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• Ir à Índia sem abandonar Portugal, Assírio & Alvim, 1994
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• Idem
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• Considerações e Outros Textos, Assírio & Alvim, 1989
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Sobre o povo e quem o diz defender, ouçamo-lo: “(...) amam o povo, mas
não desejariam (...) que saísse do passo em que se encontra; deleitam-se com a
ingenuidade da arte popular, com o imperfeito pensamento, as superstições e as
lendas; vêem-se generosos e sensíveis quando se debruçam sobre a classe inferior
e traduzem, na linguagem adamada, o que dela julgam perceber; é muito
interessante o animal que examinam, mas que não tente o animal libertar-se da
sua condição (...) há também os que adoram o povo e combatem por ele mas pouco
mais o julgam do que um meio; a meta a atingir é o domínio do mesmo por que
parecem sacrificar-se (...) se vieram parar a este lado da batalha foi porque os
acidentes os repeliram das trincheiras opostas ou aqui viram maneira mais segura
de satisfazer o vão desejo de mandar; nestes não encontraremos a frase preciosa,
a afectada sensibilidade, o retoque literário; preferem o estilo de barricada; mas
como os outros, é o som do oco tambor retórico o último que se ouve. (...) só um
grupo reduzido defende o povo e o deseja elevar sem ter por ele nenhuma espécie
de paixão (...) porque lhes é impossível permanecer em êxtase diante do que é
culturalmente pobre, artisticamente grosseiro, eivado dos muitos defeitos que
trazem consigo a dependência e a miséria em que sempre o têm colocado os que
mais o cantam, o admiram e o protegem.” 4
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• Idem
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• Conversas Vadias – TV
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disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem
todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os
acertos, se eles forem meus, não seus. Os meus conselhos devem servir para que
você se lhes oponha”. 6
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• Textos e Ensaios Filosóficos I, Âncora Editora, 1999
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• Conversas com Agostinho da Silva, Editora Pergaminho, 1996
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para os simples, ouçamos as suas palavras: “Há aforismos que são como pequenos
capítulos do livro que se quereria escrever (...) podem ser tão logicamente
encadeados entre si, construir tão seguro edifício como o tratado (...) porei em
primeiro lugar a tendência que nele pode haver para uma fuga da retórica, para a
negativa ante o desejo de encher mais uma página (...) leva o artista a concentrar-
se, a exprimir o máximo de ideias no mínimo de figuras e de gestos. Por outro
lado, é inegável que a obra extensa é pouco acessível àqueles mesmos que mais
precisam de cultura, que duas ou três frases, esplêndidas no seu isolamento,
enérgicas e nítidas, lhes ficam mais gravadas no espírito do que longos
monólogos. De resto quantas obras se não resolvem numa série de aforismos?
Quantas obras não ganhariam em se despojar de todo o aparelho de que foi
necessário revesti-las para chegar ao volume? ”. 9
Para bom entendedor... respeitemos a sua vontade, e façamo-lo desse modo.
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• Vida Conversável, Agostinho da Silva, Assírio & Alvim, 1998
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• Ir à Índia sem abandonar Portugal, Assírio & Alvim, 1994