s artigos de opi-
nio sio isso mes-
mo: ideias de
quem os escreve,
abertos ao escru-
tinio de quem os
le. Por isso, todos os comenté-
rios sao bem-vindos, mesmo
aqueles que nem sequer mere-
‘cem resposta. Tal nio é 0 caso
do escrito “Realidade factual”,
de Mario Nogueira (MN), secre-
tario-geral da Fenprof, profes-
sor, que a mim nele se referiu,
Mario Nogueira refere lon-
gamente as virtudes da assina-
tura do “Memorando de enten-
dimento” com a ministra
rmenciona “os ganhos mais rele-
vantes”. Se Mario Nogueira
entrasse numa escola, numa
sala de professores talvez mudas-
se de opinido. 0 vergonhoso
memorando colocow os pro-
fessores de eécoras ¢ garrotea~
dos. Como dizia José Gil, pas-
samos da rebeldia para a
subserviéncia, MN nao parece
entender que se 0s sindicatos
tivessem acreditado nos pro-
fessores, que se a dinémica dos
100 mil pelas ruas de Lisboa
tivesse sido aproveitada, nao
teria havido memorando para
assinar, nem muito menos com
quem assinar pois a ministra,
20 | 9 de Outubro de 2008 | | SOCIEDADE | OPINIAO | JORNAL DE LEIRIA |
|Opiniao|
A assinatura da vergonha
certamente com mais um empur-
rlozinho, teria caido da sua
cadeira de petulncia, Por outro
Jado, os professores sempre dis-
seram que nao queriam este
modelo de avaliagdo, O que fize-
ram 0s sindicatos ¢ os seus diti-
gentes? Aceitaram negociar
aquilo que para nés, professo-
res na escolas, para nds 100
‘em Lisboa, néo era negociavel,
aceitaram experimentar 0 mode-
lo burocritico, pesado e nao-
formador que tem trazido per-
turbacio tanto a avaliadores
como a avaliados. Diz ainda
MN que o memorando foi
“democraticamente referenda
do pela classe”. De facto, eu
gostava que tivesse havido wm
referendo nas escolas, um pi
fessor, um voto , ai, poderia~
‘mos falar de democracia, Os
dirigentes sindicais tiveram
‘edo dos professores ¢ ndo repre-
sentaram condignamente aque-
les que os elegem. E, nem que
‘pensemos mais do que um boca-
dinho, nao conseguiremos des-
cortinar razSes para que um
movimento tao abrangente, to
poderoso, tao cheio de
dade como aquele que levou 100
mil & capital, tivesse sido des-
baratado e decepado, de forma
ingléria e tao traigocira.
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FERNANDO JOSE
RODRIGUES
Professor, escritor
Porque a verdade ¢ esta: 0s
sindicatos falam bem, dizem
que denunciam, que agem, que
lutam, muitos dos seus docu-
mentos mostram a sua oposi-
so a estas politicas, mas na
pratica tém vindo a legitimar
as medidas mais iniquas des-
te Ministério da Educacao;
foram estes sindicatos que
deram a Maria de Lurdes Rodri-
gues 0 balao de oxigénio que
‘uma ministra acossada, inclu-
sive pelos media, desespera~
damente precisava; foram estes
dirigentes sindicais que esten-
deram a passadeira vermelha
a estas politicas € destroca-
ram a forga dos professores.
Até di a impressdo que estes
sindicatos que dizem, no papel,
estar contra, afinal nao estao.
Nao é suficiente os si
catos dizerem que ouvem os
professores: tém de escutar,
na pratica, a voz dos docen-
tes. Afinal, porque os profes-
sores contam..
MN refere ainda que eu teria
dito que “seria bom os sindi
calistas deixarem de ter dis-
pensa para a actividade sin-
dical”. E falso, pois prezando
cu a liberdade sindical ¢ 0
papel dos sindicatos, tal mu
came ocorreria. 0 que eu di
se foi que seria bom que os
dirigentes sindicais pudessem
sentir na pele, durante uns dia-
zitos, 0 que € ser professor de
verdade. Até porque, estando
mais de perto, melhor escuta-
riam a voz de quem passa os
dias nas escolas,
Nao sei que modelo alter-
nativo de avaliacao de desem-
penho a Fenprof apresen~
tajapresentou no dia 8 de
Outubro. Espero que ele venha
ao encontro as reivindicacdes
dos professores. Mas sei que,
tendo o memorando sido 0
cdlice de veneno que nos foi
dado a beber, sabendo ainda
que 0 actual modelo de ava-
liagdo nada acrescenta em ter-
mos valorativos & vida das
escolas € dos docentes, & impe-
rioso denunciar aquilo que foi
assinado, rasgando um memo-
rando que nunca foi de enten~