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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON


CENTRO DE CIÊNCIAL AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA

ECOLOGIA:
BIODIVERSIDADE EM ÁGUA DOCE

MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PR


MAIO DE 2004
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Ademir Weidauer e Silvano Fontaniva

BIODIVERSIDADE EM ÁGUA DOCE

Trabalho apresentado à disciplina de


Ecologia, como avaliação parcial da
1º série do Curso de Agronomia da
Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – Centro de Ciências agrárias
– Campus de Marechal Cândido
Rondon.

Orientador: profs Armim

Marechal Cândido Rondon


Maio de 2004
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05
BIODIVERSIDADE EM ÁGUA DOCE 06
1 BACTÉRIAS 06
2 FUNGOS 07
3 ALGAS 08
3. DIVISÃO CYONAPHITA 09
1
3. DIVISÃO CLOROPHYTA 09
2
3. DIVISÃO PYRROPHYTA 09
3
3. DIVISÃO RAPHIDOPHYTA 10
4
3. DIVISÃO EUGLENOPHYTA 10
5
3. DIVISÃO CHROMOPHYTA 10
6
3. DIVISÃO RHODOPHYTA 10
7
4 PROTOZOA 11
5 REINO METAZOA 12
5. FILO PORIFERA 12
1
5. FILO CNIDARIA 12
2
5. FILO PLATYHELMINTHES 13
3
5. FILO NEMATOMORPHA 14
4
5. FILO ANNELIDA 14
5
5. FILO MULLUSCA 15
6
5. FILO ROTIFERA 16
4

7
5. FILO ARTHROPODA 16
8
6 AÇÃO DO HOMEM NO MEIO AMBIENTE AQUÁTICO 21
CONCLUSÃO 24
BIBLIOGRAFIA 25
5

INTRODUÇÃO

Procuraremos ao longo deste trabalho, desenvolver uma clareza maior acerca do


estado em que se encontra o estudo da Biodiversidade em Água Doce no Brasil.
Utilizaremos como material de estudo base o “Relatório Final – Perfil do Conhecimento de
Biodiversidade em Águas Doces no Brasil”, organizado por Odete Rocha, do Laboratório
de Limnologia, Departamento de Ecologia e Biologia evolutiva, da Universidade Federal
de São Carlos, São Carlos – SP.
Nos daremos conta que o estudo acerca desta biodiversidade no Brasil, até hoje,
não apresentou um esforço maior de organização e investimentos. Como conseqüência,
nota-se que também o conhecimento apresenta limitações, tendo um razoável
desenvolvimento restrito ‘a algumas regiões como o Sul, Sudeste e a Amazônia.
Como não poderia deixar de ser, a maior parte da biodiversidade apresentada neste
trabalho será limitada ‘a estas regiões. Isto é conseqüência direta da falta de investimentos,
e de pesquisadores capacitados, para o desenvolvimento deste trabalho de catalogação e
análise do material.
Tentaremos expor a importância de se priorizar o desenvolvimento de um estudo de
biodiversidade em água doce no Brasil, não somente, mas também, almejando a grandeza
econômica, assim como o conhecimento da grandeza ecológica que temos em nosso País.
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BIODIVERSIDADE EM ÁGUA DOCE

1. BACTÉRIAS

São organismos procariontes, sem membrana nuclear e outras estruturas


intracelulares organizadas observadas em eucariotos.
As bactérias desempenham um papel de fundamental importância no ambiente
aquático. Através do processo de decomposição e mineralização da matéria orgânica as
bactérias suprem nutrientes aos produtores primários.
Além disso, estudos realizados em ambientes pelágicos (locais de maior
profundidades), naturais, revelam que as bactérias consomem uma fração significativa da
produção fotossintética total. O processo de mineralização da matéria orgânica autóctone
(proveniente dos próprios locais) ou alóctone (proveniente de outros locais) na biomassa de
água, resulta em biossíntese de proteína particuladas composta pela célula bacteriana que
por sua vez, constitui excelente alimento para zooplâncton.
Existem atualmente aproximadamente 5.000 espécies de bactérias descritas, número
muito aquém do que realmente existe no ambiente. No Brasil, o conhecimento sobre a
diversidade microbiana dos diferentes ecossistemas de água doce é incompleto e
fragmentado.
A partir da década de 70, vários trabalhos associados a cursos e programas de pós-
graduação foram desenvolvidos, sobretudo nas universidades paulistas. Entretanto, a
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documentação sobre ecologia sistemática microbiana em revisões critica e listagens de


microrganismos para diferentes ecossistemas, são inexistentes.
Alguns estudos de diversidade de bactérias de água doce no Estado de São Paulo
foram desenvolvidos juntos ao Laboratório de Ecologia de Microorganismos Aquáticos
(LEMA) do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) da Universidade
Federal de São Carlos.

2. FUNGOS

Constitui organismos eucariotos, provido de parede celular rígido, podem ser uni ou
pluricelulares desprovido de clorofila, portanto não realizam fotossíntese.
Os fungos apresentam grande diversidade e são amplamente difundidos em diferentes
ambientes. Possuem grande importância na decomposição de material vegetal de origem
terrestre que cai na água, influindo de maneira decisiva no transporte de materiais entre o
meio terrestre e o meio aquático.
A distinção entre fungos aquáticos e terrestres é uma tarefa muito difícil de tal forma
que em uma amostra de água geralmente encontram-se espécies aquáticas, muitas espécies
terrestres e outras que vivem em ambos os ambientes. Somente aqueles capazes de se
reproduzir em ambientes aquáticos podem ser considerados fungos genuinamente
aquáticos. De forma geral dois tipos de fungos estão presentes em ambientes aquáticos: os
zoospóricos e os não zoospóricos. Os primeiros possuem estruturas especializadas para
motilidade (locomoção), e pertencem a subdivisões: Ascomycotina, Basidiomycotina e
Deuteromycotina, geralmente produzem esporos, tornando-se resistente às variações de
ambientais.
As leveduras são fungos geralmente unicelulares, não possuem motilidade e se
reproduz tipicamente por fissão binária (reprodução assexuada, na qual, a célula cresce,
divide-se ao meio, dando origem a duas células filhas semelhantes à célula mãe),
brotamento ou pela combinação de ambos. Esses organismos pertencem a vários grupos
taxonômicos com base na capacidade de se reproduzir. As leveduras verdadeiras
reproduzem sexuadamente formando esporos. As imperfeitas (Deuteromycotina) não
possuem a fase sexuada conhecida. Ainda não está claro se os táxons observados são
realmente aquáticos ou de origem terrestre, apesar de sua grande diversidade.
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No reino Stramenopila (Choromista) são conhecidas 760 espécies no mundo e 141 no


Brasil. No reino protista, considerando os filos Acrasiomycota, Dictyosteliomycota,
Myxomycota e Plasmodiophoromycota, são conhecidos 778 espécies no mundo, enquanto
que no Brasil são conhecidas 180 espécies (destas, 127 espécies ocorrem no estado de São
Paulo. Para os Chytridiomycota, há 793 espécies no mudo, no Brasil são conhecidas e
descritas 93 espécies (para o estado de São Paulo restam-se 56 espécies no solo e na
água)).
Na Represa do Lobo – SP foram isolados e descritos 52 táxons de fungos
Zoospóricos. No Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, SP foram isolados 50 táxons de
diferentes ordens de Mastigomycotina. Milanez et. al., numa revisão sobre fungos
aquáticos na Mata Atlântica do Estado de São Paulo, relataram 49 táxons de fungos
zoospóricos e 15 de Hyphomycotes. No Rio do Monjolinho, São Carlos, SP, existem 10
gêneros de fungos Zoospóricos e 13 de Hyphomycetes aquáticos.
Alguns estudos regionais no Brasil relacionaram a distribuição de fungos a gradientes
de poluição em ambientes marinhos esturinos ou em sistemas de água doce. Muitas
espécies de leveduras são utilizadas como eficientes indicadores de poluição da água.
Líquens - É uma associação simbiótica (mutualismo) entre algas e fungos. Nesta
associação, as algas realizam fotossíntese e fornecem alimento orgânico aos fungos. Os
fungos protegem as algas e retiram água e sais minerais do substrato. São seres
encontrados sobre rochas e retiram água e sais minerais do substrato. São seres
encontrados sobre rochas, troncos de árvores, etc. reproduzem sexuadamente e formam
sorédios (compostos de hifas fungicas e de algas). Constituem organismos pioneiros em
suscessões ecológicas e ainda podem ser usados como indicadores ambientais de
contaminação por dióxido de enxofre.
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3. ALGAS

Grupo composto por diversos filos, com espécies uni ou pluricelulares. São, em sua
maioria, organismos aquáticos de água doce ou salgada. A comunidade de algas (perifíticas
e planctônicas) abrange grande número de espécies e alta proporção na biodiversidade total
destes sistemas. Ela exerce importante papel na produção primária de biomassa (material
de origem vegetal, utilizada como fonte de energia) e na ciclagem bioquímica. Elas
chegam a contribuir com 40% da produção primária do planeta. Atualmente há 26.900
algas eucariontes e 1700 algas procariontes descritas no mundo todo.

3.1 DIVISÃO CYANOPHYTA:


É constituída por uma única classe Cyanophyceae (Cyanobactéria), e formada por
organismos que ocupam a posição intermediária entre algas eucarióticas e bactérias,
apresentando clorofila – a, porém sem sistemas de membranas. Contém cerca de 150
gêneros e 2000 espécies, distribuídos em água doce, no mar, em solo úmido, águas termais,
desertos e geleiras. No entanto a maioria ocorre em água doce. A classe Cyanophyceae está
dividida em 4 ordens. No Brasil já foram registrados em torno de 800 espécies a maioria
(500) para os lagos e reservatórios do estado de São Paulo, estima-se que haja 1600
espécies no território nacional.

3.2 DIVISÃO CHLOROPHYTA:


As clorofitas, chamadas vulgarmente de algas verdes são morfologicamente muito
diversificadas e variam desde formas unicelulares a forma colonial, desde filamentos
pluricelulares simples ramificados, a talos constituídos por um parênquima maciço.
Também se encontram agregados macroscópicos de filamento cenocíticos (em septo). As
clorofitas de água doce compredem ao redor de 520 gêneros com 7800 espécies no mundo,
divididas em 4 classes e 14 ordens. No território nacional já foram descritas 3.500 espécies
de algas verdes, entretanto, estima-se que haja 7.000 a 10.000 espécies. As ordens que
reúne a maioria dos gêneros e espécies planctônicas são: Volvocales, Cholorococcales,
Ulotricholes Zgnematales.

3.3 DIVISÃO PYRRHOPHYTA:


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Formada por algas caracterizadas por possuírem clorofila – a e clorofila – c,


biliproteínas (Ficociaina e Ficoeritrina) é amido extra plastidial. Esta divisão inclui duas
classes: Cryptophyceae e Dinophyceae com 53 gêneros e 320 espécies de água doce. A
classe Tetragonidiales (formas cocóides ou palmelóides imóveis, com dois gêneros
monoespecíficos). A classe Dinophyceae, formada por organismos unicelulares,
flagelados, móveis é dividida em 5 ordens e 120 a 130 generos, dos quais 30 tem
representação em água doce, em todo o mundo. A Classe Dinophyceae (Dinoflagelados)
divide-se em 5 ordens, 120 – 130 gêneros dos quais 30 estão presentes em águas doces em
todo o mundo. Não há informação sobre o número de espécies no Brasil.

3.4 DIVISÃO RAPHIDOPHYTA


Compreende uma só classe raphidophyceae (choromonadophyceae) é uma só ordem
Raphidomonadales, é constituída por organismos unicelulares, livres, solitários, providos
de dois flagelos desiguais. Compreende 11 gêneros e 20 espécies de água doce no mundo.

3.5 DIVISÃO EUGLENOPHYTA


São algas unicelulares moveis e flageladas, raramente palmelóides ou fixas.
Constituído por uma só classe Euglenophyceae, com duas ordens Euglenales (formas
flageladas, solitárias, com 44 gêneros e 900 espécies) e Colociales (formas fixas em
colônias dendroides, com um gênero e 12 a 14 espécies).

3.6 DIVISÃO CHROMOPHYTA


É constituída por quatro classes. A classe Chysophyceae é formada por organismos
unicelulares ou coloniais, raramente filamentosos, divididos em 9 ordens, das quais 07 são
exclusivas de água doce e 2 têm também representantes marinhos. A Classe Phaeophyceae
encontrada em água doce divide-se nos gêneros Sphacelaria, Bodunella, Heribaudiella,
Lithoderma e Pleurocladia. A classe Diatomophyceae (Bacillariophyceae) compreende
algas unicelulares ou coloniais cujas células possuem a parede empregada por sílica;
ocorrem no mar, em água doce, no solo ou em rochas úmidas. Há cerca de 250 gêneros e
100000 espécies no mundo, em água doce existem 67 gêneros e aproximadamente 2.000
espécies. A classe Xanthophyceae engloba 95 gêneros de água doce e 550 espécies no
mundo. Com relação às algas flageladas (fitoflagelados) no Brasil a registros de 2.000
espécies, porém estima-se que existam 5.000 espécies.
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3.7 DIVISÃO RHODOPHYTA


As rodófitas ou algas roxas são caracterizadas pela presença de pigmentos roxos e
azuis, ficoeritrina e ficocianina, acompanhadas de clorofila – a e de diversos carotenóides e
xantofilas. Este grupo de algas possui uma grande variedade de formas, que vão desde
unicelulares até tolos de organização complexa. Possui uma única classe Rhodophyceae, e
duas subclasses: Bamgiophycidae, de estrutura relativamente simples, com cinco ordens,
15 gêneros e aproximadamente 30 espécies de água doce; e Floridophycidae, cuja estrutura
e mais complexa, com quatro ordens, 17 gêneros e 160 espécies de água doce. No Brasil há
cerca de 50 espécies.

4. PROTOZOA

Constituem um grupo importante no funcionamento dos ecossistemas aquáticos. São


geralmente microscópicos; a maioria menor do que 0,5 m em diâmetro, e sua distribuição
mundial é mais limitada pelo habitat do que geograficamente. Por possuírem uma
considerável diversidade morfológica e fisiológica, os protozoários apresentam um notável
espectro de adaptações para diferentes condições ambientais, ocupando uma grande
variedade de nichos ecológicos. Ocorrem em todas as latitudes, no mar (inclusive em água
profundas), em águas doces, salobras, subterrâneas, em fontes termais e no solo, podendo
ser de vida livre, embora seja considerável o número de espécies parasitas e daquelas que
podem crescer em microarofilia e anaerobiose.
Por muito tempo importou-se com os protozoários parasitas desconsiderando as
espécies de vida livre. Entretanto hoje se sabe que os de vida livre desempenham um papel
fundamental nas cadeias tróficas de ambientes naturais de tratamento de água e de dejetos
de esgoto, assim como indicadores biológicos de qualidade de água.
O número de espécies vivas é estimado em 36.000. O sub-reino Protozoa está
dividido em 6 filos: filo Ciliophora (ciliados), e o filo Sarcomastigophora inclui as classes
Sarcodina e Mastigophora, são compostos principalmente por protistas de vida livre; filos
Apicomplexa, Microspora e Myxozoa são todos parasitas, sendo que os organismos do filo
Labyrinthomorpha são sapróbios e parasitas de algas.
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Entre os zooflagelados há parasitas importantes, como Trypanossoma cruzi e


Leishmania spp, causadores de importantes doenças na região Neotropical. Entretanto,
nenhum destes tem fase livre em água doce.
Os fitoflagelados ilustram a artificialidade da separação entre os reinos animal e
vegetal, uma vez que sua nutrição pode alterar entre a forma fotossintética ou autotrófica
na luz, e a forma heterotrófica no escuro.
A classe Sarcodina amebas nuas tecadas (que secretam uma carapaça, ou a constroem
utilizando partículas minerais). Entre o grupo sem teca estão as amebas como a Amoeba
proteus, encontrada em corpos de água permanentes e também a ameba causadora de
disenteria Entomoeba Hystolitica, cujos cistos podem passar das fezes humanas e
contaminar as águas doces, infectando outras pessoas através da água de consumo. O
grupo de amebas tecadas é o grupo de protozoários melhor conhecidos em relação á
diversidade de espécies, aqui no Brasil. A maioria das espécies é bêntica ou vive aderida às
plantas da região litoral dos lagos ou em bancos de macrofilas nos rios.
Os ciliados (Ciliophora) são os protozoários mais marcantes no plancton das águas
doces. Os protozoários podem ser úteis como organismos indicadores na avaliação da
qualidade da água, sendo a presença de certas espécies indicativa do predomínio de
condições de oxidação ou de redução na decomposição da matéria orgânica. Os ciliados,
em particular, desempenham um papel importante na cadeia alimentar de águas doces, sua
vida herbivoria sobre bactérias e flagelados sendo responsável pela transferência de
energia em uma cadeia alimentar alternativa, a alça microbiana (loop); tem também
importante papel no tratamento de esgotos, produzindo efluentes limpos.

5. REINO METAZOA:

5.1 FILO PORÍFERA:


São animais muito primitivos conhecidos como esponjas vivem em água doce ou
salgadas. O Filo Porífera constituem um grupo essencialmente marinho com poucos
representantes em águas doces. O número de espécies vivas é estimado entre 20.000 e
30.000 espécies. No Brasil há 21 gêneros e 44 espécies conhecidas. Com ralação a
distribuição geográfica reconhece-se três comunidades diferentes: a primeira é
característica de substratos rochosos profundos em rios da Bacia Amazônia até a Bacia do
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Paraná-Uruguai; a segunda assembléia ocorre em águas temporárias, ou reservatórios rasos


e lagos de planície de inundação; e a terceira ocorre em lagos costeiros ou mixohalinas.
Os gêneros mais comuns no Brasil são Matanea (Metaniidae) e Trochospongilla,
cada um com cinco espécies conhecidas no país. Há um gênero e três espécies
exclusivamente endêmicas no Brasil, e outros oito gêneros exclusivos da região
neotropical, tem a maior parte de sua distribuição geográfica conhecida no território
brasileiro.
As esponjas são importantes componentes das cadeias alimentares de águas doces,
sendo o principal item na dieta de alguns peixes, bem como de invertebrados, como as
larvas de Neuroptera, Sisyridae. Existem aplicações potenciais para os espongilitos,
fornecidos por acúmulos de espículas silíceas, na industria de microchips, mas cujo
desenvolvimento requer ainda pesquisa tecnológica.

5.2 FILO CNIDÁRIA:


Compreende animais aquáticos de água doce ou salgadas, sendo as águas vivas, as
anêmonas e os corais os representantes mais conhecidos. O filo cnidária é também
essencialmente um grupo marinho com poucos membros nas águas doce. Apenas na classe
Hydrozoa há representantes de águas doces, uns poucos hidróides e medusas. Estima-se
que há 11.000 espécies destes seres. A maioria das cnidárias são predadores carnívoros
tanto hidróides sedentários como medusas livres nadantes. Nas águas doces alimentam-se
de plâncton microscópico, que é capturada da água através de tentáculos. São predadores
pro turbelárias, insetos aquáticos e crustáceos. São freqüentemente encontrados na região
litoral de rios e lagos, em águas limpas, desaparecendo rapidamente em ambientes
poluídos. Portanto, eles são bons indicadores ecológicos.
No mundo há 27 espécies de hidróides de água doce; 18 espécies de hidróides
conhecidos para a América do Norte, e 8 espécies na Europa. No Brasil, há quatro gêneros
registrados e somente seis espécies identificadas.

5.3 FILO PLATYHELMINTHES (VERMES ACHATADOS):


O filo Platyhelminthes, vermes achatados, tem cerca de 10.000 espécies vivas,
algumas vivendo livre em habitats marinhas e de águas doces, mas a maioria parasita em
uma gama ampla de hospedeiros, tanto invertebrados e vertebrados. As formas de água
doce podem freqüentemente ser encontradas aderidas a macrófitas ou na parte inferior de
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pedras em reservatórios e rios. As planárias são os representantes de vida livre mais bem
conhecido.
Um dos grupos desses organismos importantes são os esquistossomas agentes de
sérias doenças como a esquistossomose, no homem. No Brasil, há um volume de trabalho
considerável desenvolvido com Schistosoma mansoni e outros platelmeintos, cujos
estágios larvais estão ligados a hospedeiros de águas doces. Registraram 20 gêneros e 96
espécies no Brasil.

5.4 FILO NEMATOMORPHA (VERMES CILÍNDRICOS):


A maioria são parasitas e os mais conhecidos são os áscaris ou lombrigas. O filo
Nematomorpha (vermes de crina de cavalo) é formado por cerca de 100 espécies vivas,
incluindo formas marinhas e de águas doces. Estas pertencem à ordem Gordioidea,
incluindo duas famílias: Gordiidae e Chordodidae. Na América do Sul eles são
representados por sete gêneros e 19 espécies. O gênero mais comum é o Gordius, que é
cosmopolita. O componente tropical é representado pela subfamília Chordodinae, sendo
Chordodes o gênero dominante. No Brasil registram a ocorrência de três gêneros e 9
espécies no Brasil, com ocorrência de cinco novas espécies.

5.5 FILO ANNELIDA:


O filo Annelida é representado por 9.000 espécies vivas que são marinhas, de água
doce ou terrestre. A maioria é de vida livre, alguns sendo sedentário ou tubícolas; umas
poucas são formas comensais e parasitas.
Os Oligochaeta (minhocas e semilares) podem ser divididos em dois grupos
ecológicos: os microdrilos são pequenos com cerca de 10 mm de comprimento e raramente
excedendo 50 mm, e geralmente aquáticos; o outro grupo, os megadrilos, são maiores,
atingindo até 4 m de comprimento e são essencialmente terrestre. Algumas espécies da
família tubificidae (grupo dos microdrilos é frequentente encontrados em altas densidades
em ambientes poluídos). Os membros das famílias Aeolasomatidae, Naidiae e
Opistocystidae vivem em águas correntes ou estagnadas, no fundo sobre pedras, restos de
vegetação e na vegetação. Os Euchytraeidae habitam tanto as águas doces quanto salobras,
enquanto os haplotaxidae são limnicos terrestres. Os Alluroididae são geralmente
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dulciaquicolas e palustres; os Omerodrilidae podem ser limnicos anfíbios ou terrestres e os


Glossoscolicidae são amplamente distribuídos na América tropical vivendo em água doce e
solos úmidos.
Os Oligochaeta de água doce são poucos conhecidos 110 espécies. Destas, cerca de
25 são comuns desenvolvendo densas populações. Em águas doces brasileiras são
conhecidas 73 espécies e subespécies de Oligochaeta pertencente a diferentes famílias. As
famílias mais diversificadas são Aelasomatidae e Naididae.
Hirudínea ou sanguessugas estão presentes nas águas doces brasileiras, mas são
pouco conhecidas.

5.6 FILO MULLUSCA:


Este filo compreende invertebrados de corpo mole não segmentados; a maioria possui
uma concha bem formada. Existem cerda de 50.000 espécies no mundo. A grande maioria
é de ambiente marinho, mas há formas terrestres, anfíbios, de água salobra e de água doce.
Habitam preferencialmente os segmentos e a vegetação adjacente, em águas rasas, em
profundidade de até 2 m.
Os moluscas têm importância econômica, entretanto no caso das formas de água
doces são hospedeiros intermediários de parasitas animais, inclusive do homem. No Brasil
são conhecidos 305 espécies válidas, ocorrentes em ambientes de água doce, sendo 115 da
classe Bivalvia e 193 da classe Gastropoda.

5.6.1 Classe Bivalvia


Os de água doce variam de 2 a 250 mm de comprimento, correm em todos os tipos de
ambientes de água doce, porém são mais abundantes e diversificados em represas e rios de
maior porte. Os Bivalvios brasileiros pertencem principalmente às famílias: Hyriidae,
Mycetopodidae, Sphaeridae e Carbiculidae. As duas primeiras apresentam maior
distribuição geográfica.

5.6.2 Classe Gastropoda


Os gastropoda são de particular importância nas águas doces, pelo número de
espécies, biomassa e importante papel nas cadeias tróficas, pois são consumidores
primários e servem de alimento a muitos outros grupos de animais, principalmente peixes,
aves e mamíferos. Ao de particular importância médio-sanitária, por serem vetores de
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doenças, como é o caso dos Planorbidae que são hopedeiros intermediários de


esquistossomose e a fasciolose.
Os gastrópodes mais comuns do Brasil pertencem às famílias Planorbidae,
Ampullarridae, Triaridae e Pleuroceridae. A distribuição dos Planorbidae, de importância
médica está bem mapeada pela Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), mas
a distribuição dos demais grupos é pouco conhecida.
Os dois problemas mais graves relacionados à perda da biodiversidade são a
degradação ambiental das águas doces e a introdução de espécies exóticas. É o caso de
Melanoides tuberculatus, uma espécie euro-asiática que vem se espalhando rapidamente
pelo país desde a década de 70, segundo Avellar (1999).

5.7 FILO ROTIFERA:


O filo Rotifera é típico de água doce (poucas espécies vivem em ambiente marinho),
é um dos mais importantes componentes da comunidade planctônica de água doce. São
animais microscópicos medindo menos de um mm de comprimento. Eles são amplamente
distribuídos e estão presentes em quase todos os tipos de habitats de água doce.
Rotifera é um dos grupos de invertebrados planctônicos melhor estudados no Brasil.
Existem 457 espécies com ocorrência registrada no Brasil. São duas as regiões bem
estudadas, as bacias hidrográficas do Rio Amazonas e a do Rio Paraná. Existem 284
espécies registradas para a região Amazônica, 138 nas regiões Sul e Sudeste, 89 para a
região Nordeste, e 176 na região Centro-Oeste (Pantanal mato-grossense). No Brasil
ocorrem 112 espécies da família Leconidae e 42 espécies da família Brachionidae. Esses
números podem aumentar quando for feito um inventário mais completo da região
Amazônica, Nordeste e Centro-Oeste.

5.8 FILO ARTHROPODA:

5.8.1 Classe Crustácea


A classe crustácea apresenta uma ampla diversidade ecológica em águas doces
compreendendo predadores livres nadantes, herbívoros, necrófagos, e até parasitas
internos. Os microcrustáeos são representados por três grupos principais de Entomostraca:
Cladocera, Copepoda e Ostracoda. Os Anostraca Notostraca são de limitada ocorrência.
a) Cladocera
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É um grupo de grande representatividade nas águas doces de todo o mundo. No


Brasil existem 86 espécies distribuídas em 7 famílias, principalmente Daphnidae,
Chydoridae, e Macrothricidae. As últimas duas famílias compreendem espécies com maior
ocorrência na região litoral dos lagos, associados as macrófitas aquáticas, enquanto as
espécies pertencentes às 5 outras famílias são típicas de ambientes limnéticos, isto é da
região central ou de águas abertas de ambientes lênticos (lagos, lagoas e represas).
A família Daphnidae é uma das mais diversificadas nas regiões temperadas, sendo
representada por um número de espécies nas regiões tropicais. No Brasil apenas três
espécies de Daphnia, foram registradas até o momento. No entanto, as famílias Chydoridae
e Macrothiricidae são muito diversificadas nos trópicos e especialmente no Brasil, onde
predominam os corpos de água rasas, com grande desenvolvimento de margem (habitats
propícios para as espécies destas famílias). O grau de endenismo dentre as Cladocera é
grande e aumentará quando o grau for mais estudado.
b) Copepoda
Estes junto com os Cladocera são os grupos mais representativos de microcrustáceos
em água doce. Para o Brasil registra-se 272 espécies, pertencentes a quatro subordens e
onze famílias: 101 espécies de Cyclopoida, 58 e Calanoida, 56 de Harpacticoida.
Os gêneros Thermocyclops, Mesocyclops e tropocyclops da família Cyclopoida
apresentam distribuição ampla e com desenvolvimento em vários habitats. Espécies de um
mesmo gênero podem conviver no mesmo corpo de água em regiões diferenciados dos
sistemas, tanto espacialmente quanto verticalmente. Isto está relacionado a diferenças
físicas, químicas e alimentares das diferentes regiões do sistema. A capacidade
diferenciada de adaptação das espécies vem sendo utilizada como indicadora de condições
ambientais, a exemplo: a associação do Themocyclops dicipiens a ambientes mais
eutrofizados e T. minutos a ambientes menos eutrofizados.
Estes organismos medicamente são portadores de vermes que põem trazer prejuízos a
saúde humana, além de parasitar peixe, causam grandes prejuízos com aqüicultura.
Os Calanoida tem uma distribuição geográfica mais restrita, apresentam muito
endenismo e ocorrem em uma estreita faixa longitudinal. Este grupo é composto por 11
gêneros (gênero Notodiaptomus é o mais diversificado com 23 espécies – 40% das
espécies descritas no Brasil). A região Amazônica possui a mais rica fauna deste grupo
com cerca de 58% das espécies conhecidas.
18

O grupo dos Copepoda no Brasil ainda é totalmente desconhecido quando a estrutura


genética e bioquímica. Atualmente os estudos deste grupo são voltados para problemas
ecológicos de abundância, distribuição temporal e espacial das populações, dominância em
relação à comunidade planctônica e produção de biomassa. Estes estudos permitiram
avanços, como exemplo, a revelação de uma tendência dos Calanoida a dominarem em
ambientes menos eutrofizados enquanto que os Cyclopoida dominam nos ambientes mais
eutrofizados.
c) Malacostraca
O macrocurstáceos pertencem à subclasse Malacostraca. Sobre estes, aqui no Brasil,
foi desenvolvido um bom trabalho taxonômico. No Malacostraca há dois grupos principais:
os Peracarida e os Eucarida. Os Peracarida incluem 7 ordens, das quais as mais bem
sucedidas são os Amphipoda e os Isopoda. Entre os habitantes de água doce, as famílias
Atyidae e Palaemonidae são importantes componentes da biota. Na família Atyidae estão
incluídas mais de 20 espécies de camarões de água doce. Até o presente dois gêneros
foram registrados no Brasil, Potimirin com três espécies e Atyia com duas.
A família Palaemonidae é cosmopolita e compreende 3 subfamílias: Pantomiinae,
Euryhynchinae e Palaemoninae. Na subfamília Palaemoninae existem sete gêneros
registrados para as águas continentais brasileiras, sendo o Macrobrachium o mais
importante economicamente com 194 espécies e subespécies; no Brasil ocorrem 18
espécies, todas de importância econômica principalmente as de maior parte como
Macrobrachium acanthurus, Macrobrachium carcinus e Macrobrachium denticulatum que
são utilizados como alimento pela população humana. As regiões de ocorrência
compreendem bacia do São Francisco, Bacia Amazônica, região Nordeste e Sudeste.
Os lagostins de água doce pertencem à família Parastacidae, que compreende 2
gêneros: Parastacus e Samastacus. A primeira ocorre no Brasil com 6 espécies, todos
restritos a região Sul, tendo sido registrado para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os carrangueijos de água doce habitam os nascentes, córregos, rios e lagos da região
subtropical temperada da América do Sul. Pertencem á família Aeglidae, com apenas um
gênero vivo, Aegla, com 35 espécies registradas pra o Brasil. São predadores eficientes dos
simulídeos hematófagos e uma fonte de alimento para aves, rãs e peixes, e também para o
jacaré (Caiman latitostris), Buckup & Buckup, 1994.
19

Os Amphipoda de água doce com ocorrência no Brasil pertencem à família


Hyalellidae. Existem 31 espécies de Hyalella de ocorrência conhecida nas Américas e
restritas a este continente.
d)Ostrocoda
São crustáceos pequenos, bivalves, com tamanho variando entre 0,35 a 7 mm para os
organismo de água doce. Existem cerca de 1.700 espécies de ostrocoda no mundo, todos
aquáticos e destes cerca de um terço, tem ocorrência em água dce. São importantes nas
cadeias alimentares dos sistemas aquáticos continentais de tal forma que os de maior
tamanho seriam predadores das formas jovens de Biomphalaria, sendo assim de
importância no controle biológico da esquistossomose.
Quanto a ocorrência no Brasil, ocorre cerca da metade dos táxons descritos para a
América do sul. Existem 25 gêneros e 130 espécies na Américo do Sul, a maioria
endêmica da região Neotropical. Destes, cerca de 10 espécies distribuídas em 5 gêneros
ocorrem em ambientes de água salobra; todos os demais são de água doce, ocorrendo em
uma variedade de habitats. A família Cyprididae é a mais diversificada em número de
espécies. Também existem alguns que ocorrem em ambientes altamente especializados
como na água acumulada da base das folhas de Bromélias das epífitas, como o gênero
endêmico Elpedium.
No Brasil ocorrem 60 espécies com maior concentração no Rio Grande do Sul, sendo
mais bem estudados no sistema lagunar de Tramandaí.

5.8.2 Classe Insecta


Numerosos grupos de Insecta apresentam estágios larvais ou adultos vivendo em
águas doces. É de ocorrência comum em todos os tipos de ambientes de água doce, desde
as correntes até as paradas.
a) Collenbola
São mais comumente habitantes terrestres; ocorrem em água doce. São cinco
espécies semi-aquáticas registradas para o Brasil.
b) Ephemeroptera
As ninfas são habitantes comuns em água correntes, enquanto os adultos têm uma
vida aérea muito curta. No mundo há pouco mais de 2.000 espécies, e no Brasil há cerda de
120 espécies.
c) Odonata
20

As ninfas estão presentes em todos tipos de ambientes de água doce, desde charcos
até ambientes de água correntes. No mundo, são conhecidas cerca de 5.500 espécies. Para
o Brasil registram-se 609 espécies, distribuídas em 17 gêneros e 13 famílias sendo as mais
diversificadas: Coenagrionidae entre os Zygoptera e Libellulidae entre os Anisópteros.
d) Plecoptera
As ninfas de todas as espécies brasileiras são aquáticas, ocorrendo em águas
correntes limpas. Há pouco mais de 2.000 espécies no mundo, cerca de 320 espécies são
registradas no Brasil, das quais 77 na família Perlidae, e 33 em Grypopterygidae.
e) Megaloptera
Constitui um grupo pequeno mais bastante diversificado com cerca de 300 espécies
conhecidas. As larvas da espécie de Megalaptera são inteiramente aquáticas. No Brasil
ocorrem duas famílias, três gêneros e poucas espécies.
d) Neuroptera
A ordem tem cerca de 5.000 espécies, mas apenas uma família Sysiridae tem larvas
aquáticas que se alimentam de esponjas de água doce e vivem em associação com estas.
No Brasil, conhece-se apenas a espécie de Sysiridae.
f)Hemíptera
Na ordem Hemíptera a subordem Heteroptera tem representantes aquáticos. É um
grupo grande com cerca de 5.000 espécies, sendo a maioria terrestre. Para a América do
Sul Tropical são conhecidas 800 espécies aquáticas, compreendendo 81 gêneros em 16
famílias. Para a América do Sul, também existem várias famílias com cerca de 285
espécies. Para avaliar a ocorrência das espécies no Brasil será necessária uma completa
revisão.
g) Coleopeta
Compreende a maior ordem de insetos, com mais de 300.000 espécies, a maioria de
ambientes terrestres. Na América do Sul há provavelmente mais de 2.000 espécies com
representantes aquáticos e semi-aquáticos. Existem famílias com vida exclusivamente
aquática, como os Noteridae, Dytisudae, Gyrinidae, Haliplidae, Hydraenidae,
Hydrophilidae, Dryopidae, Helminthidae, e outros cujos adultos são adaptados à vida
aérea, mas cujas larvas são aquáticas, como Psephenidae e cyphonidae. Outros ainda, como
Heteroceridae e Byrrhidae vivem marginalmente nos corpos de água. Há, por fim algumas
famílias tipicamente terrestres, mas que possuem algumas espécies aquáticas, como
Staphilinidae, Scarabaeidae, Carabidae, Lampyridae e Curculionidae, etc.
21

h) Trichoptera
Esta representa a maior ordem de insetos aquáticos, com cerca de 10.000 espécies já
descritas. São importantes nos sistemas aquáticos, particularmente nos sistemas lácticos
onde são mais abundantes e ocupam vários nichos tróficos. No Brasil são conhecidos 330
espécies, pertencentes a 15 famílias, no entanto o grupo ainda é pouco estudado.
i)Lepidóptera
Desta ordem apenas uma pequena parte se adaptou ao ambiente aquático. Apenas na
subfamília Nymphulinae, da família Pyralidae, ocorrem larvas aquáticas, as quais se
alimentam de plantas aquáticas. No mundo, são conhecidas 720 espécies de Nymphulinae,
na região Neotropical 250, e no Brasil foram registradas 50 espécies.
j)Díptera
Embora os Díptera constituam uma das grandes ordens de insetos, com mais de
100.000 espécies descritas, apenas uma parte destes tem larvas adaptadas à vida aquática.
Nestas incluem espécies que habitam riachos de fluxo rápido como os Simuliidae, águas
paradas ou acumuladas em receptáculos, (Culicidae e Syrphidae), pântanos (Sciomyzidae),
charcos e lagos (Chiromidae) e outros habitats aquáticos. Os conhecimentos sobre a fauna
de Díptera da América do Sul são bastante incompletos.
A família Chironomidae é a mais importante nos ambientes de água doce.

6. AÇÃO DO HOMEM NO AMBIENTE AQUÁTICO

Os organismos do meio aquático dependem uns dos outros e também de condições do


ambiente como luz, temperatura e nutrientes. Em ambientes naturais, estes organismos
vivem em equilíbrio. No entanto, a ação do homem pode afetar estes ambientes,
desequilibrando-os com o despejo de esgotos, substâncias tóxicas, petróleo, detergentes
etc.
Estes, por sua vez, podem ser utilizados na biorremediação, que se refere ao uso dos
microrganismos para desintoxicar e degradar os poluentes no ambiente. O derramamento
de petróleo, por exemplo, é um desastre ecológico dramático. Assim, estudos vêm sendo
desenvolvidos com as bactérias para que as mesmas possam degradar diferentes tipos de
produtos fabricados e introduzidos no ambiente pelo ser humano.
A eutrofização refere-se ao acúmulo de nutrientes na água. Este processo causa o
desequilíbrio ecológico, e mata numerosos organismos através de uma seqüência de
22

acontecimentos. Esta seqüência é: proliferação e morte das algas, proliferação das bactérias
aeróbias, queda na taxa de oxigênio da água, morte dos organismos aeróbios,
decomposição anaeróbia e produção de gases tóxicos. Veja como isso acontece:
A matéria orgânica dos esgotos (como papéis, fezes, restos de comida) despejada na
água, alimenta as bactérias decompositoras aeróbias. Quanto maior for a quantidade de
matéria orgânica, maior será a quantidade dos organismos decompositores e, portanto,
maior a quantidade de oxigênio consumido. Veja só como as bactérias aeróbias fazem isso:
Matéria orgânica + oxigênio --> CO2 (gás carbônico) + H2O (água)
Para usar a matéria orgânica, as bactérias precisam de oxigênio; em seguida, elas
liberam no meio compostos inorgânicos simples, que são o gás carbônico e a água.
Quando o oxigênio desaparece da água, morrem todos os seres vivos que dependem
dele, inclusive as bactérias aeróbias. Quando isto acontece, restam apenas aquelas que não
precisam do oxigênio para sobreviver: as bactérias anaeróbias. Elas consomem a matéria
orgânica da seguinte maneira:
Matéria orgânica (sem oxigênio) --> subprodutos orgânicos (Ex: ácido acético)
Assim, seja qual for o metabolismo - aeróbio ou anaeróbio - das bactérias e também
dos fungos, o processo de degradação da matéria orgânica contribui para a reciclagem da
matéria na natureza.
23

CONCLUSÃO

Os dados apresentados ao longo deste trabalho, foram obtidos através de


formulários preenchidos por pesquisadores brasileiros, dando assim, um panorama geral do
estado, em que se encontra o estudo, acerca da biodiversidade em Água Doce no Brasil.
E munidos disto podemos perceber a deficiência que temos em conhecer com maior
precisão a nossa própria biodiversidade, uma vez que, possuímos um maior conhecimento
dos ambientes marinhos, que de nossos próprios rios e lagos. Para tanto, o “Programa
Diversitas”, da UNESCO, elegeu a biodiversidade das águas doces, como um alvo especial
para os estudos dos próximos anos.
Diversidades como vírus, bactérias e protozoários não puderam apresentar
estimativas conclusivas devido a limitação de material, dados e pesquisadores para estas
áreas.
Os fungos no Brasil apresentam mais de 414 espécies, e os especialistas que
trabalham neste campo acreditam na necessidade de investir na formação de pesquisadores.
Da mesma forma destaca-se essa necessidade para que se possa ter um maior
conhecimento sobre as algas, que no Brasil apresentam uma diversidade superior a 10000
espécies identificadas. Acredita-se que este número possa pelo menos triplicar.
Já os musgos, não apresentam pesquisadores brasileiros que se dediquem ao seu
estudo. O que existem são botânicos especialistas em famílias e pesquisadores do exterior.
Acredita-se na existência de pelo menos 100 espécies de água doce no Brasil.
24

Alguns grupos planctônicos como rotifera, clodocera e copepoda são melhor


estudadas devido ao seu valor comercial, ou mesmo, porque são relevantes ao interesse da
saúde pública, como é o caso de moluscos e insetos vetores, que transmitem doenças.
Menos de 30% da biodiversidade brasileira é conhecida, e o que conhecemos,
restringe-se ‘as regiões do Sul, Sudeste e da Amazônia. Regiões riquíssimas como o
Nordeste, permanecem sem nenhum tipo de estudo mais específico.
A situação das coleções para a maioria dos grupos é incompleta ou mesmo
inexistente. Podemos citar como exceção a coleção de Decapoda no Museu de Zoologia da
Universidade de São Paulo e a de Porífera da Fundação Zoobotânica de Rio Grande do Sul.
Diante destes dados podemos concluir a necessidade existente em um investimento
maciço no treinamento de mais especialista para o estudo; o melhoramento e a criação de
coleções em ampla cobertura geográfica e de acervos bibliográficos, para que possam
servir como dados de identificação.
Estaríamos assim desenvolvendo um conhecimento não somente do nosso potencial
ecológico, mas também, o potencial econômico que esta biodiversidade representa para o
nosso país futuramente. Isto tudo, se bem organizado, significa a possibilidade de
preservação e não destruição de nossa biodiversidade em água doce.
25

BIBLIOGRAFIAS

ROCHA, O. Perfil do Conhecimento de Biodiversidade em Águas Doces no Brasil:


Relatório Final. UF São Carlos SP, 2000.

AMABIS, J. M. et. al. Fundamentos da biologia moderna. 1º ed. São Paulo: Moderna,
1990.

Apostilas Curso de Pré-vestibular Colégio Águia. Volume 01. Biologia Cap. 03 Unid.01.
Pato Branco, 2003.

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