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O
SEGREDO
DA
INTELIGÊNCIA
O SISTEMA
DE AUTOPRESERVAÇÃO
E PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE
E O PROCESSO
ENSINO / APRENDIZAGEM
O Segredo da Inteligência
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Índice
Apresentação – 3
Eu tenho um Sonho - 4
Introdução - 5
Hipótese - 9
Discussão - 13
Conclusões - 24
Bibliografia - 30
O Segredo da Inteligência
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Apresentação
O título deste livro carrega consigo, pelo menos, duas intenções do autor: a primeira, dizer
a maneira pela qual uma pessoa pode desenvolver suas capacidades como elemento de
autorealização; a segunda, como pode o Homem fazer jus ao adjetivo “racional”,
empregando o seu intelecto no sentido de conhecer a si mesmo, de entender seu sistema
de autopreservação e preservação da espécie (SAPE) *, repositório de toda a sabedoria
da espécie, compondo um todo harmônico com suas estruturas cerebrais.
A maioria das pessoas crê que o intelecto, com sua “razão”, seja o mais alto progresso
mental. Essa atitude, que procura a “certeza científica” de tudo, acaba por coisificar o
Homem. A estrutura do cérebro, que torna possível o intelecto, parece ser a mais recente
na evolução do homem, com cerca de 200 milhões de anos, e seu desenvolvimento é
quase nulo se comparado com o do SAPE. Mas o homem com a crença no exclusivo
poder de seu intelecto é uma aberração da Natureza; por isso, volta-se contra ela, contra
si mesmo – pelo menos é o que tem demonstrado, com a destruição do seu ambiente,
com o aperfeiçoamento da guerra. Sabemos todos que o processo de racionalização dos
acontecimentos é destituído de emoções e sentimentos.
Que sabedoria, que ciência é esta que levou o homem à preparação de artefatos
nucleares que põem em risco a sua própria espécie?
“Que é inteligência?” é uma pergunta que ainda não obteve resposta satisfatória.
Inteligência tem sido confundida com memória, com capacidade de aprender e até com a
“capacidade de resolver testes de inteligência”...; todavia, no sentido em que estamos
usando a palavra, ela indica resposta do ser às suas necessidades.
Apresentamos, nas páginas seguintes, aquilo que conseguimos identificar como as bases
científicas das realizações humanas, quer ligadas à inteligência, quer relacionadas a
fenômenos psíquicos.
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Eu tenho um Sonho...
Que as pessoas sejam melhores, como profissionais e como gente;
Que a ciência não seja usada como instrumento de dominação, como ainda é por aqueles
que teimam em não reconhecer que o Ser Humano é corpo, mente e espírito;
Que a farsa do Q.I. não sirva aos interesses daqueles que desejam substituir a idéia de
“sangue azul” pela de “cérebro azul”;
Que as pessoas saibam que a inteligência é uma faculdade que pode ser desenvolvida e
não algo que vem pronto com o nascimento e não pode ser alterado;
Que as pessoas despertem algo que talvez nem saibam que possuem e muita gente faz
questão que elas não saibam: um gênio interior;
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Introdução
A Humanidade tem testemunhado os fenômenos mais intrigantes a respeito do Homem e,
na falta de explicação de ciência certa, as pessoas os têm atribuído a fatores
sobrenaturais, a deuses e ao demônio... Tratar-se-ia, então, de “mistérios deste e do outro
mundo”... Ora são curas espetaculares, ora são realizações que parecem transcender o
limite das capacidades humanas, ora são feitos de inteligência que assombram a
Humanidade.
O chamado “efeito mágico”, quer nas curas espetaculares, quer em quaisquer outras
manifestações, como, por exemplo, da aprendizagem acelerativa, resultado da
mobilização de reservas mentais normalmente não usadas, é sempre obtido diante do
prestígio, da autoridade (entenda-se “competência profissional”) e do processo; em outras
palavras, o “feiticeiro”, a “palavra mágica” e o “ritual”. Assim foi com os cultos primitivos,
assim ainda é nas religiões e crenças e o mesmo ocorre com os mágicos modernos, os
cientistas. Em qualquer ciência, encontramos esses elementos e, mais, os “mitos” em que
certas “verdades cientificas” foram transformadas.
O chamado “efeito mágico” não pertence ao campo do querer intelectual, mas, sim, da
representação mental daquilo que se saiba querer, sem esforço de vontade (pois a idéia
do “esforço” traz em si a representação mental da dificuldade), sem vacilações. A
vacilação (hesitação, incerteza de propósito) confunde a comunicação com o sistema de
autopreservação e preservação da espécie (doravante designado pelo acrônimo SAPE
neste livro), que então percebe imagens concorrentes.
O homem ao conhecer-se, verificará que os chamados “milagres” são a aplicação da
sabedoria do seu SAPE.
A mente do Homem não aceita o mistério; aliás, a mente abomina o mistério. Mas o
mistério a provoca, talvez porque o desconhecido aguça a imaginação que faz funcionar o
sistema glandular e facilita ou inibe a produção de neurotransmissores. Por isso, o
Homem apela para o terreno do sobrenatural, quando não pode explicar algo com seus
próprios recursos. O “sobrenatural” é o limite do que ainda não podemos explicar; pelo
menos, é a essa conclusão a que se chega em virtude do que não se sabia anteriormente
e hoje se torna corriqueiro... Em nossos dias, diminui muito o número de fenômenos
relacionados com a mente que não se podem explicar. E a linguagem conceitual tem sido
cúmplice do Homem para ajudá-lo a forjar explicações. A própria escrita surgiu com rituais
sagrados e continua a manter ares de sacralidade e todo um mundo, toda uma realidade
virtual foi construída com sistemas verbais, até que, na Renascença, começaram os
traços da ciência experimental. “Está no livro”, “saiu no jornal” são frases que evidenciam
a autoridade conferida a esses veículos de informações com a sacralidade da escrita.
Quanto ao fato de que o cérebro tem enorme potencial normalmente não explorado não
há dúvida. Não se trata de criar nada. Tudo está ali pronto para ser mobilizado. Por
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Nesse seu desígnio, dois aspectos assumem destaque especial, o processo de aprender,
compreender e explicar, que envolve funções sob o nome de “inteligência”, e um estado
de equilíbrio orgânico e psíquico, ou um nível de desarmonia tolerável, que o mantenha
vivo, denominado de saúde. Assim, saúde e educação são básicas na destinação
biológica do homem, para não falar dos outros animais. Direito à vida e direito à educação
se confundem.
Antes de ser admitido como estrutura capaz de controlar outras funções do corpo, de ser
responsável pela inteligência, o cérebro era considerado em plano inferior ao coração e
até ao fígado. Para Aristóteles, o coração era o órgão central e o cérebro era uma espécie
de mecanismo de refrigeração para quando o sangue saía do coração. Para os sumérios
e assírios, o fígado era o repositório da alma e a base física da personalidade (RESTAK,
1980). Na língua, nós encontramos expressões que denunciam como esses órgãos eram
considerados. Nós dizemos saber “de cor” (de coração), inimigos “figadais” (de fígado, de
grande ódio), aqui se identifica o fígado como sede das emoções. Realmente, certas
representações mentais são capazes de fazer as glândulas segregar hormônios e levam à
produção de neuro-hormônios (neurotransmissores) e outras substâncias, com reflexos
somáticos. Quando falamos em certas frutas, como, por exemplo, o tamarindo, o limão, se
o interlocutor fizer uma representação mental dessas frutas e de sua acidez, ficará com “a
boca cheia de água”. Ocorre que as glândulas salivares foram acionadas a partir da
imagem criada.
Sempre houve uma busca de explicação para se determinar qual a estrutura orgânica que
tornava possível a mobilização das funções superiores do Homem. Hoje, tudo parece
indicar que tal estrutura seja o SAPE.
Mesmo quando se descobriram algumas localizações cerebrais: BROCA (1861),
WERNICKE (1876) pouco se sabia a respeito do cérebro. E ainda sabemos pouco. Em
1953, GRAY WALTER escreveu: “quase não há fatos firmemente estabelecidos sobre a
função do cérebro; tudo permanece para ser descoberto, todos os problemas estão ainda
para serem definidos”.
Todavia, nos últimos trinta anos, temos avançado muito nos estudos do cérebro e tais
conhecimentos têm implicações sociais, culturais e educacionais, que não podem ser
ignoradas por professores, médicos, psicólogos, homens de empresas, pais; enfim, todos
aqueles que conseguem resultados com pessoas.
Desses estudos, de Psiconeurofisiologia e Psiconeurolinguística, formulamos a hipótese
de que a inteligência depende mais do SAPE (cérebro paleomamífero) que da estrutura
que propicia o intelecto (cérebro neomamífero). É claro que a inteligência depende do
todo, não só da integração das três estruturas cerebrais, para usar a terminologia da
Teoria do Cérebro Triuno de Paul Maclean: Complexo R (cérebro reptiliano), Cérebro
paleomamífero e Cérebro neomamífero, como também do próprio organismo como um
todo, que é maior que a soma das partes. O SAPE fornecerá a energia para o
funcionamento do intelecto, podendo inibi-lo ou desbloqueá-lo. O “eu sápico” será como
um ponto irradiante, a partir do que se constituirá a atitude da pessoa em relação à vida,
na determinação de sua inteligência inclusive. Evidentemente, não estamos nos referindo
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a acidentes genéticos, a casos patológicos, que fogem ao escopo deste trabalho. Nossos
estudos a respeito do cérebro referem-se à aprendizagem acelerativa, à mobilização de
capacidades humanas normalmente não usadas. Nós estudamos o órgão sadio, aquilo
que ele é capaz de realizar e como mobilizar seu potencial. O cérebro é uma
potencialidade. Primeiro, nós mobilizamos o potencial e, em seguida, tornamos realidade
esse potencial.
Quem procura a inteligência no cérebro terá uma grande decepção. Inteligência não é
algo que existe pronto e, por isso mesmo, não tem sede. A inteligência é uma virtualidade,
um virtualismo do organismo e, principalmente, do encéfalo.
A inteligência depende de três fatores principais: - berço (o ambiente em que a pessoa
vem ao mundo, a cultura em que ela se cria; - educação (a maneira pela qual são tratadas
as capacidades da pessoa) e o fator genético. Há quem se refira ao fator em termos
porcentagem, atribuindo-lhe uma grande participação na formação da inteligência;
todavia, “qualquer afirmação de que X% se deve a fatores genéticos e Y% a fatores
ambientais deve ser tratada com reserva” (BUTCHER).
¹ Embora achemos aleatório citar qualquer porcentagem a esse respeito, vale mencionar que o Prof. V. N.
Banchthikov, no dia 30 de junho de 1969, durante o “V Congresso Pansoviético de Neurologistas e
Psiquiatras”, realizado em Moscou, declarou que, com toda possibilidade, o ser humano usa apenas 4% de
suas reservas cerebrais. (Apud Jean Lerède, Suggérer pour Apprendre).
² “Sápico” é o adjetivo que criamos para indicar ”relativo ao SAPE” e é o resultado das crenças, das
impressões, das condições do meio, das sugestões recebidas e aceitas, dos reflexos imaginativos. É o
produto de experiências passadas, vividas ou vividamente imaginadas, sucessos e fracassos, triunfos e
humilhações, de como os outros reagem à pessoa, tudo isso dependente do efeito dominante. O carinho,
como forma de construir auto-imagem positiva, pode ser um elemento básico na formação do “eu sápico”.
³ Ver nossa conferência, proferida em Estocolmo, Suécia, em maio de 1984, na “1st European Salt
Conference” e também “Contágio Mental ou Sugestão?”, publicadas no livro “O Cérebro do Cérebro – A
chave dos mistérios do homem”, do mesmo autor deste trabalho.
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Evitamos o terreno das discussões filosóficas e religiosas.
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Hipótese
Nossa hipótese, de que a inteligência depende mais do SAPE que do intelecto, está
situada dentro daquele espaço existente entre as características do Homem estudadas
pelas neurociências e as realizações humanas. “Intelecto” está aqui usado no sentido do
domínio cognitivo, em que se dá ênfase às operações tornadas possíveis pela estrutura
do neocórtex. Não se pense que, então, entre os domínios cognitivo, afetivo e psicomotor,
queira privilegiar-se o afetivo. Na verdade, a aprendizagem sápica abrange o que se vem
chamando de “afetivo” e, não, o contrário.
A faixa de estudos entre as neurociências e as realizações do Homem denominamos de
Emotologia (do latim e(x), para fora; motus, movimento e do grego – logos, estudo,
tratado, mais o sufixo – ia). A Emotologia é a disciplina que estuda o SAPE e como
envolvê-lo para a mobilização das capacidades humanas. A aplicação dos conhecimentos
de Emotologia ao processo ensino / aprendizagem denominamos de Emotopedia. Os
conhecimentos das neurociências, aprendidos com os especialistas dessas áreas,
usamo-los como argumento em defesa da hipótese por nós formulada.
Sendo o SAPE o regulador da autopreservação e preservação da espécie, ele será o
maior responsável pela aprendizagem e pela manutenção e restauração da saúde no
organismo.
Procuramos colocar as idéias em linguagem acessível; todavia, as pessoas não
familiarizadas com os termos técnicos encontrarão explicações que se complementam em
outros trabalhos de nossa autoria, tais como “Princípios de Emotologia e Emotopedia”,
“Implicações das Neurociências para o Processo Ensino-Aprendizagem; conseqüências
sociais, culturais e educacionais”; “Toda Criança Nasce Gênio” e em nossos cursos,
palestras, seminários ou atendimento personalizado, realizados na Cidade do Cérebro*.
A inteligência tem sido um dos mitos da ciência, um tabu ao qual poucos se aproximaram
sem atitudes pré-concebidas. A inteligência passou a ter um tratamento político, todas as
vezes que certos governantes desejaram estimular a ignorância. Com esse propósito,
chega-se mesmo a afirmar, ainda hoje, que “quem é inteligente já nasce, nada se
podendo fazer para desenvolver a inteligência”. Existem outras frases, com o mesmo ou
semelhante teor, que traduzem preconceitos, desconhecimento ou má fé. A cortina de
fumaça em torno do assunto impediu que certos estudos fossem realizados, até que
alguns estudiosos5 desmitificaram o tema. Não obstante, mesmo esses que mais se
dedicaram a estudar a inteligência, como, por exemplo, TERMAN, PIAGET, GUILFORD,
SPEARMAN e outros, o fizeram apenas por uma faceta, o lado intelectual ou a ele deram
ênfase.
Com as novas teorias e comprovações a respeito dos nossos três cérebros, conforme a
Teoria do Cérebro Triuno 6 (PAUL MacLEAN) e seu funcionamento, e os estudos de
lateralização 7 (ROGER SPERRY) podemos ir além e arriscar novos rumos.
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lo às suas reais dimensões. Desejamos aprender com as críticas dos doutos, certamente
capacitados para fazê-las e, por isso, já lhes agradecemos os ensinamentos que,
esperamos, virão.
No campo científico, as hipóteses são as propostas iniciais, um passo no escuro em
estrada mais ou menos conhecida, admissão provisória da verdade para que se tenha um
caminho para pesquisar. Muitas vezes, nessa trajetória, muitas outras descobertas são
feitas, deixando para segundo a hipótese inicial. Deste modo, esperamos que nossa
contribuição seja pesquisada por outros estudiosos, certamente com mais recursos
materiais, intelectuais e sápicos que nós, além de tudo que vimos fazendo para
comprová-la ou aprender com os erros a que ela nos conduziu. De fato, consideramos
que fomos possuídos pela idéia que ora defendemos e, não, que nós a tenhamos
possuído, tal o número de anos, quase meio século, que já lhe dedicamos, e empenho
com que vimos pesquisando o assunto, do qual há muito a ser aprendido.
“Na sua evolução”, escreve Paul Maclean, “o cérebro do homem retém a organização
hierárquica dos três tipos básicos que podem ser rotulados, de modo conveniente, de
reptiliano, paleomamífero e neomamífero”, conforme explica ARTHUR KOESTLER, em
seu livro “The Ghost in the Machine” (O Fantasma da Máquina).
Ainda uma imagem de Maclean: como numa casa em que uma estrutura é superposta à
outra, as estruturas cerebrais vieram se desenvolvendo para atender às necessidades
das funções nas quais o organismo veio se especializando.
A mais recente estrutura surgiu para atender às necessidades detectadas pelo Complexo-
R e Sistema Límbico, em termos de operações intelectuais, isto é, ações com efeitos
sobre o ambiente, conhecendo-o, armazenando e recuperando dados e informações da
memória, produzindo pensamento de maneira divergente e convergente e avaliando
(GUILFORD) para emitir comportamentos.
Ao contrário do SAPE, que guarda a sabedoria da espécie e do organismo, o intelecto é
limitado.
O uso da linguagem conceitual levou o homem a uma realidade externa, fora de si
mesmo, uma realidade constituída com sistemas de palavras. O homem considerou-se
racional (do latim ratio, “razão”, “inteligência”, “relação”, “proporção”) capaz de agir
logicamente, combinando dados e informações, extraindo conclusões. Talvez o Homem
tenha visto nisso, equivocadamente, o traço que o identificaria com Deus (“não fora ele
feito à imagem e semelhança de Deus?”). A linguagem impregnou-se de lógica. Essa
influência é sentida a cada instante da vida intelectual. Todavia, ao termos atingido um
momento que podemos chamar de “impasse lógico”, em que a Humanidade enfrenta
problemas até de sua continuidade ou não, tal a ameaça de uma guerra nuclear global,
precisamos repensar nossa atitude em relação à inteligência, às capacidades humanas.
Com os conhecimentos que hoje possuímos dos cérebros e seu funcionamento,
verificamos que o SAPE parece ser mais responsável pela inteligência que o terceiro
cérebro, no sentido em que cria as condições, ou não, para o desenvolvimento do
intelecto, como estamos demonstrando.
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A estrutura em cada um de nós que pode servir à identificação com Deus é o SAPE,
conforme se pode concluir de tudo que se diz neste trabalho.
Na defesa de nossa hipótese usamos, também como abonação, os estudos e as práticas
de sugestão nas curas, como resultado de mobilização de capacidades humanas,
realizadas, por exemplo, pela Escola de Nancy (Liébeault, Bernheim, Baudouin) e pela
Escola de Salpetrière (Charcot). É de se destacar, na Escola de Nancy, o médico Èmile
Coué, cujo movimento de cura pela sugestão se expandiu tanto que ficou conhecido
internacionalmente como “coueísmo”.
O uso da sugestão em educação também vem de muitos anos. Charles Baudouin cita que
J.M. Guyau (Educação e Hereditariedade) parece ter inaugurado a idéia. Outros nomes
citados por Baudouin: Walter Rose (Die hypnotische Erziehung der Kinder, Berlin, 1898),
Horn (Suggestion als pädagogischer Faktor, Neue Bahnen, 1900, Heft 5), Rausch (Die
Suggestion in Dienst der Schule, Zeitschrift für Philosophie und Pädagogik, 1901, Heft 4),
Carl Picht (Hipnose, Suggestion und Erziehung, edições Klinkhardt, Leipzig, 1913).
De 1929, temos o livro “L´Art d´Apprendre par I´Autosuggestion ou la Méthode
Suggestive”, publicado por Paul Leymarie, Librairie-Éditeur, Paris.
Em 1942, publicado pela Presses Universitaires de France, temos o livro “L´Éducation par
La Suggestion”, de Leon et Frédéric SAISSET.
Estamos destacando alguns livros, que julgamos mais expressivos. Existem outros
trabalhos esparsos sobre o assunto.
Na década de 60, Georgi Lozanov, psiquiatra búlgaro, revive, no “Instituto de
Sugestologia”, de Sófia, o ensino de línguas pela sugestão e, em 1978, aparece seu livro
“Suggestology and Outlines of Suggestopedy”.
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Discussão
O homem é um organismo cibernético (WIENER, 1948), tem um servomecanismo para
controlar a sua existência. O sistema cibernético recebe retroalimentação de sistemas
interceptivos e exteroceptivos. Interceptivo (de intero, de dentro e ceptivo, “que percebe”,
“que apanha”) qualifica o que é relativo aos interoceptores, categoria de receptores cujas
excitações habituais provêm de estímulos internos, e que são o ponto de partida de
reflexos vegetativos. “Exteroceptivo” (de extero, de fora e ceptivo) indica o que se refere
ao funcionamento dos exteroceptores, categoria dos receptores habitualmente
estimulados por agentes externos ao organismo. Para que ocorra o controle de suas
atividades psíquicas e orgânicas, é preciso que haja, no organismo, uma estrutura
responsável pela retroalimentação. Ora, o SAPE é o regulador da autopreservação e
preservação da espécie e desempenha essas funções por seu caráter cibernético
(“sabedoria do organismo”).
O organismo do homem, desde a origem da espécie, veio-se complicando pela
especialização de funções.
As estruturas cerebrais se desenvolveram para atender a essas necessidades.
Nossos três cérebros têm cada um sua própria subjetividade, sua própria inteligência e
sua própria memória. Para que sejam mobilizadas, cada qual exige uma abordagem
diferente. Na prática, a Emotologia e a Emotopedia usam procedimentos, atividades e
exercícios que atendem a essas exigências.
O mundo do Complexo R era o de matar ou morrer; era o mundo da cobiça, do egoísmo,
do medo e do ódio, emoções estas nas quais o instinto de conservação se baseava. Este
cérebro era estruturado para isso. Na evolução, a Natureza de nada se desfaz; por isso,
possuímos, ainda, aquelas estruturas primitivas. A vida primitiva fez do homem um ser
instintivamente predatório, que não mede as conseqüências pra satisfazer os desejos de
seu cérebro mais antigo, quando não canaliza seus impulsos para realizações
socialmente úteis.
Das necessidades básicas existem as derivadas, formando uma verdadeira rede como
ramos de uma árvore, de tal modo que um pequeno galho no topo da copa (determinado
comportamento) terá relações com o tronco ou primeiros galhos do tronco
(comportamentos que, aparentemente, não estão ligados às necessidades básicas).
Assim, certos comportamentos e impulsos poderão ser explicados em termos de
necessidades do Complexo R.
O segundo cérebro – paleomamífero – que, em termos de funções, se chama sistema
límbico é o cerne do organismo cibernético dentro de nós, é o cérebro da vida, podemos
dizer, uma que é o responsável pelo sistema nervoso autônomo, que controla nossos
órgãos vitais, mantendo a comunicação e controle (ajuste dos meios aos fins) entre os
elementos do organismo para conservar a pessoa viva. Na verdade, o centro do homem,
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a sua “alma”, é o sistema límbico, mais precisamente, o SAPE, controlador desta fábrica
química, que é o organismo. Para desempenhar suas funções, o sistema límbico tem de
valer-se de um sistema de comunicação que vai além de sentidos aguçados, percepções
despertas, sensos desenvolvidos.
Aprender é um processo tão natural como o processo de sobreviver, pois é por este meio
que o Homem vai se adaptando às novas situações, chegando mesmo a confundirem-se
aprendizagem e sobrevivência. A criança, ao nascer, quer no útero, quer fora dele,
aprende pelas sensações. Tais sensações correspondem a imagens visuais, auditivas,
gustativas, cinestésicas, olfativas, etc.
As sensações (imagens) vão-se desenvolvendo à medida que se desenvolve o sistema
nervoso, culminando com as operações intelectuais, considerando-se o homem no
estágio atual de evolução.
A percepção do mundo exterior, com toda sua extensão de vibrações, é da maior
relevância para a principal função do SAPE, ou seja, autopreservação não se limita aos
sentidos mais comuns, abrangendo também aquela que se denomina “extrasensorial”.
Na falta de um conhecimento mais exato sobre o fenômeno de uma percepção de
sentidos não físicos, de fato, uma pré-percepção (intuição, pressentimentos), essa
percepção foi denominada genericamente de “sexto sentido”, PES (percepção
extrasensorial), função Psi (letra grega usada para indicar todos os tipos de fenômenos
psíquicos) e outros nomes.
O Dr. Charles Richet, Prêmio Nobel de Medicina em 1913, escreveu, em seu livro “Notre
Sixième Sens” (Nosso Sexto Sentido), no qual comprova a existência desse sentido, o
seguinte: “Ora, falar de um sentido cujos órgãos desconhecemos, de um sentido que nem
o vulgo, nem os sábios admitem, de um sentido que reveste as formas mais diversas e
estranhas, é realmente uma revolução. Mas, quando se trata de ciência, convém ser
francamente revolucionário, contanto que se apóie essa revolução sobre as duas bases
inabaláveis de toda ciência biológica: a observação e a experiência”.
Hoje, juntando-se os conhecimentos oriundos da observação, da experiência com os da
Psiconeurofisiologia, podemos concluir que o segmento do cérebro que parece receber as
vibrações do pensamento (o sexto sentido) são os núcleos anteriores do tálamo que
fazem parte do sistema límbico. O Dr. Richet escreveu, ainda, sobre o sexto sentido, em
seu “Traité de Métaphysique”, décima segunda edição refundida, de 1923.
O SAPE pode estabelecer comunicações sem participação dos chamados “cinco
sentidos”: audição, visão, gustação, olfato e tato; todavia, o treinamento destes sentidos
mais comuns é parte de como se pode desenvolver o intelecto na sua função de
compreender e explicar.
As sensações do organismo infantil passam para uma etapa da fantasia e, antes do
processo de intelectualização, a criança aprende mais de dois terços de tudo o que vai
aprender durante toda a sua vida. Ao entrar na escola, a criança inicia seu processo de
intelectualização, isto é, vai desenvolver suas operações intelectuais e lhe vão dizer e
mostrar, na didática tradicional que “imaginar é coisa feia”, “que é preciso ser lógico”, “que
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próprio código como verdadeiras; aliás, para ele não há verdadeiro ou falso, há
informações. O sistema límbico é, sem dúvida, a estrutura que torna possíveis os
processos mais delicados e sutis do organismo. O organismo é um sistema, as partes
interagem para atingir fins. O sistema límbico sintetiza o princípio dos sistemas, de que o
todo é maior que a soma das partes, e então comanda não só os órgãos vitais para a
autopreservação como para a preservação da espécie.
O sistema límbico, o cerebelo e o hemisfério direito compõem uma estrutura que pode
tratar a informação na velocidade de 1 a 10 milhões de bits por segundo, sem noção
espaço-temporal, sem limitações seqüenciais e cria o “eu sápico”, que vai determinar a
atitude do indivíduo perante a vida, inclusive na determinação de sua inteligência, como
processo sócio-cultural. O intelecto (hemisfério esquerdo) processa informações na
velocidade de 40 bits por segundo (MIGUEL MARTINEZ, 1985). Deste modo, o sistema
límbico cuida das informações em bloco, holisticamente, e quando algo vai daí para o
intelecto tem de ser sob a forma de discernimento súbito do tipo “hêureca!”, “Aha!”...
O sistema límbico acumula a memória do ser que evoluiu no Homem, sem que possamos
ainda determinar quando teve início esse processo, na origem da espécie. Esse
conhecimento é a sabedoria da espécie, que dá a “sabedoria do organismo”. Aí está o
verdadeiro gênio dentro de nós. Vemos que a lenda da Lâmpada de Aladim bem pode ser
alegoria desse poder dentro de nós. O gênio precisa ser libertado para servir naquilo para
que o enviarmos, de acordo com nossa escolha, para o bem ou para o mal.
Do ponto-de-vista animal, os dois primeiros cérebros, reptiliano e paleomamífero
desempenham as funções mais importantes. O terceiro cérebro surgiu para atender a
necessidades das estruturas anteriores, principalmente as do sistema de autopreservação
e preservação da espécie (tendo em vista os fins da existência do Homem) e este
continuou comandando o organismo.
O terceiro cérebro é uma estrutura que nos torna “humanos”, no sentido de podermos
fazer uso das palavras, da linguagem conceitual, embora pareça ser o sistema límbico a
estrutura que nos pode humanizar, no sentido mais abrangente desta palavra. Dizer-se
que é o terceiro cérebro que nos torna inteligentes é reduzir muito essa função de todos
os seres. A não ser que só se considerasse inteligência as operações supostamente
avaliadas por testes de Q.I, (quociente de inteligência). Mas isso nada tem de científico ou
de real. Existem muitas controvérsias a respeito desses testes, mesmo entre os que
consideram a inteligência unicamente função do intelecto (KAMIN, BLOCK).
Todo ser é inteligente, uma vez que nasce para sobreviver, autopreservar-se e preservar
a espécie.
Digamos que há tipos de inteligência, aspectos em que a pessoa se sinta mais confortável
para aprender, para agir, para viver. Há maneiras diferentes de codificar as informações
de modo a atingir as pessoas, que são diferentes. É até uma violência, uma violação da
pessoa, insistir-se em ensinar-lhe por um estilo que não seja o dela.
A evidência de muitos fenômenos não explicáveis racionalmente (pelo terceiro cérebro)
levou o homem a admitir a Parapsicologia, paralelamente à Psicologia, à Psiquiatria, à
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Psicanálise, todas ligadas à alma (em grego psychê), embora sem se preocuparem com a
estrutura do organismo que torna possível a alma. A estrutura no organismo que torna
possível a “alma” parece ser o sistema límbico. É preciso que se compreenda essa
afirmação dentro do contexto deste livro, evitando-se extrapolações religiosas, teológicas
e filosóficas.
O sistema límbico torna possível ao homem o exercício da hipnose, da sugestão, da
clarividência, da clariaudiência, dos efeitos das técnicas de ioga, etc., uma vez que opera
por meio de recursos que nós chamamos de “sexto sentido”.
Podemos dizer que o sistema límbico age por resultados. Se soubermos dar-lhe a
imagem emotizada do resultado, sem vacilações (visto que estas acionam representações
mentais que vão confundir o sistema límbico), ele encontrará o meio de atingir o resultado
(Lei Teleológica do Sistema Límbico). É por isso que muitos autores apresentam esse
fenômeno como “poder do subconsciente” (Joseph Murphy), “poder do pensamento
positivo” (Norman Vincent Peale), “Psicocibernética” (Maxwell Maltz), “Dianética” (L. Ron
Hubbard), “Treinamento Autógeno” (Schultz), “Controle Mental” (José Silva) e outros. As
técnicas de ioga também envolvem o sistema límbico.
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É tal a influência da crença da ciência grega antiga, que, embora não estudemos lógica
formalmente, estamos impregnados do pensamento seqüencial, dedutivo, de
comparações para deduções, do silogismo, que não leva a nada de novo, pois a
conclusão está contida na premissa maior.
O intelecto criou um mundo monstruoso, um impasse lógico onde se delineiam seres
dentro da mesma pessoa: um fala de paz, o outro prepara a guerra. Esta dualidade
mostra bem as estruturas primitivas do cérebro, destacando-se o cérebro do réptil a
pensar em violência, com medo de perder seu território, e na ânsia de conquistar outros, e
na idéia de hierarquização. No romance “O Médico e o Monstro”, de Robert Louis
Stevenson, o bondoso médico Dr. Jekill convive com o monstruoso Mr. Hyde sem se
encontrarem. Como vivem afastados, um vive preparando a guerra e o outro, digamos
assim, as conferências de paz – entre eles está o sistema límbico.
O intelecto enganou o sistema límbico com o ardil de criar armas poderosas para evitar
que a Humanidade fosse destruída e as armas criadas agora ameaçam a destruição da
Humanidade. Jekill precisa conhecer Hyde para encontrarem uma forma de continuar o
mundo, de construí-lo e não destruí-lo. A nova aprendizagem é para isso. O sistema
límbico tem de assumir o seu papel, de equilíbrio entre os dois outros cérebros; tem de
harmonizar as tendências do monstro e a estrutura do intelecto que aumentou de muito a
inteligência lógica do homem, ampliando o poder do monstro dentro de si. O intelecto
pode ser a arma mais poderosa de todas a serviço do Complexo R, para a destruição, se
não houver intermediação do sistema límbico, para a construção de uma vida melhor,
compartilhada por todos. As estruturas cerebrais próprias da violência, herança de nossos
antepassados longínquos na evolução, podem ser canalizadas para realizações úteis na
preservação da espécie. O homem só encontra o equilíbrio de seus três cérebros
participando da edificação da sociedade em que vive.
Em muitos processos de comunicação, vemos o processo de “despersonalização” com o
propósito de melhor atingir as estruturas mais antigas do cérebro. Certas técnicas de
ensino procuram, por meio de ênfase na ritualização, por meio de inibição do terceiro
cérebro, mobilizar as estruturas cerebrais mais primitivas a fim de conseguir um
comportamento fanático.
Como os dois primeiros cérebros não têm o poder de linguagem conceitual, os símbolos
não verbais atuam sobres eles (formas, arquitetura, artes plásticas, sensações
provocadas por certas músicas, etc.).
O terceiro cérebro é um órgão de emergência; só funciona quando não pode delegar
tarefas a outras estruturas e quando o que vinha fazendo foge da rotina. Assim, por
exemplo, as repetições procuram bloquear o julgamento (função própria do intelecto).
Vejamos, para exemplificar, qual é o mecanismo do “slogan”: (1) o cérebro percebe o
estímulo, (2) transforma-o em imagem, (3) compara com imagens armazenadas (por
semelhança ou analogia (semelhança das relações), (4) avalia (neste ponto, a repetição
de algo igual, no caso do slogan e outras práticas monótonas, leva o cérebro a deixar de
avaliar, de julgar, passando a aceitar o conteúdo) e (5) emite comportamento. Repitamos:
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quando o mesmo estímulo é repetido várias vezes, o cérebro suprime a fase de avaliação
e emite comportamento sem julgar. Esse é o poder de os slogans influenciarem as
pessoas.
Ainda o fenômeno da despersonalização. A escola foi construída com base na
despersonalização, como são as prisões, os hospícios e os hospitais. A pior coisa para o
ser humano é a morte, seja física ou social. A despersonalização implica morte social.
Destruindo-se a auto-imagem da pessoa, a situação do sistema límbico no cérebro dessa
pessoa vai gerar atitudes negativas diante da vida.
A idéia da intelectualização despersonalizante parece ter sido a de que seria mais fácil
treinar, adestrar o intelecto sem a interferência do sistema límbico. Isso provou ser
desastroso para a Humanidade.
A hipnose mostra, por exemplo, o alto valor da palavra como fator fisiológico e
terapêutico. Pela palavra, levamos a pessoa a fazer representações mentais que vão agir
no sistema límbico, provocando fenômenos erradamente chamados de hipnóticos (do
grego hýpnos, sono), uma vez que não são da natureza do sono.
Com medo também acontece que a pessoa faz uma representação mental da situação do
perigo que mobiliza o sistema límbico. Uma vez mobilizado para o ataque ou para a fuga,
por mais que racionalmente analisemos a situação, os efeitos físicos e psíquicos
deflagrados perduram por algum tempo (tremedeira, respiração ofegante, extremidades
frias, problemas no aparelho digestivo, etc.).
O sistema límbico, diante da representação mental do perigo, mobiliza o sistema
glandular e o sangue aflui para as vísceras e as extremidades ficam frias, ocorrendo a
tremedeira para produzir o calor que falta aos músculos.
A primeira reação é límbica, glandular, uma vez que a glândula hipófise (pituitária), que
comanda o sistema glandular, situa-se em região íntima ao sistema límbico e recebe
influência deste. Atualmente, a tendência é incluir a hipófise no sistema límbico.
A primeira forma de aprender é por meio das sensações / imagens. Depois, as imagens
serão criadas por mecanismo lingüístico, que poderá desemotizar as situações, mas o
processo é o mesmo; apenas, sem a emotização, as impressões ficam menos intensas.
Aprender mobilizando o sistema límbico é também emotizar as situações.
As descobertas científicas são normalmente propiciadas pelo cérebro paleomamífero
(sistema límbico, hemisfério direito), o chamado trabalho inconsciente, “incubação”, que
antecede a “iluminação”, no processo criativo, mas são apresentadas com a lógica do
cérebro neomamífero (hemisfério esquerdo). O caminho que conduziu às descobertas foi
pela analogia (do grego ana, que aqui indica "de acordo com" e -logos que aqui indica
"proporção"), que é um processo típico do sistema límbico, quando inconsciente. Em
geral, os descobridores e inventores não relatam qual o processo que os conduziram aos
achados. Ás vezes, nem mesmo sabem.
O trabalho inconsciente, a incubação, como alguns autores chamam uma fase do
processo criativo, a partir de Wallas (1926), é o trabalho do sistema límbico. Jacques
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Hadamard, analisando o relato de como Henri Poincaré chegou à descoberta das funções
fuchsianas, mostra bem a importância desse trabalho preliminar “consciente”.
Na verdade, “consciente”, “subconsciente”, “pré-consciente”, “consciente marginal”,
“inconsciente” não elucidam o que ocorre com as estruturas cerebrais. Que é
“consciente”? (bewusst, de Freud) Aquilo que é capaz de ser compreendido em palavras?
E “inconsciente”? (unbewusst, de Freud) O que não podemos tender em palavras? Assim,
não obstante essa crítica à terminologia, reconhecemos o valor de Sigmund Freud no que
ele se antecipou, por observação e experiência, ao que hoje sabemos, em laboratório das
estruturas cerebrais. Assim, “consciente” é, grosso modo, o que se passa no nível de
terceiro cérebro e “inconsciente” abrange os dois cérebros, sem o poder da palavra.
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“Emotização”, ato de “emotizar”, verbo cunhado pelo Autor para indicar o processo de mobilizar o sistema
límbico por meio de situações criadas.
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Transcritas do livro “Princípios de Emotologia e Emotopedia”, do mesmo autor deste trabalho.
Nota: Fiz questão de transcrever acima alguns trechos do Dr. Raul Marino Jr., professor de Medicina,
especialista em Neurologia, e neurocirurgião, tendo em vista que seu livro “Fisiologia das Emoções” é
“Introdução à Neurologia do Comportamento, Anatomia e Funções do SISTEMA LÍMBICO”, conforme se lê
no subtítulo. O Dr. Marino Jr. escreveu, em 1975, esse livro da maior importância para a
psiconeurofisiologia, combinação das ciências do comportamento com as neurociências e compreende o
que sabemos sobre o cérebro, como ele funciona e sua influência na conduta das pessoas. É por esse
caminho que cheguei à Psiconeurolinguística, acrescentando o fator de a palavra ser um elemento
fisiológico e até terapêutico.
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Conclusões
• A inteligência, quer como resposta do ser às suas necessidades, quer como uso das
operações intelectuais, depende mais do sistema límbico que do intelecto (tornado
possível pela estrutura do terceiro cérebro) porque é do sistema límbico que parte a
energia capaz de mobilizar o cérebro como um todo para a autopreservação e
preservação da espécie.
• O sistema límbico pode ser dirigido por meio de representação mental, por imagens
emotizadas daquilo que saibamos querer, sem esforço de vontade intelectual, para que
não haja imagens concorrentes, que causam vacilação, hesitação. Por isso que as
religiões asseguram que acreditar, crer sem vacilação, é uma graça.
• O sistema límbico nos ajuda na cura de doenças, na aquisição de conhecimentos, na
transformação de nós mesmos.
• A representação mental emotizada tem o poder de acionar o sistema glandular da
mesma forma que as emoções. A menção do tamarindo, do limão, por exemplo, desde
que a pessoa represente mentalmente o que as palavras indicam, produzem grande
salivação. Aqui, vê-se como a representação mental tem a força de acionar o sistema
glandular.
• Se o Homem, através dos tempos, veio agindo com sentido das coisas, já empregando
muito do que hoje a ciência comprova, é porque sua “intuição”, do sistema límbico, assim
o orientou. “Intuição” vem de “intuir”, “ver” e, metaforicamente, podemos dizer que “intuir é
ver com os olhos do sistema límbico”.
• Os religiosos têm suficientes razões para considerar que o sistema límbico é o nosso
Cristo Interno, o Deus dentro de cada um de nós, o ponto que nos liga ao Universo. Muita
gente exerce a prática de entregar ao seu Cristo Interno a solução de dificuldades e
prosseguir seguro da solução, afastando as preocupações. Na verdade, a pessoa está
recorrendo ao seu sistema límbico.
• A oração, quando consegue a fusão emotizada da prece com o sistema límbico, opera
os milagres, pois mobiliza as capacidades do Homem para atender suas necessidades.
• O ambiente (físico, cultural, psicológico) tem forte poder de comunicação com o sistema
límbico, por isso, de acordo com o que a pessoa deseje alcançar deve cuidar para que o
meio ambiente seja propício aos seus interesses.
• Se os grandes argumentos em favor da aprendizagem pela sugestão, reavivada no
ensino, por LOZANOV (1978), são no sentido de que ela mobiliza capacidades, sabendo-
se que a sugestão opera no sistema límbico para liberar essas capacidades, o problema
está em como se mobiliza o sistema límbico para conseguir os resultados de mobilização
de capacidades, sem interferir na vontade das pessoas. A resposta é a emotização. Por
esse processo, atuamos no sistema límbico conseguindo resultados de mobilização de
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capacidades, sem uso da sugestão e hipnose, processos esses por nós condenados por
interferirem na vontade das pessoas, tirando-lhes o poder de decisão.
• O ensino, para mobilização de capacidades, deve ser feito com base no sistema límbico.
A publicidade, que atua na mudança de comportamentos sabe bem disso e jamais apela
para o racional e, sim, para o sistema límbico.
• Muitas pessoas perguntam como se põe tudo isso em prática. Existem procedimentos,
atividades, exercícios; enfim, práticas a partir dos princípios que guiam os conhecimentos
de Emotologia e Emotopedia. Os mais importantes são os princípios informativos das
técnicas que vão torná-los operativos.*
• A memória será tão mais duradoura e abrangente quanto diversas situações emotizadas
para memorizar. Os acontecimentos cuja reprodução é mais facilmente obtida são
aqueles acompanhados de maior emotização.
• Na nova aprendizagem, teremos de dar ênfase ao sistema límbico, não só para uma
aprendizagem melhor e mais rápida como para a preservação do Homem no Universo.
• A aprendizagem acelerativa, que surge como resultado da mobilização de reservas
mentais normalmente não usadas, é possível com o envolvimento do sistema límbico no
processo ensino / aprendizagem.
• A principal tarefa de professores é criar as condições para que seus alunos mobilizem e
desenvolvam suas capacidades, para aprender melhor e mais rápido as disciplinas
específicas.
*Conheça essas técnicas participando do Curso de Emotologia oferecido pela Cidade do Cérebro.
Para detalhes clique no link: http://www.cidadedocerebro.com.br/curso_de_emotologia.asp
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de viver, o objetivo de vida de cada um deve ser o de melhorar sempre e, sabendo como
isso pode ocorrer, as pessoas certamente terão melhor qualidade de vida”.
O Professor Luiz Machado é Ph.D. e Livre Docente pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), na qual foi coordenador do Programa Especial de Desenvolvimento da
Inteligência e da Criatividade (PEDIC), por 26 anos completados em 2003.
Diplomou-se em Didática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da UERJ, nas
disciplinas Biologia Educacional, Psicologia Educacional, Didática Geral, Didática Especial
e Administração Escolar.
Em 1964, foi visiting scholar na Universidade de Colúmbia, Nova York, Estados Unidos,
na qual deu início, em companhia do Prof. Anísio Teixeira, a pesquisas de assuntos como
a Inteligência e a Criatividade.
Em 1966, obteve o grau de Doutor em Letras e, na Alemanha, conquistou o Diploma de
Professor de Alemão.
Luiz Machado é autor de vários livros no campo das potencialidades humanas, entre os
quais destacamos: “Auto-Estimulação da Inteligência”, “Toda Criança Nasce Gênio”, “O
Cérebro do Cérebro”, “Introdução à Aprendizagem Acelerativa”, “O Segredo da
Inteligência”, “Descubra e Use Sua Inteligência Emocional”.
Como conferencista, Luiz Machado tem feito palestras nos Estados Unidos, Inglaterra,
Suécia, Holanda, África do Sul, Venezuela e Alemanha.
Luiz Machado é ainda Administrador, área em que é autor de um bestseller “Se Funciona
é Obsoleto”, “Criatividade na Administração” (seis meses na relação dos livros mais
vendidos em 1974, conforme publicação do “Jornal do Brasil”) e bacharel em Direito.
Conheça a repercussão internacional das pesquisas do Professor Luiz Machado,
criador do conceito de INTELIGÊNCIA EMOCIONAL:
Em 1984, em congresso de cientistas em Estocolmo, Suécia, ele apresentou sua teoria de
que a inteligência depende mais do sistema límbico (estruturas do cérebro mais
responsáveis pelas emoções) que do intelecto. Seus estudos tiveram grande repercussão
internacional e vários autores, de diferentes países, ficaram entusiasmados com as
conclusões do professor brasileiro. Essa teoria deu origem ao conceito de inteligência
emocional, divulgado mundialmente pelo americano Daniel Goleman, com seu livro
“Inteligência Emocional”.
Colin Rose, um pesquisador inglês, presente no referido congresso, escreveu, em
seu livro “Accelerated Learning”, de 1985: “Em 1971 Rappoport concluiu que a
emoção não está somente envolvida com a memória, mas é realmente a base em
que a memória é organizada. Recentemente, Luiz Machado, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, um dos primeiros impulsionadores do movimento da
aprendizagem Acelerativa, afirmou que se o novo material fosse apresentado de tal
modo a produzir excitação emocional, isto é, envolvesse o sistema límbico, ele
ativaria poderes mentais normalmente não usados”.
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todo o debate convocando educadores para envolver emoções na sala de aula a fim de
capacitar os alunos a usar mais de seu potencial”. (O grifo é da presente transcrição).
Os estudos de Luiz Machado sobre as estruturas cerebrais mais responsáveis pela
autopreservação e preservação da espécie levaram-no a um aprofundamento na
área da psicolinguística e conduziram-no a importantes conclusões a respeito da
inteligência e da criatividade, dentro do âmbito de estudos do que ele denominou
de Emotologia; a saber, o estudo do desenvolvimento das capacidades humanas
como elemento de auto-realização.
Luiz Machado é um pioneiro dos estudos do ensino compatível com o cérebro e seu
sistema de ensino de Aprendizagem Acelerativa, com base nos conhecimentos mais
recentes sobre a mente e o cérebro, a Emotopedia, foi classificado entre os seis mais
avançados, conforme pesquisa realizada nos Estados Unidos pelos professores Donald
Schuster e Charles Gritton, publicada no livro "Suggestive Accelerative Learning
Techniques", Gordon and Breach Science Publishers, New York, 1986.
O Professor Luiz Machado foi o pioneiro na introdução do conceito de Inteligência
Emocional. A principal contribuição dos seus estudos está na busca de explicação
estritamente científica de fenômenos da aprendizagem acelerativa, da hipermnésia
(memória altamente desenvolvida) e de fenômenos tidos até como sobrenaturais.
“Através dos meus estudos sobre o funcionamento do cérebro e das técnicas por mim
desenvolvidas desejo que todas as pessoas façam da vida uma obra de arte, tirando
delas o que é bom, belo, harmonioso, mesmo nas situações adversas”
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LIVROS
Toda Criança Nasce Gênio
O Cérebro do Cérebro
Auto-Estimulação da Inteligência
Descubra e Use sua Verdadeira Inteligência Emocional
O Segredo da Inteligência
Breve Introdução à Emotologia
Princípios de Emotologia e Emotopedia
DVDs
Como Lidar com as Crianças de Hoje
A Revelação do Grande Segredo
CD
A Revelação do Grande Segredo
O Segredo da Inteligência