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capa tech 121.

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a revista do engenheiro civil


téchne 121 abril 2007

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 121 ano 15 abril de 2007 R$ 23,00
COMO CONSTRUIR
Piso protendido
■ Obras industriais ■ Piso protendido ■ Salas limpas ■ Sidonio Porto ■ Avaliação de concreto

ENTREVISTA
Sidonio Porto
fala da
arquitetura nas
indústrias
Fábrica da Libbs
Farmacêutica, em
Embu das Artes (SP)

Obras industriais
■ Libbs, Embu das Artes (SP):
limpeza padrão internacional
■ Spaipa, Marília (SP):
recorde de protensão de piso
00121

■ John Deere, Montenegro (RS):


9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

piso industrial com fibra de aço


ISSN 0104-1053

■ Ceitec, Porto Alegre (RS):


salas limpas ISO 5
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SUMÁRIO
LIBBS FARMACÊUTICA
50 Obra limpa
As soluções de projeto para garantir
a assepsia na fabricação
de medicamentos

56 CBA
Fundação diferenciada
Equipamento importado da Alemanha
facilita escavação de solo rochoso

60 ARTIGO
Avaliação do concreto de peças
estruturais pequenas pelo
Fotos: Marcelo Scandaroli

método dos cilindros montados


Pedro Carlos Bilesky e Carlos Eduardo de
Siqueira Tango explicam o método

75 COMO CONSTRUIR
Piso de concreto protendido
Cuidados de execução dessa tecnologia
34 REÚSO DE ÁGUA que pode reduzir patologias
Opções racionais
Conheça as tecnologias disponíveis para
reúso de água nas indústrias
SEÇÕES
36 SPAIPA Editorial 4
Protensão recorde Web 8
Piso protendido de fábrica de Cartas 10
refrigerantes é o recorde brasileiro Área Construída 12
nessa tecnologia Índices 18
IPT Responde 20
40 JOHN DEERE Carreira 22
Planta flexível Melhores Práticas 24
26 Versatilidade é o ponto forte da obra
de fábrica de tratores
P&T
Obra Aberta
67
72
ENTREVISTA Agenda 74
Indústrias mais humanas 44 CEITEC
Sidonio Porto fala da humanização das Controle total Capa
fábricas e da integração entre Produção de circuitos integrados exige Layout: Lucia Lopes
arquitetura e engenharia ambientes totalmente condicionados Foto: Marcelo Scandaroli

2 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Menores, melhores e mais exigentes
VEJA EM AU
s plantas industriais no Brasil e no mundo passam por um
A momento de transformação. Na maioria dos casos, a área
construída e o número de usuários (leia-se operários) diminuíram.
A complexidade das instalações e o processo de montagem
industrial ficaram mais sofisticados. Exigências sanitárias,
ambientais e sociais assumiram um papel muito mais relevante.
Com isso, a prosaica idéia de "erguer um galpão" está cada vez mais
limitada às manufaturas de pouca tecnologia embarcada. Nesta  Internacional: Day Care
Center, em Copenhague
edição de Téchne, decidimos abordar algumas obras industriais
 Hospital Cidade
representativas desse novo momento. Salta aos olhos como cada Tiradentes, em São Paulo
uma das empreitadas reserva peculiaridades que exigiram projetos  Revestir 2007

ou execução diferenciados. Foi o que ocorreu, por exemplo, com VEJA EM CONSTRUÇÃO
o piso da área de produção da fábrica de tratores da John Deere, MERCADO
em Montenegro (RS), que, ao invés de armaduras, foi reforçado
com fibras de aço. A alternativa foi necessária para evitar eventuais
transferências das armaduras na comunicação dos equipamentos
da fábrica, orientados por radiofreqüência. Esse e outros casos
revelam que o segmento de obras industriais dispõe de empresas
de engenharia cada vez mais especializadas. E não podia ser
diferente. Na década de 90, com a chegada ao País de várias
multinacionais, as obras nesse segmento passaram a atender aos
 Leilões extrajudiciais
padrões internacionais de qualidade. Tiveram também que se  INSS
adaptar às especificidades de cada segmento industrial e suas  Alojamentos para canteiros
 Contratação de obras
particularidades. Colocadas à prova, as empresas de engenharia públicas
envolvidas mostraram criatividade e capacidade técnica,
apresentando alternativas economicamente viáveis. Se em outros
segmentos, como o de obras públicas, as empresas fossem exigidas
não apenas em relação ao custo, mas também em relação às
soluções técnicas, certamente a nossa Engenharia Civil estaria
desfrutando de uma outra imagem perante a sociedade.

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techne
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Segunda a sexta das 9h às 18h Diretor Geral
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Ceitec mapeado
Confira planta da sala limpa, cortes e perspectivas gráficas do Ceitec (Centro de Excelência
Fórum Téchne
em Tecnologia Eletrônica Avançada), tema de reportagem desta Téchne. Também está O site da Téchne tem um espaço
disponível artigo do diretor-presidente do Ceitec, Sérgio Souza Dias, no qual explica como dedicado ao debate técnico. Confira os
funcionará o processo de fabricação de CIs (circuitos integrados). Localizado em Porto últimos temas abordados.
Alegre e com obras em andamento, o Centro irá concentrar todas as etapas para
fabricação de circuitos integrados. Será a primeira fábrica desse tipo na América Latina. Proibir a construção de marquises
sobre os passeios públicos é uma
solução?
Os problemas que resultam na queda
de marquises só os profissionais da
área conhecem. Quem tem a obrigação
de realizar manutenção e fiscalização
geralmente desconhece ou não possui
projetos e/ou dados para avaliar se é
possível ou não a sobrecarga. Maior
fiscalização durante a execução
também poderia ajudar no combate
Imagens: divulgação

aos problemas de execução.


Edison Silveira Rodrigues Jr.

Técnicos de edificações e
tecnólogos devem coordenar obras?
Piso recordista Sou técnico de edificações e tenho todas
as qualificações para assumir uma obra,
Está disponível na versão online da reportagem
sem esquecer que sou subordinado ao
"Protensão recorde" a planta da nova fábrica da
engenheiro civil, com o qual tenho o
Spaipa. A obra, localizada em Marília, interior de
dever de cooperar. Não se faz obra
São Paulo, bateu o recorde de protensão de
sozinho, mas sim em equipe.
piso com uma placa de 4.687,5 m2, sem juntas.
Reinaldo Manriques Filho
Conheça também a solução encontrada para
manter intacta uma paineira cinqüentenária
Engenheiros recém-formados
localizada no terreno da indústria.
devem fazer exame de ordem
para exercer a profissão?
Quando se toca nesse assunto, se
Acabamento de protensão compara com o "exame de ordem" da
OAB. Esse argumento não é válido. O
O corte dos cabos de protensão com curso de direito não é profissionalizante.
maçarico exige cuidados especiais para que Na Engenharia, Arquitetura e Agronomia,
o calor não afete a dureza das cordoalhas. A o egresso sai titulado, pronto para o
técnica está descrita no item 11 do "Manual exercício da profissão na qual se graduou.
para a Boa Execução de Estruturas Ao Crea resta reconhecê-lo como
Protendidas Usando Cordoalhas de Aço qualificado e emitir sua carteira. Se a raiz
Engraxadas e Plastificadas". O material está da preocupação está na formação escolar,
disponível como complemento do cabe à instituição de ensino melhorar a
Fabiana Gobbi

comentário do engenheiro Eugenio Luiz qualificação profissional.


Cauduro na seção "Cartas". Rosimeire A. Faccin

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CARTAS Envie sua crítica ou sugestão.


techne@pini.com.br

Protensão receio era o aquecimento de forma - "Confecção dos cabos", diz: "O aço
Em relação à seção "Melhores Práti- exagerada tanto das cordoalhas deve ser cortado de acordo com o
cas" da Téchne 119, gostaria de alertar como das cunhas. Os nichos que comprimento (...) por meio de es-
o desacordo do item "Protensão de continham as ancoragens eram de meril rotativo ou tesoura". E ainda:
vigas" com a NBR 14931 (Execução grandes dimensões, pois essas ti- "É vedado efetuar no elemento ten-
de Estruturas de Concreto – Procedi- nham pelo menos quatro cordoalhas sor o endireitamento através de má-
mento), de 2004. Enquanto a revista por bloco. Dessa forma, era fácil cor- quinas endireitadoras ou qualquer
indica o corte das pontas de cordoa- tar as pontas com disco de corte, que outro processo de eliminar torções
lhas com maçarico, a norma proíbe podia ser introduzido nos nichos ou dobramentos, pois esses procedi-
tal procedimento. com facilidade. E assim ficou defini- mentos alteram as propriedades físi-
Maria Regina L. Schmid do na época. cas do aço". Restrição semelhante à
Rudloff Sistema de Protensão Ltda. Na ABNT NBR 14931:2004, de cuja do item A.5, porém, somente quanto
elaboração também participei, o ao endireitamento.
Resposta do engenheiro Eugenio Luiz Anexo A "Execução da protensão em Quanto ao corte final das pontas após
Cauduro: Essa oritentação existe na concreto protendido com aderência a protensão, a norma se omite e dei-
norma, mas refere-se a um conjunto posterior", item "A.5 – Confecção xou para as empresas a escolha da
de duas ações, previstas no item dos cabos", diz o seguinte: "É vedado forma de corte conforme as técnicas
"Confecção dos cabos". O procedi- efetuar no elemento tensor o corte mais modernas e o treinamento do
mento vem da antiga norma de pro- com maçarico, bem como o endirei- pessoal. No caso da protensão não
tensão, de cuja elaboração participei tamento através de máquinas endi- aderente, praticamente só é usado o
como representante da Freyssinet. À reitadeiras ou qualquer outro pro- sistema "monocordoalha", onde cada
época, preferimos proibir o corte cesso, pois esses procedimentos alte- ancoragem só prende uma cordoalha.
com maçarico tanto durante a con- ram radicalmente as propriedades Assim, os nichos para recesso das an-
fecção dos cabos quanto junto às an- físicas do aço". coragens têm dimensões reduzidas,
coragens. Durante a confecção, por- Na fase de confecção, o aquecimento com diâmetro de 5 cm, o que dificulta
que o corte com maçarico forma uma se dá apenas na extremidade do cabo, o corte das pontas de cordoalhas com
borra de solda que engrossa a extre- após o ponto de engate do macaco, discos de corte, mantendo o necessá-
midade do cabo e dificulta a enfiação onde não há problemas quanto a al- rio cobrimento.
das cunhas pela sua extremidade. terações nas características das cor- Quando fomos aos Estados Unidos
Além disso, caso um pingo de metal doalhas, pois os últimos, a aproxima- para conhecer e trazer a atual técnica
incandescente atinja outra cordoalha, damente 50 cm de cabo, externos às da protensão não aderente ao Brasil,
esta pode se romper durante a pro- ancoragens, serão descartados. A res- visitamos diversas firmas de proten-
tensão. Para o corte final das pontas, o trição permaneceu nessa norma de- são e algumas dezenas de obras que
vido à formação da borra de solda, usavam essa protensão com os pe-
que engrossa a extremidade de cabo, quenos nichos, e todas cortavam as
e à possibilidade de um pingo de aço pontas finais das cordoalhas com ma-
incandescente atingir locais depois çarico. Os especialistas americanos
tensionados. O que altera radical- me disseram haver uma técnica sim-
mente as propriedades físicas do aço ples e de treinamento rápido para o
é o eventual endireitamento de cor- corte com maçarico, evitando que o
doalhas com máquinas, o que faz cair aquecimento afete as características e
significativamente o limite de escoa- a segurança das cordoalhas, das anco-
mento do aço em todo o seu compri- ragens e das cunhas. Esse corte é feito
mento e impede seu uso como ele- assim há mais de 40 anos. Outros en-
mento de protensão. genheiros que também visitaram os
Na mesma norma citada, o Anexo C Estados Unidos, onde a utilização da
Fabiana Gobbi

"Execução da protensão em concreto protensão em edifícios ocorre em


protendido sem aderência", item C.5 mais de 80% dos edifícios de concre-

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to, fizeram a mesma constatação. O engenharia estabelece-se na Europa e Sei, obviamente, que essa não é a pers-
resultado disso é que também no nos EUA imediatamente após o aci- pectiva da Téchne, que apenas está
Brasil o corte das pontas finais dos dente. É da cultura técnica desses paí- adotando cuidados para não cometer
cabos com maçarico é a solução mais ses mais adiantados aprender ao má- imprecisões ou até injustiças. Mas
corrente e não há notícias de qual- ximo com os acidentes para que coi- convidaria os amigos a refletir sobre
quer problema em cabos cortados sas semelhantes não se repitam. A dis- essas minhas considerações, até por-
desta forma, sendo perfeitamente se- cussão assim conduzida é entendida que os resultados do trabalho do IPT
guro. Algumas alternativas operacio- como uma efetiva colaboração às pró- sairão, na melhor das hipóteses, ape-
nais são aplicadas em algumas obras prias investigações. Infelizmente, em nas em seis meses. Por que não publi-
para o uso de corte das pontas com nosso país, qualquer discussão que se car desde já artigos sérios sobre, por
disco, porém, com importante perda inicie é tida como precipitada, acusa- exemplo, algumas hipóteses interpre-
da praticidade do sistema. tória, desrespeitosa etc. Em 2005, tativas sobre o acidente ocorrido? En-
A técnica e os cuidados para esse corte houve aquele acidente da Linha 4 tenda-se esses artigos como parte de
estão mencionados no item 11, da pá- junto à rua Amaro Carvalheiro (pró- uma discussão respeitosa, como uma
gina 82 do "Manual para a Boa Execu- ximo ao local do acidente da Estação colaboração às investigações e não
ção de Estruturas Protendidas Usan- Pinheiros), em que três casas foram como "atropelamento" destas.
do Cordoalhas de Aço Engraxadas e atingidas. Se esse primeiro acidente Álvaro Rodrigues dos Santos
Plastificadas" *. houvesse sido discutido à exaustão, Geólogo e consultor
Atenciosamente, tenho absoluta certeza de que o trági-
Engenheiro Eugenio Luiz Cauduro co novo acidente da Estação Pinheiros ERRATA
* Material disponível no site da revista não haveria acontecido. Mas na oca- Na revista Téchne de março (ed. 120),
www.revistatechne.com.br sião venceu a cômoda tese dos "im- seção Área Construída, o nome do
previstos geológicos e pluviométri- CBCA constou como "Câmara Brasi-
Acidente no metrô cos". É um preço muito caro que pa- leira de Construção em Aço". O cor-
Uma discussão profissional e respon- gamos por cultivar uma cultura de reto é Centro Brasileiro da Constru-
sável sobre um acidente em obra de "pôr as coisas para debaixo do tapete". ção em Aço.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Começa votação do Prêmio PINI 2007


Chegou a hora de escolher os melho- sonalizada. Entre os 45 segmentos de
res fornecedores da construção civil e mercado do Prêmio, o leitor pode sele-
arquitetura. Os assinantes a paga- cionar somente aqueles que costuma
mento das revistas AU-Arquitetura & especificar ou comprar regularmente.
Urbanismo, Construção Mercado, Em 2006, mais de 1,8 mil leitores das
Téchne e Equipe de Obra já começa- revistas publicadas pela PINI respon-
ram a receber, de forma escalonada, deram à pesquisa.
uma correspondência especial que in- Todos os assinantes a pagamento que
forma a senha e o código que permi- responderem ao menos a 15 catego-
tem o acesso à área de votação no site rias do Prêmio PINI 2007 receberão o
www.premiopini.com.br. novo CD-ROM "Téchne 2005/2006 -
O Prêmio PINI indica anualmente as 24 edições de Tecnologia na Constru-
Divulgação USP

empresas que se destacam na oferta de ção Civil". O processo de votação tem


produtos, sistemas e tecnologias para início às 12h do dia 23 de abril de
os profissionais do setor. A votação é 2007. Mais informações pelo e-mail
realizada pela internet, de forma per- premiopini@pini.com.br ou pelo site Faculdade instala
www.premiopini.com.br "telhado verde"
A Faculdade de Saúde Pública
IPT entrega relatório sobre vizinhança da cratera (FSP) da USP deu início à implan-
O IPT (Instituto de Pesquisas Tec- tação Pinheiros da Linha 4 – Amare- tação de um "telhado verde" sobre a
nológicas de São Paulo) entregou ao la, local do desabamento ocorrido cúpula do prédio do Centro de
Metrô um relatório técnico sobre a no último dia 12 de janeiro. O Insti- Educação Permanente em Saúde
situação na vizinhança da futura es- tuto avaliou a situação de 67 imó- Pública. No local foram colocadas
veis e concluiu que 58 estão adequa- nove estruturas metálicas, com telas
dos para a reocupação. Cinco imó- por onde se enredarão os galhos das
veis foram liberados com restrição, mudas de maracujá, cobrindo o te-
pois dependem da realização de lhado de fibra de vidro. A cobertura
obras de recuperação. Três imóveis vegetal servirá principalmente para
foram considerados impróprios reduzir o calor e o ruído provocado
para reocupação e um não apresen- dentro do edifício em dias de chuva,
tou condições de análise por estar além de contribuir para amenizar o
obstruído por uma ruptura no teto. efeito de ilha de calor no bairro de
O IPT apontou também que, segun- Pinheiros. Em 2001, a FSP já havia
do os instrumentos posicionados no revitalizado os jardins lindeiros aos
Clayton de Souza/AE

entorno do local do acidente, não há prédios da faculdade e construído


indícios de movimentações do solo uma pista de 320 metros para cami-
que indiquem para a ocorrência de nhadas, além de instalar equipa-
novas instabilidades. mentos de lazer.

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ÁREA CONSTRUÍDA

Fibrocimento alternativo substitui amianto


Material desenvolvido no Parqtec (Par- Carlos Eduardo Marmorato Gomes.
que de Alta Tecnologia de São Carlos - Protótipos do produto já foram cons-
SP) poderá ser usado como alternativa truídos e aprovados em ensaios de re-
ao cimento-amianto na confecção de sistência e durabilidade. A escória
telhas, placas planas e acessórios, como usada em sua produção é um subpro-
caixas d'água e suportes para ar-condi- duto da siderurgia. Além da escória, o

Divulgação/Parqtec
cionado. Trata-se de um novo tipo de novo produto é constituído por um
fibrocimento, composto por fibras de composto híbrido de fibras poliméri-
escória, produzido pelo engenheiro cas e de celulose.

UFPR desenvolve cobertura popular


Pesquisadores do Núcleo de Design e visórias-armário. O kit de cobertura leve e resistente, produzido a partir de
Sustentabilidade da UFPR (Universi- desenvolvido pela UFPR inclui apenas fibras de madeira e resinas sintéticas –,
dade Federal do Paraná) desenvolve- a estrutura da cobertura, conhecida e chapas de aço galvanizado. Não há
ram kits "faça você mesmo" de tesou- como "tesoura", pois, segundo os pes- pregos, mas, sim, encaixes e compo-
ras de cobertura e de coleta de água de quisadores, é a parte que despende nentes de fixação mais ágeis.A estima-
chuva, que poderiam ser usados em mais recursos e gera mais erros na exe- tiva é que os produtos estejam dispo-
mutirões e construções de interesse cução. Segundo os idealizadores, o sis- níveis no mercado até o próximo mês
social. Segundo o coordenador do tema não inclui telhas porque muitas de julho. A pesquisa contou com o
grupo, Aguinaldo Santos, em seis famílias usam sobras de construções apoio financeiro do Programa Habi-
meses os alunos também deverão anteriores. As peças são feitas de OSB tare, da Finep (Financiadora de Estu-
apresentar kits de montagem de di- (Oriented Strand Board) – material dos e Projetos).
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ÁREA CONSTRUÍDA

Conjunto habitacional terá contas individualizadas SDE investiga suposto


A partir deste mês, os moradores do zação permitirá que cada família tenha
cartel do cimento
Conjunto Habitacional João Paulo II a conta de água representativa de seu A Secretaria de Direito Econômico
(Conjunto do Bolsão 7), em Cubatão, consumo e não mais como um rateio (SDE),do Ministério da Justiça,está in-
receberão a conta de água individuali- do consumo geral de todo o empreen- vestigando a formação de um suposto
zada por apartamento. A individuali- dimento.Ao mesmo tempo, segundo a cartel entre empresas do setor de ci-
Sabesp – companhia de abastecimen- mento brasileiras. Há suspeitas, segun-
to de água em São Paulo –, a industria- do o órgão, de que os envolvidos fixa-
lização do consumo permitirá econo- riam preços de cimento e concreto, di-
mia no uso e melhor administração do vidiriam os mercados de maneira re-
processo de abastecimento de água gional, mapeariam e manipulariam a
por parte da companhia. O conjunto clientela e impediriam a entrada de
habitacional de Cubatão é o segundo novos concorrentes.Em fevereiro,a Po-
de um projeto piloto de contas indivi- lícia Federal realizou uma operação de
dualizadas que a Sabesp desenvolve na busca e apreensão de documentos em
Baixada Santista. O primeiro foi o empresas e associações do setor. Estão
Divulgação/CDHU

Conjunto Habitacional Mário Covas, sendo investigadas oito empresas: Vo-


em Santos, cujas contas já estão indivi- torantim Cimentos, Camargo Corrêa
dualizadas há um ano. Cimentos, Lafarge Brasil, Companhia
de Cimentos do Brasil, Holcim Brasil,
Itabira Agro Industrial (Grupo Nas-
Curso de instalador hidrossanitário em 12 Estados sau),Soeicom e Companhia de Cimen-
to Itambé –, além da Abesc (Associação
O Senai (Serviço Nacional de nais até dezembro. Os candidatos
Brasileira das Empresas de Serviços de
Aprendizagem Industrial) e a fabri- não precisam ter conhecimentos
Concretagem) e da ABCP (Associação
cante de tubos e conexões Amanco anteriores sobre o assunto, devem
Brasileira de Cimento Portland).
assinaram na última Feicon (Feira ter no mínimo entre 16 e 18 anos
Até o fechamento desta edição, no dia
Internacional da Indústria da (dependendo do Estado) e ter con-
2 de abril, a ABCP, contatada 12 dias
Construção) um convênio para cluído o ensino fundamental. O iní-
antes,não havia se manifestado sobre o
realização de um curso de instala- cio dos cursos de Sergipe e Mara-
assunto. A Abesc, por meio de seu ad-
ções hidrossanitárias. O curso esta- nhão está previsto para maio; em
vogado, Pedro Zanotta, informou que
rá disponível inicialmente em 12 julho, começam os cursos no Acre,
desconhecia o conteúdo do processo
estados, mas deve chegar a 17 até o Espírito Santo, Pernambuco e Mato
por completo, o que a impedia de se
final de 2007. Os realizadores esti- Grosso. Em outros seis estados as
manifestar. No entanto, Zanotta disse
mam poder formar 4 mil profissio- aulas já estão em andamento.
que a Abesc "contesta toda e qualquer
acusação de atividades ilícitas e tem
confiança de que será absolvida no
Projetista Charles Thornton no Brasil processo". A Votorantim declarou que
Entrevistado da Téchne 120,de março,o da da proteção passiva ao fogo, e não o seus procedimentos estão de acordo
engenheiro projetista de estruturas, impacto em si. com as boas práticas de concorrência
Charles Thornton, esteve no Brasil para Thornton também defendeu uma mais do mercado e que continuará colabo-
palestrar durante o 5o Fórum Interna- afinada integração entre os projetistas, rando com as autoridades competen-
cional de Arquitetura e Construção, incluindo o arquiteto, como forma de tes para todo e qualquer esclarecimen-
ocorrido no dia 15 de março último, no reduzir custos, além de afirmar que o to. Segundo a empresa, "o mercado
âmbito da Revestir 2007, Feira Interna- futuro da engenharia de estruturas está brasileiro de cimento é pulverizado –
cional de Revestimentos. Diretor-fun- na modelagem em 5D, com softwares contando com um grande número de
dador da Thornton-Tomasetti Group, que considerem tempo e custo.Em con- fornecedores –, e um dos mais compe-
empresa especializada em engenharia, versa após o final da palestra, reforçou o titivos do mundo". A Votorantim tam-
arquitetura e análise de falhas e reações interesse em trazer para o Brasil seu pro- bém afirmou que "a ausência de alí-
aos desastres, falou sobre a construção grama de profissionalização de jovens, quota de importação, aliada a investi-
da Petronas Twin Towers e do Taipei conhecido como ACE Mentor Program, mentos realizados para aumento da
101, o prédio mais alto do mundo na que coloca profissionais de arquitetura, oferta do produto, cria um ambiente
atualidade. Também comentou sobre o construção e engenharia em contato de queda dos preços de mercado, e que
colapso do World Trade Center, salien- com jovens para lhes propiciar oportu- estes encontram-se atualmente abaixo
tando que a causa da queda foi a retira- nidades profissionais. dos praticados em outros países".

16 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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ÍNDICES
Custos de Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
edificações 35
IPCE global
em São Paulo 30 IPCE materiais
IPCE mão-de-obra
Maior inflação de março ocorreu no 25
preço do eletroduto de PVC rígido
roscável
20

m março, o custo médio global do


E Índice PINI de Custos de Edifica-
ções da região metropolitana de São
15

Paulo encerrou o mês em 0,39% nega- 10 9 8 8 8


8,69 8 8 7
tivo, percentual inferior à inflação de 6 7
7 7 7 7 7 7 6 6 6,12
5,32 5 6 7 6
0,34% apresentada pelo IGP-M. Se- 5 6 6 6 6 6 6 6 6
5 5,71
5
2 5 5,28
gundo o índice global, construir em 1,94
São Paulo está em média 5,71% mais 0
Mar/06 Mai Jul Set Nov Jan Mar/07
caro nos últimos 12 meses, percentual
superior ao de 4,26% registrado pelo
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
IGP-M da Fundação Getúlio Vargas.
Mês e Ano IPCE – São Paulo
Dos reajustes ocorridos no mês de
global materiais mão-de-obra
março, destacam-se o fio isolado com
Mar/06 104.327,62 50.435,06 53.892,56
PVC e o tubo soldável de cobre, que
abr 104.425,80 50.533,25 53.892,56
deflacionaram devido à queda do
mai 109.352,73 52.161,98 57.190,76
cobre. O fio isolado custava R$ 101,09
jun 110.471,04 53.280,28 57.190,76
e passou a custar R$ 86,81 por metro,
jul 110.411,03 53.220,27 57.190,76
registrando baixa de 14,13%. Já o
ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76
metro do tubo soldável de cobre pas-
set 110.443,36 53.252,61 57.190,76
sou de R$ 86,26 para R$ 72,49, obten-
out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
do uma variação negativa de 15,16%.
nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
A maior inflação do mês está rela-
dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
cionada ao eletroduto de PVC rígido
jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
roscável, cujo preço por metro subiu
fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
de R$ 5,12 para R$ 5,67, variando em
Mar/07 110.289,87 53.099,11 57.190,76
10,75% no período, devido à atualiza-
Variações % referente ao último mês
ção na tabela do fabricante.
mês -0,39 -0,80 0,00
Materiais como a areia lavada e o
acumulado no ano -0,65 -1,34 0,00
cimento apresentaram pequena varia-
acumulado em 12 meses 5,71 5,28 6,12
ção, enquanto o azulejo esmaltado liso
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
e o vidro cristal comum permanece-
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
ram com seus preços estáveis.
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE
Envie sua pergunta para a Téchne.
Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.

Traço de concreto
Como calcular a proporção de materiais com as dimensões da estrutura: a di- derando o valor do abatimento do
para fazer 1 m3 de concreto? mensão máxima da pedra não deve tronco de cone (Passo 1) e a dimensão
Atair de Almeida superar 1/5 da menor dimensão livre máxima característica do agregado
São Paulo entre as faces da fôrma, 1/3 da espes- (Passo 2). Admite-se que os agregados
sura das lajes, ou 3/4 do menor espa- tenham forma arredondada e adequa-
Existem diversas formas de se estabele- ço livre entre as armaduras. da distribuição granulométrica.
cer o traço básico de um concreto, ne- Passo 3: Estimativa da água e do teor Passo 4: Escolha da relação água-ci-
cessitando-se ensaios de laboratório de ar – Uma primeira estimativa da mento – Na falta de dados que associem
para se chegar ao traço definitivo. Por quantidade de água a ser utilizada nas a relação água-cimento com a resistên-
exemplo, as quantidades de materiais misturas experimentais, com ou sem cia do concreto, podem ser adotados os
em quilogramas por metro cúbico de ar incorporado, pode ser obtida de valores aproximados dos concretos
concreto (kg/m3) podem ser estimadas forma simplificada na tabela 2, consi- amassados com cimento Portland Tipo
por meio da seguinte seqüência:
Passo 1: Escolha do abatimento do
Tabela 1
tronco de cone – Esse valor deve ser es- Tipos de construção Abatimento do tronco
pecificado considerando-se a condição de cone, em mm
de trabalho e o tipo da construção. Máximo Mínimo
Como base, pode-se utilizar a tabela 1. Fundações, paredes e sapatas armadas 75 25
Passo 2: Escolha da dimensão máxi- Sapatas não armadas, caixões e paredes de vedação 75 25
Vigas e paredes armadas 100 25
ma característica do agregado graúdo Pilares de edifícios 100 25
- Geralmente, esse valor deve ser o Pavimentos e lajes 75 25
máximo possível, desde que coerente Concreto massa 50 25

Tabela 2
Consumo de água, em kg/m3
Abatimento do tronco Dimensões máximas características do agregado, em mm
de cone, em mm 9,5 12,5 19 25 38
Concreto sem ar incorporado
25 208 199 187 178 163
75 a 100 228 217 202 193 178
150 a 175 243 228 214 202 187
Teor aproximado de ar aprisionado, em % 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0
Concreto com ar incorporado
25 a 50 181 175 166 160 148
75 a 100 202 193 181 175 163
150 a 175 217 205 193 184 172
Teor recomendável total de ar, em %, em função do grau de exposição:
Fraco 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5
Moderado 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0
Severo 7,5 7,0 6,0 6,0 5,0

20 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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I, conforme a tabela 3. Atendendo aos Tabela 3


requisitos de resistência e durabilidade, Resistência Relação água/cimento, em massa
esse valor pode ser reduzido em função à compressão Concreto sem ar Concreto com ar
das condições de exposição da estrutura. a 28 dias, em MPa incorporado incorporado
Passo 5: Estimativa do consumo de ci- 41 0,41 -
mento – Deve ser igual ao quociente do 34 0,48 0,40
consumo de água (Passo 3) dividido 28 0,57 0,48
pela relação água-cimento (Passo 4). 21 0,68 0,59
Passo 6: Estimativa do consumo de 14 0,82 0,74
agregado graúdo – O volume do agre-
gado seco compactado, em metro cúbi- Tabela 4
co, para 1 m3 de concreto, é obtido com Dimensão máxima Volume de agregados secos (m3 ) por unidade
o auxílio da tabela 4. Esse valor pode ser característica do de volume de concreto, para os seguintes
convertido em massa ou peso seco de agregado, em mm módulos de finura da areia:
agregado dividindo-se o produto desse 2,40 2,60 2,80 3,00
volume pela massa unitária do agrega- 9,5 0,50 0,48 0,46 0,44
do no estado compactado seco. 12,5 0,59 0,57 0,55 0,53
Passo 7: Estimativa do consumo de 19 0,66 0,64 0,62 0,60
agregado miúdo – Ao completar o 25 0,71 0,69 0,67 0,65
Passo 6 todos os materiais constituintes 38 0,75 0,73 0,71 0,69
do concreto estão determinados,menos 50 0,78 0,76 0,74 0,72
o consumo de agregados miúdos, o 75 0,82 0,80 0,78 0,76
qual é determinado por diferença. Ou 150 0,87 0,85 0,83 0,81
seja, o total de volume ocupado pela
água, cimento e agregado graúdo deve
ser subtraído de uma unidade de volu-
me de concreto para se obter o volume
requerido de agregado miúdo. Os valo- Exemplo de aplicação:
res devem ser convertidos em massa,
Passo 1 Concretagem de pilares e vigas, adensamento com vibrador de agulha →
pela multiplicação do volume obtido
tabela 1 → abatimento = 80 mm
pela massa específica de cada material.
Passo 2 Menor espaçamento livre entre barras = 30 mm → φmáx brita = 3/4 x 30 →
Passo 8: Ajustes devido à umidade dos
φmáx brita = 22,5 mm → adotada brita 1 (dimensão máxima = 19 mm)
agregados – Geralmente, o armazena-
Passo 3 Abatimento entre 75 e 100 mm, φmáx brita = 19 mm, não será utilizado aditivo
mento dos agregados é feito sob in-
incorporador de ar → tabela 2 → consumo de água (a) = 202 l de água/m3 de concreto
tempérie e estes, na prática, estão úmi-
Passo 4 Resistência média do concreto aos 28 dias de idade = 28 MPa → tabela 3 →
dos. Entretanto, as proporções deter-
teor água-cimento (a/c) = 0,57. Obs.: se tivesse sido especificado fck = 28 MPa, a
minadas nos Passos 1 a 7 são obtidas
resistência de dosagem poderia ser fcm = 28 + 1,65 S (distribuição normal das
assumindo-se que os agregados estão
resistências individuais e nível de significância de 95%, sendo S o desvio-padrão).
na condição de saturados – superfície
Passo 5 a/c = 0,57; a = 202 l/m3 de concreto → c = a / 0,57 → c = 202/0,57
seca. Assim, para as misturas experi-
→ c = 354,4 kg/m3 (354 kg de cimento por metro cúbico de concreto). Obs.: admitindo
mentais, dependendo da quantidade
o valor de 3,15 kg/l para a massa específica do cimento, e sendo v = m/γ , tem-se que
de água livre nos agregados, a água de
354 kg de cimento correspondem a 112,4 l de cimento
amassamento a ser adicionada deve
Passo 6 Uso de brita 1 e supondo areia média com módulo de finura = 2,80 → tabela 4
ser reduzida proporcionalmente e
→ 0,62 m3 de brita/m3 de concreto, ou 620 l de brita no estado solto/m3 de concreto. Obs.:
uma quantidade correspondente de
admitindo para a massa específica da rocha o valor de 2,6 kg/l e para a massa unitária da
agregados deve ser aumentada.
pedra britada o valor de 1,6 kg/l, tem-se em 1 m3 de concreto um volume efetivo de brita
Passo 9: Ajustes nas misturas experi-
correspondente a 381,5 l (Mbrita= 0,62 x 1,6 = 992 kg → Vrocha = 992 / 2,6 = 382 l)
mentais – Devido às hipóteses básicas
Passo 7 Desprezando-se o teor de ar aprisionado (2%) e tendo os consumos de cimento
expressas anteriormente nas conside-
(112,4 l), brita (382 l) e água (202 l), para inteirar 1 m3 de concreto (1.000 l) resta para a
rações teóricas, a proporção real dos
areia o seguinte volume: 1.000 - 112,4 - 382 - 202 → V(areia) = 303,6 l. Portanto,
materiais que serão efetivamente usa-
resultaria um traço em volume de 112,4 : 303,6 : 382 : 202 (cimento, areia, brita e água,
dos necessita ser confirmada e ajusta-
em litros). Obs.: considerando as massas específicas antes indicadas, o consumo de
da por misturas experimentais.
materiais em massa seria: 112,4 x 3,15: 303,6 x 2,6 : 382 x 2,6 : 202 x 1 (354,06 kg de
Fabiana da Rocha Cleto
cimento, 789,4 kg de areia, 993,2 kg de brita e 202 kg de água). Dividindo tudo por 112,4
Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
x 3,15, chega-se a um traço em massa de 1 : 2,23 : 2,80 : 0,57.
Construído)

21
carreira.qxd 4/4/2007 17:00 Page 22

CARREIRA

Gabriel Oliva Feitosa


Projetista de alguns dos mais famosos shoppings de São Paulo,
engenheiro construiu seu nome do zero
empre fui muito tímido". Assim ceiro ano colegial. "Dessa forma,
"S se define o projetista de estru-
turas Gabriel Oliva Feitosa. Mas quan-
aliviei minha mãe da dificuldade de
bancar meus estudos", completa. Veio
do se fala de suas obras, não há espaço a fase de vestibular e a definição de seu
para timidez. Feitosa foi o responsável futuro profissional. Mas Gabriel já es-
pelos projetos de alguns dos shoppings tava decidido sobre os rumos de sua
mais conhecidos de São Paulo: West carreira: seguiria os passos do pai, en-
Plaza, Jardim Sul, Paulista. Aos 80 genheiro civil do Departamento de
anos, é freqüentador assíduo há pelo Obras Públicas do Estado de São
menos quatro décadas da Divisão de Paulo. Prestou exame e foi estudar na
Marcelo Scandaroli

Estruturas do Instituto de Engenharia, Escola Politécnica da USP, onde cur-


da qual foi coordenador por 25 anos. sou o ciclo básico e se especializou em
Nascido em 1926, viveu a infância e Engenharia Civil.
a adolescência em uma chácara em Pouco antes de se formar, deu
Carapicuíba, a 25 km da cidade de São aulas particulares de reforço para
PERFIL
Paulo. Fazia parte de uma família alunos do colegial. "Os pagamentos
Gabriel Oliva Feitosa grande: pai, mãe e 12 irmãos – seis ajudavam a bancar os estudos", conta.
Idade: 80 anos homens e seis mulheres. Desses filhos,
Graduação: Engenharia Civil, em quatro tinham deficiência. Para dar Primeiros trabalhos
1952, pela Escola Politécnica da conta de tão numerosa prole, a mãe de Recém-formado, Feitosa especiali-
Universidade de São Paulo Feitosa se virava como podia. "Ela ofe- zou-se em cálculos estruturais, já que
Empresas em que trabalhou: recia grandes almoços e reunia pessoas não tinha capital inicial para realizar
Comissão de Construções Escolares que a ajudavam a trabalhar a pequena um empreendimento ou montar uma
da Prefeitura de São Paulo, Civil plantação que tínhamos no quintal. O construtora. "Com projetos, você usa
Tetra, Escritório Gabriel Oliva Feitosa; que colhia, ela vendia e custeava a edu- como capital apenas seu conhecimen-
Escritório Técnico Feitosa e Cruz cação dos filhos", lembra Feitosa. to". Juntou-se a mais três colegas de
Cargos exercidos: estagiário e, Um amigo da família, que leciona- turma e formou o escritório de proje-
depois, engenheiro na Prefeitura de va em uma escola do Estado, sugeriu a tos Civil Tetra.
São Paulo; sócio dos escritórios Civil Feitosa fazer uma prova para ingresso "A gente começou na base da ou-
Tetra, Gabriel Oliva Feitosa e na rede pública. "Todo ano surgiam sadia. Quando não tínhamos nome
Escritório Técnico Feitosa e Cruz vagas remanescentes nas escolas nenhum, relacionávamos uma série
públicas. Vagas de alunos que se mu- de empresas e fazíamos visitas. Às
davam ou repetiam de ano", conta. vezes, por simpatia, o cliente resolvia
Quando completou o primeiro ano fazer uma experiência conosco e nos
ginasial, fez uma prova e concorreu a dava algo para projetar", conta
uma das 11 vagas que surgiram Feitosa. Foi assim que bateram à porta
naquele ano. A segunda colocação do arquiteto Rubens Carneiro Viana e
garantiu seu lugar na escola pública, conseguiram alguns de seus primeiros
onde permaneceu até completar o ter- trabalhos. O mais importante desta

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1978 e 1982. Gabriel continuou na


área e montou um escritório com seu
Dez questões para Gabriel Oliva Feitosa nome. Mais tarde, esse escritório virou
1 Obras marcantes das quais USP; mas também a Escola de o Escritório Técnico Feitosa e Cruz,
participou: shopping Praia de Belas, Engenharia do Mackenzie. que existe até hoje em um prédio no
em Porto Alegre (RS); shopping West centro de São Paulo. "O escritório já foi
Plaza, Jardim Sul e Paulista, todos em 7 Conselho ao jovem profissional: o maior, com 500 m2, em outros locais
São Paulo. importante é exercer a profissão com da cidade. Mas passamos por um aper-
amor e com toda dedicação possível to financeiro e ele diminuiu".
2 Obra mais significativa da Mas de onde veio o "Cruz" do no-
engenharia brasileira: Ponte Rio- 8 Principal avanço tecnológico me do escritório, se o único dono é o
Niterói, construída no mar com águas recente: acredito que a protensão foi próprio Gabriel? Alberto Cruz foi um
muito profundas. um avanço muito grande. Em vez de antigo colega e sócio de Feitosa.
fazer a estrutura só com armaduras Apaixonado por armas de fogo, vivia
3 Realização profissional: ter passivas, entrou a protensão como com medo de ser assaltado. Nas horas
construído boas amizades durante um elemento adicional. Somos muito livres, ia ao clube de tiro para treinar.
todo o tempo em que coordenei a adeptos dessa idéia Ao amigo Gabriel, contava sobre um
Divisão de Estruturas, encarando os revólver velho, defeituoso, que tinha.
colegas sempre como amigos e não 9 Indicação de livro: a obra de Segundo Feitosa, Alberto era muito
como concorrentes Telêmaco van Langendonck, que é apegado à arma, e por isso não se des-
profundamente teórica; e "Novo fazia dela. Um dia, porém, Cruz a
4 Mestres:Augusto Carlos Curso Prático de Concreto Armado", manuseou de forma indevida e a arma
Vasconcelos, que, apesar de toda sua de Aderson Moreira da Rocha, que dá carregada disparou, acertando-o no
capacidade, não tem indícios de um tratamento o mais simples peito. Não houve tempo para socorro.
orgulho ou pretensão possível ao tema, para que o livro seja "Como era um colega fantástico, man-
uma ferramenta de uso diário tive o nome dele. Mas hoje não há mais
5 Por que escolheu ser nada de Cruz no escritório. Só a lem-
engenheiro: influência de meu pai, 10 Um mal da engenharia: algumas brança", explica.
que foi engenheiro do Departamento pessoas que vêem os colegas de Quando montou seu primeiro es-
de Obras Públicas do Estado de profissão como inimigos. Para mim, critório, Feitosa começou a freqüentar
São Paulo isso não acrescenta nada à profissão. também a recém-criada Divisão de
É o que costumamos trabalhar na Estruturas do Instituto de Engen-
6 Melhor instituição de ensino de Divisão de Estruturas – estimular o haria, em São Paulo. Lá, ficou muito
engenharia: Escola Politécnica da espírito de colaboração amigo do fundador da divisão, o en-
genheiro Roberto Rossi Zuccolo. "Por
algum motivo, ele adquiriu muita
fase inicial da carreira foi o Hotel Na- des", lembra o calculista. Ele aponta confiança em mim", conta. Alguns
cional, em Assunção, Paraguai, em esta obra como a que consolidou seu meses depois, Zuccolo indicou Feitosa
1954. A proposta de Viana havia sido a nome no mercado de projetistas es- para assumir a coordenação da di-
vencedora de um concurso interna- truturais. "Por ter sido fora do país, ela visão. Foi eleito por aclamação. "Eu
cional e, para a construção, o arquiteto teve grande repercussão". era recém-formado e tive que assumir
encomendou um projeto estrutural ao A empresa teve duração efêmera, e uma coisa da qual eu morria de medo!
escritório de Feitosa. "Na inauguração, os sócios – Luiz Altenfelder Silva, Ra- Afinal de contas, eu era um 'caipira' de
ganhamos as passagens e fomos ao fael de Souza Campos e Waldyr Muniz Carapicuíba", brinca Feitosa. O pro-
Paraguai. Fomos tratados como reis", Oliva –, seguiram caminhos distintos. jetista ficou na coordenação da di-
brinca. "Era uma obra audaciosa, com Waldyr, inclusive, tornou-se professor visão por 25 anos.
muitos balanços e vãos muito gran- da USP e reitor da universidade entre Renato Faria

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melhores praticas 121.qxd 4/4/2007 17:05 Page 24

MELHORES PRÁTICAS
Esquadrias de alumínio
Procedimentos simples, mas que exigem cuidado e atenção, são
essenciais para preservar a estanqueidade e garantir bom desempenho

Grapas
Com a função de manter o contramarco
no lugar correto de chumbar quando da
aplicação da argamassa, as grapas podem
ser apenas encaixadas no perfil e
pressionadas contra a parede. No entanto,
furar a alvenaria e inserir ferros auxiliares
Fotos: Marcelo Scandaroli

que permitam soldar as grapas diminui


bastante as possibilidades de
movimentação no momento de chumbar.

Alinhamento global
Para nivelar, utilize mangueira de contramarco em relação à parede e
pedreiro; para alinhar verticalmente, permitem corrigir eventuais distorções. A
prumo e comparação com a prumada em fixação no local correto deve ser feita com
arame do edifício. As taliscas, que devem travamentos de madeira, respeitando
prever a espessura da parede acabada, distanciamento mínimo de 30 mm em
determinam a profundidade do todas as laterais.

Aplicação de argamassa
Aplicada com colher de pedreiro, a deslocar o perfil ou até mesmo entortá-
argamassa deve preencher lo, o que é evitado com o uso de
completamente o interior do perfil em gabarito metálico durante o processo,
"U" do contramarco. Caso contrário, são retirado em seguida. Para verificar a
grandes as chances de ocorrerem presença de vazios, bater no perfil à
infiltrações. A força de aplicação pode procura de sons ocos.

24 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


melhores praticas 121.qxd 4/4/2007 17:05 Page 25

Impermeabilização Fixação de janela


e vedação Os furos do contramarco servem de
guia para furar a esquadria no
Já com o peitoril completamente limpo, momento da instalação. Parafusos
os cantos do contramarco devem ser auto-atarraxantes garantem a
preenchidos com silicone. Dependendo do junção precisa entre os elementos,
modelo da esquadria, uma espuma além da vedação, já que pressionam
adesiva deve ser aplicada no ponto de a janela contra a borracha adesiva.
contato entre os elementos. Quando do A fixação deve ser a última etapa,
aparafusamento, a pressão vai evitar que posterior à pintura do ambiente e
ocorram infiltrações de água, além de dos demais serviços, evitando
aumentar o isolamento acústico. danos e avarias.

Ajustes finos e
arremates
Após a fixação dos vidros, é necessário se
certificar de que o equipamento funciona
adequadamente. Assim, é importante
realizar os ajustes finos na fechadura e no
trilho. Ambos são realizados por meio de
parafusos de ajuste. Os arremates que
emolduram a esquadria são encaixados
nas presilhas presentes nos parafusos de
fixação da própria janela.

Nota: Devido ao longo período entre fixação do contramarco e instalação da janela, as fotos foram realizadas em duas obras diferentes,
mas com a mesma construtora e fornecedora de esquadrias.

Colaboração: engenheiros Nelson Kost e Fábio Gadioli, da Igê Esquadrias Metálicas, Afeal (Associação Nacional dos Fabricantes de
Esquadrias de Alumínio) e Hernandez Construtora.

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ENTREVISTA
Indústrias mais humanas
SIDONIO PORTO
Nascido em Patrocínio (MG), em
1940, formou-se arquiteto pela
Faculdade de Arquitetura da UFMG
(Universidade Federal de Minas
Gerais), em 1964. Em 1967, passou a
explorar a tecnologia do concreto
pré-moldado. A partir do projeto do
complexo rodoviário para a
Itapemirim, em 1979, voltou-se a
projetos maiores e mais complexos,
como conjuntos industriais, hotéis e
centros administrativos. Foi professor
na FAU-UFMG e na Escola
Panamericana de Arte, em São Paulo.

Marcelo Scandaroli
Dirigiu o IAB (Instituto dos
Arquitetos do Brasil), de Minas
Gerais, e foi Diretor e Conselheiro da
AsBEA (Associação Brasileira dos
Escritórios de Arquitetura), em São
e o bom projeto de arquitetura Para Porto, o sucesso do projeto
Paulo. Recebeu prêmios do IAB-SP e
da AsBEA. Em 2005, venceu o
S depende da eficiência na interpre-
tação de necessidades, o caminho se-
deve-se, além do entendimento das
atividades, à perfeita integração com
concurso nacional de Projetos de
guido pela arquitetura de indústrias os demais projetistas. Por isso, é im-
Arquitetura para a Sede da Petrobras,
foi o natural. As fábricas humani- portante que os arquitetos sejam gene-
em Vitória, no Espírito Santo.
zaram-se para oferecer melhores con- ralistas e abranjam todas as especifici-
dições aos operários e, principalmen- dades, mas com a preocupação sempre
te, para aumentar a produtividade e voltada para demandas de insolação,
também promover a imagem positiva ventilação e implantação, refletindo o
da empresa. De acordo com Sidonio conhecimento sobre a natureza e as ca-
Porto, seu estilo cresceu com a indus- racterísticas do local.
trialização da construção e ganhou Ainda que o projeto sustentável
força depois de projetos em que em- pareça ser a saída para integrar obra e
pregou peças industrializadas. Cita natureza, Porto afirma que não se deve
como exemplo a fábrica de compo- ter uma visão restrita da questão da
nentes eletrônicos da Flextronics, de- sustentabilidade. "A qualidade do es-
vido ao tamanho do projeto e à enor- paço vai mudar, mas não acredito que
me liberdade de que dispôs. "Pratica- surgirá uma nova estética com a utili-
mente criei uma nova linguagem", ex- zação de novos componentes e mate-
plica. A crítica fica por conta de clien- riais", aposta. A seguir, a íntegra da en-
tes que não entendem a proposta e trevista concedida em seu escritório,
priorizam o corte de custos. em São Paulo.

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Como funciona a integração do Falando em um programa industrial, mercado da China retirou os investi-
arquiteto com outros profissionais que envolva grande controle de mentos que faria no Brasil e a empre-
envolvidos na construção de uma prazos e custos da obra, o cliente sa decidiu parar por aí, por enquanto.
indústria? A equipe determina exatamente como quer Um dos prédios tem auditório, labo-
multidisciplinar aumenta cada espaço ou o arquiteto tem ratório e restaurante, projetados para
consideravelmente de tamanho? liberdade de propor? atender a todo o conjunto, e hoje
A interação com os projetistas de en- Depende do cliente, da obra e do proje- serve a apenas duas fábricas. Para de-
genharia é das mais intensas, mas to. Existem situações em que o profis- senvolver o projeto visitei fábricas da
esta proximidade também existe no sional tem mais liberdade para propor empresa nos EUA, México e Europa,
projeto de complexos de edifícios de novas maneiras de espacializar o pro- e busquei, por meio do entendimento
escritórios ou de hospitais. Recente- grama, e deve aproveitar este momen- do programa básico, uma nova lin-
mente, fiz o projeto para a sede da to para soltar a mão. E existem projetos guagem, que hoje é desenvolvida em
Petrobras em Vitória, que é um pro- mais restritos, aos quais o arquiteto de- projetos da empresa fora do Brasil.
jeto multidisciplinar, com espaços al- verá adequar sua criatividade a um or- Tive liberdade muito grande para
tamente complexos. No caso, interagi çamento apertado. É uma questão de propor e tudo foi aceito, principal-
muito com projetos complementares aproveitar muito bem quando há mente porque a empresa foi repre-
de engenharia. Em todo projeto maior liberdade para projetar com sentada pelo presidente para a Amé-
grande, com várias novidades, o ar- confiança, competência e criatividade. rica Latina, que gostava de arquitetu-
quiteto deve ser capaz de interagir ra, entendeu a proposta e teve poder
com os profissionais envolvidos. Por Foi este tipo de liberdade que para dizer sim, o que não é comum.
isso, digo que a especialidade do ar- experimentou no projeto da fábrica Algumas vezes, os arquitetos têm que
quiteto é ser generalista e abarcar de componentes eletrônicos lidar com representantes de empresas
todas as especificidades. Não poderá Flextronics, em Sorocaba? que desconhecem seu trabalho e só
ser especialista se quiser equacionar Esse projeto é um case. O planejamen- querem cortar custos.
grandes projetos, mas deve conhecer to inicial previa a construção de 13
a fundo as especificidades de cada edifícios em uma área de 750 mil m2, e Na Flextronics não se nota a estética
programa. não somente as três fábricas atuais. O do pré-moldado, muito difundido em
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ENTREVISTA

cas. A vedação também foi feita com

Divulgação
placas pré-fabricadas revestidas com
granito branco, em algumas fachadas,
ou pintura, no interior. Portanto, o em-
prego atual de pré-fabricados não mi-
nimiza o caráter inovador de um proje-
to, muito menos sua qualidade estética.

Os projetos industriais recentes


revelam um peso maior da
arquitetura dentro do planejamento
geral. Esta preocupação é puramente
estética?
Não se trata somente de uma questão
estética que visa à compreensão ar-
quitetônica do observador. Antes de
tudo, esta preocupação revela a busca
de um ambiente agradável para quem
Fábrica da Flextronics, em Sorocaba (SP): o emprego de pré-fabricados não cerceia o
trabalha no local. A humanização do
trabalho do arquiteto e aumenta a agilidade da obra
espaço industrial é um caminho sem
volta. No passado, a fábrica era quase
projetos industriais. Esses materiais trole da qualidade final. Além disso, um espaço de castigo e sofrimento.
são os mais recomendados para o possibilita ao arquiteto definir tama- Trabalhar em uma delas era desuma-
emprego na construção industrial? nhos e formatos das peças. Toda a es- no. Mas a nova visão da arquitetura
A industrialização da construção nos trutura da Flextronics é feita com pré- contemporânea trouxe para dentro da
forneceu racionalização, redução de moldados de concreto, que em alguns indústria espaços agradáveis e huma-
prazos, aumento dos vãos e maior con- espaços receberam estruturas metáli- nizados, com conforto térmico e
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ENTREVISTA

acústico, para no fim, como conse- de 1951, de Niemeyer, marcou a in- é claro. Existem soluções perfeitas
qüência, transmitir a quem passa na fância de muitos garotos que compra- para uma cobertura industrial,
rua, ao observador, uma imagem po- vam os biscoitos para verem estampa- mesmo sem grande apelo estético,
sitiva da empresa. da nas embalagens o desenho da fá- como as telhas tipo sanduíche, que re-
brica, com suas atrativas curvas. A boa fletem o calor e minimizam o baru-
Quando se acentuou esse cuidado arquitetura sempre deixa sua marca, lho, garantindo ambientes internos
com os projetos industriais? independente da época. com características térmicas e acústi-
Ainda na faculdade eu já pesquisava cas adequadas.
projetos industriais da Europa e Esta- Como fugir das tradicionais soluções
dos Unidos, pois demonstravam grosseiras e sem cuidado estético, A obtenção de ambientes mais
preocupação com a humanização dos comumente utilizadas em coberturas adequados passa pela aplicação de
espaços e estética arquitetônica. Em industriais? conceitos de sustentabilidade no
continuidade, iniciou-se o processo É sempre uma questão de reinterpre- projeto de arquitetura?
de industrialização da construção no tar necessidades. Posso usar uma Desde sempre, e não somente agora,
Brasil, que gerou demanda para a in- abertura zenital tipo shed, uma coisa com tecnologias voltadas à sustenta-
dústria e a arquitetura de maneira simples do século 19, de maneira con- bilidade, o ponto principal é o arqui-
geral. Conjuntos habitacionais, cen- temporânea. Foi assim com o projeto teto saber trabalhar com a natureza,
tros comerciais, galpões, escritórios, e da fábrica da Ipel, em Cajamar, em que tem elementos à sua disposição. O
até edifícios sofisticados se beneficia- São Paulo. Esta solução tradicional arquiteto não parte do nada, mas con-
ram com alguns dos processos de pré- trouxe um resultado excepcional de sidera dados fundamentais do terre-
fabricação. O projeto industrial mais entrada de luz pela face sul. Os gran- no, ventilação, insolação etc. Em um
apurado caminhou junto com um des sheds metálicos receberam vidros primeiro instante, adequar o projeto à
maior entendimento da industrializa- laminados para, em algumas horas do natureza não sai mais caro. Existem
ção da construção. No entanto, dia, as luzes serem apagadas. Com este soluções arquitetônicas de sombrea-
mesmo antes, já existiam exemplares cliente também tive grande liberdade, mento, que geram ambientes mais
de arquitetura industrial significati- embora com recursos muito meno- frescos. A consideração sobre a orien-
vos. A fábrica de biscoitos da Duchen, res, se comparados aos da Flextronics, tação do sol, sobre ventos dominan-
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E sobre a adoção de sistemas


específicos, ditos mais sustentáveis,
em um projeto de uma indústria. São
soluções que agregam um custo
extra?
Tudo o que se agrega à construção
tem custo. E nisto se incluem paredes
duplas, painéis isolantes, soluções al-
ternativas de captação de energia, sis-
temas para uso racional de água.
Eventualmente, é preciso adotar so-
luções de ecoeficiência, proteção
solar e captação de ventos que às
vezes geram custos, mas, se agregam
em determinado momento, devem
propiciar retorno a médio e longo
prazos. A co-geração de energia é um
desses sistemas considerados dispen-
diosos na instalação, mas extrema-
Nem só de tecnologias se beneficia a sustentabilidade. Implantação correta no
mentes necessários no futuro energé-
terreno, por exemplo, permite regular temperatura e iluminação
tico da indústria.

tes, sobre a proximidade e interferên- dência solar em um local de muita A sustentabilidade não se limita ao
cia dos prédios vizinhos são conceitos mão-de-obra, de trabalho produtivo caráter dos sistemas empregados,
fundamentais na utilização de um intenso, que gera muito calor. Isto é mas passa pela proximidade de
prédio. A orientação correta de edifi- básico em arquitetura, e em todos os produção dos materiais empregados
cação industrial permite a pouca inci- tipos de projeto. e da preocupação social com o
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ENTREVISTA

entorno da obra. O arquiteto Com tantos exemplos de construções e se for adequado ao local e à obra,
brasileiro consegue abarcar sustentáveis no mundo, e mesmo vou preferi-lo. A tendência principal é
tantas questões? no Brasil, é possível afirmar que a busca da ecoeficiência e sustentabili-
A nomenclatura vem crescendo, mas a sustentabilidade é uma dade, pelo menos em discurso. Como
estas questões sempre existiram para tendência irreversível? isto vai ser traduzido em termos ar-
o profissional com visão holística. O progresso é imponderável. No bojo quitetônicos, cada um terá sua forma.
Não se pode ter uma visão estreita da da evolução creio que tudo pode
questão da sustentabilidade. Eu mudar, mas o básico em arquitetura Devido ao número de projetos
mesmo já usei tijolo à vista em uma continua, que é o modo de projetar industriais que já desenvolveu,
obra porque havia produção local. adequado ao ser humano e à natureza. podemos dizer que se tornou
Quando projetei a fabrica da Gessy A evolução dos materiais também não especialista no assunto. O senhor
Lever, em Recife, tive restrições de or- é tão rápida e ainda utilizamos o tijo- acredita na especialização em
çamento pois a fábrica iria produzir lo, que tem dois mil anos. A arquite- arquitetura?
sabão popular, com tecnologia de tura olha para a frente em busca de Os projetos industriais são muito es-
produção muito barata. Então, saí maior adequação ao clima e às neces- pecíficos e complexos e o profissional
atrás de produção de matéria-prima sidades locais. Por conta disto, a quali- precisa de vivência e experiência para
local e encontrei uma fábrica “que- dade do espaço vai mudar, mas não realizá-los. Mas não diria que o arqui-
brada” de pré-moldados na Paraíba. acredito que surgirá uma nova estéti- teto, que ao meu ver deve ser um ge-
Negociamos com os proprietários, ca com a aplicação de componentes e neralista, deva se ater a uma ou outra
compramos os equipamentos e leva- materiais mais sustentáveis.Vamos ter especialidade, principalmente no Bra-
mos para a obra, onde treinamos a atitudes de projeto mais eficientes, sil que é um mercado mais difícil. No
mão-de-obra e produzimos o que não só no desempenho ao longo da entanto, acredito que podemos ser ge-
precisávamos. Além disso, aproveitei vida útil, mas também com relação a neralistas desde que conheçamos a
todo o coqueiral existente para criar materiais que tenham metodologias fundo cada tema desenvolvido, pois
alamedas nas ruas internas. A fábrica de gestão mais ecológicas. Se daqui cada projeto traz um universo total-
está absolutamente integrada à geo- para a frente eu tiver um painel de ve- mente diferente.
grafia local e adequada ao terreno. dação com produtos mais renováveis, Simone Sayegh
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REÚSO DE ÁGUA

A microfiltração (à esquerda) e o
sistema de aproveitamento de águas
pluviais são dois dos inúmeros
processos que a indústria vem adotando
para a reciclagem de água
Fotos: Marcelo Scandaroli

Opções racionais
Custos, legislações restritivas e pressões sociais
devem aumentar reúso de água nas indústrias.
Conheça as tecnologias disponíveis

crescente demanda por água São elas: evaporação, deionização,


A doce, assim como as previsões
alarmantes que apontam para uma fu-
Implantação
Segundo o professor Ivanildo
Hespanhol, diretor do Cirra (Cen-
eletrodiálise e eletrodeionização,
nanofiltração, osmose reversa, car-
tura escassez mundial deste recurso, tro Internacional de Referência em vão ativado, desinfecção com radia-
tem feito do reúso planejado um tema Reúso de Água), em alguns casos o ção ultravioleta, filtração em meio
de importância fundamental nas in- retorno do investimento em siste- granular ou poroso, microfiltração,
dústrias. "A água vai se tornar um ele- mas de reúso pode ocorrer em pou- ultrafiltração, oxidação ou redução
mento estratégico para os negócios", cos meses, pois o custo da água no química, abrandamento, coagula-
sentencia Marco Antonio Barbieri, di- Brasil é considerado muito alto. ção, floculação, sedimentação e
retor do Departamento de Meio Am- Para ele, todos os sistemas podem aproveitamento de águas pluviais.
biente da Fiesp (Federação das Indús- ser eficientes. No entanto, como têm Uma das novidades tecnológicas é o
trias do Estado de São Paulo). características bastante específicas, sistema eletroquímico fotoassistido,
Para Barbieri, as pressões de cus- é difícil compará-los, o que pode também conhecido por fotoeletro-
tos da água, somadas às legislações levar à aplicação incorreta. "Este químico, realizado em reatores mo-
cada vez mais restritivas e às pressões risco tem afastado muitas empresas dulares compostos por dois eletro-
sociais em todo o mundo, exigem in- da reciclagem da água. A falta desses dos, placas metálicas de titânio re-
dústrias centradas no desenvolvimen- parâmetros impede também a apro- vestidas de óxidos condutores.
to sustentado. O resultado é o interes- vação de uma legislação para regu- Sobre um deles incide a radiação ul-
se crescente do setor no tratamento de lar o reúso", diz. travioleta. Dentro do reator, os po-
efluentes para reúso. No entanto, para Existem diversas formas de se luentes orgânicos passam pela su-
Anícia Pio, também do Departamen- tratar e reutilizar recursos hídricos perfície dos eletrodos e sofrem oxi-
to de Meio Ambiente da Fiesp, os pro- industriais que, na prática, podem dação, transformando-se em dióxi-
jetos desse tipo ainda são despropor- ser empregados novamente na in- do de carbono e água. Os organis-
cionais à seriedade do problema. "Os dústria para refrigeração, alimenta- mos patogênicos tornam-se inativos
principais motivos parecem ser a ine- ção de caldeiras, água de processa- e os compostos inorgânicos, basica-
xistência de legislação pertinente e a mento, limpeza de maquinários, la- mente metais pesados, ficam depo-
falta de conhecimento e divulgação vagem de pátios, irrigação de plan- sitados no eletrodo.
das tecnologias", aponta. tas e bacia sanitária, entre outros. Dulce Rosell

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SPAIPA

Protensão recorde
Construtora executa piso protendido para área de expedição de fábrica
de refrigerantes. Placa de 4.687,5 m2, sem juntas, é o recorde brasileiro
em pisos desse tipo

Marcelo Scandaroli

Spaipa, fabricante de refrigerantes açúcar e depósito de rolhas; sala de


A que atua no oeste do Estado de
São Paulo e no Paraná, contratou a
compressores de ar, reservatórios de
águas de chuva e uma nova portaria; e
RESUMO
Obra: Ampliação de fábrica
Emisa Plaenge Engenharia para reali- a pavimentação e execução de jardins,
de Refrigerantes
zar as obras de ampliação de sua uni- estacionamentos e pátios nos fundos
Cliente: Spaipa
dade industrial de Marília, a 450 km da do terreno da fábrica. A construtora
Execução: Emisa Plaenge
capital. O serviço compreendia a cons- tinha oito meses para concluir as
Localização: Marília (SP)
trução de um pavilhão de estoque e obras, prazo apertado que exigiu dos
Área construída: 118 mil m2
um pátio de manobras de caminhões; engenheiros soluções técnicas para
uma área de almoxarifado, depósito de execução rápida das instalações.

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Para atender ao cronograma esti-


pulado pelo cliente, a Emisa não hesi-
tou em empregar sistemas construti-
vos industrializados nas novas áreas
da fábrica, como estruturas pré-fabri-
cadas de concreto e coberturas metá-
licas. Mas a execução do piso indus-
trial exigia moldagem e concretagem
in loco, o que poderia lhe custar um
tempo precioso. Ainda mais quando
se trata de uma área de 13.125 m2 e o Concreteira disponibilizou três bombas (duas reservas) e 15 caminhões-betoneira
cronograma está ameaçado pela esta- unicamente para execução do piso recorde.
ção de chuvas de final de ano. O desa-
fio estava lançado, e os construtores
precisaram ousar. Em menos de três
meses, concretaram duas megaplacas
de piso industrial protendido: a pri-
meira, de 3.200 m2; a segunda, ainda
maior, de 4.687,5m2, ambas sem jun-
tas. Outras três células, menores,
completavam a área total (duas iguais,
de 1.875m2, e uma de 1.487,5m2).
Na placa maior, a concretagem
durou pouco mais de 14 h ininterrup-
tas. Segundo o engenheiro responsá-
vel pela obra, José Aparecido Oliveira,

Fotos: divulgação/Emisa Plaenge


da Emisa, isso só foi possível após a
avaliação da capacidade de forneci-
mento das concreteiras da região de
Marília. "Precisaríamos de camin-
hões-betoneira descarregando a cada
oito minutos", explica Oliveira. Isso
Opção por placas grandes atenderam à exigência da Spaipa: em 13.125m2 de piso,
daria conta dos mais de 700 m3 de
apenas 292,5 metros lineares de juntas
concreto que a execução exigiria. For-
mavam-se filas de caminhões para
descarregar o concreto. Tudo planeja- abastecimento na obra, durante a con- execução do piso protendido e com
do, para garantir a folga no forneci- cretagem do piso. A execução exigia duas camadas de telas soldadas – uma
mento. "Se a betoneira seguinte de- cerca de 50 m3 de concreto por hora, inferior e outra superior. Antes do iní-
morasse a chegar, tínhamos tempo de mas os construtores escolheram uma cio das concretagens, no entanto, a
ligar na concreteira e cobrar a sua lo- central com capacidade de forneci- empresa que executaria o serviço de-
calização", conta o engenheiro. mento de 60 m3 por hora. Além dela, clarou a impossibilidade de uso das
A empresa que forneceu o concre- outra concreteira, menor, que conse- telas. "A máquina niveladora arrasta-
to à obra disponibilizou exclusiva- guia fornecer mais 25 m3/h, estava de ria as malhas superiores, e isso certa-
mente 15 caminhões-betoneira e três prontidão para atender a quaisquer mente atrasaria o cronograma da
bombas de lançamento. Foram reali- demandas urgentes da Emisa. obra", explica Oliveira. O engenheiro
zadas 115 viagens ao todo. A constru- Antônio de Oliveira Fernandes Tei-
tora procurava uma fornecedora que Alteração de rumo xeira, diretor da Fernandes Engenha-
atendesse com folga à necessidade de Originalmente, o projeto previa a ria, empresa que prestou consultoria

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SPAIPA

lhosa, a execução deveria ser feita em seria um inconveniente bastante rele-


quadrantes pequenos, de três ou qua- vante para um produtor de refrige-
tro metros de lado, com nivelamento rantes que abastece grande parte do
manual. Pelas estimativas de Oliveira, mercado da região do Oeste Paulista.
com armaduras passivas, a área de
4.687 m2 só ficaria pronta em dez dias. Concretagem noturna
Divulgação/Emisa Plaenge

A alternativa adotada pela construto- Experiência pioneira da Plaenge, a


ra foi a execução do piso protendido e concretagem das duas megaplacas
concretagem ininterrupta das placas, exigia alguns cuidados dos engenhei-
com nivelamento automático a laser e ros. Com essas dimensões, se a con-
duas Laser Screed. cretagem fosse feita diretamente sob a
Utilização de telas soldadas tornaria
Para realizar o acompanhamento ação do Sol, a possibilidade de que
inexeqüível o trabalho das duas laser
tecnológico do concreto, a construto- surgissem fissuras e patologias duran-
screed, máquinas niveladoras com
ra instalou um laboratório de ensaios te a execução seriam maiores. Não
precisão a laser
dentro da fábrica, próximo ao piso. por acaso, ambas foram executadas,
"Como nós tiramos a tela, houve a com sucesso, juntamente com uma
na execução do piso, conta que, pelo preocupação com o surgimento de placa menor de 1.487m2, sob a prote-
histórico de obras em que já havia tra- possíveis fissuras", conta Oliveira. ção da cobertura metálica da área de
balhado, a utilização de telas soldadas Antes da concretagem definitiva, estocagem. Ao concreto ainda foram
era desnecessária em placas de piso foram feitos testes em um pequeno adicionadas fibras de náilon para re-
protendido. "A função das telas solda- anexo, de 700 m2 de área, onde se ana- duzir as tensões que pudessem causar
das é trabalhar durante a retração do lisavam características como o tempo microfissuras nas primeiras horas
concreto, quando ele já está endureci- de pega inicial ou o tempo em que se após a concretagem, durante o endu-
do. Porém, os cálculos de protensão já alcançavam resistências mínimas à recimento da mistura.
levam em consideração estes esfor- compressão. No entanto, do lado de fora da fá-
ços", explica. Um novo projeto, então, Um pedido feito pela Spaipa à brica, no pátio de manobra de cami-
foi elaborado e os trabalhos começa- Emisa era que os pisos tivessem a nhões, ainda havia duas placas de
ram dentro do prazo. menor quantidade possível de juntas. 1.875m2 que também precisavam ser
Como comparação, Oliveira ex- Segundo Oliveira, a região das juntas produzidas. A solução encontrada
plica a diferença entre tempos de exe- está sujeita a esforços de atrito maio- pelos engenheiros da Emisa para
cução das placas com protensão e res, gerando desgastes em função da "fugir" dos efeitos da exposição ao sol
com armaduras passivas. Um levanta- movimentação das placas. Quanto foi realizar a concretagem à noite. Para
mento feito pela Plaenge revelou que menos juntas o piso tivesse, menos in- cada uma delas os serviços se iniciaram
a empresa que conseguiria maior pro- tervenções corretivas eram necessá- às 18h e duraram seis horas. Toda a ex-
dutividade no sistema convencional rias no longo prazo. A interrupção ou tensão do piso possui 15 cm de espes-
era capaz de executar no máximo a redução das atividades na área de es- sura e foi dimensionada para suportar
1.200 m2 de piso por dia. Mais traba- tocagem, para manutenção do piso, 5 toneladas por metro quadrado.

Vibrações neutralizadas
Os compressores de ar da fábrica
são equipamentos que vibram muito
durante seu funcionamento. Para
que as forças resultantes de seu
trabalho não afetassem o Amortecimento
desempenho do piso, a Emisa das vibrações
construiu uma base independente
para as máquinas, com fundações
próprias. Não há contato direto entre Base
o piso e a base elevada – o espaço é independente
preenchido por uma resina
Marcelo Scandaroli

emborrachada, que amortece a


vibração e evita a transmissão de Fundações
esforços entre os elementos. próprias

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Mudanças na planta
Antes da ampliação, a área construída
da Spaipa tinha 8 mil m2. A prefeitura,
proprietária da área nos fundos da
fábrica, concedeu à indústria mais
23 mil m2 de terreno. Parte dessa área
foi aproveitada para a instalação de
Ampliação implicaria aumento de tráfego de caminhões na antiga portaria, na
novos equipamentos de infra-estrutura.
margem da SP-294. O DER vetou sua utilização, e uma nova portaria teve de ser
O terreno não era muito irregular,
construída nos fundos do terreno
segundo José Aparecido Oliveira, da
Emisa, mas o volume de terra
movimentado não foi tão pequeno – ampliação, entretanto, acompanharia
cerca de 160 mil m3. O solo era argiloso também o aumento do tráfego de
e, na sub-base das regiões caminhões na entrada da Spaipa e a
pavimentadas do interior da fábrica pista não daria conta da demanda.

Fotos: Marcelo Scandaroli


(estacionamentos e ruas internas) foi Além disso, a fábrica se encontra em
utilizado solo-cimento. um trecho reto de alta velocidade da
A construção implicou mudanças no rodovia. Por questões de segurança,
layout da fábrica, com a realocação da portanto, o DER (Departamento de
portaria principal. O terreno está Estradas de Rodagem) vetou a
localizado na margem da rodovia SP- utilização da antiga portaria, que foi
294, na pista sentido Bauru. Antes da instalada no terreno dos fundos da
ampliação, os caminhões entravam e fábrica. Os caminhões, então,
saíam da unidade por meio de uma passaram a seguir mais 500 m até o
portaria que ficava de frente para a retorno seguinte da rodovia. De lá, saía
rodovia. Os veículos entravam em uma uma rua até a nova entrada da Spaipa.
pequena pista de desaceleração, que A prefeitura ficou responsável pela
acabava na entrada da fábrica. À pavimentação da via.

Todos os elementos estruturais recebe a água não utilizada no pro- ca recebeu um reservatório de cerca
utilizados na fábrica eram pré-fa- cesso industrial. Antes de ser entre- de 1.500 m3, suficientes para abaste-
bricados com concreto armado. gue ao sistema público de coleta, os cer a unidade por até três dias, em
Com a unidade em pleno funciona- efluentes passam por um pequeno caso de falta d'água. O reservatório
mento, os engenheiros não pode- reservatório cheio de peixes, que elevado foi construído com fôrmas
riam se estender muito no processo atestam a qualidade da água. deslizantes e tem 40 m de altura e 7,1
de execução desta etapa da obra. Para a água potável que será m de diâmetro.
Para atender ao cronograma, a usada na linha de produção, a fábri- Renato Faria
Emisa trazia de Londrina – cidade
do norte do Paraná, a 200 km de
Marília – todos os elementos estru-
FORNECEDORES
turais (pilares e lajes) prontos para
a montagem. Uma empresa de Ma- Ancoragem: Dumetal; asfalto: (execução): Construtora Yamashita;
rília forneceu a estrutura metálica Maripav; blocos: Yamashita piso industrial (execução): EP;
da cobertura dos pavilhões. Artefatos de cimento; cabos Engenharia de Pisos; piso industrial
Uma das últimas etapas da obra elétricos: Guaçu Cabos; concreto: (consultoria): Fernandes
envolveu a construção de um sistema Cimpor; espaçadores plásticos: Engenharia; pisos intertravados: San
de captação de águas pluviais, in- Coplas; esquadrias Metálicas: Carlo; postes metálicos: NP Postes;
cluindo um reservatório de 300 m3. A Esquamar; estacas pré-moldadas: resina para concreto: Fitesa; telhas
água seria aproveitada para fins não- Soenvil; estruturas pré-moldadas: metálicas: Regional Telhas;
potáveis, como lavagem de cami- Plenart Pré-Moldados; estrutura terraplenagem: Terraplenagem
nhões, de pisos e uso nos jardins. Metálica: Estrutura Metálica Brasil; Trevo; tubos PVC: Tigre; veneziana:
Junto ao reservatório há uma Esta- forros de PVC: Divimar; luminárias: Gradilux Fixadores: Hard Indústria e
ção de Tratamento de Efluentes, que Philips, Sulpremix; muros e calçadas Comércio Ltda.

39
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Mudanças na planta
Antes da ampliação, a área construída
da Spaipa tinha 8 mil m2. A prefeitura,
proprietária da área nos fundos da
fábrica, concedeu à indústria mais
23 mil m2 de terreno. Parte dessa área
foi aproveitada para a instalação de
Ampliação implicaria aumento de tráfego de caminhões na antiga portaria, na
novos equipamentos de infra-estrutura.
margem da SP-294. O DER vetou sua utilização, e uma nova portaria teve de ser
O terreno não era muito irregular,
construída nos fundos do terreno
segundo José Aparecido Oliveira, da
Emisa, mas o volume de terra
movimentado não foi tão pequeno – ampliação, entretanto, acompanharia
cerca de 160 mil m3. O solo era argiloso também o aumento do tráfego de
e, na sub-base das regiões caminhões na entrada da Spaipa e a
pavimentadas do interior da fábrica pista não daria conta da demanda.

Fotos: Marcelo Scandaroli


(estacionamentos e ruas internas) foi Além disso, a fábrica se encontra em
utilizado solo-cimento. um trecho reto de alta velocidade da
A construção implicou mudanças no rodovia. Por questões de segurança,
layout da fábrica, com a realocação da portanto, o DER (Departamento de
portaria principal. O terreno está Estradas de Rodagem) vetou a
Ceagesp Antiga portaria
localizado na margem da rodovia SP- utilização da antiga portaria, que foi
Rodoviária
294, na pista sentido Bauru. Antes da instalada no terreno dos fundos da Bauru
ampliação, os caminhões entravam e fábrica. Os caminhões, então,
SP-294 Nova portaria

i Clube
saíam da unidade por meio de uma passaram a seguir mais 500 m até o
Fábrica Spaipa
portaria que ficava de frente para a retorno seguinte da rodovia. De lá, saía

BR-153
Av. Jóque
rodovia. Os veículos entravam em uma uma rua até a nova entrada da Spaipa.
pequena pista de desaceleração, que A prefeitura ficou responsável pela
acabava na entrada da fábrica. À pavimentação da via.

Todos os elementos estruturais recebe a água não utilizada no pro- ca recebeu um reservatório de cerca
utilizados na fábrica eram pré-fa- cesso industrial. Antes de ser entre- de 1.500 m3, suficientes para abaste-
bricados com concreto armado. gue ao sistema público de coleta, os cer a unidade por até três dias, em
Com a unidade em pleno funciona- efluentes passam por um pequeno caso de falta d'água. O reservatório
mento, os engenheiros não pode- reservatório cheio de peixes, que elevado foi construído com fôrmas
riam se estender muito no processo atestam a qualidade da água. deslizantes e tem 40 m de altura e 7,1
de execução desta etapa da obra. Para a água potável que será m de diâmetro.
Para atender ao cronograma, a usada na linha de produção, a fábri- Renato Faria
Emisa trazia de Londrina – cidade
do norte do Paraná, a 200 km de
Marília – todos os elementos estru-
FORNECEDORES
turais (pilares e lajes) prontos para
a montagem. Uma empresa de Ma- Ancoragem: Dumetal; asfalto: (execução): Construtora Yamashita;
rília forneceu a estrutura metálica Maripav; blocos: Yamashita piso industrial (execução): EP;
da cobertura dos pavilhões. Artefatos de cimento; cabos Engenharia de Pisos; piso industrial
Uma das últimas etapas da obra elétricos: Guaçu Cabos; concreto: (consultoria): Fernandes
envolveu a construção de um sistema Cimpor; espaçadores plásticos: Engenharia; pisos intertravados: San
de captação de águas pluviais, in- Coplas; esquadrias Metálicas: Carlo; postes metálicos: NP Postes;
cluindo um reservatório de 300 m3. A Esquamar; estacas pré-moldadas: resina para concreto: Fitesa; telhas
água seria aproveitada para fins não- Soenvil; estruturas pré-moldadas: metálicas: Regional Telhas;
potáveis, como lavagem de cami- Plenart Pré-Moldados; estrutura terraplenagem: Terraplenagem
nhões, de pisos e uso nos jardins. Metálica: Estrutura Metálica Brasil; Trevo; tubos PVC: Tigre; veneziana:
Junto ao reservatório há uma Esta- forros de PVC: Divimar; luminárias: Gradilux Fixadores: Hard Indústria e
ção de Tratamento de Efluentes, que Philips, Sulpremix; muros e calçadas Comércio Ltda.

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JOHN DEERE

Planta flexível
Novos conceitos de operação industrial e elevados padrões de qualidade
pautaram projeto e gerenciamento da obra da fábrica de tratores

RESUMO
Obra: Fábrica de tratores da
John Deere
Execução: Hochtief do Brasil e
Marco Projetos e Construções
Localização: Pólo Petroquímico,
em Montenegro (RS)
Área construída: fábrica –
52.6 mil m2; prédio
administrativo – 3.865,36 m²
Área de depósito: 5.042 m2
Área de jardim: 317 mil m2
Pavimentos: concreto – 12.472 m²;
asfáltico – 78.990 m²
Terreno: total – 957.486,99 m²;
preservação ambiental –
Fotos: Marcelo Scandaroli

391.100,00 m2; ocupado –


566.386,99 m2
Volume de concreto: 19.880 m3
Quantidade de aço utilizada:
concreto armado – 690 t; fibra
para piso – 191 t; estruturas
metálicas – 2.430 t
ão logo seja concluída a fábrica da dustriais, reservatórios de água, casa
T John Deere, em Montenegro, no
Rio Grande do Sul, cerca de 40 tratores
de bombas e central de água gelada,
foram instaladas longe do edifício da
Isolamento térmico: 63.904 m2
Painéis de fachada: 16.754 m2
Alimentação elétrica: 13,8 kV
produzidos pela multinacional ganha- fábrica para viabilizar a expansão.
Carga instalada normal: 14 mil kVA
rão os campos brasileiros a cada dia. O terreno onde está instalada a
Área de piso: 41.472 m2
Trabalhando com o conceito on de- multinacional tem 957 mil m2, dos
Espessura do piso: estoques –
mand, ou seja, praticamente sem esto- quais 41% (391 mil m2) configuram
16 cm; produção – 15 cm
que, a indústria conta com a previsão área de proteção ambiental e não
Resistência do piso de concreto:
de ampliar a produção para até o podem ser ocupados. Os outros 966
fctMk de 4,2 MPa
dobro desse número. Neste caso, o mil m2 foram desmatados, terraplena-
Capacidade de operação: 40
atual formato retangular da planta ga- dos e receberam a infra-estrutura ne-
tratores agrícolas por dia
nharia um nicho a mais no compri- cessária para a fabricação de tratores
mento e braços transversais, transfor- agrícolas. A fábrica em si contabiliza
mando-se em um grande "T". As utili- área construída de 52,6 mil m2. Alguns
dades, como tanques de GLP (Gás Li- equipamentos auxiliares serão instala-
qüefeito de Petróleo), de fluidos in- dos externamente, na periferia da

40 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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Reforço aéreo
Se um dos princípios do projeto da fábrica extrapolam os exigidos em norma. Isso
é a flexibilidade, não faria sentido amarrar porque, em caso de sinistro, o seguro
o layout à fixação de ferramentas no chão. cobre materiais e também prejuízos
Sendo assim, a estrutura metálica para decorrentes de paralisações. Com decisões
fixação aérea foi reforçada para que os técnicas pautadas em padrões americanos,
instrumentos fossem suspensos e houve dificuldades no gerenciamento do
qualquer alteração fosse mais prática. As empreendimento, na escolha de mão-de-
pontes rolantes, que demandariam cerca obra capacitada e na compra de materiais
de 12 pilares cada, também são suspensas. por meio de contratos de fornecimento
Pelo mesmo motivo, nenhuma instalação mundial. "Foi difícil conciliar a cultura e os
hidráulica ou elétrica foi disposta sob o padrões, visto que, para atender a todas as
piso. Enquanto a rede de esgoto corre por especificações, tivemos que recorrer à

Fotos: Marcelo Scandaroli


fora, a de água e a elétrica são aéreas. importação", comenta Giaretta.
Na cobertura foi adotado um sistema da Outra diferença cultural foi encontrada na
Firestone Building Products, que mantém adoção do comissionamento, modelo de
contrato mundial com a John Deere e contrato comum nos Estados Unidos, mas
também atende aos requisitos da praticamente desconhecido no Brasil.
seguradora. Trata-se do steel deck, com Nesses moldes, a construtora deve Se nenhum projeto é definitivo, melhor
isolamento térmico e manta TPO realizar uma série de ensaios durante e possibilitar que ferramentas e
(termoplástico poliolefínico), branca, após a execução dos serviços, além de instalações sejam facilmente
reflexiva, ancorada e soldada. Fica entregar toda a documentação técnica reposicionadas. Para tanto, foi
exposta, mas conta com garantia de 15 dos equipamentos e instalações, necessário reforçar a estrutura metálica,
anos da fabricante. incluindo manuais de operação, evitando a existência de pilares extras
Alguns desses critérios, inclusive, treinamento e manutenção. para as pontes rolantes

planta. Outros 5.042 m2 anexos a essa 12.472 m2 de pavimento de concreto,


grande nave são ocupados pelo edifício 78.990 m2 de pavimento asfáltico, 317
de pintura, um ambiente ainda mais mil m2 de grama e mais de 5 mil m2 de
pressurizado que o restante da fábrica, área de depósito em pedrisco.
para expulsão de partículas em sus-
pensão, e sistema de ultrafiltragem pa- Piso tecnológico
ra resíduos sólidos. Via de regra, o maior desafio de
A expedição da produção ocorrerá obras industriais é o piso, que deve ser
em edifício de 4.288 m2, em pavimen- resistente o suficiente para suportar
to único ao nível do solo, onde será cargas elevadas. Nesta obra não foi di-
realizado o acabamento do produto e ferente, devido às cargas estáticas de
a preparação para embarque. Além do até 7 t/m2, prateleiras e porta-paletes
edifício de escritórios, com 3.865 m2 de 6 t, empilhadeiras de 6 t por eixo e
em pavimento único, o restante da Com pressão maior que a do restante veículos de 16 t.
área construída é compreendido por da planta, para evitar a invasão de O desafio da execução do piso
depósito de rejeitos – onde ocorrerá o partículas, a sala de pintura conta ficou ainda maior devido a um detalhe
tratamento de esgotos e o armazena- com sistema de coleta de resíduos de técnico. Em vez de utilizar linhas de
mento e processamento de rejeitos –, tinta e sistema de ultrafiltragem para produção baseadas em esteiras, a mul-
edifício de utilidades, portarias e siste- a água descartada. Nesse ponto, as tinacional usará AGVs (Automated
ma viário. Este último composto por ferramentas se apóiam no chão Guided Vehicles, ou Veículos Orientá-

41
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JOHN DEERE

Ambiente protegido
Por estar em uma área de preservação Dois lagos artificiais foram criados. Um,
ambiental, a fábrica de tratores foi com 11,2 mil m2, para substituir uma
obrigada a respeitar algumas lâmina d'água existente no local onde
determinações da Fepam (Fundação hoje está a fábrica. Este deve sempre
Estadual de Proteção Ambiental preservar determinado nível de água,
Henrique Luís Roessler). Além de não permitindo o uso pelos animais da
poder ocupar 41% do terreno – e ter de região. O outro, uma bacia de 9,1 mil m2

Fotos: Marcelo Scandaroli


cercá-lo e cuidar dele – o grupo teve de de lado, retém a água da chuva.
replantar todas as árvores nativas Durante a operação, uma área de resíduos
removidas da seção ocupada. irá receber, armazenar, processar e
De acordo com Hélio Gregory Giaretta destinar adequadamente detritos
Júnior, engenheiro da John Deere, entre resultantes da produção. A borra da tinta,
replantios e novas plantas – para efeito de por exemplo, será recolhida, armazenada Na área externa, o plantio das árvores
compensação ambiental – 30 mil mudas em tonéis e uma empresa terceirizada obedeceu à modulação de um eventual
foram plantadas. Por determinação da ficará responsável pela descaracterização. futuro estacionamento. Os fechamentos,
Fepam, a Jonh Deere fica responsável por O esgoto biológico será totalmente por motivos arquitetônicos, são
manter essas árvores por um período de tratado, com reaproveitamento de uma compostos por blocos de concreto e
quatro anos. parte para irrigar áreas ajardinadas. painéis metálicos

veis Mecanizados). Esses veículos freqüência seja limpo. Por isso, o piso lizar fibra de aço."Inicialmente aumen-
fazem parte de um moderno conceito precisou de uma solução diferenciada, tei a espessura da placa, mas essa solu-
de linha de produção conhecido como para que as armaduras não causassem ção se mostrou antieconômica", expli-
sistema flexível de fabricação.Baseados as indesejadas interferências. "Foi o ca Públio Penna Firme Rodrigues, da
em sinais de radiofreqüência emitidos grande desafio da obra, com algumas LPE Engenharia e Consultoria, enge-
por cabos dispostos no piso, os equipa- mudanças de layout e incrementos de nheiro responsável pelo projeto do
mentos rebocam produtos de um carga no meio do projeto", lembra o piso.A fibra de aço, portanto, foi adota-
ponto a outro para dar seguimento ao diretor de negócios da Hochtief, Plínio da. O motivo: apesar de também ser
processo produtivo. Autônomos, esco- Michalski Ramos. metálica, a fibra de aço não causa inter-
lhem o melhor caminho para realizar As soluções possíveis para o impas- ferências nos AGVs por ser um elemen-
as tarefas, baseando-se, justamente, se eram três: ter uma quantidade redu- to disperso, não contínuo. Logo, não há
por tais cabos ou fios indutivos. Extre- zida de armaduras ou eliminá-las; au- corrente para transmitir o sinal emitido
mamente precisos, a margem de erro mentar o cobrimento de modo que a pelos cabos dispostos no piso.
admitida para o percurso é de uma po- superfície do piso ficasse suficiente- Um dos efeitos colaterais positivos
legada, exigindo que o sinal de radio- mente distante do aço ou, por fim, uti- do uso das fibras foi o incremento na

Exigências da seguradora, superiores às


das normas, e um contrato mundial com
Um dos entraves mais comuns para a ampliação de fábricas é a impossibilidade de a Firestone levaram à adoção do sistema
deslocar a central de utilidades, normalmente próxima ao prédio. Por isso, em de cobertura em steel deck e com manta
Montenegro o edifício que as abriga fica distante e fora da rota de ampliação TPO soldada a ar quente

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Entre os pisos das áreas de produção (à esquerda) e estoque, a diferença é a dosagem de fibras de aço e a espessura, ambas
maiores no segundo. A ausência de armaduras permite que, no caso de ampliações, o estoque também receba os AGVs

resistência a impactos, uma vantagem alta resistência – mais baratos que o


em indústrias pesadas. A solução, epóxi – para o endurecimento super-
FICHA TÉCNICA
bem como as características de plani- ficial e aumento da resistência à abra-
cidade e nivelamento que obedecem são. Cada uma das placas foi unida às construção civil: Hochtief do Brasil
aos requisitos dos veículos, foram vizinhas por barras de transferência e Marco Projetos e Construções;
adotadas em toda a extensão do pavi- de aço liso e tratada com selante semi- gerenciamento: Envision;
mento de 288 x 144 m, mesmo nos rígido com base epóxi. instalações elétricas e hidráulicas:
pontos destinados, inicialmente, ape- Devido à alta dosagem de água, Temon Técnica de Montagem e
nas à estocagem. "Com a expansão, os poderia apresentar retração hidráuli- Construções; estrutura de concreto
estoques podem vir a ser áreas produ- ca, com empenamentos ou movi- pré-moldado: Cassol Pré-
tivas, com possibilidade de trânsito mentação excessiva das juntas. Para fabricados; piso de concreto: Engel
dos AGVs", prevê Rodrigues. evitá-la, fibra plástica foi adicionada, Pisos Industriais; desmatamento e
mantendo a retração abaixo de 500 terraplenagem: Terram
Resistência sem retração µm/m e garantindo o controle da fis- Terraplenagem Mecanizada; fibra
As diferenças entre os pisos da pro- suração nas primeiras idades. de aço: Maccaferri do Brasil;
dução e do estoque são a espessura e a Assentado diretamente sobre o concreto: Engemix; blocos de
dosagem de fibras.No estoque,cerca de terreno, o piso tem sub-base de brita fundação e estruturas pré-moldadas
30% do total, naturalmente sujeito a graduada, cuja qualidade foi verifica- – montagem: Construtora Viero;
cargas elevadas e concentradas, o pavi- da com viga Benkelman. "Permite ve- forro de gesso, fibra mineral e
mento tem 16 cm de espessura e 30 kg rificar a precisão mesmo sem controle drywall: Sistema Engenharia e
de fibra por metro cúbico de concreto. durante a terraplenagem", comenta Arquitetura; sistema de drenagem,
"A resistência por m2 é suficiente para Rodrigues. Ele explica que o pavimen- pavimentação e tubulações
suportar as estantes, mas não a carga to pode ser considerado superplano, enterradas: Conpasul Construção e
concentrada nos pés", explica Hélio pois a relação entre planicidade e nive- Serviços; estrutura metálica –
Giaretta.Na região de produção,onde a lamento, o "F-number", é de 50/30. projeto e execução: Medabil;
carga é menor, são 15 cm de espessura e A sala de CMM (Coordinate Mea- automação e segurança: Ansett
a quantidade de fibras é de 20 kg/m3. surement Machine), dotada de equi- Tecnologia; detecção de incêndio:
A resistência à tração na flexão pamentos de medição alemães, exigiu Smart S.L.G. Sistemas de
(fctMk) desse piso mais espesso é de uma estrutura de piso separada do Automação; serralheria:
4,2 MPa, "equivalente a um concreto restante da edificação a fim de evitar a Metalúrgica Valenti; porta
com fck de 30 ou 35 MPa", ilustra Ro- transmissão de vibração. Conta com seccional: Inovadoor Portões
drigues. O agregado é o basalto, abun- base especial de concreto e separação Automáticos; caixilho de alumínio e
dante na região e que contribui para o por juntas, além de permanecer sob portas automáticas: Metalúrgica
incremento da resistência. Ainda no temperatura constante de 18°C e ter Bez; piso vinílico: Forbo Pisos;
estado úmido, os panos de 6 x 6 m umidade controlada. vidros: Templex; piso de granito:
foram aspergidos com agregados de Bruno Loturco Marmoraria Multipedras

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CEITEC

Controle total
Limpeza, ausência de vibrações e ambiente totalmente condicionado
desde a construção são os desafios da obra que pode colocar o Brasil
na rota da microeletrônica

RESUMO
Obra: Ceitec (Centro de
Excelência em Tecnologia
Eletrônica Avançada)
Cliente: Ministério da Ciência
e Tecnologia
Execução: Consórcio Racional –
Delta
Localização: Porto Alegre (RS)
Construção: entre maio de 2005
e o segundo semestre de 2007
Área construída: 14,6 mil m2
Terreno: 56 mil m2
Volume de concreto: 5.350 m3
Quantidade de aço utilizada:
concreto armado – 435 t;
estruturas metálicas – 100 t
Fotos: Marcelo Scandaroli

Isolamento térmico: 5.100 m2


Painéis de fachada: 5.500 m2
Impermeabilizações: 5.150 m2
Esquadrias de alumínio: 20 t
Vidros laminados refletivos:
o final da década de 90, os grandes ção de recursos humanos e na criação
N fabricantes de semicondutores
começaram a enxergar além das fron-
de centros de atividade de microele-
trônica. A obra foi orçada em R$ 148
850 m2
Alimentação elétrica: duas linhas
de 13,8 kV
teiras européias e norte-americanas. À milhões e está em estágio avançado de Carga instalada normal: 9 mil kVA
época, mesmo com investimentos in- construção no bairro da Lomba do Carga instalada de emergência:
cipientes, o MCT (Ministério da Ciên- Pinheiro, em Porto Alegre. A previsão 2,35 kVA
cia e Tecnologia) implantou os precei- de conclusão é para o segundo semes- No-breaks: 450 kVA
tos do Ceitec (Centro de Excelência em tre – isso se não houver surpresas no Sala limpa classe 100: 800 m2
Tecnologia Eletrônica Avançada) para repasse de verbas, que já foi interrom- Sala limpa classe 10.000: 1.100 m2
concentrar todas as etapas necessárias pido quatro vezes. Prédio administrativo: 5,1 mil m2
ao desenvolvimento e fabricação de Em um terreno de 56 mil m2, as Capacidade de operação: 4 mil
CIs (circuitos integrados). áreas de projeto e produção do Ceitec lâminas mensais, com 300 a
A expectativa é que a fábrica, que são separadas, interligadas por passa- 3 mil chips por lâmina
será a primeira desse tipo na América rela metálica. A primeira fica no cha- Gases: inertes – 9; tóxicos
Latina, tire o atraso do País na forma- mado prédio administrativo, com 5,1 corrosivos e inflamáveis – 27

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Com fechamentos de blocos de concreto e painéis de concreto branco, o prédio onde estão as salas limpas se
une ao de projeto por uma passarela metálica

mil m2 divididos entre centro de de- a 3 mil chips por lâmina. Inicialmen- se à miniaturização dos componentes.
sign, escritórios administrativos, en- te, o dimensionamento mínimo dos Primeiro, alterou-se a implantação
genharia de processo, incubadora tec- circuitos será de 0,65 µ, "mas o proje- no terreno, que dispunha a sala limpa
nológica, salas de aula, anfiteatros e to está dimensionado para produzir próxima demais à estrada. Com a ro-
outros. As fundações são em estacas chips com 0,185 µ", salienta Marcos tação da planta em 180°, ficou a 40 m
hélice contínuas, que propiciaram Santoro, diretor executivo da Racio- da via, distância suficiente para mini-
maior velocidade de execução, e os fe- nal Engenharia. mizar os efeitos da vibração. Com es-
chamentos em blocos de concreto e trutura totalmente isolada do prédio
pele de vidro. Complexidade tecnológica que a envolve, a sala limpa ISO 5 conta
Já o prédio da manufatura conta- As dimensões microscópicas, in- com fundações também em estaca hé-
biliza 9,6 mil m2, com 1,1 mil m2 de compreensíveis à escala humana (ver lice contínua. No entanto, penetram
sala limpa ISO 7 (classe 1.000) e 800 quadro), determinaram projeto, exe- 14 m no terreno e têm 1,6 m de diâme-
m2 de sala limpa ISO 5 (classe 100). cução e operação da fábrica. "Tudo em tro para absorver cargas relativamente
Esta, o coração da planta, onde serão função do processo de manufatura, baixas, da ordem de 125 t. Para a carga,
processadas até 4 mil lâminas de silí- sendo determinante a espessura de as 55 estacas poderiam ter dimensões
cio, a matéria-prima dos CIs, por linha", conta o gestor do contrato, o reduzidas, mas o volume auxilia na
mês. Irão gerar, mensalmente, de 300 engenheiro Robinson Sezar, referindo- absorção de vibrações periféricas. A

Limpeza microscópica
No ambiente da sala limpa classe 100 – ou fabricantes de processadores do mundo Estes circuitos são sobrepostos por entre
ISO 5 – não são toleradas mais do que 100 diz, em seu site, que um grão de sal em 16 e 50 camadas, conectadas
partículas por pé cúbico de ar, as quais não um circuito integrado é como uma rocha tridimensionalmente entre si. "Se uma
são maiores que 0,5 µm (mícron) – 1 µm é grande o suficiente para bloquear contaminação se misturar ao processo de
igual a um milionésimo de metro. O acesso centenas de vias em uma grande cidade. fabricação, pode causar curto ou
é restrito e, para evitar queda de cabelo ou Assim, apenas uma partícula microscópica interrupção do funcionamento de vários
mesmo de partículas de pele, a vestimenta é capaz de obstruir diversos circuitos e chips", explica Sezar.
é especial. Temperatura e umidade do ar torná-los imprestáveis. Além disso, a impressão dos circuitos é
também são rigidamente controladas. "O Ceitec está preparado para receber feita por exposição à luz ultravioleta, em
Para entender a necessidade de uma sala tecnologias de até 0,18 µ", conta Robinson um processo semelhante ao da
tão limpa – mais até que salas cirúrgicas e Sezar, gestor do contrato da obra. Com fotografia. A precisão, em decorrência
para transplantes – e tão isenta de 0,3 mm de espessura e 6" de diâmetro, os das dimensões, é extrema. Logo, o
vibrações, é necessário adentrar no wafers de silício – como são chamados as ambiente deve estar totalmente livre de
universo das dimensões envolvidas na lâminas em que são confeccionados os vibrações, que, como em uma fotografia,
manufatura desses circuitos integrados. circuitos –, trabalham com espessuras até causariam imprecisões e inutilizariam
Para efeito de ilustração, uma das maiores 240 vezes mais finas que um fio de cabelo. os processadores.

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CEITEC

REDES DE UTILIDADES
Sistema Características Especificações técnicas
UPW (Ultra Pure Water, Dimensionado para a tecnologia Composta por plantas de pré-tratamento; make-up;
ou água ultrapura) de 0,65 µ, mas passível de acabamento; recuperação/recirculação e reutilização
expansão para 0,18 µ.
Água resfriada Atende aos equipamentos da central Vazão: 150 m3/h; Pressão de utilização: 6,0 bar;
de utilidades e da sala limpa. Bombas de circulação: três, para 75 m3/h; Trocadores
Temperaturas no circuito secundário: de calor: três, de 530 KW; Estação de filtragem:
Suprimento, 18 ºC; Retorno, 24ºC. 40 µm; Tanque de armazenagem: 20 m3; Tubulações
de aço inoxidável AISI 316L schedule 20
Vácuo de limpeza predial Composto por bombas turbovácuo, Bomba turbovácuo: 600 m3/h, 24 Kpa; Bomba jockey
tubulações, mangueiras e válvulas. turbovácuo: 260 m3/h, 28 Kpa; Separador de
Distribuição por tubulação principal partículas secas de 50 Kpa; Tubulação galvanizada
com conexões para mangueiras
nas paredes e pisos.
Vácuo de processo Composto por bombas de vácuo em Capacidade total nominal: 405 m3/h; Redundância:
redundância, tanques, tubulações 3+1 unidades bombas de vácuo; Pressão no ponto de
e sistema de controle. utilização: 125 mbar; Capacidade de vazão na tubulação
principal: 540 m3/h - 6"; Capacidade de vazão na
tubulação lateral: 154 m3/h - 3"; Capacidade de vazão
da tubulação no ponto de uso: 54,3 m3 - 2"; Tubulação
principal na central de utilidades: aço inoxidável AISI 304;
Tubulação na área da sub-fab: PVC (Schedule 80)
Ar comprimido Composto por compressores isentos Compressor parafuso, isento de óleo, refrigerado a
de óleo, secadores, filtros, tubulações, água, pressão nominal 8,6 bar, 474 m3/h; Compressor
sistema de controle. Utilização em parafuso, isento de óleo, refrigerado a água, pressão
equipamentos pneumáticos da sala nominal 8,6 bar, 930 m3/h; Tanque de ar, capacidade
limpa e equipamentos da fábrica. 5.000 l; Tubulações de aço inoxidável AISI 304 e
AISI 316 L, quimicamente limpas
Gases a granel Fornecimento de gases por tanques, Gases especiais inertes: Argônio 5.0, Argônio 4.8,
vaporizadores, filtros, reguladores, Argônio líquido 5.0, Nitrogênio 5.0, Nitrogênio 5.5,
purificadores e distribuição para Nitrogênio 5.5(up), Nitrogênio líquido, Hélio 5.0,
produção de gases ultrapuros Hélio 5.5. Tóxicos, corrosivos e inflamáveis: Trifloreto
para utilização na sala limpa. de Boro, Arsina, Fosfina, Diclorosilano, Silano, Amônia,
Diborano 6,5%, Fosfina 15%, Óxido nitroso 4.8, Dióxido
de Carbono 4.0, Clorina, Tricloreto de Boro, Brometo
de Hidrogênio, Hexafluoreto de Enxofre, Tetrafuormetano,
Hexafloretano, Trifluormetano, Trifloreto de Nitrogênio,
Hexafluoreto de Tungstênio Arsina 10%
Tratamento de efluentes Neutralização de ácidos fosfórico,
fluorídrico e misturados com descarte
do lodo ativado; Coleta de solventes;
Tratamento de água pluvial e rejeito de
UPW para reaproveitamento na planta

mesma função justifica a espessura de limpa em si foi moldada in loco. Isso é motivada pela quantidade de gases
1,10 m da laje nervurada de concreto e porque, apesar de o primeiro ter exe- ministrados – 36, sendo nove inertes e
o uso de bases e coxins antivibratórios cução mais limpa, também está mais 27 corrosivos e/ou inflamáveis –, e que
em equipamentos. O objetivo é limitar suscetível a vibrações. depois de usados têm de ser lavados
a vibração a 6,25 µm por segundo. "Os A quantidade de sistemas envolvi- para descarte. Para efeitos de compara-
seres humanos percebem vibrações dos na produção tornou a obra ainda ção, um hospital trabalha com cerca de
apenas a partir de 500 µm por segun- mais complexa do ponto de vista exe- dez gases. Além disso, são dois sistemas
do", compara Sezar. cutivo (veja tabela). "Tem praticamente de vácuo – um de limpeza e outro do
A estrutura do prédio externo à todas as exigências que uma indústria processo –, sistema de água ultrapura
sala limpa é pré-moldada. A sala pode ter", afirma Santoro. A afirmação para manufatura das lâminas de silício,

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Fotos: Marcelo Scandaroli


Caso algum líquido seja derramado, valas Na periferia da sala limpa ISO 5 ficam todas as utilidades que a atendem, como
duplo-contidas evitam contaminação centrais de água gelada, caldeiras e rede de gases. Por reunir equipamentos
do solo e do lençol freático diversos, a execução foi minuciosa

água gelada para ar condicionado e estar pressurizado e os equipamentos dos desde as primeiras etapas de cons-
para produção, água quente, ar com- devem ser devidamente higienizados trução. Os locais limpos só podem ser
primido, tratamento de efluentes e sis- antes de adentrarem o ambiente da acessados por pessoas treinadas para o
tema elétrico redundante e protegido fábrica. "A obra tem que ter condições nível de limpeza ali exigido e portando
por no-breaks e geradores. rigorosas de assepsia para a instalação ordens de serviço pertinentes ao am-
No lado externo, valas duplo- dos equipamentos", salienta Santoro. biente. Os treinamentos são graduais e
contidas circundam a área de carga e Os conceitos das salas limpas são ba- escalonados. A primeira fase garante
descarga de químicos para a produ- seados em não introdução, não gera- uma identificação de cor verde que
ção. Em caso de derramamentos, os ção e não retenção de partículas. atesta treinamento para ambientes
líquidos não entram em contato com Para tanto, três contêineres equi- com limpeza normal.A segunda, ama-
o meio ambiente. pados para realizar a limpeza serão rela, para a fase limpa.A vermelha, ter-
passagem obrigatória para a entrada ceira e última, é ultralimpa.
Acesso controlado tanto de pessoas quanto de maquiná- A laje de concreto que receberá o
Tão logo os equipamentos este- rio, que já é recebido em embalagens piso elevado de alumínio perfurado
jam instalados, o que não havia ocor- adequadas à higienização. também é vazada para garantir o
rido até o fechamento desta edição, a O acesso dos funcionários é proto- fluxo de ar contínuo e as 300 trocas de
montagem das salas limpas será ini- colado e exigiu treinamento para que ar por hora. Assim como as paredes, a
ciada. Nessa etapa, o prédio tem de os procedimentos fossem implanta- laje foi pintada com epóxi para facili-

Espessura de 1,10 m da laje


nervurada auxilia na absorção de
No topo da fábrica, torres de resfriamento natural de água minimizam a carga sobre vibrações; formato de grelha
os quatro chillers que abastecem a planta permite fluxo de ar

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CEITEC

evitar qualquer transmissão de vibra-


ção aos ambientes de produção.
Dentro da sala, sensores mantêm a
temperatura a 21°C, com variação de
1°C para mais ou para menos, a umi-
dade relativa a 45%, com variação de
5%, e a pressão sempre positiva. Ele-
mentos como divisórias, pisos, forros
e luminárias têm superfície lisa para
evitar introduzir, gerar e acumular
partículas e facilitar a limpeza.
Bruno Loturco
Fotos: Marcelo Scandaroli

FICHA TÉCNICA
projeto básico: Spectra Consulting e
Entre o forro da sala de manufatura e o steel deck estão as passarelas metálicas e todas
Tx-US; projeto executivo: Consórcio
as instalações e tubulações. Desse ponto é possível fazer manutenções sem adentrar os
Racional-Delta; consultoria em
ambientes limpos
vibrações: Zuckriegel Engineering
Gmbh; impermeabilização: Phi
quinário das salas limpas, Carlos Consultoria e Projetos de
Aguiar e Hendrik Pantlen. Impermeabilização e RBL
O sistema HVAC (Heating, Ventila- Engenharia; instalações
tion and Air Conditioning, ou aqueci- eletromecânicas, hidrossanitárias e de
mento, ventilação e ar condicionado) incêndio: Temon Técnicas de
conta com dois condicionadores de ar Montagens e Construções Ltda.;
insuflando 100% do ar exterior. Cada sistema de água gelada e água quente:
um, com 18 t, tem vazão de 66 mil Heating & Cooling; sistema de gases a
m3/h, capacidade de resfriamento de granel: Air Products; sistema de
1.300 kW e de aquecimento de 700 kW. tratamento de efluentes industriais:
Para que permaneça o ano todo Kurita do Brasil Ltda.; sistema de
com a mesma temperatura, umidade e tratamento de água ultrapura: GE
Apoio à sala limpa ISO 5, que abrigará
limpeza, o ar oriundo do exterior é Water & Process Technologies;
a montagem, a sala limpa ISO 7 tem,
condicionado por dois ventiladores, sistema de vácuo de processo: Heating
no máximo, 1.000 partículas por pé
duas serpentinas de água quente e duas & Cooling; sistema de água resfriada
cúbico e será sede de treinamentos
de água gelada, um lavador de ar, um de processo: Heating & Cooling;
atenuador de ruído e três baterias de fil- compressores: Atlas Copco; fundações:
tar a limpeza que é feita constante- tro.Cada uma responde por um estágio Serki; concreto: Supermix; aço: Belgo
mente. Sobre a sala, laje de steel deck, de filtragem: grosso, fino e absoluto. Mineira; estruturas metálicas:
recoberta com um sanduíche de Tratado, o ar é insuflado no ple- Metasa/Metalplan; isolamento
manta de EPDM, placas de isolamen- num, localizado sobre o forro, com térmico e impermeabilização:
to térmico e, novamente, EPDM. 99,999% de pureza. Ali, FFUs (Filter Firestone/Áries; painéis de fachada:
Fan Units, ou unidades constituídas Verticon; pavimentações:
Condicionamento do ar por ventilador e filtro), em conjunto Concrepedra; blocos de concreto:
Considerando que uma UTI com as serpentinas geladas, fazem a re- Tecmold; epóxi: Fosroc/Laservi;
(Unidade de Terapia Intensiva) troca circulação do ar e o tornam 99,99999% esquadrias: Alcoa – Kadesk; chillers:
de ar cerca de 40 vezes por hora, é pos- limpo. A exaustão, após tratamento, é York; sala limpa: Raumtechnik
sível compreender a importância do feita por ventiladores. Fellbach Gmbh – Inovate System;
perfeito funcionamento das utilida- As serpentinas são alimentadas por instrumentação: Jenoptik; mecânica
des e equipamentos em operação do uma central de água gelada com capa- seca: VSS – Umwelttchnick Gmbh;
Ceitec. "Tem que se atentar para con- cidade para 2.300 TR (Toneladas de Re- sala limpa, instrumentação, mecânica
trole de temperatura, de umidade re- frigeração) e por uma central de água seca e vácuo de limpeza: MW Zander
lativa, limpeza, pressão e nível de quente com capacidade de 2.800 kW. FE; grupos geradores: Stemac; UPS:
ruído", resume a dupla de projetistas Todas as tubulações de água e dutos de Caterpillar; instrumentação e
da MW Zander, responsável pelo ma- ar se apóiam em amortecedores para automação: Johnson Controls

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LIBBS FARMACÊUTICA
Fotos: Marcelo Scandaroli

Obra limpa
Indústria demanda sistema de fechamento, ar condicionado e hidráulica
diferenciados para atender às exigências de órgãos oficiais para produção
de medicamentos

construção de uma unidade de na região metropolitana de São Paulo, sólidos, semi-sólidos, líquidos, injetá-
A produção farmacêutica abrange
uma série de particularidades, como o
a construção da nova unidade da
Libbs Farmacêutica não escapou a
veis e hormônios.
Com 33.600 m² de área construída
alto controle sobre técnicas e materiais essa regra. No local, onde a empresa em um terreno de 133 mil m², a nova
construtivos e a necessidade de apro- brasileira pretende produzir 53,6 mi- unidade fabril compreende sete edifí-
vação das instalações por órgãos ofi- lhões de unidades de medicamentos cios de produção (depósito de matéria-
ciais, como a Agência Nacional de Vi- por ano, uma intrincada rede de utili- prima e produtos acabados,controle da
gilância Sanitária (Anvisa) e do órgão dades e instalações foi projetada e exe- qualidade,líquidos e semi-sólidos,hor-
norte-americano Food and Drug Ad- cutada com tecnologias e materiais es- mônios, sólidos, central de embalagens
ministration (FDA) – no caso dos pecíficos para suprir a fábrica de água, e centro de desenvolvimento de produ-
grandes players da indústria farma- energia, ar e gases, insumos impres- tos), além de refeitório, estacionamen-
cêutica mundial. Em Embu das Artes, cindíveis para a produção de remédios to e edifícios de apoio, como central de

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RESUMO DA OBRA
Unidade de produção de sólidos,
semi-sólidos, líquidos, injetáveis e
hormônios da Libbs Farmacêutica
Local: Embu das Artes (SP)
Início da obra: fevereiro de 2004
Conclusão: início de 2007
Área construída: 33.600 m²
Área do terreno: 133 mil m²
Fundação: tubulões escavados
mecanicamente até 20 m de
profundidade
Estrutura: pré-fabricada de
lixo, manutenção, utilidades, caldeira, concreto armado com lajes
portaria e estação de tratamento de nervuradas protendidas
efluentes. A planta, que teve sua cons- Fechamento externo: painéis
trução iniciada em abril de 2003 e foi autoportantes termoisolantes
concluída recentemente, dispõe, na (na área de produção) e alvenaria
área de utilidades, de instalação elétrica de blocos de concreto (nos demais
de alta e baixa tensão, abastecimento edifícios)
de vapor industrial e condensado, rede Fechamento interno: painéis
de provimento de gás liquefeito de pe- termoisolantes
tróleo (GLP), água purificada (PW) e Cobertura: telhas metálicas zipadas
água para injetáveis (WFI), vapor com núcleo de poliestireno
puro, compressores de ar respirável, expandido
nitrogênio, esgoto sanitário e indus- Piso: industrial, executado com
trial, além de uma moderna estação de concreto de 30 a 35 MPa e adição de
tratamento de efluentes (ETE), com fibra de polipropileno
tanques de neutralização e controle de Revestimentos internos: painéis
pH automáticos. térmicos com chapas de aço pré-
O projeto tinha como princípio pintado e isolante de EPS. Em áreas
seguir à risca as diretrizes GMP ISO Classes 2 e 1, painéis térmicos
(Good Manufacturing Practice, em Ao alto, central de utilidades onde com chapas de aço inoxidável e
português, "boas práticas de fabrica- ficaram as principais instalações da isolante de EPS.
ção"), obedecidas principalmente por fábrica, em edifício separado da área de Revestimento externo
aqueles que têm pretensão de expor- produção; acima, corredor de acesso às (fachada): painéis térmicos com
tar para Estados Unidos e Europa, salas limpas chapas de aço pré-pintado e
como é o caso da Libbs. Entre as reco- isolante de lã de rocha.
mendações atendidas está, por exem- Ar condicionado: sistema
plo, garantir que todo e qualquer ma- simples barra de ferro ou um bloco de industrial com central de água gelada
terial ou serviço utilizado nas obras concreto, foram certificados", comen- e fancoils individuais para cada
civis da planta seja acompanhado de ta João Carlos Rossi Neto, diretor de ambiente de produção.
um certificado de garantia emitido engenharia da Patri Empreendimen- Instalações hidráulicas: tubos de
por seu fornecedor. "Isso significa que tos Industriais, responsável pela cons- polipropileno (esgoto industrial), aço
toda nossa produção, os serviços e os trução e pelos projetos de utilidades. inox eletropolido (águas limpas) e
materiais que entraram na obra, A cada material ou serviço entre- cobre (para rede de abastecimento
desde um tubo de aço inox até uma gue na obra, um certificado fornecido de água e prevenção de incêndio)

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LIBBS FARMACÊUTICA

pelo fabricante era arquivado para ser


entregue ao cliente no final do proces-
so, junto com laudos de ensaios e tes-
tes de todas as instalações. "O contro-
le na construção de indústrias farma-
cêuticas é enorme, exigindo criteriosa
seleção dos fornecedores, ótimo pla-
nejamento e perfeita sintonia entre o
departamento de compras da cons-
trutora e os engenheiros residentes na
obra", continua Rossi Neto.

Salas limpas

Fotos: Marcelo Scandaroli


A confiabilidade da produção de
medicamentos passa, em grande
parte, pelo desempenho das salas
limpas, locais que devem apresentar
níveis de contaminantes e particula-
Uma intrincada rede de instalações foi executada com tecnologias específicas para suprir a
dos dentro dos limites preestabeleci-
fábrica de água, energia, ar e gases, insumos imprescindíveis para a produção de remédios
dos, conforme a atividade exercida.
Para se ter uma idéia, a produção de
medicamentos injetáveis só pode ser evitar que haja fluxo e proliferação rede-teto e parede-piso são arredon-
realizada em ambientes ISO Classe 2 de partículas contaminantes, além dadas. Já nas fachadas, os painéis au-
e o envase só pode ocorrer com regi- da troca externa de calor. Por isso, na toportantes com 100 mm de espes-
me de fluxo laminar de ar ISO Classe obra em Embu, foram empregados sura foram preenchidos com lã de
1, o que significa que pode haver até painéis termoisolantes de fachada e vidro e fixados à estrutura por meio
dez partículas de tamanho igual ou divisórias internas móveis (também de encaixes metálicos do tipo ma-
maior que 0,1µm por metro cúbico termoisolantes, especiais para esse cho-fêmea. Adicionalmente, para
de ar. Na nova unidade da Libbs, tipo de aplicação), com revestimen- atender às exigências de assepsia, foi
constituem salas limpas as áreas de to externo de aço zincado pré-pinta- aplicado mástique com bactericida
controle da qualidade, o centro de de- do, material de superfície lisa que fa- na junção das placas.
senvolvimento, a área de produção de cilita a higienização. Nas divisórias Completa o sistema de fechamen-
hormônios, líquidos, matéria-prima, internas, onde foram empregados to a cobertura com telhas tipo sanduí-
sólidos e embalagens. painéis com recheio de poliestireno che com núcleo de poliestireno ex-
Estanqueidade é pré-requisito expandido (EPS) para garantir a as- pandido na espessura de 75 mm e se-
fundamental nesses ambientes, para sepsia do ambiente, as uniões pa- lagem por zipagem hermética. No

Pisos diferenciados
Resistência, facilidade de limpeza e No depósito de matéria-prima, uma área de soldadas e nivelado a laser. Além disso, com
manutenção e segurança para o tráfego 3.200 m², o piso precisou ter características o mesmo objetivo, os panos de laje foram
de máquinas e pessoas são propriedades adicionais de nivelamento (FF entre 70 e reduzidos à metade, para 5 m de largura,
desejáveis em pisos industriais. Na busca 80) e planicidade (FL de 100). Isso porque com juntas construtivas.
por tais propriedades, os projetistas da no local são utilizadas empilhadeiras Cuidados adicionais em relação ao
Patri especificaram um piso especial para trilaterais com leitura ótica, que precisam terreno, de solo muito expansivo, também
tráfego pesado executado com concreto acessar produtos em estanterias de até 14 tiveram de ser adotados. Sob o depósito
dosado em central com fck entre 30 e 35 metros de altura (a mesma altura do pé- de matéria-prima foi realizado um reforço
MPa e adição de fibra de polipropileno, direito do edifício). "Qualquer erro de nível de subleito com solo brita e uma camada
que tem a função de aumentar a ou de planicidade no piso certamente vai de 15 cm de espessura de brita graduada
elasticidade e ajudar a evitar fissuras. O comprometer o funcionamento dessas tratada com cimento. Adicionalmente,
acabamento foi realizado com máquinas", justifica Neto, da Patri. sobre a sub-base foi colocada lona
desempenadeira mecânica dupla, com Segundo ele, para alcançar esses plástica, com a finalidade de reduzir o seu
posterior aplicação de resina epóxi resultados, o piso, de 15 cm de espessura, atrito com a placa de concreto, além de
multicamada com pó de quartzo colorido. foi executado com armadura dupla de telas evitar a perda de água do concreto.

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Para garantir a assepsia do ambiente, as


Todos os edifícios contam com piso técnico para possibilitar que serviços de uniões das divisórias internas com o piso
manutenção sejam realizados fora das áreas de produção e o teto são arredondadas

total, a construção da Libbs Farma- grama da obra, compensando o tral de utilidades e percorre aproxi-
cêutica consumiu 13 mil m² de pai- maior tempo despendido na comple- madamente 640 metros lineares, che-
néis de forro e fechamento. xa etapa de instalações, informa o en- gando a todos os edifícios de produ-
Com exceção do refeitório e de genheiro João Carlos Rossi Neto. ção do complexo. O anel foi projetado
parte do centro de desenvolvimento – Diante do grande número de uti- com bombas, válvulas, tubos de aço
onde se adotou vedação de alvenaria lidades a serem adicionadas, primeiro inoxidável 316 L eletropolido e soldas
com blocos de concreto – todos os optou-se por executar as instalações orbitais (ver boxe), de forma que o lí-
prédios tiveram estrutura e fecha- mais simples, de elétrica e hidráulica quido fique em constante movimen-
mentos industrializados a partir de industrial. Só então passou-se para a to, sem pontos de acúmulo de água ou
pré-moldados de concreto armado, montagem da infra-estrutura de resíduos, obedecendo às normas da
com lajes alveolares de concreto pro- abastecimento de água purificada Anvisa. Um anel semelhante, de apro-
tendido e painéis termoisolantes. A (PW), que funciona por osmose re- ximadamente 145 m lineares, foi pro-
especificação desses sistemas contri- versa, para a qual foi concebido um jetado para a distribuição de água
buiu para o cumprimento do crono- sistema de distribuição que sai da cen- para injetáveis (WFI).

Soldagem automatizada
Um dos recursos especiais empregados na para ser usada principalmente nos outras vantagens desse tipo de solda são a
construção da nova unidade da Libbs comandos hidráulicos e nas tubulações de diminuição da possibilidade de
Farmacêutica foi a solda orbital, sistema de combustíveis em foguetes e aeronaves. Mas desenvolvimento de colônia de bactérias,
soldagem automatizada GTAW (Gas Tungster a partir dos anos 1980, por recomendação devido ao acabamento interno liso, e a
Arc Welding), no qual um microprocessador do FDA, a solda orbital passou a ser redução da quantidade de intervenções no
controla todos os parâmetros durante o empregada nas indústrias farmacêuticas, sistema para higienização da linha, informa
processo de soldagem, com grau de em especial, nas linhas de água purificada Rubem Born, da Torres & Marshal
penetração correto e constante em todo (PW) e de água para injetáveis (WFI). Na Engenharia. Segundo ele, em todas as
perímetro do tubo, garantindo a fusão obra da Libbs, foram executadas soldas nos linhas montadas com solda orbital foram
adequada do material. A purga interna é anéis de aço inox 316L eletropolido, para executados testes de endoscopia e
controlada com introdução de gás inerte distribuição da rede de PW e WFI, e na certificação das soldas, para elaboração de
(argônio puro), proporcionando melhor montagem dos equipamentos de documentação de validação e qualificação
acabamento interno. purificação de água, bem como nas linhas das linhas. Ao todo foram executadas
Por conta de sua confiabilidade e de vapor puro e água gelada. aproximadamente 1.500 soldas nos
estanqueidade, esta tecnologia foi Além de garantir estanqueidade e diâmetros de 1/2 polegada
desenvolvida pela indústria aeroespacial homogeneidade em todas as emendas, a 2 1/2 polegadas.

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LIBBS FARMACÊUTICA

Para abrigar as demais instalações


Ambientes pressurizados – ar-condicionado, redutor de pres-
são, central de tratamento de água
Grande parte da assepsia conferida à pressão nessa área é negativa (o ar sopra
WFI, coletores de pó etc. – todos os
unidade produtiva da Libbs Farmacêutica para dentro da sala, e não para fora). No
edifícios foram construídos com piso
se deve aos sistemas de ar condicionado, entanto, como também é preciso evitar
técnico de dimensões equivalentes a
ventilação e exaustão. No local, adotou-se que agentes externos contaminem o
um segundo pavimento. Isso ajudou a
sistema de condicionamento de ar central ambiente, antecâmaras foram construídas
cumprir outra recomendação da An-
de água gelada, com chillers que para permitir que apenas ar limpo entre
visa: sempre que possível, alocar o
alimentam fancoils com capacidade atual na sala de produção.
acesso para manutenção fora das áreas
de 1.200 TR, podendo chegar a 1.800 TR Em salas onde ocorre o envase de
de produção. "Sem isso, para trocar
instaladas nos próximos anos. "O sistema injetáveis, a atmosfera, mais do que limpa,
uma lâmpada em uma sala de injetá-
de condicionamento de ar é todo deve ser estéril. Dessa forma, nesses locais
veis, por exemplo, seria preciso inter-
gerenciado por work station, que permite há o insuflamento do ar para baixo (fluxo
romper a produção", comenta Rossi.
monitorar sua atuação e a ventilação de laminar através do forro), evitando que
Com a utilização de forros auto-
toda a planta", explica a engenheira haja elementos em suspensão que possam
portantes fixados sob um gradil re-
Renata Salvador, da Ergo Engenharia. contaminar o produto.
movível metálico, tornou-se possível
Uma característica importante agregada Na planta industrial da Libbs, o aparato
intervir em luminárias e forro por
ao sistema de ar condicionado é a de utilidades é tamanho que demandou
cima, sem ter que entrar na área de
pressurização dos ambientes, recurso não apenas a construção, mas também
produção. Para isso, também foi im-
empregado para evitar que o reforço do pipe rack. Isso porque,
portante o uso de luminárias estan-
contaminantes entrem na sala limpa ou durante a montagem das tubulações de
ques, que permitem a manutenção
para impedir que substâncias água gelada, os construtores
pela parte superior do forro.
controladas e nocivas à saúde, perceberam que a estrutura projetada
Juliana Nakamura
manuseadas dentro dos laboratórios, não suportaria a carga quando os tubos
extrapolem os limites das salas. estivessem cheios de água gelada.
João Carlos Rossi Neto, da Patri, conta "Como a estrutura já estava montada e
que a maior parte das salas no novo possui design próprio, não pudemos FICHA TÉCNICA
complexo da Libbs Farmacêutica trabalha alterar as características arquitetônicas",
Construção e projetos de utilidades:
com pressão positiva, para evitar a explica Rossi. A solução foi redesenhar a
Patri Empreendimentos
entrada de bactérias na sala limpa e as estrutura, redimensionando os tubos de
Industriais
contaminações cruzadas. No entanto, em reforço. Assim, foram adicionadas barras
Projeto arquitetônico: Planevale
locais como a sala de produção de diagonais e vigas horizontais ao sistema,
Estrutura pré-fabricada de
hormônio, por exemplo, deve-se evitar o que permitiu dobrar a carga admissível
concreto: Protendit
que a substância em suspensão saia da da estrutura, evitando sua
Painéis termoisolantes para
área onde está sendo manipulada. Por desmontagem e sem comprometer
fechamento, telhas metálicas zipadas
isso, além de filtros instalados no forro, a a arquitetura.
e assessórios para salas limpas:
Dânica Termoindustrial
Concreto: Embu Concreto
Sistemas de vapor, válvulas e
comandos: Disparco e Spirax Sarco
Tubulação de cobre: Eluma
Aço para construção civil: Belgo-
Arcelor Brasil
Ar condicionado (projeto e
instalação): Ergo Engenharia
Instalações hidráulicas (projeto
e instalação): Torres & Marshal
Acabamento de piso para salas
limpas: Reade
Luminárias: Luminárias Projeto
e Dânica Termoindustrial
Marcelo Scandaroli

Tubos de polipropileno: Plastolândia


e Tecnoplástico Belfano
Estação de Tratamento de
Efluentes: Ambiental

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CBA

Fundação diferenciada
Construtora entrega obra de 35 mil m2 com dois meses de antecedência.
Uso de ferramenta importada da Alemanha permitiu escavar solo
extremamente duro com rapidez e precisão

ocalizada a cerca de 75 km da capi- serviços de construção civil. Entregue


L tal paulista, a cidade de Alumínio –
próxima a Sorocaba (SP) – tem econo-
em fevereiro, a Sala Fornos VII am-
pliou a capacidade de produção de alu-
RESUMO
mia que gira em torno das instalações mínio primário em 70 mil toneladas Obra: Sala Fornos VII, da
da fábrica da CBA (Companhia Brasi- por ano, gerando aumento de 17%. Companhia Brasileira de Alumínio
leira de Alumínio). A constante expan- As empresas envolvidas nessa obra Execução: Construcap (obra civil)
são das linhas de fundição e transfor- já haviam participado da construção Área total: 35.173 mil m2
mação de bauxita em produtos acaba- da sala anterior, a Fornos VI, com as Volume de concreto: 34.910 m3
dos vem gerando forte demanda de mesmas características, mas com di- Quantidade de aço usada: 3,65 mil t
Fotos: divulgação/CBA

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Galpão pré-fabricado
A Munte executou outra sala de fornos, um Munte foi alterar alguns itens do projeto
pouco menor, no complexo industrial da estrutural que apresentavam para a CBA - a
CBA, em Alumínio, SP. Chamada de Caster empresa de pré-fabricados já participou de
12, a sala é também dividida em dois outras 13 obras deste cliente. "A primeira
módulos - um de fundição de alumínio e providência foi aumentar, em pilares e
um de beneficiamento do material. O vigas, o cobrimento de 2 cm para 3 cm",
conjunto tem 58 m de comprimento e 60 revela Gil. A segunda solução apresentada
m de largura (um vão de 30 m para cada pela empresa foi elevar a resistência à
módulo). Um ambiente agressivo exigia compressão do concreto usado nos
maior durabilidade das peças que elementos estruturais de 45 MPa
compunham a estrutura. "A CBA pediu para 50 MPa. adicionada uma mistura de microssílica
relatórios técnicos que atestassem que O maior feito da obra, no entanto, estava ativa, que permitiu reduzir a permeabilidade
nossas estruturas apresentariam maior na cobertura, também a cargo da Munte. da telha. "Ela deixa o concreto mais denso e
vida útil em relação aos outros galpões", Foram fabricadas 108 telhas de 1,25 m de menos permeável. Com isso, a peça torna-
explica o gerente de operações da Munte, largura e 30 m de comprimento, que se mais resistente à agressão do meio
Laércio de Souza Gil. conseguiam vencer cada um dos vãos da ambiente e sua vida útil aumenta", informa
A solução encontrada pelos engenheiros da Caster 12. Ao concreto das telhas foi o engenheiro. Relatório técnico apresentado
pela empresa à CBA mostra os resultados de
Pilarete in loco sobre o pilar existente ensaios comparativos de absorção:
Viga aproveitada Detalhe 2 Detalhe 1 enquanto o concreto "normal" apresentava
4% de absorção de água, aquele com
adição de microssílica ativa apresentava
Viga aproveitada um índice de 1%.
O transporte das telhas da fábrica da Munte,
Consolo a demolir em Itapevi, à cidade de Alumínio demandou
um esquema especial. "Não é por qualquer
lugar que passa uma carreta com 35 m de
comprimento", lembra Gil. O trecho mais
Edifício existente complicado era dentro da cidade de Itapevi,
0 5 SP, onde as ruas são bastante estreitas e,
durante o dia, movimentadas. Por isso, o
caminhão saía da fábrica no começo da
madrugada, para que pudesse sair da cidade
até 5h da manhã, liberando as vias
interditadas para sua passagem. O trajeto
Pilarete Pilar pré-fabricado total, de aproximadamente 120 km, era feito
in loco sobre o em cerca de 3h. "Não seria possível fazer
pilar existente todo o trajeto pela rodovia Raposo Tavares
com um veículo com aquelas dimensões. Por
isso, tivemos que seguir pela Rodovia
Castelo Branco até Sorocaba e, de lá, voltar
para Alumínio por um trecho da Raposo
detalhe 1 0 1 2 3 detalhe 2 0 1 2 3 Tavares", afirma.

mensões um pouco menores. O geren- em dois módulos paralelos. Cada um, dulos tinham, juntos, mais de 5 mil pi-
ciador geral da obra é a própria CBA. A segundo a Construcap, com 720 m de lares. A empresa, que já havia partici-
cargo da empresa ficou a contratação comprimento, 25 m de largura e pé- pado da construção da Sala Fornos VI,
direta dos projetos civis feitos pela direito de 15 m. aproveitou na nova obra boa parte do
Exata Engenharia; dos executores da Toda a estrutura foi produzida projeto anterior, entregue em 2003.
obra, a Construcap; e da montadora da com concreto armado moldado in No entanto, houve necessidade de re-
cobertura metálica, a Icec. loco. Segundo o engenheiro Fernando visá-lo com atenção para adequá-lo às
A sala, que receberá fornos de be- José Relvas, responsável pelos projetos exigências da nova versão da norma
neficiamento de alumínio, é dividida civis da Exata Engenharia, os dois mó- NBR 6118. "Quando o primeiro pro-

57
materia_cba.qxd 4/4/2007 17:13 Page 58

CBA

a mais desafiadora: a das fundações.


A fábrica da CBA repousa sobre um
solo bastante resistente. A sondagem
revelou sua composição de filito, e
ensaios apontaram o SPT (Standard
Penetration Test) em 45. Com o mé-
todo tradicional de escavação, aplica-
do pela Construcap na Sala Fornos
VI, os construtores se valeriam de
rompedores hidráulicos para abrir o
solo. Este tipo de execução era consi-
derado lento pela Construcap, que
trouxe da Alemanha uma fresadora
de solos. O equipamento, acoplável à
escavadeira, é composto por bites de
aço de alta resistência, que giram em
Divulgação/Construcap

torno de um eixo e realizam o "corte"


do solo com rapidez até a cota estabe-
lecida em projeto. "Com a precisão
da ferramenta, nós conseguimos
abrir as valas na medida certa do bal-
Uma fresa acoplável à escavadeira trazida da Alemanha abriu o solo de filito com
drame", explica Capobianco. "Com o
rapidez e precisão
rompedor, o processo é mais lento e a
escavação não é tão precisa. Então,
jeto foi elaborado, estávamos no meses. No entanto, a Construcap con- precisaríamos colocar fôrmas e po-
'período de carência' da versão ante- seguiu acelerar a execução da obra e deríamos ter perda incorporada de
rior da norma. O novo projeto foi ela- entregá-la com dois meses de antece- concreto", justifica.
borado em 2005 e, portanto, deveria dência. Segundo o vice-presidente da A cobertura foi projetada de
atender ao disposto na NBR versão construtora, Roberto Capobianco, o forma a proporcionar o adequado
2003", explica Relvas. Segundo ele, os ganho de velocidade é resultado do conforto térmico que a sala de for-
principais pontos revisados foram o planejamento detalhado de cada uma nos exigia. "O processo de produção
cobrimento das armaduras, a quanti- das frentes de trabalho no canteiro. no edifício tem uma razoável emis-
dade de armaduras mínimas e as ar- "Antes de cada etapa, determina-se são de calor. Por isso, a cobertura
maduras de cisalhamento. tudo o que será necessário em termos possui aberturas que permitem a cir-
Outra sensível alteração em rela- de recursos humanos, segurança e culação interna de ar", afirma Picini-
ção ao projeto anterior foi o aumento equipamentos", explica. ni, da Icec. A luminosidade natural é
da especificação da resistência à com- O planejamento de execução da garantida pela utilização de telhas
pressão do concreto para os pilares. obra civil foi elaborado em função do zenitais transparentes.
Segundo Relvas, na Sala Fornos VI, a ritmo de montagem dos equipamen- Renato Faria
resistência definida em projeto era de tos industriais. Pela ordem, a seqüên-
22 MPa, mas, como se verificava nos cia de montagem compreendia a exe-
ensaios, seguindo o traço de concreto cução da obra civil, a execução da co-
específico, o mais comum era alcançar bertura metálica e a montagem dos
FICHA TÉCNICA
resistência real de 35 MPa. A Exata fornos. "A CBA perderia muito tem-
propôs então à CBA a especificação, po se esperasse concluir cada um dos Projeto civil: Exata Engenharia
em projeto, de um concreto de 30 módulos para só depois montar os terraplenagem: Salioni Indústria e
MPa, um fck maior. Esse conjunto de seus equipamentos", lembra Capo- Comércio; pavimentação: Splice
alterações do projeto original gerou à bianco. Para Willians Picinini, diretor Engenharia; projeto de fundações:
CBA redução de 10% no consumo de comercial da Icec, empresa que for- Luciano Décourt; execução dos
aço. "A economia com aço compen- neceu e montou a cobertura metálica tubulões: Geosonda; edificação:
sou com folga o custo adicional do da obra, o maior desafio foi sincroni- Construcap; estrutura Metálica:
projeto", afirma Relvas. zar o trabalho de sua equipe e o dos Icec Construções; fabricação dos
montadores dos fornos, que vinham Fornos: ICM Atlas; montagem
Plano de execução logo depois. Mecânica: Montcalm; subestação:
O cronograma inicial previa a Mas a etapa da obra onde mais se ABB e Liemus; automação: Atan;
execução dos dois módulos em 15 conseguiu velocidade foi justamente lavagem de gases: Alstom

58 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Avaliação do concreto
de peças estruturais
pequenas pelo método
dos cilindros montados
avaliação de propriedades mecâ- em corpos-de-prova cilíndricos obti-
A nicas em estruturas acabadas nem
sempre é viável, muitas vezes devido à
Pedro Carlos Bilesky
Encarregado da Área de Concreto do
dos de testemunhos extraídos da pró-
pria estrutura, por meio de coroas
geometria dos elementos estruturais, Laboratório de Materiais de Construção diamantadas rotativas, refrigeradas a
quando esta não permite a extração de Civil do Instituto de Pesquisas água, conforme a NBR-7680 (1983).
testemunhos com dimensões normali- Tecnológicas do Estado de São Paulo Extraídos os testemunhos, devido
zadas para os ensaios (altura do corpo- e-mail: pcbareta@ipt.br a defeitos no concreto ou exigüidade
de-prova no mínimo igual ao diâme- de dimensões da peça, nem sempre é
tro, ou maior que três vezes a dimensão Carlos Eduardo de Siqueira Tango possível obter corpos-de-prova com
máxima do agregado graúdo). Doutor em Engenharia – Consultor dimensões adequadas para ensaio. A
Os experimentos apresentados autônomo e colaborador do Laboratório altura do corpo-de-prova, muitas
mostraram ser possível "montar" um de Materiais de Construção Civil do vezes, tem que ser menor que o dobro
corpo-de-prova extraído de relação al- Instituto de Pesquisas Tecnológicas do do diâmetro, relação considerada
tura-diâmetro ideal, empregando seg- Estado de São Paulo ideal, ou até mesmo menor que uma
mentos de testemunhos do mesmo e-mail: tango@ipt.br vez o diâmetro, relação mínima admi-
concreto solidarizados com argamas-
sa, obtendo-se resultado semelhante
ao de um corpo-de-prova ideal, ex-
traído íntegro. A semelhança mos-
trou-se bastante evidente para ensaios
a compressão e promissora para en-
saios de módulo de deformação.
O método dos "cilindros monta-
dos" vem, assim, auxiliar na análise
das propriedades mecânicas de estru-
turas, nas quais, pelos métodos tradi-
cionais, não era possível obter resulta-
dos confiáveis.
Fotos: divulgação

Metodologia
Em caso de necessidade de avalia-
ção das propriedades mecânicas do
concreto, é comum efetuar os ensaios Figura 1 – Moldagem dos protótipos

60 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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tida, o que inviabilizaria a avaliação.

12,5
,5
7,5
22,5 12,5

ø7
Considerando a exigência de que o
diâmetro do corpo-de-prova deve ser 17,5

ø15

15

10
pelo menos o triplo da dimensão má- c c c c c c c c c c c c c c a b
xima do agregado, ficam ainda mais b b b b b b b b b b
evidentes as limitações dimensionais b b b b b b
a a a a a a a a a a

0
ø1
para a viabilização de tais ensaios. a a a a a a c c c c c c c c b b b

210

10
Além disso, as correções usuais, para

15
b b b b b b b b a a a
os resultados de resistência à com- c c c c c c
a a a a a a a a b b b
pressão obtidos com relações altura- a a a
b b b b b b c c c c c c c c
diâmetro entre 2 e 1, não estão livres
15 a b b b b b b b b b b b
de propiciar erros de avaliação. a a a 15 a a 15 10
a a a a a a a a a a a 15

15
Propõe-se metodologia objeti-

10
vando viabilizar a avaliação nas con- 420
dições de impossibilidades geométri- Medidas em cm

cas acima assinaladas. Figura 2 – Croqui da laje e pontos de extração


A metodologia consiste em avaliar
as propriedades mecânicas do concre-
to montando-se os corpos-de-prova
101010

151515
de modo a obter-se sempre uma rela-
30

45
ção altura/diâmetro (h/d) igual a 2,0, 22 32
10101010101010101010101010 15151515151515151515151515
a partir da superposição de segmen-
130 200
tos de testemunhos extraídos da Medidas em cm Medidas em cm
mesma região, quando não for possí-
Figura 3 – Croqui da Viga tipo I e Figura 4 – Croqui da Viga tipo II e
vel obter-se um corpo-de-prova ínte-
pontos de extração pontos de extração
gro com esta relação h/d.
Cada corpo-de-prova representati-
vo de uma região da estrutura a ser en-  1 Laje: altura = 0,15 m x largura = e 200 mm de altura e de 150 mm de diâ-
saiada é montado a partir de segmentos 2,10 m x comprimento = 4,20 m metro e 300 mm de altura, para cada
de testemunhos extraídos de locais O concreto foi lançado nas fôrmas traço de concreto avaliado (Figura 2).
próximos, nessa região, tendo suas par- diretamente do caminhão betoneira e Após 14 dias de cura dos protóti-
tes unidas por uma fina camada (< 3 adensado com vibrador de imersão pos, foram extraídos de cada laje
mm) de argamassa, que deve garantir (Figura 1). (NBR-7680/1983) testemunhos de 150
distribuição adequada dos esforços de Foram moldados e curados cor- mm, 100 mm e 75 mm de diâmetro.
compressão, sem alterar significativa- pos-de-prova cilíndricos, de dimen- Das vigas tipo I foram extraídos teste-
mente o resultado dos ensaios. sões nominais de 100 mm de diâmetro munhos de 100 mm de diâmetro, com
Para verificação da eficiência do
método foram realizados, no Institu-
to de Pesquisas Tecnológicas, ensaios
laboratoriais de desempenho com-
parativos entre corpos-de-prova
moldados, de acordo com a NBR-
5738 (2003) e corpos-de-prova ex-
traídos (NBR-7680/1983) de protó-
tipos de elementos estruturais não
armados, lajes e vigas moldadas com
concretos de linha do mercado da ci-
dade de São Paulo, com agregado
graúdo de origem calcária, de 25
mm de diâmetro máximo.
Protótipos:
 2 vigas Tipo I: altura = 0,30 m x lar-
gura = 0,22 m x comprimento = 1,30 m
 2 vigas Tipo II: altura = 0,45 m x
largura = 0,32 m x comprimento =
2,00 m Figura 5 – Moldagem dos corpos-de-prova e dos protótipos

61
artigo.qxd 4/4/2007 16:54 Page 62

ARTIGO

Tabela 1 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA DE CONSOLIDAÇÃO – TRAÇOS ESTUDADOS


Concreto A Concreto B Concreto C
Argamassa Cimento Areia Água Aditivo Cimento Areia Água Aditivo Cimento Areia Água Aditivo
Tipo A 1,00 5,22 0,61 1% 1,00 4,00 0,49 1% 1,00 5,12 0,59 1%
Tipo B 1,00 4,24 0,51 1% 1,00 3,00 0,39 1% 1,00 4,00 0,49 1%
Tipo C 1,00 3,18 0,41 1% 1,00 2,49 0,34 1% 1,00 3,00 0,39 1%
Tipo D 1,00 2,16 0,31 1% 1,00 1,97 0,29 1% 1,00 1,97 0,29 1%
Consistência das argamassas: 260 ± 10 mm, ABNT-7215 (1996)
Materiais utilizados: Cimento CP-V-ARI, Areia Rosa de Bofete-SP e aditivo superplastificante.

h/d = 2,00 e das vigas tipo II foram ex- apresentadas nas Figuras 9 a 12 e fo- de elasticidade (NBR-8522/2003) foi
traídos testemunhos com diâmetro de tografia na Figura 13. realizada montando-se séries de três
150 mm de diâmetro, com h/d = 2,00, Todos os corpos-de-prova molda- cilindros de relação h/d = 2,00, mon-
conforme Figuras 3 e 4. dos e preparados conforme descrito tagens Tipo A, B e C , de acordo com
Para consolidação dos testemu- anteriormente foram capeados com as figuras 9, 10 e 11.
nhos, utilizou-se argamassa dosada pasta quente de enxofre e pozolana na Na figura 21, apresentam-se os
para resistência média superior à do proporção de 80% e 20% e ensaiados diagramas tensão-deformação (mé-
concreto, preparada de acordo com aos 28 dias de idade, de acordo com a dias de três corpos-de-prova cada)
a NBR-7215 (1996). A necessidade NBR-5739 (1994) e NBR-8522 (2003), obtidos em primeiro carregamento,
da resistência da argamassa de con- sendo três dias a idade das argamassas discriminados pelos tipos de corpos-
solidação ser maior do que a resis- de consolidação. Aspectos dos ensaios de-prova.
tência esperada do concreto foi veri- a compressão e de módulo são apre- Na figura 22, são mostrados os
ficada em experimentos prelimina- sentados nas figuras 15 e 16. diagramas tensão-deformação (mé-
res realizados com esta finalidade, Os resultados obtidos nos ensaios dias de três corpos-de-prova cada)
variando-se a resistência das arga- a compressão estão apresentados obtidos em primeiro carregamento,
massas conforme resultados apre- graficamente nas figuras 17, 18 e 19. discriminados pelos tipos de corpos-
sentados nas Tabelas 1 e 2 e no Grá- Na Figura 20, apresentam-se as di- de-prova.
fico da Figura 6. ferenças observadas nos resultados mé- As Figuras 23 e 24 apresentam
A partir dos testemunhos extraí- dios de resistência à compressão obti- a comparação das médias e dos
dos dos protótipos, Figuras 7 e 8, dos em corpos-de-prova extraídos ín- desvios-padrão obtidos para mó-
foram montadas aos 25 dias de idade tegros e montados, em relação aos res- dulos de deformação tangente ini-
séries de corpos-de-prova, usando pectivos corpos-de-prova moldados. cial e módulo de deformação secan-
partes de testemunhos dos respecti- A avaliação da utilização de cilin- te (nível de 0,3 vezes a carga de rup-
vos concretos, com as dimensões dros montados no ensaio de módulo tura prevista).

Resistência do cilindro montado


variando a da argamassa
Resistência do cilindro montado (MPa)

55
50
45
40
35
30
25
20
15
15 25 35 45 55 65 75 85
Resistência da argamassa (MPa)
Concreto A Concreto B Concreto C
Fotos: divulgação

Concreto A Concreto B Concreto C


Figura 6 – Experimentos preliminares
sobre a influência da resistência da
argamassa no resultado do ensaio Figuras 7 e 8 – Extração de testemunhos da laje

62 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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Tabela 2 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA DE CONSOLIDAÇÃO – VERIFICAÇÃO


Argamassa Concreto A Concreto B Concreto C
tipo Resistência Resistência da Resistência Resistência da Resistência Resistência da
do concreto argamassa de do concreto argamassa de do concreto argamassa de
(cilindro consolidação (cilindro consolidação (cilindro consolidação
montado) MPa MPa montado) MPa MPa montado) MPa MPa
A 21,2 20,1 45,7 33,9 40,0 21,0
21,0 47,7 42,5
21,7 45,2 40,0
B 28,0 34,3 45,5 51,3 45,5 33,9
27,2 47,2 43,5
27,0 48,0 42,0
C 28,2 45,6 49,5 59,6 45,7 51,3
28,7 47,5 43,7
28,2 45,2 44,7
D 27,5 71,6 46,5 78,5 44,0 78,5
28,2 48,2 44,2
28,2 47,7 44,0
Idade das argamassas no dia do ensaio: 3 dias

150 100
Pelos resultados obtidos nos en-
saios de determinação da resistência à
compressão, figura 14, podemos con-

58
88

cluir que os corpos-de-prova molda- A A


dos de diâmetros 150 e 100 mm tive-
ram desempenho praticamente se-
120

120
Argamassa de
melhantes, diferindo, ora para mais, B consolidação B Argamassa de
ora para menos, cerca de até 3%, dife- consolidação
renças provenientes da variabilidade
88

do próprio ensaio.
58

C
Os corpos-de-prova extraídos Medidas em mm C Medidas em mm

íntegros de diâmetros 150 e 100


Figura 9 – Croqui dos corpos-de-prova Figura 10 – Croqui dos corpos-de-prova
mm apresentaram resultados se-
da Série A: dimensão básica: 150 mm de da Série B: dimensão básica: 100 mm de
melhantes entre si e menores que
diâmetro x 300 mm de altura. Três diâmetro x 200 mm de altura. Três
os de corpos-de-prova moldados,
partes de testemunho: A - 88 mm + B - partes de testemunho: A - 38 mm + B -
diferindo destes em até cerca de
120 mm + C - 88 mm 120 mm + C - 38 mm
menos 8%, diferenças estas bem
próximas do percentual de majora-
ção de 10% da resistência à com- 100 100
pressão obtida no ensaio sugerido
pela antiga NBR-6118.
58

Os corpos-de-prova extraídos ín- A


99

tegros de 75 mm de diâmetro apre- A Argamassa de


sentaram resultados sensivelmente consolidação
80

mais discrepantes que os correspon- Argamassa de


B
dentes, moldados, de 150 e 100 mm consolidação
de diâmetro, não parecendo serem
99

B
58

convenientes para a avaliação dos


concretos em estudo, pois estes che- C
Medidas em mm Medidas em mm
garam a menos 30%. Estas diferenças
podem ser justificadas pelo fato de Figura 11 – Croqui dos corpos-de-prova Figura 12 – Croqui dos corpos-de-prova
estes corpos-de-prova sofrerem uma da Série C: dimensão básica: 100 mm de da Série D: dimensão básica: 100 mm de
diminuição de seção efetiva no mo- diâmetro x 200 mm de altura. Três diâmetro x 200 mm de altura. Duas
mento do ensaio. Esta diminuição partes de testemunho: A - 58 mm + B - partes de testemunho: A - 99 mm + B -
teórica se dá em função da distribui- 80 mm + C - 58 mm 99 mm

63
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ARTIGO

Figura 13 – Diversos tipos de montagens Figura 14 – Aspecto do ensaio a Figura 15 – Detalhe dos
estudados antes da consolidação compressão extensômetros

Concreto A
moldado
15 x 30 cm h/d = 2 extraído
Série A 88/120/88 montado
moldado
h/d = 2 extraído
10 x 20 cm Série D 99/99 montado
Série C 58/80/58 montado
Série B 38/120/38 montado
7,5 x 15 cm h/d = 2 extraído

Fotos: divulgação
0 5 10 15 20 25 30 35
Média Desvio-padrão Resistência à compressão (MPa)
Figura 17 – Concreto A: Comparação de resistências à compressão média e
respectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegros Figura 16 – Aspectos dos ensaios
e extraídos montados. de módulo

Concreto B ção dos esforços de compressão que


tendem a eliminar os grãos de agre-
moldado
gado graúdo existentes em toda peri-
15 x 30 cm h/d = 2 extraído feria do corpo-de-prova, que não
Série A 88/120/88 montado estão confinados pelo efeito parede
moldado gerado pela argamassa do concreto
h/d = 2 extraído nas fôrmas, diminuindo assim a área
10 x 20 cm Série D 99/99 montado de reação.
Série C 58/80/58 montado Os corpos-de-prova montados
Série B 38/120/38 montado de 150 mm de diâmetro apresenta-
7,5 x 15 cm ram comportamento em geral seme-
h/d = 2 extraído
10
lhante aos dos corpos-de-prova ex-
0 20 30 40 50 60
Média Desvio-padrão Resistência à compressão (MPa) traídos íntegros de mesmo diâmetro,
isto é, diferenças porcentuais de até
Figura 18 – Concreto B: Comparação de resistências à compressão média e cerca de menos 8%. Assim, parecem
respectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegros prestar-se bem a uma avaliação de
e extraídos montados. propriedades do concreto, com ex-

64 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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pectativa de confiabilidade seme- Concreto C


lhante à existente em extrações usu- moldado
ais de corpos-de-prova. 15 x 30 cm h/d = 2 extraído
Os corpos-de-prova montados
Série A 88/120/88 montado
de 100 mm de diâmetro apresenta-
ram diferenças porcentuais médias moldado
maiores que os correspondentes ín- h/d = 2 extraído
tegros, em relação aos corpos-de- 10 x 20 cm Série D 99/99 montado
prova moldados. As diferenças por- Série C 58/80/58 montado
centuais chegaram a menos de 15%. Série B 38/120/38 montado
Essas diferenças são muito menores, 7,5 x 15 cm h/d = 2 extraído
em valor absoluto, às observadas 0 10 20 30 40 50 60
para os corpos-de-prova extraídos Média Desvio padrão Resistência à compressão (MPa)
íntegros de 75 mm de diâmetro.
Figura 19 – Concreto C: Comparação de resistências à compressão média e
Assim, os corpos-de-prova monta-
respectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegros
dos de 100 mm de diâmetro devem,
e dos montados.
sempre que possível, ser adotados
em substituição aos íntegros de 75 Diferenças percentuais médias em relação
mm de diâmetro. ao resultado no corpo-de-prova moldado de diâmetro 150 mm
As formas de ruptura dos corpos- moldado
de-prova montados apresentaram-se h/d = 2 extraído 15 x 30 cm
semelhantes às obtidas nos ensaios de Série A 88/120/88 montado
corpos-de-prova íntegros.
moldado
Na montagem dos testemunhos,
h/d = 2 extraído
deve-se utilizar sempre argamassas de
consolidação com resistências maio- Série D 99/99 montado 10 x 20 cm
res que a do concreto em estudo. É re- Série C 58/80/58 montado
comendável, inclusive, usar uma ar- Série B 38/120/38 montado
gamassa de alta resistência, aumen- h/d = 2 extraído 7,5 x 15 cm
tando a probabilidade de atendimen- -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0
to desse requisito para concretos des- (%) Concreto A Concreto B Concreto C
conhecidos a analisar, diminuindo-se Figura 20 – Comparação entre as diferenças observadas
assim a chance desta influenciar no
resultado do ensaio.
Família 13317 - Concreto "A" Família 13320 - Concreto "B"
A metodologia ora proposta, 30 30
amostragem de testemunhos para
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

montagem de cilindros utilizados na 20 20


determinação da resistência à com-
pressão, foi aprovada em 05/12/2006, 10 10
pela Comissão de Estudo de Méto-
dos de Ensaios de Concreto (CE- 0 0
18:300.02), do ABNT/CB-18 (Co- 0 40 80 120 160 0 40 80 120 160
mitê Brasileiro de Cimento, Concre- Deformação específica (x 10-5) Deformação específica (x 10-5)
to e Agregados), e foi disponibilizada
15 x 30 moldado 15 x 30 moldado
para consulta nacional até o dia
15 x 30 extraído inteiro 15 x 30 extraído inteiro
12/03/2007. Em abril a Comissão se 15 x 30 extraído Série A 15 x 30 extraído Série A
reúne para revisão final do texto e 10 x 20 extraído Série B 10 x 20 extraído Série B
aprovação para publicação. 10 x 20 extraído Série C 10 x 20 extraído Série C
Os ensaios de determinação do 10 x 20 moldado 10 x 20 moldado
módulo de elasticidade ou deforma- 10 x 20 extraído inteiro 10 x 20 extraído inteiro
ção demonstraram que os resulta-
dos obtidos em cilindros montados Figura 21 – Concreto "D": Diagramas Figura 22 – Concreto "E": Diagramas
oscilaram em torno dos obtidos em tensão-deformação obtidos para corpos-de- tensão-deformação obtidos para corpos-de-
cilindros moldados ou testemunhos prova moldados, corpos-de-prova extraídos prova moldados, corpos-de-prova extraídos
extraídos íntegros, parecendo que o íntegros e cilindros montados (aqui íntegros e cilindros montados (aqui
uso dos cilindros montados, confor- indicados como "extraídos séries A, B e C"). indicados como "extraídos séries A, B e C").

65
artigo.qxd 4/4/2007 16:54 Page 66

ARTIGO

Módulo de Deformação Tangente Inicial


moldado LEIA MAIS
15 x 30 cm íntegro extraído NBR 5738 – Moldagem e cura de
Série A montado corpos-de-prova cilíndricos de
moldado concreto – Procedimento.
Associação Brasileira de Normas
íntegro extraído
Técnicas. Rio de Janeiro, 2003.
10 x 20 cm Série B montado
Série C montado NBR 5739 – Concreto – Ensaio de
0 5 10 15 20 25 30 compressão de corpos-de-prova
Médias – concreto A
Módulo de Deformação Tangente Inicial (GPa) cilíndricos – Método de Ensaio.
Médias – concreto B
Desvios-padrão – concreto A Associação Brasileira de Normas
Desvios-padrão – concreto B Técnicas. Rio de Janeiro, 1994.

Figura 23 – Comparação de médias e desvios-padrão obtidos para módulos de NBR 7680 – Extração, preparo,
deformação tangente inicial ou módulo de elasticidade. ensaios e análise de testemunhos
de estruturas de concreto –
Procedimento. Associação
Módulo de Deformação Secante (0,3) Brasileira de Normas Técnicas. Rio
moldado de Janeiro, 1983.
15 x 30 cm íntegro extraído
NBR 7215 – Cimento Portland –
Série A montado
Determinação da resistência à
moldado compressão. Associação Brasileira de
íntegro extraído Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1996.
10 x 20 cm Série B montado
NBR 8522 – Determinação do
Série C montado
módulo de deformação estática e
0 5 10 15 20 25 30
Médias – concreto A diagrama – tensão deformação –
Módulo de deformação secante (0,3) (GPa)
Médias – concreto B Método de ensaio. Associação
Desvios-padrão – concreto A Brasileira de Normas Técnicas. Rio de
Desvios-padrão – concreto B Janeiro, 2003.

Figura 24 – Comparação de médias e desvios-padrão obtidos para módulos de


Utilização de cilindros montados
deformação secante (nível de 0,3 vezes a carga de ruptura prevista).
para ensaios mecânicos de
concreto (I – Resistência à
me os arranjos das figuras 8, 9 e 10, de encorajam a ampliação do es- Compressão). P. C. Bilesky; C.E.S.
seria viável para aplicação nesses tudo para se analisar concretos Tango. 46o Congresso Brasileiro do
ensaios no nível de carregamento de diferentes classes, melhoran- Concreto. Florianópolis-SC,
de 0,3 vezes a carga prevista de do a amostragem para criação Ibracon, 2004.
ruptura, em testemunhos extraí- de metodologia.
dos. Isso era uma expectativa já Utilização de cilindros montados
existente, levando em conta que as Agradecimentos para ensaios mecânicos de
juntas de consolidação tendem a Aos engenheiros Fernando concreto (II – Módulo de
não influir nos resultados de en- Antonio Nogueira, da Tupi Con- elasticidade). P. C. Bilesky; C. E. S.
saios a compressão, principalmen- creto, e Eliron Souto Maia, da En- Tango. 47o Congresso Brasileiro do
te quando se apresentam com mó- gemix, pelo concreto usinado; ao Concreto. Olinda-PE, Ibracon, 2005.
dulo de deformação maior que o engenheiro Antonio Carlos Zor-
do concreto em estudo. Estas jun- zi, da Cyrela Engenharia, pelas Utilização de cilindros montados
tas estão posicionadas de forma a fôrmas para moldagem dos pro- para ensaios mecânicos de
permitir a instalação de instru- tótipos; a Alcides Zanetti, da Di- concreto (III – Resistência à
mentos de medição no terço médio nateste, pelos extensômetros uti- Compressão, hd < 2,00). P. C.
do corpo-de-prova. lizados nos ensaios de módulo, e Bilesky; C. E. S. Tango. 48o Congresso
Os resultados obtidos de mó- aos técnicos e engenheiros do La- Brasileiro do Concreto. Rio de
dulo de deformação e elasticida- boratório de Concreto do IPT. Janeiro-RJ, Ibracon, 2006.

66 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


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PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS CANTEIRO DE OBRA COBERTURA,
IMPERMEABILIZAÇÃO
E ISOLAMENTO

PLACAS CIMENTÍCIAS
SELANTE As placas cimentícias Useplac
Trafix Mastique Mono, da CERÂMICAS
Inspirada no design dos aceitam os mais diversos tipos
Bautech, é um adesivo selante
tradicionais ladrilhos hidráulicos, de revestimento e são TELHAS
elastomérico para colagem não-
a Baepi apresenta uma linha de resistentes às intempéries. A fabricante gaúcha Cláudio
estrutural de substratos como
cerâmicas composta de Segundo a fabricante, as placas Vogel lança novas telhas
madeira, alumínio, vidro e
desenhos que proporcionam o são incombustíveis e evitam o cerâmicas modelo Americana,
cerâmica, entre outros. Sua cura
mesmo efeito arquitetônico dos desenvolvimento de fungos e disponíveis em variada cartela de
é feita a frio e, segundo a
ladrilhos, mas com aplicação e bactérias. Cada peça pesa cerca cores na linha esmaltada ou com
fabricante, possui grande
manutenção mais simples. Os de 18 kg/m2. revestimento de poliéster.
aderência e desempenho
motivos são geométricos, Useplac Segundo o fabricante, seus
mecânico.
abstratos, florais, étnicos, 11 5506-9531 encaixes permitem o uso de 12
Bautech
marinhos, pincelados e useplac@useplac.com.br peças por metro quadrado.
11 5572-1155
esponjados. www.useplac.com.br Cláudio Vogel
www.bautechbrasil.com.br
Baepi 51 3634.8000
19 3543-4203 www.claudiovogel.com.br
vendas@baepi.com.br
www.baepi.com.br

67
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PRODUTOS & TÉCNICAS


COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

MANTA ASFÁLTICA
A Bituthene 3000 é uma manta
auto-adesiva aplicada a frio, FÔRMAS
IMPERMEABILIZANTE criada pela Grace para A cofragem modular Orma, da APARELHOS DE APOIO
Tecnoacqua, da Tecnocola, é uma impermeabilizações. Sua A Rudloff fabrica aparelhos de
Ulma, é constituída por painéis
argamassa cristalizante espessura de 1,5 mm é apoio que absorvem esforços
de 2,7 m de altura e por uma
monocomponente à base de composta por 1,4 mm de asfalto horizontais e de rotação das
garra de regulação com outros
cimento Portland. É indicada emborrachado e um filme de estruturas e os transmitem aos
elementos básicos. Painéis de
para impermeabilização de áreas 0,1 mm de polietileno de alta apoios verticais. Projetados de
1,2 m de altura, em conjunto
sujeitas à ação de umidade e densidade. Ideal para superfícies acordo com normas européias,
com esquadras e chapas de
pode ser aplicada em interiores que, em serviço, não atingirão acompanham a vida útil
compensação, permitem
ou exteriores. temperaturas maiores que 54 ºC. projetada para a estrutura.
complementar e adaptar o
Tecnocola Grace Rudloff
sistema a qualquer forma
48 626-7676 (15) 3235-4702 11 6948-1001
geométrica da obra.
www.tecnocola.com.br gcp.brasil@grace.com www.rudloff.com.br
Ulma
www.grace.com 11 4619-1300
www.ulma.com.br

68
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ESTRUTURAS E PEÇAS FUNDAÇÕES E


METÁLICAS INFRA-ESTRUTURA

PAINÉIS DE FACHADA
A Pavi fabrica painéis de fachada
em GFRC, um microconcreto de
AÇO ESTRUTURAL alta resistência formado por
Os aços estruturais da Usiminas cimento, areia silicosa, aditivos e
(USI Civil 300 e 350, USI SAC fibras de vidro álcali-resistentes.
300 e 350 e o USI Fire 350) têm, Segundo o fabricante, o produto
segundo a fabricante, alta possui alta resistência ao
resistência à corrosão desgaste, a impactos, a agentes
atmosférica. O USI Fire possui químicos e ao fogo.
ainda alta resistência ao fogo. Os Pavi
maiores níveis de escoamento, 11 3129-3783
informa a Usiminas, possibilita www.pavidobrasil.com.br
maior economia em peso.
Usiminas
31 3499-8690
www.usiminas.com.br

69
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PRODUTOS & TÉCNICAS


INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELECOMUNICAÇÕES MÁQUINAS,
COMPLEMENTARES E EQUIPAMENTOS E
EXTERIORES FERRAMENTAS

ILUMINAÇÃO
A Reeme possui ampla linha de DISJUNTORES
luminárias para iluminação Além do novo design e do duplo
pública. Fabricados com alumínio sistema de fixação, os BOMBA DE VÁCUO
PISO fundido, os produtos possuem disjuntores DLBE apresentam A Ingersoll-Rand possui uma
Piso Box, da Astra, é um difusores de policarbonato. A outros benefícios para as linha de bombas a vácuo com
compartimento pré-fabricado de empresa dispõe, também, de instalações elétricas. Entre eles potências que variam de 1,5 a 20
poliéster reforçado com fibra de luminárias de longo alcance, estão a melhoria contra HP. Os motores trabalham em um
vidro para aplicação em boxes de blindadas e industriais, entre desarmes indesejáveis, caixa e ou dois estágios, e permitem
banheiros. É antiderrapante e outras. tampa de poliamida aditivada, alcançar, segundo o fabricante,
tem alta resistência mecânica e Reeme com elevada resistência ao calor vácuo perfeito em até 29,75 mm
química, segundo o fabricante. 11 5562-1944 e à chama e propriedades de de mercúrio.
Astra www.reeme.com.br auto-extinguibilidade. Ingersoll-Rand
11 4583-7777 reeme@reeme.com.br Lorenzetti 21 2402-5457
www.astra-sa.com.br 0800-7711657 riodill@uol.com.br
www.lorenzettieletric.com.br

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MÁQUINAS, PROJETOS E
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS TÉCNICOS
FERRAMENTAS

ETE
A EEA (Empresa de Engenharia
Ambiental) trabalha, entre
JATEAMENTO outros, com sistemas especiais
A Brasibrás fornece de esgoto. Um de seus produtos,
equipamentos para jateamento o sistema anaeróbio seguido de
de vidros, mármores, granitos, filtros de areia, atinge eficiência
acrílicos, resinas e metais. Com de até 90% na remoção de
dimensões de 750 mm x 800 mm matéria orgânica e tem, segundo
x 1.800 mm, possuem regulador a empresa, baixo custo
de pressão, filtro separador de operacional e de implantação.
umidade e exaustor com motor EEA
elétrico de 0,75 HP. (19) 3524-5327
Brasibrás www.eea.eng.br
11 6914-0249
brasibras@brasibras.com.br
www.brasibras.com.br

71
obra aberta121.qxd 4/4/2007 17:09 Page 72

OBRA ABERTA
Livros Sites

Fundações e Contenções Sinistros na Construção Fôrmas e Escoramentos Victor de Mello


de Edifícios – Qualidade Civil para Edifícios www.victorfbdemello.com.br
Total na Gestão do Projeto Mauricio Marcelli Nilton Nazar Ex-presidente da ABMS
e Execução 260 páginas 176 páginas (Associação Brasileira de
Ivan Joppert Jr. Editora PINI Editora PINI Mecânica dos Solos e
224 páginas www.piniweb.com www.piniweb.com Engenharia Geotécnica) e da
Editora PINI Afirmando que sinistro é tudo Citando números e valores, ISSMFE (International Society
www.piniweb.com que causa danos ou prejuízos, mas baseado na prática, o for Soil Mechanics and
Bastaria um ditado popular a publicação abrange os mais autor fez análises técnico- Foundatin Engineering), o
para resumir o objetivo dessa comumente ocorridos, comparativas para a confecção engenheiro Victor de Mello
publicação: melhor prevenir discutindo causas e soluções. ou aquisição de fôrmas usadas agora disponibiliza em versão
do que remediar. A partir desse Ciente de que o tema ainda é para a execução de estruturas online seu conhecimento. O
preceito, Ivan Joppert Jr. pouco explorado pela de concreto. Considerando site é um arquivo de artigos,
explica a importância de bem engenharia nacional, o autor que o custo de um sistema de teorizações, revisões,
controlar o projeto, os conclama as escolas a criarem fôrmas é composto pelos atualizações, publicações,
materiais e a execução de uma cadeiras dedicadas a incutir insumos principais e o obras e preceitos revisitados,
obra de fundações. Ele alerta nos alunos o conhecimento eventual uso de equipamentos uma coletânea de vivências e
que as conseqüências de necessário para lidar com metálicos para escoramento e experiências adquiridas ao
omissões em qualquer dessas imprevistos de projeto e mão-de-obra, apresenta longo de sua carreira
etapas pode acarretar graves execução. O autor estruturou detalhamento de custos para a profissional como engenheiro
prejuízos financeiros e de o livro de forma que cada fabricá-las. Para escolher os geológico e geotécnico, e
imagem. Procura expor, capítulo tratasse de um tipo casos a estudar, o autor fez professor. O conteúdo divide-
sempre de maneira prática, os de obra. Assim, aborda desde análises holísticas das se em tipologias de obras,
pontos a serem controlados obras de terra, projeto estruturas, que extrapolam as como barragens, fundações
desde a concepção até a estrutural, lançamento e cura fôrmas e os especiais, obras subterrâneas,
conclusão das obras de infra- do concreto, análise de trincas dimensionamentos deslizamentos e obras
estrutura. Ressaltando o até sinistros provocados por propriamente ditos. Das marítimas costeiras.
caráter funcional, está repleto reformas sucessivas ou por fôrmas, pesquisou sobre os
de ilustrações e traz check- outras edificações. Um tipos de madeira existentes no
lists dos tópicos a verificar em capítulo dedica-se à realização mercado e os processos de
cada etapa, além de um do orçamento de obras fabricação. Tem como objetivo
resumo das patologias, sinistradas, o que o consolida fornecer subsídios para a
respectivas causas e como ferramenta de trabalho comparação entre diversos
providências para evitar os dotada de subsídios para subsistemas de fôrmas. * Vendas PINI
erros mais comuns. ações preventivas e corretivas. Fone: 4001-6400 (regiões
metropolitanas) ou 0800-
5966400 (demais regiões)

72 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


obra aberta121.qxd 4/4/2007 17:10 Page 73
agenda.qxd 4/4/2007 17:15 Page 74

AGENDA
Seminários e promoverá a divulgação de novos internacional de negócios e tecnologia da
conhecimentos sobre as manifestações cadeia de concreto e seus usuários.
conferências patológicas das estruturas. Fone: (11) 4689-1935
20o Congresso Brasileiro de Fone/Fax: (88) 3677-4261 Site: www.concreteshow.com.br
Siderurgia E-mail: cinpar2007@yahoo. com.br
28 a 30/5/2007 www.sobral.org/cinpar2007 Intercon
São Paulo 25 a 29/9/2007
O período de intensas transformações 10o Simpósio de Sistemas Prediais: Joinville (SC)
pelo qual tem passado o setor será o Desenvolvimento e Inovação Evento deve reunir fabricantes,
tema central dos debates a serem 30 e 31/8/2007 distribuidores, revendedores,
realizados durante o evento. Em paralelo, São Carlos (SP) construtores, engenheiros, arquitetos e
ocorre a SiderExpo, exposição de O evento será realizado na UFSCar entidades de todo o Brasil e do exterior,
representantes dos vários elos da cadeia (Universidade Federal de São Carlos-SP) promovendo a divulgação e,
produtiva do aço. e é voltado ao estudo e à pesquisa de principalmente, a realização de negócios.
Fone: (11) 4153-7588 sistemas que compõem o item serviços Fone: (11) 3451-3000
E-mail: contato@ibs.org.br das edificações. E-mail: feiras@messebrasil.com.br
www.ibs.org.br Fone: (16) 3351-8262 r. 212
E-mail: simar@power.ufscar.br
Solução para empresas de projeto – www.deciv.ufscar.br/sispred10/
Cursos e treinamentos
Uma nova visão sobre gestão Curso Especializado para Projetistas
01/06/2007 10a Construsul – Feira da Indústria 7/5 a 25/6/2007
São Paulo da Construção São Paulo
O evento é resultado de um trabalho 1o a 4/8/2007 O Departamento de Projetistas da Abrava
realizado pelo Programa de Mestrado Porto Alegre (RS) (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-
da Escola Politécnica da USP, com nove Vista atualmente como um dos principais Condicionado, Ventilação e Aquecimento)
empresas de projetos, na eventos dirigidos à construção civil da inicia em maio um curso especializado para
implementação de um plano de gestão região Sul, a feira é realizada projetistas. São nove módulos e tem como
através do modelo desenvolvido pelo paralelamente à Expo Máquinas, que objetivo formar e reciclar desenhistas/
Professor Otávio de Oliveira. O objetivo apresenta também uma grande exposição projetistas de ar-condicionado de
do encontro é mostrar iniciativas de de plataformas elevatórias, indústrias, empresas e escolas.
empresas do setor que conseguiram retroescavadeiras, gruas, perfuratrizes e Fone: (11) 3361-7266 (r. 123)
melhorar a organização interna e a diversos equipamentos e máquinas para E-mail: vilma.silva@abrava.com.br
divulgação de projetos, aumentar a construção pesada.
produtividade e dinamizar as Fone: (51) 3225-0011 2o Congresso Brasileiro de Pontes e
atividades gerais. E-mail: construsul@feiraconstrusul.com.br Estruturas
E-mail: flavia.souza@poli.usp.br www.feiraconstrusul.com.br 12 a 14/10/2007
Rio de Janeiro
Cinpar 2007 – Congresso Concrete Show South América Promovido pela ABPE (Associação Brasileira
Internacional sobre Patologia e 15 a 17/8/2007 de Pontes e Estruturas), o evento pretende
Recuperação de Estruturas São Paulo divulgar trabalhos recentes e relevantes,
7 a 9/6/2007 Realizado com o apoio de entidades tanto de pesquisa quanto de aplicação de
Fortaleza (CE) importantes do setor, como a ABCP inúmeros profissionais. Será aberto a
Promovido em parceria entre a Regional (Associação Brasileira de Cimento engenheiros, projetistas, arquitetos,
do Ibracon (Instituto Brasileiro do Portland), Abesc (Associação Brasileira pesquisadores e professores que queiram
Concreto) no Ceará, a UVA das Empresas de Serviço de se atualizar, discutir, divulgar e inovar idéias
(Universidade Estadual Vale do Acaraú) e Concretagem) e a Ficem (Federação na área de engenharia estrutural.
o IEMAC (Instituto de Estudos dos Interamericana do Cimento), o evento Fone: (21) 2232-8334
Materiais de Construção), o evento deve se tornar um ponto de encontro www.abpe.org.br

74 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007


como construir.qxd 4/4/2007 16:47 Page 75

Antônio de Oliveira Fernandes Teixeira


Diretor da Fernandes Engenharia e
Protensão

Kleber Basílio Senefonte

COMO CONSTRUIR Gerente de Contrato da Engenharia de


Pisos EP

Piso de concreto protendido


ode-se dizer que a busca por
P maior vida útil para pavimentos
está inversamente relacionada ao nú-
mero de juntas que possuem. Cerca de
90% das patologias que aparecem em
pisos e pavimentos estão diretamente
ligadas às juntas, pois qualquer tipo de
Fotos: divulgação

manutenção que o piso venha a sofrer,


acarretará paralisações parciais e totais
das atividades de trabalho e transpor-
te no local, como em centros de distri- Fotos 1 e 2 – Piso industrial acabado de um centro de distribuição: poucas juntas e
buição, fábricas e áreas com trânsito elevada planicidade garantem maior vida útil
de empilhadeiras e maquinários.
Diante desses problemas, optar
por pisos de concreto protendido vimentos baseava-se no método cons- toda esta evolução ainda limitava-se
pode ser uma solução para reduzir as trutivo de cordoalhas aderentes,as quais ao comprimento da placa, que muitas
patologias e paralisações. Trata-se de eram envoltas por bainhas metálicas. vezes exigia medidas bem acima das
uma tecnologia superior, de elevada Após a protensão, inseria-se nata de ci- que eram possíveis de alcançar com a
durabilidade e mais competitiva eco- mento no interior da bainha.Este méto- técnica da época.
nomicamente. do, além de demorado, acarretava custo Com o desafio de construir pisos
Segundo Vasconcelos (1979), "a elevado devido ao processo executivo com placas de mais de 25 m sem juntas,
principal razão de se fazer pisos pro- de protensão e aos materiais usados. optou-se pelo sistema protendido com
tendidos é diminuir o número de jun- Com o advento da cordoalha engraxa- cordoalha engraxada, que pode chegar
tas e eliminar o perigo de fissuração da, cujo cabo de aço vem envolto por a comprimentos superiores a 120 m,
dos pisos e pavimentos de concreto". camada de graxa protetora contra cor- com ressalva econômica para medidas
Segundo Bina, Teixeira (2002), "o rosão e coberta por uma bainha plástica superiores a 150 m, pois a perda por
grande diferencial do piso protendido de polietileno de alta densidade, extre- atrito impõe alta taxa de cordoalha.
em relação às técnicas convencionais mamente resistente aos trabalhos exigi- Com isso, as juntas de dilatação, maio-
de construção de pisos está na possi- dos no canteiro de obras, o processo res fontes de quebras na placa conven-
bilidade de diminuição da incidência ficou muito mais simples e econômico. cional,podem ser distanciadas a até 150
de juntas". A partir de 1995, a primeira inova- m umas das outras, sendo, porém, de
Desta forma, o piso protendido ção a chegar ao Brasil foi o lançamento execução mais sofisticada.As fotos 1 e 2
mostra-se um excelente método cons- do sistema da européia Bekaert, deno- apresentam a vista geral de uma faixa
trutivo, tanto tecnicamente – pois eli- minado jointless floor, que consistia em protendida com 20 m de largura e 120
mina consideravelmente o número de um piso com menos juntas e placas de m de comprimento.
juntas – como economicamente, por- 50 m x 50 m. O primeiro piso fabricado
que na maioria das vezes seu custo com esta tecnologia foi o do Centro de Projeto
imediato é inferior ao dos métodos Distribuição Bom Preço de Salvador, Há vários requisitos mínimos a
convencionais. cujas placas chegam a 25 m x 25 m. serem atendidos para os projetos de
A partir daí, vários pisos de cen- pisos de concreto protendido. Entre
Histórico dos pisos protendidos tros de distribuição foram feitos com esses requisitos, podem ser citados o su-
Até dez anos atrás, a referência que essa tecnologia, empregando-se tam- porte constante e uniforme do subleito
tínhamos para construção de pisos e pa- bém fibra de aço ou tela soldada. Mas e da sub-base, as espessuras adequadas,

75
como construir.qxd 4/4/2007 16:47 Page 76

a dosagem racional do concreto, a sideram sempre as tensões longitudi-  parâmetros de dosagem do concre-
construção e o controle apropriados. nais e transversais que decorrem de to, como tipo do cimento, consumo
Segundo Bina e Teixeira (2002), vários esforços solicitantes. Por se tra- mínimo de cimento, relação água ci-
pode-se afirmar que, para pisos indus- tar, na maioria dos casos, de placas de mento, abatimento, teor máximo de
triais, são importantes o baixo número grandes comprimentos e de relação ar incorporado e aditivos, dimensão
de juntas e a baixa ocorrência de fissu- área/espessura elevada, para que a máxima do agregado graúdo e teor de
ras, o correto acabamento superficial protensão seja eficiente, deve-se levar argamassa;
(planicidade, nivelamento e conforto em consideração, no cálculo, os se-  plano de controle tecnológico do
ao rolamento), a baixa incidência de guintes fatores: concreto no estado fresco e endurecido,
manutenções e facilidade de restaura-  Variações de temperatura; ressaltando-se nesta etapa o controle do
ção, a alta produtividade e a fácil imple-  Atrito com a sub-base; abatimento e o controle das resistências
mentação da tecnologia construtiva.  Força de protensão; mecânicas e da espessura das placas;
Portanto, as diretrizes a serem Carga de rodagem e armazenamento.  Valores mínimos dos índices de
adotadas para a elaboração de um No projeto devem constar as se- planicidade e nivelamento do piso
projeto de piso protendido devem guintes informações: (F- Numbers).
obedecer aos seguintes requisitos: a) Projeto geométrico com todas as Para a determinação dos índices de
a) Estudos geotécnicos, tais como informações topográficas necessárias à planicidade e nivelamento, deverá ser
sondagem, ensaios de solo – ensaio perfeita locação das placas de piso; empregado equipamento específico
de placa, ensaio de compactação b) Detalhes de dimensionamento denominado DipStick Floor Profiler.
CBR (Índice de Suporte Califórnia, dos pisos com definições dos tipos, ca- A medição é feita pela amostra-
em Português); racterísticas tecnológicas e espessuras gem total da superfície do piso, recor-
b) Avaliação das condições dos tanto dos pisos como das camadas rendo-se ao tratamento matemático e
carregamentos estáticos e dinâmicos constituintes de sua estrutura; estatístico dos dados.
às quais o piso será submetido; c) Projeto geométrico de distribui-
c) Concepção arquitetônica da ção das placas, posicionamento dos Execução – montagem das fôrmas
edificação; cabos de protensão, detalhamento de As fôrmas deverão ser convenien-
d) Estudos de layout com a dispo- armações de reforço e fretagem, deta- temente dispostas para a delimitação
sição das máquinas e equipamentos lhamento de todos os tipos de junta, das áreas a serem concretadas, confor-
de fabricação, transporte e armazena- bem como detalhes de interação do me definições de projeto. Poderão ser
gem de materiais e produtos; piso com as demais estruturas (pilares, usadas fôrmas de madeira ou metáli-
e) Tipo de equipamentos rodantes paredes, caixas, requadros e reforços cas, de modo a assegurar nivelamento
sobre o piso (modelo das empilhadei- necessários); perfeito, alinhamento e contenção do
ras com suas respectivas capacidades d) Recomendações de execução e concreto fresco.
de carga). controle, com as especificações dos As fôrmas devem apresentar furações
As diretrizes descritas anterior- materiais utilizáveis, tais como: laterais para o correto posicionamento
mente são requisitos básicos para  resistência característica do concre- dos cabos de protensão e das barras de
qualquer método construtivo a ser es- to à tração na flexão (fct,k) medida aos transferência,bem como apresentar local
colhido, seja com concreto simples, 28 dias; para a fixação das ancoragens.Um exem-
concreto reforçado com fibras de aço e  resistência característica do concre- plo de fôrma usualmente empregada é
concreto armado (vergalhão ou tela). to à compressão (fcj) medida às 10, 12, mostrado nas fotos 3 e 4.
Os critérios de dimensionamento 14 e 20 horas e também aos três , sete e
dos pisos de concreto protendido con- 28 dias; Colocação da camada de
deslizamento
A camada de deslizamento é exe-
cutada mediante a colocação de duas
mantas de polietileno (habitualmente
chamada de lona plástica) sobre toda
a área a ser concretada (foto 5). Tal ca-
mada tem como função principal re-
duzir o atrito entre a placa de concre-
to e a sub-base, permitindo livre mo-
Fotos: divulgação

vimentação da placa oriunda das ten-


sões provocadas pelas variações tér-
micas e aplicação da força de proten-
Foto 3 – Vista do posicionamento das Foto 4 – Vista da furação e encaixe são. Outras funções da camada de
fôrmas (alinhamento e nivelamento) das fôrmas (parte inferior da foto) deslizamento são manter a água de

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Concretagem da placa
Tendo em vista o volume de mate-
rial envolvido, deve-se utilizar concre-
to usinado em conformidade com os
parâmetros mínimos descritos no item
"d", em "Recomendações". O lança-
mento do concreto poderá ser realiza-
do diretamente do caminhão betonei-
ra e/ou por bomba e lança.
A área a ser concretada deverá ser
dividida em faixas, e a definição das lar-
guras e comprimentos das faixas que
compõem uma placa deverá estar em
conformidade com o tipo de equipa-
mento que fará o espalhamento e aden-
samento do concreto. Os equipamen-
Foto 5 – Colocação da camada de deslizamento
tos habitualmente utilizados são a
régua vibratória treliçada, para traba-
amassamento do concreto necessária transferência da carga dos cabos de pro- lho em faixas de menores dimensões,
à perfeita hidratação do cimento, evi- tensão à placa de concreto. A foto 6 ilus- ilustrada na foto 9, e a laser screed, para
tando que seja absorvida pela sub- tra detalhes das armações. faixas e placas de grandes dimensões.
base, e formar uma barreira dificul- Os cabos de protensão deverão ser Este equipamento executa sarrafea-
tando a ascensão de umidade do solo cortados em conformidade com os mento, nivelamento e adensamento do
à superfície do piso. comprimentos indicados em projeto. concreto, conforme ilustrado na foto
Os cabos e demais armaduras de- 10. O nível do piso em execução é con-
Armação da placa verão ser convenientemente dispostos trolado por meio de um emissor laser
A armação da placa de concreto conforme definições de projetos e po- fixo e dois receptores existentes na má-
protendido recebe duas nomenclaturas: derão ser compostos de cordoalhas, quina, os quais recebem sinais do emis-
"armação ativa" (composta pelos cabos telas, vergalhões, barras de transferên- sor e os informam ao comando hidráu-
de protensão – no caso em estudo, as cia e treliças. lico que, conseqüentemente, controla o
cordoalhas plastificadas engraxadas) e Para a garantia do correto posicio- nível de concretagem com precisão.
"armação passiva" (composta pelas de- namento dos cabos e demais armadu- O concreto deverá ser lançado de
mais ferragens – de fretagem e de refor- ras deverão ser usados espaçadores maneira uniforme, sem a formação de
ço – constituídas de aço CA50 e CA60). plásticos e/ou metálicos, conforme pilhas, como ilustrado na foto 11. O
No processo de armação da placa de ilustrado na foto 7. abastecimento de concreto deve ser
concreto protendido também estão in- Os cabos devem estar alinhados e constante, de modo que os equipa-
seridas as placas de ancoragem e acessó- com suas extremidades posicionadas e mentos sejam regularmente abasteci-
rios de protensão, os quais são respon- ancoradas conforme definições de dos e não haja interrupção na concre-
sáveis pelo posicionamento, fixação e projeto. tagem, sob pena de retardar o início da

Foto 7 – Armação ativa devidamente


Foto 6 – Armações ativas e passivas posicionada com uso de espaçadores Foto 8 – Armação de reforço

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COMO CONSTRUIR

Acervo ABCP

Foto 9 – Régua vibratória treliçada Foto 10 – Equipamento laser screed

protensão, ou de gerar retrações dife- dução, por meio do manejo de insumos Em seguida, após o endurecimento
renciais ao longo da pista e afetar o e materiais acabados, seja pela necessi- parcial do concreto, deverá ser executa-
acabamento superficial do piso. É re- dade de limpeza, higiene e manutenção. do o desempenamento mecânico da
comendável que o fornecimento mí- A camada superficial do piso indus- sua superfície, com a finalidade de "tra-
nimo de concreto seja de 35 m³/h. trial deverá atender às definições de zer" argamassa à superfície, que forma-
O adensamento do concreto deverá projeto quanto aos requisitos de acaba- rá a camada final do acabamento. Tal
ser mais intenso nas regiões das fôrmas mento superficial (na maioria dos desempenamento deverá ser iniciado
onde estão concentradas as placas de casos liso vítreo ou espelhado, podendo aproximadamente três horas após o
ancoragem, para que permaneçam in- ser também desempenado fino, quan- lançamento do concreto (este tempo
tegralmente envolvidas pelo concreto. do necessário receber revestimento poderá variar em função do concreto e
Nesta região, o adensamento deverá ser posterior), planicidade e nivelamento. do tipo de cimento utilizado). Na prá-
executado por vibradores de imersão. O acabamento superficial do con- tica, o início do desempenamento me-
creto é iniciado com seu sarrafeamento cânico usualmente ocorre quando a
Acabamento superficial e desempenamento,que,embora sejam superfície apresenta-se parcialmente
O perfeito desempenho de um processos executados concomitante- endurecida, de modo que uma pessoa,
piso industrial não está associado so- mente à etapa de lançamento do con- ao caminhar sobre o concreto, deixe
mente à qualidade dos materiais em- creto, já constituem o início do acaba- "pegadas" com aproximadamente 4
pregados e a um projeto bem elabora- mento. O sarrafeamento deve ser exe- mm. Trata-se de avaliação bastante
do, mas também a todos os cuidados cutado com régua vibratória ou laser empírica, demandando a fixação de
na sua execução, de modo particular screed, em conformidade com o nivela- outros parâmetros. Os equipamentos
ao seu acabamento superficial. mento do piso definido em projeto. Já o empregados para o argamassamento
A camada superficial do piso cons- desempenamento deve ser executado mecânico são acabadoras autopropeli-
titui a plataforma onde o trabalho in- com aplicação de rodos lisos (metálicos das duplas, com utilização de discos de
dustrial se realiza, seja escoando a pro- ou de madeira) tipo float (foto 12). flotação (foto 13).
Fotos: divulgação

Foto 11 – Lançamento do concreto com utilização de


bomba lança Foto 12 – Aplicação de rodo tipo float

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Foto 13 – Acabadora dupla de superfície


com disco de flotação, empregada no
desempenamento mecânico Foto 14 – Aplicação de rodo de corte

Em seguida ao desempenamento obtenção de uma superfície com as- tecido, saturadas em água. Em casos
mecânico deverá ser executada a pecto vítreo (bastante liso). específicos, quando há alta exposição
correção de possíveis ondulações su- do piso concretado ao vento, sol e lo-
perficiais, mediante o emprego do Cura do concreto cais com baixa umidade do ar (por
rodo de corte, ferramenta constituí- O processo de cura deverá ter iní- exemplo: locais descobertos ou com
da de perfil de alumínio de seção re- cio tão logo a superfície esteja acabada, ausência de fechamento lateral), deve-
tangular dotada de pesos para per- para evitar a evaporação da água e o rão ser feitos os dois tipos de cura.
mitir o "corte da superfície", como surgimento de fissuras no piso, assim
ilustrado na foto 14. como para aumentar a resistência do Protensão
O acabamento final da superfície concreto à abrasão. Poderá ser feita A protensão dos cabos deverá ser
deverá ser executado com acabadoras cura química, aspergindo-se agentes executada em etapas, seguindo a se-
duplas autopropelidas dotadas de pás de cura à base de sódio ou resinas, com qüência determinada pelo projetista,
(fotos 15 e 16). As pás têm regulagem ou sem formação de película. Também no intuito de combater o apareci-
de inclinação para as variações neces- poderá ser realizada a cura úmida, em- mento de fissuras. A primeira proten-
sárias aos serviços de acabamento, até a pregando-se mantas de poliéster não- são é feita poucas horas após a con-

Foto 15 –Acabadora de superfície duplada, Foto 16 – Acabamento final tipo liso vítreo executado com acabadoras
com o uso de pás para o acabamento final duplas de alta rotação

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COMO CONSTRUIR

Para a execução da protensão, triais com as tecnologias já existentes


deverão ser seguidos critérios como: pelos de concreto protendido. Trata-
força de protensão e alongamento se de criar uma nova opção, que pode-
para cada cabo, resistência mínima rá se fixar ou não no mercado, sobre-
do concreto, número de etapas e pondo ou não as demais em função de
ordem de protensão, valor e varia- seu desempenho não apenas inicial,
ção admitida para o alongamento de mas ao longo do tempo.
cada cabo.
A protensão final deverá ser exe-
cutada quando o concreto atingir
resistência à compressão mínima LEIA MAIS
especificada em projeto (habitual-
A Arte dos Pisos Industriais – do
mente da ordem de 25 MPa). A pro-
sistema de damas ao protendido.
tensão dos cabos longitudinais de-
P. Bina; A. O. F. Teixeira. Ibracon, São
verá ser executada após a concreta-
Foto 17 – Nicho de apoio do macaco de Paulo, 2002.
gem de todas as faixas que com-
protensão junto à ancoragem
põem a placa. Como construir pisos e pavimen-
Deverão ser tomados cuidados tos de concreto protendido. P.
especiais na colocação das cunhas e Bina; A. O. F. Teixeira. Revista Téchne,
instalação do macaco, para que fi- edição 55, outubro de 2001.
que perfeitamente apoiado nas an-
Execução de radiers protendidos.
coragens. As fotos 17 e 18 ilustram
Eugênio Cauduro. Artigo técnico, 42o
a operação.
Congresso Brasileiro do Concreto.

Juntas NBR 7197 – Projeto de Estruturas


Como abordado anteriormente, de Concreto Protendido.Associação
o número de juntas no piso de con- Brasileira de Normas Técnicas, 1988.
Fotos: divulgação

creto protendido é extremamente re-


NBR 6118 – Projeto de Estrutura
duzido, quando comparado a outros
de Concreto Armado. ABNT, Rio de
tipos de pisos. As juntas são basica-
Janeiro, 2003
Foto 18 – Operação de protensão mente de construção, situadas no en-
dos cabos contro lateral entre as faixas e nas jun- Pavimentos Rígidos em Concreto
tas de articulação (região onde estão Protendido. M. T. Schmid. São
localizadas as ancoragens). Paulo, 1997.
O preenchimento das juntas deve-
Diretrizes de Projeto, Execução e
rá ser executado com selante que apre-
Controle de Pisos Industriais de
sente dureza mínima de 80 na escala
Concreto Protendido. K. B. Sene-
"Shore A", podendo ser constituído de
fonte. Monografia MBA (USP), São
poliuretano ou epóxi.
Paulo, 2007.
Nos locais onde haverá tráfego de
empilhadeiras, deverá ser executado Cálculo Automático de Lajes Pro-
reforço de borda da junta, usualmente tendidas. A. O. F.Teixeira. Disser-
denominado lábio polimérico, consti- tação de Mestrado, Unicamp, 1988.
tuído de argamassa à base de epóxi, Documentário sobre Pavimentos de
conforme ilustrado na figura ao lado. Concreto Protendido para Aeroportos
Figura 1 – Detalhe em corte de reforço
e Rodovias. Augusto Carlos Vasconce-
de borda de junta (lábio polimérico)
Conclusões los. Ibracon, São Paulo, 1979.
A utilização do concreto protendi-
Design of Prestresses Concrete
cretagem da faixa. A protensão inicial do para pisos industriais acaba "im-
Strutures. New York,
dos cabos longitudinais, da ordem de pondo" controle mais eficiente ao pro-
London, 1955
20% da carga total (para a cordoalha cesso, com ênfase na sistematização e
de 12,5 mm tem-se um total de 15 tf na gestão eficientes das etapas de pro- Documentário sobre pavimentos
por cordoalha), deverá ser feita quan- jeto, execução e controle, as quais são de concreto protendidos para
do o concreto atingir a resistência es- vitais para a qualidade do piso. aeroportos e rodovias. A. C.
pecificada em projeto (habitualmente Não se trata, entretanto, de propor Vasconcelos. Ibracon. São Paulo,
da ordem de 10 MPa). a simples substituição dos pisos indus- 1979.

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