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Banco de horas e compensação – Como utilizar corretamente, sem riscos?

* Daniela Santino

Muitas dúvidas existem sobre a maneira mais acertada de fazer valer o banco de horas no
momento de compensar a jornada extraordinária do funcionário. Temos visto que a Justiça
trabalhista tem sido muito rígida na hora de conferir validade ao instituto, por isso, todo
cuidado é pouco.

Sendo assim, demonstraremos a necessidade de o empregador tomar alguns cuidados para que
seja válido o banco de horas e para que este não se transforme em mais um foco de ações
trabalhistas.

Se utilizado corretamente, o banco de horas pode ser extremamente vantajoso para os


empregados e empregadores.

A finalidade do banco de horas é a flexibilização da jornada de trabalho de acordo com a


necessidade maior ou menor de produção de uma empresa. Em razão das variações
econômicas e de mercado, temos picos e quedas de produção constantemente. O banco de
horas é uma maneira eficaz de evitar perdas significativas de lucro e de força de trabalho com
as variações do mercado.

Um dos primeiros requisitos está em que as horas extras destinadas à compensação do


trabalho extraordinário não podem ser habituais, ou seja, rotineiras, usuais. Por isso, uma
sugestão para evitar que as horas extras sejam caracterizadas como habituais é observar
sempre a jornada semanal limite imposta pela nossa legislação, de 44 horas semanais. Isso
porque os Tribunais Trabalhistas consideram que as horas extras habituais descaracterizam o
instituto do banco de horas, e, assim, as horas extras não devem ser compensadas, mas pagas
com a incidência do respectivo adicional. Além disso, entende-se que a jornada diária pode
ser estendida ao máximo de 10 horas. Dessa forma, podemos dizer que temos como requisitos

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no tocante a quantidade de horas a ser observada: a jornada diária máxima de 10 horas +
jornada semanal máxima de 44 horas + a não habitualidade das horas extras.

Apesar da compensação das jornadas a ser observadas ser a semanal, o banco de horas pode
ser estabelecido por um período de um ano, ao final do qual, se verificarão as jornadas
semanais trabalhadas e a respectiva compensação, sob pena de pagamento das horas
excedentes como extraordinárias.

O importante é lembrar que deve existir uma previsão dos dias nos quais o empregado irá
trabalhar em horas extraordinárias e os dias nos quais ele compensará esse trabalho,
observada a jornada semanal.

O banco de horas é permitido pelo ordenamento jurídico pátrio, mas exige-se autorização por
convenção ou acordo coletivo ou, mediante acordo individual escrito com cada empregado
desde que não haja proibição do sindicato na realização de horas extras e sua compensação.
A possibilidade de realização de acordo individual escrito com o funcionário é arriscada,
devendo dar-se preferência sempre à instituição do banco de horas por meio de negociação
coletiva, ou ao menos, com a autorização expressa do sindicato da categoria, sob pena do
banco de horas ser reputado inválido pelo Tribunal.

Em trabalhos insalubres e perigosos, autorização expressa da autoridade competente em


matéria de higiene do trabalho, no caso o Departamento Nacional de Segurança e Higiene do
Trabalho (DNSHT), ou às Delegacias Regionais do Trabalho, deve ser obtida.

A existência de qualquer irregularidade no banco de horas enseja o pagamento das horas


como horas extras e com o respectivo adicional, por isso, é importante seguir à risca as
exigências legais, sob pena de se gerar um passivo que se multiplica pelos funcionários em
que houve o uso de acordo de compensação sem o atendimento desses requisitos.

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Há vantagens tanto para o empregador como para o empregado com a instituição de banco de
horas, como a diminuição das demissões, a diminuição do pagamento de horas extras, a
melhor qualidade de vida do empregado e o atendimento às necessidades produtivas do
empregador.

Esclareça-se, por fim, portanto, que o banco de horas é instrumento saudável tanto para o
empregado como para o empregador e, desde que observadas as exigências legais, deve ser
sim usado.

Recomenda-se que, pelo menos, o banco de horas seja firmado com assistência sindical, com
estrita observância da jornada semanal e que haja pactuação escrita das horas extras que serão
compensadas e de uma previsão dos descansos do funcionário.

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