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02 - À ARGUMENTAÇÃO
Após formular o tem, faça a pergunta “por quê”. Ao encontrar duas ou três respostas para a
questão (estas respostas chama-se argumentos), você fará a introdução .
A dissertação deverá constar de três partes fundamentais: INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.
Na introdução os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informa o
assunto de que a dissertação vai tratar.
É conveniente colocar palavras que liguem as diferenças partes da introdução. Depois de
terminado o parágrafo desta, você deverá passar ao desenvolvimento, explicando cada um dos
argumentos.
É necessária a presença de palavras ou expressões no início do parágrafo que prevaleça a ligação
com parágrafo anterior.
A conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos
anteriores. A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação.
a) INTRODUÇÃO
A finalidade da introdução é preparar o leitor, dispô-lo a aceitar com simpatia o tema. Deverá
ser breve, relacionada com o tema central.
b) DESENVOLVIMENTO
É justamente no desenvolvimento que se discute a tese, em que se debatem os problemas. É
nele que o aluno colocará tudo de si, na busca das melhores idéias. Sendo o desenvolvimento a parte
mais importante da redação, claro está que não pode ser menor que a introdução, ou que a conclusão.
c) CONCLUSÃO
A conclusão é o fecho, o corolário da redação. Nela, de maneira expressiva, o autor costuma
resumir seu ponto de vista, sintetizar suas idéias.
O aluno poderá terminar com frase de efeito, ou gradações enfáticas que reforme ou abonem
os conceitos expostos no desenvolvimento. Em geral, na discussão de problemas políticos, econômicos
ou sociais, o autor faz uma pausa, lamenta que certas diretrizes não tenham sido tomadas e faz votos
para que o futuro traga decisões mais acertadas. De qualquer forma, a conclusão deve ser enfática, de
modo que produza ao examinador uma última boa impressão.
d) A LETRA
e) O TEMA
Fácil ou difícil, agradável ou não, o tema terá que ser enfrentado. Ele já encontra um tema
imposto que pode não se ajustar ao seu gosto ou estilo. Mas o aluno deve dizer-se: “eu quero fazê-lo, eu
posso fazê-lo”.
f) O ESQUEMA
O esquema ajudará a organizar as idéias. Com cinco palavras apenas, pode-se reunir material
para uma boa redação. Se houver sobra de idéias, depois de registradas, deve o aluno selecionar as
melhores. Deverá eliminar, portanto, aquelas desnecessárias ou infantis. Deverão sob apenas alguns
conceitos fundamentais e alguns outros subsidiários, o necessário, e por fim, para cumprir o limite
exigido de linhas.
03 - PARÁGRAFO
Formas de desenvolver o parágrafo.
a) Argumentos
Tema: Os habitantes da cidade de São Paulo passam diariamente por algumas dificuldades.
Os habitantes de São Paulo enfrentam sérias dificuldades porque o trânsito está cada vez mais
congestionado, os assaltos ocorrem a todo instante e além do mais, os índices de poluição estão a níveis
altíssimos. (introdução)
É notória que a agitação nesta cidade é intensa ....... (trânsito)
Ainda convém lembra a insegurança das pessoas ... (assaltos) desenvolvimento
Além disso, há inúmeras indústrias ......................... (poluição)
Por tudo isso, ... (conclusão)
b) Enumeração
Dentre os fatores que contribuem para as dificuldades dos habitantes da cidade de São Paulo,
destacam-se três fatores fundamentais. (introdução)
A poluição é , seguramente, o primeiro fator ...
Um outro aspecto importante é o trânsito ... desenvolvimento
d) Esquema
Pode-se reunir material para uma boa redação, utilizando algumas palavras que estejam
diretamente ligadas ao tema: desemprego, poluição, corrida contra o tempo (pressa), estresse, assalto,
insônia, trânsito, ...
e) Temas Polêmicos
Tema: aborto
Há opiniões divergentes sobre a legalização do aborto em nosso país. Muitos aspectos devem
ser analisados na abordagem dessa questão. (introdução)
Os defensores alegam ... desenvolvimento
Outros, porém ...
Há controvérsias que precisam ser ... (conclusão)
OBS.: 1 – utilize a 1ª pessoal do plural ao invés da 1ª pessoa do singular. Em outras palavras, você
deve escrever acreditamos, entendemos, analisamos, ao invés de acredito, entendo, analiso.
2 – procure sempre se manter informado sobre os mais diversos assuntos. Quanto melhor você
conseguir compreender as questões econômicas, políticas e sociais de seu país e do exterior, maiores
condições terá de redigir sobre qualquer tema.
5- CAUSA
Para indicar a causa, a língua portuguesa oferece várias possibilidades:
- o desemprego nos centros urbanos constitui uma das causas fundamentais do surgimento das
favelas.
- o desemprego nos centros urbanos gera o surgimento das favelas.
- o surgimento das favelas é decorrente sobretudo do desemprego nos centros urbanos.
- surgem as favelas porque nos centos urbanos aumenta o desemprego
6- CONSEQÜÊNCIA
Para indicar a conseqüência, a língua portuguesa oferece várias possibilidades:
a) o surgimento das favelas constitui uma das conseqüências do desemprego nos centros
urbanos;
b) o surgimento das favelas resulta sobretudo do desemprego nos centros urbanos;
c) cresce o índice de desemprego nos centros urbanos, consequentemente surgem as favelas;
d) surgem as favelas em virtude sobretudo do desemprego nos centos urbanos.
8- PAUSAS RÍTMICAS
As pausas rítmicas, - assinaladas na pronúncia por entoações características e na escrita por sinais
especiais - , são de três espécies:
1) Pausa que não quebra a continuidade do discurso, indicativa de que a frase ainda não foi
concluída. Marcam-na:
a vírgula (,)
o travessão (-)
os parênteses ( )
o ponto e vírgula (;)
os dois pontos (:)
2) Pausa que indica o término do discurso ou de parte dele. Assinalam-se:
O ponto simples
O ponto parágrafo
O ponto final
3) Pausa que serve para frisar uma intenção ou estado emotivo. Mostram-na:
O ponto de interrogação (?)
O ponto de exclamação (!)
As reticências (...)
Redação -7- CB-FN-ES-FELIX
9- VÍRGULA
Usa-se a vírgula:
1) Para separar os termos da mesma função, assindéticos.
Exemplos:
“(...) vieram os Goncourts, os Daudets, os Baudelaires, os Banvilles, os Zolas, os
impressionistas, os naturalistas, os realistas, os simbolistas ... imaginando, forjando engendrando,
importando, amalgamando, tumultuando, carreando, golfando para o vocabulário, para a sintaxe, para a
rua, para as letras, para a especulação, para o trabalho, para a vida uma torrente de formas inesperadas,
cambiantes, revolucionárias...” (Rui Barbosa)
“Era o nada, a aversão, do caos no cataclismo.
A sincope do som no páramo profundo.
O silêncio, a algidez, o vácuo, o horror do abismo...” (Olavo Bilac)
Nota – Havendo a conjunção e entre os dois últimos termos, suprime-se a vírgula.
“Sem pressa, sem pesar, sem alegria.
Sem alma, o tecelão, que cabeceia.
Carda, retorce, estira, asseda, fia.
Doba e entrelaça, na infindável teia” (Olavo Bilac)
2) Para isolar o vocativo:
“Deixe-me, senhora.” (Machado de Assis)
“Ó meu Amor, que já morreste,
Ó meu Amor, que morta estás!
Lá nessa cova a que desceste,
Ó meu Amor, que já morreste,
Ah! Nunca mais florescerás?!” (Cruz e Sousa)
“Varrei os mares, tufão!...” (Castro Alves)
3) Para isolar o aposto:
“Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão...”(Machado de
Assis)
“Dou-te meu coração irreverente,
Meus penachos de Cid, o Campeador...” (José Oiticica)
“Não se deve julgar o homem por uma só ação, senão por muitas.”(Carneiro Ribeiro)
“Fiquem-se com o Senho, que eu vou-me” (Castilho)
“Ou o conhece, ou não” (Vieira)
Nota – Quando à conjunção mas, se for muito frisante o sentido adversativo, pode-se usa
o ponto e vírgula.
Exemplo: “Defenda-se; mas não se vingue” (José Oiticica)
4) Para isolar as conjunções adversativas porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo; e as
conjunções conclusivas: logo, pois, portanto
“Contudo, ao sair de lá, tive umas sombras de dúvida...” (Machado de Assis)
“Nada diminuía, portanto, as probabilidades do perigo e a poesia da luta” (Rebelo da Silva)
5) Para separar as orações consecutivas:
Exemplo: “(...) e o fulgor das pupilas negras fuzilava tão vivo e por vezes tão recobrado, que
se tornava irresistível.” (Rebelo e Silva)
6) Para separar as orações subordinadas adverbiais (iniciadas pelas conjunções subordinativas
não-integrantes), quer antepostas, quer pospostas à principal.
Exemplos:
“Juro que ela sentiu alívio, quando os nossos olhos se encontraram...” (Machado de Assis).
“Enquanto o senho escarneceu o feitio das minhas botas, estava no seu ofício e no seu direito.
Das Botas acima não.” (Camilo Castelo Branco)
10 - PONTO E VÍRGULA
Emprega-se o ponto e vírgula:
1) Para separar as várias parte distintas de um período, que se equilibram em valor e importância.
Redação -8- CB-FN-ES-FELIX
Exemplos:
“Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos
dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (Vieira)
“O homem transfigura-se. Impertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e
no gesto; e a cabeça firma-se lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e
forte; e corrigem-se-lhe prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento
habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu achamboado reponta, inesperadamente, o aspecto
dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento inesperado de força e agilidade
extraordinárias.” (Euclides da Cunha)
2) Para separar as séries ou membros de frases que já são interiormente separas por vírgulas.
Exemplo:
“Uns trabalhavam, esforçavam-se, exauriam-se, outros folgavam, descuidavam-se, não
pensavam no futuro” (Júlio Nogueira)
3) Para separar os diversos considerandos ou os itens de uma lei de um decreto, de uma
exposição-de-motivos, etc.
Exemplos:
“Art. 12 Os cargos públicos são providos por
I – Nomeação; V – Readmissão;
II – Promoção; VI – Reversão;
III – Transferência; VII – Aproveitamento.”
IV – Reintegração;
11 - DOIS PONTOS
Empregam-se os dois pontos:
1) Antes de uma citação.
Exemplo:
“O projeto formula deste modo o art. 494:
Se mais de uma pessoa possuir cousa indivisa, ou estiver no gozo do mesmo direito, poderá cada
uma exercer sobre o objeto comum atos possessórios...” (Carneiro Ribeiro)
2) Antes dos apostos discriminativos.
Exemplo:
“A sala.... possuía a mobília simples, costumeira, da vida rústica: o relógio de parede, a
mandolina sobre a mesa, a espingarda num dos cantos, algumas cadeiras e bancos rudes para assento.”
(Afrânio Peixoto)
“Três cousas me assombraram: terem eles embarcado em tal jangada, não haverem dito nada ao
capitão e, sobretudo, terem levado a pobre criança.” (José Oiticica)
3) Antes de uma explicação ou esclarecimento:
Exemplo:
“O padre reza: a estola é de uma cor que chora:
Roxa como a saudade astral dessas olheiras
Onde correm de novo as lágrimas de outrora...” (Alphonsus de Guimarães)
“Foi pó e há de tornar a ser pó? Logo é pó. Porque tudo o que vive nessa vida não é o que é: é
o que foi, e o que há de ser.” (Vieira)
“Mostra. Abre as folhas: a água rebrilhando
Lá está...” (Alberto de Oliveira)
4) Depois de um verbo dicendi (disse, perguntou, respondeu, acrescentou, etc...), em frases de
estilo direto:
Exemplos:
“Quando, num dia calmo, eu vim ao mundo,
Minha mãe, santa e nobre flor de lis,
Disse olhando os meus olhos bem no fundo:
- Meu filho, hás de ser bom e ser feliz!” (Olegário Mariano)
“Alguém te disse: - Reza. É bom para que esperes.” (Alphonsus de Guimarães)
“Ontem, na tarde loura de aguarela,
13 - PONTO DE EXCLAMAÇÃO
1) Usa-se depois de qualquer palavra, expressão ou frase, na qual, com entoação apropriada, se
indique espanto, surpresa, entusiasmo, susto, cólera, piedade, súplica.
Exemplo:
“Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um século, uma nação,
Encontra nomes tão grandes,
Que não lhe cabem na mão!” (Castro Alves)
2) Emprega-se, também, depois das interjeições e dos vocativos intensivos.
Exemplo:
“Ah! Cumpra-se o fadário que me espera...” (Luís Carlos)
“Oh! Se Carlos soubesse...” (Júlio Dinis)
Nota – A interjeição de espanto (oh!), que se escreve com h, é sempre seguido de ponto de
exclamação.
Já a interjeição de apelo (ó), não o admite depois de si: a notação vem só depois do
vocativo.
Exemplo:
“Ó meu filho, meu filho! Replicou frei Hilarião.” (Alexandre Herculano)
14 - PONTO DE INTERROGAÇÃO
1) Usa-se nas interrogações diretas e nas indiretas livres. Depois de palavras, expressões ou
frases, marcadas, na pronúncia, por entoação ascendente.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
2) Nas interrogações indiretas puras, não há sinal gráfico, nem entoação ascendente.
Exemplo:
“Não é fácil sondar o que as gerações futuras hão de pensar sobre os escritores e os poetas
hoje.” (Múcio Leão)
Nota – Às vezes, aparecem juntos o ponto de interrogação e o de exclamação, quando há
concomitantemente entoação interrogativa e exclamativa.
Exemplo:
“Porque para este cemitério vim?!
Porque?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!” (Augusto dos Anjos)
Redação - 10 - CB-FN-ES-
FELIX
15 - RETICÊNCIAS
Empregam-se as reticências:
1) Para indicar, nas citações, que foram suprimidas algumas palavras. Isto acontece quando,
transcrevendo um trecho longo, não o apresentamos integral; omitimos o que não interessa
imediatamente aos nossos propósitos.
Usadas no início da citação, servem de mostrar que o lanço transcrito pertence a uma frase que
não foi copiada desde o princípio. Por isso, começa-se com letra minúscula.
Usadas no fim, são sinal de o termo da citação não coincidir com o fim da frase de onde ela foi
tirada.
Exemplos:
“Lebréus, galgos, podengos e toda a demais cainçalha patrulhavam, noite e dia, por morros e
devesas” (Rui Barbosa)
Se, por acaso, quiséssemos abonar o coletivo cainçalha com um exemplo de Rui Barbosa,
poderíamos, em vez de transladar o trecho inteiro, escrever somente assim:
“...cainçalha...”
Ou desta forma, dando sentido à frase:
“...galgos... e toda a demais cainçalha patrulhavam... por morros... (Rui Barbosa)
2) Para indicar uma interrupção violenta da frase, que fica truncada ou incompleta.
Exemplo:
“- Trinta e oito contos, disse ele:
- Am? ... gemeu o enfermo.
3) Para indicar, no corpo da frase, pequenas interrupções que mostram hesitação, ou dúvida, ou
fatos que se sucedem espaçadamente.
Exemplos:
“- Então veio muito tarde?
- Julgo que... às duas horas... balbuciou Jenny.” (Júlio Dinis)
“- Este mal... pega, doutor?” (Alfredo Taunay)
4) Para indicar, no fim de uma frase gramaticalmente completa, que o sentido via além do que
ficou dito. Têm as reticências larga vida na poesia, pelo seu grande poder de sugestão.
Exemplo:
“Olha a vida, primeiro, longamente, enternecidamente
Como quem a quer adivinhar...
Olha a vida, rindo ou chorando, frente a frente,
Deixa, depois, o coração falar...” (Ronald de Carvalho)
5) Para indicar que o pensamento enveredou por caminho imprevisto, inesperado, decaindo,
geralmente, para o chiste ou para a ironia.
Exemplo:
“Quando moço elegante e perfumado
Que ainda, imponente, de automóvel... fiado,
Porque lhe faltam níqueis para o bonde!” (Bastos Tigre)
Nota – Conjugam-se as reticências como ponto de interrogação (?...) e com o de
exclamação (!...), quando, num dos casos citados, há dúvida ou espanto.
Redação - 11 - CB-FN-ES-
FELIX
Redação - 12 - CB-FN-ES-
FELIX
TEMAS IMPORTANTES PARA A REDAÇÃO
190º ANIVERSÁRIO DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
Cento e noventa anos de existência!
Raras são as instituições brasileiras capazes de afirmar o mesmo.
Lealdade e disciplina foram as razões que levaram a Bragada Real da marinha, nossa origem, a
permanecer no Brasil quando o regresso da Família Real para Portugal; foram, também, os valores que
nos permitiram cumprir o dever nos momentos difíceis em que fomos chamados, seja participando das
lutas pela consolidação da independência, seja combatendo lado a lado com os imperiais marinheiros
nas campanhas do Prata, seja durante os conflitos político-militares do período republicano ou, mais
recentemente, em cumprimento a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, atuando em
busca da paz em São Domingos e Angola.
Os notáveis exemplos de coragem, disciplina e senso de dever dos Fuzileiros Navais que
combateram em Paissandu, Tonelero, Riachuelo e Humaitá, perpetuados nas denominações de nossos
batalhões, forjaram nossa obstinada determinação em assegurar que, onde houver um Fuzileiro Naval,
ali, há de haver, sempre, disciplina, lealdade e um profundo amor à Marinha do Brasil. Essa
determinação, orgulhosa crença compartilhada por todos os Fuzileiros Navais, caracteriza nosso
espírito de corpo, legado maior que não temos o direito de macular.
Estou consciente que a tarefa não é simples; as inquietudes do tempo em que vivemos geram
dificuldades de toda sorte, mormente, quando, em face do longo período de paz que o Brasil,
felizmente, vive, muitos, desconhecendo as lições da História, questionam nossa existência, sonhando
com um mundo utópico de concórdia. Esquecem-se que, se há glória militar em vencer batalhas, muito
maior grandeza há em evitá-las, mercê de um preparo profissional que desestimule vontades
antagônicas de buscar, no campo militar, a solução de conflito de interesses. Eis, em síntese, nossa
razão de ser.
Fuzileiros Navais, dificuldades, contudo, nunca nos esmoreceram, muito pelo contrário; somos
homens afeitos a transformá-las em desafios estimulantes. Superá-los tem sido nossa tradição. Por isso,
estou certo que os estorvos atuais não nos paralisarão; crentes e confiantes nos nossos ideais,
haveremos de continuar a escrever nossa História com honra e dignidade.
ADSUMUS.
EQUIPAR-SE, É PRECISO!
A Marinha concorda que a possibilidade de o Brasil se envolver em uma guerra, na atual
conjuntura internacional, é bastante remota; assim como era impensável, até poucos dias antes da
ocorrência, a invasão das Malvinas, a invasão do Panamá, a invasão de Granada, a invasão do Kuwait,
a Guerra da Bósnia e outros conflitos e surpresas do cotidiano internacional, como a inesperada queda
do Muro de Berlim, por exemplo.
Há apenas quinze anos, nada disso havia acontecido. O que, na verdade, não muda o fato de
que, no presente, o Brasil não consegue identificar nenhuma ameaça iminente. Entretanto, se por um
lado não há ameaças, por outro, há interesses nacionais e, sendo a potência emergente do porte que é,
dificilmente poderá o país continuar disputando espaços e mercados sem despertar antagonismos, dos
quais , as pressões da Alca sobre o Mercosul são mero exemplo. E, desde que o mundo é mundo, quer
entre pessoas, que entre nações, a origem dos conflitos está no choque de interesses. É claro que, como
manda o bom figurino, os povos devem apelar sempre para a solução pacífica das controvérsias. Por
outro lado,. O recuso a tal expediente será tão mais atraente quanto menos convidativa a via militar.
Exemplo interessante ocorreu recentemente entre Canadá e Espanha, dois países do chamado
Primeiro Mundo, ambos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): segundo o
Canadá, a Espanha realizava pesca predatória em águas adjacentes aos bancos da Terranova. Esta
alegava estar em águas internacionais, fora de qualquer jurisdição canadense. O Canadá, certo ou
errado, enviou navios de guerra para impedir a ação dos pesqueiros espanhóis e, assim, impor sua
vontade. Como a Espanha também possui Marinha e enviou seus navios para a área do litígio, ambos
concordaram que a mesa de negociação poderia levar a melhores resultados. A lição que fica é a de
que, se a Espanha não dispusesse de Marinha, teria de submeter-se à pressão militar do Canadá. Em
Temas para a Redação - 13 - CB-FN-ES-FELIX
1963, o próprio Brasil viveu episódio semelhante com a França, que realizava pesca predatória da
lagosta no litoral do nordeste brasileiro e, em resposta aos nossos protestos, enviou um navio de guerra
para garantir a atividade dos pesqueiros. A chegada da Esquadra brasileira à cena de ação, a despeito da
impossibilidade de vencermos qualquer guerra contra a França, mudou o curso dos acontecimentos,
levando a disputa para o foro diplomático adequado.
Como observado nos exemplos, os conflitos surtem inesperadamente, como que do nada. Já as
Forças Armadas, existem ou não. Não há como improvisá-las. Um navio de guerra, por exemplo, uma
vez tomada a decisão de obtê-lo, leva cerca de cinco anos, entre projeto, construção e aprestamento,
para tê-lo pronto. A formação de pessoal, em todos os níveis, leva bem mais, enquanto que o
desenvolvimento de um adequada cultura de emprego é assunto para mais de século. Não é,
absolutamente, um problema só nosso. É assim no mundo inteiro.
Quanto ao que foi apresentado da pergunta, isto é, como a Marinha fará para convencer a
sociedade do que ela precisa, é realmente tarefa árdua, mas será que é problema só da Marinha, ou
mesmo, das Forças Armadas convencer a sociedade? Diferentemente do que é praticado no Brasil, a
Defesa não é problema dos militares. É problema da nação, dos políticos, dos segmentos esclarecidos e
de todas as camadas sociais, A discussão desses assuntos deve, necessariamente envolver a todos, o
que inclui, sobremodo, a Imprensa. Na visão da Marinha, a solicitação da presente entrevista, por parte
desse jornal, reveste-se de especial significado, em razão do que, coloca-se, desde logo, à disposição
para prestar, a qualquer tempo, todas as informações que venham a ser solicitadas.
A PENA DE MORTE
Cogita-se com muita freqüência, a implantação da pena de morte no Brasil. Muitos aspectos
devem ser analisados na abordagem dessa questão.
Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos,
impedindo-os de cometerem crimes monstruosos, os quais costumeiramente temos notícia. Além do
mais, aliviaria, em certa medida, a superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos,
considerados irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros.
Outros, porém, não conseguem admitir a idéia de um ser humano tirar a vida de um
semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há registros históricos de pessoas
executadas injustamente, pois as provas de sua inocência evidenciaram-se após o cumprimento da
sentença. Por outro lado, a vigência da pena de morte não é capaz de, por si, desencorajar a prática de
crimes: estes não deixaram de ocorrer nos países em que é ou foi implantada.