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Texto Jornalístico
Notícia: relato curto e objectivo de um acontecimento actual com interesse geral. É, por
excelência, o texto jornalístico mais informativo. Segue a técnica da pirâmide invertida.
Linguagem clara, objectiva, simples, actual e breve, escrita na 3ª pessoa usando frases do
tipo declarativo.
Quem?
O quê?
Onde?
Quando?
Como?
Porquê?
Sobre? Como?
Linguagem:
Sobre? Como?
Reportagem: tem por base uma notícia de grande impacto, em que se faz o reelato
pormenorizado e aprofundado de um acontecimento actual. Implica a deslocação do
repórter ao local do sucedido para anotar o que vê, ouve e sente. Engloba a descrição do
ambiente e falas das personagens ligadas ao assunto. Possui manifestações de
subjectividade do emissor, derivadas da sua interpretação dos factos, daí que surja sempre
assinada. Também possui um lead, centra-se nas respostas às questões Como? E Porquê?,
desenvolvendo a primeira detalhadamente e levantando hipóteses plausíveis para a
segunda. A imagem ocupa extrema importância neste género jornalístico, como
complemento ilustrativo da informação.
O que? Como?
O que? Como?
Directa e viva;
Código escrito;
Função informativa/apelativa;
Discurso de 1ª pessoa (singular e/ou plural).
ENTREVISTA
Linguagem:
Código oral;
Maior uniformidade nos níveis de língua utilizados;
Linguagem de acordo com o entrevistado.
Entrevista: é uma técnica de recolha de informação sobre um tema ou uma pessoa, através
de uma conversa.
o Antes de realizar uma entrevista é necessário:
Seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar (o
entrevistado);
Fazer pesquisa de informação relativa ao tema e ao entrevistado, de forma
a adequar o questionário que se vai construir;
Construir um guião com as perguntas devidamente organizadas, de modo
a obter mais rápida e correctamente as informações pretendidas.
o Partes constituintes:
Título – pode ser precedido de um antetítulo e/ou sucedido de um
subtítulo;
Introdução – apresentação do entrevistado, indicação do lugar e do
porquê da entrevista;
Questionário – perguntas do entrevistador e respostas do entrevistado;
Conclusão – breve recapitulação do que foi dito; opinião do entrevistador
sobre o trabalho realizado ou sobre a personalidade do entrevistado; e
despedidas.
o Procedimentos a respeitar na condução de uma entrevista:
Elaborar perguntas adequadas ao tema, aos objectivoas estipulados, ao
perfil do estrevistado e às expectativas do público;
Esclarecer o entrevistado sobre as finalidades da entrevista;
Elaborar perguntas diversificadas (abertas – em que o entrevistado pode
dar a sua opinião de forma desenvolvida; fechadas – em que as respostas
se limitam a «sim» ou «não» por parte do entrevistado; perguntas
decorrentes das respostas do entrevistado);
Estabelecer o número de questões e proceder à sua ordenação de forma
lógica;
Utilizar uma linguagem rigorosa, objectiva e acessível;
Não emitir juízos de valor face às respostas dadas pelo entrevistado;
Não influenciar as respostas;
Registar correctamente as respostas ou usar um gravador.
o Antes da publicitação da entrevista é importante:
Verificar a pontuação e a ortografia do texto;
Texto Narrativo
Texto Narrativo: relato de acontecimentos narrado pelo narrador que se desenrolam num
determinado espaço e num tempo mais ou menos extenso onde intervêm as personagens.
Categorias da Narrativa
Acção
o Quanto à relevância dos factos
Principal: integra o conjunto de sequências narrativas que detêm a maior
importância.
Secundária: a sua importância define-se em relação à acção principal, ou
seja, relata acontecimentos de menor relevo.
o Quanto ao desenlace
Aberta: quando a acção não é totalmente solucionada.
Fechada: quando a acção é totalmente solucionada, conhecendo-se o
destino final das personagens.
o Quanto às sequências narrativas
Introdução: corresponde à situação inicial, á informação sobre o tempo e o
espaço, à apresentação das personagens.
Desenvolvimento: a sucessão de peripécias e o ponto culminante.
Conclusão ou desenlace: apresenta o desfecho da narrativa
o Quanto á organização das sequências narrativas
Encadeamento: organização por ordem cronológica das acções.
Ex: Sinicial -> S2 -> S’3 -> S4 -> Sfinal
Encaixe: uma acção é introduzida numa outra que estava a ser narrada e
que depois se retoma.
Ex: S1 -> S2 -> S1
Alternância: em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas
alternadamente.
Ex: S1 -> S2 -> S1 -> S2 ...
Personagens
o Quanto ao relevo ou papel
Principal ou protagonista: desempenha o papel central, é fundamental
para o desenvolvimento da acção.
Secundária: assume um papel de menor relevo que o do principal.
Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção.
o Caracterização das personagens
Retrato físico: corresponde à apresentação dos traços fisionómicos da
personagem.
Retrato psicológico: corresponde às características psicológicas das
personagens (sentimentos, emoções, ideais, pensamentos, opiniões, etc).
o Processos de caracterização das personagens
Directa: caracterização feita através de palavras da personagem acerca de
si própria ou de palavras de outras personagens.
Espaço
o Físico ou geográfico: onde decorre a acção.
o Social: corresponde ao ambiente social e à situação económica em que vivem as
personagens.
o Psicológico: corresponde às vivências e emoções que cada personagem tem de um
determinado espaço.
Tempo
o Histórico: época em que decorre a acção.
o Cronológico: determinado pela sucessão cronológica dos acontecimentos
narrados.
o Discurso: corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo da história.
Analepse: recuo no tempo;
Prolepse: avanço no tempo;
Resumo/sumário: síntese dos acontecimentos;
Elipse: omissão de determinados períodos de tempo.
o Psicológico: corresponde ao modo como a personagem sente o passar do tempo
cronológico.
Narrador
o Quanto à presença
Autodiegético: participa na acção como personagem principal e narra na
primeira pessoa.
Homodiegético: o narrador participa na acção como personagem
secundária ou como observador.
Heterodiegético: o narrador não participa na acção como personagem,
apenas narra na 3ª pessoa.
o Quanto à focalização ou ciência
Omnisciente: sabe mais do que as personagens.
Focalização interna: sabe tanto como as personagens.
Focalização externa: apenas sabe o que é visível exteriormente.
o Quanto à posição
Objectivo: o narrador mostra-se imparcial face aos acontecimentos.
Subjectivo: o narrador toma partido, comenta os acontecimentos, defende
as personagens.
o Ausente
Modos de representação e de expressão do discurso
o Narração: é a forma de expressão literária que confere dinamismo à acção e que se
utiliza para contar factos.
o Descrição: constitui o momento de pausa na acção para a representação de uma
paisagem, lugar, personagens, etc.
o Diálogo: conversa entre personagens.
o Monólogo: o personagem dialoga consigo mesma.
Conto Tradicional
O conto tradicional (ou popular) é uma narrativa breve, o que possibilita uma fácil memorização,
concentrada numa só situação e com um reduzido número de personagens.
É de tradição oral, tem a sua origem no povo anónimo. Tem uma função lúdica e transmite uma
moralidade.
Os temas são variados: a mulher, a infidelidade, a fidelidade, o engano, o homem dominado pela
mulher, a superstição, a feitiçaria, a magia, a crença no destino, etc.
Lenda
A lenda é uma narrativa breve que assenta em factos reais, modificados pelo imaginatário.
A lenda tem, geralmente, fundamento histórico, mas isso nem sempre se verifica: por vezes, as
lendas são narrativas que explicam fenómenos físicos ou aspectos da natureza.
Fábulas
A fábula é uma narrativa breve de acontecimentos imaginários, na qual o autor, para moralizar ou
divertir, foca os defeitos e as qualidades do Homem através de animais que agem como pessoas
(personificação).
Resumo
Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas.
Exemplos:
a) O Miguel foi ao mercado e comprou fanecas, carapaus e cherne, laranjas e maçãs, batatas,
grelos e couves.
Redução dos hipónimos ao hiperónimo
O Miguel foi ao Mercado e comprou peixe, fruta e legumes.
b) Todos os sábados e domingos vou até à beira-mar. Gosto de observar a areia, as rochas e o
mar. Se não fossem as filas intermináveis de carros que encontro no regresso...
Sinonímia, redução de enumeração e da períferase
Ao fim-de-semana vou até à beira-mar. Gosto de observar a praia. Se não fosse o trânsito
que encontro no regresso...
c) Como chegou à hora previamente marcada, não precisou de esperar muito.
O recurso ao gerúndio, à sinonímia e à forma afirmativa em vez de negativa
Chegando pontualmente, evitou esperar muito.
d) Descobri o livro que tinha perdido.
A redução de orações relativas adjectivas ao adjectivo
Descobri o livro desaparecido.
e) Fizeram uma festa a quem fazia anos naquele dia.
A redução de orações subordinadas substantivas ao grupo nominal
Memórias
As memórias fixam vivências, surgem como um escrito que permite ao seu autor recuperar e juntar
pedaços que relatam acontecimentos considerados dignos de lembrança. A memória ocupa-se de
registos passados, procura traduzir imagens recebidas mas afastadas no tempo. Identificando
vivências e experiências passadas, favorece a construção de novos sentidos para o presente da vida
humana.
Torna-se assim uma obra histórica que situada no presente da memória, recorre ao passado para
olhar o futuro.
Tipos de memória
o Individual: recordação de experiências vividas.
o Colectiva: conjunto de recordações de uma comunidade, grupo, tribo ou país.
o Arquivo: suportes manuscritos, impressos, suportes electrónicos, monumentos,
etc.
Abordagem
o Realidades:
Humanas;
Sociais;
Geográficas;
Culturais;
Históricas;
Políticas.
Temáticas e recordações
o Lembrança de acontecimentos marcantes;
o Evocação de vivências;
o Expressão de sentimentos e emoções;
o Reflexão sobre as experiências vividas;
o Relação com os outros e com o mundo;
o Caracterização de realidades humanas, sociais, culturais, políticas, geográficas e
outras;
o Testemunho de situações;
o Confidências ou confissões.
Linguagem – caracterização da expressão
o Presença do “eu”;
o Como marcas de enunciação:
Predominância das formas verbais na 1ª pessoa;
Diário
O diário é um género autobiográfico onde se relata experiências ou actividades profissionais,
impressões de viagem ou comentários de leituras. Em qualquer dos casos é em torno do “eu”.
Variedade de diários
o Siários íntimos;
o Diários públicos;
o Diários de viagem;
o Diários de memória pessoal (por vezes confundidos com memórias);
o Diários confessionais;
o Diários de guerra;
o Diários criativos;
o Diários online.
Motivos da escrita diarística
o Aprofundamento do autoconhecimento;
o Evocação de viv~encias;
o Preservação da memória de pessoas e de acontecimentos marcantes;
o Necessidade de confidência;
o Exploração da identidade pessoal;
o Balanço da vida individual;
o Expressão de sentimentos e emoções;
o Desejo de exploração do inconsciente;
o Reflexão sobre as experiências vividas;
o Testemunho de situações;
o Confidências ou confissões;
o Recordação ou exploração de sonhos;
o Exploração de impulsos criativos;
o Ordenação de pensamentos e ideias;
o Relação com os outros e com o mundo;
o Narração da “estória” da vida vivida opu sonhada;
o Luta contra solidão.
Linguagem do diário intimista
o Presença do “eu”;
o Como marcas de enunciação:
Predominância das formas verbais na 1ª pessoa;
Recurso aos pronomes pessoais e aos determinantes possessivos
referentes aos sujeito (eu, me, mim, meu, minha, nosso);
o Discurso subjectivo;
o Predomínio da conotação;
o Uso dos nomes abstractos e adjectivos expressivos;
Contrato
É um documento que estabelece um acordo bilateral de vontades, regulamentando entre as partes
contratantes os seus direitos e deveres.
Tipos de contracto
o Contrato de adesão;
o Contrato de arrendamento;
o Contrato de prestação de serviços;
o Contrato de trabalho;
o Contrato matrimonial;
o Contrato promessa.
Extrutura do contrato
o Abertura
Identificação do primeiro outorgante (contraente);
Identificação do segundo outorgante (contraente).
o Encadeamento
Cláusulas contratuais que os outorgantes (contraentes) se comprometem
a respeitar.
o Fecho
Data e assinaturas dos outorgantes (contraentes).
Características do discurso
o O contrato é redigido na 3ª pessoa;
o A linguagem é objectiva e denotativa;
o O vocabulário é técnico, de acordo com a natureza do documento;
o Utiliza frequentemente o lexico:
Outorgante;
Contraente;
Contratante;
Cláusula;
Imputável;
Perdas;
Danos;
Vigência;
Prorrogar;
Celebração;
Violação;
Reclamação;
Consignar;
Horonários;
Ónus;
Emergente;
Rubricar;
Assunção.
o Verbos:
Compromissivos;
Carta
A carta é uma conversa, por escrito, com uma pessoa ausente. As cartas pessoais ou informais
dirigem-se a familiares ou amigos. A carta é geralemnte redigida na 1ª pessoa do singular e no
presente do indicativo.
Tipos de correspondência
o Carta pessoal ou familiar
Destinatários: pessoas com as quais se tem laços afectivos – parentes ou
amigos.
Finalidades:
Comunicar assuntos pessoais de interesse mútuo;
Expressar sentimentos;
Dar ou pedir informações.
o Carta comercial
Destinatários: empresas de comércio/indústria.
Finalidades:
Estabelecer relações de negócios;
Dar ou pedir informações.
o Carta de cortesia
Destinatários: pessoas com as quais se estabelecem relações profissionais,
sociais, culturais e/ou pessoais.
Finalidades:
Apresentar felicitações, pêsames, etc;
Fazer recomendações;
Tratar de questões diversas, desde os temas de índole política aos
de cariz pessoal, desportivo, religioso, cultural ou outro.
o Carta de emprego ou de apresentação/recomendação
Destinatários: empresas.
Finalidades:
Apresentar uma candidatura a um emprego (através de uma carta
de apresentação e/ou pedido de emprego; resposta a um anúncio,
etc).
o Carta de pedido ou reclamação
Destinatários: administração pública, instituições ou empresas.
Finalidades:
Tratar de questões pessoais, desde que não seja um assunto oficial
e não haja outros instrumentos adequados;
Apresentar uma reclamação sobre algum assunto.
Extrutura da carta
o Data e localização: apresentadas no canto superior esquedo da folha, podendo
também ser escrito à direita (ex: Ovar, 22 de Novembro de 2010);
o Saudação inicial;
o Texto
Introdução;
Desenvolvimento;
Conclusão.
o Fórmula de despedida;
o Assinatura.
Poesia Trovadoresca
As primeiras manifestações do nosso património literário são letras de canções, pois eram poemas
escritos para serem acompanhados por música. Conhecidos por poesia trovadoresca, os mais
antigos destes poemas têm uma origem mais remota, integrando a tradição oral e popular.
Chegaram até nós compilados em cancioneiros medieval: cancioneiro da vaticana e o cancioneiro da
biblioteca nacional. Escrita, na sua maioria, por trovadores e divulgada, de região em região, pelos
jograis, a poesia trovadoresca é constituida por: poemas líricos (cantigas de amigo e cantigas de
amor) e satíricos (cantigas de escárnio e mal dizer).
Cantigas de Amigo
Nas cantigas de amigo, o sujeito poético é uma jovem que exprime o seu amor pelo seu amado que
designa por “amigo”.
É uma rapariga do meio rural, cheia de juventude, de vida e de alegria, que confidencia às amigas, à
mãe ou à natureza a sua felicidade, as suas mágoas, as suas preocupações, a sua saudade do
namorado que está muitas vezes ausente.
Cantigas de Amor
Nas cantigas de amor o sujeito poético é um homem que exprime o seu amor pela sua amada que
designa por “dona” ou “senhor”.
As cantigas de amor não reflectem uma relação amorosa espontânea ou uma experiência amorosa
vivida a dois; elas exprimem um amor idealizado, acente na teoria do amor “cortês”. Segundo esta
teoria que rege as leis do verdadeiro amor, o único digno de ser cantado poeticamente, o homem
deve prestar vassalagem amorosa à sua “senhor” e, o amado deve lealdade e fidelidade à amada, até
à morte. Para ele, a mulher amada é perfeita e inacessível como uma deusa.
Poesia Palaciana
Em meados do séc. XIV a poesia trovadoresca tinha praticamente desaparecido e apenas um século
depois os poetas regressariam às letras portuguesas.
Desta vez, a poesia nasceu no paço onde o rei apadrinhava luxuosos serões palacianos nos quais se
ouvia música, se dançava, e os nobres recitavam poesia às damas.
Foi o poeta Garcia de Resende que, na segunda década do séc. XVI reuniu poemas num volume a que
deu o nome “Cancioneiro Geral”.
Tal como na poesia trovadoresca, o amor continua a ser predominante, mas as formas poéticas são
agora mais diversificadas. A estrutura mais usada é a que consiste na utilização de um mote que é
desenvolvido na glosa.
Conforme a maneira de encadear o mote e as voltas, assim se distinguiam diversas formas métricas:
o vilancete, constituido por um mote de dois ou três versos e uma volta de sete; a cantiga, com um
mote de quatro ou cinco versos e uma glosa de oito, nove ou dez versos. São ainda cultivados outros
géneros mais livres, como a esparsa, composta por uma estrofe que varia entre oito, nove e dez
versos.
Este conjunto de formas versificatórias com preferência pela redondilha constitui aquilo que no séc.
XVI se chamará a “medida velha”.
Renascentismo
É a aceitação definitiva pelos quinhentistas das formas artísticas greco-latinas e a assimilação do
espírito que as anima, realizadas nas formas de expressão da Arte, da Literatura, da História, da
Filosofia e na exaltação dos valores humanos (fazer renascer ideias provensais).
Humanismo
É uma atitude filosófica que se define pela adopção de tudo quanto pode valorizar o elemento
humano. O pensamento antropocêntrico, sem deixar de atender à alma e ao cèu, incide mais na vida
do Homem, cidadão do mundo e no mundo, pátria do Homem. Como haviam feito os melhores de
entre os Gregos e Romanos, tentou valorizar-se, no curto espaço de tempo que medeia entre o
berço e o túmulo, tudo quanto pode elevar a vida do Homem terreno (pensamento antropocêntrico
– Homem no centro do universo).
Uma nova concepção do Cristianismo tenta fazer regressar a Igreja à pureza dos antigos cristãos; é a
tentativa de refontalizar a Igreja.
Classicismo
É a estética literária definitivamente estruturada na segunda metade do séc. XVI, que induzirá
géneros literários com as suas regras próprias: o épico, o lírico com as suas formas fixas, como o
soneto e o seu decassílabo, a canção, a écloga, a elegia, a epístola, o epigrama, a ode, a sextina, o
epitalâmio e o ditirambo, o dramático (repartido em tragédia e comédia). O conjunto das regras
ultrapassa a simples imitação da estética greco-latina e, partindo desta, cria a sua própria
originalidade (forma de escrita que Camões usa).
Glossário
Atafinda: processo que consiste em levar o assunto sem interrupção (por encadeamento
lógico) até ao fim da cantiga;
Cobra: estrofe;
Copla: estrofe;
Coplas uníssonas: têm todas o mesmo esquema rimático;
Coplas singulares: as rimas renovam-se a cada estrofe;
Coplas monórrimas: a rima é idêntica em todos os versos da mesma copla;
Dobre: repetição de um ou mais vocábulos no mesmo lugar de cada copla;
Encavalgamento: o conteúdo ideológico de um verso completa-se apenas no seguinte;
Finda: estrofe de um a três versos que serve de remate e em que o poeta sintetiza o assunto
da composição;
Leixa-pren: processo pelo qual se retoma no início de uma copla o último verso da estrofe
anterior, embora alternando as últimas palavras;
Mestria (Cantiga de): cantiga sem refrão (de influência provençal);
Mordobre: repetição de formas diferentes do mesmo verbo no mesmo lugar em cada copla;
Paralelismo: consiste na repetição da mesma ideia em versos paralelos;
Paralelismo anafórico: com anáforas;
Paralelismo semântico: implica uma repetição das ideias;
Paralelismo estrutural: pressupõe a alternância de coplas uníssonas;
Perduda (palavra): verso branco ou solto, colocado na mesma posição em cada copla;
Refrão: verso ou versos que se repetem na íntegra no fim de cada copla;
Tenção: cantiga dialogada em que os interlocutores altercam ou confrontam opiniões e/ou
pontos de vista diferentes.
Lírica Camoniana
Na lírica Camoniana predomina o tema do amor, cantado em todos os tons: ligeiro, espirituoso ou
mesmo picante, pelas variações que passam pelo elogio até ao tom sério quando não trágico,
complicando-se com a temática da saudade, da insatisfação, da morte e com o sentimento do
pecado.
Além dos temas amorosos salienta-se também o do desconcerto ou do absurdo. Temos ainda
composições de temática religiosa, e finalmente poemas de circunstância, quer para apresentar a
obra de um contemporâneo, quer para interceder generosamente por uma pobre mulher condenada
ao degredo, quer para lembrar jocosamente uma dívida ou para pedir protecção contra um credor,
quer ainda para convidar os amigos para uma ceia onde apenas comerão trovas.
Quanto às formas , Camões usou a redondilha com muita graça em composições de estilo
semelhantes a textos do cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Mas como é natural, a maioria das
composições adoptam a medida nova que o renascimento põe em voga e alguns dos subgéneros
líricos herdados da estética clássica: o soneto, a oitava rima, a canção, a ode, a elegia e a écloga.
Nota
Medida nova: verso decassílabo com acento na sexta e décima sílabas ou na quarta,
oitava e décima sílabas. Beatriz Martins Costa
Medida Velha: verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e de sete sílabas
métricas (redondilha maior).
Português 10º ano 16
No conjunto da obra lírica sente-se a influ~encia clássica: Virgílio, Horácio e Ovídeo. Torna-se mais
potente a influência de Petrarca: a mulher como ser superior, quase divino, de beleza inefável; a
atitude infinitamente do amante perante a senhora; o sentimento da distância que os separa; a
morte por amor, etc...
Linguagem e estilo:
o Adjectivação expressiva;
o Pontuação emotiva (exclamações, interrogações);
o Expressividade de tempos e modos verbais;
o Uso de vocabulário erudito;
o Recurso à mitologia;
o Predomínio de metáforas, apóstrofes, hipérboles, anáforas, hipérbatos, etc;
o Alternância entre ritmo rápido e lento.
Figuras de estilo
A nível fónico
o Aliteração: repetição de sons consonânticos em sílabas próximas.
«Bramindo, o negro mar de longe brada», Luís de Camões.
o Assonância: repetição intencional dos mesmos sons vocálicos.
«Entre estrelas e círios», Vitorino Nemésio.
A nível sintáctico
o Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro
de frase ou de um verso.
«Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem morte», Florbela Espanca.
o Anástrofe: alteração da ordem directa da frase devido à anteposição de um
complemento ou à deslocação de uma palavra.
«Dentro de mim me quis eu ver», José Régio.
o Assíndote: supressão da partícula de ligação (conjunção coordenativa).
«Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, / calhaus, pétalas, folhas,
dedos, línguas, sementes», António Ramos Rosa.
o Enumeração: acumulação ou inventariação de elementos da mesma natureza.
«Que perla, rosa, Sol ou jasmim puro», Jerónimo Baía.
o Paralelismo de construção: repetição da estrutura frásica para memorizar ou
destacar ideias.
«Árabe no sossego, / Africano no ardor / (...) / (..) Romano na ambição / Oriental no
ardil», Vitorino nemésio.
Paralelismo Puro: o segundo verso da primeira estrofe repete-se com o
primeiro verso da terceira cópula; o segundo vreso da segunda cópula
repete-se com o primeiro verso da quarta cópula e assim sussecivamente.
Noções de versificação
O verso é uma das linhas de uma composição poética.
O ritmo consiste numa cadência que resulta da alternância harmónica entre sílabas fortes e sílabas
fracas.
O metro é a medida poética que regula a quantidade e a disposição das sílabas.
Cada verso é constituido por um determinado número de sílabas métricas que diferem das sílabas
gramaticais porque a sua divisão assenta nos sons apercebidos pelo ouvido.
Tipos de rima:
Tipos Definição Esquema Rimático
Interpolada Os versos que rimam são separados por dois ou três versos de rima ABBA / ABCDA
diferente.
Cruzada
Os versos rimam alternadamente. ABAB
Emparelhada
Os versos rimam dois a dois ou três a três. AABC / AAAB
É um não querer mais que bem querer; Retrata a complexidade do sentimento amoroso
é um andar solitário entre a gente; através do uso de antíteses e paradoxos, paralelismo
é nunca contentar-se de contente; anafórico e expressões indefinidas.
é um cuidar que ganha em se perder.
Apesar do amor ser um sentimento tão contraditório e que causa tanto sofrimento toda a gente o
deseja.
Desejo de recordar quela madrugada (triste e alegre). Considera a madrugada uma pessoa
(personificação). A madrugada tem o valor sentimental do amor.
Leda: refere-se à madrugada, romper de uma aurora “amena e marchetada”, de um dia radioso.
Anáfora Antítese
Dramatismo e subjectividade
Tema: a necessidade da presença da mulher amada para que a felicidade do sujeito seja possível.