Professional Documents
Culture Documents
AMBIENTAL:
INDICADORES DE BOA GOVERNANÇA EM PROCESSOS POLÍTICOS
E REGULATÓRIOS
RESUMO
As decisões concernentes ao setor elétrico têm impactos fundamentais na sociedade, seja em
níveis social, ambiental ou econômico (WRI, 2008). Nesse sentido, compreender o processo em
que tais medidas são tomadas é condição para assegurar que melhores decisões sejam
aplicadas. Considerando que a credibilidade do público, através de processos mais
transparentes, é fundamental para uma reforma e aprimoramento politicamente sustentável do
setor, a Iniciativa para a Governança em Eletricidade (Electricity Governance Initiative – EGI)
disponibilizou um Kit de Ferramentas de Indicadores para avaliar e verificar a estrutura do
setor elétrico. O Kit de Ferramentas da EGI apresenta uma estrutura para avaliar e promover
boa governança no setor elétrico. Neste sentido, o presente trabalho objetiva apresentar alguns
dos resultados obtidos pelo grupo de trabalho coordenado pelo IEI. A proposta do projeto
objetiva avaliar a transparência e grau de participação pública, dentre outros critérios,
dividindo o tema em duas partes: processos políticos e processos regulatórios.
Palavras-chave: Setor elétrico brasileiro; boa governança, processos políticos; processos
regulatórios
ABSTRACT
Decisions concerning to electric sector have significant impacts in society, both at the social
and environmental and economic levels. In this regard, understanding the process by which
those measures are taken is essential to assure best decisions. Considering the importance to
assess the transparency and credibility of political reforms related to the electricity sector, the
Electricity Governance Initiative – EGI has launched an Indicator Toolkit to asses and verify
these issues. The EGI toolkit presents a regulatory framework to analyze and promote good
governance in the electric sector. In this way, this paper introduces some results obtained by
International Energy Initiative workgroup. The project purpose verifies transparency of
decision-making process, amonst other criteria, investigating the political and regulatory
processes.
Key words: Brazilian electric sector; good governance; political processes; regulatory
processes.
SUMÁRIO
Neste sentido, o presente trabalho objetiva apresentar alguns dos resultados obtidos pelo
grupo de trabalho coordenado pelo IEI. Intentou-se analisar o quão transparente é o processo
decisório no setor, verificando-se a participação pública, prestação de contas ao público
interessado e a disponibilidade de meios para recursos decisórios e implementação das
políticas.
2 - METODOLOGIA
O Kit de Ferramentas da EGI apresenta uma metodologia para avaliar a boa governança no
setor elétrico. A proposta do projeto objetiva avaliar a transparência e grau de participação
pública, dentre outros critérios, dividindo o tema em duas partes: processos políticos e
processos regulatórios que são sub divididos em indicadores.
A maioria das informações necessárias para a pesquisa foram encontrada nas leis
relevantes para o setor elétrico; regras e regulamentos de implementação criados pelo
Ministério de Minas e Energia - MME; decisões e relatórios anuais da ANEEL e complementadas
com relatórios, estudos acadêmicos, e documentos de congressos.
Sabe-se que os avanços da política e da regulação no setor energético têm se tornado cada
vez mais complexos com as mudanças do contexto sócio-econômico mundial, representadas
pelos processos de reestruturação industrial e reorganização institucional das atividades
energéticas (CGEE, 2008).
No entanto, conforme explica o diretor geral da DME Energética Ltda. (2008), embora
qualquer reestruturação tenha algum tipo de efeito direto, essa reforma pouco influenciou
diretamente no setor, implicando especificamente apenas na forma de comercialização de
energia elétrica: “tal implementação não foi considerada uma reforma, mas uma adaptação do
modelo”. A mudança expressiva foi determinada pela Lei Federal nº 8987 de 1995, conhecida
como a Lei de Concessões de Serviços Públicos, e pela Lei Setorial nº 9047 de 1995, quando
foram estabelecidos os fundamentos básicos do novo modelo e iniciada a sua abertura à
participação dos capitais privados.
Agência reguladora
Embora a agência tenha uma autonomia razoável, sempre foi fragilizada pela pressão
política muito forte, e essa autonomia da agência terá que ser reconstruída em algum momento
(diretor geral da DME, 2008). A autonomia é fundamental para reduzir os riscos regulatórios:
“Planejamento, política e regulação é um conjunto em que a política é qualitativo e o
planejamento quantitativo.”
Comitês legislativos
Atualmente, a presidência está a cargo do Senador Leomar Quintanilha (PMDB – TO) que
tem como vice a Senadora Marisa Serrano (PSDB – MS). O comitê legislativo para avaliar
questões ambientais no âmbito desta é a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável - CMADS. Esta é uma comissão permanente criada pelo Regimento Interno da Casa
e constituída de deputados com a finalidade de discutir e votar as propostas de leis que são
apresentadas à Câmara.
Vale ainda ressaltar a existência da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados
Federal que é competente para avaliar os projetos de lei referentes ao setor elétrico brasileiro.
Todavia, quando se inicia um projeto de lei na Câmara Federal, a Secretaria Geral da Mesa faz
uma análise e encaminha o projeto para as Comissões que tem competência.
Assim sendo, quando o projeto de lei refere-se a uma questão energética com interferência
direta em alguma questão ambiental, tal projeto é encaminhado para a Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CMADS para que se pronuncie sobre a sua área de
competência e também é encaminhado para a Comissão de Minas e energia para que também
opine sobre a sua área de atuação.
Entretanto, todas essas questões passam pela comissão que avalia de forma unitária os
projetos de lei referentes às questões ambientais relacionadas à política e ao desempenho do
setor elétrico (tanto no Senado como na Câmara Federal).
O MME é seccionado em vários órgãos para melhor desempenhar suas funções. Assim
sendo, cabe a cada um destes órgãos atender as responsabilidades bem definidas e delimitadas.
Dentre os órgãos que compõem a estrutura organizacional do MME e que têm relação
específica com o setor elétrico, podem ser destacadas a Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Energético e a Secretaria de Energia Elétrica.
Dentre as competências estabelecidas no Decreto no 5.267 de 9 de novembro de 2004, para
a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (art.9º), está incluída a
responsabilidade ambiental de “coordenar ações de gestão ambiental, visando orientar os
procedimentos licitatórios do setor energético e acompanhar as ações decorrentes”.
São estabelecidas responsabilidades específicas relativas à questão ambiental para alguns
dos departamentos desta Secretaria. Para o Departamento de Planejamento Energético, cabe
“promover as articulações demandadas pelas ações de gestão ambiental, com vistas às licitações
para a expansão do setor energético”.
No âmbito das competências do Departamento de Desenvolvimento Energético, além de
diversas responsabilidades voltadas para a conservação e uso racional de energia, são
registradas as seguintes especificamente ambientais:
V-levantar e gerenciar as demandas de sustentabilidade
ambiental nos estudos energéticos, tais como,
inventários, análise da viabilidade de empreendimentos
e outros;
Ademais, são realizados seminários e eventos para apresentação dos Planos elaborados,
após serem aprovados pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). O público alvo, de
um modo geral, além de eventuais consumidores interessados é composto por empreendedores,
universidades, associações técnicas e de grupos de interesse diretamente ligados ao setor
elétrico.
Órgãos de assessoramento
Para a formação do CNPE, foi editado o Decreto 3.520/2000 que determina, em seu artigo
2º, que a composição deste órgão se dará com a participação de: 9 ministérios, um
representante dos Estados e do Distrito Federal, um representante da sociedade civil, especialista
em matéria de energia, um representante de universidade brasileira, especialista em matéria de
energia, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Ressalta-se ainda que o
CNPE trabalha concomitante a outros órgãos, como o Ministério de Minas e Energia, em
pesquisa e da investigação de questões ou problemas ambientais.
Além dos representantes dos ministérios e dos outros membros do CNPE, podem também
participar das reuniões os Presidentes da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRÁS), da Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRÁS) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), bem como os dirigentes máximos de outros órgãos ou entidades.
O público tem informações precisas sobre as decisões tomadas no âmbito do setor elétrico,
no entanto, ainda predomina na sociedade (com exceção dos agentes diretamente interessados)
o caráter cultural e educacional de pouca participação ativa nos debates para a formação de
uma decisão política dentro do setor elétrico. A sociedade ainda não está devidamente
estruturada de forma a analisar este tipo de procedimento, então a participação ainda é
pequena, se considerado o potencial de interação.
Bajay, Sergio; Rosillo-Calle, Frank; V.; Rothman, Harry. Uso da Biomassa para Produção de
Energia na Indústria Brasileira. Campinas: Editora Unicamp, 2005.
DME Energética Ltda. A iniciativa para governança em eletricidade . Ex Diretor ANEEL: São
Paulo. Entrevista realizada em 10 de Setembro de 2008.
European Renewable Energy Council. Energy Revolution: A sustainable world energy outlook,
2007.
Haddad, J. . Embasamento Legal e Institucional. In: Jamil Haddad; Sérgio Catão Aguiar. (Org.).
Eficiência Energética Integrando Usos e Reduzindo Desperdícios. 1 ed. Brasília: Agência
Nacional de Energia Elétrica / Agência Nacional do Petróleo, 1999
International Energy Agency – IEA :Energy Technology Perspectives: Scenarios & Strategies to
2050. OECD, Paris, 2008
International Energy Agency – IEA: Worldwide Trends in Energy Use and Efficiency- Key
Insights from IEA Indicator Analysis. Paris, 2008UNEP Risø Centre on Energy, Climate and
Sustainable Development. Development First: Linking Energy and Emission Policies with
Sustainable Development. Roskilde, 2007
Martins, A. A possível revolução energética. Alternativas ao aquecimento global. São Paulo: Gera
Gráfica – Instituto Paulo Freire/Le Monde Diplomatique, 2007.
World Resources Institute – WRI. A iniciativa para governança em eletricidade. Junho, 2007.