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1. Como explicar ao meu leitor mais jovem o que é (ou o que era) um
ALMANAQUE? Vamos ao dicionário. Lá está, entre outras acepções, a que vem
ao caso: folheto ou livro que, além do calendário do ano, traz diversas
indicações úteis, poesias, trechos literários, anedotas, curiosidades etc. O leitor
não faz idéia do que cabia nesse etc.: charadas, horóscopo, palavras cruzadas,
enigmas policiais, astúcias da matemática, recordes mundiais, caricaturas,
provérbios, dicas de viagem, receitas caseiras... Pense em algo publicável, e lá
estava.
2. Já ouvi a expressão "cultura de almanaque", dita em tom pejorativo. Acho
injusto. Talvez não seja inútil conhecer as dimensões das três pirâmides, ou a
história de expressões como "vitória de Pirro", "vim, vi e venci" e "até tu,
Brutus?". E me arrepiava a descrição do ataque à base naval de Pearl Harbor,
da guilhotina francesa, do fracasso de Napoleão em Waterloo, da queda de
Ícaro, das angústias de Colombo em alto mar. Sim, misturava povos e séculos
com grande facilidade, mas ainda hoje me valho das informações de almanaque
para explicar, por exemplo, a relação que Pitágoras encontrou não apenas entre
catetos e hipotenusa, mas - pasme, leitor - entre o sentimento da melancolia e o
funcionamento do fígado. Um bom leitor de almanaque explica como uma bela
expressão de Manuel Bandeira - "o fogo de constelações extintas há milênios" -
é também uma constatação da astrofísica.
3. Algum risco sempre havia: não foi boa idéia tentar fazer algumas experiências
químicas com produtos caseiros. E alguns professores sempre implicavam
quando eu os contestava ou argüia, com base no almanaque. Pegadinhas do
tipo "quais são os números que têm relações de parentesco?" ou questões como
"por que uma mosca não se esborracha no vidro dentro de um carro em alta
velocidade?" não eram bem-vindas, porque despertavam a classe sonolenta.
Meu professor de Ciências fechou a cara quando lhe perguntei se era hábito de
Arquimedes tomar banho na banheira brincando com bichinhos que bóiam, e
minha professora de História fingiu que não me ouviu quando lhe perguntei de
quem era mesmo a frase "E no entanto, move-se!", que eu achei familiar quando
a li pintada no pára-choque de um fordinho com chapa 1932 (relíquia de um
paulista orgulhoso?).
4. Almanaque não se emprestava a ninguém: ao contrário de um bumerangue,
nunca voltaria para o dono. Lembro-me de um exemplar que falava com tanta
expressão da guerra fria e de espionagem que me proporcionou um prazer
equivalente ao das boas páginas de ficção. Um outro ensinava a fazer balão e
pipa, a manejar um pião, e se nunca os fiz subir ou rodar era porque meu
controle motor já não dava inveja a ninguém. Em compensação, conhecia todas
as propriedades de uma carnaubeira, o curso e o regime do rio São Francisco,
fazia prodígios com ímãs e saberia perfeitamente reconhecer uma voçoroca, se
viesse a cair dentro de uma.
5. Pouco depois dos almanaques vim a conhecer as SELEÇÕES - READER'S
DIGEST - uma espécie de almanaque de luxo, de circulação regular e
internacional. Tirando Hollywood, as SELEÇÕES talvez tenham sido o principal
meio de difusão do AMERICAN WAY OF LIFE, a concretização editorial do
SLOGAN famoso: TIME IS MONEY. Não tinha o charme dos almanaques:
levava-se muito a sério, o humor era bem-comportado, as matérias tinham um
tom meio autoritário e moralista, pelo qual já se entrevia uma América (como os
EUA gostam de se chamar) com ares de dona do mundo. Não tinha a galhofa, o
descompromisso macunaímico dos nossos almanaques em papel ordinário. Eu
não trocaria três exemplares do almanaque de um certo biotônico pela coleção
completa das SELEÇÕES.
6. Adolescente, aprendi a me especializar nas disciplinas curriculares, a separar
as chamadas áreas do conhecimento. Deixei de lado os almanaques e entrei no
funil apertado das tendências vocacionais. Com o tempo, descobri este emprego
de cronista que me abre, de novo, todas as portas do mundo: posso falar da
minha rua ou de Bagdad, da reunião do meu condomínio ou da assembléia da
ONU, do meu canteirinho de temperos ou da safra nacional de grãos. Agora sou
autor do meu próprio almanaque. Se fico sem assunto, entro na Internet, esse
almanaque multidisciplinaríssimo de última geração. O "buscador" da HOME
PAGE é uma espécie de oráculo de Delfos de efeito quase instantâneo. E o
inglês, enfim, se globalizou pra valer: meus filhos já aprenderam, na prática, o
sentido de outro SLOGAN prestigiado, NO PAIN, NO GAIN (ou GAME, no caso
deles). Se eu fosse um nostálgico, diria que, apesar de todo esse avanço, os
velhos almanaques me deixaram saudades. Mas não sou, como podeis ver.
(Argemiro Fonseca)
6385. A idéia de dona do mundo sempre esteve latente na política externa dos
Estados Unidos da América, desde o processo de consolidação de sua
independência. Ao longo dos séculos XIX e XX, os governos dos Estados
Unidos exerceram intervenções econômicas e político-militares em vários países
da América Latina. Os fundamentos teóricos utilizados como justificativas para
essas intervenções estavam delineados, entre outros,
a) na Emenda Platt, no Corolário Polk e no Plano Ayala.
b) na Doutrina Truman, na Emenda Platt e na Doutrina Sandinista.
c) no Destino Manifesto, no Corolário Roosevelt e no Bolivarismo.
d) na Doutrina Monroe, no Corolário Polk e no Corolário Roosevelt.
e) no Plano Ayala, na Doutrina Monroe e no Bolivarismo.
No mapa estão localizadas áreas dos Estados Unidos, que provêm das 13
colônias britânicas do século XVIII, assim como de áreas, posteriormente,
ocupadas. Assinale a alternativa que, no século atual apresenta uma
característica comum a todas as áreas indicadas no mapa.
a) Grande produção de frutas.
b) Concentração de siderúrgicas e de indústrias de montagem de veículos.
c) Grande número de indústrias tradicionais.
d) Concentração de petroquímicas.
e) Centros de tecnologia de ponta chamados tecnopólos.
5391. (Pucsp 2003) "A revolução militar é movida pelos EUA fundindo:
planejadores do Pentágono, o complexo industrial-militar americano e a
tecnologia do Vale do Silício. Os EUA são responsáveis por 40 a 45% dos
gastos militares de 189 países do mundo".
(KENNEDY, Paul. Poderio bélico dos EUA não garante segurança. "Folha
de S. Paulo", 12 de setembro de 2002).
5565. (Ufscar 2003) Avaliando o ataque aéreo aos EUA, em 2001, o sociólogo
Octávio Ianni afirmou:
Assinale a alternativa que contém um fato que faz parte desta complexa cadeia.
a) Crescente interferência dos EUA na política interna de outros países.
b) Aumento dos conflitos geopolíticos entre os EUA e os novos países
industriais.
c) Interesse dos EUA em explorar economicamente as extensas terras do
Afeganistão.
d) Competição entre os EUA e o Japão pelo domínio geopolítico sobre a Ásia.
e) Interesse dos ex-países socialistas em dominar geopoliticamente o mundo.
5680. (Uff 2003) No dia 1Ž de janeiro de 1994, data que marcou o início da
vigência do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), cerca de 3 mil
integrantes de Exército Zapatista de Libertação Nacional assumiram o controle
das principais cidades adjacentes à Floresta de Lancadon - San Cristobol de Las
Casas, Altamirano, Ocosingo e Las Margaritas - situadas no estado mexicano de
Chiapas, na região sul do país.
Adaptado de CASTELLS, M. "O Poder da Identidade", Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1999. v. 2, p. 07
O texto acima refere-se a um importante movimento social de oposição à
globalização em curso no mundo contemporâneo - o movimento Zapatista. A
emergência desse movimento étnico-nacional deve-se, dentre outros fatores:
a) à ampliação dos acordos políticos e econômicos do NAFTA, que obrigou o
governo mexicano a ceder territórios meridionais às empresas norte-americanas
e canadenses, fato que desagradou às etnias da região;
b) à expansão das empresas petrolíferas norte-americanas na península de
Yucatã, responsável pela falência das médias empresas locais e pela demissão
em massa de trabalhadores de etnia chiapa e zapata;
c) ao intenso conflito na região meridional do México, pelo controle do território,
envolvendo facções do narcotráfico e o Exército Zapatista, cujo objetivo maior
era o domínio da produção e distribuição de coca;
d) às desigualdades socioeconômicas presentes na estrutura fundiária,
associadas à fragilização da agricultura camponesa decorrente das medidas de
liberação das importações implementadas pelo governo mexicano;
e) às mudanças neoliberais na legislação trabalhista, que originaram profunda
indignação nas populações locais, gerando crescente desemprego e
desencadeando a revolta armada das etnias presentes no território.
5434. (Uerj 2003) Nos últimos doze meses, a taxa de desemprego de fevereiro
também foi a mais alta. O pico anterior ocorreu em outubro do ano passado,
mês seguinte aos atentados terroristas aos EUA.
Fonte: Dieese
(Adaptado de "Jornal do Brasil", 28/03/2002)
1994. (Mackenzie 97) A tradicional região industrial dos Grandes Lagos, nos
Estados Unidos, teve como principais fatores para o seu desenvolvimento, entre
outros:
a) a existência de importantes centros de pesquisas e a localização de terminais
ferroviários procedentes do Pacífico.
b) a presença de entroncamentos de transportes aéreos, facilitando o
escoamento da produção por todo o país.
c) a proximidade de matéria-prima como o ferro e o carvão e a existência de
importante rede de transportes.
d) a modernização das atividades rurais, que obrigou o deslocamento da
população para os centros industriais.
e) a aglomeração de instituições financeiras, alimentando recursos para a
expansão das atividades.
[...] a maioria das estruturas das Nações Unidas ainda são aquelas desenhadas
há cinqüenta anos. Naquele momento, o mundo entrava em uma nova fase de
política de poder que já não mais se aplica. [...].
Novas realidades exigem soluções inovadoras. Expectativas acrescidas
requerem compromissos mais fortes.
Nada é mais emblemático da necessidade de adaptar as Nações Unidas às
realidades do mundo pós-Guerra Fria do que a reforma do Conselho de
Segurança. [...].
(MOREIRA, J.C; SENE, E. de. Geografia para o Ensino Médio: "Geografia Geral
e do Brasil". São Paulo: Scipione, 2002, p. 230)
1767. (Uff 97) A respeito dos Estados Unidos e de seu papel na nova ordem
mundial, é correto afirmar que o país
a) Instituiu uma nova relação de dependência com os países periféricos através
do fornecimento de matérias-primas.
b) Consolidou sua liderança econômica através da criação de um bloco
comercial com a Europa.
c) Construiu um bloco com os países da Ásia Oriental para manter seu controle
econômico sobre o Japão.
d) Fortaleceu sua hegemonia político-militar em relação à Europa e ao Japão.
e) Estabeleceu uma aliança militar com a Rússia para exercer sua hegemonia
política nos Balcãs.
O mapa mostra quantos são e onde vivem os brasileiros nos Estados Unidos.
Sobre esses brasileiros e sobre as regiões para onde se dirigem, assinale
verdadeira (V) ou falsa (F) nas afirmativas a seguir.
A seqüência correta é
a) V - F - F - V.
b) F - F - F - V.
c) V - V - F - V.
d) V - V - V - F.
e) F - F - V - V.
GABARITO
6385. [D]
3131. [A]
6471. [E]
6388. [E]
5391. [D]
5565. [A]
3182. [E]
3715. [D]
3915. [E]
4595. [B]
5680. [D]
2360. [E]
3250. [C]
5434. [C]
7107. [C]
2729. [A]
3256. [A]
3113. [E]
1938. [E]
1994. [C]
1723. [E]
2150. [E]
2244. [D]
2975. [B]
6387. [B]
1767. [D]
7225. [C]
4484. [C]