Professional Documents
Culture Documents
Seis horas da tarde. Cidade pequena. A praça principal abriga um coreto, o fórum municipal e
uma igreja com grandes torres. Repicam os sinos. Trabalhadores, donas de casa, jovens e até
crianças, todos rezam silenciosamente uma Ave-Maria. No domingo, todos se encontrarão na
missa, evento religioso e social importante na cidade.
É possível que, ao ler o parágrafo acima, várias pessoas reconheçam algo da realidade nele
retratada. Trata-se de uma narrativa cada vez mais distante no tempo. Hoje, a maior parte das
pessoas no Brasil mora em grandes cidades, com dezenas de praças. Mesmo nas cidades
menores, o templo católico nem sempre é conhecido ou reconhecido e há muitos templos,
com indicações bem diversas: Igreja Batista, Assembléia de Deus, Igreja Universal do Reino de
Deus, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e muitas outras. Os terreiros de
Umbanda e de Candomblé são um entre outras religiões diferentes, embora não se possa dizer
que o preconceito para com as religiões diferentes, embora não se possa dizer que o
preconceito para com as religiões afro-brasileiras esteja superado, ao contrário... Há também
sinagogas, mesquistas, centros espíritas, igrejas messiânicas, templos budistas...Outros se
dedicam ainda ao tarô ou ao horóscopo. Outros não freqüentam nenhum tipo de religião. E há
os que nem sequer crêem em Deus... Que diversidade!
O cristianismo é a religião dos que proclamam a fé em Jesus como Cristo, o Messias, o Filho
de Deus, e o seguem. Há duas ou três gerações ninguém duvidaria que o cristianismo,e, dentro
do cristianismo, o catolicismo, era a “religião brasileira”. É verdade que ela continua sendo a
religião majoritária (73,8%, segundo o Censo de 2000). Mas apesar de o catolicismo ser uma
das bases para se compreender a cultura brasileira, a realidade mudou. Hoje, o campo
religioso tem sofrido grandes transformações e vem se tornando cada vez mais diversificado.
O próprio catolicismo é diversificado em seu interior. Isso quer dizer, sua unidade é
multiforme. A unidade, fundamentada teologicamente na unidade do mistério de Cristo, é
expressa simbolicamente na existência de um único líder, o Papa. Mas há diversas formas de o
catolicismo existir. Para além do catolicismo oficial, proclamado pelas autoridades religiosas,
entramos o catolicismo popular, relido no horizonte cultural e no contexto vital populares.
Encontramos também o catolicismo vivido nas Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs,
pequenas comunidades entre os pobres , caracterizadas pelo maior inter-relacionamento
pessoal, estudo da Bíblia e acentuado compromisso com a família, com o trabalho
sociopolítico, com a comunidade local, com o bairro. Encontramos igualmente o catolicismo
vivido dentro de movimentos e grupos, dentre os quais se sobressaem a renovação
Carismática Católica – RCC e as novas comunidades que, com influências do pentecostalismo,
têm crescido bastante nas duas últimas décadas. A RCC modifica a experiência religiosa
tradicional através dos “grupos de oração” e do culto oficial, com novas expressões emocionais
e corporais. Utiliza a mídia e se configura em movimento de massa.
Alguns especialistas observam que os que mais deixam o catolicismo são os chamados
católicos nominais (católicos só de nome, isto é, foram batizados mas não conhecem nem
praticam nada do catolicismo). Mas o fato é que ser católico por tradição familiar vai sendo
uma realidade cada vez mais difícil de ser encontrada. Na modernidade, a tradição vai cedendo
lugar à experiência e às convicções pessoais. Além disso, os migrantes e os novos moradores
das grandes cidades perdem suas referências religiosas de origem e nem sempre encontram,
em seu novo ambiente, uma nova referência católica.
Mas o cristianismo não é composto apenas pelo catolicismo. Os evangelhos, em sua vertente
protestante-histórica –luteranos, batistas, metodistas, presbiterianos, anglicanos,
congregacionaistas- , fazem parte do cenário brasileiro desde o século XIX. Embora
numericamente modesto (cerca de 3% da população), o pretestantismo está vivo e
desempenha importante papel no movimento ecumênico, que é um movimento organizado de
aproximação e diálogo entre as igrejas cristãs.
Segundo Paul Freston, é possível identificar três ondas de implantação de igrejas pentecostais
no Brasil.
A segunda onda acontece nas décadas de 1950 e 1960, com a chegada das igrejas
Quadrangular, Brasil para Cristo e Deus é amor, entre muitas outras. Expandem-se
principalmente no contexto paulista, com a urbanização e formação de sociedade de massas.
A ênfase dessas igrejas é a cura de diversos males.
Tendo recebido a diversidade dentro do cristianismo no Brasil, impõe-se dizer que se trata de
uma diversidade dinâmica, em que o pentecostalismo surge como alternativa religiosa,
especialmente para a população mais pobre e sociopoliticamente isolada.
Temos consciência de que faltaram as igrejas cristãs orientais (ortodoxa e católicas orientais)
e movimentos independentes, de inspiração cristã, mas não cristãos, como a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), a Adventista do Sétimo Dia, as Testemunhas de
Jeová, a Ciência cristã e o Racionalismo Cristão. Sobre estes , é possível pesquisar na
bibliografia proposta.
Bibliografia
FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In: Nem anjos nem demônios:
Interpretações Sociológicas do Pentecostalismo. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes/CERIS, 1994,
p. 67-159.
JACOB, C. R.; HESS, R.; WANIEZ, P.; BRUSTLEIN, V.Religião e sociedade em capitais brasileiras.
São Paulo/Rio de Janeiro/Brasilia: Loyola/PUC –Rio/ CNBB, 2006.
Webliografia
Reflexão pessoal
Debate