo proprietário da São Bernardo.

Resposta

Para responder às questões 10 e 11, ler o texto que segue.

“Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio
pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de
terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos freqüentariam escolas, seriam
diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se. Fabiano ria (...)

Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de
carniças que empestavam o caminho. As palavras de sinhá Vitória encantavam-no. Iriam para
diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra,
porque não sabia como ela era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras
que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos
naquele sonho.”

10. (PUC-RS) Para responder à questão 10, analisar as afirmativas que seguem, sobre o texto
em questão.
I. A espingarda, o saco, as pedras miúdas, o cheiro de carniça sugerem a hostilidade da vida
nordestina.

II. A mulher se entusiasma na defesa de seu ponto de vista.

III. Fabiano está fisicamente amortecido neste ponto da trajetória.

IV. Apesar de todo o sofrimento que a vida lhes traz, o casal ainda luta por uma existência
mais digna.

Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas

a) a I e a II, apenas.

b) a I e a III, apenas.

c) a II e a IV, apenas.

d) a III e a IV, apenas.

e) a I, a II, a III e a IV.

Resposta

11. (PUC-RS) Trata-se de trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos, obra que se enquadra
no que se convencionou denominar de Romance de 30, tendência que se define pelas
características apresentadas a seguir, EXCETO:

a) A representação verossímil da realidade brasileira.

b) A análise psicológica das personagens.

c) O registro da linguagem regional.

d) A tipificação social.

e) A linearidade da estrutura narrativa.

Resposta

Para responder às questões 12 e 13, ler o texto que segue.

“‘Sempre que acontece alguma coisa importante, está ventando' — costumava dizer Ana
Terra. Mas entre todos os dias ventosos de sua vida, um havia que lhe ficara para sempre na
memória, pois o que sucedera nele tivera a força de mudar-lhe a sorte por completo. Mas em
que dia da semana tinha aquilo acontecido? Em que mês? Em que ano? Bom, devia ter sido
em 1777: ela se lembrava bem porque esse fora o ano da expulsão dos castelhanos do
território do Continente. Mas na estância onde Ana vivia com os pais e os dois irmãos,
ninguém sabia ler, e mesmo naquele fim de mundo não existia calendário nem relógio. Eles
guardavam de memória os dias da semana; viam as horas pela posição do sol; calculavam a
passagem dos meses pelas fases da lua; e era o cheiro do ar, o aspecto das árvores e a
temperatura que lhes diziam das estações do ano. Ana Terra era capaz de jurar que aquilo
acontecera na primavera, porque o vento andava bem doido, empurrando grandes nuvens
brancas no céu, os pessegueiros estavam floridos e as árvores que o inverno despira, se
enchiam outra vez de brotos verdes.”
12. (PUC-RS) O trecho em questão refere-se a um acontecimento determinante para a vida de
Ana Terra, que desencadeia toda a saga de O tempo e o vento, qual seja

a) A viagem para Santa Fé.

b) O cerco ao sobrado.

c) O nascimento de Pedro Terra.

d) O encontro com Pedro Missioneiro.

e) A morte de seu amado.

Resposta

13. (PUC-RS) A personagem Ana Terra, que dá nome a um dos capítulos de O continente,
tem sua imagem associada às idéias de

a) Resistência, teimosia e irreverência.

b) Força, perseverança e fidelidade.

c) Aventura, amor e generosidade.

d) Obstinação, irresponsabilidade e irreverência.

e) Delicadeza, beleza e aventura.

Resposta

Para responder às questões 14 e 15, ler o texto que segue.

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas
como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.
Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através
dos galhos pelados da caatinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o
baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa
correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a
cachorra Baleia iam atrás.”

14. (PUC-RS) Tendo como base o trecho em questão, é correto afirmar que a viagem de
Fabiano, Sinhá Vitória, os filhos e a cachorra Baleia caracteriza-se

a) Pelo desânimo, pela aflição e pela imprudência.

b) Pelo sentimentalismo exacerbado e impactante.

c) Pelo otimismo, apesar da fome e da frustração.

d) Pela desventura, pelo infortúnio e pela privação.

e) Pela tragédia, pelo realismo e pelo esforço compensado.

Resposta

15. (PUC-RS) O texto em questão pertence a Vidas secas, de Graciliano Ramos, obra que
surge num período em que a literatura percorre caminhos muitos peculiares. Todas as
características estão associadas a esse período, EXCETO

a) A verossimilhança.

b) A análise psicológica.

c) O regionalismo.

d) O coloquialismo.

e) O sentimentalismo.

Resposta

Para responder às questões 16 e 17, ler o texto que segue.

“Ana aproximou-se da pedra onde sempre batia roupa, e depôs o cesto junto dela. Deu alguns
passos à frente, ajoelhou-se à beira do poço fundo, fez avançar o busto, baixou a cabeça e
mirou-se no espelho da água. Foi como se estivesse enxergando outra pessoa: uma moça de
olhos e cabelos pretos, rosto muito claro, lábios cheios e vermelhos. Não tinha sequer um
caco de espelho em casa, e no dia em que pedira ao irmão que lhe trouxesse de Rio Pardo um
espelhinho barato, o pai resmungara que era uma bobagem gastar dinheiro em coisas inúteis.
Para que queriam espelho naqueles cafundós onde Judas perdera as botas?

Ana sorria: a moça da sanga sorria também, e seu rosto era atravessado pelos vultos escuros
dos lambaris que se moviam dentro d'água. Ana ficou a contemplar-se por algum tempo, com
a vaga sensação de que estava fazendo uma coisa muito boba, muito imprópria duma mulher
de sua idade.”
16. (PUC-RS) O trecho em questão mostra Ana Terra

a) Reflexiva, olhando-se no espelho da água, o que fazia desde pequena.

b) Revoltada com sua própria aparência.

c) Conflituada entre a sua vontade e a orientação patriarcal.

d) Resignada com o isolamento que a família lhe impunha.

e) Revoltada pelo fato de não possuir sequer um espelho.

Resposta

17. (PUC-RS) O trecho pertence ao primeiro volume de O continente, de Erico Verissimo.


Todas as afirmativas que seguem estão relacionadas à trilogia do autor a que essa obra
pertence, EXCETO:

a) Com as demais partes da trilogia, O retrato e O arquipélago, respectivamente, a obra cobre


o período histórico de 1745 a 1945.

b) A obra não apresenta uma narrativa linear: a partir de sua fragmentação, constrói-se a saga
do povo sulino.

c) As duas famílias fundadoras da cidade de Santa Fé, os Terra e os Cambará, lutam entre si
pelo poder político.

d) Ana Terra e Bibiana são exemplos da força, da luta e da obstinação da mulher gaúcha.

e) O tempo e o vento são imagens recorrentes em toda a trilogia.

Resposta

18. (PUC-RS) Para responder à questão, ler os textos a seguir, de José de Alencar e Erico

Verissimo, respectivamente.

Texto A

“Veio a noite que trouxe o repouso.


Ao romper d'água, o maracatim fugia no horizonte para as margens do Mearim. Janaína
chegou, não mais para o combate e só para o festim da vitória.
Nessa hora em que o canto guerreiro dos pitiguaras celebrava a derrota dos guaraciabas, o
primeiro filho que o sangue da raça branca gerou nessa terra da liberdade, via a luz nos
campos da Porangaba.
Iracema, sentindo que lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.
Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas entranhas; porém logo o choro
infantil inundou sua alma de júbilo.
Ao romper d'água, o maracatim fugia no horizonte para as margens do Mearim. Janaína
chegou, não mais para o combate e só para o festim da vitória. Depois suspendeu-o à teta
mimosa; seus olhos então o envolviam de tristeza e amor.”

Texto B

“Naquela noite nasceu o filho de Ana Terra. A avó cortou-lhe o cordão umbilical com a velha
tesoura de podar. E o sol já estava alto quando os homens voltaram, apearam e vieram tomar
mate. Ouviram choro de criança na cabana, mas não perguntaram nada nem foram olhar o
recém-nascido.
– É um menino! – disse D. Henriqueta ao marido, sem poder conter um contentamento
nervoso.
Maneco pigarreou mas não disse palavra. Quando o pai saiu para fora, Ana ouviu Horácio
cochichar para a mãe:
– Ela vai indo bem?
– Vai lindo, graças a Deus – respondeu D. Henriqueta. – Está com os ubres cheios. Tem mais
leite que uma vaca – acrescentou com orgulho.
Naquele instante Ana dava de mamar ao filho. Estava serena, duma serenidade de céu
despejado, depois de uma grande chuva.”
Por meio de representações ________ da realidade, os textos retratam a ________ do povo
brasileiro, vista pela força da mulher, que sofre, dá à luz e alimenta seres concebidos a partir
da irresistível atração que liga as personagens, marcadas por universos culturais tão
________, constituindo a ______ dos povos definidores da matriz da nação.

a) Semelhantes – construção – complementares – luta.

b) Diferentes – fundação – particulares – síntese.

c) Análogas – luta – divergentes – sina.

d) Complementares – ânsia – equivalentes – tradição.

e) Fiéis – peleja – desiguais – aliança.

Resposta

19. (PUC-RS) Para responder às questão, ler o texto que segue.

Cavaleiro

“Era aquele cavaleiro


pela noite a galopar,
como um relâmpago do ar
vertiginoso e ligeiro,

tanto que ao vê-lo interdito,


escuto o mundo a dizer:
‘– Que batalha irá vencer,
como um doido, esse precito?'

D'onde vem? De que passado?


De que estranha região?
Bate-lhe o coração.
Ouve-o o silêncio assombrado.

Ninguém sabe do destino


D'um cavaleiro que além,
busca o que a vida não tem
d'encantado e de divino,

pela calada da sorte


triste, sombria, sem cor,
para o mistério do amor,
para o segredo da morte!”

Eduardo Guimaraens

Para responder à questão, considerar as características numeradas de 1 a 8.

1. Insensível

2. Ágil

3. Conformado

4. Comunicativo

5. Triste

6. Inquieto

7. Misterioso

8. Errante

Pela leitura do texto, conclui-se que as características que podem ser atribuídas ao cavaleiro
estão reunidas em

a) 1 – 2 – 3 – 6

b) 1 – 4 – 6 – 7

c) 3 – 4 – 5 – 8

d) 2 – 6 – 7 – 8

e) 2 – 5 – 4 – 7
Resposta

20. (PUC-PR)

“Continuemos. Tenciono contar a minha história. Difícil. Talvez deixe de mencionar


particularidades úteis, que me pareçam acessórias e dispensáveis. Também pode ser que,
habituado a tratar com matutos, não confie suficientemente na compreensão dos leitores e
repita passagens insignificantes. De resto isto vai arranjado sem nenhuma ordem, como se vê.
Não importa. Na opinião dos caboclos que me servem, todo o caminho dá na venda.”
O fragmento acima, retirado do segundo capítulo de São Bernardo, exemplifica:

a) Um momento psicológico da narrativa;

b) Uma reflexão sobre a voracidade latifundiária do protagonista;

c) A desvalorização dos matutos, tema recorrente da literatura urbana do autor;

d) Uma reflexão sobre a composição da narrativa;

e) Um exemplo da literatura regionalista de 30.

Resposta

21. (PUC-PR) Manuel Bandeira escreveu vários poemas sobre a cidade do Recife. Graciliano
Ramos tomou continuamente a natureza nordestina como paisagem. Assinale a alternativa que
melhor expressa essa igualdade.

a) São escritores regionalistas que exaltam sua terra natal.

b) O regionalismo é escolha apenas literária, porque foram escritores de temática urbana.

c) O regionalismo era moda na época e eles seguiram o padrão literário.

d) A região explicava as personagens do romancista e a memória sentimental do poeta.

e) Os dois escolheram o regionalismo como forma de se enquadrar no movimento modernista


de 1930.

Resposta

22. (PUC-PR) O texto abaixo é um fragmento de uma carta escrita por Graciliano Ramos a
sua esposa, em 1932:

“O São Bernardo está pronto, mas foi escrito quase todo em português, como você viu. Agora
que está sendo traduzido para o brasileiro, um brasileiro encrencado, muito diferente desse
que aparece nos livros da gente da cidade, um brasileiro de matuto, com uma quantidade
enorme de expressões inéditas, belezas que eu mesmo nem suspeitava que existissem.”
Identifique a alternativa verdadeira:

a) Graciliano Ramos incorporou em sua obra as expressões dos matutos, porque escrevia para
eles, sem se importar com a recepção dos leitores urbanos e da crítica literária.

b) A preocupação dos autores do Regionalismo de 30 era a de incorporar na ficção o


vocabulário local para favorecer uma maior diferenciação entre a língua escrita e a língua
falada.

c) O afastamento dos registros lingüísticos lusitanizantes e o privilégio da escrita em um


“brasileiro encrencado” aparecem também nas obras de Mário de Andrade.

d) Assim como Graciliano Ramos, o protagonistanarrador de São Bernardo escreveu uma


segunda versão de seu texto de memórias, eliminando influências da literatura clássica
presentes na primeira versão.

e) Ao contrário do que fez Graciliano Ramos, Guimarães Rosa incorporou muitas palavras
estrangeiras em seus textos literários, pois pretendia conquistar o público internacional.

Resposta

23. (PUC-PR) Após a leitura do trecho abaixo, assinale a alternativa correta para analisar São
Bernardo, de Graciliano Ramos.

“– Bater assim num homem! Que horror!


Julguei que ela se aborrecesse por outro motivo, pois aquilo era uma frivolidade.
– Ninharia, filha. Está você aí se afogando em pouca água. Essa gente faz o que se manda,
mas não vai sem pancada. E Marciano não é propriamente um homem.
– Por quê?
– Eu sei lá. Foi vontade de Deus. É um molambo.
– Claro. Você vive a humilhá-lo.
– Protesto! exclamei alterando-me. Quando o conheci, já ele era molambo.
– Provavelmente porque sempre foi tratado a pontapés.
– Qual nada! É molambo porque nasceu molambo.” (cap.21)

a) A visão determinista do latifundiário propõe a imobilidade social para que, assim, ele possa
exercer seu poder e arbitrariedade.

b) O diálogo entre Paulo Honório e sua esposa reproduz a diferença de caráter dos dois e que
será a causa de sua separação conjugal.

c) Paulo Honório, como latifundiário prepotente, demonstra o rigor que é preciso ter com os
empregados da fazenda para que sua autoridade seja preservada.

d) A falta de harmonia entre o casal demonstra que este romance de Graciliano Ramos tem
como tema central as dificuldades de relacionamento conjugal.
e) O humanismo de sua esposa, D. Glória, permite manter o conflito entre as personagens, a
fim de levar à derrota final do protagonista.

Resposta

24. (UFV- MG) O romance regionalista dos anos 30, em cuja temática insere-se a obra Fogo
Morto, abordou as questões socioeconômicas do Nordeste brasileiro. Dentre as seguintes
alternativas, apenas uma NÃO confirma a declaração acima. Assinale-a:

a) Enquanto o desenvolvimento industrial deixou suas marcas na fase heróica do movimento


modernista, o romance nordestino dos anos 30 privilegiou as heranças culturais do Brasil
rural.

b) O enredo de Fogo Morto é de natureza documental, confirmando a abolição da escravatura


como um dos fatores preponderantes para o declínio da sociedade patriarcal brasileira.

c) O personagem do romance regionalista da década de 30, não conseguindo vencer as


adversidades de um destino hostil, evadiu-se no tempo e no espaço em busca de aventuras
amorosas e sentimentais.

d) Fogo Morto insere-se na temática social do “romance de 30”, consolidando o escritor José
Lins do Rego como o romancista que melhor retratou a decadência dos senhores dos
engenhos da cana-de-açúcar.

e) O “romance de 30” retratou de forma mais direta a linguagem, o folclore e a vida social do
Nordeste brasileiro, resgatando os valores e as tradições daquela sociedade patriarcal.

Resposta

25. (UFV-MG) A respeito de Fogo Morto, de José Lins do Rego, apenas NÃO se pode
afirmar que:

a) O autor utiliza-se de um narrador externo e distanciado do mundo narrado, recusando,


assim, o processo tradicional da onisciência absoluta.

b) O romance retrata a decadência econômico-social do “coronel” Lula de Holanda e seu


povo, transformando o engenho Santa Fé em uma espécie de microcosmo da realidade
nordestina brasileira.

c) Andarilho Vitorino “Papa Rabo”, personagem semilouco e também decadente, é rotulado


pela crítica como o Quixote sertanejo, sempre em busca de injustiças a corrigir.

d) Protagonista Carlos de Melo narra episódios da infância e adolescência vividas no engenho


do avô José Paulino, fornecendo-nos um amplo perfil da sociedade patriarcal do Nordeste
açucareiro.

e) Os personagens Lula de Holanda, José Amaro e o quixotesco Vitorino vivem em


permanente conflito com o mundo; suas mulheres, caracterizando-se pelo bom-senso e por
atitudes mais combativas, confirmam a relevância da figura feminina naquela sociedade em
decadência.

Resposta

26. (UFV-MG) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos:

I. “ Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei
adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões”.

II. “ Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café
e conversava, bastante satisfeito”.

III. “ João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás
para diante”.

IV. “ Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos
como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente
por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?”.

V. “ Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu
Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta
é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia”.

Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem


em São Bernardo:

a) III e V.

b) I e II.

c) I e IV.

d) III e IV.

e) II e V.

Resposta

27. (UFV-MG) Graciliano Ramos foi um dos principais representantes da geração de


escritores que surgiu na década de 1930. Sobre sua obra se pode afirmar que:

a) Rompeu com a geração de 1922, recusando as principais conquistas do modernismo.

b) Deu continuidade ao projeto modernista, enveredando pelo caminho da experimentação


estética.

c) Inaugurou uma nova tendência estética na literatura brasileira: o regionalismo.


d) Retomou algumas características da prosa realista, para desenvolver uma literatura mais
social.

e) Procurou fundir em seus romances as características da prosa e da poesia, tal como Mário
de Andrade defendia.

Resposta

28. (UFMG) Assinale a alternativa em que NÃO há relação entre os fatos narrados em Um
certo capitão Rodrigo, de Erico Verissimo, e a história política e cultural do Brasil da época
tratada.

a) Mobilização dos cabanos contra o Governo Imperial.

b) Entrada dos primeiros imigrantes europeus no Brasil.

c) Preparação e início da Revolução Farroupilha.

d) Liderança do general Bento Gonçalves na Região Sul.

Resposta

29. (UPE) Graciliano Ramos pertenceu à geração do Romance de 30, dedicando-se a temas
sociais. Memórias do Cárcere é uma obra que pode ser descrita como:

a) Relato da ascensão e queda social de um ex-trabalhador do campo, que amealha algum


capital com negócios duvidosos, explorando os camponeses e realizando um casamento mal
sucedido. As conseqüências dos seus atos o levam à prisão.

b) Espécie de crônica jornalística de uma cidade do interior; crônica em que os presos relatam
suas memórias e falam da causa dos seus infortúnios.

c) Experiências de menores abandonados numa cidade grande, que ingressam cedo na vida
criminosa e depois se convertem a um ideal político, contrário ao sistema. Por esse motivo,
são presos e condenados.

d) Impressionante relato sobre as condições dramáticas de sua prisão. Durante meses, de


presídio em presídio, conheceu a brutalidade da ditadura, registrando-a em livro, para que
ninguém esquecesse a sordidez de um regime injusto e arbitrário.

e) É a história amarga das frustrações causadas pela miséria econômica, no personagem


central, o que o leva da dissolução psíquica até a neurose. O clímax, a traição da noiva,
motiva o assassinato do rival. Seu desespero no cárcere constitui as páginas mais sofridas e
densas da obra de Graciliano.

Resposta
30. (UPE) Apenas no século XX, as vozes femininas fizeram-se ouvir oficialmente na
Literatura brasileira, em obras de estilos e gêneros diferentes. Entre elas, três das mais
conhecidas estão citadas abaixo. Correlacione essas autoras com algumas das características
de suas obras.

1) Clarice Lispector.

2) Rachel de Queirós.

3) Cecília Meireles.

(__) Sua ficção introspectiva e nebulosa apresenta figurantes vencidos pelo mundo exterior e
pelo fato objetivo e se situa, sempre, em ambientes urbanos.

(__) Em sua poesia, delicada e intimista, canta a perda amorosa e a solidão. É considerada
como neo–simbolista.

(__) Em suas narrativas valorizou, com linguagem coloquial, o universo regional nordestino e
a experiência da vida rural.

A seqüência correta é:

a) 1, 2, 3

b) 2, 1, 3

c) 3, 2, 1

d) 3, 1, 2

e) 1, 3, 2

Resposta

31. (UFSc) Sobre o livro Ana Terra, de Erico Verissimo, é CORRETO afirmar que:

01. É uma narrativa que retrata episódios da vida dos primeiros povoadores do Rio Grande do
Sul.

02. É um texto regionalista, podendo-se desta-car termos que confirmam esse dado, como:
“temos que pelear de novo com os castelhanos”, “o tordilho escarvava o chão desinquieto ”
(p. 133).

04. Ana Terra é o nome da filha de Maneco Terra. Ela, seguindo os ideais de seu pai,
simboliza o início de uma mistura de raças, naquela região, ao dar à luz um filho índio.
08. O tempo cronológico, no início da narrativa, é datado: 1777. No decorrer do romance, a
passagem do tempo é sinalizada pelos personagens a partir de certas expressões e sensações
que indicam frio, calor ou o surgimento das flores.

16. O romance é parte da trilogia O tempo e o vento, de Erico Verissimo.

32. o “vento” é importante metáfora que acom-panha a vida de Ana do princípio ao fim do
romance, anunciada no trecho inicial da narrativa: Sempre que me acontece alguma coisa
importante, está ventando (p. 07).

Resposta

32. (UEPB) Com referência a Capitães da areia, é correto afirmar que

a) Os provérbios e as gírias classificam a obra como romance regionalista.

b) Os rituais africanos e as crendices populares imprimem um caráter doutrinário ao romance.

c) O coloquialismo e o emprego excessivo de termos vulgares comprometem a literariedade


da obra.

d) A oralidade e a linguagem popular conferem um ritmo dinâmico à obra e não prejudicam o


seu teor literário.

e) A linguagem jornalística sobrepõe-se à linguagem lírico-poética e categoriza a obra como


documentário.

Resposta

33. (UEPB) Atente para os nomes dos Capitães da areia, elencados na coluna esquerda e os
relacione às características, aventuras e desventuras relatadas na coluna direita:

(1) João Grande

(2) Pedro Bala

(3) Sem-Pernas

(4) Professor

(5) Pirulito

(__) “Era o espião do grupo, aquele que sabia se meter na casa de uma família uma semana,
passando por bom menino perdido dos pais na imensidão agressiva da cidade.”

(__) “Gostava de saber das coisas e era ele quem, muitas noites, contava aos outros histórias
de aventureiros, de homens do mar, personagens heróicos e lendários...”
(__) “Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas
ruas e de todos os seus becos. [...] ativo, sabia planejar os trabalhos, sabia tratar com os
outros, trazia nos olhos e na voz a autoridade...”

(__) “Era magro e muito alto, uma cara seca, meio amarelada, os olhos encovados e fundos, a
boca rasgada e pouco risonha [...] sua reza era simples e não fora sequer aprendida em
catecismos.”

(__) “Vai curvado pelo vento como a vela de um barco, é alto, o mais alto do bando, e o mais
forte também, negro da carapinha baixa e músculos retesados, embora tenha apenas 13 anos.”

Assinale a alternativa correta:

a) 5, 1, 3, 4, 2

b) 2, 1, 3, 5, 4

c) 5, 3, 1, 2, 4

d) 3, 5, 1, 4, 2

e) 1, 5, 3, 2, 4

Resposta

34. (UEBA) Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para
alcançá-los.

“Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinha Vitória
acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia
distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado
amarelo e a cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito.

E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da


comida,examinou o rosto carnudo e as pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. Como
segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar o desejo. Temeu arriar,
não prosseguir na caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça para afugentar uma
nuvem que, vista de perto, escondia o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia. Os pés
calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não
caminhariam? Sinha Vitória achou que sim. [...] Por que haveriam de ser sempre desgraçados,
fugindo no mato como bichos?

Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos, como
bichos?

Fabiano respondeu que não podiam.

–– O mundo é grande.
Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era grande –– e marchavam, meio
confiados, meio inquietos. Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia
seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu sinha Vitória. Fabiano estranhou a
pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinha Vitória renovou
a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora
desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.

–– Vaquejar, opinou Fabiano.

Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a
derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que
idéia!

Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos,
rios secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais,
resistiriam à saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes
por falta de espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes.”

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed.


Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 120-122.

A análise do fragmento, contextualizado no romance Vidas Secas, permite afirmar:

(01) Fabiano considera necessária a imersão das crianças no mundo convencional para
apreendê-lo e, assim, libertá-las das condições socioculturais vividas.

(02) Sinha Vitória não se submete às expectativas sociais dominantes, contudo vislumbra um
retorno às trivialidades da sua vida social da infância.

(04) O conjunto de personagens da trama simboliza, alegoricamente, os heróicos seres que


sonham em reformar a sociedade agrária brasileira à custa da luta armada.

(08) Fabiano e sinha Vitória configuram um tipo de ser que vive reiterando ações, sem nada
acrescentar a seu processo de crescimento humano.

(16) Fabiano constitui uma metáfora de ser humano derrotado, que sofre as conseqüências das
estruturas vigentes e não consegue impor seus pontos de vista.

(32) A narrativa como um todo retrata um espaço em que a imutabilidade social e o abismo
entre povo e governo são incontestáveis.

(64)A interação entre humanos e inumanos na narrativa explica a descontinuidade das ações
narradas.

Resposta

35. (UFAC) Considerando a leitura de São Bernardo, assinale a alternativa que não se refere
corretamente ao romance.
a) A narrativa, feita em 1ª pessoa, revela as angústias do protagonista ao rememorar toda sua
vida.

b) O romance aborda o mundo interior do protagonista, ainda que evidencie uma preocupação
com aspectos sociais.

c) Percebe-se, na obra, uma forte denúncia social, coerente com os ideais políticos da maioria
dos escritores da geração de 30.

d) Por ser narrada em 1ª pessoa, a obra apresenta características predominantemente do


romance intimista.

e) Ao abordar questões relacionadas à interioridade dos personagens, aliadas a questões


sociais, o romance ultrapassa os limites do regionalismo.

Resposta

36. (UPE) Assinale, na coluna I, as afirmativas verdadeiras e, na coluna II, as falsas.

“O que estou é velho. Cinqüenta anos pelo São Pedro. Cinqüenta anos perdidos, cinqüenta
anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar outros. O resultado é que endureci,
calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
sensibilidade embotada.

Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! (...)


Hoje não canto nem rio. Se me vejo ao espelho, a dureza da boca e a dureza dos olhos me
descontentam.
Penso no povoado onde seu Ribeiro morou, há meio século. Seu Ribeiro acumulava, sem
dúvida, mas não acumulava para ele. Tinha uma casa grande, sempre cheia, o jerimum
caboclo apodrecia na roça — e por aquelas beiradas ninguém tinha fome. Imagino-me
vivendo no tempo da monarquia, à sombra de seu Ribeiro. Não sei ler, não conheço
iluminação elétrica nem telefone. Para me exprimir recorro a muita perífrase e muita
gesticulação. Tenho, como todo mundo, uma candeia de azeite, que não serve para nada,
porque à noite a gente dorme. Podem rebentar centenas de revoluções. Não receberei notícia
delas. Provavelmente sou um sujeito feliz.
Com um estremecimento, largo essa felicidade que não é minha e encontro-me aqui em São
Bernardo escrevendo.”
Graciliano Ramos. Obra Completa.
Rio de Janeiro: Record, p.p. 183-186.

Analise os enunciados seguintes, referentes à obra de Graciliano e ao contexto histórico e


estético em que foi incluída.

I II

0 0 No trecho, Paulo Honório declara explicitamente que pretende escrever um livro


para suavizar a solidão. Nesse livro, a personagem narra sua história, retomando episódios do
passado.
1 1 De acordo com o fragmento, temos no narrador uma personagem que, aos cinqüenta
anos, encontra-se mais amadurecida, como se depreende do trecho: “O resultado é que
endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
sensibilidade embotada.”

2 2 As considerações do narrador a respeito de seu Ribeiro contêm um componente


social interessante: a exploração da mão-de-obra e a alienação da classe trabalhadora. Trata-se
de um tema muito caro aos romancistas modernos da geração de 30, da qual Graciliano
Ramos faz parte.

3 3 Uma das discussões que poderíamos travar a partir da leitura da obra é a que diz
respeito ao sistema capitalista desumano. Paulo Honório pode ser tomado como produto de
um sistema bruto de competição e de uma gradual animalização, que o faz ter, portanto, uma
“alma agreste”.

4 4 O foco narrativo em primeira pessoa do discurso nos possibilita, no caso do


romance de Graciliano Ramos, acompanharmos o relato como uma confissão, que se pretende
objetiva em princípio, mas se torna, sobretudo no último capítulo, pessoal, subjetiva e
existencial.

Resposta

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